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USUFRUTO: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE DIREITO ROMANO E DIREITO CIVIL BRASILEIRO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
BACHARELADO EM DIREITO
Fabiana Cândido Zandomenico, Geovanna Gonçalves Grillo, Giovana Jacob, Isabella Siqueira Andres, Liciê Scolari, Maria Eugênia Hamilton, Mariana Dapper e Vitória Amaral
USUFRUTO: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE DIREITO ROMANO E DIREITO CIVIL BRASILEIRO
Pelotas
2019
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS 
BACHARELADO EM DIREITO 
Fabiana Cândido Zandomenico, Geovanna Gonçalves Grillo, Giovana Jacob, Isabella Siqueira Andres, Liciê Scolari, Maria Eugênia Hamilton, Mariana Dapper e Vitória Amaral
USUFRUTO: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE DIREITO ROMANO E DIREITO CIVIL BRASILEIRO
Trabalho apresentado a Universidade Federal de Pelotas, no curso de Bacharelado em Direito como integrante parcial da nota da disciplina História das Instituições Jurídicas em 2019/2.
Orientador: 
Jahert Jost 
Pelotas 
2019
Sumário
1. INTRODUÇÃO	4
2. USUFRUTO NO DIREITO ROMANO	5
2.1. Conceito	5
2.2. Características	5
2.3. Origem e evolução	5
2.4. Sujeitos do direito de usufruto	6
2.5. Objeto	6
2.6. Faculdades do usufrutuário	6
2.7. Obrigações do usufrutuário	7
2.8. Não são obrigações do usufrutuário	7
2.9. Modos de constituição 	7
2.10. Extinção	8
2.11. Modos de proteção judicial	8
3. USUFRUTO NO CÓDIGO CIVIL DE 1916	9
3.1. Conceitos	9
3.2. Características	9
3.3. Sujeitos de direito do usufruto	10
3.4. Objeto	10
3.5. Faculdades do usufrutuário	11
3.6. Obrigações do usufrutuário	12
3.7. Não são obrigações do usufrutuário	12
3.8. Modos de constituição	13
3.9. Extinção	13
3.10. Modos de proteção judicial	13
4. USUFRUTO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002	15
4.1. Conceitos	15
4.2. Características	15
4.3. Sujeitos de direito do usufruto	15
4.4. Objeto	16
4.5. Faculdades do usufrutuário	16
4.6. Obrigações do usufrutuário	17
4.7. Não são obrigações do usufrutuário	17
4.8. Modos de constituição	18
4.9. Extinção	18
4.10. Modos de proteção judicial	18
5. CONCLUSÃO	19
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	35
1 INTRODUÇÃO
O estudo do direito das coisas é a parte do direito privado romano que tem como objetivo o estudo dos direitos reais. Clóvis Beviláqua traduz o direito das coisas como o "complexo de normas reguladoras das relações jurídicas referentes às coisas suscetíveis de apropriação pelo homem. Tais coisas são, ordinariamente, do mundo físico, porque sobre elas é que é possível exercer o poder de domínio". Sendo assim, adotando uma perspectiva jurídica, ganha-se título de “coisa” tudo aquilo que reúne em si as características de ser rara, útil, tangível ao homem e deter valor.
O direito das coisas se divide em duas vertentes: o direito de propriedade e o direito real sobre coisas alheias. Esse, por sua vez, subdivide-se em servidões de origem pretoriana (iure in realiena), prediais e as servidões pessoais. Essa última se estrutura por via da habitação, uso, operae servorum et animalis alterius e usufruto.
Ao se tratar do referido trabalho, nosso estudo sobre o direito das coisas será relacionado às coisas alheias, isto é, abordaremos aqui uma breve pesquisa comparativa do Usufruto nos meios normativos do direito romano e Códigos Civis de 1916 e 2002, respectivamente. Ademais, o debate se estenderá as influências que o exposto direito sofreu, com base em outros sistemas e meios jurídicos, visando obter notoriamente as diferenças e igualdades entre eles.
Desse modo, é válido mencionar desde já a importância de realizar este estudo, visto que os conceitos, características e espécies que circundam o atual ordenamento jurídico acerca do usufruto possuem origem correlacionada ao direito romano e sua evolução fundamentada nos preceitos de demais métodos judiciais. 
2 USUFRUTO NO DIREITO ROMANO
Para estudar profundamente o conceito de usufruto no Direito Romano, utilizamos a obra de José Carlos Moreira Alves, Tupinambá Miguel Castro do Nascimento, Silvio Rodrigues e Silvio Venosa para compreendê-lo melhor. 
2.1. Conceito: Usufruto é “o direito de usar e desfrutar coisa alheia sem alterar a sua substância” (MOREIRA ALVES, 1999) ou “Ius alienis rebus utendi fruendi salva rerum substantia”, conceito encontrado nas fontes do Direito Romano (D. VII, 1, 1, I, II, 4, pr.; e Ulpiano, Liber singularis Regularum, 24,26.).
No usufruto, como em todos os direitos reais de coisa alheias, há simultaneamente dois titulares de direitos diversos e recaintes sobre a mesma coisa. O nu proprietário, que ostenta a condição de dono e o usufrutuário, a quem compete o uso e gozo da coisa. (SILVIO RODRIGUES, 1994) 
2.2. Características: Usufruto é um direito real, inalienável, limitado no tempo, de coisa alheia inconsumível, de inalterada substância e destinação econômica-social. Como já dito, é composto pelo usufrutuário e pelo proprietário, sendo um acordo vitalício - ou seja, dura no máximo até a morte do usufrutuário. 
2.3. Origem e evolução: Acredita-se que o usufruto tenha surgido por obra da jurisprudência, no século II a.C., quando surgiu o casamento sem a conuentio in manum, ou seja, quando a mulher não ingressava na família do marido; sendo assim, quando ele morria, sua esposa não se tornava herdeira e poderia viver na miséria. 
Assim, surge o usufruto, fazendo com a mulher fosse designada usufrutuária de certos bens mesmo sem o marido declará-la em seu testamento. Segundo Moreira Alves, o usufruto nasceu quase que como um caráter alimentício.  
