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curso-156106-aula-11-grifado-aa06

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Sumário 
Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 3 
Controle da Administração Pública ................................................................................................. 3 
1 – Introdução .............................................................................................................................. 3 
2 – Classificação ........................................................................................................................... 3 
2.1 – Conforme a origem ............................................................................................................................ 3 
2.2 – Conforme o momento do controle (preventivo, concomitante e repressivo) ...................................... 4 
2.3 – Quanto ao aspecto controlado (ou parâmetro de controle) ............................................................... 4 
2.4 – Quanto à amplitude ............................................................................................................................ 5 
3 – Controle Administrativo (Autocontrole) ................................................................................. 6 
3.1 – Introdução .......................................................................................................................................... 6 
3.2 – Processos administrativos ................................................................................................................... 7 
3.2.1 – Princípios relacionados aos processos administrativos ..................................................................... 8 
3.2.2 – Recursos administrativos .................................................................................................................. 9 
4 – Controle Legislativo .............................................................................................................. 10 
4.1 – Introdução ........................................................................................................................................ 10 
4.2 – Controle parlamentar direto ............................................................................................................. 11 
4.2.1 – Controle exercido pelo Congresso Nacional ................................................................................. 12 
4.2.2 – Controle exercido de forma comum pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal ........... 13 
4.2.3 – Controle exercido privativamente pelo Senado Federal ................................................................ 13 
4.2.4 – Controle exercido privativamente pela Câmara dos Deputados .................................................... 14 
4.2.5 – Comissões ..................................................................................................................................... 14 
4.3 – Controle exercido pelos Tribunais de Contas ................................................................................... 15 
4.3.1 – Apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos administrativos (art. 71, III) ........................... 18 
 
 
 
 
 2 
4.3.2 – Atribuições dos Tribunais de Contas ............................................................................................. 19 
4.3.3 – Controle dos Tribunais de Contas sobre as licitações e contratos ................................................. 20 
5 – Controle Judicial................................................................................................................... 21 
5.1 – Introdução ........................................................................................................................................ 21 
5.2 – Instrumentos de controle judicial ...................................................................................................... 22 
5.2.1 – Mandado de segurança individual (Lei 12.016/2009) ..................................................................... 22 
5.2.1.1 – Regras gerais .............................................................................................................................. 23 
5.2.1.2 – Prazo ........................................................................................................................................... 26 
5.2.1.3 – Procedimento ............................................................................................................................. 26 
5.3.2 – Mandado de segurança coletivo .................................................................................................... 28 
5.3.3 – Mandado de injunção .................................................................................................................... 30 
5.3.3.1 – Mandado de injunção coletivo .................................................................................................... 32 
5.3.4 – Ação popular (Lei 4.717/65) ........................................................................................................... 33 
5.3.5 – Ação civil pública ........................................................................................................................... 36 
5.3.5.1 – Inquérito civil .............................................................................................................................. 40 
5.3.5.2 – Termo de ajustamento de conduta (TAC) ................................................................................... 41 
5.3.6 – Habeas data................................................................................................................................... 42 
Resumo .......................................................................................................................................... 43 
Considerações Finais ..................................................................................................................... 59 
Questões Comentadas .................................................................................................................. 60 
Lista de Questões .......................................................................................................................... 99 
Gabarito ....................................................................................................................................... 110 
 
 
 
 
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CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Prezado aluno, na aula de hoje estudaremos o controle da Administração Pública, passando por 
todas as suas formas, assunto importante e de grande interesse das bancas de concursos públicos. 
Sem maiores delongas, vamos à nossa aula. 
Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir: 
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com 
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna 
CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
1 – INTRODUÇÃO 
O controle da Administração Pública se fundamenta no princípio republicano, tendo em vista que 
os interesses e os bens da Administração não pertencem a ela ou aos seus gestores, mas ao povo. 
Assim, toda a sua atuação é permeada pela indisponibilidade do interesse público, pois apenas 
administra bens e interesses alheios. Além disso, o Estado Democrático de Direito impõe um 
conjunto de normas de observância obrigatória pelo Poder Público. 
O controle administrativo, desta forma, é o conjunto de instrumentos estabelecidos 
pela ordem jurídica para que a própria Administração Pública, os Poderes Legislativo e 
Judiciário, bem como o povo possam controlar os órgãos, entidades e agentes públicos, 
por meio da fiscalização, orientação e revisão da atuação administrativa. 
2 – CLASSIFICAÇÃO 
2.1 – Conforme a origem 
➢ Controle interno ou autocontrole: prevalece o entendimento de que o controle interno ou 
autocontrole é aquele exercido dentro de um mesmo Poder Estrutural. Por exemplo,quando o Poder Executivo realiza controle dos seus próprios atos, por meio da autotutela, 
https://www.instagram.com/rodolfobpenna
 
 
 
 
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temos a atuação de um controle interno. Esta espécie de controle pode ser realizada por 
órgãos hierarquicamente superiores, órgãos vinculados ou órgãos especializados (ex.: 
Controladoria-Geral da União – CGU). 
 
Entretanto, há quem defenda que o controle finalístico exercido pela Administração 
direta sobre as entidades da Administração indireta é hipótese de controle externo, 
ainda que o órgão controlador e a entidade controlada sejam integrantes do Poder 
Executivo (Maria Sylvia Zanella di Pietro e José dos Santos Carvalho Filho). Essa 
corrente, entretanto, é minoritária, devendo-se adotar a corrente majoritária para 
provas objetivas. 
Alguns doutrinadores ainda lecionam que o controle interno é feito, normalmente, pelo 
sistema de auditoria, que acompanha a execução do orçamento, verifica a legalidade 
na aplicação do dinheiro público e auxilia o Tribunal de Contas no exercício de sua 
missão institucional. 
➢ Controle externo: é exercido por um Poder sobre a atuação de outro Poder Estrutural (ex.: 
controle do Poder Legislativo, com auxílio dos Tribunais de Contas, sobre a atuação 
administrativa do Poder Executivo); 
➢ Controle social ou popular: é exercido pela população em geral, que o exerce por meio da 
participação nos processos de planejamento, acompanhamento, monitoramento e 
avaliação da gestão pública (ex.: ação popular, direito de petição, audiências e consultas 
públicas etc.). 
2.2 – Conforme o momento do controle (preventivo, concomitante e repressivo) 
➢ Controle preventivo ou prévio: é exercido antes do início da prática do ato administrativo, 
antes da sua conclusão ou da sua publicação. Pode constituir uma condição de validade ou 
de eficácia do ato controlado (ex.: autorização do Senado Federal para a escolha dos 
Ministros do STF, autorização do Senado para que os Entes Federados possam contrair 
empréstimos externos etc.); 
➢ Controle concomitante: exercido durante a prática de um ato ou durante um processo 
administrativo, verificando-se a regularidade de sua formação (ex.: fiscalização dos 
contratos administrativos); 
➢ Controle repressivo, corretivo, posterior ou subsequente: é exercido após a formação do 
ato, sendo possível a sua correção, anulação, revogação, cassação ou confirmação. 
2.3 – Quanto ao aspecto controlado (ou parâmetro de controle) 
➢ Controle de legalidade ou legitimidade (ou ainda de juridicidade): verifica-se se o ato está 
em conformidade com o ordenamento jurídico como um todo, ou seja, se atende à 
 
 
 
 
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legislação e aos princípios administrativos. Poderá ter como resultado a confirmação da 
validade, a anulação ou convalidação do ato. Não se revogam atos inválidos. 
 
Juridicidade: o princípio da legalidade foi ampliado para que a Administração 
Pública observe todo o ordenamento jurídico e não apenas a lei formal. Assim, sua 
atuação é vinculada, pela lei, pelos princípios, pelas súmulas vinculantes, decisões 
vinculantes, dentre outros. Por este motivo, tem-se que a atuação administrativa 
deve observar a lei e o Direito, podendo-se falar também em controle da 
“juridicidade” dos atos administrativos. 
➢ Controle de mérito: verifica-se a conveniência e a oportunidade quanto ao motivo e ao 
objeto do ato controlado. O controle de mérito é discricionário e exercido sobre atos 
igualmente discricionários. Como resultado deste controle, poderá ocorrer a revogação do 
ato administrativo válido. 
 
