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Solução de conflitos jurídicos

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SOLUÇÃO DE 
CONFLITOS 
JURÍDICOS
Martha Luciana 
Scholze
 
Legitimidade estatal para 
tratar conflitos, crises da 
jurisdição e teoria dos jogos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir jurisdição.
  Analisar a legitimidade do Estado para resolver conflitos.
  Aplicar a teoria dos jogos na resolução de conflitos.
Introdução
Uma crise de Estado atinge a jurisdição devido ao grande volume de 
processos e demandas judiciais que abarrotam as estruturas e, com isso, 
tornam cada vez mais moroso o processo decisório de um litígio. Várias 
são as questões que devem ser levadas em conta para a discussão dessa 
crise, como o alto número de recursos que podem ser interpostos, o alto 
valor de uma ação judicial e a falta de pessoal para conduzir o trâmite do 
processo. Devemos considerar, também, outros mecanismos de solução 
de conflitos, como a mediação, a arbitragem e a conciliação. O Poder 
Judiciário está sobrecarregado de demandas, e cada vez mais surgem 
novas categorias de direitos e de sujeitos capazes de pleiteá-los.
Neste capítulo, você vai estudar a jurisdição e a sua crise na moder-
nidade, vai analisar a legitimidade do Estado para resolver conflitos e a 
aplicação da teoria dos jogos na resolução dos conflitos.
Jurisdição e a sua crise na modernidade 
As considerações sobre a jurisdição e as suas crises, criadas e fomentadas a 
partir da globalização cultural, política e econômica, são consequências da 
crise estatal. Nascida de um processo de enfraquecimento do Estado, a crise 
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se transfere para todas as suas instituições, pois o Direito que conhecemos 
e aplicamos é imposto pelo Estado porque os seus textos são escritos pelo 
Legislativo e as suas normas são aplicadas pelo Judiciário.
Deve-se discutir a tão aclamada crise da jurisdição a partir da crise do 
Estado, observando a sua gradativa perda de soberania, a sua incapacidade de 
dar respostas céleres aos litígios atuais e de tomar as rédeas do seu destino, e 
a sua fragilidade nas esferas Legislativa, Executiva e Judiciária. Enfim, a sua 
quase total perda na exclusividade de dizer e aplicar o Direito. Para Morais 
e Spengler (2018), em decorrência das pressões centrífugas da desterritoria-
lização da produção e da transnacionalização dos mercados, o Judiciário, 
enquanto estrutura fortemente hierarquizada, fechada, orientada por uma 
lógica legal-racional, submissa à lei, torna-se uma instituição que precisa 
enfrentar o desafio de alargar os limites da sua jurisdição, modernizar suas 
estruturas organizacionais e rever seus padrões funcionais, para sobreviver 
como um poder autônomo e independente. 
Em termos de jurisdição, os limites territoriais do Judiciário, até então 
organizados de modo preciso, têm seu alcance diminuído na mesma proporção 
que as barreiras geográficas vão sendo superadas pela expansão da informática, 
das comunicações e dos transportes. Quanto maior a velocidade do processo 
de interação, mais o Judiciário é atravessado pelas justiças emergentes. O 
Poder Judiciário, até então estruturado para atuar sob a égide dos códigos, 
tem prazos e ritos que não são mais compatíveis com a multiplicidade das 
informações. O tempo da economia globalizada é o real, isto é, o tempo da 
simultaneidade, diferente do tempo do processo judicial.
Diante de tais circunstâncias, a jurisdição se torna alvo de uma preocupação 
constante voltada para a aplicação do Direito e, principalmente, da estrutura 
funcional necessária para sua realização. Contudo, a estrutura funcional 
do Estado, que deveria possibilitar a realização da jurisdição, também se 
encontra em crise. Demonstrada a incapacidade do Estado de monopolizar 
a aplicação do Direito, tende-se a desenvolver procedimentos jurisdicionais 
alternativos, como a arbitragem, a mediação, a conciliação e a negociação, 
almejando alcançar celeridade na resolução dos conflitos.
Assim, as crises da Justiça fazem parte de um quadro cada vez mais lo-
tado de problemas que necessitam de solução, tendo-se como paradigma a 
continuidade da ideia do Estado de Direito como sendo o instrumento apto, 
eficaz e indispensável para o tratamento pacífico dos litígios.
Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos2
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Devemos entender essa crise sob algumas perspectivas:
1. No que diz respeito ao seu financiamento, infraestrutura de instalações, 
pessoal, equipamentos, custos (que não dizem respeito apenas aos 
valores de custas judiciais e honorários, por exemplo) efetivamente 
despendidos, como também ao que podemos chamar de custo diferido, 
que se reflete em razão do alongamento temporal das demandas. É o 
que denominamos crise estrutural.
