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Ciencia do Ambiente - Mata Atlantica

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Mata Atlântica
Introdução
Segundo Mantovani (1993, apud Adams, 2000), a floresta encontrada sobre serrarias costeiras denomina-se Floresta Pluvial Tropical, Floresta Ombrófila Densa ou, genericamente, Mata Atlântica. A elaboração dos textos que seguem, teve como referência esta classificação.
A Mata Atlântica é a segunda floresta neotropical em tamanho, depois da Floresta Amazônica (Adams, op.cit.) Localiza-se sobre uma antiga cadeia de montanhas, que se estende ao longo da costa brasileira.
Os primeiros estudos e registros sobre a Mata Atlântica foram desenvolvidos por volta 1820/1930 e publicados nos livros Voyages in Brasil (1924) e Flora Brasiliensis (1837), de autoria do naturalista Von Marcius. Conforme registrado em tais publicações, esta floresta cobria boa parte do litoral brasileiro, estendendo-se desde o RN até o RS, de forma quase contínua.
Atualmente, seus remanescentes correspondem a menos de 8% da cobertura original (SOS Mata Atlântica, 1995), sendo que as maiores áreas estão nas regiões Sul e Sudeste.
Algumas características homogeneízam este ecossistema que, por estender-se de Norte a Sul, poderia apresentar diversas formações florestais. São elas:
a) suave e gradual mudança na biota
b) regime climático similar
c) história geológica longa e comum
d) tipo de solo similar
História
Há 500 anos atrás, a paisagem dominante na costa brasileira era a densa e exuberante Floresta Atlântica, com árvores gigantescas. Este ecossistema estendia-se á partir do litoral, penetrando o continente em direção ao interior por extensões variadas, de acordo com as características geográficas e climáticas. Entretanto, a floresta não era intocada quando chegaram os europeus, estima-se que em 1500 havia cerca de dois a quatro milhões de índios no Brasil e uma grande parte deles vivia na Mata Atlântica. 
A sua utilização se dava através da extração de material para construção de seus abrigos, de alimento, remédios e cultivos, principalmente da mandioca e o milho. Para tal atividade, era necessário queimar trechos da mata para a formação de clareiras que, inicialmente, apresentavam áreas férteis. Porém, com alguns ciclos de plantio, estas áreas tornavam-se pobres em nutrientes e fazia-se necessário queimar novas áreas para o plantio, num processo constante e intenso de degradação da mata e do solo.
Desde o início da colonização, os Portugueses começaram a explorar o pau-brasil (Caesalpinia echinata), do qual se extraía tinta para tecido, sendo o produto no qual se estabeleceu a primeira atividade econômica da colônia. De 1500 a 1530 não houve um projeto de colonização para o Brasil e a extração do pau-brasil foi feita primordialmente por particulares europeus, os quais pagavam impostos para a coroa portuguesa. Era usada mão-de-obra indígena, cujo pagamento era feito na forma de escambo, os índios em troca do trabalho recebiam objetos sem valor como facas e chapéus. Desde esta época até cerca de 1850, foram devastados enormes áreas de mata às custas da mão de obra escrava (indígena e africana, principalmente), de forma desordenada.
Além da prática da extração comercial, mata foi destruída para a construção de vilas e cidades.
Paralelamente ao uso do Pau-Brasil, foram implantados engenhos de cana-de-açúcar, contribuindo substancialmente para a devastação da Florestas Atlântica. Na Zona da Mata Nordestina, o primeiro local ocupado pelos colonizadores, a floresta foi completamente devastada e em seu lugar surgiram extensos canaviais. A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum) foi a principal atividade econômica nos séculos XVI e XVII. Era plantada em latifúndios, que ocupavam imensas áreas para conseguir suprir o mercado europeu, tendo também como base a mão-de-obra escrava africana. Foi uma atividade de monocultura, causando o empobrecimento do solo e, consequentemente, tornando necessária a troca de local para a plantação, aumentando as áreas devastadas. Trazida principalmente para servir como força motriz nos engenhos, foi implantada a pecuária expandindo-se como atividade econômica causando sérios danos sobre a Mata Atlântica.
Ao contrário das práticas citadas até agora, o cultivo do cacau foi introduzido pelo sistema das cabrucas, que é o plantio feito em áreas sombreadas, o que proporcionou a manutenção das árvores maiores e mais antigas da mata. Esta atividade se deu principalmente na região do sul da Bahia estendendo-se também para o norte do Espírito Santo.
