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Epistemologia da Psicomotricidade

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Indaial – 2021
EpistEmologia da 
psicomotricidadE
Profª. Jacqueline Leire Roepke
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Profa. Jacqueline Leire Roepke
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
R716e
Roepke, Jacqueline Leire
Epistemologia da psicomotricidade. / Jacqueline Leire Roepke. – 
Indaial: UNIASSELVI, 2021.
200 p.; il.
ISBN 978-65-5663-415-9
ISBN Digital 978-65-5663-416-6
1. Psicomotricidade. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da 
Vinci.
 
CDD 152.334
aprEsEntação
Prezado acadêmico, seja bem-vindo ao Livro Didático Epistemiologia 
da Psicomotricidade. Considerando esse título, quais foram os pensamentos 
que lhe vieram à mente? Você já tem alguma familiaridade com a 
psicomotricidade ou não tem muita segurança para explicar o que significa, 
ainda que já tenha lido ou estudado algo sobre ela? 
Neste conteúdo, esperamos que você amplie consideravelmente 
os seus conhecimentos acerca da psicomotricidade. Para tanto, a Unidade 
1 foi elaborada para esclarecer quais são as relações entre epistemologia e 
psicomotricidade. Assim, você aprenderá, primeiramente sobre os conceitos 
“epistemologia” e, na sequência, “psicomotricidade”. Tendo cumprido 
essa etapa, veremos os conceitos fundamentais e as especificidades da 
psicomotricidade. 
Já na Unidade 2, nosso enfoque estará na psicomotricidade em 
termos de conhecimento e intervenção. Desse modo, aprenderemos sobre 
o conhecimento nas áreas de intervenção profissional tanto relativas à 
educação, quanto à clínica. Também encontraremos alguns subsídios sobre 
as relações da Psicomotricidade com outras formas de intervenção. 
Por fim, vamos nos concentrar, na Unidade 3, na formação profissional 
em psicomotricidade, levando em consideração aspectos teóricos, práticos e 
pessoais. 
Esperamos que seja uma leitura proveitosa e ofereça, a você, 
oportunidades de aprimorar algumas de suas habilidades. 
Bons estudos! 
Profa. Jacqueline Leire Roepke
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE ............ 1
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA ........................................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 O QUE É EPISTEMOLOGIA? ........................................................................................................... 3
3 A UTILIDADE DA EPISTEMOLOGIA ......................................................................................... 16
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 25
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 26
TÓPICO 2 — PSICOMOTRICIDADE .............................................................................................. 29
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 29
2 PSICOMOTRICIDADE ................................................................................................................... 29
3 EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE ........................................................................... 34
RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 37
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 38
TÓPICO 3 — CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM PSICOMOTRICIDADE ......................... 39
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 39
2 OS PRINCIPAIS CONCEITOS EM PSICOMOTRICIDADE ................................................... 39
3 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM PSICOMOTRICIDADE ............................................... 40
3.1 CORPO ........................................................................................................................................... 40
3.2 MOVIMENTO ............................................................................................................................... 41
3.3 ATIVIDADE ................................................................................................................................... 41
3.4 AÇÃO ............................................................................................................................................. 41
3.4.1 Motor ..................................................................................................................................... 41
3.4.1.1 Funções motoras ...................................................................................................... 42
3.4.1.2 Funções motrizes ..................................................................................................... 42
3.5 FUNÇÕES PERCEPTUAIS .......................................................................................................... 42
3.5.1 Psicológico ............................................................................................................................ 43
3.5.2 Psíquico ................................................................................................................................. 43
3.5.3 Funções psíquicas ................................................................................................................ 43
3.6 FUNÇÕES MENTAIS ...................................................................................................................43
3.6.1 Emoções ................................................................................................................................ 44
3.7 SISTEMA NERVOSO.................................................................................................................... 45
3.7.1 Encéfalo ................................................................................................................................. 45
3.7.2 Medula espinhal .................................................................................................................. 45
3.8 DESENVOLVIMENTO................................................................................................................. 46
3.8.1 Maturação ............................................................................................................................. 46
3.8.2 Maturidade ........................................................................................................................... 47
3.9 CONTEXTO SOCIAL ................................................................................................................... 47
3.9.1 Interação ................................................................................................................................ 47
3.9.2 Experiência individual ........................................................................................................ 48
3.10 SENSITIVO .................................................................................................................................. 48
3.10.1 Integração ............................................................................................................................ 49
3.11 EDUCAÇÃO ................................................................................................................................ 50
3.12 ESQUEMA CORPORAL ............................................................................................................ 50
3.12.1 Lateralidade ........................................................................................................................ 50
3.12.2 Coordenação motora ampla ............................................................................................. 51
3.12.3 Coordenação motora fina ................................................................................................. 51
3.12.4 Coordenação óculo-manual ............................................................................................. 52
3.12.5 Orientação espacial ............................................................................................................ 52
3.13 ORIENTAÇÃO TEMPORAL ..................................................................................................... 53
3.13.1 Equilíbrio ............................................................................................................................ 53
3.13.2 Tonicidade .......................................................................................................................... 54
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................................ 54
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 56
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 62
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 63
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 65
UNIDADE 2 — RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE .............. 71
TÓPICO 1 — ESPECIFICIDADES DA PSICOMOTRICIDADE ................................................ 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 A PSICOMOTRICIDADE E SUAS ESPECIFICIDADES .......................................................... 74
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 82
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 83
TÓPICO 2 — O CONHECIMENTO NAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO 
 PROFISSIONAL: EDUCAÇÃO ................................................................................ 85
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 85
2 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM ...... 85
3 INTERVENÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE E FRACASSO 
ESCOLAR ............................................................................................................................................ 92
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 100
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 101
TÓPICO 3 — O CONHECIMENTO NAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO 
PROFISSIONAL CLÍNICA ..................................................................................... 103
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 103
2 A ÁREA DE ATUAÇÃO CLÍNICA .............................................................................................. 103
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 118
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 119
TÓPICO 4 — RELAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE COM OUTRAS FORMAS 
DE INTERVENÇÃO .................................................................................................. 121 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 121
2 OUTRAS ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS PSICOMOTRICISTAS ........................................... 121
3 PSICOMOTRICIDADE: O CÓDIGO DE ÉTICA .................................................................... 123
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 130
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 136
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 137
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 139
UNIDADE 3 — PSICOMOTRICIDADE: FORMAÇÃO PROFISSIONAL ............................. 143
TÓPICO 1 — FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE: TEÓRICA ........ 145 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 145
2 FORMAÇÃO TEÓRICA EM PSICOMOTRICIDADE ............................................................. 145
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 158
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 159
TÓPICO 2 — FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE: PRÁTICA ........ 161 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................161
2 PSICOMOTRICIDADE E PRÁXIS .............................................................................................. 161
3 FORMAÇÃO PRÁTICA ................................................................................................................. 170
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 177
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 178
TÓPICO 3 — FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM PSICOMOTRICIDADE: PESSOAL ........ 179 
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 179
2 FORMAÇÃO PROFISSIONAL E HISTÓRIA PESSOAL ........................................................ 179
3 FORMAÇÃO PESSOAL E PROFISSIONAL ............................................................................. 181
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 190
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 194
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 195
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 197
1
UNIDADE 1 — 
A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA 
E PSICOMOTRICIDADE
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• entender o que é epistemologia;
• ampliar o conhecimento sobre o que é psicomotricidade;
• conhecer alguns dos conceitos fundamentais em psicomotricidade;
•	 depreender	algumas	das	especificidades	da	psicomotricidade.
Esta	unidade	está	dividida	em	três	tópicos.	No	decorrer	da	unidade,	
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo 
apresentado.	
TÓPICO 1 – EPISTEMOLOGIA
TÓPICO 2 – PSICOMOTRICIDADE
TÓPICO	3	–	CONCEITOS	FUNDAMENTAIS	EM	PSICOMOTRICIDADE
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
EPISTEMOLOGIA
1 INTRODUÇÃO
Nesta	 disciplina,	 temos	 muito	 para	 aprender	 sobre	 epistemologia	 e	
psicomotricidade.	Talvez	essas	palavras	não	soem	muito	familiares	para	você.	Fique	
tranquilo,	neste	 tópico	desvendaremos	o	que	significa	a	palavra	epistemologia	
e,	no	Tópico	2,	 a	psicomotricidade.	Então	você	 conseguirá	 identificar	 algumas	
associações	entre	elas.	
Portanto,	iniciaremos	os	estudos	colocando	a	nossa	concentração	sobre	a	
epistemologia.	Leia	atentamente,	pois	a	compreensão	dos	tópicos	subsequentes	
depende	dos	conceitos	que	veremos	logo	a	seguir.	
2 O QUE É EPISTEMOLOGIA?
O	 nosso	 primeiro	 desafio	 é	 compreender	 o	 sentido	 da	 palavra	
epistemologia.	Se	recorrermos	aos	dicionários	ou	aos	sinônimos	dessa	palavra,	
encontraremos	as	seguintes	expressões,	conforme	mostra	o	Quadro	1.	
QUADRO 1 – DEFINIÇÃO DE EPISTEMOLOGIA NO DICIONÁRIO COMENTADO PELO 
PROFESSOR PASQUALE
FONTE: Adaptado de Cipro Neto (2009)
e.pis.te.mo.lo.gi.a
(gr epistéme + logo + ia1) sr Filos
Estudo	crítico	dos	métodos	empregados	nas	ciências.	Teoria	da	ciência
Ao	analisar	o	quadro,	em	conformidade	com	Tesser	(1994),	pode-se	notar,	
resumidamente,	a	história	ou	a	origem	da	palavra	epistemologia:	gr epistéme + 
logo + ia.
Analisando	 brevemente	 a	 explicação	 do	 significado	 da	 palavra	 pela	
análise	dos	elementos	que	a	constitui,	temos	a	Figura	1.
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
4
FIGURA 1 – ETIMOLOGIA DA EPISTEMOLOGIA
FONTE: A autora
Ao	observarmos	a	figura,	podemos	inferir	que	a	palavra	“epistemologia”	
significa	discurso	(logos)	sobre	a	ciência	(episteme)	(TESSER,	1994).
O	Quadro	 2	 apresenta	 a	 etimologia	 da	 palavra	 epistemologia	 –	 que	 já	
tínhamos	visto	no	quadro	anterior	–,	além	de	fazer	menção	à	filosofia.	
QUADRO 2 – SIGNIFICADO DA PALAVRA EPISTEMOLOGIA EM DICIONÁRIO ON-LINE
FONTE: <https://www.dicio.com.br/epistemologia/>. Acesso em: 21 ago. 2020.
Significado de Epistemologia
Substantivo feminino
Reflexão	sobre	a	natureza,	o	conhecimento	e	suas	relações	entre	o	sujeito	e	o	objeto
Teoria do conhecimento
[Filosofia]	Subárea	da	filosofia	que	se	dedica	ao	estudo	do	conhecimento	humano,	buscando	
defini-lo,	determinando	suas	fontes	(percepção,	memória,	razão,	introspecção	etc.)	e	implicações
Ciência das práticas relacionadas com conhecimento: epistemologia política
Análise	das	premissas	teóricas	e	práticas	relacionadas	com	o	conhecimento	científico,	de	acordo	
com seu avanço histórico no desdobramento de uma sociedade
Etimologia	(origem	da	palavra	epistemologia).	Epistem	+	o	+	logia
Já	que	a	palavra	filosofia	marcará	presença	em	mais	partes	deste	tópico,	
vale	lembrar	que	ela	consiste	no	“Estudo	geral	sobre	a	natureza	de	todas	as	coisas	
e	suas	relações	entre	si”	(CIPRO	NETO,	2009,	p.	273).	