2. No que diz respeito a aspectos pragmáticos da atividade jurídica, englo-
bando questões relativas à linguagem técnico-formal utilizada nos ritos 
e trabalhos forenses, à burocratização e à lentidão dos procedimentos 
e ao acúmulo de demandas; é o que chamamos de crise objetiva, ou 
pragmática.
3. No que se vincula à incapacidade tecnológica de os operadores jurí-
dicos tradicionais lidarem com novas realidades fáticas que exigem 
não apenas a construção de novos instrumentos legais, mas também 
a reformulação das mentalidades. Um mecanismo lógico-formal não 
atende às soluções buscadas para os conflitos contemporâneos, em 
particular aqueles que envolvem interesses transindividuais. É a crise 
que chamamos de subjetiva, ou tecnológica.
4. No que diz respeito, em particular, aos métodos e conteúdos utilizados 
pelo Direito para a busca de um tratamento pacífico para os conflitos, 
a partir da atuação prática do Direito aplicável ao caso sub judice. O 
que se percebe aqui é a interrogação acerca da adequação do modelo 
jurisdicional para atender às necessidades sociais, em razão do conteúdo 
das demandas, dos sujeitos envolvidos, ou ainda dos instrumentos, como 
os costumes e a equidade. É a crise paradigmática.
Tais constatações permitem que se coloque em pauta o problema da efe-
tividade da prestação jurisdicional, buscando estratégias para o caráter cada 
dia mais insuficiente das respostas dadas aos conflitos pelo Estado. Deve-se 
salientar, também, que as crises por que passa o modelo estatal de jurisdição 
refletem não apenas questões de natureza estrutural, frutos da escassez de 
recursos, mas também inadaptações de caráter tecnológico, isto é, os aspectos 
relacionados às deficiências formativas dos operadores jurídicos. Esses aspec-
tos inviabilizam o trato de um número cada vez maior de demandas, de uma 
complexidade cada vez mais aguda de temas que precisam ser enfrentados, 
e da multiplicação de sujeitos envolvidos nos polos das relações jurídicas. 
3Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos
C02_Legitimidade_estatal_conflitos.indd 3 27/06/2018 17:06:27
A mediação é um método alternativo, em que não há adversários, consistindo apenas na 
intermediação de uma pessoa distinta das partes, que atuará na condição de mediador, 
favorecendo o diálogo direto e pessoal. O mediador facilita a comunicação sem induzir 
as partes ao acordo, e, se este ocorre, apresenta-se a total satisfação dos mediados. 
Um exemplo é o uso da mediação em na solução de conflitos familiares. Com o 
intuito de desafogar o Poder Judiciário devido ao grande número de ações, muito se 
tem se utilizado da mediação para resolver conflitos de família (questões de guarda de 
filhos, separação, pagamento de pensão, etc.). A mediação vem para aliviar a demanda 
de processos e tentar amenizar a crise pela qual o Poder Judiciário vem passando.
Legitimidade do Estado para resolver conflitos
Antes de falarmos da legitimidade do Estado, precisamos entender o conceito 
de legitimidade. O conceito de legitimidade é, por muitos, entendido como 
aquilo que é legal, ou que está deacordo com a lei; porém, o conceito de 
legitimidade não está apenas vinculado com a legalidade. O conceito é bem 
mais amplo. A ideia de legitimação decorre da noção de validade ou adequação 
do exercício do poder político, o qual, por sua vez, pode ser entendido como 
a capacidade de alteração de condutas ou de provocação de efeitos em uma 
dada coletividade. 
Em nosso ordenamento jurídico, o titular do poder político é o povo 
(parágrafo único do art. 1º da Constituição Federal de 1988), e este atribui ao 
Estado a capacidade de criar e impor condutas, mediante seus órgãos, enti-
dades e agentes. Será, portanto, legítimo o exercício desse poder pelo Estado 
se realizado de forma a ser considerada válida pelo titular do poder político, 
o povo. Importante saber que a ideia de legitimidade não deixa de estar ligada 
à noção de legalidade, pois há uma presunção de que o povo já autorizou o 
Estado a fazer leis e a impô-las ao grupo social. Há uma presunção ou, pelo 
menos, uma tendência de legitimidade nos atos praticados conforme a lei.