Importante destacar que, em regra, apenas o próprio Poder pode controlar o 
mérito dos seus próprios atos administrativos. Por este motivo, o Poder Judiciário 
não pode controlar o mérito dos atos de outros Poderes, mas apenas a sua 
legitimidade (ou juridicidade). No entanto, excepcionalmente, é possível que o 
Poder Legislativo realize um “controle político” dos atos praticados pelo Poder 
Executivo ou do Judiciário no exercício de sua função administrativa. Esse controle 
costuma ser enquadrado por alguns autores como controle de mérito. Todavia, 
este “controle político” não autoriza a revogação dos atos pelo Legislativo e esta 
forma de controle somente pode ocorrer nos casos expressamente previstos na 
Constituição Federal. Estudaremos estas exceções ao estudar o controle 
legislativo. 
2.4 – Quanto à amplitude 
➢ Controle hierárquico: é a espécie mais ampla de controle, permitindo a verificação de todos 
os aspectos do ato administrativo: a sua legitimidade e o seu mérito. Decorre do próprio 
escalonamento vertical da estrutura da Administração e, por isso, é automático (não 
depende de lei para existir). Além disso, é pleno (irrestrito) e permanente. O controle 
hierárquico será sempre um controle interno; 
➢ Controle finalístico: é o controle exercido pela Administração direta sobre as entidades da 
administração indireta. Depende de norma autorizando e estabelecendo os limites, os 
meios e os aspectos que serão controlados. É também denominado de tutela administrativa 
e supervisão ministerial. 
 
 
 
 
 6 
 
De acordo com Celso Antônio Bandeira de Mello, em situações excepcionais em 
que a entidade da Administração indireta pratique um ato flagrantemente 
aberrante, cabe o controle por parte da Administração direta ainda que não exista 
lei autorizativa. O autor denomina este controle de “tutela extraordinária”1. 
3 – CONTROLE ADMINISTRATIVO (AUTOCONTROLE) 
3.1 – Introdução 
A Administração Pública possui a prerrogativa de fiscalizar e corrigir os seus próprios atos, 
conforme seu poder de autotutela ou da tutela administrativa de suas entidades da Administração 
indireta. 
A autotutela foi consagrada na lei 9.784/99, art. 53 e na jurisprudência do STF, por meio da súmula 
nº 473, e consiste no controle realizado pelo Poder Executivo (ou Legislativo e Judiciário no 
exercício da função administrativa) sobre os atos praticados pelos seus próprios órgãos, sempre 
fundado na hierarquia, podendo verificar aspectos de legitimidade e de mérito. Repare que a 
autotutela sempre ocorre dentro de uma mesma pessoa jurídica. 
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de 
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, 
respeitados os direitos adquiridos. 
Súmula 473-STF: A administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de 
vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por 
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e 
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. 
A revisão dos atos administrativos fundada na autotutela pode ser provocada por algum 
administrado ou de ofício, por iniciativa da própria Administração. 
Já a tutela administrativa, conhecida também como controle finalístico, é o controle exercido pela 
Administração direta sobre as entidades da Administração indireta, conforme visto no item 2.4. 
 
 
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 34. Ed. Malheiros: São Paulo, 2019. 
P. 172. 
 
 
 
 
 7 
Em qualquer caso, se do controle resultar a possibilidade de afetar interesses de terceiros, deve-
se garantir o contraditório e a ampla defesa (STF – RE 594.296). 
 
Há ainda que se destacar que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário 
também exercem controle administrativo sobre os seus próprios atos 
praticados no exercício da função administrativa atípica. 
Veja que, uma coisa é o controle judicial exercido pelo Poder Judiciário 
sobre os atos administrativos dos Poderes Executivo e Legislativo, outra é 
o controle administrativo exercido pelo Poder Judiciário sobre os seus 
próprios atos administrativos praticados no exercício de sua função atípica 
administrativa. 
Da mesma forma, é diferente o controle legislativo exercido pelo PoderLegislativo sobre os atos administrativos e financeiros praticados pelos 
Poderes Executivo e Judiciário do controle administrativo exercido pelo 
Poder Legislativo sobre os seus próprios atos administrativos praticados na 
sua função atípica administrativa. 
Além disso, o controle administrativo é realizado por diversos meios, sendo os principais deles o 
processo administrativo e o recurso administrativo, a ser estudado a seguir. Este processo pode 
ser instaurado de ofício ou a requerimento. Vale destacar que, em alguns casos, não é necessário 
um processo administrativo para a atuação administrativa com base na autotutela. No entanto, se 
houver provocação de particular, o processo administrativo formal será obrigatório. 
As formas de participação da população nesta espécie de controle são as seguintes: 
a) Representação: denúncia de irregularidades perante a Administração; 
b) Denúncia: similar à representação, mas prepondera o interesse de alertar às autoridades 
uma conduta administrativa considerada censurável; 
c) Reclamação administrativa: expressão genérica utilizada para qualquer tipo de 
manifestação do interessado quanto à discordância em relação a um ato, uma decisão ou 
uma omissão administrativa; 
d) Pedido de reconsideração: solicitação realizada perante a própria autoridade que emitiu 
ato ou decisão, para que ela o aprecie novamente; 
e) Recurso administrativo: petição direcionada a autoridade superior para que reavalie uma 
decisão proferida por outro agente público hierarquicamente inferior. 
3.2 – Processos administrativos 
Conforme estudado, o processo administrativo é o principal meio pelo qual a Administração 
realiza o controle sobre os seus próprios atos. Nesta aula, estudaremos os principais aspectos 
 
 
 
 
 8 
gerais deste assunto, enquanto no prosseguimento do nosso curso, estudaremos especificamente 
o processo administrativo em âmbito federal previsto na lei 9.784/99. 
Processo administrativo é o conjunto de atos concatenados e ordenados em uma sessão 
lógica, objetivando a produção de uma decisão ou um ato administrativo final pela 
Administração Pública. 
 
Questão interessante diz respeito à possibilidade de previsão legal no sentido de 
que a propositura de ação judicial importa em renúncia ou desistência do processo 
administrativo pelo interessado. 
Em um caso específico, o STF decidiu que é “constitucional o art. 38, par. ún., da 
Lei 6.830/1980 (Lei da Execução Fiscal - LEF), que dispõe que "a propositura, pelo 
contribuinte, da ação prevista neste artigo [ações destinadas à discussão judicial 
da validade de crédito inscrito em dívida ativa] importa em renúncia ao poder de 
recorrer na esfera administrativa e desistência do recurso acaso interposto” (RE 
233582). 
No entanto, o aluno deve ter muito cuidado se essa afirmação for generalizada, 
analisando bem o enunciado das questões. 
3.2.1 – Princípios relacionados aos processos administrativos 
Ao processo administrativo são aplicáveis os princípios administrativos em geral. No entanto, 
existem princípios específicos deste meio de atuação administrativa. São eles: 
a) Oficialidade (ou impulso oficial): incumbe à Administração movimentar o processo, ainda 
que este tenha sido provocado por particular, atuando de ofício para que o processo 
chegue ao seu final, podendo, inclusive, instaurar o processo, instruí-lo, tomando a iniciativa 
da produção de provas e rever as suas decisões; 
b) Informalidade: todo processo deve ter uma forma e serem escritos. Entretanto, não se exige 
formalidades ou uma forma em especial. Ressalte-se que a informalidade é regra geral, 
podendo existir norma legal impondo formalidades a determinado processo administrativo; 
c) Instrumentalidade das formas: as formalidades existentes no processo não são um fim em 
si mesmas, são meios (instrumentos) para atingimento da finalidade do procedimento, qual 
seja, a prolação de uma decisão ou a prática de um ato. Desta forma, se foi atingida a 
finalidade do ato, mesmo que não tenha sido observada a forma exigida, a irregularidade 
restará sanada, mantendo-se válido o ato ou decisão, desde que não se verifique prejuízo 
a terceiros. Vale dizer, somente se declara a nulidade processual se for demonstrado 
prejuízo às partes (pas de nullité sans grief); 
 
 
 