Vale	recordar	ainda,	que	o	verbete	filosofia	também	pode	ter	o	sentido	de	
conjunto	de	doutrinas	de	uma	época	ou	de	uma	escola.	A	filosofia	geralmente	
está	associada	à	sabedoria	e	à	razão	(CIPRO	NETO,	2009).	
logos
episteme
epistemologia
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
5
QUADRO 3 – EPISTEMOLOGIA NO DICIONÁRIO PRIBERAM ON-LINE
FONTE: <https://dicionario.priberam.org/epistemologia>. Acesso em: 21 ago. 2020.
e·pis·te·mo·lo·gi·a
1.	[Filosofia]	Ramo	da	filosofia	que	se	ocupa	dos	problemas	que	se	relacionam	com	o	
conhecimento	humano,	refletindo	sobre	a	sua	natureza	e	validade.
= FILOSOFIA	DO	CONHECIMENTO,	TEORIA	DO	CONHECIMENTO
epistemologia genética 
•	Teoria	do	conhecimento	que	consiste	em	descrever	os	processos	pelos	quais	se	produz	o	
conhecimento	científico.
Você já ouvir falar na epistemologia genética? 
 Para essa área do saber, as pessoas passam por várias fases de desenvolvimento 
durante o ciclo vital. A epistemologia genética foi proposta por Jean Piaget e está 
associada aos conceitos cunhados pelo referido autor: assimilação, estrutura cognitiva e 
construtivismo (ABREU et al., 2010).
NOTA
QUADRO 4 – SINÔNIMOS DE EPISTEMOLOGIA
FONTE: <https://www.sinonimos.com.br/epistemologia/>. Acesso em: 21 ago. 2020.
Sinônimo de epistemologia
5	sinônimos	de	epistemologia	para	1	sentido	da	palavra	epistemologia:
Ciência	da	origem	e	da	natureza	do	conhecimento:
filosofia	do	conhecimento
gnoseologia
gnosiologia
teoria da ciência
teoria do conhecimento
Em	 relação	 aos	 quadros	 apresentados,	 a	 novidade	 do	 Quadro	 4	 é	 a	
palavra	gnosiologia,	que	se	refere	“[...]	às	propriedades	fundamentais	necessárias	
à	constituição	do	sujeito	e	suficientes	para	que	os	objetos	produzam	efeitos	na	
construção	do	sentido	consciente,	e	no	desenvolvimento	do	intelecto”	(GOMES,	
2009,	p.	38).
Ainda	 que,	 muitas	 vezes,	 encontremos	 a	 palavra	 gnosiologia	 como	
sinônimo	de	epistemologia,	é	válido	esclarecer	que,	para	alguns	autores,	como	
Gomes	(2009),	essas	palavras	possuem	diferenças	quanto	aos	seus	significados.	
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
6
Para saber mais sobre o assunto, sugerimos a leitura completa do artigo 
de Gomes (2009): “Gnosiologia versus epistemologia: distinção entre os fundamentos 
psicológicos para o conhecimento individual e os fundamentos filosóficos para o 
conhecimento universal”. Acesse na íntegra em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tp/v17n1/
v17n1a05.pdf.
DICAS
No	 Quadro	 5,	 uma	 de	 suas	 palavras	 merece	 destaque:	 postulados – 
talvez,	você	já	a	conheça	por	estar	relacionada	ao	contexto	da	esfera	religiosa,	
no	sentido	de	dogma	ou	de	princípios.	
QUADRO 5 – SIGNIFICADO DE EPISTEMOLOGIA NO BUSCADOR GOOGLE
FONTE: <https://www.google.com/search?q=dicion%C3%A1rio&oq=dicion%C3%A1rio&aqs=-
chrome.0.69i59l2j0l3j69i61l3.1135j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8#dobs=epistemologia>.Acesso em: 21 ago. 2020.
epistemologia
1.	reflexão	geral	em	torno	da	natureza,	etapas	e	limites	do	conhecimento	humano,	esp.	nas	relações	
que	se	estabelecem	entre	o	sujeito	indagativo	e	o	objeto	inerte,	as	duas	polaridades	tradicionais	do	
processo cognitivo; teoria do conhecimento
2.	 freq.	 estudo	dos	postulados,	 conclusões	e	métodos	dos	diferentes	 ramos	do	saber	científico,	
ou	das	 teorias	e	práticas	em	geral,	 avaliadas	em	sua	validade	cognitiva,	ou	descritas	em	suas	
trajetórias	evolutivas,	seus	paradigmas	estruturais	ou	suas	relações	com	a	sociedade	e	a	história;	
teoria da ciência
No	 que	 concerne	 à	 epistemologia,	 por	 exemplo,	 relaciona-se	 ao	
levantamento	 de	 hipóteses	 sobre	 os	 fenômenos,	 tendo	 a	 ver	 com	 suposições,	
conjecturas,	 premissas,	 pressupostos,	 evidências.	 Em	 linhas	 gerais,	 trata-se	 de	
um	ponto	de	partida	de	um	raciocínio	ou	de	uma	argumentação.
Agora,	 fazendo	 um	 apanhado	 de	 todos	 os	 significados	 apresentados,	
podemos	 identificar	 algumas	 palavras	 que	 se	 repetem,	 não	 é	mesmo?	 Vamos	
checar	quais	são	elas	na	Figura	2.
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
7
FIGURA 2 – SIGNIFICADOS DE EPISTEMOLOGIA
FONTE: A autora
Muitas	dessas	palavras	são	usadas	normalmente	no	dia	a	dia,	empregadas	
em	 diversas	 situações	 e	 com	 sentidos	 diferentes.	 Por	 exemplo,	 a	 palavra	
“validade”	indica,	entre	outras	coisas,	qual	é	o	prazo	em	que	um	alimento	pode	
ser	consumido.	
Embora	seja	possível	termos	ouvido	essas	palavras	na	escola,	talvez	ainda	
não	 tenhamos	 compreendido	 o	 que	 significam	 e	 como	 se	 relacionam.	 Então,	
antes	de	estudarmos	sobre	a	articulação	entre	epistemologia	e	psicomotricidade,	
precisamos	entender	o	que	é	a	epistemologia.	Para	tanto,	o	Quadro	6	mostra	breves	
definições	das	palavras-chave	que	vimos	nos	quadros	apresentados	até	aqui.	
QUADRO 6 – PALAVRAS RELACIONADAS COM O SABER EPISTEMOLÓGICO
Palavra Significado
Teoria
Princípios	básicos	e	elementares	de	uma	arte	ou	ciência.	Sistema	ou	
doutrina	que	trata	desses	princípios.	Conhecimento	que	se	limita	à	
exposição,	sem	passar	à	ação,	sendo,	portanto,	o	contrário	da	prática.	
Conjetura,	hipótese.	Utopia.	Opiniões	sistematizadas
Métodos
Conjunto	dos	meios	dispostos	convenientemente	para	alcançar	um	fim	e	
especialmente	para	chegar	a	um	conhecimento	científico	ou	comunicá-lo	
aos	outros.	Ordem	ou	sistema	que	se	segue	no	estudo	ou	no	ensino	de	
qualquer	disciplina.	Caminho	pelo	qual	se	atinge	um	objetivo.	Maneira	de	
fazer	as	coisas;	modo	de	proceder,	meio.	Processo	ou	técnica	de	ensino	ou	
organização.	A	palavra	método	está	ligada	à	metodologia,	por	isso,	vale	a	
pena	nos	deter,	também	sobre	ela.
Metodologia:	Estudo	científico	dos	métodos.	Arte	de	guiar	o	espírito	na	
investigação	da	verdade.	Filos Parte da Lógica que se ocupa dos métodos do 
raciocínio,	em	oposição	à	Lógica	Formal
Ciência Conjunto	de	conhecimentos	organizados	sobre	determinado	assunto.	Erudição,	instrução,	literatura.	Conhecimento,	informação,	notícia
TEORIA
CONHECIMENTO
VALIDADE
GNOSELOGIA
CIÊNCIA
CIENTÍFICO
MÉTODOS
COGNITIVA
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
8
Conhecimento
Ato	ou	efeito	de	conhecer.	Faculdade	de	conhecer.	Ideia,	noção;	informação,	
notícia.	Consciência	da	própria	existência.	Assim,	conhecer	é	ter	ou	chegar	
a	ter	conhecimento,	ideia,	noção	ou	informação	de.	Ser	perito	ou	versado	
em.	Ter	experiência	de.	Discernir,	distinguir,	reconhecer.	Ter	ideia	justa	da	
própria	capacidade.	Tomar	conhecimento.	Apreciar,	julgar.
Observação:	A	palavra	faculdade	aqui	presente,	denota	o	poder	de	efetuar	
uma	ação	física	ou	mental:	capacidade.	Função	inerente	ao	espírito
Científico Relativo	à	ciência.	Que	mostra	ciência.	Que	tem	o	rigor	da	ciência
Validade
Qualidade	de	válido.	Dir	Qualidade	do	ato	jurídico	ou	administrativo,	feito	
com	todos	os	requisitos	que	a	lei	exige.	Já	a	palavra	válido	equivale	a	“que	
tem	valor”.	A	palavra	validar,	por	sua	vez,	consiste	em	dar	validade	a;	fazer	
(-se)	ou	tornar	(-se)	válido;	legitimar	(-se)
Cognitiva Relacionada	à	cognição	que	é	o	ato	de	adquirir	um	conhecimento
Gnoseologia
Teoria	da	natureza,	validade	e	limites	do	conhecimento	humano,	
epistemologia.	Está	ligada	à	gnosia	que	é	a	faculdade	de	perceber	e	
reconhecer as coisas
FONTE: Adaptado de Cipro Neto (2009)
Assim,	podemos	depreender	que	a	epistemologia	explicita	a	 ciência	da	
ciência	ou,	ainda,	a	filosofia	da	ciência	(TESSER,	1994).	Isso	pode	parecer	meio	
confuso,	então,	vamos	dar	seguimento	à	leitura	para	proporcionar	maior	clareza	
sobre	essa	palavra.	
Pode-se	dizer	que	 a	 epistemologia	 conta	 como	uma	 teoria	 foi	 construída,	
já	que	a	epistemologia	explora	com	lentes	diferentes	a	variedade	dos	saberes,	dos	
conhecimentos	(CAÑÓN	ORTIZ;	PELÁEZ	ROMERO;	NOREÑA	NOREÑA,	2005).	