Cronologicamente, segue a devastação da Mata Atlântica através da mineração, destruindo extensas áreas do estado de Minas Gerais para a retirada do ouro e, consequentemente, a instalação de vilas e arraiais.
Desde o período colonial, foram retiradas da mata árvores nobres, como as canelas, o jacarandá, a peroba, o cedro, entre outras. O espaço urbano cresceu e seus habitantes originais, empurrados para o sertão, desmatando novas áreas.
Com a queda da mineração, um outro ciclo econômico do Brasil, localizado em área de Mata Atlântica, foi o café ( Coffea arabica), este se instalou inicialmente na região do Vale do Paraíba, Baixada Fluminense e Sul de Minas, que se expandiu para o oeste a partir de 1850, passando por Campinas (SP), posteriormente chegando em Ribeirão Preto (SP), onde se consolidou.
Esta atividade, gerou um adensamento urbano ainda maior, proporcionou a construção de ferrovias, contribuindo para o aumento do desmatamento no século XIX.
Na Serra do Mar, devido às altas escarpas e à relativa escassez de terras nas planícies litorâneas para a agricultura, o litoral da região sudeste passou à margem dos ciclos econômicos do açúcar e do café, que alteraram profundamente a paisagem do planalto interior. Por isso nessa região há áreas extensas com cobertura florestal preservada.
Em seguida, as atividades industriais foram implantadas e expandiram-se rapidamente, principalmente no Centro-Sul do país e a retirada de matéria-prima acompanhou sua expansão.
Atualmente, o crescimento urbano e o consumo dos recursos é o principal fator de degradação da Mata Atlântica, além da falta de políticas públicas que incentivem seu uso sustentável. Este bioma possui grande importância social, econômica e ambiental e sua porção atual correspondente à 7% da cobertura original, nos mostra a necessidade de adoção de medidas eficientes para a sua conservação e recuperação.
Solo
A Mata Atlântica localiza-se sobre uma imensa cadeia de montanhas, ao longo da costa brasileira, na qual o substrato dominante compreende rochas cristalinas. As montanhas mais antigas estendem-se em áreas da Serra do mar e foram formadas por atividades tectônicas no Período Ordoviciano da Era Paleozóica. Morros arredondados são formados por grandes blocos, normalmente, de rochas graníticas (magmáticas). Rochas calcárias, vulneráveis à dissolução química, formam cavernas e as formadas por quartzitos sobressaem-se na paisagem, como é o caso do Morro do Jaraguá, em São Paulo. 
O solo, em geral, é bastante raso, com pH ácido, pouco ventilado, sempre úmido e extremamente pobre, recebendo pouca luz, devido à absorção dos raios solares pelo estrato arbóreo. A umidade e a presença de grande quantidade de matéria orgânica (serrapilheira) tornam o solo favorável à ação de microorganismos decompositores (fungos e bactérias) que possibilitam o aproveitamento dos nutrientes e sais minerais pelos vegetais.
O solo raso e encharcado é favorável ao desbarrancamento e à erosão, eventos bastante comuns na floresta atlântica. O ciclo de deslizamentos e de erosões nas partes mais altas e a deposição de material nas partes baixas, promove a renovação do solo, desnudando as encostas, formando clareiras e dando espaço para o início de novas associações.  A vegetação de grande porte, apensar do solo ser raso, consegue sustentar-se porque  possuem raízes tabulares e raízes escora, paralelas ao solo e intrincadas, formando uma espécie de "manta de raízes".
Alguns animais (minhocas, coleópteros, entre outros) possuem ao pales de revolver o solo e facilitar a absorção de água e sais minerais, além de auxiliarna formação do húmus, material rico em nutrientes.
Água
A Mata Atlântica apresenta um alto índice pluviométrico e, em média, estes valores variam entre 1.800 e 3.600 mm/ano, podendo chegar à 4.000 mm/ano, como é o caso de Paranapiacaba (SP). Por este motivo, está incluída nas florestas pluviais do Planeta (pluvio = chuva).
