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EMBRIOLOGIA Com base no livro de Embriologia do Moore Resumo da primeira semana de desenvolvimento • Os oócitos são produzidos pelos ovários (oogênese) e são expelidos deles durante a ovulação (Fig. 2-20). As fímbrias da tuba uterina varrem o oócito para a ampola, onde ele pode ser fecundado. Geralmente somente um oócito é expelido na ovulação. FIGURA 2-20 Resumo do ciclo ovariano, fecundação e desenvolvimento embrionário durante a primeira semana. O estágio 1 do desenvolvimento começa com a fecundação na ampola da tuba uterina e termina com a formação do zigoto. O estágio 2 (dias 2 a 3) compreende o estágio inicial da clivagem (de 2 até aproximadamente 32 células, a mórula). O estágio 3 (dias 4 a 5) é a fase do blastocisto livre. O estágio 4 (dias 5 a 6) é representado pela implantação do blastocisto na parede posterior do útero, local normal da implantação. O blastocisto está seccionado para mostrar a estrutura interna dele. • Os espermatozoides são produzidos nos testículos (espermatogênese) e armazenados nos epidídimos (Fig. 2-12). A ejaculação do sêmen resulta na deposição de milhões de espermatozoides na vagina. Várias centenas deles passam através do útero e entram nas tubas uterinas. FIGURA 2-12 Secção sagital da pelve masculina mostrando as estruturas do sistema genital masculino. • Quando um oócito é penetrado por um espermatozoide, ele completa a segunda divisão meiótica. Como resultado, um oócito maduro e um segundo corpo polar são formados. O núcleo do oócito maduro constitui o pronúcleo feminino. • Após o espermatozoide entrar no oócito, a cabeça dele se separa da cauda e aumenta para se tornar o pronúcleo masculino. A fecundação se completa quando os pronúcleos masculino e feminino se unem e os cromossomos maternos e paternos se misturam durante a metáfase da primeira divisão mitótica do zigoto. • À medida que o zigoto passa ao longo da tuba uterina em direção ao útero, sofre clivagens (uma série de divisões mitóticas) em várias células menores, os blastômeros. Aproximadamente três dias após a fecundação, uma esfera de 12 ou mais blastômeros (a mórula) entra no útero (Fig. 2-20). • Uma cavidade se forma na mórula, convertendo-a em blastocisto, que é formado pelo embrioblasto, pela cavidade blastocística e pelo trofoblasto (Fig. 2-16D e F). O trofoblasto encapsula o embrioblasto e a cavidade blastocística e depois irá formar estruturas extraembrionárias e a porção embrionária da placenta. • Quatro a 5 dias após a fecundação, a zona pelúcida desaparece e o trofoblasto adjacente ao embrioblasto se adere ao epitélio endometrial (Fig. 2-16E). FIGURA 2-16 Ilustrações do processo de clivagem do zigoto e da formação do blastocisto. A-D. Vários estágios da clivagem do zigoto. O período de mórula começa no estágio entre 12 e 16 células e termina quando ocorre a formação do blastocisto. E e F, Secções transversais dos blastocistos. A zona pelúcida desaparece no estágio de blastocisto tardio (5 dias). O segundo corpo polar mostrado em A é uma célula pequena e não funcional. A clivagem do zigoto e a formação da mórula ocorrem quando o zigoto em divisão passa ao longo da tuba uterina. A formação do blastocisto ocorre no útero. Embora a clivagem aumente o número de blastômeros, cada célula filha é menor do que a célula mãe. Como resultado, não há um aumento no tamanho do embrião em desenvolvimento até a degeneração da zona pelúcida. O blastocisto então cresce consideravelmente (F). • O trofoblasto do polo embrionário se diferencia em duas camadas, uma externa, o sinciciotrofoblasto (que consiste em uma massa protoplasmática multinucleada na qual nenhum limite celular pode ser observado). e outra interna, o citotrofoblasto (Fig. 2-19B). O sinciciotrofoblasto invade o epitélio endometrial e o tecido conjuntivo adjacente. Concomitantemente, forma-se uma camada cuboidal de hipoblasto na superfície inferior do embrioblasto. Ao final da primeira semana, o blastocisto está superficialmente implantado no endométrio (Fig. 2-19B). FIGURA 2-19 Aderência do blastocisto ao epitélio endometrial durante os primeiros estágios da implantação. A, Após 6 dias, o trofoblasto está aderido ao epitélio endometrial no polo embrionário do blastocisto. B, Aos 7 dias: o sinciciotrofoblasto penetrou o epitélio e começou a invadir o tecido conjuntivo