Assim,	a	epistemologia	precisa	considerar	o	objeto	de	estudo	de	uma	dada	
área	do	conhecimento,	bem	como	atentar	para	como	se	deu	a	construção	teórica 
(NACHONICZ,	2002).	A	epistemologia	pode	propiciar	o	entendimento	de	como	
os	conteúdos	e	os	conhecimentos	foram	estruturados,	levando	em	conta	as	ações	
que	foram	realizadas	para	tal	desenvolvimento,	bem	como	as	experiências	que	
fizeram	parte	dele.	Abarca,	ainda,	uma	série	de	reflexões,	entendimentos,	busca	
de	 sentido,	 exercícios	 intersubjetivos,	 articulação	 de	 ideias	 e	 de	 observações	
(GARZÓN,	2008).	
A	epistemologia	também	busca	identificar	como	uma	ciência	é	classificada	
e desenvolvida metodologicamente	(CASTAÑON,	2004).	A	metodologia	tem	a	
ver	com	os	procedimentos	adotados	durante	um	experimento	feito	em	laboratório,	
por	exemplo.	
Um	dos	métodos	que	tende	a	ser	mencionado,	quando	se	fala	em	história	
da	epistemologia,	é	o	empírico-indutivo,	cujas	raízes	estão	na	filosofia	empirista	
inglesa,	sobretudo	do	filósofo	John	Locke,	e	que	foi	retomado	pelo	positivismo	
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
9
de	Auguste	Comte.	Assim,	algumas	das	perguntas	que	a	epistemologia	costuma	
fazer,	enquanto	analisa	uma	ciência,	são:	“trata-se	de	uma	ciência	empírica?”	e	
“assenta-se	sobre	o	estudo	de	quais	processos?”.	
Uma	vez	que	dialogamos	sobre	ciência,	vale	destacar	que,	nos	dias	atuais,	
ela	 é	 cúmplice	 do	 processo	 de	 industrialização	 (TESSER,	 1994),	 porque	 “[...]	
contribui,	organiza,	racionaliza	o	processo	de	produção,	ampliando	o	campo	de	
suas	investigações	do	microcosmo	ao	macrocosmo”	(TESSER,	1994,	p.	97).
É importante ressaltar que a psicomotricidade é uma ciência – ainda nesta 
unidade,	estudaremos	sobre	isso,	mas,	por	enquanto,	vamos	manter	o	foco	sobre	a	
epistemologia.	“A	pesquisa	foi	absorvida	na	aspiral	do	crescimento,	na	medida	em	
que	a	ciência	penetrou	na	indústria,	foi	profundamente	industrializada,	‘indústria	
cultural’.	Cabe	aos	epistemólogos	questionar	e	problematizar	o	conhecimento	do	
senso-comum,	científico	e	filosófico”	(TESSER,	1994,	p.	97).
Assim,	podemos	rememorar	que	o	conhecimento	científico	não	é	o	único	
existente.	 Também	 é	 importante	 salientar	 o	 que	 é	 senso	 comum.	 Trata-se	 do	
conhecimento	que	é	passado	de	geração	em	geração	e	que	não	é	submetido	aos	
procedimentos	metodológicos.	O	senso	comum	é	o	conhecimento	popular,	obtido	
por	meio	da	observação.	
Quanto	ao	conhecimento	científico,	é	pertinente	mencionar	o	movimento	
histórico	 que	 foi	 imprescindível	 para	 a	 formação	 das	 ciências humanas: a 
Revolução	Francesa,	que	aconteceu	entre	1789	e	1799.	A	 revolta	 contou	com	a	
participação	 de	 camponeses,	 artesãos	 e	 burgueses,	 que	 estavam	 descontentes	
com	as	condições	de	vida,	a	crise	econômica	e	as	desigualdades	sociais.	
Até	o	final	deste	tópico,	voltaremos	a	falar	sobre	essa	relevante	revolução.	
Por	enquanto,	basta	lembrar	que,	até	a	Revolução	Francesa,	as	palavras	proferidas	
pela	Igreja	e	pelo	clero	eram	extremamente	valorizadas	pela	sociedade	–	isto	é,	até	
a	Revolução	Francesa,	o	conhecimento	religioso	era	o	mais	valorizado,	legitimado	
e	prestigiado.
O	que	aconteceu	após	a	Revolução	Francesa,	 sobretudo	 com	a	 ciência?	
Você	concorda	que	a	ciênciaganhou	maior	notoriedade	a	partir	dessa	revolução?	
Se,	até	então,	as	pessoas	acreditavam	que	a	verdade	estava	com	a	religião,	não	
passaram	a	acreditar	que	a	verdade	era	explicitada	pela	ciência?
A	Epistemologia	seria	uma	reflexão	profunda	e	crítica	sobre	o	universo	
da	Ciência.	Pois	já	que	a	Ciência	ocupa	um	lugar	na	sociedade	atual	
grande	e	tão	significativo,	que	ela	se	torna	uma	das	mais	importantes	
atividades	 humanas,	 a	 tal	 ponto	 de	 constituir-se	 numa	 das	 formas	
específicas	da	existência	moderna	do	homem	(TESSER,	1994,	p.	97).
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
10
DICAS
 Ei, acadêmico, o que você pensa 
sobre essa citação? Na sua opinião, qual é o 
lugar que a ciência ocupa na sociedade em 
que vivemos? Que tal dar uma rápida pausa na 
leitura para pensar sobre isso?
 Um filme que pode te ajudar a 
pensar sobre a relevância da ciência é “A 
Cure for Wellness”, de 2016, que, no Brasil, 
recebeu o título de “A Cura”. Essa produção 
cinematográfica aborda indiretamente o 
poderio da ciência. Trata-se de um filme que 
suscita reflexões sobre a ética e a pesquisa com 
humanos. Embora seja um filme de suspense, 
terror e fantasia, leva à reflexão sobre o poder 
que um médico pode exercer sobre o paciente, 
além dos efeitos das intervenções oriundas da 
ciência na vida das pessoas.
CARTAZ DO FILME “A CURA”
FONTE: <http://www.adorocinema.
com/filmes/filme-232128/>. 
Acesso em: 21 ago. 2020.
Retomando	 nossas	 reflexões	 sobre	 as	 palavras	 do	 Quadro	 6,	 já	 vimos	
teoria,	métodos	e,	mais	recentemente,	ciência.	Na	sequência,	vamos	refletir	mais	
um pouco sobre o conhecimento.	 Existem	 diferentes	 tipos	 de	 conhecimento.	
O	 conhecimento	 é	 desenvolvido	 pouco	 a	 pouco,	 a	 partir	 do	 que	 já	 se	 tem	
acumulado,	na	grande	maioria	das	vezes;	ele	é	construído	em	meio	às	disputas,	
às	divergências,	às	convergências	e	aos	conflitos.	
Nasce,	 também	 com	 Kant,	 a	 figura	 do	 sujeito	 cognoscente:	 aquele	
que	conhece,	desvenda	e	enuncia	verdades;	“duplo”	da	filosofia	e	da	
ciência modernas: ao mesmo tempo sujeito e objeto do conhecimento,	
núcleo da epistemologia	 clássica,	 que	 permanece	 ainda	 no	 centro	
das	epistemologias	contemporâneas,	de	forma	revisitada.	Apesar	da	
tradição	 crítica	 que	 liga	Nietzsche	 e	 Foucault	 levantar	 esta	 questão	
ao	longo	do	século	XX,	ainda	não	foi	superado	esse	lugar	central	do	
sujeito	nos	jogos	de	produção	do	conhecimento,	onde	toda	a	verdade	
ainda	 remete	 e	 retorna	 a	 ele.	 Sujeito	 cognoscente,	 transcendental	 e	
universal,	porque	não	é	nenhum	sujeito	concreto	em	especial	e	sim,	
uma	 abstração	 genérica	 que	 se	 refere	 a	 uma	 posição	 e	 não	 de	 um	
indivíduo,	 um	 “descobridor	 genial”	 (PRADO	 FILHO;	 MARTINS,	
2007,	p.	16,	grifo	nosso).
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
11
Além	de	ser	produzido,	o	conhecimento	ainda	é	analisado,	classificado,	
mensurado	 e	 disseminado	 –	 sobretudo,	 o	 conhecimento	 relativo	 à	 ciência	
(FERRAZ;	CHAVES;	FERRAZ,	2018).	
O	conhecimento	do	sujeito	sobre	o	real	não	é	uma	apropriação	do	real	
em	sua	imanência	e	totalidade,	mas	uma	apresentação	organizada	pela	
razão,	segundo	critérios	colocados	pela	própria	razão	sobre	o	objeto.	
Nesse	 sentido,	 o	 posicionamento	 gnosiológico-epistemológico	 se	
preocupa	com	a	constituição	do	saber	pela	propositura	subjetiva,	está	
preocupado	com	o	“como	saber?”	e,	desse	modo,	ganha	relevância	a	
discussão	metodológica	 –	 os	 procedimentos/critérios	 envolvidos	 no	
processo	 de	 verificação	 da	 ideia	 do	 real	 como	 empírico	 (FERRAZ;	
CHAVES;	FERRAZ,	2018,	p.	5).
Nem	todos	os	tipos	de	conhecimento	são	sopesados	com	tantos	critérios,	
tanta	racionalidade,	tantos	cuidados	e	procedimentos	metodológicos.	Entretanto,	
quando se trata de ciência – ou do conhecimento científico	–,	há	uma	série	de	
critérios que entram em jogo: 
Considerando-se	 que	 o	desenvolvimento	de	uma	 ciência	 é	 refletido	
na	 produção	 científica,	 ou	 seja,	 que	 por	 meio	 das	 publicações	 a	
comunidade	 científica	 tem	 acesso	 a	 um	 novo	 conhecimento	 e	 o	
torna	 legítimo,	 o	 estudo	 da	 comunicação	 científica	 possibilita	 o	
exame	e	a	avaliação	dos	conteúdos	produzidos	pelos	cientistas,	bem	
como	as	 tendências,	métodos	 e	 influências	 teóricas.	Nesse	 contexto,	
desde	o	século	XVII,	o	periódico	científico	figura	como	um	dos	mais	
importantes	veículos	de	comunicação,	pois	proporciona	disseminação,	
formalização,	 atualização	 com	 rapidez,	 ampliação	 e	 precisão	 dos	
conhecimentos	científicos	(ARBOIT;	BUFREM;	FREITAS,	2010,	p.	20).
Por	 conseguinte,	 o	 conhecimento científico é analisado em termos de 
influências	 de	 pensamento,	 tendências,	 conteúdos,	 classificações,	 categorias,	
concepções,	aplicações,	linhas	e	enfoques	(ARBOIT;	BUFREM;	FREITAS,	2010).
De	 acordo	 com	 Tesser	 (1994),	 o	 conhecimento científico nunca está 
concluído,	plenamente	acabado	nem	atinge	um	patamar	definitivo.	Por	isso,	diz-
se	 que	 o	 conhecimento	 científico	 é	 sempre	provisório.	No	 entanto,	 por	 qual	 o	
motivo	 o	 conhecimento	 científico	 é	 necessariamente	 temporário	 e	 transitório?	
Porque,	geralmente,	ele	está	ancorado	ao	contexto	de	seu	momento	e,	portanto,	
é	afetado	por	questões	 ideológicas,	 religiosas,	econômicas,	políticas,	históricas,	
entre	outras	(TESSER,	1994).
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
12
DICAS
 Outro filme que merece ser assistido, 
relacionado com o conhecimento científico, 
chama-se “O Homem que Viu o Infinito”. 