Esta característica é conseqüência da condensação da brisa oceânica carregada de vapor que é empurrada para as regiões continentais chegando nas escarpas das serras. Quando estes ventos atingem determinada altura e grau de condensação, encontram correntes de ar com diferentes temperaturas fazendo com que o excesso de vapor d´água se precipite em forma de chuva ou nevoeiro (serração), tornando o ambiente muito úmido.
Mas, qual será o papel da água nesta floresta? 
Ao cair sobre a floresta, escorre pelas folhas e troncos até atingir a serrapilheira e, ao umedecê-la, acelera o processo de decomposição. Ao atingir o solo infiltra-se alimentando o lençol freático até aflorar na superfície, através dos "olhos d´água" ou nascentes.  As folhas das plantas dos diversos estratos (arbóreo, arbustivo e herbáceo) têm o papel importante de diminuir a intensidade com que a água chega no solo, prevenindo a erosão e protegendo plantas muito jovens. Ao percorrer este caminho vertical, a água vai sendo enriquecida com sais minerais e substâncias orgânicas que serão incorporadas ao solo e assim a água, torna-se disponível para as raízes, sendo utilizada na hidratação das células e na fotossíntese.
A água contribui também para a determinação da fisionomia da floresta, uma vez que, através da chuva, carrega o material superficial do solo das regiões mais íngremes, expondo as rochas e tornando o solo raso. No meio das encostas, deposita parte do material vindo de cima, mas também transporta mais sedimento para baixo, não só através da chuva, mas escava fundos de rios e riachos. O sopé da serra é uma área plana, que acaba sendo entulhada de sedimento de diferentes origens vindos das regiões mais altas.
Em alguns locais onde predominam as rochas calcárias,  os rios e a água infiltrada no solo, contribuem para a formação de cavernas, podendo originar grandes complexos cavernícolas, como é o caso da região do Vale do Ribeira (SP).
A maioria dos rios é perene, constantemente alimentados pela água da chuva que, com maior intensidade, contribui para a mudança de curso destes rios, resultando na erosão de suas margens externas e acúmulo de sedimento nas margens internas. À partir da mudança de curso, também podem ser formadas lagoas de água doce, brejos e lagunas de água salobra (próximas ao mar). Estes rios, alimentados pela chuva, são chamados "rios de água clara", mas também existem os "rios de água preta", que possuem lentos cursos de água que drenam as planícies das restingas e mangues, recebendo grande quantidade de matéria orgânica ainda em decomposição, o que lhes confere a coloração escura. São rios que formam os estuários e, portanto, possuem relação com a água salgada,  dependendo das condições da maré e da época do ano.
Existem alguns mecanismos desenvolvidos pelas plantas para adaptarem-se à quantidade de água disponível. Em locais muito úmidos, a eliminação de água pelas bordas das folhas (gutação) é um deles. Plantas que vivem sobre as rochas, onde a disponibilidade de água é muito menor do que no solo, possuem estruturas de armazenamento de água e podem até comportar-se como plantas de deserto, se necessário. Mais detalhes sobre as plantas e suas adaptações, serão vistos em Flora. Quanto aos animais aquáticos, peixes, camarões, lagostins e caranguejos, habitam o leito dos rios. O fluxo de água proporciona uma temperatura amena, alimento e oxigênio. Na foz dos rios (estuários) vivem também mamíferos aquáticos e freqüentam peixes de água salgada, aumentando a diversidade de espécies e a abundância. 
Fauna
A fauna da Floresta Atlântica representa uma das mais ricas em diversidade de espécies e está entre as cinco regiões do mundo que possuem o maior número de espécies endêmicas. Está intimamente relacionada com a vegetação, tendo uma grande importância na polinização de flores, e dispersão de frutos e sementes. A precariedade dos levantamentos sobre a fauna da Mata Atlântica torna sua descrição e análise mais difícil que no caso da vegetação (Adams, 2000), mas, apesar da carência de informações para alguns grupos taxonômicos, estudos comprovam uma diversidade bastante alta. 
Os animais podem ser divididos em dois grupos, de acordo com o grau de exigência:
Os generalistas são pouco exigentes, apresentam hábitos alimentares variados, altas taxas de crescimento e alto potencial de dispersão. Estes fatores permitem a estes animais viverem em áreas de vegetação mais aberta ou mata secundária. São chamados de generalistas por causa do alto grau de tolerância e à capacidade de aproveitar eficientemente diferentes recursos oferecidos pelo ambiente. Ex: sabiá-laranjeira, sanhaço, pica-pau, gambá, morcegos, entre outros. 