endometrial. Nota: Em estudos embriológicos, o embrião é normalmente mostrado com a superfície dorsal para cima. Como o embrião se implanta pela sua futura superfície dorsal, ele apareceria de ponta cabeça se a convenção histológica fosse seguida (epitélio para cima). Neste livro, a convenção histológica é seguida quando o endométrio é a principal estrutura (p. ex., Fig. 2- 6C), e a convenção embriológica é usada quando o embrião é a estrutura mais importante, como ocorre nestas ilustrações. Resumo da implantação A implantação do blastocisto no endométrio uterino inicia-se no fim da primeira semana (Capítulo 2, Fig. 2-19B) e é completada no final da segunda semana (Fig. 3-2B). Os eventos moleculares e celulares relacionados com a implantação são complexos. Os mecanismos moleculares da implantação envolvem a sincronização entre o blastocisto invasor e um endométrio receptivo. As microvilosidades das células endometriais, as moléculas de adesão celular (integrinas), citocinas, protaglandinas, hormônios (gonadotrofina coriônica humana [hCG] e progesterona), fatores de crescimento, enzimas de matriz extracelular e outras enzimas (metaloproteinases de matriz e proteína quinase A) têm o papel de tornar o endométrio mais receptivo. Além disso, as células endometriais ajudam a controlar a profundidade de penetração do blastocisto. A implantação pode ser resumida como se segue: • A zona pelúcida se degenera (dia 5). O desaparecimento dela resulta do crescimento do blastocisto e da degeneração causada por lise enzimática. As enzimas líticas são liberadas pelo acrossoma dos espermatozoides que rodeiam e parcialmente penetram a zona pelúcida. • O blastocisto adere ao epitélio endometrial (dia 6). • O trofoblasto se diferencia em duas camadas, o sinciciotrofoblasto e o citotrofoblasto (dia 7). • O sinciciotrofoblasto provoca a erosão do tecido endometrial e o blastocisto começa a se implantar ao endométrio (dia 8). • Surgem lacunas cheias de sangue no sinciciotrofoblasto (dia 9). • O blastocisto penetra o epitélio endometrial e a falha é preenchida por um tampão (dia 10). • Ocorre a formação da rede lacunar pela fusão de lacunas adjacentes (dias 10 e 11). • O sinciciotrofoblasto provoca a erosão dos vasos sanguíneos endometriais, permitindo que o sangue materno entre nas redes lacunares e saia delas, estabelecendo, assim, a circulação uteroplacentária (dias 11 e 12). • A falha do epitélio endometrial é reparada (dias 12 e 13). • As vilosidades coriônicas primárias se desenvolvem (dias 13 e 14). FIGURA 3-2 Blastocisto implantado. A, 10 dias. B, 12 dias. Este estágio de desenvolvimento é caracterizado pela comunicação das redes lacunares cheias de sangue. Note em B que aparecem os espaços celômicos no mesoderma extraembrionário, formando o início do celoma (cavidade) extraembrionário. Resumo da segunda semana de desenvolvimento • Assim que o blastocisto completa a implantação no endométrio uterino ocorre uma rápida proliferação e diferenciação do trofoblasto. • O embrioblasto se diferencia em um disco embrionário bilaminar formado pelo epiblasto, (uma camada mais espessa/fina, constituída de células cilíndricas altas), voltado para a cavidade amniótica, e pelo hipoblasto, (composto de células cuboides pequenas) adjacente à cavidade blastocística ou exocelômica. O epiblasto forma o assoalho da cavidade amniótica e está perifericamente em continuidade com o âmnio. O hipoblasto forma o teto da cavidade exocelômica eé contínuo à delgada membrana exocelômica. Essa membrana, juntamente com o hipoblasto, reveste a vesícula umbilical primitiva. • As mudanças no endométrio resultantes da adaptação desses tecidos em preparação para a implantação são denominadas de reação decidual. • Concomitantemente, forma-se a vesícula umbilical primitiva e ocorre o desenvolvimento do mesoderma extraembrionário. O celoma (cavidade) extraembrionário forma-se a partir de espaços presentes no mesoderma extraembrionário. Posteriormente, o celoma se torna a cavidade coriônica. • A vesícula umbilical primitiva diminui e desaparece gradativamente conforme ocorre o desenvolvimento da vesícula umbilical secundária. • A cavidade amniótica aparece entre o citotrofoblasto e o embrioblasto. • O desenvolvimento da placa pré-cordal, um espessamento localizado no hipoblasto, indica a futura região cranial do embrião e o futuro local