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Aula 13
Direito Administrativo p/ Delegado de
Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso
Regular) 
Autor:
Rodolfo Breciani Penna
Aula 13
27 de Março de 2021
A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO - FOCO NA APROVAÃO
 
Sumário 
Considerações Iniciais ...................................................................................................................... 4 
Responsabilidade Civil do Estado.................................................................................................... 4 
1 – Introdução .............................................................................................................................. 4 
2 – Evolução da Responsabilidade civil do Estado ...................................................................... 4 
2.1 – Teoria da irresponsabilidade estatal ................................................................................................... 4 
2.2 – Responsabilidade com previsão legal ................................................................................................. 5 
2.3 – Teoria da responsabilidade subjetiva (teoria civilis ta) ......................................................................... 5 
2.3.1 – Teoria da culpa individual (atos de império x atos de gestão) ......................................................... 5 
2.4 – Teoria da culpa do serviço (faute du service) ...................................................................................... 6 
2.5 – Teoria da responsabilidade objetiva ................................................................................................... 6 
2.6 – Teoria do risco integral ....................................................................................................................... 6 
3 – Responsabilidade Civil do Estado no Ordenamento Jurídico Brasileiro ................................ 7 
3.1 – Responsabilidade objetiva .................................................................................................................. 7 
3.1.1 – Pessoas sujeitas à responsabilidade objetiva ................................................................................... 7 
3.1.2 – Fundamentos da responsabilidade objetiva .................................................................................... 8 
3.1.3 – Teorias da responsabilidade civil objetiva do Estado ....................................................................... 8 
3.2 – Elementos da responsabilidade civil do Estado .................................................................................. 9 
3.3 – Causas excludentes da responsabilidade .......................................................................................... 11 
3.3.1 – Causa de redução da responsabilidade ......................................................................................... 11 
3.4 – Responsabilidade contratual e extracontratual ................................................................................. 12 
3.5 – Responsabilidade por atos lícitos ..................................................................................................... 12 
3.6 – Responsabilidade civil do Estado por omissão ................................................................................. 13 
3.7 – Jurisprudência dos Tribunais Superiores ........................................................................................... 15 
Rodolfo Breciani Penna
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Direito Administrativo p/ Delegado de Polícia - 2021 - Pré-Edital (Curso Regular) 
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A PRÁTICA LEVA A PERFEIÇÃO - FOCO NA APROVAÃO
 
 
 
 
 2 
4 – Responsabilidade Civil por Danos de Obra Pública ............................................................. 16 
4.1 – Responsabilidade decorrente de má execução da obra ................................................................... 16 
4.2 – Responsabilidade civil pelo “simples fato da obra” .......................................................................... 17 
5 – Responsabilidade Civil por Atos Legislativos ....................................................................... 17 
5.1 – Leis inconstitucionais ........................................................................................................................ 17 
5.2 – Lei de efeitos concretos .................................................................................................................... 18 
5.3 – Omissão legislativa ........................................................................................................................... 18 
6 – Responsabilidade Civil por Atos Jurisdicionais .................................................................... 18 
6.1 – Erro judiciário ................................................................................................................................... 19 
6.2 – Prisão além do tempo fixado na sentença ........................................................................................ 19 
6.3 – Demora na prestação jurisdicional .................................................................................................... 20 
7 – Responsabilidade Civil por Atos de Notários e Registradores............................................. 20 
7.1 – Natureza do serviço de notas e de registros ..................................................................................... 20 
7.2 – Forma de ingresso no cargo de titular de serviços de notas e de registros e de remoção ............... 20 
7.3 – Responsabilidade civil do Estado por atos de notários e registradores ............................................ 21 
7.4 – Conclusão ......................................................................................................................................... 22 
8 – Responsabilidade Civil por atos de Multidões (Atos Multitudinários) .................................. 22 
9 – Reparação do Dano .............................................................................................................. 22 
9.1 – Denunciação da lide ......................................................................................................................... 23 
9.2 – Ação de regresso.............................................................................................................................. 23 
10 – Prescrição da Ação de Reparação Civil .............................................................................. 24 
10.1 – (Im)prescritibilidade da ação de ressarcimento ............................................................................... 24 
Resumo ................................................................................................. Erro! Indicador não definido. 
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 3 
Considerações Finais ..................................................................................................................... 25 
Questões Comentadas .................................................................................................................. 25 
Lista de Questões .......................................................................................................................... 47 
Gabarito ......................................................................................................................................... 53 
 
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RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
Prezado aluno, na aula de hoje estudaremos o tema “Responsabilidade Civil do Estado”, tema de 
grande incidênciaem todas as provas de carreiras jurídicas. 
Sem tempo a perder, vamos à nossa aula. 
Qualquer dúvida, críticas ou sugestões, podem me contactar nos canais a seguir: 
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com 
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
1 – INTRODUÇÃO 
A responsabilidade civil da Administração Pública é o dever de reparação dos danos, patrimoniais 
ou extrapatrimoniais, causados a terceiros pela conduta estatal, seja comissiva ou omissiva. 
Um dos principais fundamentos para a responsabilidade civil estatal é o princípio da isonomia e 
da equidade. A atuação do Estado busca beneficiar toda coletividade. Assim, não seria justo que, 
se toda coletividade se beneficia da atuação estatal, apenas um indivíduo ou um pequeno grupo 
de pessoas sofresse prejuízos decorrente dessa mesma atuação. É necessário que esse prejuízo 
seja socializado e distribuído à sociedade da mesma forma (repartição dos encargos sociais). 
2 – EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
2.1 – Teoria da irresponsabilidade estatal (the king can do not wrong) 
A teoria da irresponsabilidade é típica dos Estados absolutistas (soberanos), em que não havia 
qualquer limitação do poder estatal. 
Essa teoria decorre do entendimento vigente à época de que o rei nunca cometia erros 
(the king can do not wrong). Nesta fase, o Estado se confundia com o próprio monarca 
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(“o estado sou eu”, Luis XIV), sendo impossível a sua responsabilização, tendo em vista 
a impossibilidade de aquele governante cometer erros. 
