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INTRODUÇÃO - prevalência de 3 a 7% com base na palpação; - À ultrassonografia (US), a prevalência de NT na população geral é estimada em 20 a 76% - em 20 a 48% dos pacientes com um nódulo tireoidiano palpável, são encontrados outros nódulos na investigação por US - são mais comuns em pessoas idosas, em mulheres, em indivíduos com deficiência de iodo e naqueles com história de exposição à radiação. - A grande importância no manuseio dos NT, apesar de a maioria representar lesões benignas, é descartar a possibilidade de câncer (Ca) da tireoide, que ocorre em 5 a 10% dos casos em adultos e em até 26% em crianças. - A doença nodular da tireoide contempla nódulos solitários e bócio multinodular. É mais comum em mulheres, idosos e em regiões com deficiência de iodo e suas causas mais frequentes são cistos coloides e tireoidites (80% dos casos), além de neoplasias foliculares benignas (10 a 15%) e carcinoma (5 a 10%). O mecanismo de formação de NT é pobremente entendido. DIAGNÓSTICO - Tem evolução insidiosa e assintomática; - frequentemente descobertos em exame clínico de rotina, ou acidentalmente, em avaliações por imagens da região cervical anterior, caracterizando os chamados incidentalomas tireoidianos - geralmente, não palpáveis e têm diâmetro < 1 cm. - Quando se detecta um nódulo na tireoide, é fundamental descartar a possibilidade de neoplasia maligna e caracterizar o status funcional e anatômico da glândula. Essa investigação inclui uma história clínica completa e um exame clínico cuidadoso, além dos testes de função tireoidiana, exames de imagem e, se necessário, punção aspirativa com agulha fina (PAAF). - HISTÓRIA CLÍNICA: . existem alguns fatores que interferem no risco para malignidade em NT, como: sexo, idade, sintomas locais, doenças associadas e outros fatores. . SEXO: oito vezes mais comuns em mulheres, o risco de malignidade no sexo masculino é duas a três vezes maior; . IDADE: Ca da tireoide é mais comum em crianças (10 a 26% dos nódulos são malignos) e pessoas idosas, mas a maioria das lesões nodulares nessa faixa etária é benigna. Nódulos em indivíduos com menos de 20 anos e acima de 70 anos de idade apresentam maior risco de serem malignos .SINTOMAS LOCAIS: rápido crescimento do nódulo, rouquidão persistente ou mudança da voz e, mais raramente, disfagia e dor podem indicar invasão tissular local por um tumor. Lesões benignas mais vascularizadas podem apresentar rápido crescimento e dor em decorrência de hemorragia intranodular, achado mais frequente em neoplasias benignas, como os adenomas. A disfunção do nervo recorrente laríngeo, em 17 a 50% dos casos, resulta de patologias tireoidianas sem malignidade. . DOENÇAS ASSOCIADAS: existem evidências de maior prevalência de nódulos tireoidianos e Ca de tireoide em pacientes com doença de Graves, em comparação à população geral. Foi relatado que um nódulo em paciente com tireoidite autoimune teria um risco significativamente maior de ser maligno. Uma possível explicação seria o fato de que TSH e TRAb têm efeitos mitogênicos e antiapoptóticos sobre as células foliculares tireoidianas. . OUTROS FATORES: história familiar de Ca de tireoide ou síndromes hereditárias como neoplasia endócrina múltipla (MEN) do tipo 2, síndrome de Cowden, síndrome de Pendred, síndrome de Werner, polipose adenomatosa familiar, bem como radioterapia externa do pescoço durante a infância ou adolescência. Em um estudo foi relatado que, quanto mais elevado o TSH, maior o risco de o nódulo ser maligno. - PRINCIPAIS CAUSAS DE NÓDULOS TIREOIDIANOS: . Bócio coloide ou adenomatoso; . Cistos simples ou secundários a outras lesões da tireoide; . Tireoidites (Hashimoto, linfocítica, granulomatosa, aguda ou de Riedel); . Doenças granulomatosas; . Neoplasias; . Doença tireoidiana policística. EXAME FÍSICO - exame detalhado do pescoço, com especial ênfase para algumas características do nódulo (tamanho, consistência, mobilidade e sensibilidade) e adenopatia cervical. - Nódulo solitário, de consistência endurecida, pouco móvel à deglutição e associado à linfadenomegalia regional representa um achado bastante sugestivo de câncer, embora essas características sejam pouco