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Direito civil - sucessões Antes de iniciarmos os estudos desse tema, é necessário compreendermos o fenômeno da morte, o Código Civil aborda diversas possibilidades de como esta poderá ocorrer, cabendo citar: • MORTE REAL (Art. 6º): Existe um “corpo morto” presente de fato, e será consagrada com a morte encefálica. • MORTE PRESUMIDA: SEM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA (Art. 7º): Não há um “corpo morto”, todavia, a morte é altamente provável devido às circunstâncias que ocorreram, como no caso de uma pessoa que possa estar em perigo de vida (uma catástrofe ou guerra); COM DECLARAÇÃO DE AUSÊNCIA: Há o desaparecimento da pessoa e ninguém sabe onde ela se encontra, ou se há risco de vida. • COMORIÊNCIA: Quando ocorre mortes simultâneas, não necessariamente no mesmo lugar, mas ao mesmo tempo; Diante desse contexto deve-se observar atentamente o Princípio da Saisine, a qual evidencia que abertura da sucessão se dá com a morte. Logo, ocorrendo o falecimento, abre-se a sucessão e transmite da herança. NÃO ESQUEÇA DO LEMA DA DISCIPLINA: O último suspiro do morto é o primeiro sorriso do vivo. Obs: DE CUJUS: de cujus successione agitur: aquele de cujo a sucessão se trata. Efeitos da morte Diante do exposto acima, observe que a morte produz diversos efeitos na esfera civil, colocando fim a pessoa natural, casamento, poder familiar, contratos personalíssimos etc. Todavia, o efeito mais importante para o estudo de sucessões, é o efeito gerador da herança. A herança é o conjunto patrimonial (envolve todos os bens móveis e imóveis, incluindo dívidas), deixado pelo falecimento de alguém, o autor da herança (falecido) é nomeado de “de cujus”. Portanto, a herança pode ser conceituada como o patrimônio deixado pelo morto, formado não só pelos bens materiais do falecido, mas também os seus direitos (créditos ou ações) e suas obrigações. A herança é considerada bem imóvel, além de bem indivisível, equivale a um condomínio, antes da partilha. FIQUE ATENTO: A legislação diz que todo esse conjunto de bens, tido como “herança”, é considerado como bem imóvel, mesmo que seja formado apenas por bens móveis, por esse motivo, um cônjuge não pode renunciar uma herança sem o consentimento do outro. CONFORME ANOTAÇÕES DO PROFESSOR: As Regras da sucessão seguirão as normas vigentes no momento da morte. Entretanto, as Regra da divisão dos bens deverão observar o momento do casamento ou da união estável. Abertura da sucessão O momento da abertura da sucessão é o da morte do “de cujus”. A morte natural é comprovada pela certidão passada pelo oficial. Nos demais casos, faz-se necessária uma decisão judicial. A abertura da sucessão tem as seguintes consequências: a) os herdeiros sucessíveis sobrevivos recebem, sem solução de continuidade, a propriedade e a posse dos bens do defunto (art. 1.784 do CC); a exceção se dá quanto ao legatário (aquele que recebe um bem certo por meio de testamento); nesse caso, desde a abertura da sucessão, a coisa passa a pertencer a este, salvo se pender condição suspensiva; porém, não se defere de imediato a ele a posse da coisa (art. 1.923, caput, e § 1º, do CC); b) faz iniciar o prazo de 2 meses para a instauração do inventário (art. 611 do NCPC). O momento da sucessão também é relevante para a aferição da lei aplicável a esta. No caso, o art. 1.787 do CC dispõe que regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo de sua abertura. Vale ressaltar que os princípios legais que regem a sucessão e a partilha não se confundem: a sucessão é disciplinada pela lei em vigor na data do óbito; a partilha deve observar o regime de bens e o ordenamento jurídico vigente ao tempo da aquisição de cada bem a partilhar. Quanto ao lugar, a sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido (art. 1.785 do CC). Modalidades sucessórias Diante do dito acima, analisa-se que a abertura da sucessão decorre da morte (encefálica/presumida), e de acordo com o Princípio de Saisine, a transferência dos bens aos herdeiros legítimos e testamentários ocorre imediatamente após a morte