A irresponsabilidade se baseava ainda na ideia de que o poder estatal era, em certa medida, uma 
verdadeira expressão do poder divino. 
O Brasil não passou por essa fase da irresponsabilidade. 
2.2 – Responsabilidade com previsão legal 
Nesta fase, o Estado somente poderia ser responsabilizado em casos pontuais, quando houvesse 
previsão legal específica no sentido da responsabilidade. Eram situações muito restritas. 
2.3 – Teoria da responsabilidade subjetiva (teoria civilista) 
O Estado passou a ser responsabilizado na mesma medida que o particular, isto passou-se a 
admitir a responsabilização do Estado ainda que sem expressa menção na lei. No entanto, era 
necessário demonstrar a intenção do agente público em causar o dano, ou seja, a sua culpa em 
sentido amplo (que abrange a culpa em sentido estrito e o dolo). 
O Estado passou ser responsabilizado quando presentes os elementos da responsabilidade civil 
em geral: a) Conduta: prática de um agente atuando nesta qualidade; b) Dano: prejuízo 
patrimonial ou extrapatrimonial sofrido por terceiros; c) Nexo causal: demonstração de que a 
conduta do agente foi determinante para a ocorrência do prejuízo; d)Culpa ou dolo do agente 
(elemento subjetivo). 
2.3.1 – Teoria da culpa individual (atos de império x atos de gestão) 
Dentro da fase da responsabilidade subjetiva, houve espaço ainda para uma corrente defensora 
de que a responsabilidade do Estado dependia da distinção entre atos de gestão e atos de 
império, influenciada pela teoria do fisco. 
Os atos de império são aqueles praticados pelo Estado na posição de supremacia em relação ao 
particular, em virtude da sua soberania. Para esta teoria, não poderia haver responsabilização 
estatal por atos de império. 
Já os atos de gestão são aqueles praticados pelo Estado quando despido de sua autoridade, 
atuando em posição de igualdade com o particular. Neste caso, haveria responsabilização do 
Estado com base no Direito Civil, dependendo da demonstração da culpa (em sentido amplo: 
culpa ou dolo) do agente público. 
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2.4 – Teoria da culpa do serviço (culpa anônima ou faute du service) 
Como era muito difícil para o particular demonstrar a culpa do agente público, a teoria da 
responsabilidade subjetiva se mostrou praticamente ineficaz. Assim, evoluiu-se para a teoria da 
culpa do serviço, também conhecida como culpa anônima. 
De acordo com esta teoria, não seria mais necessário comprovar a culpa do agente público, 
bastava a demonstração de uma das seguintes situações: a) serviço foi mal prestado (não 
funcionou); b) serviço foi prestado de forma ineficiente (funcionou mal); c) serviço prestado com 
atraso (funcionou com atraso). 
2.5 – Teoria da responsabilidade objetiva 
A teoria da responsabilidade objetiva acabou com a necessidade de comprovação de qualquer 
tipo de culpa. Conforme suas definições, basta a presença dos seguintes elementos para que o 
Estado seja obrigado a reparar o dano: a) Conduta; b) Dano; c) Nexo causal. 
É desnecessária a aferição de qualquer aspecto relacionado ao elemento subjetivo do 
agente público (culpa ou dolo). 
No entanto, o Estado poderá se livrar da responsabilidade pelo ressarcimento dos prejuízos se 
comprovar a existência de uma causa excludente da responsabilidade, tal como a culpa exclusiva 
da vítima, culpa exclusiva de terceiro, caso fortuito e força maior. Além disso, poderá reduzir a sua 
responsabilidade caso comprovada culpa concorrente. 
No Brasil, foi adotada a teoria da responsabilidade objetiva desde a Constituição Federal de 1946. 
2.6 – Teoria do risco integral 
De acordo com esta teoria, o Estado deve ser uma espécie de “garantidor universal”, devendo 
ressarcir todos os prejuízos sofridos pelos particulares, desde que presente o nexo causal. 
Essa teoria é muito parecida com a teoria da responsabilidade objetiva. O traço distintivo entre 
elas, no entanto, é que na teoria do risco integral não se admite que o Estado seja eximido da sua 
responsabilidade, ainda que comprovada uma cláusula excludente. 
A teoria do risco integral foi adotada em alguns casos específicos no Brasil, quando expressamente 
definido em lei, como é o caso da responsabilidade ambiental, a responsabilidade por danos 
nucleares e a responsabilidade por ataques terroristas a aeronaves. 
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3 – RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO NO ORDENAMENTO 
JURÍDICO BRASILEIRO 
3.1 – Responsabilidade objetiva 
O fundamento legal da responsabilidade objetiva do Estado se encontra no art. 37, §6º, CF: 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de 
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos 
de dolo ou culpa. 
3.1.1 – Pessoas sujeitas à responsabilidade objetiva 
De acordo com o art. 37, §6º, CF, estão sujeitas à responsabilidade objetiva as seguintes pessoas: 
a) Pessoas jurídicas de direito público (Entes Federados, autarquias e fundações públicas de direito 
público); b) Pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (empresas 
públicas e sociedades de economia mista quanto prestadoras de serviços públicos e 
concessionárias ou permissionárias de serviços públicos). 
Empresas públicas e sociedades de economia mista 
Prestadora de serviços públicos Responsabilidade objetiva 
Exploradora de atividade econômica Responsabilidade subjetiva 
Há ainda a peculiar situação da responsabilidade do Estado pelos danos causados pelas entidades 
da Administração indireta ou por concessionárias de serviços públicos: 
 
De acordo com a doutrina, o Estado possui responsabilidade subsidiária e objetiva 
pelos danos causados pela Administração indireta ou pelas concessionárias e 
permissionáriasde serviços públicos, o que significa dizer que o Estado fica 
obrigado a reparar o dano após esgotadas as tentativas de fazer com que a 
entidade administrativa ou concessionária faça o ressarcimento (STJ. 2ª Turma. 