 
 9 
d) Verdade material: busca-se conhecer o fato efetivamente ocorrido. Quando se busca a 
verdade processual, considera-se apenas a prova constante dos autos e produzida no 
momento propício. Já no processo administrativo, de acordo com a verdade material, a 
autoridade pode se utilizar de qualquer prova (desde que lícita) de que teve conhecimento 
em qualquer fase do processo, atendendo ao contraditório. 
Além disso, decorre da verdade material a possibilidade de reformatio in pejus nos recursos 
interpostos exclusivamente pelo particular, reformando-se a decisão para prever uma situação 
mais onerosa ao recorrente. Lembre-se, entretanto, que na revisão do processo administrativo 
disciplinar é vedado a reformatio in pejus. 
e) Gratuidade: é a regra do processo administrativo, não sendo cobrado valores das partes. 
Entretanto, é possível que a lei estabeleça a cobrança de determinadas despesas 
processuais. Porém, essa possibilidade é limitada pelas gratuidades já concedidas pela 
constituição (direito de petição – art. 5ºXXXIV, “a”; Súmula Vinculante nº 21 etc.): 
Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento 
prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. 
f) Contraditório e ampla defesa: possibilidade de manifestação, em regra de forma prévia, 
dos interessados no processo, cabendo-lhes utilizar todos os meios admitidos em direito 
para influenciar na decisão. 
3.2.2 – Recursos administrativos 
O interessado pode interpor recurso das decisões para submeter a matéria à apreciação da 
autoridade hierarquicamente superior ou a outra designada por lei. Além disso, é possível que a 
própria Administração interponha recurso de suas decisões, no que se denomina “recurso de 
ofício”. Essa hipótese, em regra, exige autorização legal. 
Os recursos administrativos, regra geral, possuem apenas efeito devolutivo, pelo que é possível a 
execução imediata das decisões em processo administrativo. No entanto, é possível conferir efeito 
suspensivo ao recurso, desde que expressamente autorizado em lei. 
Existem duas espécies de recursos administrativos: 
➢ Recurso hierárquico: é o recurso a ser julgado pela autoridade ou órgão imediatamente 
superior àquela que proferiu a decisão, sendo ambos pertencentes à mesma pessoa 
jurídica; 
➢ Recurso hierárquico impróprio: é o recurso julgado por uma pessoa jurídica diferente 
daquela em que está inserido a autoridade que proferiu a decisão, podendo ser um órgão 
 
 
 
 
 10 
especializado ou o próprio órgão supervisor. O recurso é denominado de hierárquico 
impróprio exatamente por inexistir hierarquia entre a autoridade julgadora e a revisora. Por 
este motivo, parcela da doutrina sustenta que o recurso não poderia ter a expressão 
“hierárquico” na sua denominação, tendo em vista a inexistência de hierarquia. 
4 – CONTROLE LEGISLATIVO 
4.1 – Introdução 
O controle legislativo é realizado pelo Poder Legislativo auxiliado pelos Tribunais de 
Contas e é exercido sobre o Poder Executivo e sobre os atos administrativos do Poder 
Judiciário. 
Sendo uma verdadeira exceção à separação entre os poderes, apenas será possível o controle 
legislativo sobre os atos praticados pela Administração Pública nas hipóteses expressamente 
previstas na Constituição Federal. Trata-se de um instrumento que viabiliza o sistema de “freios e 
contrapesos”. Além disso, as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios, bem 
como a do Distrito Federal, não podem criar hipóteses de controle legislativo diferente das 
previstas na Lei Maior. 
Porém, repare: tambémse utiliza a expressão controle legislativo para mencionar o 
controle realizado por este Poder sobre os próprios atos legislativos em seu âmbito 
interno (processo legislativo, por exemplo). Neste caso, não há necessidade de expressa 
previsão constitucional para exercício deste controle, uma vez que o Poder Legislativo 
atua no exercício de sua função constitucional típica. 
 
Além disso, o controle legislativo possui um caráter político, não se limitando ao 
controle da legalidade, abrangendo ainda aspectos como a legitimidade, 
economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas. Esse caráter 
político é denominado por alguns autores como controle de mérito. Entretanto, 
ainda que se use essa expressão, o controle de “mérito” não pode ensejar a 
revogação de atos do Executivo pelo Poder Legislativo. É preferível a utilização da 
expressão “controle político”. 
CF: Art. 70. A fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial 
da União e das entidades da administração direta e indireta, quanto à legalidade, 
legitimidade, economicidade, aplicação das subvenções e renúncia de receitas, será 
exercida pelo Congresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema de 
controle interno de cada Poder. 
 
 
 
 
 11 
Quanto às áreas alcançadas pela fiscalização do Congresso Nacional podem ser conceituadas da 
seguinte forma: 
a) Contábil: verifica-se a correta formalização dos registros das receitas e despesas; 
b) Financeira: há o acompanhamento dos depósitos bancários, dos empenhos de despesas, 
dos pagamentos efetuados, dos ingressos de valores, dentre outros; 
c) Orçamentária: diz respeito à elaboração e execução do orçamento público, de acordo com 
as normas relativas às leis orçamentárias e sua respectiva execução; 
d) Operacional: verifica-se a atividade administrativa em geral, tal como os procedimentos 
legais e a sua adequação à eficiência e economicidade; 
e) Patrimonial: incide sobre os bens integrantes do patrimônio público e a sua administração. 
Quanto aos aspectos controlados, tem-se ainda que há controle da legalidade, legitimidade, 
economicidade, da aplicação das subvenções e renúncias de receitas: 
a) Legalidade: verifica-se a conformação da atuação administrativa com a legislação; 
b) Legitimidade: afere a conformação da atuação administrativa com os princípios 
administrativos; 
c) Economicidade: relaciona-se à aferição da racionalidade, eficiência e economia quanto à 
realização da despesa pública; 
d) Aplicação das subvenções: subvenções são as transferências destinadas a cobrir despesas 
de custeio das entidades beneficiadas, sejam elas de caráter assistencial ou cultural, sem 
fins lucrativos (subvenção social), sejam de caráter industrial, comercial, agrícola ou pastoril 
(subvenção econômica). 
Essas subvenções são concedidas no exercício da atividade de fomento estatal e devem obedecer 
às normas de direito financeiro. O Poder Legislativa controla esses atos, verificando a sua 
conformidade com o ordenamento jurídico e quanto ao emprego efetivo e adequado, pela 
entidade beneficiária dos recursos públicos recebidos. 
e) Renúncia de receitas: é a atividade estatal que implica na redução de tributos, contribuições 
ou outros benefícios destinados ao Poder Público. Devem obedecer às normas de direito 
financeiro, especialmente as previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000). 
Esses recursos não pertencem ao administrador, mas ao povo. Desta forma, a renúncia de 
“recursos do povo” deve ser acompanhada pelos seus representantes, tendo em vista o seu 
caráter excepcional e a indisponibilidade do interesse público. 
4.2 – Controle parlamentar direto 
O controle parlamentar direto pode ser exercido, em âmbito Federal, pelo Congresso Nacional, 
Pelo Senado Federal ou pela Câmara Municipal. Nos Estados, é exercido pelas respectivas 
 
 
 
 
 12 
Assembleias Legislativas, no Distrito Federal, pela Câmara Legislativa; e nos Municípios, pelas 
Câmaras Municipais. 
4.2.1 – Controle exercido pelo Congresso Nacional 
a) Fiscalização e controle (art. 49, X): a fiscalização e o controle podem ser exercidos pelo 
Congresso Nacional ou por cada uma das Casas Legislativas individualmente e o controle 
abrange os atos da Administração direta e indireta: 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder 
Executivo, incluídos os da administração indireta; 
b) Sustação de atos normativos (art. 49, V): o art. 84, IV, CF confere ao Presidente da República 
a atribuição de editar decretos e regulamentos para fiel execução das leis. Essa 
competência deve ser exercida nos estritos limites estabelecidos na lei regulamentada, não 
podendo criar direitos ou obrigações mediante ato normativo infralegal. Neste caso, se 
houver extrapolação dos limites legais, poderá haver sustação do ato pelo Congresso 
Nacional. 
Já o art. 68, CF permite ao Congresso Nacional delegar a elaboração de lei ao Presidente da 
República, estabelecendo o conteúdo e os termos (§2º). Caso haja atuação além dos limites 
estabelecidos, o Congresso poderá sustar o ato. 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar 
ou dos limites de delegação legislativa; 
c) Sustação de contratos (art. 71, §1º): o ato de sustação será adotado diretamente pelo 
Congresso Nacional (CN), que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas 
cabíveis. 
No caso dos atos administrativos, a sustação pode ocorrer diretamente pelo Tribunal 
de Contas, como veremos a frente. Já no caso dos contratos, a sustação deve ocorrer 
pelo CN, que solicitará, de imediato, as medidas cabíveis ao Poder Executivo. Se o 
Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar as 
medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito (§2º). 
d) Julgar anualmente as contas do Presidente da República (art. 49, IX): 
 
 
 