Definições de outros autores como Kaser, Riccobono e Perozzi caracterizam o usufruto como um direito de propriedade limitado ou temporário. O direito clássico coloca o usufruto como algo distinto de direito de propriedade, sendo classificado como direito sobre coisa alheia. Por fim, considerando o direito justinianeu, nosso objeto principal de estudo, o usufruto foi enquadrado na categoria de servidões pessoais. 
2.4. Sujeitos do direito de usufruto: Para Moreira Alves, o usufrutuário pode ser pessoa física ou jurídica, sendo chamado de fructuarius ou usufructuarius e o proprietário reconhecido como dominus proprietatis (senhor da propriedade) ou nudus dominus (nu-proprietário). 
Já para Silvio de Salvo Venosa, “perante o usufrutuário, o dono da coisa era denominado dominus proprietatis ou proprietarius (palavra que no latim clássico nunca teve a compreensão genérica atual), o hoje designado nu-proprietário”. (Direito Civil: Direitos Reais, p. 424). 
2.5. Objeto: Em virtude de um senatusconsultum do início do principado, permitiu-se o usufruto de coisa consumível (quasi ususfructus) com a premissa de que o usufrutuário restituísse o equivalente à coisa consumível quando se extinguisse o usufruto (MOREIRA ALVES, 1999). 
- Consumível: adquire o direito de propriedade sobre a coisa;
- Inconsumíveis: móveis, imóveis, animados, inanimados. 
2.6. Faculdades do usufrutuário: Tanto Moreira Alves quanto Tupinambá Miguel Castro do Nascimento concordam que as faculdades do usufrutuário perante o Direito Romano eram usar e fruir. “O exercício do domínio é que se restringe ante o titular que passa a exercer certos poderes normalmente refletidos pela propriedade: a usabilidade e a fruibilidade”. (NASCIMENTO, TUPINAMBÁ, Usufruto, p. 9). 
Para o direito clássico, não é permitida a alteração da substância muito menos melhoramentos e no direito pós-clássico é permitida “melhorar a substância”. (MOREIRA ALVES, 1999). 
É importante citar que:
· Usufruto não é transmissível, mas o usufrutuário pode ceder gratuitamente ou onerosamente seu direito a terceiro. Caso o usufruto se extinga, ainda que o terceiro esteja o utilizando, o mesmo perde este benefício. 
· Ainda que o proprietário não tenha o direito de usufruto, conserva certos poderes que não prejudica o usufrutuário, como exemplo, adquirir direito de servidão predial em favor do móvel dado em usufruto.
2.7. Obrigações do usufrutuário: 
1. Conservar em bom estado e fazer reparos ligeiros; 
2. Pagar encargos;
3. Pagar caução;
4. Restituir a coisa no fim do usufruto;
2.8. Não é obrigação do usufrutuário: 
1. Lidar com a deterioração natural;
2. Lidar com o desgaste normal do uso;
3. Lidar com o perecimento de coisas expostasnormalmente a riscos;
2.9. Modos de constituição: No direito clássico aplicava-se aos cidadãos romanos e as coisas suscetíveis de propriedade quiritária: 
1. Legado per uindicationem;
2. Adjudicação (nas ações divisórias);
3. In iure cessio (não pela mancipatio);
4. Deductio
Com relação aos imóveis provinciais (não suscetíveis a propriedade quiritária) constituía-se por meio de pactiones et stipulationes.
2.10. Extinção: 
1. Renúncia (segundo o direito clássico tinha que ser feita pela in iure cessio, mas no justinianeu sem qualquer formalidade);
2. Consolidatio (caso se confundir a pessoa titular da propriedade e do usufruto); 
3. Destruição da coisa ou alteração de sua destinação econômica- social;
4. Não uso da coisa (Pelo direito clássico: 2 anos para coisa imóvel e móvel, pelo direito justinianeu: 3 anos para móveis e 10 anos para imóveis entre presentes e 20 anos para imóveis entre ausentes);  
5. Fim do tempo de usufruto-termo;
6. Se não for a termo, para o direito civil a morte do usufrutuário cessa o usufruto e após 100 anos do início do usufruto
7. Capitis diminutio do usufrutuário (para o direito clássico: qualquer grau, já para o justinianeu: grau máximo ou médio)
2.11 Meios de proteção judicial: Protegido por meio da actio in rem que as fontes designam como uindicatio ususfructus ou petitio ususfructus. No início, só podia ser usada pelo usufrutuário contra o proprietário da coisa dada, mas posteriormente, por obra da jurisprudência, poderia ser qualquer pessoa que perturbasse o direito do usufruto. 
No período justinianeu, o uindicatio ususfructus passou a ser chamado confessoria ususfructus e no direito clássico o pretor tutelava o usufruto pelos interditos possessórias uti possendis e unde ui.
3. USUFRUTO NO CÓDIGO CIVIL DE 1916
3.1. Conceito: Beviláqua define o usufruto como o direito real, conferido a uma pessoa, durante certo tempo que autoriza a retirar da coisa alheia os frutos e utilidades que ela produz. Como exposto no Código Civil de 1916, art. 713 "Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade". 
Para o autor Caio Mário da Silva Pereira, esta noção não destoa do conceito clássico emergente das fontes romanas citado anteriormente: “usus fructus est ius alienis rebus utendi fruendi salva rerum substantia”. 
No entanto, ambas as definições parecem incompletas comparadas as do Direito Romano, visto que não apresentam a ideia de preservação da substância elementar à noção de usufruto. O art. 578 do Código Civil Francês ressalta o usufruto como "direito real de retirar da coisa alheia durante um certo período de tempo, mais ou menos longo, as utilidades e proveitos que ela encerra, sem alterar-lhe a substância ou mudar-lhe o destino".
3.2. Características: O usufruto é um direito real sobre coisa alheia, de uso e gozo, temporário, e, em nosso sistema, inevitável. Recai também diretamente sobre a coisa, não precisando seu titular, para exercer seu direito de prestação positiva de quem quer que seja. 