AgRg no AREsp 203.785/RS). 
Por fim, a responsabilidade objetiva alcança as entidades elencadas no dispositivo 
constitucional ainda que o dano seja causado a terceiro não usuário do serviço público 
prestado. De acordo com o STF, a Constituição não fez qualquer ressalva quanto à 
pessoa que sofre o dano, não cabendo ao Poder Judiciário fazer (RE 591874). 
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3.1.2 – Fundamentos da responsabilidade objetiva 
A responsabilidade objetiva estatal é sustentada basicamente por dois entendimentos: 
a) Teoria do risco administrativo: Esta teoria sustenta que o Estado assume prerrogativas 
especiais para o exercício suas atribuições perante os cidadãos. Essas atividades exercidas 
pelo poder público possuem riscos inerentes de causar dano a particulares. Assim, da 
mesma maneira que a coletividade se beneficia destas atividades que trazem riscos, 
também deve ser responsável quando o risco se transformar efetivamente em dano a 
terceiros. 
b) Repartição dos encargos sociais: Outro fundamento importante para a responsabilidade 
objetiva é a repartição dos encargos sociais. Sob este prisma, sustenta-se que a atividade 
da Administração Pública beneficia toda a coletividade, pelo que não seria justo que a 
mesma atividade prejudicasse apenas uma pessoa ou um grupo de pessoas. Assim, as 
reparações devem ser realizadas pela Administração, cujo patrimônio pertence à 
coletividade. 
3.1.3 – Teorias da responsabilidade civil objetiva do Estado 
A responsabilidade objetiva decorre da teoria objetiva, também conhecida como teoria do risco. 
Essa teoria abarca duas espécies, quais sejam, a teoria do risco administrativo e a teoria do risco 
integral. 
A teoria do risco, como gênero, estabelece que o Estado, em razão das suas atividades, deve arcar 
com um risco maior, respondendo quando verificado o dano na prática. Essa responsabilidade 
independe da demonstração de culpa ou dolo do agente ou de culpa do serviço, tendo em vista 
que decorre diretamente dos riscos assumidos pela Administração. 
a) Teoria do risco administrativo: Essa teoria, adotada como regra no ordenamento jurídico 
brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes 
causarem, atuando nesta qualidade, a terceiros. 
No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja 
verificada a exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva 
da vítima, a culpa exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior. 
b) Teoria do risco integral: Já para a teoria do risco integral, a responsabilidade do Estado 
também é objetiva, porém, não admite exclusão da responsabilidade. Verificado o dano e 
o nexo causal, surge para a Administração Pública o dever de indenizar o particular. 
Trata-se da responsabilidade absoluta do Estado pelos danos causados no território nacional, 
tendo em vista que parte da premissa do Estado como “garantidor universal”. 
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A teoria do risco administrativo foi adotada como a regra do ordenamento jurídico 
brasileiro. No entanto, excepcionalmente, nos casos em que há expressa previsão na 
lei, adota-se a teoria do risco integral: 
 Dano decorrente de atividade nuclear: o art. 21, XXIII, “d”, da CF; 
 Dano ambiental: o STJ possui entendimento consolidado de que a responsabilidade 
civil por dano ambiental é objetiva e informada pelo risco integral, seja para a 
Administração Pública, seja para o particular, não importando se a poluição foi 
comissiva ou omissiva, direta ou indireta (STJ, REsp 1374284/MG). Além disso, a 
responsabilidade é solidária entre todos os participantes no dano. No entanto, a 
responsabilidade do Estado quando considerado poluidor indireto (omissão em 
fiscalizar, por exemplo) é solidária, porém, de execução subsidiária, ou seja, somente 
haverá execução contra o Estado após a tentativa frustrada de execução do particular 
que provocou o dano de forma direta. 
 Danos decorrentes de ataques terroristas ou atos de guerra a aeronaves brasileiras: 
Lei 10.302/2001: “Art. 1º Fica a União autorizada a assumir as responsabilidades civis 
perante terceiros no caso de danos a bens e pessoas no solo, provocados por atentados 
terroristas ou atos de guerra contra aeronaves de empresas aéreas brasileiras no Brasil 
ou no exterior.” 
3.2 – Elementos da responsabilidade civil do Estado 
Para configuração da responsabilidade objetiva, é necessária a verificação de três elementos: a) 
conduta; b) dano; c) nexo causal. 
a) Conduta (fato administrativo): para que o Estado seja responsabilizado, é necessária a 
existência de uma conduta, comissiva ou omissiva, de seus agentes públicos atuando nesta 
qualidade ou quando a conduta tenha relação direta com o exercício da função pública. 
 
O STF possui entendimento de que o Estado é responsável pelos danos causados 
por disparo de arma de fogo pertencente à corporação, dado por Policial Militar, 
ainda que este esteja de folga, tendo em vista que a conduta está relacionada à 
sua atuação (RE 135310). De acordo com a Corte, alguns aspectos ensejam a 
responsabilidade do Estado: a) o servidor é policial 24h por dia; b) autodeclaração 
da condição de policial durante o evento danoso; c) arma pertencente ao Estado; 
d) culpa in elegendo da Administração na seleção do profissional. 
É importante ficar atento, pois a Corte Suprema possui um julgado dissonante. 
Trata-se de decisão que negou a responsabilidade do Estado por homicídio 
praticado por policial que possuía relacionamento afetivo com a vítima. Neste 
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caso, a decisão se fundamentou no caráter privado do relacionamento, embora a 
arma utilizada seja de propriedade do Estado (RE 363.423). 
b) Dano: lesão a determinado bem jurídico da vítima, seja ele patrimonial ou extrapatrimonial. 