 
 13 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional: 
IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os 
relatórios sobre a execução dos planos de governo; 
O julgamento das contas de quaisquer administradores públicos cabe aos Tribunais de Contas, 
exceto do Chefe do Poder Executivo, cujas contas são julgadas pelo Poder Legislativo. Nos 
Estados, Distrito Federal e Municípios, a mesma sistemática deve ser repetida. 
e) Autorizar ou aprovar determinados atos praticados pelo Chefe do Poder Executivo (art. 49, 
XII, XVI e XVII). 
4.2.2 – Controle exercido de forma comum pela Câmara dos Deputados e pelo 
Senado Federal 
a) Convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à 
Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto 
previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem 
justificação adequada (art. 50); 
b) Encaminhar pedidos escritos de informações a Ministros de Estado ou a qualquer das 
pessoas referidas no caput deste artigo, importando em crime de responsabilidade a 
recusa, ou o não - atendimento, no prazo de trinta dias, bem como a prestação de 
informações falsas (art. 50, §2º). 
4.2.3 – Controle exercido privativamente pelo Senado Federal 
a) Processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de 
responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do 
Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles (art. 52, I); 
b) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição pública, a escolha de: i) Magistrados, 
nos casos estabelecidos nesta Constituição; ii) Ministros do Tribunal de Contas da União 
indicados pelo Presidente da República; iii) Governador de Território; iv) Presidente e 
diretoresdo banco central; v) Procurador-Geral da República; vi) titulares de outros cargos 
que a lei determinar (art. 52, III); 
c) Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos 
chefes de missão diplomática de caráter permanente (art. 52, IV); 
d) Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, 
do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios (art. 52, V); 
e) Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-
Geral da República antes do término de seu mandato (art. 52, XI). 
 
 
 
 
 14 
4.2.4 – Controle exercido privativamente pela Câmara dos Deputados 
a) Autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente 
e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado (art. 51, I); 
b) Proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao 
Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa (art. 52, 
II). 
4.2.5 – Comissões 
As comissões temporárias e permanentes do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e 
do Senado Federal, possuem poderes para: a) realizar audiências públicas com entidades da 
sociedade civil; b) convocar Ministros de Estado para prestar informações sobre assuntos inerentes 
a suas atribuições; c) receber petições, reclamações, representações ou queixas de qualquer 
pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas; d) solicitar depoimento de 
qualquer autoridade ou cidadão; e) apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e 
setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer. 
Além disso, merece especial atenção a possibilidade de se instaurar Comissões Parlamentares de 
Inquérito: 
CF: Art. 58 (...) §3º As comissões parlamentares de inquérito, que terão poderes de 
investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos 
regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela Câmara dos Deputados e pelo 
Senado Federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço 
de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas 
conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público, para que promova a 
responsabilidade civil ou criminal dos infratores. 
Os requisitos são: 
a) Requerimento de 1/3 de seus membros; 
b) Investigar fato certo e determinado; 
c) Prazo certo. 
Além disso o STF já proferiu diversas decisões quanto aos poderes das CPIs: 
Pode Não pode 
Quebra do sigilo fiscal; Determinar interceptação telefônica; 
Quebra do sigilo bancário; Decretar busca e apreensão; 
Quebra do sigilo de dados; Determinar a indisponibilidade de bens; 
 
 
 
 
 15 
Convocar investigados e testemunhas; Decretar prisão, salvo prisão em flagrante. 
Determinar diligências que entender 
necessárias; 
 
Requisitar informações de órgãos públicos. 
As condutas vedadas às CPIs ocorrem em virtude de estarem sujeitas ao postulado constitucional 
da reserva de jurisdição, cujos atos somente podem ser realizados pelo Poder Judiciário. 
Por outro lado, as CPIs Municipais não podem decretar quebra de sigilos, tendo em vista a 
inexistência de Poder Judiciário em âmbito municipal, sendo impossível que possuam poderes 
próprios de autoridade judicial, visto que inexistente no Município. 
4.3 – Controle exercido pelos Tribunais de Contas 
 Os Tribunais de Contas são órgãos vinculados ao Poder Legislativo, porém, sem qualquer 
subordinação, tendo em vista que possuem autonomia. Suas atribuições estão previstas no art. 71 
da Constituição Federal: 
Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, será exercido com o auxílio 
do Tribunal de Contas da União, ao qual compete: 
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República, mediante 
parecer prévio que deverá ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento; 
II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e 
valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades 
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa 
a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público; 
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos atos de admissão de pessoal, a 
qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas e 
mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de provimento em 
comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, 
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato 
concessório; 
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de 
Comissão técnica ou de inquérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas unidades administrativas dos 
Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; 
V - fiscalizar as contas nacionais das empresas supranacionais de cujo capital social a 
União participe, de forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo; 
VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repassados pela União mediante 
convênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito 
Federal ou a Município; 
 
 
 
 
 16 
VII - prestar as informações solicitadas pelo Congresso Nacional, por qualquer de suas 
Casas, ou por qualquer das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, 
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre resultados de auditorias e 
inspeções realizadas; 
VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de 
contas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações, multa 
proporcional ao dano causado ao erário; 
IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote as providências necessárias ao 
exato cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; 
X - sustar, se não atendido, a execução do ato impugnado, comunicando a decisão à 
Câmara dos Deputados e ao Senado Federal; 
XI - representar ao Poder competente sobre irregularidades ou abusos apurados. 
§ 1º No caso de contrato, o ato de sustação será adotado diretamente pelo Congresso 
Nacional, que solicitará, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis. 
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no prazo de noventa dias, não 
efetivar as medidas previstas no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito. 
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia 
de título executivo. 
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional, trimestral e anualmente, relatório 
de suas atividades. 
Essas normas se aplicam, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais 
de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos 
Municípios (art. 75). 
Quanto às atribuições das cortes de contas, algumas considerações devem ser feitas: 
a) “Apreciar” contas e “julgar” contas: o inciso I do dispositivo transcrito prevê a atribuição 
do TCU para “apreciar” as contas prestadas anualmente pelo Presidente da República por 
meio de parecer prévio, ao passo que o inciso II estabelece que o TCU deve “julgar” as 
contas dos administradores ou responsáveis por valores públicos. 
Isto ocorre porque é o Congresso Nacional quem julga as contas do Presidente (art. 49, 
IX, CF). O TCU julga as contas de todos os administradores públicos, exceto do 
Presidente. Essa sistemática se aplica também aos demais entes federados. 
Quanto aos Municípios, é importante mencionar o entendimento do STF de que o parecer do 
Tribunal de Contas tem natureza meramente opinativa, só deixando de prevalecer pelo voto de 
2/3 da câmara dos vereadores, a quem compete,exclusivamente, o julgamento anual das contas 
do chefe do executivo municipal. Desta forma, a rejeição das contas do prefeito, seja de governo, 
seja de gestão, para os fins do art. 1º, I, ‘g’, LC 64/1990 (inelegibilidade), é exclusividade da câmara 
 
 
 
 
 17 
de vereadores, não se podendo falar em julgamento ficto pelo Tribunal de Contas quando este 
profere parecer pela rejeição e a câmara deixa escoar o prazo para apreciação2. 
 
Neste sentido, o STF possui entendimento de que a Constituição Estadual não pode 
estabelecer competência para a Assembleia Legislativa julgar as suas próprias contas 
ou as contas do Poder Judiciário local. O TCE deve julgar as contas de todos os 
administradores públicos do Estado, exceto do Governador, cujas contas são 
julgadas pelo Assembleia Legislativa, após parecer prévio do TCE (ADI 1.779). 
b) Competência para julgar as contas do Tribunal de Contas: a Constituição não previu de 
quem seria esta atribuição, sendo incoerente sustentar que a Corte de Contas julgue suas 
próprias contas. Neste sentido, o STF considerou válida norma de Constituição Estadual 
que atribuiu à Assembleia Legislativa a competência para julgar as contas do TCE, sendo 
este entendimento extensivo aos Municípios (ADI 2.597/PA). 
c) Sustação de atos e contratos administrativos: de acordo com o art. 71, X, CF, o TCU possui 
competência para sustar diretamente a execução de ato administrativo impugnado, apenas 
devendo comunicar a decisão à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. A expressão 
“se não atendido”, no entanto, impõe que, antes da sustação, o TCU estabeleça prazo para 
a Administração sanar a irregularidade. Apenas se não atendido, poderá sustar o ato. 
Já quanto aos contratos administrativos, quando houver irregularidade, apenas o 
Congresso Nacional poderá realizar a sustação (art. 71, §1º), devendo solicitar de 
imediato ao Poder Executivo que tome as medidas cabíveis. Todavia, se o Congresso 
Nacional ou o Poder Executivo não tomarem as medidas cabíveis em 90 (noventa) dias, 
o TCU adquirirá competência para decidir a respeito da sustação (art. 71, §2º). 
d) As decisões do Tribunal de que resulte imputação de débito ou multa terão eficácia de 
título executivo (art. 71, §3º). Neste sentido, o Ente Público beneficiário da decisão poderá 
propor diretamente a execução perante o Poder Judiciário. Destaque-se que o STF já 
decidiu que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas não possui legitimidade para 
propor a referida execução. Apenas o beneficiário do débito reconhecido ou, no caso de 
multa, o Ente Federado a que a Corte de Contas esteja vinculada é que pode executar o 
crédito (ARE 823.347/MA). 
e) Controle de constitucionalidade: o STF já decidiu que os Tribunais de Contas podem 
realizar o controle de cosntitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público de forma 
 