da boca; a placa pré-cordal também é um importante organizador da região da cabeça. FIGURA 3-5 Desenhos de secções de embriões humanos implantados, baseados principalmente nos estudos de Hertig e colaboradores (1956). Observe (1) a falha no epitélio endometrial desapareceu; (2) a formação de uma pequena vesícula umbilical secundária; (3) uma grande cavidade, o celoma extraembrionário, agora envolve a vesícula umbilical e o âmnio, exceto onde o âmnio está preso ao córion pelo pedículo de conexão; e (4) o celoma extraembrionário divide o mesoderma extraembrionário em duas camadas: o mesoderma somático extraembrionário, que reveste o trofoblasto e cobre o âmnio; e o mesoderma esplâncnico extraembrionário em torno da/que envolve a vesícula umbilical. A, Um embrião de 13 dias, mostrando a redução de tamanho relativo à vesícula umbilical primitiva e o início do aparecimento das vilosidades coriônicas primárias. B, Um embrião aos 14 dias, mostrando a vesícula umbilical secundária recém-formada e a localização da placa pré-cordal em seu teto. C, Detalhe da placa pré-cordal destacada em B. FIGURA 3-6 Origem dos tecidos embrionários. As cores nos retângulos são usadas nos desenhos das secções do embrião. FIGURA 3-8 Fotomicrografias de secções longitudinais de um embrião de 14 dias implantado. Note o grande tamanho do celoma extraembrionário. A, Vista em pequeno aumento (18x). B, Vista em grande aumento (95x). O embrião está representado pelo disco embrionário bilaminar composto pelo epiblasto e hipoblasto. (De Nishimura H, editor: Atlas of human prenatal histology, Tokyo, Igaku-Shoin, 1983.) FIGURA 3-10 Locais de implantação do blastocisto. O local usual na parede posterior do útero está indicado por um X. A ordem aproximada de frequência de implantações ectópicas está indicada alfabeticamente (A, mais comum; H, menos comum). A-F, gestações tubárias; G, gestação abdominal; H, gestação ovariana. As gestações tubárias são o tipo mais comum de gestação ectópica. Embora apropriadamente incluída como um local de gravidez uterina, a gravidez no colo é frequentemente considerada uma gravidez ectópica. Resumo da terceira semana • O disco embrionário bilaminar é convertido em um disco embrionário trilaminar durante a gastrulação. Essas alterações começam com o aparecimento da linha primitiva, que surge no início da terceira semana como um espessamento do epiblasto na extremidade caudal do disco embrionário. • A linha primitiva resulta da migração de células do epiblasto para o plano mediano do disco. A invaginação das células epiblásticas a partir da linha primitiva dá origem as células mesenquimais que migram ventral, lateral e cranialmente entre o epiblasto e o hipoblasto. • Logo que a linha primitiva começa a produzir células mesenquimais, o epiblasto passa a ser conhecido como ectoderma embrionário. Algumas células do epiblasto deslocam o hipoblasto e formam o endoderma embrionário. As células mesenquimais produzidas pela linha primitiva logo se organizam em uma terceira camada germinativa, o mesoderma intraembrionário ou embrionário, ocupando a área entre o antigo hipoblasto e as células do epiblasto. As células do mesoderma migram para as bordas do disco embrionário, onde se unem ao mesoderma extraembrionário que reveste o âmnio e a vesícula umbilical. • Ao final da terceira semana, o embrião é um disco embrionário oval e achatado (Fig. 4-2H). O mesoderma existe entre o ectoderma e o endoderma do disco em toda a sua extensão, exceto na membrana bucofaríngea; no plano mediano, ocupado pela notocorda e na membrana cloacal (Fig. 4-8E). FIGURA 4-2 Ilustrações da formação do disco embrionário trilaminar (dias 15 a 16). As setas indicam a invaginação e a migração das células mesenquimais da linha primitiva entre o ectoderma e o endoderma. C, E e G, Vistas dorsais do disco embrionário trilaminar no início da terceira semana, exposto pela remoção do âmnio. A, B, D, F e H, Secções transversais do disco embrionário. Os níveis das secções são indicados em C, E e G. A placa pré-cordal, mostrando a região da cabeça na Figura 4-2C, é indicada por uma região oval azul clara, porque esse espessamento do endoderma não pode ser observado a partir da superfície dorsal. • No início da terceira semana, as células mesenquimais da linha primitiva formam o processo notocordal, entre o ectoderma e o endoderma