Vem munido do direito de sequela - prerrogativa concedida ao usufrutuário de perseguir a coisa nas mãos de quem quer que injustamente a detenha para usá-las e desfrutá-las como lhe compete. Ainda, o usufruto é por índole, temporário. A lei determina sua extinção de maneira inexorável, ou pela morte do usufrutuário (CC 1916, art. 739, I) ou findo o prazo de 100 anos se aquele for pessoa jurídica (CC 1916, art. 741). Neste ponto, distingue se da enfiteuse - que é perpétua. 
Por fim o direito do usufrutuário é inalienável. O Código Civil Francês (art. 595) e o Código Português (art. 2.207) permitem a alienação do usufruto, já Código Civil de 1916, art. 717, complementado pelo art. 724, traz a alienação do usufruto como vedada, sendo somente a cessão de exercício permitida, daí vem a permissão do usufrutuário poder arrendar uma propriedade rural: “usufruto só se pode transferir, por alienação, ao proprietário da coisa; mas o seu exercício pode ceder se por título gratuito ou oneroso".
3.3. Sujeitos do direito de usufruto: Os sujeitos ao direito de usufruto segundo o Código Civil brasileiro de 1916 são chamados de proprietário (como mencionado no art. 717 do CC de 1916) e de usufrutuário (como mencionado no art. 718 do mesmo código civil). 
Não há menção do termo “nu-proprietário”, variação do latim “nudus dominus”, que é amplamente utilizado após a publicação do Código Civil de 2002. 
3.4. Objeto: O Código Civil de 1916 no art. 714 determina que usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro ou parte deste, abrangendo-lhe no todo ou em parte dos frutos e utilidades. A lei ainda cogita casos especiais de usufruto: 
· Usufruto dos títulos de crédito: expresso no Código Civil de 1916 (art. 719) é, como observa Beviláqua, "um quase-usufruto", pois seu objeto são coisas que se consomem pelo uso. O usufrutuário faz seus os títulos ficando com o direito de receber as dívidas e reempregar as importâncias, porém cessado o usufruto o proprietário pode recusar os novos títulos exigindo em espécie e dinheiro. A caução garante essa devolução em espécie ou dinheiro. 
· Usufruto de apólices da dívida pública, de ações de companhias particulares ou de títulos semelhantes: como o apresentado no Código Civil de 1916 (art. 720) o proprietário perante acordo com o usufrutuário pode escolher proporcionar ao usufrutuário o gozo da renda produzida por tais papéis, como o juro de empréstimos e o dividendo das ações. Contudo o usufrutuário não é “dono” dos papéis - que continuam pertencendo ao proprietário.
· Usufruto de um rebanho: é admitido pelo Código Civil de 1916 (art. 722). O usufrutuário desfruta de tudo produzido pelo rebanho, podendo dispor da cria dos animais (retiradas aquelas que representam as cabeças de gado já existentes ao começar o usufruto). 
· Usufruto sobre florestas e minas: aqui se apresenta um caso de usufruto impróprio, porque o usufrutuário percebe produtos e não frutos. O corte de mata ou a exploração da mina exaurem os recursos, pois a coisa obtida não se reproduz. O Código Civil de 1916 (art. 725) cogita esse usufruto, mas não oferece outro interesse senão o de possibilitar sua existência, neste caso, só expressa que o dono e o usufrutuário devem prefixar a extensão, o gozo e a maneira de extração. É evidente que não pode o usufrutuário exaurir a mina ou floresta inteira, pois desta maneira destruiria a substância da coisa, o que lhe é vedado, da mesma maneira não lhe pode impedir a retirada do produto, pois neste caso o usufruto perderia o sentido. 
· Usufruto de coisas consumíveis: este é discriminado no Código Civil de 1916 (art. 726). É chamado de quase-usufruto porque a rigor sua natureza não se acomoda à ideia do instituto. Neste, as coisas concedidas em usufruto passam ao domínio do usufrutuário, que ao fim do usufruto deve restituir o nu proprietário no equivalente em gênero, qualidade e quantidade. Não sendo possível restituir a coisa, o usufrutuário deve devolver seu valor pelo preço corrente no tempo da restituição.
3.5. Faculdades do usufrutuário: Os direitos gerais que competem ao usufrutuário são: posse, uso, administração e percepção dos frutos (CC 1916, art. 718). A transferência da posse também é elementar ao usufrutuário, que por ser titular de um direito real exercitável sobre a coisa, tem o direito de havê-la a sua disposição. Sua posse, justa e direta, é protegida pelos interditos. Por outro lado, para alcançar tal posse, pode o usufrutuário valer-se da ação de imissão contra o proprietário da coisa ou contra o instituidor do usufruto - caso este se recuse a entregá-la.
O usufrutuário pode usar pessoalmente a coisa, como também pode ceder tal uso a título oneroso ou gratuito. Isso distingue o usufruto do direito real de uso - apenas o usuário pode fruir pessoalmente a utilidade da coisa, quando exigirem as necessidades pessoais suas e de sua família.
Ainda, administrar a coisa sem ingerência do proprietário é direito do usufrutuário.Segundo o Código Civil de 1916, sua administração é direta e só lhe é subtraída se, através da administração ou por causa dela, a coisa se deteriora. Por conseguinte, se perde a administração caso o usufrutuário não puder ou quiser dar caução.
"Quanto aos frutos naturais, o usufrutuário faz seus os pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção; mas perde em compensação, os frutos pendentes ao tempo em que cessar o usufruto, sem ter, por sua vez, direito a reembolso das despesas efetuadas para produzi-los (CC 1916, art. 721). Quanto aos frutos civis, ao proprietário pertencem os vencidos na data inicial do usufruto; e, ao usufrutuário, os vencidos na data que cessa o usufruto (CC 1916, art. 723)."