 
2 RE 848826/DF, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o acórdão Min. Ricardo Lewandowski, 10.8.2016. 
 
 
 
 
 18 
incidental no desempenho de suas atribuições, afastando a aplicação de uma lei ou ato 
normativo do Poder Público. No entanto, deverá respeitar a cláusula de “reserva de 
plenário” (art. 97, CF), que exige a decisão de maioria absoluta dos membros da Corte para 
reconhecimento da ilegalidade (Súmula-STF nº 347); 
f) Medidas cautelares: o STF também definiu que os Tribunais de Contas podem expedir 
medidas cautelares no desempenho de suas funções para prevenir a ocorrência de lesão ao 
erário ou a direito alheio. Trata-se da teoria dos poderes implícitos, segundo a qual se a CF 
conferiu uma atribuição, também confere, implicitamente, os meios necessários para 
exercê-la. 
g) Tomada de contas especial: de acordo com o art. 71, II, parte final, da CF, o Tribunal de 
Contas deve julgar “as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra 
irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público”. Difere da “tomada de contas 
ordinárias anuais”, que independem da suspeita de irregularidades e estão previstas na 
primeira parte do mesmo inciso; 
Trata-se do “princípio da universalidade”, que estabelece o controle sobre toda e qualquer 
pessoa, física ou jurídica, que, de algum modo, receba, administre ou esteja incumbida da 
aplicação de recursos públicos de qualquer espécie ou ainda execute qualquer outra operação 
que onere o erário público. 
h) Não é possível que lei local estabeleça competência do Tribunal de Contas para realizar 
exame prévio de validade dos contratos firmados pelo Poder Público. De acordo com o 
STF o art. 71 da Constituição não insere na competência do TCU a aptidão para examinar, 
previamente, a validade de contratos administrativos celebrados pelo poder público. 
Atividade que se insere no acervo de competência da função executiva. É inconstitucional 
norma local que estabeleça a competência do tribunal de contas para realizar exame prévio 
de validade de contratos firmados com o poder público (ADI 916). 
4.3.1 – Apreciar, para fins de registro, a legalidade de atos administrativos (art. 71, 
III) 
O inciso III do art. 71, da CF é o que mais possui desdobramentos e discussões jurídicas quanto à 
atuação dos Tribunais de contas. De acordo com o dispositivo, cabe ao TCU apreciar a legalidade 
dos atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na administração direta e indireta, incluídas as 
fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações para cargo de 
provimento em comissão, bem como a das concessões de aposentadorias, reformas e pensões, 
ressalvadas as melhorias posteriores que não alterem o fundamento legal do ato concessório. 
Neste sentido, o STF definiu a necessidade de observar o contraditório e ampla defesa nos casos 
em que a apreciação pudesse gerar prejuízos aos interessados: 
 
 
 
 
 19 
Súmula Vinculante 3: Nos processos perante o Tribunal de Contas da União asseguram-
se o contraditório e a ampla defesa quando da decisão puder resultar anulação ou 
revogação de ato administrativo que beneficie o interessado, excetuada a apreciação 
da legalidade do ato de concessão inicial de aposentadoria, reforma e pensão. 
Repare, entretanto, que foram ressalvados os casos de apreciação da legalidade do ato de 
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão. Isto porque o STF entende que este ato 
possui natureza complexa, isto é, somente estará completamente formado após a manifestação 
do TCU. Antes disso, ainda não temos um ato administrativo propriamente dito, razão pela qual o 
TCU não anula o ato, mas apenas complementa os requisitos necessários para sua formação. Como 
não há anulação de ato, não há necessidade de contraditório e ampla defesa. 
Esse entendimento foi flexibilizado por um tempo pelo STF, que passou a decidir que, se o TCU 
não analisasse o ato em 5 anos, deveria conferir oportunidade de manifestação para o prejudicado. 
Isso não importava mudança de entendimento quanto à natureza complexa do ato, mas apenas a 
imposição de um prazo razoável, fundamentado na segurança jurídica, para que a Corte de Contas 
apreciasse a sua legalidade. 
No entanto, recentemente, a Corte Suprema alterou novamente o seu entendimento: 
 
No dia 19/02/2020, o STF concluiu julgamento do RE 636553, definindo a 
seguinte tese de repercussão geral (Tema 445): ”Os Tribunais de Contas estão 
sujeitos ao prazo de cinco anos para o julgamento da legalidade do ato de 
concessão inicial de aposentadoria, reforma ou pensão, a contar da chegada do 
processo à respectiva Corte de Contas, em atenção aos princípios da segurança 
jurídica e da confiança legítima”. 
Logo, após o prazo de 5 anos da chegada do processo na Corte de Contas, se o 
ato não for apreciado, considera-se automaticamente registrado. 
 
Apesar desta conclusão, a Corte Suprema não alterou o seu entendimento de que o ato possui 
natureza complexa. Fundamentou a imposição de prazo ao Tribunal de Contas em virtude da 
aplicação analógicado prazo quinquenal para que os particulares busquem qualquer direito em 
face da Administração Pública, sendo necessário, em virtude da isonomia, impor o mesmo prazo 
à Administração. 
4.3.2 – Atribuições dos Tribunais de Contas 
Alguns autores ainda dividem as atribuições dos Tribunais de Contas em consultiva, fiscalizadora, 
julgadora, de registro, sancionadora, corretiva e de ouvidoria. 
 
 
 
 
 20 
a) Consultiva: elabora parecer prévio acerca das contas do Chefe do Executivo para 
julgamento pelo Poder Legislativo; 
b) Fiscalizadora: realiza a fiscalização contábil, financeira e orçamentária, inclusive por meio de 
inspeções e auditorias; 
c) Julgadora: julga as contas dos administradores públicos e demais responsáveis por 
dinheiros, bens e valores públicos (tomada de contas ordinária), bem como as contas 
daqueles que derem causa a perda, extravio ou irregularidade da qual resulte prejuízo ao 
erário (tomada de contas especial); 
d) Registro: apreciam, para fins de registro, a legalidade de determinados atos; 
e) Sancionadora: aplica sanções aos responsáveis por ilegalidades; 
f) Corretiva: determinam a correção de irregularidades administrativas, assinando prazo para 
tomada de providências. Em caso de desatendimento, a Corte de Contas pode sustar a 
execução do ato impugnado. Quanto aos contratos, estudamos que cabe ao Congresso 
Nacional sua sustação, apenas se este e o Poder Executivo se omitirem, o TCU poderá 
decidir sobre o caso; 
g) Ouvidoria: os Tribunais de Contas recebem denúncias de irregularidades apresentadas por 
qualquer cidadão, partido político, associação e sindicato: 
CF: Art. 74 (...) 
§ 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer 
irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob 
pena de responsabilidade solidária. 
§ 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, 
na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas 
da União. 
4.3.3 – Controle dos Tribunais de Contas sobre as licitações e contratos 
A lei 8.666/93 dispõe ainda de forma resumida acerca dos controles exercidos sobre os atos 
licitatórios e sobre os contratos, sendo relevante a leitura dos seus dispositivos na íntegra: 
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos contratos e demais instrumentos 
regidos por esta Lei será feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da 
legislação pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração responsáveis 
pela demonstração da legalidade e regularidade da despesa e execução, nos termos 
da Constituição e sem prejuízo do sistema de controle interno nela previsto. 
 
