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Júlia Camargos FACULDADE DE MEDICINA DE BARBACENA CLÍNICA MÉDICA I - ENDOCRINOLOGIA NÓDULOS TIROIDIANOS INTRODUÇÃO: ● 4 a 7% das mulheres e 1% dos homens adultos apresentam nódulos palpáveis. ● Se USG, 19 a 67% de prevalência. ● Incidentaloma: descoberta do nódulo acidentalmente (Ex.: paciente faz TC de tórax devido a patologia pulmonar → evidencia um nódulo) ● Exames de imagem não são tão específicos para esses nódulos. Não tem necessidade de fazer US da tireoide sem necessidade (fazer rastreio em pacientes com história familiar) ● Se o médico suspeita de alguma disfunção tiroidiana estrutural ele deve examinar no exame físico (ao invés sair pedindo exame de imagem)! ● Importância clínica: 5 a 10% câncer da tireóide. ● Causas mais comuns: cistos colóides e tireoidites (80%), neoplasias foliculares benignas (10 a 15%) e carcinoma (5%). ● Mecanismo de formação do nódulo é incerto mas, ele tem relação com o TSH (hormônio estimulador da tireoide) ○ paciente com nódulo tireoidiano na vigência de hipotireoidismo → prognóstico pior, mais chance de malignidade (TSH aumentado) 1 Júlia Camargos DIAGNÓSTICO: ● Evolução insidiosa e assintomática (a maioria dos pacientes nao sabe/nao percebe que tem) ● Descobertos acidentalmente (Não temos sensibilidade para palpar nódulos < 1 cm) ○ Os nódulos menores de 0,5 cm, mesmo que carcinomas, são classificados como microcarcinomas → sua agressividade é menor do que a da terapêutica (não tratamos, apenas acompanhamos) ● Assim que o nódulo for descoberto → Afastar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o status funcional e anatômico da glândula ○ História clínica completa (irradiação da cabeça e pescoço devido à linfoma, história familiar, surgimento e evolução do nódulo) ○ Exame físico cuidadoso ○ Testes da função tireoidiana (TSH e T4 livre) ○ Exames de imagem (US) ○ PAAF se necessário → determina se tem malignidade ou não → US nao determina malignidade quem determina é a PAAF → Tireoide: glândula em volta da traqueia e na base do pescoço (fúrcula esternal), logo ela também está na frente do esôfago. - uma queixa de disfagia ou sensação de corpo estranho (queixas esofagianas) nao vao estar relacionados com tireóide → exceto em casos que o paciente tenha bócios gigantes ou nódulos muito grandes causando um efeito compressivo (já percebemos pela ectoscopia) - nesses casos de nódulos gigantes a resolução é cirúrgica (comprometimento adjacente estrutural) - se o paciente tiver com “dor no pescoço", pedir para ele apontar com a ponta do dedo: muitos vão apontar perto do queixo → não é tireoide - muitos médicos vão pedir o US por indicação equivocada → acham um nódulo ocasionalmente (que nem está relacionado com a clínica do cliente) Risco de malignidade: ● Em homens é 2 a 3 x maior ● Ca de tireóide é mais comum em crianças (10 a 26%) e pessoas idosas ● Em indivíduos com menos de 20 e mais de 70 anos têm maior risco ● Rápido crescimento, rouquidão, mudança de voz, disfagia mas podem evoluir sem sintomas e lesões benignas mais vascularizadas podem crescer rápido ● Nódulos hipocaptantes em doença de Graves ● História familiar, radioterapia externa do pescoço durante infância ○ Rastrear todos da família caso tenha história familiar positiva 2 Júlia Camargos Exame físico: ● Avaliar o nódulo: tamanho, consistência, mobilidade e sensibilidade ● Adenopatia cervical → nódulo solitário, de consistência endurecida, pouco móvel à deglutição e associado a linfadenomegalia regional → sugestivo mas pouco específico ● A palpação da tireóide tem baixa sensibilidade para identificar nódulos assim como determinar a quantidade real dos mesmos → quando suspeitar, indicar US ● História e exame físico para diagnóstico de malignidade tireoidiana: ○ 60% de sensibilidade e 80% de especificidade ○ Exame físico correto + história clínica → indicação de exames necessários Avaliação da função tireoidiana: ● Avaliação laboratorial: saber se o paciente é hipo, hiper ou eutireoidiano ○ A grande maioria dos pacientes com CA de tireóide apresentam eutiróideos. ● Não é necessário pedir: AntiTPO, Tireoglobulina e calcitonina ○ Se o paciente tiver hipotireoidismo: dosar AntiTPO (Hashimoto) ○ Elevação da calcitonina é o achado mais característico do CA medular da tireóide mas... ● Hipotireoidismo + nódulo: maior risco de malignidade ○ Estudos relacionaram valores elevados de TSH com risco de neoplasia maligna ● Hipertireoidismo + nódulo: risco de malignidade é quase zero ○ TSH suprimido, T3 e T4 aumentado ○ Investigar se a causa do hipertireoidismo não é o nódulo: adenoma