Os especialistas, ao contrário dos primeiros, são extremamente exigentes quanto aos hábitats que acupam. São animais que vivem em áreas de floresta primária ou secundária em alto grau de regeneração, apresentando uma dieta bastante específica. Para este grupo, a alteração do ambiente significa a necessidade de procurar novos hábitats que apresentem condições semelhantes às anteriores. Ocorre também a necessidade de grandes áreas para sobreviverem, sendo que sua redução pode ocasionar a impossibilidade de encontrar um parceiro para reprodução, comprometendo o número de indivíduos da espécie, podendo levá-la à extinção. Alguns destes animais, por representarem o topo de cadeias alimentares, possuem um número reduzido de filhotes, o que dificulta ainda mais a manutenção destas populações. Ex: onça-pintada, mono-carvoeiro, jacutingas, gavião-pombo, entre outros. 
A relação entre animais e plantas da Mata Atlântica é bastante harmônica. O fornecimento de alimento ao animal em troca do auxílio na perpetuação de uma espécie vegetal, é bastante comum. As plantas com flores e seus polinizadores  foram adaptando hábitos e necessidades ao longo de milhões de anos de convívio. Flores grandes e coloridas atraem muitos beija-flores, as perfumadas atraem as mariposas e algumas flores, para atrair moscas, exalam um perfume semelhante ao de podridão. Acredita-se que três a cada quatro espécies vegetais da Mata Atlântica, sejam dispersadas por animais, principalmente por aves e mamíferos, que alimentam-se de frutos e defecam as sementes ou as eliminam antes da ingestão. Pássaros frugívoros possuem grande percepção visual e se alimentam de sementes muitas vezes bem pequenas. Jacarés e lagartos, aproveitam os frutos caídos no chão e mamíferos como os macacos, acabam proporcionando a dispersão em grandes áreas.
Um breve resumo sobre os grupos:
Mamíferos
No final do Pleistoceno, com a extinção maciça dos animais gigantes, a fauna brasileira de mamíferos terrestres foi empobrecida, mas as variedade de espécies de pequeno porte se manteve.
A Mata Atlântica possui 250 espécies de mamíferos, sendo 55 endêmicas, com a possibilidade de existirem diversas espécies desconhecidas. São os componentes da fauna que mais sofreram com os vastos desmatamentos e a caça, verificando-se o desaparecimento total de algumas espécies em certos locais.
Há uma grande quantidade de roedores e quirópteros (morcegos), e apesar de não ser tão rica em primatas quanto a Amazônia, possui um número razoável de espécies (Adams, 2000).
Exceto em relação aos primatas, quase nada se sabe sobre a situação dos demais grupos de mamíferos da Mata Atlântica. (Coimbra filho, 1984; Câmara, 1991).
Aves
A Mata Atlântica apresenta uma das mais elevadas riquezas de aves do planeta, com 1020 espécies. É um importante centro de endemismo, com 188 espécies endêmicas e 104 ameaçadas de extinção. Estas espécies encontram-se ameaçadas principalmente pela destruição de hábitats, pelo comércio ilegal e pela caça seletiva de várias espécies. Um dos gruposque corre maior risco de extinção é o das aves de rapina (gaviões, por exemplo), que apesar de ter uma ampla distribuição, estão sofrendo uma drástica redução de seus nichos. Várias espécies quase se extinguiram pela caça, como é o caso dos beija-flores e psitacídeos em geral (araras, papagaios, periquitos) (Por, 1992).
Anfíbios
Com hábitos predominantemente noturnos e discretos, o que os torna pouco visíveis em seu ambiente natural, os anfíbios representam um dos mais fascinantes grupos. Exploram praticamente todos os hábitats disponíveis; apresentam estratégias reprodutivas altamente diversificadas e muitas vezes bastante sofisticadas, ocupam posição variável na cadeia alimentar e possuem vocalizações características, demonstrando a diversificação biológica e seu sucesso evolutivo.
Em relação aos anuros (sapos, rãs e pererecas), um ecossistema bastante importante é o conhecido "copo" das bromélias, um reservatório que serve de moradia, alimentação e local para reprodução de algumas espécies.