Com relação aos danos patrimoniais, poderá ser um dano emergente ou lucro cessante. O 
primeiro representa a diminuição efetiva do patrimônio da vítima, enquanto o segundo trata da 
diminuição potencial do patrimônio, relacionado com o que a vítima deixou de receber em virtude 
da conduta estatal (ex.: motorista de táxi que ficou sem trabalhar em decorrência de colisão de 
um veículo do Estado com o seu veículo). 
Já os danos extrapatrimoniais estão ligados à violação dos direitos de personalidade dos cidadãos, 
tais como a honra, a imagem, a reputação, dentre outros. 
Há ainda outras espécies de danos que podem ser cumulados com estes, tais como os danos 
estéticos, danos sociais, dano moral coletivo, a serem estudados em matéria própria. 
c) Nexo causal: é o vínculo entre a conduta e o dano. A relação de causa e efeito entre a 
conduta estatal e a lesão sofrida pela vítima. Para explicar o nexo causal, foram criadas 
algumas teorias: 
i) Teoria da equivalência das condições (equivalência dos antecedentes causais ou 
conditio sine qua non): para essa teoria, os antecedentes que contribuírem de 
qualquer forma para a lesão devem ser considerados equivalentes e ensejadores de 
responsabilização. Para excluir o nexo causal, seria necessário verificar que 
eliminação hipotética da conduta da cadeia de ações manteria o resultadoinalterado. Qualquer outra conduta que, uma vez eliminada, alterasse o resultado 
lesivo, seja o eliminando ou reduzindo, deveria ser considerada como causa da lesão. 
Essa teoria é muito criticada, tendo em vista que produz um regresso infinito do nexo de 
causalidade, o que acarreta segurança jurídica. 
ii) Teoria da causalidade adequada: considera como causa do dano apenas a conduta 
que, em abstrato, seja a mais adequada a causar a lesão. Rompeu com a equivalência 
dos antecedentes, considerando como causa apenas o antecedente com maior 
probabilidade de produzir o resultado danoso. 
A crítica que se faz a essa teoria é responsabilizar alguém por um mero juízo de probabilidade e 
não de certeza. 
iii) Teoria da causalidade direta e imediata: também pode ser denominada de teoria da 
interrupção do nexo causal. Para essa teoria, os antecedentes não se equivalem, 
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sendo que apenas o evento que se vincular direta e imediatamente ao dano será 
considerado a sua causa. Trata-se da teoria consagrada no art. 403 do CC. 
3.3 – Causas excludentes da responsabilidade 
As cláusulas de exclusão apontadas em geral são: a) culpa exclusiva da vítima; b) culpa de terceiro; 
c) caso fortuito e força maior. Há ainda uma outra causa que, embora não exclua a 
responsabilidade, faz com que esta seja reduzida proporcionalmente: a culpa concorrente da 
vítima. 
A caracterização da responsabilidade do Estado está vinculada à previsibilidade e evitabilidade do 
evento danoso, não sendo possível a sua responsabilização por eventos imprevisíveis ou 
previsíveis, mas de consequências inevitáveis. 
a) Culpa exclusiva da vítima: É a hipótese em que o dano é causado por fato da própria vítima 
(autolesão). 
b) Culpa exclusiva de terceiro (fato de terceiro): Trata-se do dano causado pelo fato de um 
terceiro que não possui vínculo jurídico com o Estado. Neste caso, também não há nexo 
causal entre conduta estatal e o dano sofrido pela vítima. A responsabilização deve ser 
buscada em face do terceiro que causou o dano. 
O Estado somente será responsabilizado se houver comprovação de falta do serviço, conforme 
estudaremos na responsabilidade estatal por omissão. Assim, se tinha conhecimento da 
probabilidade do dano e possuía o dever de agir, porém, se omitiu, poderá ser responsabilizado. 
c) Caso fortuito e força maior: São eventos naturais ou humanos imprevisíveis ou previsíveis, 
porém inevitáveis, que causam danos às pessoas sem qualquer vínculo com a atuação do 
Estado. Esses eventos excluem o nexo causal, pois não será possível verificar uma relação 
de causa e efeito entre conduta Estatal e o dano sofrido pela vítima. 
Da mesma forma que na hipótese de culpa de terceiro, o Estado poderá ser responsabilizado em 
caso de ter ciência da possibilidade da ocorrência do dano e, tendo possibilidade de agir, se 
omitir, responderá na forma omissiva com base na teoria da culpa anônima. 
3.3.1 – Causa de redução da responsabilidade – culpa concorrente 
Por fim, a culpa concorrente não é uma hipótese de exclusão da responsabilidade do Estado, mas 
apenas de redução desta. Isto porque não exclui o nexo de causalidade, tendo em vista que o 
Estado contribuiu para a ocorrência do dano. 
Ocorre, no entanto, que a vítima também contribuiu, com sua conduta, para que o dano ocorresse. 
Neste caso, o Estado deve responder na medida da sua contribuição para o dano (art. 945, CC). 
Rodolfo Breciani Penna
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3.4 – Responsabilidade contratual e extracontratual 
De acordo com Rafael Oliveira1, não se aplica a responsabilidade objetiva aos danos causados a 
pessoas que possuem um vínculo negocial com o Estado (contratos) ou um vínculo institucional 
(ex.: servidores públicos). 
3.5 – Responsabilidade por atos lícitos 
Em regra, a responsabilidade está vinculada aos deveres jurídicos que, uma vez violados e 
verificado um prejuízo decorrente desta violação, enseja o dever de reparação. 
No entanto, em casos específicos, o ordenamento jurídico estabelece responsabilidade 
civil por atos lícitos. 
Quanto ao Estado, conforme estudamos, o princípio da igualdade e a repartição dos encargos 
sociais determinam que um pequeno grupo de pessoas não sofra sozinho os prejuízos decorrentes 
da atividade estatal, que beneficia toda a coletividade. Se toda sociedade é beneficiada, deve 
também se responsabilizar pelos danos. 