Sugerimos que preste atenção em quanta 
dedicação a ciência demanda, o quanto seus 
resultados são questionados, contestados entre 
os próprios pesquisadores e cientistas.
 Repare, ainda, nos embates entre a fé, 
professada pelo protagonista, e a reação dos 
demais matemáticos em relação a ele.
CARTAZ DO FILME 
O HOMEM QUE VIU O INFINITO
FONTE: <http://twixar.me/NSym>. 
Acesso em: 21 ago. 2020.
Também é necessário apontar que novas descobertas no campo da ciência 
podem	 reforçar	 premissas	 científicas	 já	 legitimadas	 ou	 podem	 questioná-las,	
arruiná-las.	
No	desenvolvimento	da	produção	de	conhecimento,	esse	será	tão	mais	
válido	quanto	tais	critérios	forem	rigorosamente	aceitos,	eis	porque	o	
consenso entre os sujeitos pesquisadores se torna o fundamento de 
verdade científica,	 eis	o	 solo	do	acirramento	das	disputas	em	 torno	
de	quais	critérios	são	os	válidos.	Assim,	temos	uma	ciência que parte 
exclusivamente	do	 sujeito-pesquisador,	 que	opera	 a	perda	da	 coisa,	
do	ser,	da	integralidade	do	real,	eis	porque	nesta	perspectiva	científica	
as	 explicações	 aos	 problemas	 acabam	 sendo	 distintas	 e,	 portanto,	
apreendidas enquanto uma rivalidade entre os sujeitos operadores da 
ciência	(FERRAZ;	CHAVES;	FERRAZ,	2018,	p.	5,	grifo	nosso).
Ei,	acadêmico,	você	percebeu	que	a	palavra	“válidos”	foi	repetida	nesse	
excerto	que	acabou	de	ler?	Lembre-se	de	que	lá	no	quadro	em	que	essas	palavras	
foram	apresentadas,	a	palavra	validade	aparece	como	a	qualidade	de	válido.	
De	vez	em	quando,	ouvimos	que	uma	ciência	tem	sua	validade	lógica	ou	
filosófica	questionada,	não	é	mesmo?	“Ou	seja,	 se	não	há	parâmetro	ou	prova	
suficiente	para	garantir	a	validade	de	qualquer	conhecimento,	como	foi	possível	
chegar	a	essa	conclusão	acerca	da	validade	do	conhecimento,	(ou	seja,	a	da	não	
validade)	entendendo-a	como	válida?”	(CASTAÑON,	2004,	p.	76).
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
13
Certamente você se recorda de algum postulado que já foi reconhecido 
como	 científico	 em	 algum	 momento	 da	 história	 e,	 que	 hoje,	 foi	 contestado,	
desmantelado.	Será	que,	então,	é	aqui	que	a	palavra	validade	se	encaixa	na	área	
da	epistemologia?	No	sentido	de	que	um	pressuposto	passa	a	ser	considerado	
científico,	portanto	é	válido	ou,	melhor,	foi	validado	como	científico?	E	quando	
uma	 premissa	 é	 derrocada,	 ela	 perde	 a	 validade	 científica?	 De	 modo	 geral,	
podemos	inferir	que	sim.	Afinal,	ao	validar	um	postulado,	o	cientista	está	dando	
mais	força	a	ele,	mais	firmeza	ao	postulado.DICAS
 Um filme que pode ajudar a lembrar 
de informações que foram consideradas 
científicas e que, depois, deixaram de ser 
consideradas é “A Teoria de Tudo”. Esse filme 
retrata a vida do astrofísico Stephen Hawking. 
Notam-se os esforços dele para comprovar 
que suas ideias eram válidas. 
 Repare, também, na resistência que 
ele precisou encarar por parte dos integrantes 
da universidade e de outros pesquisadores.
CARTAZ DO FILME A TEORIA DE TUDO
FONTE: <http://www.adorocinema.
com/filmes/filme-222221/>. 
Acesso em: 21 ago. 2020.
Agora	 que	 já	 refletimos	 um	 pouco	 sobre	 teoria,	 métodos,	 ciência,	
conhecimento,	 conhecimento	científico	e	validade,	 falaremos	sobre	as	palavras	
cognição ou cognitiva.	Pensando	sobre	as	questões	intelectuais	e	as	faculdades	
mentais,	a	cognição	está	ligada	ao	conhecimento,	à	aprendizagem	e	à	sapiência.	
A cognição,	enquanto	processo,	pode	explicar	o	que	ocorre:	um	sistema	
é	cognitivo	quando	elabora	de	forma	coerente	suas	informações,	para	
permanecer	no	real.	Todo	sistema	é	aberto	e	sensível	ao	ambiente,	em	
algum	nível.	Os	sistemas	internalizam	relações	e	a	recodificação	das	
informações	altera	o	próprio	estímulo.	Desenvolvem,	assim,	a	função	
memória	(NACHONICZ,	2002,	p.	62,	grifo	nosso).
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
14
Para	 Arboit,	 Bufrem	 e	 Freitas	 (2010),	 o	 paradigma	 cognitivo articula 
a	 informação	e	o	sujeito	 individual.	Segundo	Ferraz,	Chaves	e	Ferraz	 (2018),	é	
preciso	levar	em	conta	o	aspecto	cognitivo	do	sujeito,	 isto	é,	a	subjetividade,	o	
caráter	subjetivo.	Isso	porque,	quando	o	sujeito	está	apreendendo	algo	sobre	um	
objeto	de	estudo,	ele	está	fazendo	o	uso	de	sua	capacidade	de	pensar	e	de	sua	
faculdade	de	conhecer	tal	objeto.	
Para	analisar	o	objeto,	o	sujeito	precisa	elaborar	explicações	e	argumentos	
sobre	 tal	objeto,	buscando	evidências	objetivas	acerca	dele,	 fazendo	abstrações	
e	 utilizando	 o	 pensamento	 crítico.	Ao	 fazer	 cada	 uma	 dessas	 ações,	 a	 pessoa	
acionará	seu	aparato	cognitivo.	
Com base no conteúdo disponibilizado até aqui, na sua opinião, a cognição 
humana é limitada ou ilimitada? Está em dúvida sobre como responder a esta pergunta? 
Então, que tal ler o artigo: “Para além da epistemologia: reflexões necessárias para o 
desenvolvimento do conhecimento”, escrito por Ferraz, Chaves e Ferraz (2018)? Acesse, 
na íntegra, em: https://www.researchgate.net/publication/327248298_PARA_ALEM_DA_ 
EPISTEMOLOGIA_REFLEXOES_NECESSARIAS_PARA_O_DESENVOLVIMENTO_DO_
CONHECIMENTO.
 
 Vale lembrar que ele já foi citado algumas vezes neste tópico. Boa leitura!
DICAS
Tendo	 em	 vista	 que	 já	 refletimos	 acerca	 de	 teoria,	 métodos,	 ciência,	
conhecimento	científico,	conhecimento,	validade	e	cognição/cognitiva,	chegou	o	
momento	de	analisarmos	a	última	palavra	do	Quadro	6,	que	é	a	gnoseologia	ou	
gnosiologia.	
Veja	como	Moreno	e	Wainer	(2014,	p.	51,	grifo	nosso)	articulam	as	palavras	
gnosiologia,	método	e	epistemologia:	“[...]	a	palavra	método tem originalmente 
o	significado	de	caminho,	outro	objetivo	foi	demonstrar	como	o	caminho	entre	
gnosiologia e epistemologia	é	o	caminho	do	método	hipotético-dedutivo”.
Almeida	(2007,	p.	11,	grifo	nosso)	também	ajuda	a	compreender	melhor	
a	 relação	 entre	 gnoseologia	 e	 metodologia:	 “A	 questão	 dita	 gnoseológica 
interrogava	 a	natureza	do	 conhecimento.	A	questão	metodológica	 dirigia-se	 à	
produção	desse	conhecimento	e	às	suas	condições”.
Portanto,	 ao	 fazer	um	estudo	pautado	na	 epistemologia,	 recorre-se	 aos	
elementos-chave	de	uma	dada	área	do	saber.	Por	exemplo,	ao	fazer	uma	análise	
em	epistemologia	da	 educação,	 os	 elementos-chave	podem	ser:	 conhecimento,	
saberes,	 cognição,	 projeto,	 aprendizagem,	 recodificação,	 paradigma	 e	 método	
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
15
(NACHONICZ,	 2002).	Além	 disso,	 é	 preciso	 buscar	 compreender	 como	 esses	
elementos	interagem	uns	com	os	outros,	suas	articulações	e	interdependências.	
Acrescentam-se,	ainda,	os	elementos	que	já	constam	na	produção	bibliográfica	da	
dada	área	do	saber.	Por	exemplo,	no	caso	mencionado,	seria	necessário	fazer	uma	
busca	quanto	ao	conhecimento	em	educação	em	termos	bibliográficos:
•	 O	que	os	autores,	pesquisadores,	teóricos	têm	falado	sobre	educação?	
•	 O	que	eles	falaram	sobre	ela	ao	longo	da	história?	
•	 Quais	 são	 os	 grandes	 temas	 em	 torno	 dos	 quais	 a	 educação	 vem	 sendo	
construída?	
•	 Quais	são	os	conceitos	e	teorias	que	a	amparam?	
Assim,	 é	preciso	 levar	 em	conta	 aspectos	 relacionados	 com	o	 tempo,	 o	
espaço,	o	sujeito	e	a	palavra	(NACHONICZ,	2002).
A	epistemologia	 transformou-se	numa	área	 relevante	para	a	 ciência	
e	 a	 filosofia,	 muitos	 pensadores	 e	 intelectuais	 têm	 dedicado	 parte	
de	 seu	 tempo	 para	 refletir	 este	 tema	 complexo	 e	 amplo,	 citemos	
alguns	 filósofos	 (Piaget,	 Bachelar,	 Foucault,	 Popper	 e	 Habermas),	
considerados como os mais importantes críticos,	 muitas	 vezes,	
até	 radicais	 no	 questionamento	 da	 ciência	 e	 da	 tecnologia,	 pois	 as	
mesmas	 passaram	 a	 fazer	 parte	 do	 cotidiano	 das	 pessoas.	Vivemos	
um	momento	do	 triunfo	da	 ciência.	Tudo	 indica	que	é	 a	 civilização	
científico-técnica	 que	 elabora,	 sob	 medida,	 as	 condições	 ideais	 de	
nossa	existência	(TESSER,	1994,	p.	91,	grifo	nosso).
Você notou a palavra críticos	na	citação?	Ocorre	que,	para	Tesser	(1994),	
a epistemologia pressupõe o estudo crítico tanto dos princípios quanto das 
hipóteses	e	ainda	dos	resultados	das	diversas	ciências.	Esperamos	que,	com	esta	
leitura,	você	já	tenha	uma	noção	do	que	é	a	epistemologia.	Então,	você	já	pode	
imaginar	qual	é	o	objetivo	da	epistemologia.	