do falecido. Como o referido conjunto patrimonial (denominado herança) é transmitido automaticamente e no momento exato da morte, o processo de inventário será aplicado para dividir os bens igualmente entre os herdeiros. • SUCESSÃO LEGÍTIMA: Também chamada de modalidade “legal”, a divisão de bens decorrerá da própria lei, ela quem ditará as regras e como deverá ser feita a partilha. Ocorrerá quando não há testamento e existem herdeiros necessários (não se confunde com herdeiros legítimos) • SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: Decorre de uma manifestação de vontade do falecido, podendo ser feita por Testamento, Legado ou Codicilo, se não houver herdeiro necessário, poderá dispor de 100% da herança, mas se houver, somente poderá ser dividido por testamento um total de 50% dos bens. Importante saber separar herdeiros legítimo de necessários, nesta senda: HERDEIRO LEGÍTIMO HERDEIRO NECESSÁRIO DESCENDENTE DESCENDENTE ASCENDENTE ASCENDENTE CÔNJUGE CÔNJUGE COLATERAIS ATÉ 4º (irmãos, sobrinhos, tios e primos. - Ademais, insta esclarecer quem não tem capacidade para suceder as seguintes pessoas (art. 1.801 do CC): a) a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos. b) as testemunhas do testamento; c) o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos. d) o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento. Logo, são nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa (art. 1.802 do CC). HERANÇA Como mencionado anteriormente, a herança corresponde a um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros e, até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível e será regulamentada pelas normas relativas ao condomínio. Importante salientar também que, no conjunto que forma a herança podem ser encontrados tanto bens móveis e imóveis, quanto dívidas, uma vez que é composto por ativos e passivos. Qualquer dívida deverá ser paga pela própria herança e no limite da mesma (os herdeiros nunca pagarão dívidas deixadas pelo de cujus. Portanto, as características da herança são: • IMÓVEL • UNITÁRIO • INDIVISÍVEL • CONDOMÍNIO (até a partilha) APLICAÇÃO DAS LEIS SUCESSÓRIAS A lei aplicada à sucessão do falecido será aquela vigente na época do falecimento, portanto, admite-se a ultratividade da legislação (uma lei revogada poderá exercer efeitos). Por exemplo, se uma pessoa morreu no dia 10/05/2000 e a entrada no processo de inventário só venha a ocorrer no dia 20/10/2020, e nesse meio tempo houve uma alteração na legislação, será aplicada a lei vigente no dia 10/05/2000. O mesmo ocorre com o valor dos impostos cobrados para a transmissão dos bens (ITCMD), que serão os vigentes na época que os bens foram transferidos aos herdeiros (de acordo com o Princípio de Saisine, ocorrerá no momento da morte). ACEITAÇÃO OU RENÚNCIA DA HERANÇA Todo herdeiro deverá se manifestar sobre seu interesse sobre a herança, podendo ceder livremente sua quota parte (caso haja cessão, e novos bens são descobertos, estes não serão abrangidos). Como todos os bens da herança são tidos como um todo (até a partilha), um co- herdeiro não poderá fazer a cessão de bem individual. É ineficaz a cessão realizada com o autor da herança ainda vivo (não se admite inventário de pessoa viva), ademais, o co-herdeiro não poderá ceder sua quota a pessoa estranha se outro herdeiro tiver interesse na mesma. (Direito de Preferência). O Co-Herdeiro,a quem não tinha conhecimento da cessão, poderá, depositando o preço, tomar para si a quota cedida a estranho, se requerer em até 180 dias após a transmissão. Quando ocorre a morte, de maneira automática, a posse e propriedade dos bens do de cujus será transferida aos herdeiros imediatamente (por força do princípio de saisine). Depois de receber a posse/propriedade, cada herdeiro deverá se manifestar se aceita ou não a herança. 