A doutrina, todavia, somente admite a responsabilidade civil do Estado por ato lícito em duas 
situações: 
a) Expressa previsão legal; 
b) Sacrifício desproporcional ao particular: dano anormal e específico ou dano 
desproporcional causado a vítima (ex.: ato administrativo que determina o fechamento do 
único acesso a uma rua de lojas, inviabilizando a atividade econômica no local). 
Os danos normais e genéricos que decorram da conduta lícita do Estado são considerados dentro 
do chamado risco social, ao qual estão sujeitos todos os cidadãos que vivem em sociedade, e não 
enseja o dever de indenizar. 
Uma mesma conduta estatal pode gerar danos anormais e específicos em relação a 
determinada pessoa e danos normais e genéricos em relação a outras. A este fenômeno 
 
 
1 OLIVEIRA, Rafael Carvalho Rezende. Curso de direito administrativo. 7. Ed. São Paulo: Método, 2019. 
P. 793. 
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a doutrina dá o nome de “teoria do duplo efeito dos atos administrativos”, tendo em 
vista que gera efeitos diferentes em relação aos cidadãos. 
3.6 – Responsabilidade civil do Estado por omissão 
Correntes doutrinárias: Responsabilidade civil do Estado por omissão 
1ª Corrente A responsabilidade deve ser objetiva, tendo em vista que o art. 37 §6º, CF, não 
faz distinção entre condutas comissivas e omissivas; 
2ª Corrente Responsabilidade subjetiva com presunção de culpa do poder público, tendo em 
vista que, na omissão, o Estado não causa o dano, mas atua de forma ilícita (com 
culpa), descumprindo o dever legal de evitar o dano; 
3ª Corrente Faz distinção entre omissão genérica e omissão específica. No primeiro caso, a 
responsabilidade deve ser subjetiva. Já no segundo caso, a responsabilidade 
deve ser objetiva, tendo em vista o dever de agir para da Administração para 
evitar o dano. 
Já na jurisprudência dos tribunais superiores também há relativa divergência: 
Jurisprudência do STJ e STF: Responsabilidade civil do Estado por omissão 
STJ A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da 
culpa anônima. 
ST
F 
 Omissão específica: responsabilidade objetiva. 
 Omissão genérica: responsabilidade subjetiva, com base na culpa anônima. 
Deve ser adotado o entendimento do STF para provas objetivas em geral. Para provas discursivas, 
deve-se expor toda a discussão e os posicionamentos de cada Corte. 
A omissão específica se caracteriza nos casos em que a Administração Pública possui um dever 
específico de agir para evitar o dano. Essa hipótese tem sido reconhecida de forma recorrente nos 
casos em que o lesado está sob a guarda ou custódia do Estado, tais como os estudantes em 
escolas públicas e os presos sob custódia do Estado. Essa responsabilidade por pessoas sob sua 
guarda somente pode ser excluída se comprovado que o Estado não tinha como evitar o dano, 
sendo que esse ônus da prova cabe à Administração Pública. 
➢ Responsabilidade civil por morte do preso 
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STF: É objetiva a responsabilidade da adm. por morte de detento pois se trata de 
omissão específica de observância do dever do art. 5º, XLIX, CF e do dever de 
custódia. Poderá ser excluída se comprovar que a morte ocorreria de qualquer 
maneira, pois exclui o nexo causal e a responsabilidade objetiva do Estado é 
fundamentada na teoria do risco administrativo (RE 841526/RS, rel. Min. Luiz Fux, 
30.3.2016). 
➢ Responsabilidade civil por suicídio do preso 
 
STF: O Estado responde objetivamente pelo suicídio do detento, tendo em vista o 
seu dever de zelar pela integridade física e moral dos presos (art. 5º, XLIX, CF) e em 
virtude do seu dever de custódia. No entanto, o Estado poderá excluir a sua 
responsabilidade se comprovar (e o ônus o prova lhe pertence) que não tinha como 
evitar a morte do detento. O Min. Luiz Fux exemplificou esta hipótese: a) Se o 
detento que cometeu suicídio já vinha apresentando indícios de que poderia tirar a 
própria vida, o Estado deve ser responsabilizado, tendo em vista que o evento era 
previsível; b) Se o preso nunca havia demonstrado a ideação suicida, o Estado não 
deve ser responsabilizado, uma vez que o evento foi um ato repentino e imprevisível. 
STF. 2ª Turma. ARE 700927 AgR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 28/08/2012. 
➢ Responsabilidade civil por maus tratos de detento 
 
STF: É dever do Estado manter em seus presídios padrões mínimos de humanidade 
previstos no ordenamento jurídico (art. 5º, XLIX, CF). Desta forma, deve indenizar os 
presos pelos danos sofridos, inclusive morais, desde que comprovados, em razão da 
falta ou insuficiência das condições legais de encarceramento. Como é dever do 
Estado promover condições mínimas de humanidade, quando isto não é 
implementado há omissão específica, sendo a responsabilidade objetiva (RE 580252, 
Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, 
Tribunal Pleno, julgado em 16/02/2017). 
➢ Responsabilidade civil por roubo, furto ou sequestro nas dependências de prestadoras de 
serviços públicos 
Em um primeiro momento, o STF decidiu que pessoa jurídica de direito privado prestadora de 
serviço público é objetivamente responsável por crime de furto praticado em suas dependências. 
O caso envolveu a DERSA (Desenvolvimento Rodoviário S/A), empresa responsável por rodovia 
que determinou a parada de um caminhão ao ser constatado excesso de peso na balança. Neste 
período em que o caminhão ficou parado, a carga foi furtada, o que, segundo o STF, enseja a 
responsabilidade objetiva da prestadora de serviços (STF. 1ª Turma. RE 598356/SP, Rel. Min. 
Marco Aurélio, julgado em 8/5/2018. Info 901). 