específicas. - A palpação da tireoide tem baixa sensibilidade para identificar nódulos, assim como determinar o número real de nódulos presentes. A US detecta nódulos (um terço dos quais com mais de 2 mm) em pacientes com exame cervical normal. a palpação pode indicar a existência de nódulos que, posteriormente, não são confirmados pela US, bem como frequentemente subestimar a quantidade de nódulos. De fato, em 20 a 48% dos pacientes com um nódulo palpável, detectam-se nódulos adicionais à US. - A tireoidite de Hashimoto (TH) pode parecer aderente às estruturas locais, e a rara tireoidite de Riedel tem consistência pétrea, além de ser localmente invasiva. - Doença benigna da tireoide já foi demonstrada em 30% de nódulos. - Achados clínicos que indicam o diagnóstico de carcinoma tireoidiano em um paciente com um nódulo solitário, de acordo com o grau de suspeita. endurecidos ou com aparente fixação às estruturas locais: . ALTA SUSPEITA: História familiar de carcinoma medular ou neoplasia endócrina múltipla; Prévia radioterapia de cabeça ou pescoço; Crescimento rápido, especialmente durante a terapia supressiva com L- tiroxina; Nódulo muito firme ou endurecido; Fixação do nódulo às estruturas adjacentes; Paralisia das cordas vocais; Linfadenopatia satélite; Metástase a distância. . MODERADA SUSPEITA: Idade < 20 anos ou > 70 anos; Sexo masculino; História de radioterapia de cabeça ou pescoço; Nódulo > 4 cm; Presença de sintomas compressivos. AVALIAÇÃO LABORATORIAL - A dosagem de TSH e T4 livre deve obrigatoriamente fazer parte da avaliação inicial; - A maioria dos pacientes com Ca de tireoide se apresenta eutireoidea; - achado de hipertireoidismo em paciente com bócio nodular é um forte indicativo para diagnóstico de neoplasia maligna; - Anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO), em títulos elevados, confirmam o diagnóstico de TH, mas não descartam a concomitância de uma neoplasia tireoidiana; - A elevação da calcitonina sérica (sCT) é o achado mais característico do Ca medular da tireoide (CMT). Dosagem da sCT é imperativa em pacientes com histórico ou suspeita clínica de CMT familiar ou MEN-2; - Também é recomendada se os resultados citológicos das amostras obtidas por PAAF forem sugestivos de CMT, em casos de amostras citológicas insatisfatórias e em pacientes com bócio nodular a serem submetidos à tireoidectomia, para evitarmos que o paciente se submeta a uma abordagem cirúrgica menos extensa do que a necessária. - os níveis de calcitonina podem estar aumentados em pacientes com tumores endócrinos do pâncreas e pulmão, insuficiência renal, doença autoimune tireoidiana ou hipergastrinemia. - Outros fatores que provocam aumento de calcitonina são consumo de álcool, tabagismo, sepse, bem como anticorpos heterofílicos anticalcitonina. - Além disso, sexo, idade, peso, aumento dos níveis de cálcio e o ensaio em si também afetam a concentração sérica da calcitonina. AVALIAÇÃO POR IMAGEM - CINTILOGRAFIA: . pouco valor para distinguir lesões malignas de benignas . maior parte dos nódulos mostra-se hipocaptante (frios) ou normocaptante à cintilografia (>90%) . não mais do que 15% dos nódulos “frios” são malignos . excepcional o achado de malignidade em nódulos “quentes” ou hipercaptantes (1 a 2%) . A principal indicação seria a patologia nodular associada ao hipertireoidismo, para um preciso diagnóstico do adenoma tóxico ou do bócio multinodular tóxico. . Em caso de nódulo normo ou hipocaptante, deverá ser seguido o protocolo de investigação com PAAF, mesmo quando detectado em pacientes com a doença de Graves. . Nos casos com diagnóstico citológico de neoplasia folicular ou suspeitode neoplasia folicular, a cintilografia com radioiodo ou tecnécio poderá ser realizada na tentativa de se identificar um adenoma hipercaptante autônomo, o que afastaria a malignidade. . considerar a utilização da cintilografia para descartar autonomia de nódulo(s) tireoidiano(s) em pacientes com TSH suprimido, bem como diante da suspeita de tecido tireoidiano ectópico ou bócio retroesternal . atento à ocorrência de hemiagenesia tireoidiana congênita que pode simular a presença de bócio nodular (devido ao aumento compensatório do lobo único) e que, à