1.5.1 RENÚNCIA Trata-se da recusa em ficar com os bens da herança, e deverá ser realizada por instrumento público (cartório) ou termo judicial, possuindo caráter irrevogável e abrangendo o todo (não pode renunciar apenas um pedaço). Trata-se de um ato puro e não poderá ser feito com condições, devendo ser livre de encargos e embaraços. Nunca será tácita, devendo ser expressa. Assim, a renúncia da herança pode ser conceituada como o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro declara expressamente que não aceita a herança ou legado a que tem direito (art. 1.806 do CC). São requisitos da renúncia os seguintes: a) capacidade jurídica do renunciante; b) forma prescrita em lei: instrumento público ou termo judicial (art. 1.806 do CC); c) inadmissibilidade de condição ou termo (art. 1.808 do CC); d) não realização de ato equivalente à aceitação, já que a aceitação é irrevogável (art. 1.812 do CC); e) impossibilidade de repúdio parcial (art. 1.808 do CC). A renúncia da herança tem os seguintes efeitos: a) considera-se que a transmissão da herança não foi verificada (art. 1.804, parágrafo único, do CC); b) os herdeiros do renunciante não o representarão (art. 1.811 do CC); c) a parte do renunciante será acrescida à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da classe subsequente (art. 1.810 do CC); d) a renúncia é irrevogável (art. 1.812 do CC); e) se houve verdadeira renúncia, o renunciante não haverá de pagar imposto de transmissão de bens causa mortis; porém, se deu-se o nome de renúncia algo que, na verdade, é a cessão da herança para alguém, haverá de ser pago imposto de transmissão. 1.5.2 ACEITAÇÃO A aceitação da herança pode ser conceituada como o ato jurídico unilateral pelo qual o herdeiro, legítimo ou testamentário, manifesta livremente sua vontade de receber a herança ou o legado que lhe é transmitido. Uma vez aceita a herança, torna-se definitiva sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Por outro lado, quando o herdeiro renuncia à herança, a transmissão tem-se por não verificada (art. 1.804 do CC). Confira, agora, as espécies de aceitação: a) expressa: se resulta de manifestação escrita do herdeiro (art. 1.805 do CC); b) tácita: se resulta de comportamento próprio da qualidade de herdeiro (art. 1.805 do CC); por exemplo, pela tomada de providências, por parte do herdeiro, para fazer a cessão onerosa da herança; ou pela postura de cobrar devedores da herança; segundo o STJ, “o pedido de abertura de inventário e o arrolamento de bens, com a regularização processual por meio de nomeação de advogado, implicam a aceitação tácita da herança” (REsp 1.622.331- SP, DJe 14/11/2016); c) presumida: decorrente do silêncio do herdeiro após ser instado pelo juiz, provocado por interessado, após 20 dias da abertura da sucessão (art. 1.807 do CC); d) aceitação pelos credores: caso o herdeiro prejudique seus credores, renunciando a uma herança, os próprios credores poderão aceitar a herança, em nome do renunciante (art. 1.813 do CC); a habilitação dos credores se fará no prazo de 30 dias seguintes ao conhecimento do fato; pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros. O Código Civil estabelece as seguintes limitações à aceitação da herança: a) não se pode aceitar a herança parcialmente, sob condição ou a termo (art. 1.808 do CC); b) a aceitação é irrevogável (art. 1.812 do CC). O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia (art. 1.808, § 2º, do CC). Falecendo o herdeiro, antes de aceitar, essa prerrogativa passa aos seus herdeiros, salvo condição suspensiva pendente (art. 1.809 do CC). Se o herdeiro morre antes do advento da condição suspensiva ele não adquire o direito à herança, haja vista que a condição suspensiva não confere direito adquirido, mas apenas direito eventual. Assim, descabida a possibilidade de aceitação pelos herdeiros. RECAPITULANDO: a ACEITAÇÃO Torna definitiva a transmissão da herança e poderá ser: • TÁCITA: Não há um aceite formal, mas o herdeiro age e usa os bens como se dele fosse; • EXPRESSA: Há declaração escrita; • POR CREDORES: Se o herdeiro for devedor, o credor poderá aceitar a herança para quitar as obrigações; Possui caráter irrevogável e deve abranger o todo (não pode aceitar metade), devendo ser pura e simples, ou seja, livre de condições ou exigências. Excluídos da sucessão Convém expor que a própria Constituição assegura o direito