3.6. Obrigações do usufrutuário: 
1. Gozar da coisa com moderação, poupando a substância; 
2. Retornar a coisa ao fim do usufruto;
3. Cultivar o usufruto em seu estado natural; 
4. Realizar inventário de bens recebidos e dar caução ao proprietário referente à conservação e devolução do patrimônio do usufruto. 
3.7. Não é obrigação do usufrutuário: 
1. Pagar as deteriorações resultantes do exercício padrão da posse; 
2. Pagar as reparações extraordinárias e as que não forem de “custo módico” (art. 734); 
3. Se houver seguro feito pelo usufrutuário sobre a propriedade, também é ao proprietário que caberá o direito resultante do seguro contra o segurador; (art. 735, parágrafo 1). 
3.8. Modos de constituição: O usufruto pode vir do ato jurídico ou da lei (CC 1916, art. 389 e art. 1.611 parágrafo 1°). Na primeira hipótese o ato pode ser oneroso ou gratuito, entre vivos ou “causa mortis”. O Código Civil Francês, por exemplo, em seu artigo 579 apresenta que a duas causas capazes de criar usufruto (lei e vontade do homem), na verdade são quatro, pois a vontade do homem pode se manifestar sob forma de contato, testamento ou também através de prescrição aquisitiva. 
O usufruto constituído de título oneroso é raro, porém possível. Geralmente, o usufruto surge a título gratuito, ou com a doação de reserva como usufruto ou com a doação de uma propriedade a um beneficiário. Contudo, segundo Beviláqua, a fonte mais frequente do usufruto é o testamento. Ademais, o negócio jurídico em si não basta para constituir o usufruto.
3.9. Extinção: A extinção podia ocorrer de diversas formas: 
1. Morte do usufrutuário; 
2. Com o fim de sua duração, determinada pelo termo de duração ao se acordar o usufruto; 
3. Com o fim do motivo de criação do usufruto; 
4. Pela destruição da coisa; 
5. Com a deterioração da coisa por parte do usufrutuário; 
6. Pela renúncia. 
3.10. Meios de proteção judicial: O Código Civil brasileiro de 1916 prevê diversas formas de proteção judicial que envolvem desde ações de manutenção da posse contra quem perturbar a utilização da coisa até a criação da caução real. 
A caução real, já mencionada antes, trata de um direito do proprietário contra o usufrutuário para assegurar que, caso este não receba ou receba com danos a propriedade ao fim do usufruto, tenha ao menos uma indenização paga pelo usufrutuário. 
4. USUFRUTO NO CÓDIGO CIVIL DE 2002
4.1. Conceito: O Código Civil de 2002 não caracteriza em nenhum de seus artigos o que é o usufruto, porém pode-se concluir que é mantida a ideia desenvolvida pelos romanos e estabelecida pelo Código Civil de 1916: usufruto é o direito de usar uma coisa pertencente a outrem e de perceber-lhe os frutos, ressalvada sua substância ou “usus fructus est ius alienis rebus utendi fruendi salva rerum substantia”. 
Para o autor, Paulo Lôbo, “Usufruto não é restrição ao direito de propriedade, mas a posse direta deferida a outrem que desfruta do bem alheio na totalidade de suas relações retirando-lhe os frutos e utilidades que ele produz”. (P. 449, Direito Civil: coisas reais).
4.2. Características: O usufruto é um direito real sobre coisa alheia, de uso e gozo, temporário, intransmissível, inalienável (art. 1393), impenhorável, divisível (ou seja, que permite o co-usufruto, segundo o art. 1411), necessita da conservação da forma e da substância e é suscetível de posse. 
Para o escritor Caio Mário da Silva Pereira, a permanência do usufruto como direito real é hoje discutida e sua utilidade econômica posta em dúvida. Porém, a ideia de usufruto é muito presente no Direito Civil: “cultiva-se nas relações de família, no usufruto do marido sobre os bens da mulher, no direito das sucessões como expressão de vontade testamentária, no direito das obrigações em aliança com o contrato das doações e no direito das coisas, como direito real de gozo ou fruição. É nesta categoria que os princípios os quais baseiam o direito real de usufruto, seguem a dogmática romana, com as adaptações que a evolução jurídica lhe impôs”.
4.3. Sujeitos do direito de usufruto: De acordo com os artigos postulados no código civil de 2002, existem dois sujeitos em uma relação de usufruto: o usufrutuário e o nu-proprietário. O primeiro é o detentor dos poderes de usar e gozar da coisa, explorando a economicamente; já o segundo faz jus a substância da coisa tendo apenas nua-propriedade, chamada assim porque está despojada de poderes elementares. (MARIA HELENA DINIZ, 2009) 
4.4. Objeto: A partir de uma interpretação do art. 1.390 do Código Civil e das definições previamente estabelecidas, reconhece-se que o usufruto pode pesar sobre coisas móveis, imóveis e sobre um patrimônio inteiro ou parte dele. 
Também devemos considerar como objeto o usufruto sobre bem imóvel que exige registro no Cartório de Registro de Imóveis, salvo se resultante de usucapião, em que o registro será declaratório. O registro imobiliário para os imóveis é essencial como ônus real, que é para gerar efeito erga omnes. (SÍLVIO VENOSA, 2003)
No que se refere aos bens móveis, é imprescindível a tradição para a transferência do bem, sendo desnecessário algum registro. Ou ainda, como registrado no Código Civil, em ementa de acórdão (decisão de algum tribunal superior), “o usufruto sempre depende, por sua instituição, do registro, ainda que se tratando de simples reserva. O imóvel deve ser tido como gravado por uma limitação, um ônus correspondente ao usufruto, uma servidão pessoal e, para ser constituído e produzir toda sua eficácia, precisa ser inscrito”. (Tribunal de Justiça de São Paulo – TJSP. Revista do direito imobiliário n. 54. Janeiro de 2003, p. 324 a 325.)