 
 
 
 21 
§ 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou jurídica poderá representar ao 
Tribunal de Contas ou aos órgãos integrantes do sistema de controle interno contra 
irregularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto neste artigo. 
 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do sistema de controle interno 
poderão solicitar para exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de 
recebimento das propostas, cópia de edital de licitação já publicado, obrigando-se os 
órgãos ou entidades da Administração interessada à adoção de medidas corretivas 
pertinentes que, em função desse exame, lhes forem determinadas. 
Vale destacar que esses dispositivos estão em perfeita harmonia com o sistema constitucional de 
controle exercido pelos Tribunais de Contas. Além disso, vale destacar que o controle do Tribunais 
de Contas não exclui o realizado pelos órgãos de controle interno. 
Por fim, os órgãos ou entidades da Administração deverão adotar as medidas corretivas 
determinados tanto pelas Cortes de Contas quanto pelos órgãos de controle interno. 
5 – CONTROLE JUDICIAL 
5.1 – Introdução 
Conforme já estudamos em nosso curso, o Brasil adotou o sistema de jurisdição una (unicidade de 
jurisdição – sistema inglês), em que apenas o Poder Judiciário possui a atribuição de decidir de 
maneira definitiva sobre a regularidade da atuação dos particulares e da Administração Pública. 
Difere do sistema da dualidade da jurisdição, em que há a jurisdição ordinária ou comum para 
julgar os atos e negócios jurídicos dos particulares e a jurisdição ou contencioso administrativo, 
em que há Tribunais Administrativos, dotados de independência em relação ao Poder Executivo, 
que possuem atribuição para julgar as ações da Administração Pública. 
No controle judicial, verifica-se a legalidade ou legitimidade dos atos administrativos, nunca o 
mérito administrativo. A doutrina moderna substituiu o termo “controle de legalidade” por 
“controle de juridicidade”, tendo em vista que o Poder judiciário pode controlar os atos não 
apenas em relação às leis, mas também em confronto com todo o ordenamento jurídico, aí 
incluídas as súmulas vinculantes, decisões vinculantes dos Tribunais Superiores, princípios 
expressos e implícitos, dentre outros. 
 
Além da legitimidade, o Poder Judiciário também realiza o controle 
administrativo relativamente ao abuso de poder (desvio de poder e excesso de 
poder) e à teoria dos motivos determinantes, podendo anular ato administrativo 
se verificada a inexistência ou falsidade dos motivos declarados que ensejaram 
a prática do ato. 
 
 
 
 
 22 
Por estes motivos, o Judiciário somente poderá anular o ato administrativo irregular, 
nunca poderá revogá-lo, tendo em vista que a revogação decorre de controle de mérito 
(conveniência e oportunidade). Por outro lado, é importante ressaltar que o Judiciário 
não está proibido de realizar o controle de atos discricionários. Pelo contrário, poderá 
apreciar a juridicidade destes atos, apenas devendo se abster de realizar apreciação do 
seu mérito administrativo. 
Controle Judicial 
Ato controlado Atos vinculados Atos discricionários 
Aspecto controlado Legalidade/Juridicidade Legalidade/Juridicidade 
Vale destacar que um dos principais mecanismos de controle do ato discricionário pelo Poder 
Judiciário são os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. 
Outra importante consideração é que o Poder Judiciário, ao anular um ato administrativo, não 
pode substituir o administrador praticando outro em seu lugar. Deverá determinar que o 
administrador tome as providências necessárias. 
5.2 – Instrumentos de controle judicial 
De maneira geral, é importante estudar os instrumentos utilizados para controle judicial da 
Administração Pública. São eles: a) mandado de segurança individual e coletivo; b) mandado de 
injunção; c) ação popular; d) ação civil pública; e) habeas data; f) habeas corpus. 
Há ainda a ação civil pública por improbidade administrativa que estudaremos de forma específica 
na em aula autônoma em virtude da sua destacada importância. 
5.2.1 – Mandado de segurança individual (Lei 12.016/2009) 
CF. Art. 5º (...) LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito 
líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável 
pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica 
no exercício de atribuições do Poder Público; 
O mandado de segurança possui natureza de “remédio jurídico processual”. Trata-se de direito a 
um procedimento judicial específico (simplificado, sumário e abreviado). 
Quanto ao momento de impetração, o mandado de segurança pode ser divido em duas 
categorias: 
 
 
 
 
 23 
a) Mandado de segurança preventivo: busca-se repelir ameaça de lesão ao direito líquido e 
certo; 
b) Mandado de segurança repressivo: busca-se reparar a lesão já efetivada a direito líquido e 
certo. 
5.2.1.1 – Regras gerais 
➢ Requisitos: 
a) Direito líquido e certo: exigência de prova pré-constituída. É vedada a produção de provas 
no mandado de segurança. Os fatos alegados pelo impetrante devem estar comprovados 
por meio documental desde a impetração. Além disso,o mandado de segurança exige 
prova documental, mas não admite prova documentada (ex.: depoimento de testemunha 
reduzido a termo). 
Excepcionalmente, no caso em que o documento necessário à prova do alegado se ache em 
repartição ou estabelecimento público ou em poder de autoridade que se recuse a fornecê-lo por 
certidão ou de terceiro, o juiz ordenará, preliminarmente, por ofício, a exibição desse documento 
em original ou em cópia autêntica e marcará, para o cumprimento da ordem, o prazo de 10 (dez) 
dias. O escrivão extrairá cópias do documento para juntá-las à segunda via da petição (art. 6º, §1º). 
Repare que, se a matéria controvertida for exclusivamente de direito será desnecessária a 
produção de prova pré-constituída na inicial: 
Súmula 625-STF: Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de 
mandado de segurança. 
b) Ato ilegal ou abusivo de autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições públicas: considera-se autoridade coatora aquela que tenha praticado o ato 
impugnado ou da qual emane a ordem para a sua prática (art. 6º, §3º, lei 12.016/2009). 
Além disso, dispõe a lei do MS: 
Art. 1º (...) 
§ 1º Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes ou 
órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem como 
os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de atribuições do 
poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições. 
Por outro lado, não cabe mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266, STF). 
Para impugnar lei em tese, é necessária ação direta perante o STF. É possível, no 
 
 
 
 
 24 
entanto, impugnar ato concreto, fundamentando, como causa de pedir, na 
inconstitucionalidade de lei. Neste caso, a impugnação da lei é incidental e não 
principal. 
Quando se tratar de ato de empresa pública, sociedade de economia mista ou concessionária de 
serviços públicos, somente será cabível o mandado de segurança se for o caso de ato 
administrativo (concurso público, licitação etc.). Não é cabível o writ contra atos de gestão das 
estatais ou da concessionária (art. 1º, §2º). 
➢ Hipóteses de não cabimento do mandado de segurança (art. 5º): 
a) Atos sujeitos a recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de 
caução (I): caberá MS se o impetrante não ingressar com o recurso administrativo previsto 
ou se este for negado; 
b) Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo (II): a interpretação correta do 
dispositivo é a de que não cabe o mandammus contra decisão judicial da qual caiba recurso 
que tiver ou puder ter efeito suspensivo; 
c) Decisão judicial transitada em julgado (III): as únicas hipóteses de impugnação da decisão 
com trânsito em julgado é a ação rescisória ou a querela nullitatis insanabilis. 
Além dessas hipóteses de vedação ao mandado de segurança previstas na lei, existem ainda outras 
apontadas pela jurisprudência: 
d) Lei em tese (Súmula 266, STF); 
e) Ato interna corporis: relacionados à organização interna e funcionamento das Casas 
Legislativas e dos partidos políticos. 
As normas do regimento interno são o maior exemplo de atos interna corporis. O STF 
já decidiu que a interpretação incidente sobre normas de índole meramente regimental, 
por se qualificar como típica matéria interna corporis, suscita questão que se deve 
resolver exclusivamente no âmbito do Poder Legislativo, sendo vedada sua apreciação 
pelo Poder Judiciário. 
➢ Partes no processo 
a) Legitimidade ativa: titular do direito líquido e certo; 
b) Legitimidade passiva: pessoa jurídica a cujos quadros pertence a autoridade que emitiu o 
ato impugnado, tendo em vista que é, de fato, quem contesta o mandado de segurança e 
possui interesse recursal. A autoridade coatora também será identificada no polo passivo 
da ação para fins de definição da competência. 
 
 
 
 
 25 
Apesar de a autoridade coatora não ser considerada parte no mandado de segurança, 
o STJ possui entendimento de que a indicação equivocada da autoridade acarreta a 
extinção do processo sem julgamento do mérito, salvo se for o caso de aplicação da 
teoria da encampação, em que, embora tenha sido indicada a autoridade de forma 
equivocada, a autoridade que praticou o ato presta as informações. De acordo com o 
STJ os requisitos para aplicação da teoria são os seguintes: 
 
Súmula 628-STJ: A teoria da encampação é aplicada no mandado de segurança 
quando presentes, cumulativamente, os seguintes requisitos: a) existência de vínculo 
hierárquico entre a autoridade que prestou informações e a que ordenou a prática 
do ato impugnado; b) manifestação a respeito do mérito nas informações prestadas; 
e c) ausência de modificação de competência estabelecida na Constituição Federal. 
Na hipótese de delegação de competência, o mandado de segurança deve indicar 
como coatora a autoridade que praticou o ato (autoridade delegada) e não a autoridade 
delegante (súmula 510 do STF). Já se o ato for praticado por órgão colegiado, a 
autoridade coatora indicada será o seu presidente. 
 