cintilografia, pode se manifestar com um nódulo autônomo. - ULTRASSOM: . é o melhor exame de imagem para a detecção de nódulos, com sensibilidade de aproximadamente 95%, superior a outros métodos mais sofisticados. . torna possível a visualização de nódulos não palpáveis, avalia com precisão as características desses nódulos (volume, número) e diferencia cistos simples, que têm baixo risco de malignidade, de nódulos sólidos ou mistos. . pode também servir como guia para procedimentos diagnósticos (p. ex., PAAF) e terapêuticos assim como o monitoramento de crescimento do nódulo. . Na tireoidite de Hashimoto, contornos irregulares com padrão ecotextural difusamente grosseiro e noduliforme (pseudonódulos) seja o achado mais característico, formações nodulares verdadeiras, sólidas, hipo e/ou hiperecoicas, também podem ser encontradas. . A grande maioria (82 a 91%) dos cânceres de tireoide são sólidos ou com pouco conteúdo cístico. . A presença do artefato “cauda de cometa” indica benignidade para o nódulo . os nódulos sólidos podem ser classificados como isoecoicos (com amplitude de ecos igual à do parênquima tireoidiano normal), hipoecoicos (com amplitude de ecos menor do que o parênquima tireoidiano normal) ou hiperecoicos (amplitude de ecos maior do que o parênquima tireoidiano normal) . baixa ecogenicidade isolada é uma característica ultrassonográfica importante, com valor preditivo positivo para malignidade de 50 a 63%. . Os nódulos sólidos isoecoicos, que representam 3 a 25% dos nódulos, são malignos em 7 a 25% dos casos. . nódulos sólidos hiperecoicos, que representam 20% das lesões nodulares, são malignos em 1,3 a 4% dos casos. . especificidades relatadas para prever malignidade foram de 41,4 a 92,2% para marcante hipoecogenicidade; 44,2 a 95% para microcalcificações; 48,3 a 91,8% para margens infiltrativas, irregulares ou microlobuladas; e cerca de 80% para o arranjo caótico ou imagens vasculares intranodulares. . Outros achados são fluxo sanguíneo intranodular aumentado ao Doppler colorido, aumento do diâmetro anteroposterior em relação ao transverso e presença de adenomegalia regional suspeita . CLASSIFICAÇÃO DE CHAMMAS DE ACORDO COM O DOPPLER COLORIDO: Ausência de vascularização (padrão I); Apenas vascularização periférica (padrão II); Vascularização periférica maior ou igual à central (padrão III); Vascularização central maior do que a periférica (padrão IV); Apenas vascularização central (padrão V). Padrões I e II são característicos das lesões benignas; padrões IV e V têm maior probabilidade de malignidade. . os achados ultrassonográficos citados anteriormente não possibilitam distinguir com certeza as lesões benignas das malignas; . calcificações são também encontradas no bócio adenomatoso, tireoidite de Hashimoto e neoplasias benignas; . embora a maioria das neoplasias malignas tenha fluxo central aumentado, esse achado também é encontrado em lesões benignas; . a presença de um nódulo sólido hipoecoico, com contornos irregulares e microcalcificações em seu interior é altamente sugestivo de malignidade. . nódulos císticos são considerados benignos. Contudo, a presença de vegetação sólida, vascularizada, de localização intracística pode indicar malignidade em cerca de 50% dos casos. . Linfonodos com diâmetro > 5 mm que apresentem calcificações finas e/ou degeneração cística em seu interior têm quase sempre uma etiologia maligna. Na ausência dessas características, o achado de forma arredondada, ausência de hilo e contornos irregulares ou espiculados são também fortes indicativos de malignidade. A detecção de linfonodos de forma alongada com mediastino ecogênico indica benignidade. Na presença de linfonodos “suspeitos” à US, a combinação de citologia por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) e dosagem de tireoglobulina (Tg) no aspirado da agulha possibilitam uma definição etiológica com elevada sensibilidade e especificidade de até 100%. - ELASTOGRAFIA: . sua acurácia diagnóstica inferior à da US - TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: . não possibilitam diferenciar lesões benignas de malignas e são exames raramente indicados na avaliação do nódulo tireoidiano. . São úteis na avaliação de bócios