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FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA IMAGEM APLICADA À CLÍNICA AULA 9 PÂNCREAS · INTRODUÇÃO: Ana Clara Quirino – 69 · Página | 1 · Segunda maior glândula; · Função exócrina e endócrina; · Tamanho: 15 cm; · Peso: 60 a 100 g; · Localização retroperitoneal; · · Situado no espaço pararrenal anterior (é o compartimento mais anterior do retroperitônio), anterior à fáscia perirrenal e posterior ao peritôneo parietal; · Separado pela fáscia perirrenal posterior do compartimento perirrenal (onde estão localizados os rins, aorta abdominal e veia cava inferior); · Intima relação com o cólon descendente; · Eventualmente a cauda do pâncreas pode ter pequeno componente intraperitoneal (variação anatômica); · Localização posterior ao estomago; · Entre o estomago e o pâncreas há uma pequena cavidade peritoneal (bursa omental); · Relação próxima com a terceira porção do duodeno e principalmente com os vasos mesentéricos superiores (artéria e veia); · A raiz do mesentério está praticamente em contato com a face anterior do pâncreas neoplasia pancreática pode disseminar facilmente. · FORMAÇÃO EMBRIOLÓGICA: · O pâncreas é formado de duas estruturas embriológicas distintas: pâncreas central e dorsal; · Durante a formação do tubo digestivo e das vias biliares ocorre a separação depois existe uma rotação no sentido horário (olhando de cima pra baixo) a via biliar e o hepatocolédoco passam por trás do tubo digestivo primitivo para se fundir com o pâncreas dorsal se une ao pâncreas ventral o terço distal do ducto pancreático do pâncreas dorsal é eliminado para formar o ducto pancreático principal se isso não acontece temos o ducto pancreático acessório. · ANATOMIA DO PÂNCREAS · Processo Uncinado · Congenitamente é a porção ventral do pâncreas · É a porção inferior da cabeça · Formato de bico, triangular ou cuneiforme · Origem lateral à VMS ao nível da veia renal E. · Cabeça · Situa-se medial e posterior ao bulbo duodenal · Mede 3,0 cm · Corpo: imediatamente posterior ao fundo e antro gástricos / 2,5 cm · Cauda · Adjacente ao hilo esplênico, anterior à supra-renal esquerda, polo superior do rim esquerdo e medial ao baço · Entra no ligamento esplenorrenal e torna-se intra-peritoneal / 2,0 cm · Afila-se abruptamente · RADIOLOGIA CONVENCIONAL: AVALIAÇÃO DIRETA ( RX serve praticamente pra nada (exceto situações especiais). Antigamente o pâncreas era avaliado acompanhando o duodeno ( arco do duodeno maior sinal do 3 invertido) ) Sinal do 3 invertido (RX) ( Colangio mostrando a via biliar ) · RADIOLOGIA CONVENCIONAL · Método extremamente limitado (pouco a acrescentar) · A avaliação pancreática só poderia ser realizada indiretamente através do REED ou da CPER. · Apenas massas volumosas podiam ser observadas · Útil apenas no rastreamento inicial de suspeita de abdome agudo. · ULTRASSONOGRAFIA · Revolucionou o estudo do pâncreas. · Excelente método na identificação das formações expansivas, principalmente na cabeça do pâncreas. · A cauda do pâncreas geralmente é o segmento mais difícil de ser estudado na maioria dos pacientes. · Método de rastreamento/triagem · TOMOGRAFIA VIAS BILIARES · Excelente método de imagem para avaliação do pâncreas junto com a RM; · Avalia o pâncreas em sua totalidade; · Consegue saber se existe ou não uma dilatação ductal e consegue ver a cauda do pâncreas; · Deve sempre ser utilizado meio de contraste venoso em estudo dinâmico nas fases arterial (30-40 seg), venosa (60 a 70 seg) e tardia (após 180 seg). · Não é prejudicada pelo conteúdo gasoso/preparo. · RESSONANCIA VIAS BILIARES · Existem situações que supera a TC. Ex: útil na pancreatite crônica (RM tem dificuldade de ver e a TC vê bem) e melhor pra ver lesão cística · Também utilizada estudo dinâmico com contraste venoso (gadolínio), porém é menos dependente do contraste que a TC na avaliação do tecido pancreático · Utiliza várias