4.5. Faculdades do usufrutuário: O usufrutuário tem, como direitos fundamentais decorrentes do uso e gozo da coisa: posse direta, direito de utilização, administração e percepção de frutos (como descrito no art. 1394 do CC de 2002). 
O usufrutuário também tem a posse direta dos títulos de crédito e em razão disso surge o direito de receber as respectivas dívidas, reaplicando-as, sendo que todas as despesas e custos com essa aplicação são por conta do próprio usufrutuário (como mencionado no art. 1.395, hipótese de aplicação rara); quanto aos frutos naturais, ressalvados eventuais direitos de terceiros, serão do usufrutuário aqueles que sejam pendentes ao se iniciar o usufruto, sem pagar as despesas de produção (art. 1.396).
É destinado ao usufrutuário a titularidade dos frutos naturais correspondentes às crias de animais existentes no bem, deduzindo-se logicamente assim que, ao término do usufruto deverão ser entregues ao nu-proprietário somente os animais que ali haviam quando houve o início do usufruto, com a dedução das crias surgidas no período de gozo (art. 1.397). 
Cabe ainda ao usufrutuário, os frutos vencidos e não percebidos ao seu término (art. 1.398) e a faculdade, do mesmo, de ceder o exercício do usufruto terceiros em benefício próprio, desde que fique mantida a mesma destinação econômica constante do título de constituição - salvo quando autorizado pelo nu-proprietário (art. 1.399 do CC 2002). 
4.6. Obrigações do usufrutuário: 
1. Inventariar os bens móveis que receber no início do usufruto; 
2. Dar caução real e fidejussória; 
3. Gozar da coisa frutuária com moderação;
4. Conservar a propriedade em usufruto; 
5. Defender a coisausufruída, repelindo todas as usurpações de terceiros; 
6. Evitar o perecimento de servidões ativas e impedir que se criem servidões passivas; 
7. Abster-se de tudo que possa danificar o bem frutuário; 
8. Pagar certas contribuições e os juros dos débitos que onerem o patrimônio; 
9. Restituir o bem usufruído. 
4.7. Não é obrigação do usufrutuário: 
1. Administrar o usufruto (é obrigação do proprietário); 
2. Perceber as frutas pendentes ao longo do usufruto; 
3. Ir contra o segurador (caso tenha sido feito seguro da propriedade); 
4. Realizar reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico a fim de preservar a coisa (também é obrigação do proprietário).
4.8. Modo de constituição: Pode-se adquirir um usufruto por convenção, ou seja, quando é feito um contrato especifico para sua criação ou através de qualquer acordo de vontade, testamento (quando se apresente como última vontade) e por usucapião, que é quando a posse foi adquirida pelo decurso de lapso temporal a favor da pessoa que não tenha a propriedade.
4.9. Extinção: A extinção do usufruto perante o Código Civil de 2002 se dá de diversas formas, como por exemplo: 
1. Morte do usufrutuário; 
2. Fim do termo de sua duração; 
3. Implemento de condição resolutiva; 
4. Fim do motivo pelo qual se originou o usufruto; 
5. Destruição de coisa não sendo fungível; 
6. Consolidação (quando o usufrutuário adquire a propriedade do nu-proprietário); 
7. Não uso ou não fruição da coisa; 
8. Renúncia. 
4.10. Meios de proteção judicial: O capítulo III (Dos Deveres do Usufrutuário) do Código Civil de 2002 aborda elementos como por exemplo: a caução fidejussória ou real, o pagamento de tributos pela coisa usufruída, o pagamento de seguro (caso este tenha sido estabelecido durante o usufruto) pelo usufrutuário, o pagamento de dívidas pelo usufrutuário, etc. 
É importante ressaltar que a maior parte destes elementos foi introduzida oficialmente no Direito brasileiro através do Código Civil de 1916 e permanece até hoje. 
5. CONCLUSÃO
Com base no exposto, é possível depreender que o direito pessoal de usufruto para o direito romano nada mais é que o direito de gozar, usar e fruir de coisa alheia. Prioritariamente, o usufruto surgiu com um caráter alimentício e evoluiu por vias jurisprudenciais para a complexidade de um direito, possuindo critérios de validade, como faculdades do gozador, obrigações, modo de constituição, extinção e até meios de proteção judicial (unicatio ususfructus ou petitio ususfructus).
A partir do Direito Romano, encontra-se no Código Civil Brasileiro de 1916 uma releitura do direito de usufruto. A definição básica desse não destoa do conceito clássico, porém o Código Civil ainda garante ao usufrutuário o direito de posse, uso, administração e percepção dos frutos. Além disso, o Código Civil introduziu certos casos especiais, como previsto no Art. 714.
Por fim, com a incidência do Código Civil de 2002 não foram incorporadas grandes alterações, tendo em vista que o Direito Romano e o Código Civil de 1916 contemplam de forma completa esse direito. Sendo assim, esse novo código apenas amplia a formalidade do usufruto com a implementação da obrigatoriedade de se estabelecer em cartório essa relação jurídica entre usufrutuários e nu-proprietário e implementando regras de aplicação para relações atuais brasileiras, como os títulos de créditos.
Para finalizar o teor comparativo do trabalho, organizamos em uma tabela comparativa os principais temas abordados pelo usufruto dividindo-os em três perspectivas: segundo o Digesto, segundo o Código Civil de 1916 e segundo o Código Civil de 2002. É importante salientar que nos baseamos nos critérios de divisão adotados pelo Código Civil de 2002. 
	TEMA
	DIGESTO 
(LIVRO VII)
	CC 1916
(Art. 713 a 741)
	CC 2002
(Art. 1390 a 1411)
	