mergulhantes e na avaliação de compressão traqueal. - TOMOGRAFIA POR EMISSÃO DE PÓSITRONS: . esse procedimento revelou-se com baixa acurácia diagnóstica. . Resultados falso-positivos (captação intensa), indicativos de lesão maligna, foram relatados em casos de tireoidite de Hashimoto. PAAF - é o melhor método para diferenciação entre lesões benignas e malignas da tireoide, sendo tecnicamente simples e de fácil execução ambulatorial; - SISTEMA BETHESDA DE CLASSIFICAÇÃO: . As amostras são classificadas em 6 categorias: I – amostra não diagnóstica (RM de 1 a 4%); II – benigno (0 a 3%); III – atipia ou lesão folicular de significado indeterminado (5 a 15%); IV – suspeito de neoplasia folicular (15 a 30%); V – suspeita para malignidade (70 a 75%); e VI – maligno (97 a 99%). . principal limitação diagnóstica: a distinção das neoplasias foliculares e as de células de Hürthle quanto a sua natureza benigna ou maligna. - representa o procedimento mais sensível e específico para o diagnóstico etiológico dos nódulos tireoidianos, com sensibilidade de 68 a 98% (média de 83%), e especificidade de 72 a 100% (média de 92%). - Os erros mais comuns ocorrem em lesões > 4 cm ou < 1 cm, assim como nos nódulos císticos. - Entre as lesões malignas, o carcinoma papilífero é o mais comum e o mais facilmente diagnosticado pela citologia, com raríssimos resultados falso-negativos. - Nódulos <1 cm, a princípio, não devem ser puncionados, exceto em indivíduos com padrão ultrassonográfico de alto risco ou se houver adenomegalia cervical de aspecto não reacional - A PAAF deve ser repetida diante de um resultado citológico insatisfatório ou indeterminado. - recomenda-se que o novo exame seja realizado após 3 meses, para se evitarem lesões reativas da punção prévia. No entanto, esse período deve ser menor quando houver uma suspeita maior de malignidade - Em alguns serviços, costuma-se repetir a PAAF após 6 a 12 meses, se o resultado da primeira punção for benigno. - Para o consenso brasileiro realização de US 6 a 24 meses após a PAAF inicial, repetindo-se o procedimento apenas se o nódulo aumentar em mais de 20% em pelo menos duas dimensões, tiver aumento de volume > 50% ou caso surjam características ultrassonográficas indicativas de malignidade. - Um painel molecular de 7 genes (7-gene MT) realizado no líquido residual da agulha da PAAF – incluindo BRAFV600E, três isoformas de mutações pontuais de RAS e translocações no PAX8/PPAR. e RET/PTC – tem sido clinicamente validado para predizer a presença de carcinoma diferenciado de tireoide (CDT) com alta especificidade (86 a 94%) e elevado valor preditivo positivo (PPV) (87 a 100%). - Portanto, trata-se de um teste para confirmar a presença de malignidade, sendo indicado nos casos com maior suspeita. O QUE FAZER NA PRESENÇA DE UM NÓDULO TIREOIDIANO? - hoje é consenso que a PAAF representa o principal exame de investigação e, sempre que possível, deve ser guiada por US. - Inicialmente, solicitamos TSH, T4 livre e US. Na ausência de hipertireoidismo, todonódulo sólido ou predominantemente sólido = 1 cm (ou = 1,5 cm, se for de baixo risco) deve ser puncionado. - No caso de nódulos menores (= 0,6 e < 1 cm), só indicamos PAAF se houver imagens ultrassonográficas suspeitas de malignidade no nódulo ou em um ou mais linfonodos cervicais. - Categoria VI (maligno): indicamos tireoidectomia total (TT), na grande maioria das vezes seguida de ablação do tecido tireoidiano remanescente com iodo radioativo, 8 a 12 semanas após cirurgia - Categoria II (benigno): o seguimento do paciente poderá ser feito com US, inicialmente a cada ano e depois em intervalos maiores. Repetir a PAAF uma vez, após 12 meses. Se a segunda amostra citológica for benigna, as chances de falso-negativo para malignidade são praticamente nulas e não há necessidade de avaliações ultrassonográficas posteriores - Categoria III: deve-se repetir a PAAF e, diante da manutenção do resultado, costumamos indicar cirurgia, na dependência dos fatores de risco, aspectos ultrassonográficos e preferência do paciente. Uma outra opção bastante interessante, se disponível, seriam os testes moleculares - Categoria IV: deve-se repetir a PAAF e, diante da manutenção do resultado, costumamos