A Mata Atlântica concentra 370 espécies de anfíbios, cerca de 65% das espécies brasileiras conhecidas. Destas, 90 são endêmicas, evidenciando a importância deste grupo.
Répteis
Em relação à fauna de répteis, grande parte apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo em outras formações como a Amazônia, Cerrado e até na Caatinga. No entanto, são conhecidas muitas espécies endêmicas da Mata Atlântica, por exemplo, o jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris) (MMA,2000). Uma comparação entre os répteis da Amazônia, da Mata Atlântica e do Nordeste dos Andes (Dixon, 1979, apud Por, 1992) mostrou que a Mata Atlântica possui 150 espécies, das quais 43 também existem na Amazônia, 1 nos Andes e 18 são de larga distribuição neotropical. O endemismo dos répteis da Mata Atlântica é bastante acentuado, entretanto novas espécies ainda estão sendo descobertas. (Por, 1992)
Peixes
Os ecossistemas aquáticos da Mata Atlântica brasileira possuem fauna de peixes muito variada, associada de forma íntima à floresta que lhe proporciona proteção e alimento. ( MMA, 2000)
O número total de espécies de peixes da Mata Atlântica é 350, destas, 133 são endêmicas. O alto grau de endemismo é resultado do processo de evolução das espécies, em área isolada das demais bacias hidrográficas brasileiras. (MMA, 2000)
A maior parte dos rios encontra-se degradada, principalmente pela eliminação das matas ciliares, erosão, assoreamento, poluição e represamento. Apesar de estudada há bastante tempo, a fauna de água doce brasileira não é bem conhecida . Nos rios da mata ombrófila densa, existem espécies dependentes da floresta para seu ciclo de vida, principalmente aquelas que se alimentam de insetos, folhas, frutos e flores (Adams, 2000), contribuindo também para a dispersão de sementes e frutos e para a manutenção do equilíbrio do ambiente aquático.
Flora
A vegetação da Mata Atlântica é conhecida principalmente por sua exuberância e diversidade, é uma das mais ricas do planeta. A Serra do Mar (SP) contém mais de 800 espécies de árvores, sem falar nas plantas não arbóreas, como as trepadeiras, ervas e gramíneas. 
A floresta pode ser dividida em extratos. O extrato superior é chamado de dossel (20-30m), que é composto pelas árvores mais altas, adultas, que recebem toda a intensidade da luz solar que chega na superfície do planeta.  As copas destas árvores formam uma espécie de mosaico, devido à diversidade de espécies. Aí estão as canelas, as leguminosas (anjicos e jacarandás), os ipês, o manacá-da-serra, o guapuruvú, entre muitas outras. As árvores do interior da mata fazem parte do extrato arbustivo, formado por espécies arbóreas que vivem toda a sua vida sombreadas pelas árvores do dossel. Entre elas estão as jabuticabeiras, o palmito Jussara e as begônias, por exemplo. O extrato herbáceo é formado por plantas de pequeno porte que vivem próximas ao solo, como é o caso de arbustos, ervas, gramíneas, musgos, selaginelas e plantas jovens que irão compor os outros extratos quando atingirem a fase adulta.
Em regiões de floresta atlântica de maior altitude o índice pluviométrico é maior, tornando o ambiente muito úmido, o que favorece a existência de briófitas (musgos) e pteridófitas (samambaias, por exemplo). Entretanto, para outras plantas, o excesso de umidade pode ser prejudicial e suas folhas, muitas vezes, apresentam adaptação para não reterem água, sendo inclinadas, ponteagudas, cerificadas e sulcadas, facilitando o escoamento da água, evitando o acúmulo, que poderia causar apodrecimento dos tecidos.
Existem plantas que crescem sobre outras, utilizando troncos e folhas como substrato de fixação: as epífitas (epi= sobre / fito= planta) e as lianas. As primeiras são as bromélias, orquídeas, cactáceas, entre outras, que não retiram seus nutrientes do solo. As lianas, são as trepadeiras, que se fixam no solo mas utilizam outras plantas para apoiarem-se na tentativa de alcançar o dossel. Muitas destas plantas tiveram que adaptar-se a períodos de seca, pois contam apenas com as chuvas e a umidade do ar para obtenção de água, já que não estão ligadas ao solo. Estas adaptações dizem respeito ao armazenamento de água em suas folhas ou, como no caso das bromélias, a formação de um reservatório de água no centro da planta, que também serve de  moradia e local para alimentação e reprodução de muitos animais. As plantas epífitas e lianas não são necessariamente parasitas, muitas utilizam a planta hospedeira somente para fixação e apoio, não sendo prejudicial.