Conceito
	
“Usufruto é o direito de usar e apreciar as coisas de outro sem prejudicar a sua substância” 
	
Art. 713: “Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, enquanto temporariamente destacado da propriedade”. 
	
O Código Civil de 2002 não define o conceito de Usufruto.
	
Disposições Gerais
	
1. A usufruto pode ser criado não só sobre a terra e as casas, mas também em escravos, animais de carga, e outros tipos de propriedade.
2. Em muitos aspectos, o usufruto é uma fração da propriedade e fica por si só na medida em que podem ser concedidas de modo a entrar em vigor imediatamente ou a partir de um dia futuro.
Os usufrutos podem ser criados através de qualquer propriedade fundiária, qualquer que seja por meio de um legado em que um herdeiro pode ser condenado a fazer sobre o usufruto de uma pessoa em particular. Ele é realizado a fazê-lo se ele leva o legatário para a terra ou sofre-o a usar e se divertir. Se um homem quer criar um usufruto que não seja por vontade, no entanto, ele pode fazê-lo por meio de pactos e estipulações.
O usufruto pode ser criado em um número de maneiras; por exemplo, ele pode ser deixado como legado. Por outro lado, a propriedade nua de propriedade, sob reserva do usufruto, pode ser objeto de um legado com o resultado que o usufruto permanecerá com o herdeiro. 
1. Além disso, um usufruto pode ser criado, numa ação de divisão de uma herança ou em um para dividir propriedade comum, se os prêmios julgar a propriedade nua a um partido e do usufruto para o outro. 
2. Podemos adquirir um usufruto não só através de nós mesmos, mas também através dessas pessoas que temos em nosso poder. 
3. Além disso, não há nada para impedir meu escravo sendo instituído herdeiro e da propriedade nua sendo deixado por meio de herança, sob reserva do usufruto.
O usufrutuário tem direito aos frutos da planta de trabalho da propriedade, mas ele não tem poder para vendê-los. 
Se, entre os acessórios e os acrescidos, houver coisas consumíveis, terá o usufrutuário o dever de restituir, findo o usufruto, as que ainda houver e, das outras, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, estimado ao tempo da restituição. 
O usufrutuário pode apreciar o assunto do próprio usufruto ou conceder o gozo dele para outro, ou ele pode deixar para alugar ou vender o prazer; para um homem que permite que está fazendo uso de seu direito, como é aquele que vende. Mais distante, Se o usufrutuário concede o gozo para outro por meio de precarium, ou faz um presente dele, considero que ele está exercendo seu direito e, assim, mantém o seu usufruto. Esta foi a opinião que foi dado por Cassius e Pegasus, e que é aprovado pelo Pomponius no quinto livro de Sabino.
	
Art. 714: “O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades”.
Art. 715: “O usufruto de imóveis, quando não resulte do direito de família, dependerá de transcrição no respectivo registro”.
Art. 716: “Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos”.
Art. 717: “O usufruto só se pode transferir, por alienação ao proprietário da coisa; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”.
	
Art. 1.390: “O usufruto pode recair em um ou mais bens, móveis ou imóveis, em um patrimônio inteiro, ou parte deste, abrangendo-lhe, no todo ou em parte, os frutos e utilidades”.
Art. 1.391: “O usufruto de imóveis, quando não resulte de usucapião, constituir-se-á mediante registro no Cartório de Registro de Imóveis”. 
Art. 1.392: “Salvo disposição em contrário, o usufruto estende-se aos acessórios da coisa e seus acrescidos”.
Art. 1.393: “Não se pode transferir o usufruto por alienação; mas o seu exercício pode ceder-se por título gratuito ou oneroso”.
	
Direitos do Usufrutuário
	
Usufrutuário tem direito de usar e desfrutar coisa alheia sem alterar a sua substância. 
Quando o usufruto foi deixado como legado, todos seus frutos da propriedade pertencem ao usufrutuário.
Quando uma coisa imovél, por exemplo uma casa, è deixada como legado, todos seus ganhos pertencem ao usufrutuário,assim como qualquer rendimento pode vir de prédios. Consequentemente, foi estabelecido que o usufrutuário é autorizado a tomar posse de uma casa adjacente em solo ameaçado e perigoso e tornar-se dono.
Se a terra possui minas e o usufrutuário deseja cortar pedras, ou se houver poços de giz ou areia, Sabinus sustenta que o susfrutuário pode fazer uso de tudo isso como um chefe cuidadoso da familia faria. Quanto as árvores, se elas forem de tamanho considerável, o usufrutuário não pode derrubá-las.
ULPIAN,Sabinus, livro 17: Se as árvores são derrubadas pela força do vento, Labeo afirma que o usufrutuário tem o dieito de removê-las apenas para uso próprio e para as necessidades da propriedade, mas que ele não pode usar a madeira como combusível, se ele tiver outra fonte de surprimento de lenha.
	O usufrutuário pode apreciar o objeto do usufruto ou conceder o gozo a outro, ou pode alugar ou vender o gozo. Isso se deve ao fato de, ao usufrutuário conceder o prazer a outro, ele estará exercendo seu direito e, portanto, retém seu usufruto.
	