No mandado de segurança contra ato judicial, há litisconsórcio passivo 
necessário entre o juiz e a parte que se beneficiou do ato impugnado, sendo, 
neste caso, desnecessária a notificação da pessoa jurídica a que está vinculada 
a autoridade coatora (juiz). EDcl nos EDcl no RMS 6.487/PB. 
➢ Competência 
Os critérios que definem a competência para processar e julgar o mandado de segurança são os 
seguintes: 
a) Qualificação da autoridade como federal ou local: define se a competência é da Justiça 
Federal ou Estadual; 
b) A graduação hierárquica da autoridade: define se a competência é de algum tribunal ou do 
juiz de primeiro grau. 
Além disso, em razão do lugar, a competência será da comarca ou seção judiciária do local em 
que a autoridade coatora estiver lotada. 
 
 
 
 
 26 
 
Os atos administrativos praticados por agentes das empresas públicas ou 
sociedades de economia mistas federais serão julgados pela Justiça Federal. 
Embora o art. 109, I, CF tenha excluído da competência da Justiça Federal o 
processo e julgamento de ações em que as sociedades de economia mista federais 
sejam parte, sendo estas de competência da Justiça Estadual, quando se trata de 
mandado de segurança, a autoridade coatora dessas entidades é uma autoridade 
federal, sendo o ato combatido considerado federal (STJ, AgRg no AREsp 
102.351/SE). 
5.2.1.2 – Prazo 
Art. 23. O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 
(cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. 
Trata-se de prazo decadencial, não sujeito a suspensão ou interrupção. Destaque-se que o 
interessado não perde o direito de requerer no judiciário que seja apreciado ato de lesão ou 
ameaça ao seu direito. O que ele perde é o direito a um procedimento judicial específico e sumário 
(o mandado de segurança), podendo ingressar, no entanto, com uma ação ordinária para 
impugnar o ato. 
O termo inicial do prazo ocorre com a publicação do ato no diário oficial ou com a intimação 
pessoal feita ao impetrante. 
 
No caso de interposição de recurso com efeito suspensivo, como o ato não produz 
efeitos, não está apto a causar lesão ou ameaça a direito. Por este motivo, não tem 
início o prazo para impetração do MS. A contagem do prazo somente se inicia 
quando o direito é ameaçado ou lesionado. Julgado o recurso, o prazo tem início a 
partir da ciência da decisão. 
Por outro lado, se o sujeito interpõe um pedido de reconsideração, o prazo começa 
a fluir, tendo em vista que o pedido de reconsideração não possui efeitos 
suspensivos, não impedindo que o ato administrativo produza efeitos: 
Súmula 430-STF: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o 
prazo para o mandado de segurança. 
5.2.1.3 – Procedimento 
➢ Petição inicial: deve preencher osrequisitos do CPC e indicará, além da autoridade coatora, 
a pessoa jurídica que esta integra, à qual se acha vinculada ou da qual exerce atribuições; 
➢ Notificação da autoridade coatora: para prestar informações no prazo de 10 dias da juntada 
da notificação aos autos; 
 
 
 
 
 27 
➢ Ciência ao órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada para que, 
querendo, ingresse no feito; 
➢ Manifestação do Ministério Público: prazo de 10 dias das informações prestadas pela 
autoridade coatora; 
➢ Sentença: 30 dias após a manifestação do MP. 
 
De acordo com o STF, a desistência do mandado de segurança é prerrogativa do 
impetrante, independentemente da anuência da parte demandada, podendo 
ocorrer, inclusive, se já tiver sido proferida decisão de mérito (RE 669.367/RJ). 
Entretanto, em outro julgado, o STF não admitiu a desistência do MS quando o 
impetrante, após decisão de mérito desfavorável, interpôs diversos recursos 
buscando a reforma da decisão, sendo todos negados. Neste caso, entendeu que 
o impetrante manifestou intento de evitar o trânsito em julgado, configurando má-
fé. 
➢ Quanto à possibilidade de tutela provisória: é possível a concessão de liminar para 
suspender o ato que deu motivo ao pedido, quando houver (art. 7º, III): 
a) fundamento relevante (fumus boni iuris); e 
b) do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida 
(periculum in mora). 
É facultado exigir do impetrante caução, fiança ou depósito, com o objetivo de assegurar o 
ressarcimento à pessoa jurídica, quando deferida a liminar. 
É vedada a concessão de liminar quando tenha por objeto: 
a) a compensação de créditos tributários; 
b) a entrega de mercadorias e bens provenientes do exterior; 
c) a reclassificação ou equiparação de servidores públicos; e 
d) a concessão de aumento ou a extensão de vantagens ou pagamento de qualquer natureza. 
Da decisão do juiz de primeiro grau que conceder ou denegar a liminar caberá agravo de 
instrumento. 
➢ Sentença e coisa julgada: a sentença tem caráter mandamental, contendo uma ordem em 
face de uma autoridade ou agente público, podendo ainda ser constitutiva negativa 
(anulatória) ou condenatória. 
No entanto, o mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança e a sentença não 
produz efeitos patrimoniais pretéritos, ou seja, não condena a pagar valores devidos 
anteriormente à sua impetração: 
 
 
 
 
 28 
Súmula nº 269-STF: O mandado de segurança não é substitutivo de ação de cobrança. 
Súmula nº 271-STF: concessão de mandado de segurança não produz efeitos 
patrimoniais, em relação a período pretérito, os quais devem ser reclamados 
administrativamente ou pela via judicial própria. 
O recurso interposto em face da sentença em mandado de segurança é a apelação e, em regra, 
deverá ser interposto pela pessoa jurídica e não pela autoridade coatora. No entanto, o art. 14, 
§2º estende à autoridade coatora o direto de recorrer neste caso. Vale destacar que, regra geral, 
o recurso não possui efeito suspensivo, salvo nos casos em que é vedada a concessão de liminar. 
Concedida a segurança, haverá remessa necessária, não se aplicando as dispensas previstas no 
CPC (art. 14, §1º, lei 12.016/2009). Não importa quem é a parte que se encontra no polo passivo, 
a concessão da segurança sempre ensejará a remessa necessária. 
No mandado de segurança não cabe condenação ao pagamento dos honorários advocatícios (art. 
25). 
Quanto à coisa julgada, se for denegada a segurança por ausência de direito líquido e certo, ou 
seja, por ser necessária dilação probatória, o processo será extinto sem resolução do mérito, sendo 
possível ao interessado ingressar com ação ordinária. Por outro lado, se a sentença for de 
improcedência, haverá coisa julgada material, sendo impossível rediscutir a questão na via 
ordinária. 
5.3.2 – Mandado de segurança coletivo 
O mandado de segurança coletivo também foi previsto na Constituição Federal e regulamentado 
pela lei 12.016/2009. A ele se aplicam as disposições do mandado de segurança individual no que 
couber. Neste tópico, estudaremos as suas peculiaridades. 
➢ Legitimidade ativa (art. 5º, LXX, CF e art. 21, lei 12.016/2009): 
a) partido político com representação no Congresso Nacional, na defesa de seus interesses 
legítimos relativos a seus integrantes ou à finalidade partidária; 
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou 
associados, em defesa de direitos líquidos e certos da totalidade, ou de parte, dos seus 
membros ou associados, na forma dos seus estatutos e desde que pertinentes às suas 
finalidades, dispensada, para tanto, autorização especial. 
 