embrionário. O processo notocordal se estende do nó primitivo até a placa pré-cordal. Formam-se aberturas no assoalho do canal notocordal, que logo coalescem, formando a placa notocordal. Essa placa se invagina para formar a notocorda, o eixo primitivo do embrião ao redor do qual se forma o esqueleto axial (p. ex., a coluna vertebral). Na região caudal à linha primitiva existe uma área circular, a membrana cloacal, que indica o futuro local do ânus (Fig. 4-7E). O disco embrionário permanece bilaminar nessa região e na membrana bucofaríngea devido à fusão do ectoderma e do endoderma embrionários nesses locais, impedindo, assim, a migração de células mesenquimais entre eles (Fig. 4-8C) Por volta da metade da terceira semana, o mesoderma intraembrionário separa o ectoderma e o endoderma em todos os lugares, exceto: • Cranialmente, na membrana bucofaríngea (Fig. 4-8C). • No plano mediano da região cranial até o nó primitivo, onde o processo notocordal está localizado (Fig. 4-5). • Caudalmente, na membrana cloacal (Fig. 4-7A e E). A notocorda: • Define o eixo longitudinal primordial do embrião e dá a ele alguma rigidez. • Fornece sinais que são necessários para o desenvolvimento das estruturas musculoesqueléticas axiais e do sistema nervoso central (SNC). • Contribui para a formação dos discos intervertebrais localizados entre corpos vertebrais adjacentes. FIGURA 4-5 Desenhos esquemáticos das vistas dorsais do disco embrionário mostrando como ele se alonga e muda de forma durante a terceira semana. A linha primitiva se alonga pela adição de células à extremidade caudal dela, e o processo notocordal aumenta pela migração de células do nó primitivo. O processo notocordal e o mesoderma adjacente induzem o ectoderma embrionário sobrejacente a formar a placa neural, o primórdio do SNC. Observe que conforme o processo notocordal se alonga, a linha primitiva se encurta. No final da terceira semana, o processo notocordal é transformado na notocorda. FIGURA 4-7 Ilustrações do desenvolvimento do processo notocordal. O desenho pequeno no canto superior esquerdo serve para orientação. A, Vista dorsal do disco embrionário (aproximadamente 16 dias) exposto pela remoção do âmnio. O processo notocordal é mostrado como se fosse visível através do ectoderma embrionário. B, C e E, Secções medianas do plano mostrado em A, ilustrando os estágios sucessivos no desenvolvimento do processo e canal notocordais. Os estágios mostrados em C e E ocorrem em aproximadamente 18 dias. D e F, Secções transversais do discoembrionário nos níveis mostrados em C e E. FIGURA 4-8 Ilustrações do desenvolvimento da notocorda por meio da transformação do processo notocordal. A, Vista dorsal do disco embrionário bilaminar com 18 dias, exposto pela remoção do âmnio. B, Secção mediana tridimensional do embrião. C e E, Secções semelhantes de embriões ligeiramente mais desenvolvidos. D, F e G, Secções transversais do disco embrionário trilaminar nos níveis mostrados em C e E. • A placa neural aparece como um espessamento do ectoderma do embrião, induzido pelo desenvolvimento da notocorda. Um sulco neural longitudinal se desenvolve na placa neural, e é margeado pelas pregas neurais. A fusão das pregais neurais forma o tubo neural, o primórdio do SNC (Figs. 4-9A e 4-10). FIGURA 4-9 Desenhos de embriões de 19 a 21 dias ilustrando o desenvolvimento dos somitos e do celoma intraembrionário. A, C e E, Vistas dorsais do embrião, exposto pela remoção do âmnio. B, D e F, Secções transversais do disco embrionário trilaminar nos níveis mostrados. A, Embrião pré-somítico de aproximadamente 18 dias. C, Um embrião de aproximadamente 20 dias mostrando o primeiro par de somitos. Parte da somatopleura à direita foi removida para mostrar os espaços celômicos no mesoderma lateral. E, Um embrião com três pares de somitos (aproximadamente 21 dias) mostrando o celoma intraembrionário em forma de ferradura, exposto à direita pela remoção de parte da somatopleura. FIGURA 4-10 A-F, Desenhos esquemáticos de secções transversais de embriões progressivamente mais desenvolvidos, ilustrando a formação do sulco neural, das pregas neurais, do tubo neural e da crista neural. A, Vista dorsal de um embrião de aproximadamente 21 dias. • À medida que as pregas neurais se fusionam para formar o tubo neural, as células neuroectodérmicas formam a crista neural entre o