Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Parecer Jurídico n.º 000/2021 
Processo n.º 0000000/2021 
Interessado: Empresa Ltda. 
Objeto: Licença Ambiental Previa 
Ementa: Licenciamento Ambiental em área suscetível a enchentes e 
inundações na perspectiva constitucional e infralegal. 
 
PARECER 
Trata-se de pedido de Licença Ambiental Prévia - LAP em área suscetível a 
enchentes e inundações na perspectiva constitucional e infralegal. Formulado 
por EMPRESA LTDA., como se verifica no presente Processo n.º 000/2021. 
Analisados os autos, os documentos exigidos para o empreendimento, a área 
em questão, os potenciais danos e impactos que o empreendimento pode 
gerar, tanto presentes quanto futuros, a área de entorno do terreno, as 
eventuais Áreas de Preservação Permanente, os recursos hídricos, flora e 
fauna da região, a Equipe Técnica da Fundação Municipal de Meio Ambiente 
manifestou-se, em síntese, da seguinte forma: 
O interessado apresentou todos os documentos necessários para a análise do 
Licenciamento Ambiental Prévio, inclusive Alvará de Licença da SUSP e 
Parecer Técnico SEPLAN [...]. Porém, nas plantas com o projeto da edificação, 
não foi respeitado o afastamento de 30 metros das margens dos canais e 
cursos d’água existentes na localidade, exigidos pela lei federal 4.771/1965, 
conforme consta na consulta de viabilidade fornecida pela SUSP. 
[...] Por meio da análise da topografia do terreno na base de dados 
disponibilizada pela Prefeitura Municipal, foi possível identificar que o 
empreendimento situa-se na exutória (ponto onde escoa toda a água drenada 
pela bacia) de confluência de dois canais de escoamento de águas pluviais, 
responsáveis pela drenagem de duas sub-bacias. 
Conforme as conclusões apontadas no estudo de drenagem apresentado no 
EAS, devido ao sub-dimensionamento dos canais de escoamento existentes no 
entorno do empreendimento, esta área é suscetível a enchentes, que tendem a 
ocorrer em períodos curtos, menores que 1 (um) ano. Assim, tornando-se 
necessário a adoção de medidas de controle para evitar possíveis 
alagamentos. 
Após, com o Parecer Técnico conclusivo, vieram-nos os autos, momento em 
que passamos a analisar. 
I- Os documentos apresentados para a LAP 
Conforme as considerações exaradas no Parecer Técnico, o 
interessado apresentou todos os documentos legalmente exigidos e 
necessários para a análise do Licenciamento Ambiental Prévio, 
inclusive Alvará da Secretaria de Serviços Públicos - SUSP, Parecer 
Técnico da Secretaria de Planejamento e de Desenvolvimento 
Urbano e Social - SEPLAN e Estudo Ambiental Simplificado – EAS, o 
qual foi considerado adequado para avaliação do corpo técnico da 
Fundação Municipal. 
 
II- O afastamento de 30 metros das margens de canais e cursos 
d’água - Preponderância da Lei Federal (norma-parâmetro) sobre 
a Lei Municipal (norma-local) 
De acordo com as conclusões do Parecer Técnico exarado pelo corpo técnico 
da Fundação Municipal do Meio Ambiente, nas plantas e projetos do 
empreendimento não foi respeitado o afastamento legal de 30 metros das 
margens dos canais existentes no terreno onde se pretende edificar, áreas 
estas consideradas pela legislação pátria como de Preservação Permanente. 
Efetivamente, partes do terreno a ser edificado estão localizadas junto a canais 
ou cursos d’água, áreas que sofrem proteção e restrições legais quanto ao uso 
e interferência do homem por diversos diplomas legais, entre eles a Lei Federal 
n.º 4.771/65, a Lei Federal n. 6.938/65, a Lei Federal n.º 10.257/01, o Plano 
Diretor do Município, entre outros. 
In casu, a questão da Área de Preservação Permanente – APP no terreno do 
interessado cinge-se a seguinte situação: deverá o interessado respeitar a 
margem de 30 metros do curso d’água, conforme dispõe o Código Florestal, lei 
federal que trata de normas e parâmetros gerais; ou deverá o interessado 
respeitar a margem de 15 metros do curso d’água, conforme dispõe o Plano 
Diretor do Município, uma lei municipal que trata de assuntos e interesses 
locais? 
A proteção ambiental é um dos valores basilares que inspiram o ordenamento 
jurídico brasileiro. A Legislação Ambiental, como um todo, é prevista num feixe 
de normas não codificadas ou consolidadas que regulamentam a Constituição 
Federal, disciplinando as diretrizes gerais a serem seguidas (art. 225 da CF), 
tendo o Código Florestal (Lei n.º 4.771/65 e suas alterações posteriores) e a 
Lei n. 6.938/65 sido recepcionados pela nova ordem jurídica trazida pelo 
constituinte originário de 1988. 
 