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Por sua vez, o STJ entendeu que uma concessionária de rodovia não responde por crime de roubo 
e sequestro ocorridos nas dependências de estabelecimento por ela mantido para a utilização de 
usuários. De acordo com a Corte, a segurança que a concessionária deve fornecer aos usuários diz 
respeito ao bom estado de conservação e sinalização da rodovia. 
Veja que a divergência é apenas aparente. O STJ reconheceu que a responsabilidade no caso era 
objetiva, com base no art. 37, §6º, CF. No entanto, a responsabilidade era excluída, vez que o 
dano decorreu de fato exclusivo de terceiro. 
➢ Responsabilidade civil do Município por danos causados pelo comércio de fogos de artifício 
 
Para que fique caracterizada a responsabilidade civil do Município por danos 
decorrentes do comércio de fogos de artifício, é necessário que exista a violação de 
um dever jurídico específico de agir, que ocorrerá quando for concedida a licença 
para funcionamento sem as cautelas legais ou quando for de conhecimento do poder 
público eventuais irregularidades praticadas pelo particular. STF. Plenário. RE 
136861/SP, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, 
julgado em 11/3/2020 (repercussão geral – Tema 366) (Info 969). 
3.7 – Jurisprudência dos Tribunais Superiores 
Para deixar o estudo mais dinâmico e objetivo, passa a citar a jurisprudência relevante dos 
Tribunais Superiores ainda não citadas nesta aula, de forma esquematizada: 
 A Administração Pública pode responder civilmente pelos danos causados por seus agentes, 
ainda que estes estejam amparados por causa excludente de ilicitude penal (REsp 1266517/PR). 
 É objetiva a responsabilidade civil do Estado pelas lesões sofridas por vítima baleada em razão 
de tiroteio ocorrido entre policiais e assaltantes (REsp 1266517/PR). 
 O Estado não responde civilmente por atos ilícitos praticados por foragidos do sistema 
penitenciário, salvo quando os danos decorrem direta ou imediatamente do ato de fuga (AgRg 
no AREsp 173291/PR). 
 De acordo com os precedentes do STJ, as concessionárias de serviços rodoviários estão 
subordinadas à legislação consumerista. A presença de animais na pista coloca em risco a 
segurança dos usuários da rodovia, respondendo as concessionárias pelo defeito na prestação 
do serviço que lhes é outorgado pelo Poder Público concedente. (REsp 687.799/RS). 
 O Ente Público responde objetivamente pelos danos causados por acidente em Rodovia sob 
sua administração, em razão da presença de animal transitando na pista, situação que denota 
negligência na manutenção e fiscalização. É dever do Estado promover vigilância ostensiva e 
adequada, proporcionando segurança possível àqueles que trafegam pela rodovia. Assim, há 
conduta omissiva e culposa do Ente Público, caracterizada pela negligência, apta a 
responsabilizar o Ente Público, nos termos do que preceitua a teoria da Responsabilidade Civil 
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do Estado, por omissão, salvo se demonstrada uma das causas excludentes da responsabilidade. 
(AgInt no AgInt no REsp. 1.631.507/CE). 
 A despeito de situações fáticas variadas no tocante ao descumprimento do dever de 
segurança e vigilância contínua das vias férreas, a responsabilização da concessionária é uma 
constante, passível de ser elidida tão somente quando cabalmente comprovada a culpa 
exclusiva da vítima. (Tese julgada sob o rito do art. 543-C do CPC/73 – Tema 517 – AgRg no 
AREsp 676392/RJ). 
CUIDADO! Apesar desta jurisprudência estar assim redigida na jurisprudência em teses do STJ, 
edição nº 61, entendimento 12, é pacífico o entendimento de que é possível a exclusão da 
responsabilidade do Estado por outros motivos, tais como a culpa de terceiro, caso fortuito e 
força maior, não apenas quando houver culpa exclusiva da vítima. 
 No caso de atropelamento de pedestre em via férrea, configura-se a concorrência de causas, 
impondo a redução da indenização por dano moral pela metade, quando: (i) a concessionária 
do transporte ferroviário descumpre o dever de cercar e fiscalizar os limites da linha férrea, 
mormente em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente no tocante às 
necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; e (ii) a 
vítima adota conduta imprudente, atravessando a via férrea em local inapropriado. (Tese julgada 
sob o rito do art. 543-C do CPC/73 – Tema 518 – AgRg no AREsp 724028/RJ) 
 Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de 
quebra de instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo 
Banco Central no mercado de capitais AgRg no REsp 1405998/SP). 
 As ações indenizatórias decorrentes de violação a direitos fundamentais ocorridas duranteo 
regime militar são imprescritíveis, não se aplicando o prazo quinquenal previsto no art. 1º do 
Decreto n. 20.910/1932 (AgRg no REsp 1479984/RS). 
4 – RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANOS DE OBRA PÚBLICA 
A regra para a responsabilidade civil do Estado por danos decorrentes de obra pública varia a 
depender da origem do dano e do executor da obra. 
4.1 – Responsabilidade decorrente de má execução da obra 
No caso de responsabilização por má execução ou defeitos constatados na obra pública, é 
necessário realizar uma distinção quanto ao responsável pela sua execução. 
a) Obra executada diretamente pelo Estado: neste caso, a responsabilidade civil será 
indiscutivelmente objetiva, fundamentada no art. 37, §6º, CF e com base na teoria do risco 
administrativo; 
b) Obra executada por particular contratado pelo Estado: quando a obra é executada por um 
empreiteiro, mediante contrato administrativo, a responsabilidade civil pelos danos 
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causados por culpa exclusiva do particular será subjetiva, seguindo a regra da 
responsabilidade civil para a iniciativa privada. 
Por outro lado, neste último caso, quando o dano é decorrente da má execução da obra 
executada por particular contratado pela Administração Pública, o Estado também será 
responsável, porém, de forma subsidiária e subjetiva, apenas se for comprovada a sua 
culpa na fiscalização da execução do contrato. 
4.2 – Responsabilidade civil pelo “simples fato da obra” 
Nesta hipótese, não há má execução ou culpa de nenhuma das partes. O dano causado pelo 
particular decorre do simples fato de a obra estar sendo executada. 