ectoderma superficial e o tubo neural. • O mesoderma de cada lado da notocorda se condensa para formar colunas longitudinais de mesoderma paraxial, que, até o final da terceira semana, dão origem aos somitos. • O celoma (cavidade) no interior do embrião surge como espaços isolados no mesoderma lateral e no mesoderma cardiogênico. As vesículas celômicas em seguida coalescem formando uma única cavidade, em formato de ferradura, que, posteriormente, originam as cavidades do corpo (Fig. 4-9E). • Os vasos sanguíneos aparecem primeiro na parede da vesícula umbilical, do alantoide e do córion. Eles se desenvolvem no interior do embrião logo em seguida. As hemácias fetais se desenvolvem a partir de precursores hematopoiéticos diferentes. • O coração primitivo é representado pelos tubos cardíacos endocárdicos pareados. Até o final da terceira semana, os tubos cardíacos se fundiram, formando um coração tubular, que está unido aos vasos sanguíneos do embrião, da vesícula umbilical, do córion e do pedículo de conexão, formando um sistema cardiovascular primitivo. • As vilosidades coriônicas primárias se tornam vilosidades coriônicas secundárias quando adquirem um eixo central mesenquimal. Antes do final da terceira semana, ocorre o desenvolvimento de capilares transformando-as em vilosidades coriônicas terciárias (Fig. 4-14C). As extensões citotrofoblásticas das vilosidades-tronco se unem para formar uma capa citotrofoblástica que ancora o saco coriônico no endométrio. FIGURA 4-14 Diagramas ilustrando o desenvolvimento das vilosidades coriônicas secundárias em vilosidades coriônicas terciárias. A formação inicial da placenta também é mostrada. A, Secção sagital de um embrião (aproximadamente 16 dias). B, Secção de uma vilosidade coriônica secundária. C, Secção de um embrião implantado (aproximadamente 21 dias). D, Secção de uma vilosidade coriônica terciária. O sangue fetal nos capilares é separado do sangue materno que circunda as vilosidades pelo endotélio dos capilares, pelo tecido conjuntivo embrionário, pelo citotrofoblasto e pelo sinciciotrofoblasto. O primeiro arco faríngeo (arco mandibular) está nítido (Fig. 5-7). A maior parte do primeiro arco origina a mandíbula e a extensão rostral do arco, a proeminência maxilar, contribui para formação da maxila (maxilar superior). Resumo da quarta à oitava semana • No início da quarta semana, os dobramentos nos planos mediano e horizontal convertem o disco embrionário trilaminar achatado em um embrião cilíndrico, em forma da C. A formação da cabeça, da eminência caudal e das pregas laterais é uma sequência contínua de eventos que resultam na constrição entre o embrião e a vesícula umbilical. • Com a cabeça dobrando-se ventralmente, parte da camada endodérmica é incorporada na região da cabeça do embrião em desenvolvimento, como o intestino anterior. O dobramento da região da cabeça também resulta no deslocamento da membrana bucofaríngea e do coração ventralmente, tornando o encéfalo em desenvolvimento a parte mais cranial do embrião. • Com a eminência caudal dobrando-se ventralmente, parte da camada germinativa endodérmica é incoporada à extremidade caudal do embrião formando o intestino posterior. A parte terminal do intestino posterior se expande para formar a cloaca. O dobramento da região caudal também resulta no deslocamento da membrana cloacal, do alantoide e do pedículo de conexão para a superfície ventral do embrião. • O dobramento do embrião no plano horizontal incorpora parte do endoderma ao embrião formando o intestino médio. • A vesícula umbilical permanece unida ao intestino médio pelo estreito ducto onfaloentérico (pedículo vitelínico). Durante o dobramento do embrião no plano horizontal, o primórdio das paredes lateral e ventral do corpo são formadas. Como o âmnio se expande, envolve o pedículo de conexão, o ducto onfaloentérico e o alantoide, formando, assim, o epitélio de revestimento do cordão umbilical. • As três camadas germinativas se diferenciam em vários tecidos e órgãos, de modo que, ao final do período embrionário, já estão estabelecidos os primórdios dos principais sistemas de órgãos. • A aparência externa do embrião é grandemente afetada pela formação do encéfalo, do coração, do fígado, dos somitos, dos membros, das orelhas, do nariz e dos olhos. • Em função do início da formação das estruturas internas e externas