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RESUMO MEP N2 - 2ª FASE Sara Amorim Gandra MEDIDAS DE FREQUÊCIA INCIDÊCIA F Frequência com que surgem novos casos de uma doença. F Indivíduos que adoeceram em um determinado espaço de tempo. F Usada como medida de risco F DOENÇAS AGUDAS A constante refere-se a uma potência de base 10 (100,1.000,100.000). Esse valor tem a função de expressar a incidência por número de pessoas. PREVALÊNCIA F Número total de casos existentes de uma doença em um dado momento F Indivíduos que adoeceram independente do período do diagnóstico F É uma “fotografia” sobre a sua ocorrência, sendo assim uma medida estática. F DOENÇAS CRÔNICAS Prevalêcia pontual: Frequência de casos existentes em um dado instante no tempo (ex.: em determinado dia, como primeiro dia ou último dia do ano). “Você tem hanseníase?” Prevalência de período: Frequência de casos existentes em um período de tempo (ex.: durante um ano). “Você teve hanseníase?” RELAÇÃO INCIDÊNCIA E PREVALÊNCIA PREVALÊNCIA = INCIDÊNCIA x DURAÇÃO DA DOENÇA No caso de uma epidemia de gripe, a incidência pode ser alta, mas não contribui para um grande crescimento da prevalência, visto que essa doença se resolve de um modo rápido. TIPOS DE ESTUDO COORTE F identifica-se a população de estudo e os participantes são classificados em expostos e não expostos a um determinado fator de interesse F verificar se a proporção de pacientes que desenvolvem certa doença é a mesma nos 2 grupos ou não. F Dá ênfase ao fator de risco Nesse tipo de estudo, a mensuração da exposição antecede o desenvolvimento da doença, não sendo sujeita ao viés de memória como nos estudos caso-controle. OU SEJA, a pessoa ainda não desenvolveu a doença. Prevalência e Incidência • Mais diagnóstico • Doença de maior duração • Imigração de casos Prevalência e Incidência • Aumento da taxa de cura ou mortalidade • Emigração de casos • Doença de menor duração • Retrospectivo: todas as informações sobre a exposição e o desfecho já ocorreram antes do início do estudo. • Prospectivo: a exposição pode (ou não) já ter ocorrido, mas o desfecho ainda não ocorreu. VANTAGENS: • tempo mais curto para o desenvolvimento do estudo, uma vez que a seleção de participantes é feita após o surgimento da doença • custo mais baixo da pesquisa • usado para analisar doenças raras ou com longo período de latência • permitem o estudo de múltiplas exposições • ausência de riscos para os participantes DESVANTAGENS: • casos e controles podem diferir sistematicamente, na sua capacidade de lembrar a história da exposição • casos e controles podem diferir sistematicamente, devido a um erro na seleção de participantes CASO CONTROLE F identificam-se indivíduos com a doença (casos) e, para efeito de comparação, indivíduos sem a doença (controles) F é verificado se a exposição a um possível fator de risco difere nos dois grupos. Esse tipo de estudo parte do efeito (doença) para a investigação da causa (exposição). OU SEJA, a pessoa já desenvolveu a doença. Os grupos de estudo são definidos pelo desfecho, diferente do estudo de coorte cujos grupos são definidos pela exposição. • Retrospectivo: baseado em dados de períodos passados. VANTAGENS: • tempo mais curto para o desenvolvimento do estudo, uma vez que a seleção de participantes é feita após o surgimento da doença • custo mais baixo da pesquisa • usado para analisar doenças raras ou com longo período de latência • permitem o estudo de múltiplas exposições • ausência de riscos para os participantes DESVANTAGENS: • casos e controles podem diferir sistematicamente, na sua capacidade de lembrar a história da exposição • casos e controles podem diferir sistematicamente, devido a um erro na seleção de participantes TRANSVERSAL F estudo descritivo