Art. 718: “O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos”.
Art. 719: “Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito, não só a cobrar as respectivas dívidas, mas ainda a empregar-lhes a importância recebida. Essa aplicação, porém, corre por sua conta e risco; e, cessando o usufruto, o proprietário pode recusar os novos títulos, exigindo em espécie o dinheiro”.
Art. 720: “Quando o usufruto recai sobre apólices da dívida pública ou títulos semelhantes, de cotação variável, a alienação deles só se efetuará mediante prévio acordo entre o usufrutuário e o dono”.
Art. 721: “Salvo direito adquirido por outro, o usufrutuário faz seus o frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção”. 
Parágrafo único: “Os frutos naturais, porém, pendentes no tempo em que cessa o usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas”.
Art. 722: “As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem, para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto”. 
Art. 723: “Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data em que cessa o usufruto”. 
Art. 724: “O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio, mas não mudar-lhe o gênero de cultura, sem licença do proprietário ou autorização expressa no título; salvo se, por algum outro, como os de pai ou marido, lhe couber tal direito”. 
Art. 725: “Se o usufruto recai em florestas, ou minas, podem o dono e o usufrutuário prefixar-lhe a extensão do gozo e a maneira da exploração”.
Art. 726: “As coisas que se consomem pelo uso, caem para logo no domínio do usufrutuário, ficando, porém, este obrigado a restituir, findo o usufruto, o equivalente em gênero, qualidade e quantidade, ou, não sendo possível, o seu valor, pelo preço corrente ao tempo da restituição”.
Parágrafo único: “Se, porém, as referidas coisas foram avaliadas no título constitutivo do usufruto, salvo cláusula expressa em contrário, o usufrutuário é obrigado a pagá-las pelo preço da avaliação”.
Art. 727: “O usufrutuário não tem direito à parte do tesouro achado por outrem, nem ao preço pago pelo vizinho do prédio usufruído, para obter meação em parede, cerca, muro, vala ou valado”. 
Art. 728: “Não procede o disposto na segunda parte do artigo anterior, quando o usufruto recair sobre universalidade ou quota parte de bens”.
	
Art. 1.394: “O usufrutuário tem direito à posse, uso, administração e percepção dos frutos”.
Art. 1.395: “Quando o usufruto recai em títulos de crédito, o usufrutuário tem direito a perceber os frutos e a cobrar as respectivas dívidas”.
Parágrafo único: “Cobradas as dívidas, o usufrutuário aplicará, de imediato, a importância em títulos da mesma natureza, ou em títulos da dívida pública federal, com cláusula de atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos”.
Art. 1.396: “Salvo direito adquirido por outrem, o usufrutuário faz seus os frutos naturais, pendentes ao começar o usufruto, sem encargo de pagar as despesas de produção”
Parágrafo único: “Os frutos naturais, pendentes ao tempo em que cessa o usufruto, pertencem ao dono, também sem compensação das despesas”.
Art. 1.397: “As crias dos animais pertencem ao usufrutuário, deduzidas quantas bastem para inteirar as cabeças de gado existentes ao começar o usufruto”.
Art. 1.398: “Os frutos civis, vencidos na data inicial do usufruto, pertencem ao proprietário, e ao usufrutuário os vencidos na data em que cessa o usufruto”.
Art. 1.399 “O usufrutuário pode usufruir em pessoa, ou mediante arrendamento, o prédio, mas não mudar-lhe a destinação econômica, sem expressa autorização do proprietário”. 
	 
Obrigações do usufrutuário 
	
“Se alguma parte da casa cair devido à sua idade, nenhuma das partes poderá ser obrigada a reconstruí-la; mas se o herdeiro o fizer, terá que permitir que o usufrutuário o use”.
“O usufrutuário pode ser obrigado, por meio de um aparato arbítrio, para reparar a casa, única, no entanto, nesta medida, que mantê-lo em bom estado de conservação.” 
	
Art. 729: “O usufrutuário, antes de assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens, que receber, determinando o estado em que se acham e dará caução, fidejussória ou real, se lhe exigir o dono, de velar-lhe para conservação, o entregá-los findo o usufruto”.
Art. 730: “O usufrutuário, que não quiser ou não puder dar caução suficiente, perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas da administração, entre as quais se incluirá a quantia taxada pelo juiz em remuneração do administrador”. 
Art. 731: “Não são obrigados à caução:
I - O doador, que se reservar o usufruto da coisa doada.
II - Os pais, usufrutuários dos bens dos filhos menores”
Art. 732: “O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto”.
Art. 733: “Incumbe ao usufrutuário:
I - As despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu.
II - Os fôros, as pensões e os impostos reais devidos pela posse, ou rendimento da coisa usufruída”.
Art. 734: “Incumbe ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou argumentarem o rendimento da coisa usufruída.
Parágrafo único. Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido rendimento em um ano”.
Art. 735: “Se a coisa estiver segura, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do seguro.
§ 1º Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultante contra o segurador.
§ 2º Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indenização do seguro”.
Art. 736: “Se o usufruto recair em coisa singular, ou parte dela, só responderá o usufrutuário pelo juro da dívida, que ela garantir, quando esse ônus for expresso no título respectivo. Se recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele, sobre que recaia o usufruto”.
Art. 737: “Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custo o prédio; mas se ele estava seguro, a indenização paga fica sujeita ao ônus do usufruto. Se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á usufruto”.
Art. 738: “Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a indenização paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido, pelo terceiro responsável, o caso de danificação, ou perda”. 
	