mais essenciais ocorrerem durante a quarta semana, esse é o período mais crítico do desenvolvimento. O desenvolvimento de distúrbios durante esse período pode levar a grandes anomalias congênitas. • Estimativas razoáveis da idade dos embriões podem ser determinadas a partir da data do início do último período menstrual normal (UPMN), do momento estimado da fecundação, das medidas ultrassonográficas do saco coriônico e do embrião e pelo exame das características externas do embrião. Aparelho Faríngeo, Face e Pescoço O aparelho faríngeo é formado por arcos, bolsas, sulcos e membranas faríngeas (Fig. 9-1). Essas estruturas embrionárias iniciais contribuem para a formação da face e do pescoço. FIGURA 9-1 Aparelho faríngeo. A, Vista dorsal da parte superior de um embrião de 23 dias. B- D, Vistas laterais mostram o desenvolvimento posterior dos arcos faríngeos. E-G, Vista ventral ou facial mostra a relação entre o primeiro arco e o estomodeu. H, Secção horizontal através da região cranial de um embrião. I, Secção similar mostra os componentes do arco e do assoalho da faringe primitiva. J, Secção sagital da região cranial de um embrião mostra as aberturas das bolsas na parede lateral da faringe primitiva. Arcos faríngeos Os arcos faríngeos começam a se desenvolver no início da quarta semana, quando as células da crista neural migram para as futuras regiões da cabeça e do pescoço. O primeiro par de arcos, as mandíbulas primordiais, aparece como elevações superficiais laterais à faringe em desenvolvimento (Fig. 9-1A e B). Outros arcos logo aparecem como cristas emcada lado das futuras regiões da cabeça e pescoço (Fig. 9-1C e D). Ao final da quarta semana, quatro pares de arcos são visíveis externamente (Fig. 9-1D). O quinto e o sexto arco são rudimentares e não são visíveis na superfície do embrião. Os arcos faríngeos são separados pelos sulcos faríngeos (fendas). Como os arcos, os sulcos são numerados em uma sequência craniocaudal (Fig. 9-1D). O primeiro arco separa-se nas proeminências maxilar e mandibular (Fig. 9-2; Fig. 9-1E). A proeminência maxilar forma a maxila, o osso zigomático e uma porção do osso vômer. A proeminência mandibular forma a mandíbula e o osso temporal escamoso. Juntamente com o terceiro arco, o segundo arco (arco hioide) contribui para a formação do osso hioide. FIGURA 9-2 Fotografia de um embrião humano no estágio 13, com 4,5 semanas. Os arcos sustentam as paredes laterais da faringe primitiva, que se derivam da parte cranial do intestino anterior. O estomodeu (boca primitiva) inicialmente aparece como uma ligeira depressão do ectoderma superficial (Fig. 9-1D e G). Ele está separado da cavidade da faringe primitiva por uma membrana bilaminar, a membrana bucofaríngea, que é composta externamente por ectoderma e internamente por endoderma (Fig. 9-1E e F). Essa membrana rompe-se com aproximadamente 26 dias, fazendo com que a faringe e o intestino anterior se comuniquem com a cavidade amniótica. O revestimento ectodérmico do primeiro arco forma o epitélio oral. Destino dos Arcos Faríngeos Os arcos faríngeos contribuem extensivamente para a formação da face, das cavidades nasais, da boca, da laringe, da faringe e do pescoço (Figs. 9-3 e 9-25). Durante a quinta semana, o segundo arco aumenta e recobre o terceiro e o quarto arcos, formando uma depressão ectodérmica, o seio cervical (Figs. 9-2 e 9-7). Ao final da sétima semana, o segundo até o quarto sulcos faríngeos e o seio cervical desaparecem, dando ao pescoço um contorno liso. FIGURA 9-3 A, Desenho das regiões da cabeça, do pescoço e da porção torácica de um embrião com aproximadamente 28 dias de gestação mostra o aparelho faríngeo. Em detalhe, Fotografia de um embrião com aproximadamente a mesma idade do mostrado em A. B, Desenho esquemático mostra as bolsas e as artérias dos arcos. C. Secção horizontal através do embrião mostra o assoalho da faringe primitiva e a camada germinativa de origem dos componentes dos arcos. FIGURA 9-5 A, Vista lateral das regiões da cabeça, do pescoço e da porção torácica de um embrião com 4 semanas mostra os músculos derivados dos arcos faríngeos. A seta mostra o trajeto feito pelos mioblastos a partir dos miótomos occipitais para formar a musculatura da língua. B, Esboço das regiões da cabeça e pescoço dissecados de um feto de 20 semanas mostra os músculos derivados dos arcos. Partes