O	 intuito	 da	 epistemologia	 é	 promover	 a	 reconstrução	 racional	 do	
conhecimento.	 Quando	 se	 trata	 do	 conhecimento	 científico,	 a	 epistemologia	
tem	a	intenção	de	conhecer	e	analisar	o	processo	gnosiológico	(epistemológico)	
da	ciência	(TESSER,	1994).	Desse	modo,	propicia	uma	análise	que	se	baseie	na	
perspectiva	 lógica,	 linguística,	 sociológica,	 interdisciplinar,	política,	filosófica	e	
histórica	da	ciência	(TESSER,	1994).	É	fazer	uso	de	conhecimentos	científicos	de	
diferentes	áreas	da	ciência	para	investigar	uma	dada	área	da	ciência.	
“A	Epistemologia	exerce	seu	papel	de	reflexão	e	crítica,	quando	ela	tenta	
mostrar	aos	cientistas	suas	filosofias	implícitas	nas	Ciências,	quando	ela	submete	
a	Ciência	a	um	estudo	crítico,	pois	a	Ciência	utilizada	sem	consciência	torna-se	a	
ruína	da	alma”	(TESSER,	1994,	p.	98).
Possivelmente,	 você	 já	 compreendeu	 o	 que	 é	 a	 epistemologia	 e	 qual	 é	
o	objetivo	dela.	No	entanto,	 talvez	esteja	pensando	sobre	a	sua	serventia	–	em	
termos	práticos,	para	que	a	epistemologia	serve?	Vamos	aprender	sobre	isso	na	
próxima	seção.	
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
16
3 A UTILIDADE DA EPISTEMOLOGIA
Às	vezes,	alguns	alunos	no	ensino	fundamental	ou,	até	mesmo,	no	médio	
questionam	os	professores	sobre	a	utilidade	da	filosofia,	dizendo	que	eles	 têm	
a	 impressão	de	 que	 a	filosofia	não	 leva	 a	 lugar	 nenhum,	 já	 que	um	grupo	de	
pessoas	fica	pensando	e	nada	é	feito	com	o	produto	do	que	pensaram.	
Talvez,	você	esteja	pensando	algo	parecido	sobre	a	epistemologia.	Afinal,	
para	que	ela	serve?	Vamos	conferir	se	o	Quadro	7	apresenta	essa	resposta.	
QUADRO 7 – UTILIDADES DA EPISTEMOLOGIA
FONTE: Adaptado de Bunge (1980, apud Tesser, 1994 p. 92)
Utilidades da epistemologia
Refere-se	à	ciência	propriamente	dita
Ocupa-se	de	problemas	filosóficos	que	surgem	antes	do	curso	da	investigação	científica,	ou	no	decurso
Ocupa-se	de	reflexão	sobre	os	problemas	da	ciência
Ocupa-se	de	análise	dos	métodos	da	ciência
Ocupa-se	de	teorias	da	ciência
Propõe	soluções	claras	para	problemas	atrelados	à	ciência
Propõe	soluções	consistentes	em	teorias	rigorosas	e	inteligíveis,	adequadas	à	realidade	da	
investigação	científica
É	capaz	de	distinguir	a	ciência	autêntica	da	pseudociência
É	capaz	de	criticar	programas	relativos	à	ciência
É	capaz	de	criticarresultados	errôneos	advindos	de	pesquisas	ditas	científicas
É	capaz	de	conseguir	novos	enfoques	promissores	à	ciência
Traz	à	tona	os	pressupostos	filosóficos	–	em	particular	semânticos,	gnosiológicos	(e)	ontológicos	
–	de	planos,	métodos	ou	resultados	de	investigação	científicas	de	atualidade
Visa	a	elucidar	conceitos	filosóficos,	empregados	em	diversas	ciências
Pode	sistematizar	conceitos	filosóficos,	empregados	em	diversas	ciências
Ajuda	a	resolver	problemas	científico-filosóficos,	como	o	de	saber	se	a	vida	se	distingue	pela	
teleonomia e a psique pela inespacialidade
Reconstrói	teorias	científicas	de	maneira	axiomática
Desvela	pressupostos	filosóficos	de	teorias	científicas
Participa	de	discussões	sobre	a	natureza	e	o	valor	da	ciência	pura	e	aplicada
Ajuda a esclarecer as ideias sobre ciência pura e aplicada
Serve	de	modelo	a	outros	ramos	da	filosofia,	como	a	ontologia
Serve	de	modelo	à	ética
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
17
Com	 base	 nesse	 quadro,	 podemos	 depreender	 que	 a	 epistemologia	
esclarece	que	construções	teóricas	não	são	perpassadas	por	neutralidade.	É	um	
equívoco	dizer	que	a	ciência	é	neutra	(NACHONICZ,	2002).	Afinal,	cada	ciência	
é	tecida	num	dado	momento	histórico,	o	qual	é	influenciado	por	determinadas	
perspectivas	sociais,	econômicas,	culturais,	religiosas,	psicológicas,	 ideológicas,	
políticas	etc.	
Cada	 contexto	 histórico	 exerce	 influência	 tanto	 nas	 ciências	 quanto	 na	
epistemologia.	Além	disso,	 os	 objetos	 de	 estudo	podem	 transformar-se	 com	o	
passar	do	tempo	e,	até	mesmo,	por	influência	da	própria	epistemologia.	No	fim	
das	contas,	pode	oferecer	um	olhar	sobre	o	objeto	de	estudo	segundo	a	perspectiva	
teórica	pela	qual	ele	é	visto	(NACHONICZ,	2002).	De	mais	a	mais,	a	epistemologia	
pode	oferecer	subsídios	para	questionamentos	no	que	tange	à	responsabilidade	
social	dos	cientistas	e	dos	técnicos	(NACHONICZ,	2002).
Assim,	“[...]	cabe	à	epistemologia	refletir	tanto	sobre	a	teoria	quanto	sobre	
a	prática	das	ciências,	desde	seu	início,	estruturação,	formação	e	progresso,	este	
estudo	visa	 contribuir,	 assim,	para	 a	 compreensão	 e	 consolidação	do	domínio	
científico”	(ARBOIT;	BUFREM;	FREITAS,	2010,	p.	22).	
Como	 exemplo	 de	 sua	 utilidade,	 podemos	 citar	 a	 epistemologia	
pedagógica,	que,	segundo	Tesser	(1994),	visa	a	propiciar	condições	para	que	os	
estudantes	pensem	com	criticidade,	 superando,	 assim,	 interpretações	 literárias	
e	 os	modos	 fragmentados	de	 raciocínio.	 Isso	 vai	 além	do	 aprendizado,	 já	 que	
diz	 respeito	 a	 desenvolver	 a	 capacidade	 e	 a	 competência	 de	 problematizar,	
dialeticamente,	a	teoria	e,	inclusive,	a	própria	práxis	educacional.
Não	 se	 trata	 de	 negar,	 especificamente	 da	Ciência,	 a	 sua	 dimensão	
social	no	desenvolvimento	do	progresso;	trata-se	de	mostrar	que	ela	
não	 constitui	 um	 mundo	 à	 parte,	 neutral,	 desinteressado,	 mas	 de	
mostrar que todo conhecimento é portador de interesses,	 e	 de	 que	
a	 racionalização	 científica	 moderna	 é	 instrumental	 e	 coisificante.	
Portanto,	a	Ciência	e	a	Técnica	são	hoje	instrumentos	ideológicos	de	
poder,	manipulação	e	legitimação	da	sociedade	dominante	(TESSER,	
1994,	p.	98,	grifo	nosso).
Nesse	caso,	os	alunos	passam	a	ter	contato	com	uma	epistemologia	que	
lhes	 proporciona	 a	 busca	 de	 elementos	 de	 distintas	 áreas	 do	 conhecimento.	
Além	do	mais,	eles	podem	engajar-se	em	novos	tipos	de	questionamentos	e	de	
análises	sobre	problemas,	bem	como	na	formulação	de	soluções	que	acarretam	a	
transformação	da	realidade	educacional	(TESSER,	1994).	“Baseado	em	quê	uma	
pessoa,	 que	 parta	 de	 pressupostos	 relativistas	 éticos	 e	 epistemológicos,	 pode	
denunciar	a	validade	de	outro	sistema	de	valores	morais	ou	epistêmicos,	a	não	
ser no mais contraditório autoritarismo?”	(CASTAÑON,	2004,	p.	78,	grifo	nosso).
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
18
Já que ponderamos sobre interesses, a influência do autoritarismo na 
produção e na disseminação de conhecimento, vamos a outra dica de filme.
 Vimos que há interesses que enviesam o conhecimento, os quais podem interferir 
tanto na produção do conhecimento quanto no que se faz com os resultados gerados por 
ele. Um filme que ilustra essa situação é “Epidemia” (1995). 
 Ao assistir a esse filme, fique atento aos interesses pessoais que influenciam as 
decisões do protagonista, Coronel Sam Daniels, interpretado pelo ator Dustin Hoffman. 
 Também preste atenção no quanto as decisões das lideranças governamentais 
são afetadas pelos interesses políticos que estão em jogo. Além disso, o autoritarismo (que 
observamos na última citação) também fica claro no decorrer do filme. 
 
CARTAZ DO FILME EPIDEMIA
FONTE: <https://http2.mlstatic.com/D_NQ_NP_979043-MLB26362774699_112017-O.webp>. 
Acesso em: 21 ago. 2020.
DICAS
Antes	 de	 encerrarmos	 este	 tópico,	 é	 pertinente	 esclarecer	 que,	 tanto	 a	
filosofia	quanto	a	epistemologia,	possuem	utilidade.	Ao	longo	desta	seção,	vimos	
qual	é	o	papel	da	epistemologia.	Se	você	ainda	tiver	dúvidas	sobre	a	utilidade	da	
filosofia,	ou	minimamente	dos	efeitos	que	ela	pode	gerar	na	sociedade,	que	tal	
fazer	uma	rápida	pesquisa	sobre	a	Revolução	Francesa?
Além	 das	 pesquisas	 sobre	 esse	 tema,	 é	 oportuno	 refletirmos	 sobre	 a	
Revolução	Francesa,	porque,	assim,	veremos	que	a	filosofia	não	é	 inerte,	como	
muitas	pessoas	acham.	Além	disso,	podemos	ter	uma	noção	do	panorama	que	
quebrou	paradigmas	de	pensamento	que	se	perpetuavam	por	décadas	e	décadas.
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
19
Seguem algumas sugestões de leitura sobre a Revolução Francesa, para você 
aprofundar seus conhecimentos sobre essa época revolucionária da História:
• ARRUDA, J. J. de A; PILETTI, N. Toda a história: história geral e história do Brasil. 7. ed. São 
Paulo: Ática; 1997.
• GRESPAN, J. Revolução francesa e iluminismo. São Paulo: Contexto; 2003. 
• HILLS, K. A Revolução Francesa. Tradução e adaptação Jayme Brener. 4. ed. São Paulo: 
Ática; 1994. 
• MANFRED, A. Z. A concepção materialista da Revolução Francesa. Tradução de Maria 
Luisa Borges. 2. ed. São Paulo: Global; 1989. 
• VOVELLE, M. A Revolução Francesa explicada à minha neta. Tradução de Fernando 
Santos. São Paulo: UNESP; 2007.
DICAS
Certamente,	você	descobrirá	que	os	pensamentos	dos	filósofos	iluministas	
desempenharam um papel crucial para a derrubada do absolutismo e para a 
consequente	transformação	social.	