indicar cirurgia, sobretudo nos pacientes com aspectos ultrassonográficos de maior risco, e cujo nódulo não seja hipercaptante à cintilografia. Se disponíveis, os testes genéticos podem ser muito úteis na decisão cirúrgica. Nódulos citologicamente classificados como AUS/FLUS ou FN/SFN, e que sejam positivos para mutações de BRAFV600E, RET/PTC ou PAX8/PPARc, têm um risco estimado de malignidade > 95% e devem, pois, ser considerados como categoria similar a carcinoma da tireoide citologicamente confirmado - Categoria V: deve-se repetir a PAAF e, mantendo-se o diagnóstico, a conduta é sempre cirúrgica. - Categoria I: submetemos o paciente à nova PAAF (sempre guiada por US), que possibilitará a definição diagnóstica em cerca de 60 a 80% dos casos, sobretudo quando o componente cístico for < 50%. Persistindo a indefinição, indicamos a cirurgia para os pacientes considerados de alto risco pela avaliação clínica e ultrassonográfica (p. ex., presença de sintomas compressivos; nódulos = 4 cm ou nódulos menores que apresentem aspectos de suspeita maior para malignidade à US). Os demais pacientes poderão ser acompanhados clinicamente, com seguimento periódico por meio de US. - Nódulos puramente císticos, não está indicada PAAF, exceto quando são muito volumosos ou quando está programada alcoolização. Indicamos cirurgia para os cistos recidivantes e mais volumosos, bem como para aqueles em que haja uma vegetação sólida intracística à US. Clinicamente, pela US, cistos menores, aqueles que permaneceram colabados ou que foram tratados com etanol. MANUSEIO DE NÓDULOS TIREOIDIANOS EM SITUAÇÕES ESPECIAIS - Incidentalomas tireoidianos: avalia-se inicialmente a função tireoidiana. Pacientes sem hipertireoidismo, a PAAF (de preferência, guiada por US) está prioritariamente indicada para lesões = 1 ou 1,5 cm, na dependência das características ultrassonográficas do nódulo. - Gravidez: Na ausência de hipertireoidismo, devem ser puncionados nódulos = 1 ou 1,5 cm, dependendo de suas características ultrassonográficas. Se o laudo citopatológico for compatível com malignidade, deve-se esperar o término da gravidez para se submeter a paciente à cirurgia, a qual pode, contudo, ser realizada mais precocemente (antes da 24a à 26a semana de gestação), caso aconteça crescimento nodular significativo ou a US revele linfonodos cervicais suspeitos de doença metastática. - Nódulos >= 4 cm: têm maior risco de ser malignos e/ou maior propensão a resultados falso-negativos à PAAF. Assim, tireoidectomia total ou quase total pode ser considerada para esses casos, mesmo se a citologia for benigna. - Injeção percutânea com etanol: inicialmente utilizada no tratamento de nódulos autônomos. Também se passou a utilizar esse tipo de terapia em nódulos císticos e sólidos considerados benignos pela PAAF, com indicação terapêutica, seja por queixas compressivas, seja por motivos estéticos. RESUMO - A doença nodular da tireoide, que contempla nódulos solitários e bócio multinodular, é um problema clínico corriqueiro, com etiologias diversas e preponderantemente benignas (cerca de 90%), mais comum em mulheres, idosos e em regiões com deficiência de iodo. As causas mais frequentes de nódulos tireoidianos são cistos coloides e tireoidites (80% dos casos), além de neoplasias foliculares benignas (10 a 15%) e carcinomas (5 a 10%). Na investigação dos nódulos, deve-se avaliar os achados ultrassonográficos, a função tireoidiana e, se houver hipertireoidismo, a cintilografia tireoidiana. O bócio nodular tóxico deve ser tratado com radioiodoterapia ou cirurgia. Uma vez excluído o hipertireoidismo, está indicada a punção aspirativa com agulha fina (PAAF), preferencialmente guiada por ultrassonografia (US). A PAAF é o procedimento de escolha na diferenciação entre lesões benignas e malignas. O ponto de corte para realização da PAAF depende do risco para malignidade, de acordo com os achados da US: = 1 cm, em casos de nódulos hipoecoicos; = 1,5 cm, na presença de nódulos iso ou hipoecoicos; e = 2 cm, quando há nódulos espongiformes. A PAAF não está indicada em pacientes com lesões puramente císticas, bem como naqueles com nódulos < 1 cm, na ausência de aspectos ultrassonográficos sugestivos de malignidade.