F mede a prevalência F a exposição e a condição de saúde do participante são determinadas simultaneamente F fornecem um diagnóstico instantâneo da situação de saúde de uma população, com base na avaliação individual do estado de saúde de cada membro do grupo. VANTAGENS: • rápidos • baixo custo • adequados ao analisar a causalidade • podem ser usados como a primeira parte de um estudo de coorte ou ensaio clínico DESVANTAGENS: • não provam a existência de uma sequencia temporal • só é possível analisar a prevalência e não a incidência, tornando limitada a informação produzida em relação à história natural da doença e o seu prognóstico • pouco prático no estudo de doenças raras LONGITUDINAL F analisa a amostra ao longo de um período de tempo no futuro ou no passado. F deve-se observar a mesma variável por várias vezes. F se classifica em retrospectiva e prospectiva F se limitam a observar os elementos amostrais sem manipular fatores que possam alterar as variáveis de interesse, no entanto, podem ser utilizados também em estudos experimentais • Prospectivo: acompanha pacientes ao longo do tempo – follow up. Em geral, são mais caros e há mais perda de dados, mas costumam ser mais precisos. • Retrospectivo: baseado em dados de períodos passados. Diferença em relação ao estudo transversal: -Estudos transversais (cross sectional) são aqueles que analisam um ponto específico num dado momento. -Estudos longitudinais (horizontais) analisam a amostra MEDIDAS DE ASSOCIAÇÃO ANTES DE TUDO... Antes de conceituar Risco Relativo e Odds Ratio vou dar alguns exemplos para que fique mais fácil de entender e aplicar cada medida. Risco x Chance Risco relativo Futuro Usados em estudos prospectivos (coorte/ensaio clínico) Risco de um evento acontecer Odds Ratio Chance Probabilidade de um evento acontecer novamente Usado em estudo retrospectivo (caso controle) EXEMPLO 1: Qual o RR de Cruzeiro e Atlético serem campeões brasileiros? Sabemos que no campeonato brasileiro existem 20 times . Logo, o Atlético tem 1 em 20 oportunidade de ser campeão, assim como o Cruzeiro tem 1 em 20 oportunidade de ser campeão. Então, vamos tratar o risco como uma incidencia: Casos novos é igual a um evento novo, ou seja, novo campeão, nova doença, pessoa que morreu, sob uma população completa... Assim: Montando uma tabela, ficaria assim: Se o Cruzeiro for campeão, então 19 times não serão campeões. Assim como se o Atlético ganhar, 19 times não serão campeões. Mantendo um total de 20. O RR é calculado por Incidencia do Cruzeiro/ Incidência do Atlético, dando como resultado 1. LOGO, tanto o Cruzeiro quanto o Atlético tem o mesmo risco de serem campeões brasileiros Agora vamos calcular o Odds Ratio para o mesmo caso: • Um estudo levantou os títulos dos últimos 40 anos no campeonato brasileiro. Descobriu-se que o Atlético foi campeão em 1971, e o Cruzeiro em 1966, 2003, 2014 e 2015. Qual a razão de chances para o título desses times em 2016? Oq podemos concluir do enunciado? Cruzeiro foi 4x campeão e Atlético 1x. Montando a tabela temos: Em 40 anos o Cruzeiro foi campeão 4x e em 40 anos o Atlético foi campeão 1x. Não foi perguntado o odds do cruzeiro sobre o Atlético? LOGO, entendemos que o Cruzeiro tem 4,33 vezes mais chance de ser campeão brasileiro do que o Atlético. EXEMPLO 2: O INTERHEART é um estudo caso-controle que selecionou 15000 pacientes com história de infarto e 15000 sem história de infarto. Não podemos calcular a incidência de infarto (risco), pois estes já ocorreram e o número de infartados foi artificialmente planejado para ser igual ao número de não infartados. Neste estudo, não podemos saber o risco relativo do dislipidêmico (paciente com alto nível de colesterol) ter infarto (risco dislipidêmico / risco não