Você	se	lembra	o	que	é	absolutismo?	Quando	o	rei	Luís	XVI	(Figura	3)	foi	
coroado	na	França,	em	1654,	ele	transmitia	uma	imagem	sagrada,	como	de	um	
representante	direto	de	Deus	e	como	se	possuísse	o	poder	absoluto.	Ele	não	foi	a	
única	figura	de	liderança	que	apresentava	essas	características,	mas	foi	a	que	mais	
as	colocou	em	proeminência.	
FIGURA 3 – REI LUÍS XVI 
FONTE: <https://aulazen.com/wp-content/uploads/2018/05/1-2.jpg>. Acesso em: 21 ago. 2020. 
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
20
O	rei	Luís	XVI	mostrou-se	um	péssimo	administrador	da	economia	do	
país – e quem ousasse questionar os poderes do rei também recebia rigorosas 
punições.	 Por	 isso,	 os	 reis	 enriqueciam	 cada	 vez	mais	 à	 custa	 dos	 impostos	 e	
de	outras	 explorações	do	povo,	 exibindo	 riqueza	 e	 roupas	 caríssimas	 (como	é	
possível	observar	na	imagem),	enquanto	a	população	padecia	com	fome	e	miséria.	
“Críticos	 do	 absolutismo,	 os	 filósofos	 iluministas	 insistiam	 que	 os	 monarcas	
franceses	 eram	 pessoas	 absolutamente	 normais	 às	 quais	 a	 ignorância	 atribuía	
poderes	 especiais:	 a	 faculdade	 de	 curar	 os	 escrofulosos	 ou	 governar	 a	 França	
como	representantes	de	Deus”	(ALMEIDA,	2016,	p.	271).
Outros	monarcas,	além	do	rei	Luís	XVI,	demonstravam	poderio	absolutista	
na	Europa	e,	assim,	não	necessitavam	se	submeter	a	qualquer	poder	manifesto	
sobre	a	Terra	–	por	isso,	esses	monarcas	faziam	o	que	queriam	com	o	povo.	
O	rei	Luís	XVI	monopolizava	a	administração	e	controlava	os	tribunais,	
enquanto	a	dívida	externa	excedia	o	dobro	do	valor	circulante.Ele	ainda	esbanjava	
luxo	e	tinha	o	poder	de	condenar	quem	quisesse	à	prisão	sem	julgamento;	bastava	
ordenar	e	os	presos	iam	para	a	fortaleza	da	Bastilha	sem	que	fosse	averiguado	se	
a	pessoa	realmente	cometeu	um	ato	ilegal.	
Conforme	 Nunes	 (2019),	 a	 Revolução	 Francesa	 foi	 desencadeada	 por	
conta	dos	discursos	que,	durante	o	século	XVIII,	foram	disseminados	acerca	de	
crítica	sobre	a	religião	católica	e	o	poder	régio.	Para	o	mesmo	autor,	o	Iluminismo	
possuía	um	potencial	transformador,	além	de	preconizar	a	valorização	de	certo	
modelo	de	filosofia	racional.
Um	dos	motivos	que	gerou	a	insatisfação	do	povo	foi	a	cobrança	de	vários	
impostos,	para	o	governo	sustentar	o	 regime	absolutista	monárquico,	os	 luxos	
exuberantes	da	corte	do	rei	Luís	XVI,	os	privilégios	do	clero	da	Igreja	Católica	e	
dos	nobres.	Existiam	o	imposto	sobre	o	sal	(chamado	de	gabela)	e	taxas	pagas	em	
trabalho,	como	a	corveia,	que	estava	relacionada	à	conservação	das	estradas	e	ao	
conserto	de	carruagens	dos	nobres,	além	de	ocorrerem	aumentos	sucessivos	e	do	
fato	de	apenas	o	povo	pagar	por	esses	impostos.
A	 população	 sentia-se	 oprimida	 com	 tantos	 tributos	 e	 tarifas,	 pois	 seu	
poder	 aquisitivo	 era	baixíssimo.	Havia	 fome,	 condições	precárias	de	higiene	 e	
recorrentes	infestações	de	ratos.	Muitos	adoeciam	e	apresentavam	corpos	magros,	
porque	os	alimentos	tinham	preços	inacessíveis.	Enquanto	isso,	a	realeza	francesa	
ostentava	 inúmeras	 festas	 pomposas,	 nas	 quais	 as	madames	 usavam	 vestidos	
caríssimos.	Isso	deixava	a	população	ainda	mais	inconformada	e	irritada.	
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
21
Você já assistiu à série Versailles? Sua primeira temporada foi em 2015, 
retratando a ostentação da monarquia francesa e o rei Luís XVI, interpretado por George 
Blagden. O título da série foi inspirado na cidade de Versalhes, na qual está localizado o 
Château de Versailles – o suntuoso palácio que era ocupado pela monarquia francesa. 
 É válido destacar que essa série tem classificação indicativa para acima de 18 anos.
SÉRIE VERSAILLES
FONTE: <https://i.pinimg.com/474x/eb/07/19/eb0719937631657c101dea013c37ec2c.jpg>. 
Acesso em: 8 dez. 2020.
DICAS
A	burguesia	 estava	 se	 fortalecendo	 e	 tomou	 conhecimento	 da	 situação	
econômica	delicada	do	país.	Assim,	procurou	conscientizar	a	massa	da	população.	
Os filósofos iluministas foram os responsáveis por denunciar a gravidade 
da	 situação	 econômica	do	país	 para	 o	 povo.	O	padre	 Jean	Meslier,	 Rousseau,	
Montesquieu	e	Voltaire	foram	destacáveis	 iluministas.	O	rei	Luís	XVI	manteve	
seu	poder	sobre	a	França	no	início	da	revolução	francesa	até	ser	deposto	em	1792,	
tendo	sido	guilhotinado	no	ano	seguinte.
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
22
Assim,	 o	 lema	 da	 Revolução	 tornou-se	 “liberdade,	 igualdade	 e	
fraternidade”.	 Com	 inspiração	 iluminista,	 também	 tal	 lema	 fundamentou	 a	
Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão	(aprovada	em	26	de	agosto	de	
1789),	que	defendia	o	direito	à	liberdade,	à	igualdade	perante	a	lei,	à	inviolabilidade	
da	propriedade	e	o	direito	de	resistir	à	opressão	–	o	Quadro	8	mostra	outros	itens	
do	legado	dessa	revolução.
QUADRO 8 – LEGADO DA REVOLUÇÃO FRANCESA
FONTE: A autora
Abalou o absolutismo monárquico em toda a Europa
Superação	das	instituições	feudais	do	Antigo	Regime
Tomada do poder pela burguesia
Muitas	pessoas	são	executadas	na	guilhotina,	dentre	elas	o	rei
Declaração	dos	Direitos	do	Homem	e	do	Cidadão
Preparação	para	o	despontar	do	capitalismo	industrial
A	 Revolução	 Francesa	 gerou	 as	 conjecturas	 necessárias	 para	 que	 o	
capitalismo	industrial	eclodisse.	Com	a	Revolução	Industrial,	as	forças	produtivas	
(indústria)	provocaram	uma	gigantesca	transformação	nas	relações	de	produção,	
despontando,	assim,	novas	classes	sociais:	a	burguesia	e	o	proletariado.	É	bem	
verdade	 que	 inúmeras	 novas	 indústrias	 surgiram	 nessa	 fase,	 mas,	 também,	
aconteceu	a	aplicação	de	novos	métodos	às	velhas	indústrias,	além	da	descoberta	
e	da	aplicação	de	novas	técnicas.
Frequentemente, as pessoas dizem que o povo não tem poder. A Revolução 
Francesa é um exemplo de que o povo não era insignificante – além de mostrar os efeitos 
da atuação dos filósofos iluministas. Nas aulas de filosofia, às vezes, os jovens pensam 
que os filósofos não têm uma funcionalidade, porque “só filosofam” e não fazem nada de 
prático. A Revolução Francesa é um exemplo de que o produto da reflexão dos filósofos 
também não é inútil. Afinal, a união entre os atos dos filósofos e do povo foi determinante 
para acabar com o sistema de governo absolutista monárquico, no qual o rei detinha 
praticamente todo o poder.
INTERESSA
NTE
TÓPICO 1 — EPISTEMOLOGIA
23
Se você preferir produções cinematográficas para incrementar o seu processo de 
aprendizagem, seguem algumas sugestões sobre a Revolução Francesa no quadro a seguir.
SUGESTÃO DE FILMES SOBRE A REVOLUÇÃO FRANCESA
DICAS
Título do Filme Ano Gênero Duração Direção
Maria Antonieta 1938
Drama/obra de 
Época 
2h40
Van Dyke, 
Julien Duvivier
A Queda da Bastilha
A Tale of Two Cities
1980 Drama
202 
minutos
Jim Goddard
Danton – O Processo 
da Revolução
1983
Drama/ficção 
histórica
2h16
Andrzej Wajda
La Revolution 
Française
1989 Drama/thriller 6 horas
Robert Enrico, 
Richard T. Heffron
Caindo no Ridículo – 
Ridicule
1996 Drama/romance 1h43 Patrice Leconte
Maria Antonieta 2006 Drama/romance 2h7 Sofia Coppola
Adeus, Minha Rainha 2012 Drama/romance 1h40 Benoît Jacquot
A Revolução Em Paris 2019 Drama, histórico 2h02 Pierre Schoeller
Como	 é	 possível	 observar,	 a	 Revolução	 Francesa	 teve	 significativo	
derramamento	de	sangue	e	muitas	pessoas	foram	degoladas,	já	que	a	guilhotina	
foi	bastante	utilizada	na	época.	Talvez,	essa	época	 tenha	servido	de	 inspiração	
para	o	escritor	Lewis	Carroll,	que	viveu	entre	1832	e	1898,	em	sua	obra	“Alice	no	
País	das	Maravilhas”,	na	qual	utilizou,	repetidas	vezes,	a	expressão	“cortem	as	
cabeças”	por	meio	da	personagem	Rainha	Vermelha.	
UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
24
 Um dos filmes apresentados no quadro de 
sugestões é “Maria Antonieta”, que foi a esposa do rei 
Luís XVI – e também retrata o Château de Versailles.
DICAS
CARTAZ DO FILME MARIA ANTONIETA
FONTE: <http://twixar.me/5Xym>. 
Acesso em: 21 ago. 2020.
Lembre-se	 de	 que,	 para	 compreendermos	 a	 palavra	 epistemologia,	
passamos	 boa	 parte	 deste	 tópico	 revendo,	 aprendendo	 e	 refletindo	 sobre	 as	
seguintes	 palavras:	 teoria,	 métodos,	 ciência,	 conhecimento,	 conhecimento	
científico,	validade,	 cognição/cognitiva	e	gnoseologia/gnosiologia.	Em	seguida,	
mergulhamos	em	trechos	da	história	da	Revolução	Francesa	–	que	também	irá	
aparecer	em	outros	momentos	deste	livro.	
25
Neste tópico, você aprendeu que:
•	 A	epistemologia	é	o	estudo	do	saber	e	pressupõe	o	estudo	metódico	e	reflexivo	
do	conhecimento.
•	 A	 epistemologia	 presta	 atenção	 na	 organização,	 na	 formação,	 no	
desenvolvimento	e	no	 funcionamento	das	áreas	do	saber,	 sobretudo	quanto	
aos	seus	produtos	intelectuais.