dos músculos platisma e esternocleidomastóideo foram removidas para mostrar os músculos mais profundos. Os mioblastos do segundo arco migram do pescoço para a cabeça, onde eles originam os músculos da expressão facial. Esses músculos são supridos pelo nervo facial (nervo craniano VII), que é o nervo do segundo arco. FIGURA 9-7 Secções horizontais esquemáticas no nível mostrado na Figura 9-5. A ilustra os derivados adultos das bolsas faríngeas. A, Com cinco semanas, o segundo arco cresce sobre o terceiro e o quarto arcos, ocultando do segundo ao quarto sulco no seio cervical. B, Desenvolvimento com seis semanas. C, Com sete semanas, o timo, as glândulas paratireoide e tireoide em desenvolvimento migram para o pescoço (setas). Derivados das Cartilagens dos Arcos Faríngeos A extremidade dorsal da cartilagem do primeiro arco (cartilagem de Meckel) está intimamente relacionada com o desenvolvimento da orelha. No início do desenvolvimento, pequenos nódulos soltam-se da parte proximal da cartilagem e formam dois dos ossos da orelha média, o martelo e a bigorna (Fig. 9-4 e Tabela 9-1). A porção média da cartilagem regride, mas seu pericôndrio (membrana de tecido conjuntivo em torno da cartilagem) forma o ligamento anterior do martelo e o ligamento esfenomandibular. FIGURA 9-4 A, Vista lateral esquemática das regiões da cabeça, do pescoço e da porção torácica de um embrião com 4 semanas mostra a localização das cartilagens nos arcos faríngeos. B, Vista semelhante de um feto com 24 semanas mostra os derivados das cartilagens dos arcos. A mandíbula é formada pela ossificação intramembranosa do tecido mesenquimal ao redor da cartilagem do primeiro arco. A cartilagem atua como um molde para o desenvolvimento da mandíbula, não contribui diretamente para sua formação. Ocasionalmente, a ossificação da cartilagem do segundo arco pode se estender do processo estiloide ao longo do ligamento estilo-hióideo. Quando isto ocorre, isto pode causar dor na região da tonsila palatina. Resumo do aparelho faríngeo, face e pescoço • A faringe primitiva é limitada lateralmente pelos arcos faríngeos. Cada arco consiste em um núcleo de mesênquima coberto externamente pelo ectoderma e internamente pelo endoderma. O mesênquima original de cada arco é derivado do mesoderma. Mais tarde, células da crista neural migram para os arcos e são a principal fonte de componentes de tecido conjuntivo, incluindo cartilagem, osso e ligamentos das regiões oral e facial. Cada arco contém uma artéria, uma haste cartilaginosa, nervos e componente muscular. • Externamente, os arcos faríngeos são separados pelos sulcos faríngeos. Internamente, os arcos são separados por evaginações da faringe (bolsas faríngeas). Em que o ectoderma de um sulco entra em contato com o endoderma de uma bolsa, as membranas faríngeas são formadas. Os derivados adultos de vários componentes dos arcos faríngeos são resumidos na Tabela 9-1, e os derivados das bolsas são ilustrados na Figura 9-7. • Os sulcos faríngeos desaparecem, exceto para os do primeiro par, que persistem como meato acústico externo. As membranas faríngeas também desaparecem, exceto as do primeiro par, que se tornam as membranas timpânicas. A primeira bolsa faríngea forma a cavidade timpânica, o antro mastoide e a tuba faringotimpânica. A segunda bolsa faríngea está associada ao desenvolvimento da tonsila palatina. • O timo é derivado do terceiro par de bolsas faríngeas, e as glândulas paratireoides são formadas a partir do terceiro e quarto pares de bolsas. • A glândula tireoide desenvolve-se a partir de um crescimento para baixo do assoalho da faringe primitiva na região onde a língua se desenvolve. As células parafoliculares (células C) na glândula tireoide são derivadas de corpos ultimofaríngeos, que são derivados principalmente do quarto par de bolsas faríngeas. • Os cistos, seios e fístulas cervicais podem desenvolver-se de partes do segundo sulco faríngeo, o seio cervical, ou da segunda bolsa faríngea que falha para se obliterar. • Uma glândula tireoide ectópica resulta quando a glândula falha em descer completamente de seu local de origem na língua. O ducto tireoglosso pode persistir, ou os seus remanescentes podem formar cistos do ducto tireoglosso e massas de tecido tireóideo ectópico. Cistos infectados podem perfurar a pele e formar seios do ducto tireoglosso que se abrem