dislipidêmico). O que podemos calcular é o oddsratio do dislipidêmico. Ou seja, calculamos o odds do dislipidêmico ser do grupo infarto e o odds do não dislipidêmico ser do grupo infarto. Dividindo as duas odds, o estudo relatou um odds ratio de 3.8. Significa que um dislipidêmico tem uma chance 3.8 vezes maior de ser infartado do que um não dislipidêmico. RISCO RELATIVO • é a probabilidade que um indivíduo do grupo exposto tem de desenvolver a doença relativa a probabilidade de um indivíduo do grupo não-exposto desenvolver a mesma doença. • um RR de 1,4 significa que os expostos têm 1,4 vezes mais risco de desenvolver a doença que os não expostos (que é o mesmo que dizer 40% mais probabilidade de desenvolver a doença). Quando o RR der 1, alguma coisa e a questão perguntar a porcentagem, basta tirar o 1. Ex: RR= 1,25 1,25 risco de 25% • Coorte prospectivo • os dados devem ser apresentados em tabelas 2x2: Logo: • Atenção: Não podemos calcular incidências em estudos de casos-controles porque não temos população em risco no início do estudo. A fórmula aplicada para o cálculo do RR num estudo de coorte não pode ser aplicada aos dados de um estudo de casos e controles. (Ie) incidência da doença no grupo dos expostos (Io) incidência da doença no grupo dos não expostos ODDS RATIO (RAZÃO DE CHANCES) • Usado em caso controle (retrospectivo) • Relacionado a uma chance/ probabilidade • Estima a chance de ocorrência de uma doença levando em conta o passado de exposição, ou não, a um determinado fator. • Estima o RR em um estudo caso-controle • O objetivo é avaliar se a chance de desenvolver a doença no grupo exposto é maior ou menor do que a do grupo não exposto. OR<1 indica uma associação “protetora”, o que significa que é pouco provável que ocorra o evento. OR=1 indica que não há associação entre ambas variáveis. OR>1 indica que há uma associação, sendo mais forte quanto maior seja o número. Ou seja, maior a chance de ter o fator de risco no caso do que no controle e vice versa. REDUÇÃO ABSOLUTA DE RISCO (RRA) Primeiro, precisamos entender o que é Risco Absoluto (RA), o qual nada mais é que a ocorrência de um fenômeno na população de estudo (exposto e não exposto), isto é, o coeficiente incidência de determinado fenômeno em determinada população. Agora, a RRA é a diferença dos riscos (incidências) de um evento entre a população exposta e não exposta. Exemplo: Averigue se é possível determinar qual foi a redução de risco absoluto (RRA) da intervenção: Suponhamos que um transtorno psiquiátrico qualquer fosse capaz de induzir o suicídio em 20 % (0,2) dos pacientes por ela acometidos, quando tomassem uma "pílula de farinha" - placebo (grupo controle). Digamos que, com o uso de uma nova medicação, tivéssemos observado a redução da taxa de suicídio para 15 % (0,15) (grupo medicação). Chamemos a taxa de suicídio no grupo controle de "I", e no grupo medicação de "J". Logo: Quanto houve de redução no risco de suicídio, no grupo que tomou a droga? Sem muita dificuldade, podemos observar que obtivemos 5 % a menos de mortes por suicídio, com a introdução da medicação. Em termos matemáticos: I - J = 20 % - 15 % = 5 %. Estes 5 % representam a redução de risco absoluto (RRA). Portanto: INTERVALO DE CONFIANÇA O intervalo dentro do qual se espera encontrar o valor ‘verdadeiro’, com determinado grau de certeza (p. ex. 95% ou 99%). Pesquisas com grandes tamanhos de amostras e grande número de eventos observados possuem intervalos de confiança menores (estreitos) e assim com menor incerteza do valor verdadeiro estabelecido. IC de RR ou OR não devem cruzar ou conter o valor 1,0, caso contrário não possuem significância estatística. Ou seja, entende-se que o valor 1 não existe associação entre as variáveis. Exemplo: (FMUSP-RP) Surto de gastroenterite em uma festa. Estudo do tipo caso-controle. IC=95%. Qual alimento estaria associado ao surto: Bolo OR= 2 (0,8-3,2) Maionese OR= 5,4 (0,4-10,4) Sushi OR= 3,5 (08-6,2) Sorvete OR= 2,7 (1,2-4,2) Resolução: Temos 95% de chance que o valor encontrado esteja presente no intervalo estimado. 