à herança, e por força de lei, todo herdeiro necessário deverá receber herança. Mas existem algumas situações onde a pessoa é excluída da sucessão tratando-a como se fosse morta, trata-se de uma espécie de pena civil, a pessoa ainda estará viva mas será tratada como se tivesse morrido. Por razão subjetiva, o herdeiro é desprovido de moral para receber a herança, existem duas formas para isso acontecer: • INDIGNIDADE: Trata-se dos casos previstos no Art. 1814 do CC, somente será promovida por decisão judicial, e qualquer herdeiro possui legitimidade para pleitear a indignidade, a ação deverá ser proposta em até 04 anos após a morte (transmissão dos bens). Nessa lógica, a exclusão da sucessão por indignidade pode ser conceituada como a pena civil que priva do direito à herança herdeiros ou legatários que cometerem atos graves contra o autor da herança ou pessoa próxima a ele, taxativamente enumerados em lei. Tal exclusão opera-se da seguinte maneira: a) verifica-se se um herdeiro ou legatário cometeu algum dos atos que a lei considera de indignidade enquanto o autor da herança era vivo; b) os legitimados devem ingressar com ação judicial visando a que o juiz reconheça a indignidade e aplique a pena, no prazo previsto na lei. Repare que o autor da herança não tem participação alguma no processo de exclusão do indigno da herança. Diante disso, observe atentamente as causas para requerer essa instituição são: → AUTORES, COAUTORES OU PARTÍCIPES DE HOMICÍDIO DOLOSO (TENTADO) CONTRA AUTOR DA HERANÇA, COMPANHEIRO, ASCENDENTE OU DESCENDENTE - É o mesmo caso da Suzane Richthofen, nesse caso o MP também tem legitimidade para entrar com a ação de exclusão; → AUTORES DE CRIMES CONTRA A HONRA DO AUTOR DA HERANÇA, CÔNJUGE/COMPANHEIRO; → UTILIZAR DE VIOLÊNCIA OU MEIOS FRAUDULENTOS PARA IMPEDIR O AUTOR DA HERANÇA DE DISPOR DE SEUS BENS. Quanto à declaração jurídica de indignidade, esta não opera de pleno direito, devendo ser declarada por sentença proferida em ação ordinária. A legitimidade para propor essa ação é daquele que tiver legítimo interesse. • DESERDAÇÃO: Trata-se de uma manifestação do autor da herança e será feito diretamente no testamento, somente herdeiro necessário poderá ser considerado deserdado. Terá o prazo de 04 anos contados a partir da abertura do testamento para comprovar os fatos, as causas são: → OFENSA FÍSICA - (A/B) → INJÚRIA GRAVE - (A/B) → RELAÇÕES ILICITAS (INCESTO) - (A/B) → DESAMPARO FAMILIAR - (A/B) → ALIENAÇÃO PARENTAL - (A/B) → DESAMPARO DE PARENTE COM DEFICIÊNCIA MENTAL - (A) → “A” - MOVIDA DE ASCENDENTE CONTRA DESCENDENTE; → “B” - MOVIDA DE DESCENDENTE CONTRA ASCENDENTE; A deserdação só atinge os herdeiros necessários, ao passo que a exclusão por indignidadeatinge qualquer herdeiro ou legatário. A deserdação deve ser feita por testamento, o qual é obrigado a expor expressamente a declaração da sua causa (art. 1.964 do CC). Além disso, o interessado deverá ingressar com ação para provar a causa da deserdação, no prazo de 4 anos, a contar da data da abertura do testamento. NÃO ESQUEÇA: Nas duas hipóteses poderá ocorrer o perdão (art. 1818), deve ser expressa, escrita (em testamento ou documento autêntico), a reabilitação (assim chamado o instituto do perdão) é irrevogável e irretratável. Ademais, no caso da deserção, um novo testamento anulará a mesma se for expressamente escrita. RECAPITULANDO: A Exclusão de herdeiro será por sentença e deverá ser proposta ação no prazo de 4 anos da abertura da sucessão. Em caso dos homicídios, o MP tem legitimidade para propor ação. Se a exclusão for posterior a divisão, o excluído deverá devolver os frutos. Descontados os gastos de preservaçao dos bens. A sentença reconhece o herdeiro como INDIGNO. Convém expor que indignidade é diferente de deserdação. Deserdação é a manifestação do autor da herança no testamento. Somente aplica-se aos herdeiros necessários. INVENTÁRIO O inventário é uma ação judicial para realizar a partilha dos bens entre os herdeiros e, deverá ser proposta em até 2 meses após a abertura da sucessão (morte), se demorar para dar entrada com esse processo, poderá