anteriormente no plano mediano do pescoço. • Fenda do lábio superior é uma anomalia congênita comum. Embora frequentemente associada à fenda palatina, à fenda labial e à fenda palatina são etiologicamente defeitos distintos, que envolvem diferentes processos do desenvolvimento, que ocorrem em tempos diferentes. A fenda do lábio superior resulta da falha de massas mesenquimais de se fundirem nas proeminências nasais mediais e maxilares, enquanto a fenda palatina resulta da falha de massas mesenquimais nos processos palatinos de se encontrarem e se fundirem. A maior parte dos casos de fenda labial, com ou sem fenda palatina, é causada por uma combinação de fatores genéticos e ambientais(herança multifatorial). Resumo da placenta e das membranas fetais • A placenta consiste em duas partes: uma parte fetal maior derivada do córion viloso e uma parte materna menor derivada da decídua basal. As duas partes permanecem unidas pelas vilosidades coriônicas tronco que se aderem à capa citotrofoblástica ao redor do saco coriônico, que une o saco à decídua basal. • As principais atividades da placenta são metabolismo (síntese de glicogênio, colesterol e de ácidos graxos), trocas gasosas respiratórias (oxigênio, dióxido de carbono e monóxido de carbono), transferência de nutrientes (vitaminas, hormônios e anticorpos), eliminação dos produtos residuais e secreção endócrina (p. ex., hCG) para a manutenção da gestação. • A circulação fetal está separada da circulação materna por uma delgada camada de tecidos extrafetais, a membrana placentária. Essa membrana permeável permite que a água, o oxigênio, as substâncias nutritivas, os hormônios e os agentes nocivos passem da mãe para o embrião/feto. Os produtos excretados passam pela membrana placentária do feto para a mãe. • As membranas fetais e as placentas em gestações múltiplas variam consideravelmente, dependendo da origem do embrião e do tempo em que a divisão das células embrionárias ocorre. O tipo comum de gêmeos é o DZ, com dois âmnios, dois córions e duas placentas que podem ou não estarem fusionadas. • Os gêmeos monozigóticos, o tipo menos comum, representam aproximadamente um terço de todos os gêmeos; eles são derivados de um zigoto. Os gêmeos MZ normalmente têm um córion, dois âmnios e uma placenta. Gêmeos com um âmnio, um córion e uma placenta são sempre monozigóticos, e seus cordões umbilicais estão frequentemente emaranhados. Outros tipos de nascimentos múltiplos (p. ex., trigêmeos), podem ser derivados de um ou mais zigotos. • A vesícula umbilical e o alantoide são estruturas vestigiais; contudo, sua presença é essencial ao desenvolvimento embrionário normal. Ambos são sítios inicias de formação do sangue e ambos estão parcialmente incorporados ao embrião. Células germinativas primordiais também se originam na parede da vesícula umbilical. • O âmnio forma um saco amniótico com o líquido amniótico e fornece uma cobertura para o cordão umbilical. O líquido amniótico tem três funções principais: fornecer um tampão de proteção para o embrião/feto, prover espaço para os movimentos fetais e auxiliar na regulação da temperatura corporal fetal. FIGURA 7-4 Esquema de uma secção sagital de um útero de 4 semanas mostrando a relação das membranas fetais entre si, com a decídua e com o embrião. O âmnio e o córion liso foram cortados e refletidos para mostrar a relação entre eles e a decídua parietal. FIGURA 7-5 Esquema de uma secção transversal de uma placenta a termo, mostrando (1) a relação do córion viloso (parte fetal da placenta) com a decídua basal (parte materna da placenta), (2) a circulação placentária fetal, e (3) a circulação placentária materna. O sangue materno flui em jatos das artérias espiraladas para os espaços intervilosos. Observe que as artérias umbilicais transportam sangue fetal pobremente oxigenado (mostrado em azul) para a placenta e que a veia umbilical transporta sangue oxigenado (mostrado em vermelho) para o feto. Observe que os cotilédones estão separados uns dos outros pelos septos placentários, projeções da decídua basal. Cada cotilédone consiste em duas ou mais vilosidades-tronco principais e várias ramificações das vilosidades. Nesse esquema, somente uma vilosidade-tronco é mostrada em cada cotilédone, mas as bases daquelas que foram removidas estão indicadas.
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