tóxico ■ Pedir cintilografia: se o nódulo for hipercaptante ele é hiperfuncionante Ex: paciente com suspeita de nódulo → detectado nódulo no exame físico → solicitar US + função tireoidiana laboratorial - hipo + nódulo: risco elevado de malignidade → dependendo das características, solicitar PAAF - hiper + nódulo: solicitar cintilografia (avaliar se é um adenoma tóxico) 3 Júlia Camargos EXAMES DE IMAGEM: - Cintilografia: ● Imagem 1: nódulo hipercaptante (se ele tiver hipertireoidismo → adenoma tóxico → retirada cirúrgica do nódulo) ● Imagem 2: nódulo frio (nao captou o iodo) ○ Hiper + nódulo frio → hipertireoidismo pela glândula + nódulo ● Tem pouco valor para distinguir lesões malignas ou benignas ● Maior parte dos nódulos mostra-se hipocaptantes ou normocaptantes ● Pouca especificidade ● Preferencialmente com Iodo / Pertecnetato? ● Indicação: Patologia nodular associada ao hipertireoidismo, para um preciso diagnóstico de adenoma tóxico ou bócio multinodular ou Bethesda IV - Elastografia: ● Caro, pouca disponibilidade ● Geralmente é mais utilizado na hepatologia - TC e RNM: ● Não existem critérios para avaliar, diagnosticar e acompanhar nódulos tireoidianos com esses exames - Ultrassonografia: ● Exame de escolha ● não serve para diagnosticar câncer de tireoide → direciona para a PAAF (avalia a celularidade do nódulo) ● Descreve as características do nódulo (suspeita de malignidade ou não) ● Sensibilidade de 95% ● Classifica os nódulos sólidos como isoecóicos, hipoecóicos ou hiperecóicos ○ Quanto mais ecogênico → mais líquido dentro dele → menos celularidade ■ nódulos hipoecóicos tem menor chance de malignidade ■ hipoecoico → maior risco de malignidade ● Baixa ecogenicidade isolada tem valor preditivo positivo para malignidade de 50 a 63%, além de microcalcificações, contornos mal definidos, fluxo sanguíneo aumentando ao Doppler, aumento do diâmetro AP em relação ao transverso e adenomegalia cervical ● Classicamente, nódulos císticos são considerados benignos, mas cuidado com presença de vegetação sólida intracística ● Guideline da sociedade americana de tireoide (2015) 4 Júlia Camargos - Punção Aspirativa por Agulha Fina: ● Biópsia guiada por ultrassom ● Melhor método para diferenciação de lesões benignas e malignas ● Método mais sensível e específico para diagnóstico etiológico de nódulos da tireóide ● Deve ser realizada em todos os nódulos > 2 cm ou com características ultrassonográficas sugestivas de malignidade ou história clínica de risco, exceto quando há suspeita de nódulo funcionante. ● A maioria das lesões tireoidianas são benignas (o risco de malignidade é muito baixo) e, quando existe malignidade, a agressividade é baixa → todos esses protocolos são para evitar cirurgias desnecessárias ○ Evitar sequelas e complicações do procedimento cirúrgico ● Estratificar bem para evitar operações desnecessárias Classificações: ● TI-RADS: feita através da ultrassonografia ○ Classifica a lesão e avalia a necessidade de PAAF ○ Apresenta relação direta com o risco de malignidade ● Bethesda: feita pela PAAF 5 Júlia Camargos - Bethesda I - Amostra ñ diagnóstica: devido a erro de procedimento ou pouca celularidade ● repetir PAAF 3 meses depois ● Se repetir o exame por 3 vezes e continuar com Bethesda I → indicação de retirada cirúrgica - Bethesda II - Benigno ● acompanhar o nódulo, repetir exame 1x/ano - Bethesda III: ● Avaliar o paciente, pode seruma lesão que simula câncer mas não é OU pode ser realmente um câncer → fazer testes moleculares para avaliar ● encaminhar para cirurgião de cabeça e pescoço - Bethesda IV, V e VI ● Indicação de retirada cirúrgica: tireoidectomia parcial ou total 6 Júlia Camargos ❖ Bethesda II: repetir US 1x/ano ➢ se vier igual ao 1º: continuar acompanhando repetindo o US a cada ano ➢ se vier diferente (características suspeitas, aumentar o tamanho): PAAF ❖ US com características suspeitas de câncer e Bethesda benigno → repetir a PAAF Marcadores moleculares: ● BRAF, RET/PTC, RAS, GALECTNA 3, CITOQUERATINA, HMBE, CK19, PAX8/PPARY, NTRK, P53, RET ● Afirma: 4.800 dólares ● ThyroSec V2: 3.200 dólares ● Mir-thype: 700 a 1000 reais Nódulos benignos à PAAF: ● Terapia supressiva com L-tirosina: resultado significativo em 17% dos casos ○ Não é mais utilizado, leva a um hipertireoidismo iatrogênico ● Injeção percutânea de etanol: resultados animadores ● Radioiodoterapia: utilizado em nódulo autônomo hiperfuncionante e redução de bócio multinodular em pacientes que não possam operar ● Fotocoagulação com laser guiada por US: utilizado em bócio nodular tóxico e atóxico 7
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