ser aplicado multa fiscal (Súmula 512 do STF). Ocorrida a morte, antes do inventário ser proposto (onde se designará o inventariante), a administração dos bens será feita pelo administrador provisório, que caberá sucessivamente ao: • CÔNJUGE OU COMPANHEIRO: Se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; • AO HERDEIRO QUE ESTIVER NA POSSE E ADMINISTRAÇÃO DOS BENS; • SE HOUVER MAIS DE UM NESSAS CONDIÇÕES, CABERÁ AO MAIS VELHO; • AO TESTAMENTEIRO; • PESSOA DE CONFIANÇA DO JUIZ. VOCAÇÃO HEREDITÁRIA Trata-se de quem pode ser herdeiro, aqueles que possuem legitimidade para herdar, podem ser: • PESSOAS NASCIDAS: • CONCEBIDOS/ EMBRIÕES CONGELADOS É necessário que todos estejam vivos (ou concebidos no ventre) no momento da morte, o embrião congelado é o óvulo já concebido, então pode requerer sua parte na herança. Na sucessão testamentária, a herança poderá ser partilhada para os filhos não concebidos (conceptivos), pessoas jurídicas e criação de pessoa jurídica, mas não pode para aqueles elencados no 1801 (qualquer pessoa ligada a criação do testamento, ou seja, qualquer pessoa do cartório). SUCESSÃO LEGÍTIMA Regida por regras legais de partilha e será aplicada quando houver o falecimento “ab intestato”, ou seja, sem testamento. E também caberá se tiver testamento, todavia, existem herdeiros necessários (descendente, ascendente e cônjuge/companheiro). Algumas regras são: I.Todo herdeiro necessário é herdeiro legítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário (a exemplo dos colaterais até o 4º grau). II.Não havendo herdeiro necessário, pode ter um testamento de 100% do patrimônio; III.Havendo herdeiro necessário, pode-se testar até 50% do patrimônio. Lembre-se que são herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge (art. 1.845 do CC). Repare que o companheiro não é considerado herdeiro necessário. Os herdeiros necessários têm uma vantagem, qual seja: pertence a eles, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima. Calcula-se a legítima sobre o valor dos bens existentes na abertura da sucessão, abatidas as dívidas e as despesas do funeral, adicionando-se, em seguida, o valor dos bens sujeitos a colação (art. 1.847 do CC). A legítima, a princípio, não pode ser gravada pelo autor da herança. Todavia, se houver justa causa, declarada no testamento, pode o testador estabelecer cláusula de inalienabilidade, impenhorabilidade e de incomunicabilidade sobre os bens da legítima (art. 1.848 do CC). Mediante autorização judicial e havendo justa causa, podem ser alienados os bens gravados, convertendo-se o produto em outros bens, que ficarão sub-rogados nos ônus dos primeiros. ORDEM DE VOCAÇÃO HEREDITÁRIA Ordem de entrega da herança, o Art. 1829 consagra que a sucessão se defere na seguinte ordem (por se tratar de ordem, só descerá para a próxima categoria se não houver a anterior): 1. DESCENDENTES (as vezes em concorrência com o cônjuge/companheiro); 2. ASCENDENTES ( em concorrência com o cônjuge/companheiro); 3. CÔNJUGE OU COMPANHEIRO (receberá sozinho em qualquer regime); 4. COLATERAIS ATÉ 4º O Art. 1829 diz que a herança será deferida aos descendentes em concorrência com o cônjuge ou companheiro sobrevivente, salvo se casado na comunhão universal, separação obrigatória de bens ou na comunhão parcial de bens sem bens particulares. Ademais, de acordo com o art. 1.829 do Código Civil, a sucessão legítima defere-se na seguinte ordem: I. aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente. Porém, estão fora da primeira classe os seguintes cônjuges sobreviventes: a) casados sob o regime da comunhão universal; b) casados sob o regime da separação obrigatória de bens (separação legal, e não a separação convencional); c) casados sob regime da comunhão parcial, quando o autor da herança não houver deixado bens particulares; DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS A seguir, analisaremos o testamento, cujo conceito se resume em uma forma de manifestação de vontade, podendo ser entendido como um negócio jurídico unilateral e personalíssimo e revogável (reconhecimento de filho é irrevogável), na