Art. 1.400: “O usufrutuário, antesde assumir o usufruto, inventariará, à sua custa, os bens que receber, determinando o estado em que se acham, e dará caução, fidejussória ou real, se lhe exigir o dono, de velar-lhes pela conservação, e entregá-los findo o usufruto”.
Parágrafo único: “Não é obrigado à caução o doador que se reservar o usufruto da coisa doada”. 
Art. 1.401: “O usufrutuário que não quiser ou não puder dar caução suficiente perderá o direito de administrar o usufruto; e, neste caso, os bens serão administrados pelo proprietário, que ficará obrigado, mediante caução, a entregar ao usufrutuário o rendimento deles, deduzidas as despesas de administração, entre as quais se incluirá a quantia fixada pelo juiz como remuneração do administrador”.
Art. 1.402: “O usufrutuário não é obrigado a pagar as deteriorações resultantes do exercício regular do usufruto”.
Art. 1.403: “Incumbem ao usufrutuário”.
“I - as despesas ordinárias de conservação dos bens no estado em que os recebeu”.
“II - as prestações e os tributos devidos pela posse ou rendimento da coisa usufruída”.
Art. 1.404: “Incumbem ao dono as reparações extraordinárias e as que não forem de custo módico; mas o usufrutuário lhe pagará os juros do capital despendido com as que forem necessárias à conservação, ou aumentarem o rendimento da coisa usufruída”.
“§ 1 o  Não se consideram módicas as despesas superiores a dois terços do líquido rendimento em um ano”.
“§ 2 o Se o dono não fizer as reparações a que está obrigado, e que são indispensáveis à conservação da coisa, o usufrutuário pode realizá-las, cobrando daquele a importância despendida”.
Art. 1.405: “Se o usufruto recair num patrimônio, ou parte deste, será o usufrutuário obrigado aos juros da dívida que onerar o patrimônio ou a parte dele”.
Art. 1.406: “O usufrutuário é obrigado a dar ciência ao dono de qualquer lesão produzida contra a posse da coisa, ou os direitos deste”.
Art. 1.407: “Se a coisa estiver segurada, incumbe ao usufrutuário pagar, durante o usufruto, as contribuições do seguro.
§ 1º Se o usufrutuário fizer o seguro, ao proprietário caberá o direito dele resultante contra o segurador.
§ 2º Em qualquer hipótese, o direito do usufrutuário fica sub-rogado no valor da indenização do seguro”
Art. 1.408: “Se um edifício sujeito a usufruto for destruído sem culpa do proprietário, não será este obrigado a reconstruí-lo, nem o usufruto se restabelecerá, se o proprietário reconstruir à sua custa o prédio; mas se a indenização do seguro for aplicada à reconstrução do prédio, restabelecer-se-á o usufruto”.
Art. 1.409: “Também fica sub-rogada no ônus do usufruto, em lugar do prédio, a indenização paga, se ele for desapropriado, ou a importância do dano, ressarcido pelo terceiro responsável no caso de danificação ou perda”.
	
Extinção do Usufruto 
	
	1. Um usufruto é perdido com a mudança de status civil se tiver sido totalmente estabelecido até aquele momento.
2. Um usufruto também é perdido pela morte, uma vez que o direito de gozo é extinto pela morte, assim como qualquer outro direito que se atribui à pessoa.
3. O usufruto de uma casa é extinto não apenas se a casa é reduzida a um local vago; também se perde se o testador demolir a casa e erigir uma nova em seu lugar.
4. Se um campo ou área de terras agrícolas, cujo usufruto foi deixado como legado, for inundado para que se torne um lago ou um pântano, o usufruto é extinto.  
5. Além disso, se o usufruto de uma lagoa é deixado como legado e a lagoa seca para se tornar um campo, o usufruto é extinto à medida que o assunto é alterado.
6. A carne e o couro do gado que morreram não são contabilizados como frutos, como na morte de um animal, em que um usufruto nele é extinto.
7. Se o usufruto de um rebanho for deixado como legado e o número do rebanho for reduzido a tal ponto que não possa mais ser considerado um
rebanho, o usufruto chega ao fim.
	
Art. 739: “O usufruto extingue-se: 
I - pela morte do usufrutuário; 
II - pelo termo de sua duração; 
III - pela cessação da causa de que se origina; 
IV - pela destruição da coisa, não sendo fungível, guardadas as disposições dos arts. 735, 737, 2ª parte, e 738; 
V - pela consolidação; 
     VI - pela prescrição; 
     VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação”.
Art. 740: “Constituído o usufruto em favor de dois ou mais indivíduos, extinguir-se-á parte a parte, em relação a cada um dos que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber aos sobreviventes”.
Art. 741: “O usufruto constituído em favor de pessoa jurídica extingue-se com esta, ou, se ela perdurar, aos 100 (cem) anos da data em que se começou a exercer”.
	
Art. 1.410: “O usufruto extingue-se, cancelando-se o registro no Cartório de Registro de Imóveis:
I - pela renúncia ou morte do usufrutuário;
II - pelo termo de sua duração;
III - pela extinção da pessoa jurídica, em favor de quem o usufruto foi constituído, ou, se ela perdurar, pelo decurso de trinta anos da data em que se começou a exercer;
IV - pela cessação do motivo de que se origina;
V - pela destruição da coisa, guardadas as disposições dos arts. 1.407, 1.408, 2ª parte, e 1.409;
VI - pela consolidação;
VII - por culpa do usufrutuário, quando aliena, deteriora, ou deixa arruinar os bens, não lhes acudindo com os reparos de conservação, ou quando, no usufruto de títulos de crédito, não dá às importâncias recebidas a aplicação prevista no parágrafo único do art. 1.395;
VIII - Pelo não uso, ou não fruição, da coisa em que o usufruto recai (arts. 1.390 e 1.399)”.
Art. 1.411: “Constituído o usufruto em favor de duas ou mais pessoas, extinguir-se-á a parte em relação a cada uma das que falecerem, salvo se, por estipulação expressa, o quinhão desses couber ao sobrevivente”.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, José Carlos Moreira. Direito Romano. 12ª ed. rev. Rio de Janeiro: Forense, 1999.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: 4. Direito das Coisas. 22ª ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2007.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. 7ª ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
NASCIMENTO, Tupinambá Miguel Castro do. Usufruto revista e ampliada, 2ª ed. Rio de Janeiro: Aide, 1986.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: 4. Direitos Reais. 19ª ed.Rio de Janeiro: Forense, 2005.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: 5. Direito das Coisas. 21ª ed. São Paulo: Saraiva, 1994.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: 5. Direitos Reais. 10ª ed. São Pulo: Atlas, 2010.
WATSON, Alan. The Digest of Justinian: 1. Rev. English language ed. Pennsylvania: University Pennsylvania Press. 
JUSTINIANO. Institutas do Imperador Justiniano. 533 D.C. 
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