Em conformidade com os princípios de defesa do meio ambiental constantes 
na Constituição Federal, a Lei n.º 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio 
Ambiente), em seu art. 14, §1º, estabelece que: 
"Art. 14. [...] 
§ 1º Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o 
poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou 
reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua 
atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para 
propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio 
ambiente." 
A Lei n.º 4.771/65 (Código Florestal), do mesmo modo que a Lei n.º 6.938/65, 
também foi recepcionada pela nova ordem jurídica trazida pela Constituição 
Federal de 1988. Regulamentando a situação em análise. 
Desta forma, entende-se que o empreendimento só pode ser licenciado e 
autorizado pelo Município caso o interessado demonstre tecnicamente, de 
forma cabal, segura e eficiente, que a região onde pretende implantar seu 
empreendimento não apresentará riscos ao meio ambiente nem aos futuros 
adquirentes dos imóveis do empreendimento, e ainda, que as obras e soluções 
técnicas que pretende realizar ou efetuar corrigirão ou sanarão totalmente a 
ocorrência de enchentes, alagamentos e inundações no terreno, tendo em vista 
que a área escolhida para o empreendimento situa-se no exato ponto de 
confluência de canais responsáveis pela drenagem de duas sub-bacias 
hidrográficas do Município (exutória). 
Caso o interessado não promova as comprovações técnicas acima estipuladas, 
ou as promova de forma ineficaz ou inconclusiva, a Procuradoria Geral do 
Município se posiciona contra o empreendimento, com supedâneo nos 
princípios da precaução e prevenção, o qual se passará a discorrer no próximo 
item, que ora se avizinha. 
VI – Conclusões 
Ante todo o exposto, sintetizando o que foi abordado no presente parecer 
jurídico, a Procuradoria Geral do Município conclui e opina: 
1) Que o referido processo administrativo trata de pedido de Licença Ambiental 
Prévia, visando à implementação de um residencial com 11 (onze) blocos e 
264 (duzentos e sessenta e quatro) apartamentos, em terreno localizado em 
Área Mista de Serviços, em trecho urbano deste Município; 
2) Que o interessado apresentou todos os documentos legalmente exigidos e 
necessários para a análise do Licenciamento Ambiental Prévio - LAP; 
3) Que nas plantas e projetos do empreendimento apresentados pelo 
interessado não foram respeitados os afastamentos legais de 30 metros das 
margens dos canais existentes no terreno onde se pretende edificar, áreas 
estas consideradas de Preservação Permanente; 
4) Que deve o interessado, caso a municipalidade entenda por licenciar o 
empreendimento, respeitar a faixa de 30 metros de APP às margens dos 
canais e cursos d’água existentes no terreno a ser edificado, conforme dispõe o 
Código Florestal em seu art. 2º (Lei n.º 4771/65), assim como toda e qualquer 
outra área considerada de preservação ou de uso restrito; 
Boa Vist/RR, em 01 de MAIO de 2021.

Mais conteúdos dessa disciplina