qual o testador dispõe seu patrimônio com efeitos sendo gerados após sua morte. A testificação é uma das faculdades resultantes do direito de propriedade (trata-se da vontade/direito de dispor do bem). Assim, analise quais são características do testamento as seguintes: a) é personalíssimo: ou seja, não pode ser feito por procurador; b) é negócio jurídico unilateral, ou seja, aperfeiçoa-se com única declaração de vontade; c) é proibido o testamento conjuntivo ou de mão comum ou mancomunado, já que a lei veda o pacto sucessório, tendo em vista a revogabilidade do testamento; d) é negócio jurídico solene, gratuito, revogável, causa mortis (só tem efeito após a morte do testador). Quanto à capacidade para testar, é conferida aos plenamente capazes e aos maiores de 16 anos, sem necessidade de assistência. O testamento, além de transferir os bens após a morte do testador, também poderá estabelecer algumas questões extrapatrimoniais, a saber: • Reconhecimento de paternidade; • Constituição da Fundação (Art. 62); • Instituição de bem de família convencional (Art. 1711); • Testamento Genético - Reprodução após a morte • Testamento Ético - Valores e ensinamentos; • Testamento - Técnica de criogenização corporal; • Testamento afetivo - memória digital. QUEM PODE ELABORAR TESTAMENTO De acordo com o Art. 1857, qualquer pessoa capaz pode elaborar testamento, sendo compreendido a capacidade plena (capacidade de direito + capacidade de fato), de forma geral pode ser testador: 1. PESSOA CAPAZ 2. PESSOA QUE POSSUI DISCERNIMENTO 3. MENOR PÚBERE (16 A 18 ANOS) - Por mais que, nesse caso, o menor não tenha capacidade plena e seja relativamente incapaz, este ainda poderá fazer testamento mesmo sem a representação de seus pais. Uma questão importante é saber que, se uma pessoa faz um testamento e logo em seguida se torna relativamente incapaz por qualquer que seja o motivo, a sua incapacidade atual não invalidará o testamento já feito. Todavia, se uma pessoa era incapaz quando fez o testamento e se tornou capaz depois, esse testamento não será válido. Resumindo, deve-se observar a capacidade no momento da feitura do testamento. MODALIDADES DE TESTAMENTOS O testamento pode ser feito de forma: • ORDINÁRIA - Que compreende: → PARTICULAR: Feito manualmente apróprio punho (precisa de 3 testemunhas) ou de forma mecânica (sem espaço em branco ou rasura, precisa de 3 testemunhas), não possui formalidade, por isso essa modalidade ainda encontra grande questionamento quanto a validade da vontade do autor da herança; → CERRADO: Feito pela pessoa e levado ao Cartório, para ser “costurado”, sua diferença é que só será aberto após a morte do testador; → PÚBLICO: Feito em cartório, escrito pelo tabelião e registrado no livro de notas, lido em voz alta pelo tabelião ao testador e 2 testemunhas, possui grande segurança jurídica. • ESPECIAL - Que compreende: → MARÍTIMO → AERONÁUTICO → MILITAR PROIBIÇÃO DO TESTAMENTO É proibido que o testamento seja conjuntivo (2 ou mais pessoas fazendo o mesmo testamento), Simultâneo (2 testadores no mesmo negócio beneficiando terceiro), Recíproco (2 testadores se beneficiando no mesmo ato) ou Correspectivo (Disposições de retribuição mútua). Em caso de vício de vontade (erro, dolo ou coação), será passível o requerimento de anulação, todavia são convalidados com o tempo, se ninguém arguir vício, ele se tornará válido, se houver alguma nulidade absoluta o prazo para impugnar é a qualquer tempo, não ensejando prescrição. Logo, são anuláveis as disposições testamentárias inquinadas de erro, dolo ou coação. Extingue-se em quatro anos o direito de anular a disposição, contados de quando o interessado tiver conhecimento do vício. Instituto importante em matéria de sucessão testamentária é o do legado. Este pode ser conceituado como a coisa certa e determinada deixada a alguém (legatário), por testamento ou codicilo. O legado pode ser de coisas, crédito, quitação de dívida, alimentos, usufruto, imóvel, dinheiro, renda ou pensão vitalícia. A aquisição do legado é diferente da regra geral da aquisição da herança, que se dá com a saisine. Isso