• Precisamos compreender algumas palavras para ter um entendimento mais 
amplo	 da	 epistemologia.	 São	 elas:	 teoria,	 métodos,	 ciência,	 conhecimento,	
científico,	validade,	cognitiva	e	gnosiologia.
•	 Às	 vésperas	 da	 Revolução	 Francesa,	 a	 França	 era	 um	 país	 agrário,	 que	
apresentava	aumento	populacional	e	assistia	ao	início	da	industrialização.	A	
França	vivia	no	regime	monárquico	absolutista.
RESUMO DO TÓPICO 1
26
1	 Para	Wahba	(2019,	p.	1),	“[...]	o	fazer	nas	ciências	humanas	[...]	está	atrelado	
a um método que respeite a subjetividade do pesquisador e a integridade 
do	sujeito	de	pesquisa,	imbuído	de	princípios	epistemológicos”.	Com	base	
no	exposto,	associe	os	itens,	utilizando	o	código	a	seguir:
I-	 Teoria.
II-	 Metodologia.
III-	Ciência.
(			)	Envolve	estudos	científicos.	Arte	de	guiar	o	espírito	na	 investigação	da	
verdade.	 Parte	 da	 Lógica	 que	 se	 ocupa	 dos	métodos	 deraciocínio,	 em	
oposição	à	Lógica	Formal.
(			)	Conjunto	 de	 conhecimentos	 organizados	 sobre	 determinado	 assunto.	
Erudição,	instrução,	literatura.	Conhecimento,	informação,	notícia.
(			)	Princípios	 básicos	 e	 elementares.	 Sistema	 ou	 doutrina	 que	 trata	 desses	
princípios.	Conhecimento	que	se	 limita	à	exposição,	 sem	passar	à	ação,	
sendo,	portanto,	o	contrário	da	prática.	Conjectura,	hipótese.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a)	(			)	II	–	III	–	I.	
b)	(			)	I	–	II	–	III.
c)	 (			)	III	–	I	–	II.
d)	(			)	II	–	I	–	III.
2	 “Por	outro	lado,	essa	pedagogia,	pretendendo	ser	analítica,	traduz-se	numa	
arquitetura	curricular	fragmentada	em	matérias,	numa	trajetória	gradual	e	
linear,	congruente	com	a	análise	de	decomposição-recomposição	justificada	
por	 uma	 epistemologia	 cartesiana”	 (ALMEIDA-FILHO,	 2017,	 p.	 10).	 
Associe	os	itens,	utilizando	o	código	a	seguir:	
I-	 Validade.
II-	 Conhecimento.	
III-	Gnoseologia.
(			)	Qualidade	de	válido.	Qualidade	do	ato	jurídico	ou	administrativo,	feito	
com	todos	os	requisitos	que	a	lei	exige.	Já	a	palavra	válido	equivale	a	“que	
tem	valor”.	
(			)	Faculdade	de	conhecer.	Ideia,	noção;	informação,	notícia.	Ter	ideia	justa	
da	própria	capacidade.	Tomar	conhecimento.	Apreciar,	julgar.	
(			)	Teoria	 da	 natureza	 e	 limites	 do	 conhecimento	 humano,	 epistemologia.	
Está	ligada	à	faculdade	de	perceber	e	reconhecer	as	coisas.
AUTOATIVIDADE
27
Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA:
a)	(			)	I	–	II	–	III.	
b)	(			)	III	–	I	–	II.
c)	 (			)	II	–	I	–	III.
d)	(			)	II	–	III	–	I.
3	 “A	 formação	 da	 opinião	 pública,	 que	 se	 apresentava,	 frequentemente,	
pelo	seu	matiz	didático-pedagógico,	conduzia	os	intelectuais	orgânicos	da	
Revolução	Francesa	a	se	postarem	como	arautos	da	verdade	revolucionária,	
da	interpretação	histórica	e	da	orientação	do	futuro	nacional”	(BOTO,	2003,	
p.	746).	Com	base	na	Revolução	Francesa,	assinale	a	alternativa	CORRETA:
a)	(			)	O	povo	não	tem	poder,	no	que	tange	às	questões	políticas,	sobretudo	
numa	monarquia.
b)	(			)	Os	 filósofos	 iluministas	 desempenharam	 um	 papel	 crucial	 para	 a	
derrubada	do	absolutismo.
c)	 (			)	O	 rei	 Luís	 XVI	 era	 estudioso	 da	 psicomotricidade,	 por	 isso	 exibia	
silhueta	esbelta	e	magra.	
d)	(			)	O	 clero	 foi	 responsável	 pela	 Revolução	 Francesa,	 ao	 desbancar	 a	
valorização	da	ciência	que	vigorava	até	ali.
28
29
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
PSICOMOTRICIDADE
1 INTRODUÇÃO
Neste	 tópico,	 abordaremos	 a	 psicomotricidade	 propriamente	 dita,	
retomando	alguns	conceitos	da	epistemologia.	
Para	 quem	 ainda	 não	 se	 sentiu	 satisfatoriamente	 familiarizado	 com	 o	
conceito	 de	 psicomotricidade,	 aprenderemos	 sobre	 essa	 palavra	 até	 obtermos	
uma	noção	mais	ampla	acerca	do	que	ela	abrange.
2 PSICOMOTRICIDADE 
Esse	é	um	bom	momento	para	encarar	um	desafio:	quando	você	se	depara	
com	a	palavra	psicomotricidade,	o	que	vem	a	sua	mente?	Você	arriscaria	escrever	
o	que	entende	dessa	palavra?	Dê	uma	pausa	na	leitura,	pegue	uma	caneta	e	escreva	
o	que	você	acha	que	é	psicomotricidade.	É	necessário	se	lançar	nesse	exercício,	
porque,	mais	adiante,	o	retomaremos	–	e,	quem	sabe,	talvez,	você	também	precise	
falar	sobre	ele	em	um	encontro	presencial	ou	virtual	desta	unidade.
Para lhe ajudar, deixamos esse espaço para que você registre o seu conceito 
pessoal:
Psicomotricidade é ______________________________________________________________ 
_______________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________
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DICAS
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UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
Mesmo	 que,	 conforme	 a	 leitura	 seguinte,	 você	 descubra	 que	 seu	
conceito	estava	incorreto,	equivocado	ou	muito	resumido,	não	tem	problema.	O	
importante	é	manter	o	registro,	mesmo	que	errado,	e	mais	para	a	frente	revê-lo.	
Você encontrará mais oportunidades para registrar um conceito mais elaborado 
–	fique	tranquilo!	
Agora,	novamente	buscaremos	a	ajuda	dos	dicionários	para	entender	o	
que	significa	psicomotricidade,	conforme	mostra	o	Quadro	9.
QUADRO 9 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIONÁRIO MICHAELIS
FONTE: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/psico-
motricidade>. Acesso em: 24 ago. 2020.
psi·co·mo·tri·ci·da·de
PSICOL.	Conjunto	e	integração	das	funções	motoras	e	psíquicas	que	determinam	e	coordenam	
os movimentos corporais
ETIMOLOGIA der do voc comp do gr psykhē+o+fr motrice+i+dade,	como	fr psychomotricité
Podemos depreender que a psicomotricidade está relacionada com 
funções motoras,	funções psíquicas e movimentos corporais.	
No	estudo	de	epistemologia,	recorremos	à	etimologia	da	palavra.	Vamos	
fazer	o	mesmo	com	a	psicomotricidade,	afinal,	poderemos	conferir	a	etimologia	
da	palavra	psicomotricidade.	Se,	mesmo	assim,	esse	conceito	não	ficou	totalmente	
claro,	 não	 se	 preocupe,	 preparamos	 um	 elemento	 gráfico	 para	 o	 ajudar	 na	
compreensão	(Figura	4).
FIGURA 4 – ETIMOLOGIA DA PALAVRA PSICOMOTRICIDADE
FONTE: A autora
• movimento
• mover com frequência
• agitar com força
• alma
• espírito
• mente
motrice+i+dade
psykhē+o+fr
TÓPICO 2 — PSICOMOTRICIDADE
31
Ter acesso a essas informações pode ajudar aqueles que nunca estudaram 
sobre	o	tema,	ou	que	não	irão	lidar	diretamente	com	ele	no	futuro.	Entretanto,	
uma	vez	já	envolvidos	nessa	área,	ter	essas	informações	não	é	suficiente.	Então,	
vamos	mergulhar	um	pouco	mais	fundo,	conforme	apresenta	o	Quadro	10.	
QUADRO 10 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIONÁRIO LÉXICO
FONTE: <https://www.lexico.pt/psicomotricidade/>. Acesso em: 24 ago. 2020.
Significado	de	Psicomotricidade
Grupo	de	funções	motoras	que	estão	envolvidas	na	atividade	a	nível	psicológico
Além	de	reforçar	a	questão	das	funções	motoras,	já	vistas	anteriormente,	a	
novidade	são	as	expressões	atividade e nível psicológico.	Poderíamos	presumir	
que a psicomotricidade tem a ver com aspectos psicológicos que envolvem os 
movimentos	corporais?	
QUADRO 11 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIONÁRIO ESTRAVIZ
FONTE: <http://estraviz.org/psicomotricidade>. Acesso em: 24 ago. 2020.
psicomotricidade
Integração	das	funções	motoras	e	psíquicas	em	consequência	da	maturidade	do	sistema	nervoso
No	Quadro	11,	temos	o	acréscimo	da	informação	relacionada	à	maturidade 
do	 sistema	 nervoso.	 Então,	minimamente,	 podemos	 inferir	 que	 há	 participação	
direta do encéfalo e/ou	da	medula espinhal,	não	é	mesmo?	
QUADRO 12 – PSICOMOTRICIDADE NO DICIO
FONTE: <http://twixar.me/Qjym>. Acesso em: 24 ago. 2020.
Significado de Psicomotricidade
Integração	das	funções	motrizes	e	mentais	sob	o	efeito	da	educação	e	do	desenvolvimento	do	
sistema	nervoso.
Integração	organizada	do	que	é	motor,	sensitivo,	psíquico	e	das	experiências	individuais,	que	
busca,	através	do	corpo	e	de	sua	interação	com	o	contexto	social,	o	desenvolvimento	individual.
Etimologia	(origem	da	palavra	psicomotricidade).	Psico	+	motricidade.
No	 Quadro	 12,	 as	 expressões	 novas,	 pelo	 menos	 no	 que	 se	 refere	 à	
leitura	deste	livro,	são	funções motrizes e funções mentais – vale lembrar que 
a	palavra	motriz	está	ligada	à	força	que	gera	movimento.	Além	disso,	a	palavra	
educação	 também	 não	 tinha	 sido	 associada	 à	 psicomotricidade.	 Já	 a	 palavra	
desenvolvimento,	de	certo,	surgirá	novamente	adiante.	
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UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
Outras	palavras	recorrentes	nos	estudos	da	psicomotricidade	são	motor,	
sensitivo e psíquico.	 Todas	 elas	 possuem	 diversos	 sentidos	 ou	 significados.	
Talvez	muitos	associem	motor	ao	motor	de	um	carro	e	sensitivo	às	pessoas	que	
consideram	ter	uma	percepção	mais	aguçada.	Será	que	são	esses	os	significados	
com	os	quais	lidaremosnesta	disciplina?