1º passo: observar o valor de OR, o qual está relacionado com força de associação, ou seja, quanto maior o valor de OR maior a chance de existir uma associação entre (no caso da questão) a gastroenterite e o alimento que a causou. Todos os valores estão altos. 2º passo: observar os IC. Os intervalos do bolo, maionese e sushi passam pelo 1, logo não existe associação entre esses alimentos e a gastroenterite. Pelo contrario, o fato de estarem abaixo de 1, representa que eles preveniram que a gastroenterite ocorresse. Resposta: Sorvete VALOR P • É o nível de significância do estudo estatístico • Nega a H nula e aceita a H alternativa • Quando p<0,05 (5%), significa que eu só posso ter 5% de chance de erro ao aceitar a H alternativa. Logo: Se p for menor ou igual a 0,05 ou 5%, eu aceito essa diferença como significativa Se p for maior que 0,05 ou 5% (ex.: 0,3) eu não aceito essa diferença como significativa EFICÁCIA OU REDUÇÃO DO RISCO RELATIVO (RRR) A eficácia representa a redução relativa do risco obtida com a intervenção, ou seja, quanto do efeito desejado foi obtido dentre aqueles que realmente receberam uma dada intervenção. (1-RR) X 100 Exemplo: Considere a tabela: RR= [37/416]/[70/212]= 0,089/0,33= 0,27 ou 27% RRR= 1-0,27 x 100 = 73% Nesse caso, conclui-se que o uso do fármaco diminuiu em 73% o risco de piora dos pacientes. Ou seja, o placebo tem uma eficacia de 73% NÚMERO NECESSÁRIO PARA TRATAR (NNT) É o número médio de pacientes que precisam receber uma intervenção específica (grupo tratado) para que ocorra o desfecho desejado em um paciente a mais do que o número que ocorreria no grupo controle, mantidas as mesmas condições do ensaio. Esta medida quantifica o grau de benefício: quanto menor este número, maior o benefício. O ideal é um NNT de 1, que significa que todo paciente tratado se beneficia da terapia. Por exemplo, um NNT de 1 para o desfecho morte significa que se implementarmos a terapia o paciente vai sobreviver e se não implementarmos o paciente vai morrer. Um NNT de 100 significa que de 100 pacientes tratados, um vai ter sua vida salva pela terapia. Ou seja, eu preciso tratar 100 pacientes para poder salvar 1. Exemplo: Considere um tratamento hipotético cujo objetivo é prevenir apenas morte no infarto de risco alto. Neste caso, o tratamento só precisaria ser implementado nos 12% dos pacientes que morrem na fase aguda do infarto (as carinhas vermelhas do grupo controle). Porém, no momento da admissão não sabemos quem vai morrer (vermelho) e quem vai sobreviver (carinhas laranjas do grupo controle), pois o paciente não chega na emergência com a cara pintada de vermelho ou laranja. Desta forma, tratamos todos os pacientes, para que aqueles 12% que estão predestinados a morrer recebam o tratamento. Os outros 88% (laranjas) não precisariam receber o tratamento, pois não iriam morrer. Porém mas não sabemos quem é quem. Agora vamos nos concentrar nestes 12% que vão (ou iriam) morrer. Quase nenhum tratamento consegue impedir a morte de todos os predestinados. Portanto apenas uma parcela dos pacientes terão sua morte prevenida. Na figura do grupo tratamento, apenas 4 dos 12 pacientes predestinados não morrem. Estas são as carinhas verdes, os que são salvos pelo tratamento. Desta forma, tratamos 100 pacientes para prevenir 4 mortes: 100/4 = 25, ou seja, precisamos tratar 25 pacientes para prevenir 1 morte. Este é o NNT.
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