porque, aberta a sucessão, o legatário adquire apenas a propriedade de coisa, se esta for coisa certa, existente no acervo. No entanto, se tratar de coisa incerta (escolhe-se a de qualidade média), só adquire essa coisa quando da partilha. Quanto à posse, o legatário não tem como exigi-la imediatamente. Poderá apenas pedi-la aos herdeiros, que verificarão quanto à possibilidade, não podendo obtê-la por sua própria autoridade. Os frutos, todavia, pertencem ao legatário desde a morte do testador, salvo o de dinheiro, que decorre da mora. Outro tema relevante na sucessão testamentária é o da caducidade. Segundo o Código Civil, um testamento deixa de produzir efeitos pela nulidade, pela revogação ou pela caducidade, que se dá pela falta do objeto (modificação substancial feita pelo testador, alienação da coisa, evicção ou perecimento) ou pela falta do beneficiário (por exclusão, renúncia, falta de legitimação ou morte – não há direito de representação). Outro tema relevante é o da revogação do testamento. Segundo o art. 1.969 do Código Civil, “o testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito.” Dessa forma, o testamento deve ser revogado por outro testamento. A revogação pode ser das seguintes espécies: a) expressa (ou direta); b) tácita ou indireta (ex.: o novo testamento tem disposições incompatíveis com o anterior); c) total; d) parcial; e) real (quando o testamento cerrado ou particular for destruído com o consentimento do testador). Já o rompimento do testamento consiste na ineficácia deste pelo fato de o testador não ter conhecimento da existência de herdeiros necessários seus, quando da elaboração do testamento. O art. 1.973 do Código Civil dispõe que “sobrevindo descendente sucessível ao testador, que não o tinha ou não o conhecia quando testou, rompe-se o testamento em todas as suas disposições, se esse descendente sobreviver ao testador”. Inventário e partilha Inventário e partilha O inventário e a partilha visam à divisão dos bens deixados pelo “de cujus”. Para tanto, procede-se à apuração do quinhão de cada herdeiro, seguindo-se à partilha de bens. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. Porém, se todos forem capazes e concordes, poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. RECAPITULANDO: o INVENTÁRIO é um Procedimento para realizar a divisão da herança, que poderá ser consensual, judicial, litigioso, extrajudicial. Logo, quando envolver menores ou incapaz deverá ser judicial. Entretanto, o TJSP e outros estão permitindo o extrajudicial quando fr consensual, mas impõe condições para preservar os interesses dos menores. • Ainda sobre o inventário memorize: • A escolha do Judiial ou Extrajudicial quando for consesual é de escolha dos herdeiros. • Em regra deverá haver 1 inventariante (Pablo Stolze publicou um artigo defendendo a pluralidade de inventários). 1. Ordem dos Herdeiros: 2. Descendentes; 3. Ascendente; 4. Cônjuge 5. Colaterais • Renúncia não é possível; • direcioná-la a outra pessoa • Renúncia parte renunciada vai para renunciada vai para os demais herdeiros em partes iguais. • Antecipação de herança acrescenta o valor total. • Acrescenta no valor total, caso seja superior a parte • Antecipada com relação a quota hereditária, haverá o dever de devolver o excedente. • Exclusão da herança equivae a um premorto. • Dívida do falecido não transmite aos herdeiros. NÃO ESQUEÇA: A HERANÇA JACENTE ocorre quando alguém falece não deixando testamento, nem cônjuge sobrevivente e nem parente conhecido para sucedê-lo. O pedido para declaração da herança jacente, deverá ser formulado pela Fazenda Pública, Ministério Público e/ou interessado por meio de advogado, instruído com a certidão de óbito. • Herdeiros não aceitam a herança. • Herdeiros foram considerads indignos. • herança jacente é uma fase provisória na busca de herdeiros para haver a destinação dos bens. • Dura 1 anos após editar de chamamento de possíveis herdeiros para se habiitar. • Não localizando, a herança é declarada vacante. • Há de se aguardar um prazo de 5 anos da abertura da sucessão para tornar a herança bens públicos.