Também	não	podemos	deixar	de	mencionar	as	expressões	experiências 
individuais,	 interação e contexto social.	Ao	 acrescentarmos	 essas	 expressões,	
vemos	que	a	psicomotricidade	não	está	restrita	ao	sistema	nervoso	de	uma	pessoa,	
pois	 aspectos	 sociais	 também	 incidem	 sobre	 ela.	 Que	 tal	 um	 exemplo?	 “Em	
relação	ao	meio	social,	nunca	houve	registros	na	história	ocidental	de	tamanha	
incidência	 de	 problemas	 posturais,	 obesidade	 e	 doenças	 cardiovasculares	 em	
crianças”	 (FERNANDES;	DANTAS;	MOURÃO-CARVALHAL,	2014,	p.	117).	 Já	
que	acabamos	de	obter	uma	informação	sobre	obesidade,	que	tal	lembrarmos	do	
rei	Luís	XVI?	Você	sabia	que	ele	era	obeso?
Você já percebeu que boa parte dos integrantes das famílias reais 
europeias,	que	viveram	às	vésperas	da	Revolução	Francesa,	exibia	corpos,	hoje,	
considerados	obesos?	Naquele	tempo,	estar	“acima	do	peso”	era	algo	que	conferia	
status.	Afinal,	a	maioria	da	população	era	magra	por	não	ter	condições	de	comprar	
comida.	Então,	aqueles	que	tinham	poder	aquisitivo	para	comer	gostavam	de	ter	
uma	aparência	mais	avantajada,	para	sinalizar	que	eram	ricos	e	tinham	posses.	
Talvez	você	 já	 tenha	assistido	a	algum	dos	filmes	que	 foram	indicados,	
quando	 estávamos	 aprendendo	 sobre	 a	 Revolução	 Francesa	 –	 o	 rei	 Luís	 XVI	
foi	retratado	como	alguém	obeso	nessas	produções	cinematográficas?	Por	quê?	
Hoje,	a	obesidade	é	 indício	de	status	em	nossa	sociedade?	Na	atualidade,	algo	
que	confere	status	na	sociedade,	por	exemplo,	é	possuir	carros	e/ou	roupas	e/ou	
equipamentos	de	grife.	Algumas	pessoas	fazem	isso	para	passarem	a	impressão	
de	que	têm	poder	aquisitivo	considerável.
FIGURA 5 – O REI LUÍS XVI E A OBESIDADE
FONTE: <https://rainhastragicas.files.wordpress.com/2017/07/bastilha.jpg>. Acesso em: 27 ago. 2020.
TÓPICO 2 — PSICOMOTRICIDADE
33
Assim,	podemos	ter	uma	ideia	de	que	a	Revolução	Francesa	interferiu	nos	
hábitos	alimentares	e,	provavelmente,	nos	movimentos	corporais	das	pessoas	–	
até	porque	movimentar	o	corpo	pode	não	ser	uma	tarefa	 fácil	para	as	pessoas	
com	obesidade.	Então,	a	relação	entre	psicomotricidade	e	Revolução	Francesa	vai	
muito	mais	além	do	que	supõe	nossa	vã	filosofia.
Desse	modo,	é	hora	de	honrarmos	mais	uma	palavra	do	Quadro	12:	corpo.	
É	bem	possível	que	ela	tenha	sido	escrita,	por	você,	no	exercício	que	propusemos	
no	começo	deste	tópico,	pois	muitas	pessoas	associam	a	palavra	psicomotricidade	
a	corpo.	
Outras	expressões	que	merecem	atenção	e	que	apareceram	em	vários	dos	
quadros	deste	tópico	são:	conjunto,	grupo e integração organizada.	Todas	essas	
expressões	serão	retomadas	no	Tópico	3,	mas	esse	pequeno	contato	permite	ter	
certa	noção	do	que	vem	a	ser	a	psicomotricidade:
A psicomotricidade está relacionada a aspectos psicológicos e 
cognitivos do movimento	 e	 às	 atividades corporais	 na	 relação	 do	
organismo com o meio em que se desenvolve.	Na	psicomotricidade,	
há componentes maturacionais relacionados com os movimentos 
e ações que se mostram quando a criança entra em contato com 
pessoas	e	objetos	com	os	quais	se	relaciona	de	forma	construtiva.	E,	ao	
mesmo	tempo,	é	fonte	de	conhecimento	e	expressão	do	que	já	se	tem,	
como meio de gerar vivências e emoções	 (FERREIRA;	MARTINEZ;	
CIASCA,	2010,	p.	224,	grifo	nosso).	
As	palavras	destacadas	nessa	citação	foram	as	mesmas	apresentadas	nos	
quadros	deste	tópico.	Sugerimos	que	você	releia	a	citação,	para	entender	algumas	
relações	estabelecidas	entre	esses	termos.	
Agora,	 aprofundaremos	 a	 etimologia	 da	 palavra	 psicomotricidade,	
conforme	mostra	o	Quadro	13.
QUADRO 13 – A ORIGEM DO SIGNIFICADO DE PSICOMOTRICIDADE
FONTE: Adaptado de <https://institutoneurosaber.com.br/entenda-o-conceito-de-psicomotricidade/>. 
Acesso em: 27 ago. 2020.
PSI Refere-se	ao	aspecto	emocional	da	pessoa;	está	ligado	ao	sentimento
CO Faz	referência	à	cognição,	ao	processamento	das	informações	recebidas	por	
todos nós
MOTRIC Motriz = movimento e força
IDADE Etapa	de	vida	de	todos	nós.	Ciclo	vital
Podemos	afirmar	que	a	psicomotricidade	está	atrelada	ao	corpo,	portanto,	
ela	 também	 está	 vinculada	 à	 esfera	 orgânica.	 Além	 disso,	 está	 conectada,	
ainda,	 aos	 aspectos	 afetivos,	 cognitivos,	 intelectuais,	 bem	 como	 à	 maturação	
e	ao	movimento.	A	palavra	motricidade	“[...]	 é	 entendida	como	o	conjunto	de	
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UNIDADE 1 — A RELAÇÃO ENTRE EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE
3 EPISTEMOLOGIA E PSICOMOTRICIDADE 
Vamos	retomar,	brevemente,	o	que	aprendemos	sobre	epistemologia?	Ela	
tem	a	ver	com	teoria,	métodos,	ciência,	conhecimento	científico,	validade,	cognição	
e	gnosiologia.	Vejamos	algo	sobre	a	psicomotricidade	no	que	diz	respeito	à	teoria.	
No	 âmbito	 da	 matriz teórica da psicomotricidade,	 o	 psiquismo	
é	 entendido,	 concebido	 e	 compreendido	 como	 sendo	 composto	
pelo	funcionamento	mental	total,	isto	é,	pelas	sensações,	percepções,	
emoções,	fantasmas,	representações,	projeções	e	condutas	relacionais	
e	sociais.	Cabem	nesta	concepção	dinâmica,	corporalizada	e	atuante	
do	psiquismo,	todos	os	processos	cognitivos	que	integram,	processam,	
planificam,	 regulam	 e	 executam	 a	motricidade,	 como	uma	 resposta	
adaptativa intencional e inteligível exclusiva da espécie humana 
(FONSECA,	2010,	p.	42,	grifo	nosso).	
Assim,	sabemos,	de	antemão,	que	a	psicomotricidade	possui	uma	matriz	
teórica,	 bem	 como	 podemos	 ter	 uma	 ideia	 mais	 abrangente	 sobre	 o	 que	 é	 o	
psiquismo	(Figura	6).
expressões	corporais,	gestuais	e	motoras,	não	verbais	e	não	simbólicas,	de	índole	
tónico-emocional,	postural,	somatognósica,	ecognósica	e	práxica,	que	sustentam	
e	suportam	as	manifestações	do	psiquismo”	(FONSECA,	2010,	p.	46).	
Agora	 que	 já	 analisamos	 o	 significado	 da	 palavra	 psicomotricidade,	 a	
seguir,	entenderemos	qual	é	a	sua	relação	com	a	epistemologia.	
FIGURA 6 – PSIQUISMO
FONTE: Adaptada de Fonseca (2010)
ps
iq
ui
sm
o
funcionamento mental total
sensações
percepções
emoções
representações
projeções
condutas
TÓPICO 2 — PSICOMOTRICIDADE
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No	 tópico	 anterior,	 vimos	 que	 a	 psicomotricidade	 é	 uma	 ciência.	 É	
chegada	a	hora	de	conferir	isso	mais	de	perto.	Na	perspectiva	de	Fonseca	(2010),	
a	psicomotricidade	 é	uma	 ciência	 com	arquitetura	 conceitual	 e	 estrutural,	 que	 se	
embasa	num	grupo	de	paradigmas	e	pressupostos	que	se	harmonizam,	se	conciliam.	
A	 Psicomotricidade,	 como	 ciência,	 é	 entendida	 como	 o	 campo	
transdisciplinar	 que	 estuda	 e	 investiga	 as	 relações	 e	 as	 influências	
recíprocas	 e	 sistémicas,	 entre	 o	 psiquismo	 e	 o	 corpo,	 e,	 entre	 o	
psiquismo	 e	 a	 motricidade,	 emergentes	 da	 personalidade	 total,	
singular	e	evolutiva	que	caracteriza	o	ser	humano,	nas	suas	múltiplas	
e	 complexas	 manifestações	 biopsicossociais,	 afetivoemocionais	 e	
psicossóciocognitivas	(FONSECA,	2010,	p.	42).
Pode-se	 dizer	 que	 a	 psicomotricidade	 é	 mais	 do	 que	 uma	 área	
interdisciplinar	ou	multidisciplinar,	tendo	em	vista	que	se	ampara	em	conteúdos	
que se interligam e que apresentam conceitos representantes das áreas biológicas 
e	das	áreas	culturais.	
“A	Psicomotricidade	é	 reconhecida	como	uma	ciência	que	muito	 tem	a	
contribuir	para	o	desenvolvimento	humano,	em	todas	as	suas	etapas,	da	infância	
à	velhice,	 e	 em	 toda	 sua	 complexidade,	pois	 afeto,	 cognição	 e	movimento	 são	
inseparáveis	e	fazem	parte	da	condição	humana”	(BENETTI	et al.,	2018,	p.	604).	
Talvez,	pareça	estranho	o	uso	da	expressão	“todas	as	suas	etapas”,	relacionada	
ao	desenvolvimento	humano.	Isso	porque	quando	imaginamos	um	profissional	
trabalhando	 com	 a	 psicomotricidade,	 temos	 uma	 certa	 tendência	 a	 associar	 a	
alguma	intervenção	com	crianças.	Você	também	tinha	essa	impressão?
Essa	 impressão	decorre	do	 fato	de	que	é	 justamente	durante	a	 infância	
que	 as	 funções	 psicomotoras	 passam	 a	 se	 desenvolver	 (BENETTI	 et al.,	 2018).	
Além	 disso,	 como	 apontam	 Ferreira,	 Martinez	 e	 Ciasca	 (2010,	 p.	 223),	 “Na	
infância,	 o	 papel	 da	 psicomotricidade	 é	 de	 fundamental	 importância

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