No chão da floresta, misturados à serrapilheira, vivem inúmeras espécies de fungos, como os cogumelos basidiomicetos (ex. orelha de pau). Outro tipo de fungo, são as micorrizas, que vivem associadas às raízes das árvores auxiliando na absorção de nutrientes. Também misturados ao solo, estão as sementes e plântulas que aguardam uma entrada de luz para iniciarem seu processo de crescimento.
A luminosidade é pouca no interior da mata, por ser filtrada pelo dossel. As plantas dos extratos inferiores normalmente possuem folhas maiores, para aumentar a superfície de captação de luz. A perda de folhas, dirigindo um maior gasto de energia para o crescimento do caule e este, sendo fino e longo, também parece ser uma estratégia para a planta alcançar o dossel e conseqüentemente, mais luz. 
A  interação entre animais e plantas na Mata Atlântica se dá através de um processo de co-evolução. Pode-se observar especializações extremamente singulares, onde apenas uma espécie de inseto tem a capacidade de polinizar uma planta e vice-versa. Insetos, aves e mamíferos são os principais polinizadores e dispersores de sementes, mas também existe a dispersão pelo vento (eólica) e pela água, como é o caso dos musgos e algumas plantas com sementes capazes de boiar.
Impactos Ambientais
A destruição da Mata Atlântica começou no início da colonização européia, com a extração do pau-brasil (Caesalpinia echinata) e continua até os dias atuais, principalmente pela pressão urbana. 
A Mata Atlântica originalmente ocupava 16% do território brasileiro, distribuída por 17 Estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas gerais, Espírito Santo, Bahia, Alagoas, Sergipe, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará, e Piauí. Atualmente este ecossistema está reduzido a menos de 7% de sua extensão original, dispostos de forma fragmentada ao longo da costa brasileira, no interior das regiões Sul e Sudeste, além de trechos nos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul e no interior dos estados nordestinos. (MMA, 2000). Do que se perdeu, pouco se sabe, milhares, ou talvez milhões, de espécies não puderam ser conhecidas.
Das espécies vegetais, muitas correm risco de extinção por terem seu ecossistema reduzido, por serem retiradas da mata para comercialização ilegal ou por serem extraídas de forma irracional como ocorreu com o pau-brasil e atualmente ocorre com o palmito juçara (Euterpe edulis), entre muitas outras espécies.
Para a fauna, observa-se um número elevado de espéciesameaçadas de extinção, sendo a fragmentação deste ecossistema, uma das principais causas. A fragmentação do habitat de algumas espécies, principalmente de mamíferos de médio e grande porte, faz com que as populações remanescentes, em geral, estejam subdivididas e representadas por um número consideravelmente pequeno de indivíduos (Câmara, 1991).
Apesar de toda a destruição que o ecossistema vem sofrendo, aproximadamente 100 milhões de brasileiros dependem desta floresta para a produção de água, manutenção do equilíbrio climático e controle da erosão e enchentes. Em 1985, em Cubatão, no litoral do estado de São Paulo, devido à poluição intensa das indústrias da cidade (conhecida, no passado, como Vale da Morte) e às chuvas fortes do mês de fevereiro, houve um enorme deslizamento da Serra do Mar sobre esta cidade, gerando uma situação de calamidade pública. Comunidades tradicionais que habitam áreas costeiras, vem sendo "empurradas" para o interior ou para as grandes capitais por conta do avanço imobiliário nestas regiões.
Principais agressões à Mata Atlântica:
Está sendo derrubada para:
	
	Extração de madeira;
	
	Moradia, construção de cidades;
	
	Agricultura;
	
	Industrialização, e conseqüentemente poluição;
	
	Construção de rodovias
Além de derrubada sofre:
	
	Pesca predatória em seus rios;
	
	Turismo desordenado;
	
	Comércio ilegal de plantas e animais nativos;
	
	Exportação ilegal de material genético;
	
	Fragmentação das áreas preservadas.