sequências de pulso: T1 em fase e fora de fase, T2 simples , T2 com supressão de gordura, T1 póscontraste (arterial, venosa e tardia) além do estudo adicional com a colangiorressonância para avaliação das vias biliares. · Superior à TC na avaliação de debris sólidos ou líquidos Pâncreas em T2 – saturação de gordura pra saber se existe alteração da gordura peripancreatica. RM – T1 – Em fase e fora de fase: feito para saber se existe infiltração gordurosa do fígado (se houver há perda de sinal do fígado em T1 fora de fase). · PANCREATITE AGUDA · Etiologia: · · Idiopática (10%) · Alcoolismo (15%) · Colelitíase (75%) · Drogas · Neoplasias · Desordens Metabólicas Hipercalcemia/Hiperparatireoidismo · Infecção: Viral (Hepatite, Mononucleose), Parasitas (Ascaris) · Anomalias Estruturais: Pâncreas divisum, Coledococele · · Patofisiologia: (nem falou sobre) · Ativação prematura de enzimas proteolíticas levando a auto-digestão do pâncreas · Extravasamento de Lipase ▶ Necrose gordurosa peripancreática. · Isquemia transitória: Tromboembolismo, Cirurgia Cardiovascular, Choque Hemorrágico, Transplante do Pâncreas. · Relevância Clínica: importante distinguir as formas · Forma Aguda Intersticial (leve) 1% de Mortalidade · Forma Grave 10-23% de Mortalidade (Asséptica) ou Necrotizante 40-70% Contaminação Bacteriana · Infelizmente, nenhum parâmetro clínico ou laboratorial isolado é capaz de identificar a forma necrotizante com sensibilidade e especificidade razoáveis (dependente do estudo por imagem). · Sinais e Sintomas Clínicos: · Dor abdominal aguda, náusea e vômitos · Aumento da amilase pancreática e da lipase (Sangue e Urina) · Sinais clássicos, porém raros (especificidade baixa, sensibilidade alta): · Cullen – equimose periumbilical · Grey-Turner – equimose nos flancos · Fox – equimose inguinal/infrainguinal Sinal de Cullen (equimose periumbilical) Grey Turner Fox · Classificação do Simpósio Internacional de Pancreatite Aguda - (Atlanta, 1991), revista em 2012 (Atlanta, 2012) · DIVIDE a lesão PANCREÁTICA em 2 tipos: · Edematosa/Intersticial - 70-80%. · Necrosante - 20-30% · Classificação das coleções peri-pancreáticas na pancreatite intersticial em: · Coleção peri-pancreática aguda (APFC): ocorre nas primeiras 4 semanas, homogênea (não tem necrose), de limites imprecisos, adjacente ao pâncreas, respeita as fáscias retroperitoneais, evolução boa. · Pseudocisto pancreático: após 4 semanas, homogêneo, paredes bem definidas, sem componente sólido, adjacente ao pâncreas. · Classificação das coleções peri-pancreáticas na pancreatite necrotizante em: · Coleção necrótica aguda (ANC): decorrente de morte celular e necrose pancreática, destruição do parênquima, esteatonecrose, < 4 semanas, heterogênea, intra ou extra-pancreática, não respeita as fáscias retroperitoneais. · Necrose pancreática delimitada (Walled-off Necrosis): > 4 semanas, heterogênea, paredes bem definidas, intra ou extrapancreática, predisposição à infecção. · Complicações: · Pancreatite aguda intersticial: · < 4 semanas: coleções peri-pancreáticas · > 4 semanas: pseudocisto pancreático · Pancreatite aguda necrosante: · < 4 semanas: coleção necrótica aguda · > 4 semanas: áreas de necrose organizadas (walled-off necrosis) · Possível evolução Natural: · Pancreatite aguda intersticial: · Edema, congestão, leucocitose e auto-resolução · Pancreatite aguda necrotizante: · Destruição proteolítica e gordurosa, hemorragia, supuração, infecção, sepse · Envolvimento do Pâncreas: · Difusa (52%) ou Focal (48%) · Relação cabeça/cauda = 3:2 · Fase Inicial (Primeira semana): · O tratamento é orientado apenas pelos parâmetros clínicos, levando-se em consideração a síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS) > falência do órgão · Fase Tardia (> 1 semana): · Critérios morfológicos passam a ser fundamentais · Estudo tomográfico ou por RM úteis após as 72 horas iniciais. · Severidade Clínica · Leve - Sem falência