Essa presunção se faz presente nas leis criadas pelo Estado, que são tidas 
por constitucionais, e nos atos administrativos, que são tidos por válidos e, 
portanto, legítimos, desde que praticados de acordo com a lei. Porém, aqui a 
legitimidade supera a simples noção de legalidade, pois o exercício do poder 
político por meio das funções legislativa, executiva e jurisdicional deve se dar 
de forma a ser acatada como válida pelo povo. Legitimidade tem relação não 
com a legalidade em si, mas com a aceitação popular.
Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos4
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A vontade do povo está formalmente consubstanciada na Constituição, 
sendo esta inicialmente a pauta de validade ou de legitimidade do exercício 
do poder político pelo Estado. Todos os atos praticados pelo Estado devem 
guardar conformidade com a Constituição (legalidade), sob pena de não 
serem válidos, pois em tese se afastariam da vontade do povo (legitimidade). 
Assim, à medida que as relações sociais foram se sofisticando, o Estado 
passou a chamar para si o monopólio da jurisdição, afastando na mesma medida 
a Justiça Privada, pois leva em conta o que foi decidido e a vontade do povo. 
O Direito Privado, que até então era o meio apto usado para a execução do 
Direito ou do interesse lesado, não é mais aceito.
Desde então, o Estado, que tem legitimidade para exercer o poder político, 
vem transformando o Direito e passando a ter papel fundamental no dia a 
dia das pessoas, assumindo funções e tarefas novas e ampliadas, montando 
estruturas burocráticas para concretizar as demandas a ele dirigidas. Por 
outro lado, o Direito, desenvolvido e inserido em uma sociedade de massas, 
que busca resolver seus intrincados e sempre emergentes conflitos, sofre os 
reflexos do crescimento estatal, pois, embora tenhamos um número crescente 
de dispositivos legais, somos carentes de uma teoria jurídica apta a responder 
tais pretensões da sociedade moderna.
A atuação do Estado conforme o ordenamento jurídico, respeitando a 
hierarquia das normas, garante a noção de legalidade (em sentido amplo), 
e, conforme visto, a atuação conforme a lei (Constituição) insinua a legi-
timidade. Porém, ainda que um ato seja legal, pode ocorrer de o mesmo 
não ser mais aceito pelo povo, o que implicaria em o ato ser legal, mas 
não ser legítimo. Do mesmo modo, a legitimidade se relaciona à aceitação 
ou à aprovação por parte do povo (titular do poder) do exercício do poder 
político por meio do Estado, e não exatamente à prática de atos de acordo 
com o ordenamento jurídico.
Assim, quando se fala do poder do Estado para resolver os conflitos, não 
podemos separá-lo da crise do Estado, pois esse tema está intrinsicamente 
ligado à crise da Justiça e do próprio Direito. Quando se fala em repensar as 
funções estatais diante dessas crises, automaticamente essa reflexão se projeta 
sobre o braço ordenador do Estado: o Direito. Nesse sentido, para Morais 
e Spengler (2018), o conflito entre as condições existenciais e as normas 
jurídicas vigentes propicia a perda da confiança nas soluções normatizadas, 
gerando a crise do Direito. A crise do Direito, como a crise das instituições, 
relaciona-se com a inadequação da ordem jurídica às exigências de Justiça, 
com crescente insatisfação.
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Em tempos modernos, o Poder Judiciário é assolado por uma crise, na qual o mesmo 
tenta reagir e neutralizá-la. Entretanto, o Estado tem o dever de prestar a jurisdição a 
todos e de instituir mecanismos judiciários equipados e suficientes ao atendimento 
dos conflitos sociais. Com o surgimento de inúmeras demandas, e diante da crise já 
instaurada na jurisdição, a crise se grava devido à morosidade, à lentidão processual 
e à incapacidade dos operadores jurídicos tradicionais de trabalharem com as novas 
realidades, tanto legais como para resolução de conflitos contemporâneos.
Aplicação da teoria dos jogos na resolução 
de conflitos 
A teoria dos jogos consiste em especulações de como o oponente atuará, para 
que se trace uma estratégia em determinado jogo. Na formulação original de 
estudiosos, um competidor utiliza essa estratégia para obter o melhor resultado, 
necessariamente implicando na derrota do seu oponente em um jogo. Para 
Deutsch (1973), a chave do confl ito é a incompatibilidade entre as atividades 
e foge das perspectivas tradicionais de abordagem do confl ito, como disputa 
pelo poder e riqueza, tidos como recursos escassos.
Para Almeida (2003), enquanto alguns estudiosos partiam da ideia de 
competição, outro introduziu o elemento cooperativo na teoria dos jogos. 