 
 
 
 29 
 
O art. 5º, XXI, CF exige autorização dos associados para que a entidade associativa 
os represente judicial ou extrajudicialmente. No entanto, o caso trata de 
representação. No mandado de segurança coletivo, as associações não representam 
os associados, elas são legitimadas extraordinárias para propor a ação, por isso é 
dispensada a autorização (STF). 
Quanto aos partidos políticos, basta que possua um deputado ou senador eleito para que possua 
legitimidade para impetrar o mandado de segurança coletivo. Além disso, existem duas posições 
quanto à amplitude da legitimidade dos partidos políticos: 
 
a) Interpretação restritiva: os partidos políticos somente podem impetrar 
mandado de segurança coletivo na defesa dos interesses dos seus filiados; 
b) Interpretação ampliativa: podem interpor o writ também na defesa de 
interesses de toda a sociedade. Esse último posicionamento tem prevalecido. 
Relativamente ao tópico “b”, exige-se a constituição e funcionamento há pelo menos um ano 
apenas das associações, não se fazendo esta exigência para as organizações sindicais e para as 
entidades de classe. 
Súmulas do STF 
 
SÚMULA 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de 
classe em favor dos associados independe da autorização destes. 
SÚMULA 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de 
segurança ainda quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da 
respectiva categoria. 
➢ Objeto: 
a) Direitos coletivos: direitos transindividuais, de natureza indivisível, de que seja titular grupo 
ou categoria de pessoas vinculadas entre si ou com a parte contrária por uma relação 
jurídica básica (ex.: usuários de determinado plano de saúde lesionados em seus direitos); 
b) Direitos individuais homogêneos: decorrentes de origem comum ou de atividade ou 
situação específica da totalidade ou de parte dos associados, membros do impetrante ou 
setor da sociedade. 
Perceba que a lei não fala em defesa de direitos difusos. Entretanto, parcela da doutrina entende 
que o art. 21, parágrafo único da lei 12.016/1019 deve ser interpretado de forma ampliativa para 
abarcar a proteção de todos os interesses coletivos em sentido amplo, inclusive os interesses 
difusos, tendo em vista que o art. 5º, LXX, CF não fez restrição. Assim, a lei seria interpretada 
conforme a constituição. 
 
 
 
 
 30 
➢ Liminar: só poderá ser concedida após a audiência do representante judicial da pessoa 
jurídica de direito público, que deverá se pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas 
(art. 22, §2º); 
➢ Coisa julgada: a sentença fará coisa julgada limitadamente aos membros do grupo ou 
categoria substituídos pelo impetrante (art. 22). 
Além disso, o mandado de segurança coletivo não induz litispendência para as ações individuais, 
mas os efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título individual se não requerer a 
desistência de seu mandado de segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência 
comprovada da impetração da segurança coletiva. 
5.3.3 – Mandado de injunção 
O mandado de injunção é um remédio constitucionalprevisto no art. 5º, LXXI, da CF e 
regulamentado pela lei 13.300/2016. 
CF, art. 5º(...) 
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma 
regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e 
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania; 
O objetivo do mandado de injunção, portanto, é suprir omissão legislativa para efetivar direitos e 
liberdades constitucionais, além de prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à 
cidadania. 
A doutrina aponta os pressupostos para o MI de forma esquematizada: 
a) Norma constitucional de eficácia limitada que reconheça direitos, liberdades ou 
prerrogativas; 
b) Ausência de norma regulamentadora da norma constitucional; 
c) Inviabilidade de exercício desses direitos, liberdades ou prerrogativas; 
d) Nexo causal entra a omissão legislativa e a inviabilização dos direitos. 
O mandado de injunção poderá ainda ser individual ou coletivo. Estudaremos de forma genérica 
o MI individual e, ao final, veremos as peculiaridades do MI coletivo. 
➢ Legitimidade 
a) Legitimidade ativa: pessoas naturais ou jurídicas que se afirmam titulares dos direitos, das 
liberdades ou das prerrogativas constitucionalmente asseguradas e não regulamentadas; 
b) Legitimidade passiva: Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma 
regulamentadora. 
 
 
 
 
 31 
➢ Objeto 
O objetivo do mandado de injunção, portanto, é suprir omissão legislativa para efetivar direitos e 
liberdades constitucionais, além de prerrogativas inerentes à nacionalidade soberania e à 
cidadania. 
A omissão ainda pode ser classificada da seguinte maneira: 
a) Omissão total: ausência de norma regulamentadora; 
b) Omissão parcial propriamente dita: existe lei regulamentadora, mas esta se mostra 
insuficiente para o exercício dos direitos, liberdades ou prerrogativas indicados; 
c) Omissão parcial relativa: existe regulamentação para determinada categoria, porém, não 
contempla outra. 
➢ Prazo: não há prazo para impetrar mandado de injunção. 
➢ Competência: definida em razão do órgão ou autoridade omissa; 
➢ Procedimento: a petição inicial deverá preencher os requisitos da lei processual e indicar o 
órgão impetrado, a pessoa jurídica que ele integra ou aquela a que está vinculado. 
Recebida a petição inicial, será notificado o impetrado para prestar informações em 10 dias e será 
dada ciência à representação judicial da Pessoa Jurídica interessada para que, querendo, ingresse 
no feito. Após o prazo para informações, o Ministério Público será ouvido em 10 dias. 
➢ Sentença 
Se reconhecer o estado de mora legislativa, será deferida a injunção para: 
I. determinar prazo razoável para que o impetrado promova a edição da norma 
regulamentadora; 
II. estabelecer as condições em que se dará o exercício dos direitos, das liberdades ou das 
prerrogativas reclamados ou, se for o caso, as condições em que poderá o interessado 
promover ação própria visando a exercê-los, caso não seja suprida a mora legislativa no 
prazo determinado. 
Será dispensada a determinação a que se refere o inciso I quando comprovado que o impetrado 
deixou de atender, em mandado de injunção anterior, ao prazo estabelecido para a edição da 
norma. 
A decisão, em regra, terá eficácia subjetiva limitada às partes e produzirá efeitos até o 
advento da norma regulamentadora. No entanto, poderá ser conferida eficácia ultra 
partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício 
do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração. Além disso, transitada 
 
 
 
 
 32 
em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por 
decisão monocrática do relator. 
O indeferimento do pedido por insuficiência de prova não impede a renovação da impetração 
fundada em outros elementos probatórios. 
 
Antes da edição da lei 13.300/2016, havia alguns entendimentos acerca dos efeitos 
da decisão no mandado de injunção: 
a) Teoria não concretista: a decisão se limita a reconhecer a omissão normativa, 
notificando o órgão ou entidade responsável pela edição da norma. Seria 
uma decisão declaratória da mora; 
b) Teoria concretista geral: a própria decisão deveria estabelecer uma norma 
com eficácia para todas as situações idênticas. A decisão seria constitutiva e 
erga omnes; 
c) Teoria concretista individual: 
i. Concretista individual intermediária: a decisão estabelece prazo para o 
órgão ou entidade editar a norma e, em caso de descumprimento do 
prazo, o próprio Poder Judiciário viabiliza o direito ao impetrante 
individualmente; 
ii. Concretista individual direta: a decisão reconhece a omissão normativa e 
cria a norma faltante para o caso concreto em favor do impetrante 
individualmente. 
O STF, ante da referida lei, vinha adotando a teoria concretista geral (ex.: direito de 
greve dos servidores públicos). 
A lei 13.300/2016, por sua vez, adotou a teoria concretista individual intermediária, 
podendo, excepcionalmente, conferir efeitos erga omnes ou ultra partes à decisão 
quando for inerente ou indispensável ao exercício do direito objeto da impetração. 
➢ Revisão da decisão: sem prejuízo dos efeitos já produzidos, a decisão poderá ser revista, a 
pedido de qualquer interessado, quando sobrevierem relevantes modificações das 
circunstâncias de fato ou de direito. 
➢ Norma regulamentadora posterior à decisão: produzirá efeitos ex nunc em relação aos 
beneficiados por decisão transitada em julgado, salvo se a aplicação da norma editada lhes 
for mais favorável. 
5.3.3.1 – Mandado de injunção coletivo 
➢ Legitimados: 
 
 
 
 
 33 
a) Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da 
ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais 
indisponíveis; 
b) Partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de 
direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a finalidade 
partidária; 
c) Organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em 
funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades 
e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na 
forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas finalidades, dispensada, para tanto, 
autorização especial; 
d) Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção 
dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na 
forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal. 
Em relação ao mandado de segurança coletiva, foram acrescidos o Ministério Público e a 
Defensoria Pública como legitimados. 
➢ Objeto: direitos, as liberdades e as prerrogativas pertencentes, indistintamente, a uma 
coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria; 
➢ Coisa julgada: sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da 
coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante. 
O mandado de injunção coletivo não induz litispendência em relação aos individuais, mas os 
efeitos da coisa julgada não beneficiarão o impetrante que não requerer a desistência da demanda 
individual no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência comprovada da impetração coletiva. 
5.3.4 – Ação popular (Lei 4.717/65) 
A ação popular também consiste em um remédio constitucional, previsto no art. 5º, LXXIII, CF, 
sendo regulamentado pela lei 4.717/65: 
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular 
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à 
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, 
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas

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