de quaisquer órgãos ou complicações sistêmicas · Moderada - Falência transitória nasprimeiras 48 horas e complicações locais com recuperação · Severa - Falência completa por mais de 48 horas · Definida principalmente pela queda da saturação O2 (pO2 baixo) - pulmonar · Renal (queda clearence creatinina) · Cardiovascular (queda PA - hipotensão) · Critérios Ranson/Apache - Avaliação PROGNÓSTICA · Ranson - Avaliação Prognóstica · (1974) – Utiliza 11 critérios · Mortalidade zero abaixo de 3 pontos e de 50% acima de 6 pontos · Demanda 48hs para ser concluído · Deficiente nos casos entre 3 e 6 pontos · Acurácia de 70-80% · Bom pra paciente que tem pontuações extremas e ruim pra pacientes intermediários · Apache - Avaliação Prognóstica · Utiliza 12 parâmetros fisiológicos. · Acima de 8 pontos existe grande chance de existir necrose pancreática. · Acurácia de 75% à admissão. · Pouco sensível no diagnóstico da forma grave abaixo de 8 pontos. · Mais difícil de ser executado PANCREATITE AGUDA AVALIAÇÃO POR IMAGEM · ULTRASSONOGRAFIA - ACHADOS · Parênquima hipoecóico (escuro) · Aumento difuso ou regional do órgão (pâncreas aumentado) · Massa extra-pancreática devido a processo inflamatório adjacente · Coleções peri-pancreáticas – saco omental (60%) · Formação de Pseudocistos (52%) Formação de pseudocistos · TOMOGRAFIA - ACHADOS · Aspecto Tomográfico Normal (29%) melhorou com tecnologia · Parênquima Pancreático Hipoatenuante 5-20UH – P.Flegmonosa · Parênquima Pancreático Hiper 50-70UH - P.Hemorrágica · Indefinição dos limites da glândula. · Espessamento da fáscia pararrenal anterior · Ausência de realce após infusão do contraste – P.Necrosante · Envolvimento da gordura peripancreatica (tinha que ser hipoatenuante e tem atenuação intermediaria) Pancreatite aguda necrotizante: perda da viabilidade tecidual injeta contraste realça depois de um tempo você vê trombo e área de infarto sem realce. · RESSONANCIA - ACHADOS · Achados semelhantes ao da tomografia · Melhor caracterização da pancreatite intersticial incipiente · Melhor definição das coleções peri-pancreáticas · Maior dependência da colaboração do paciente. Na RM a imagem do pseudocisto tem um sinal uniforme Na RM o sinal da esteatonecrose o sinal é diferente Pseudocisto e área de esteatonecrose (separados pela RM) · ÍNDICE DE SEVERIDADE TOMOGRÁFICA · Combina os critérios de Balthazar (0 a 4 pontos) com a extensão de necrose pancreática (0 a 6 pontos), para criar uma escala de 10 pontos · Dependente de uso de contraste venoso para sua rastreamento das áreas de necrose · Deve ser realizado após 48 horas apenas, preferencialmente após 72 horas (pra ter tempo de definir a necrose pancreática). · Melhor método prognóstico da atualidade · O IST-Balthazar mostrou-se como melhor indicador prognóstico do que o escore de Ranson. · O mesmo foi superior ao APACHE II em predizer uma resolução clínica favorável em pacientes com escores baixos. · O APACHE II é incapaz de diferenciar corretamente a forma leve da grave, apresentando sensibilidade de apenas 52%. · CONSIDERAÇÕES FINAIS · O indice de severidade topográfica de Balthazar deve ser aplicado após 48-72 horas devido ao tempo para aparecer a necrose · A RM é superior a TC na classificação das coleções peripancreáticas quando há necessidade de sua diferenciação (coleções pancreatite intersticial x coleções da pancreatite necrotizante) · O rastreamento de infecção é difícil por métodos de imagem, exceto na presença de gás nas coleções (presente em até 40% das coleções infectadas) · Os termos abscesso pancreático e pseudocisto intrapancreático foram completamente abandonados após o consenso em Atlanta 2012. · Evite drenar coleções precocemente !!! Importante causa de infecções desnecessárias · Lembrar que não da pra descartar infecção em pacientes com essas coleções (exceto quando tem gás abscesso ou coleção infectada)
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