Foi a chamada revolução de Nash. A ideia de cooperação não é totalmente 
incompatível com o pensamento de ganho individual, já que a cooperação traz 
a noção de que é possível maximizar ganhos individuais cooperando com o 
adversário. Não é uma ideia ingênua, pois, em vez de introduzir somente o 
elemento cooperativo, traz dois ângulos pelos quais o jogador deve pensar ao 
formular a sua estratégia: o individual e o coletivo. Se todos fizerem o melhor 
para si e para os outros, todos ganham.
A chamada revolução de Nash se originou na possibilidade de as partes 
envolvidas em uma disputa poderem lucrar mutuamente. Projetado para jogos 
não cooperativos, o equilíbrio de Nash pode ser otimizado se aplicado em 
jogos cooperativos. Para ilustrar o equilíbrio, criou-se um problema chamado 
dilema do prisioneiro: em uma situação hipotética, dois prisioneiros (A e 
B), sem provas que os possam condenar, são interrogados pelas autoridades 
competentes e lhes são propostas algumas opções, individualmente: 
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1. se A testemunha contra B, e vice-versa, aquele que testemunha é liberado 
e o outro é condenado a 3 anos; 
2. se A e B aceitam o acordo e testemunham um contra o outro, ambos 
são condenados a 2 anos; 
3. se ambos rejeitam o acordo, a pena é de 1 ano para cada. 
Ora, sabendo-se que os prisioneiros não tiveram contato prévio e que as 
decisões são simultâneas, cada um deles deve agir racionalmente, com base 
na inferência do que o outro fará. Para se obter o melhor resultado, ambos 
devem rejeitar o acordo. Do ponto de vista lógico e levando em conta que 
cada prisioneiro é egoísta, a incriminação do outro seria a melhor saída, se o 
resultado de tal ato independesse da ação confessional do incriminado. Embora 
não haja solução para o dilema do prisioneiro, deve-se levar em conta que uma 
decisão baseada meramente no interesse próprio pode levar os prisioneiros 
a receberem as penas mais altas; ou seja, em um jogo não cooperativo, uma 
atitude cooperativapode implicar em benefícios para todos.
Cabe ressaltar que a teoria dos jogos envolve uma série de conceitos quase 
sempre traduzíveis em equações e matrizes matemáticas. Os métodos mais 
conhecidos de solução de controvérsias são a jurisdição, a arbitragem, a 
mediação, a conciliação e a negociação. Os postulados da teoria dos jogos 
podem ser utilizados em cada um dos mecanismos, pois em todos os casos 
há atores-jogadores, com interesses inicialmente contrapostos. Os jogos 
são orientados pelo princípio ganhador-perdedor, podendo, entretanto, ser 
transformados em jogos cooperativos.
Para saber mais sobre o tema da teoria dos jogos, veja o vídeo sobre o dilema do 
prisioneiro, disponível no link abaixo.
https://goo.gl/RQfIHB
Uma dica de leitura sobre a legitimidade e a legalidade é o artigo “Legalidade e 
legitimidade no âmbito de conflitos coletivos”, disponível no link abaixo.
https://goo.gl/idLdWX
7Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos
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1. Sobre a crise da jurisdição, 
é correto afirmar que:
a) atualmente, podemos considerar 
a crise da jurisdição como uma 
crise que se estabeleceu devido 
ao baixo número de processos 
judiciais; com isso, o pagamento 
de custas vem comprometendo 
a parte financeira do Judiciário.
b) a crise do Poder Judiciário em 
nada se confunde com os demais 
poderes (Legislativo e Executivo), 
pois eles são autônomos.
c) o Poder Judiciário enfrenta 
uma crise apenas interna, 
que diz respeito à falta 
de magistrados para o 
julgamento dos processos.
d) a crise da jurisdição diz respeito 
a uma crise estrutural, de 
instalações, infraestrutura 
e de pessoal, e também 
se deve ao alongamento 
temporal das demandas.
e) o Poder Legislativo é o 
único responsável pela 
crise de jurisdição, visto 
o grande número de leis 
que aprova todo ano.
2. Quando falamos na crise que 
diz respeito, em particular, aos 
métodos e conteúdos utilizados 
pelo Direito para a busca de um 
tratamento pacífico dos conflitos, 
a partir da atuação prática do 
Direito, estamos falando da crise: 
a) tecnológica.
b) pragmática.
c) financeira.
d) paradigmática.
e) estatal.