É irrelevante pesquisar quem está executando a obra. Demonstrado o prejuízo pelo particular 
prejudicado, tem-se a responsabilidade objetiva do Estado. 
O fundamento da responsabilidade objetiva no caso dos danos pelo “simples fato da obra” é a 
“repartição dos riscos sociais”. 
5 – RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS LEGISLATIVOS 
A doutrina e a jurisprudência possuem entendimento pacífico de que, em regra, não há 
responsabilidade civil do Estado por atos legislativos. O principal fundamento para esta 
conclusão é que as leis são atos de caráter geral, abstrato e erga omnes, não ensejando 
a produção de efeitos individualizados. São atos dirigidos à sociedade ou a uma 
comunidade específica, e não direcionados a particulares individualizados. 
Entretanto, a doutrina aponta três casos em que os atos legislativos podem acarretar a 
responsabilização estatal: a) leis inconstitucionais; b) leis de efeitos concretos; e c) omissão 
legislativa. 
5.1 – Leis inconstitucionais 
No caso das leis inconstitucionais, o fundamento para a responsabilização estatal é o ato ilícito 
editado pelo Poder Legislativo, que extrapola os limites formais e/ou materiais estabelecidos na 
Constituição Federal. Neste caso, havendo prejuízos individuais decorrentes da lei declarada 
inconstitucional, o particular poderá buscar indenização em face do poder público. 
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No entanto, em razão da presunção de constitucionalidade das leis, será necessária a declaração 
da sua inconstitucionalidade pelo Supremo Tribunal Federal em ação direta de 
inconstitucionalidade ou outra espécie de ação de controle concentrado da constitucionalidade 
das leis. 
Por outro lado, a declaração de inconstitucionalidade não enseja, por si só, o dever de indenizar 
por parte do Estado. O particular deve comprovar, em ação individual, o dano sofrido em 
decorrência da lei. 
5.2 – Lei de efeitos concretos 
A inexistência de responsabilidade do estado por atos legislativos decorre da natureza geral e 
abstrata desses atos. Ocorre que, na lei de efeitos concretos, o ato legislativo não é dotado de 
generalidade e abstração. Em vez disso, trata-se de ato individual e concreto, que atinge uma 
situação individualizada. 
Trata-se de lei apenas em sentido formal, sendo, entretanto, um ato administrativo em sentido 
material, pois atinge uma situação jurídica individual. Por este motivo, deve-se aplicar a regra geral 
da responsabilidade civil do estado por atos administrativos, qual seja, a responsabilidade objetiva 
com base no art. 37, §6º, CF. 
5.3 – Omissão legislativa 
O estado poderá ser responsabilizado civilmente quando comprovada a mora legislativa 
desproporcional. Neste caso, há duas situações que podem surgir. 
a) Prazo para edição do ato normativo estabelecido na Constituição; 
b) Reconhecimento da mora legislativa pelo Poder Judiciário. 
6 – RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS JURISDICIONAIS 
No caso do exercício da sua atividade atípica administrativa pelo Poder Judiciário, a 
responsabilidade do Estado, por óbvio, será objetiva, com base no art. 37, §6º, CF. 
No entanto, quando se trata da atividade típica jurisdicional, em regra, prevalece o entendimento 
doutrinário e jurisprudencial pela ausência de responsabilidade civil do Estado por atos 
tipicamente jurisdicionais, conforme os seguintes fundamentos: 
a) Recurso e coisa julgada: às partes é dado o direito de recorrer contra decisões que julguem 
contrárias ao ordenamento jurídico; 
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b) Soberania estatal: alguns autores ainda pontuam que o Poder Jurisdicional é uma expressão 
da soberania do Estado, não sujeito à responsabilização em geral; 
c) Independência do magistrado: a atuação do juiz é fundamentada no livre convencimento 
motivado e a ameaça de responsabilização por decisões judiciais poderia abalar a 
independência do magistrado. 
Entretanto, é apontada uma situação excepcional, em que será possível a responsabilidade civil 
do estado por ato jurisdicional: trata-se da situação prevista no art. 5º, LXXV, da CF, determinando 
que “o Estado indenizará o condenado por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do 
tempo fixado na sentença;”. 
Desta forma, o dispositivo aponta duas hipóteses em que o estado pode ser condenado a 
indenizar o particular por ato jurisdicional, havendo mais uma apontada pela doutrina: a) Erro 
judiciário; b) Prisão além do tempo fixado em sentença; c) Demora na prestação jurisdicional. 
6.1 – Erro judiciário 
O erro judiciário deve ser considerado aquele erro teratológico, substancial e inescusável. A 
doutrina majoritária entende que apenas o erro judiciário relacionado à jurisdição penal é que 
pode ensejar a responsabilidade civil do Estado, uma vez que o art. 5º, LXXV, CF trata da jurisdição 
criminal. 
Por outro lado, qualquer que seja o entendimento adotado, a doutrina ainda impõe que, para que 
haja responsabilização do Estado por erro judiciário, é necessário que a coisa julgada seja 
desconstituída por meio de ação rescisória ou revisão criminal, tendo em vista que não seria 
possível admitir a existência de duas decisões conflitantes no ordenamento jurídico, violando a 
segurança jurídica. 
6.2 – Prisão além do tempo fixado na sentença 
O descumprimento do prazo prisional pode decorrer tanto da atividade jurisdicional quanto da 
atividade administrativa, relacionada à administração penitenciária. Apenas no primeiro caso é que 
teríamos uma hipótese de responsabilização por ato jurisdicional, vez que o segundo caso decorre 
da atuação administrativa. 
Vale destacar ainda que não cabe responsabilização do Estado por prisão preventiva devidamente 
fundamentada, ainda que o preso venha a ser absolvido por sentença posteriormente (RE 429518 
AgR). 