Conservação
Movimentos conservacionistas começaram no Brasil na década de 1930. A primeira área protegida, o Parque Nacional de Itatiaia (RJ), foi estabelecido em 1937. (Por, 1992)
No nível governamental, as primeiras leis importantes, foram aprovadas em 1934, regulando a utilização da água, exploração da floresta, caça e pesca. (Por, 1992)
No âmbito mundial em 1968, a UNESCO sugeriu que fosse estabelecida uma rede mundial de proteção para áreas especiais do planeta. Em 1971, foi criado o programa MaB (Man and Biosphere), o Homem e a Biosfera, com o objetivo de conciliar a proteção do ambiente ao desenvolvimento humano. Nesta mesma década, 1977, foi criado o Parque Estadual da Serra do Mar, que justaposto ao Parque da Serra da Bocaina, formou com ele o maior corredor de proteção do bioma Mata Atlântica, até então. (Rocha, 1998)
Entre as organizações não governamentais houve um aumento na sua participação nas últimas décadas, com a atividade de organizações mais antigas como a Fundação Brasileira de Conservação da Natureza (FBCN), mais novas, como a Fundação SOS Mata Atlântica e ONGs internacionais como a WWF e a Conservation International, que atuam na preservação da Mata Atlântica de diversas formas: colaborando na definição de um método e sua aplicação, possibilitando a identificação de prioridades para a proteção da Mata Atlântica, apoiando movimentos contra agressões ao ecossistema e desenvolvendo projetos de educação ambiental.
Muitos já perceberam que a única forma de enfrentar o enorme desafio da civilização de nossos dias é construindo uma nova concepção de desenvolvimento, que não destrua a natureza, que atenda às necessidades do presente sem comprometer as gerações futuras.
Com a defesa da mata e a criação de Unidades de Conservação um novo problema surgiu: as populações tradicionais que vivem nas áreas destinadas à conservação. Há muitas gerações, utilizam seus recursos, originalmente em harmonia com o ambiente. Estes povos foram, em muitos casos, vítimas de uma política ambiental restritiva e sem a devida visão social, que os tratava como intrusos de suas próprias terras. Atualmente, os programas de gerenciamento das Unidades de Conservação contemplam a participação da comunidade local, envolvendo-a no seu gerenciamento e dando abertura para a utilização de seus recursos.
Algumas práticas podem ser desenvolvidas de tal forma que causem um mínimo impacto e permitam a utilização da mata, como é o caso do ecoturismo, respeitando os limites naturais das áreas visitadas, os costumes e tradições locais. O manejo sustentável dos recursos florestais, como é o caso do palmito Jussara (em risco de extinção) e da fauna local, projetos de agricultura orgânica, de apicultura, a utilização de energias alternativas (eólica e solar), a criação das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN), a implantação da Agenda 21 local, o ICMS ecológico, que destina recursos de impostos de circulação de mercadorias aos municípios que abrigam parques e áreas protegidas, são alguns dos exemplos dos mecanismos de conservação existentes atualmente. Mas ainda existem lacunas a serem preenchidas no campo do desenvolvimento sustentável até que se alcance uma relação equilibrada e sadia entre as atividades econômicas e sociais e a Mata Atlântica.
Bibliografia
Rocha, A. A. , Costa, J. P. de O. 1998. A Reserva da biosfera da Mata Atlântica e sua aplicação no Estado de São Paulo. Terra Virgem, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. São Paulo.
Avaliação e ações prioritárias para a conservação da biodiversidade da mata atlântica e campos sulinos.por: Ministério do Meio Ambiente, Conservation International do Brasil, Fundação SOS Mata Atlântica, Fundação Biodiversitas, Instituto de pesquisas Ecológicas, Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo, SEMAD/ Instituto Estadual de Florestas-MG.Brasília, 2000, 40p.
Por, F. D. 1992. Sooretama. The Atlantic Rain Forest of Brazil. SPB Academic Publishing, The Hague, 130p.
Câmara, I. de G. 1991.Plano de ação para a mata atlântica. São Paulo: Fundação SOS Mata Atlântica, 152p. 
Dixon, J. R. 1979. Origin and Distribution of reptiles in lowland tropical rainforests of South America. In: W. E. Duellman (ed.), The South American Herpetofauna. Its origin, evolution and dispersal. Kansas: Univ. Kansas Press.
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