3. Sobre a teoria dos jogos, 
analise as seguintes situações e 
assinale a alternativa correta.
a) Na teoria dos jogos, não existe 
cooperação entre os jogadores, 
para que em hipótese alguma 
haja o processo ganha-ganha.
b) Existe apenas a possibilidade 
ganhador-perdedor na teoria 
dos jogos, na qual sempre um 
vai ganhar e outro vai perder.
c) Na teoria dos jogos, se todos 
pensarem em todos, todos 
podem sair ganhando, havendo 
assim um jogo de cooperação.
d) Sempre haverá cooperação 
entre os jogadores, pois é 
da cultura da sociedade que 
haja sempre vencedores na 
resolução dos conflitos. 
e) Na teoria dos jogos, podemos 
usar como exemplo a 
mediação, na qual o mediador 
vai decidir o que é melhor 
para uma das partes, assim 
como no jogo, no qual haverá 
apenas um vencedor.
4. Quando falamos em crise de 
jurisdição tecnológica, estamos 
falando de uma crise:
a) de jurisdição, que atinge a 
incapacidade de os operadores 
jurídicos tradicionais lidarem 
com as novas realidades fáticas, 
que exigem a construção de 
novos instrumentos legais e 
também a reformulação da 
mentalidade para a solução dos 
conflitos contemporâneos. 
Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos8
C02_Legitimidade_estatal_conflitos.indd 8 27/06/2018 17:06:29
b) que atinge as comarcas do 
interior dos estados, onde 
a tecnologia ainda não 
atende de forma satisfatória o 
andamento dos processos.
c) que vem transformando o 
Poder Judiciário em um poder 
burocrático, que cada vez mais 
apresenta acúmulo e lentidão 
na solução dos processos.
d) de infraestrutura, e que atinge 
também questões como a 
linguagem técnico-formal, 
utilizada pelos operadores 
do Direito e que não é 
compreendida na sociedade.
e) que diz respeito aos conteúdos 
utilizados pelo Direito para 
a busca de um tratamento 
pacífico e rápido para os 
conflitos processuais.
5. Analise as assertivas abaixo e 
assinale a alternativa correta:
I. Na teoria dos jogos, a cooperação 
das partes sempre será melhor 
para o resultado do jogo.
II. Os métodos mais conhecidos 
de solução de controvérsias 
são a jurisdição, a arbitragem, 
a mediação, a conciliação e a 
negociação. A teoria dos jogos 
pode ser utilizada em cada 
um dos mecanismos, pois 
em todos os casos há atores-
jogadores, com interesses 
inicialmente contrapostos.
III. Uma decisão meramente 
baseada no interesse individual, 
na teoria dos jogos, pode 
trazer prejuízo à coletividade.
a) Apenas a afirmativa 
I é verdadeira.
b) Apenas a afirmativa 
III é verdadeira.
c) As afirmativas I e III 
são verdadeiras.
d) Todas as afirmativas 
são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são falsas.
ALMEIDA, F. P. L. A teoria dos jogos: uma fundamentação teórica dos métodos de 
resolução de disputa. In: AZEVEDO, A. G. (Org.). Estudos em arbitragem, mediação e 
negociação. Brasília: Grupos de Pesquisa, 2003.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada em 5 de 
outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituição.htm>. Acesso em: 14 jun. 2018.
DEUTSCH, M. The resolution of conflict: constructive and destructive processes. New 
Haven and London: Yale University Press, 1973. 
MORAIS, J. B.; SPENGLER, F. M. Mediação e arbitragem: alternativas à jurisdição. Porto 
Alegre: Livraria do Advogado, 2018.
9Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos
C02_Legitimidade_estatal_conflitos.indd 9 27/06/2018 17:06:31
Leituras recomendadas
AZEVEDO, A. G. (Org.). Glossário: métodos de resolução de disputas — Rds. Arcos, 2004. 
Disponível em: <http://www.arcos.org.br/livros/estudos-de-arbitragem-mediacao-
-e-negociacao-vol3/parte-v-glossario/glossario-metodos-de-resolucao-de-disputas-
-rds>. Acesso em: 17 jun. 2018.
MACHADO JUNIOR, A. A legitimidade do Poder Judiciário e a função de corte consti-
tucional do Supremo Tribunal Federal. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 11, nº. 965, 
23 fev. 2006. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/7992/a-legitimidade-do-
-poder-judiciario-e-a-funcao-de-corte-constitucional-do-supremo-tribunal-federal>. 
Acesso em: 17 jun. 2018.
TRENTIN, T. R. D.; TRENTIN, S. S. A crise da jurisdição: a mediação como alternativa 
de acesso à justiça para o tratamento dos conflitos. Âmbito Jurídico, Rio Grande, 
XIII, n. 83, dez 2010. Disponível em: <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.
php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8660>. Acesso em: 17 jun. 2018.
Legitimidade estatal para tratar conflitos, crises da jurisdição e teoria dos jogos10
C02_Legitimidade_estatal_conflitos.indd 10 27/06/2018 17:06:31
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.

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