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6.3 – Demora na prestação jurisdicional 
Há ainda parcela da doutrina que sustenta a possibilidade de responsabilização civil do Estado por 
demora injustificada da prestação jurisdicional. Seria uma hipótese, em síntese, de erro judiciário 
por omissão, tendo em vista o dever de conferir duração razoável ao processo (art. 5º, LXXVIII, 
CF). 
No entanto, não poderia haver responsabilidade civil pelo simples descumprimento do prazo 
processual pelo juiz, pois, como se sabe, trata-se de prazos impróprios. A demora deve ser 
desproporcional e injustificada, causando danos comprovados ao jurisdicionado. 
7 – RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE NOTÁRIOS E 
REGISTRADORES 
7.1 – Natureza do serviço de notas e de registros 
Os serviços notariais e registrais são exercidos em caráter privado por delegação do Poder Público 
(art. 236, CF), consistindo em serviços de organização técnica e administrativa destinados a 
garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos. 
As principais legislações que regulamentam tais serviços são: a) Lei 6.015/73 - Lei de Registros 
Públicos; b) Lei 7.433/85 - requisitos para a lavratura de Escrituras Públicas; c) Decreto 93.240/86 
- Regulamenta a Lei 7.433/85; d) Lei 8.935/94 - Lei dos Serviços Notariais e de Registro; e) Lei 
9.492/97 – Lei de Protesto de Títulos; f) Lei 10.406/2002 - Novo Código Civil 
Os serviços extrajudiciais constituem serviços públicos, fiscalizados pelo Poder 
Judiciário de cada Estado-membro e são exercidos em caráter privado por meio de 
delegação do poder público, por pessoa física aprovada em concurso público de provas 
e títulos. Tal delegatário recebe a denominação de tabelião (ou notário), se prestador 
de serviços de notas e de protesto de títulos, ou de oficial de registro (ou registrador), 
se prestador de serviços de registro. 
7.2 – Forma de ingresso no cargo de titular de serviços de notas e de registros e de 
remoção 
Notário ou Tabelião e Oficial de Registro ou Registrador são profissionais do direito dotados de 
fé pública a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro. 
A forma de ingresso nestes cargos é por aprovação em concurso público, sendo nula a investidura 
como titular de serviço de notas ou de registros sem prévia aprovação em concurso (art. 236, §3º). 
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Da mesma maneira, a remoção de uma serventia extrajudicial para outra se dá mediante concurso 
público de provas e títulos. 
7.3 – Responsabilidade civil do Estado por atos de notários e registradores 
Sempre existiu controvérsia acerca da responsabilidade civil dos notários e dos registradores, bem 
como do Estado, pelos danos causados a terceiros nesta atividade. 
No primeiro caso (responsabilidade dos titulares de serventias extrajudiciais), a controvérsia se 
dava em virtude da dificuldade de enquadramento da atividade no art. 37, §6º da Constituição, 
ou seja, na caracterização dos titulares como agentes públicos ou como delegatários de serviço 
públicos. 
Isto porque, se enquadrados como agentes públicos, o Estado responderia direta e 
objetivamente, conforme art. 37, §6º, CF, e os notários e registradores responderiam apenas de 
forma subjetiva e em eventual ação de regresso. Por outro lado, caracterizada a atividade como 
delegação de serviço público, os notários e registradores responderiam direta e objetivamente 
(art. 37, §6º, CF) e o Estado responderia apenas subsidiariamente. 
As decisões das cortes superiores sempre foram conflitantes. Entretanto, o STF definiu o tema em 
sede de Repercussão Geral, ao julgar o RE 842846, cuja decisão, por sua natureza didática, 
transcrevemos em parte a seguir: 
1. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação 
do Poder Público. Tabeliães e registradores oficiais são particulares em colaboração 
com o poder público que exercem suas atividades in nomine do Estado, com lastro em 
delegação prescrita expressamente no tecido constitucional (art. 236, CRFB/88). (...) 3. 
(...) os titulares de serventias extrajudiciais qualificam-se como agentes públicos. 4. O 
Estado responde, objetivamente, pelos atos dos tabeliães e registradores oficiais que, 
no exercício de suas funções, causem dano a terceiros, assentado o dever de regresso 
contra o responsável, nos casos de dolo ou culpa, sob pena de improbidade 
administrativa. 5. Os serviços notariais e de registro, mercê de exercidos em caráter 
privado, por delegação do Poder Público (art. 236, CF/88), não se submetem à 
disciplina que rege as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços 
públicos. É que esta alternativa interpretativa, além de inobservar a sistemática da 
aplicabilidade das normas constitucionais, contraria a literalidade do texto da Carta da 
República, conforme a dicção do art. 37, § 6º, que se refere a “pessoas jurídicas” 
prestadoras de serviços públicos, ao passo que notários e tabeliães respondem 
civilmente enquanto pessoas naturais delegatárias de serviço público, consoante 
disposto no art. 22 da Lei nº 8.935/94. (...) 11. Repercussão geral constitucional que 
assenta a tese objetiva de que: o Estado responde, objetivamente, pelos atos dos 
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tabeliães e registradores oficiais que, no exercício de suas funções, causem dano a 
terceiros, assentado o dever de regresso contra o responsável, nos casos de dolo ou 
culpa, sob pena de improbidade administrativa. 
RE 842846, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 27/02/2019, 
PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-175 DIVULG 12-08-
2019 PUBLIC 13-08-2019. 
7.4 – Conclusão 
Portanto, o entendimento atual é de que o Estado responde direta e objetivamente 
pelos atos dos serviços de notas e de registros, assegurado o dever de regresso em 
face do titular da serventia extrajudicial no caso de dolo ou culpa. 
8 – RESPONSABILIDADE CIVIL POR ATOS DE MULTIDÕES (ATOS 
MULTITUDINÁRIOS) 
Regra geral, os atos causados por multidões, tais como em protestos, manifestações e outros, não 
geram responsabilidade civil do Estado, vez que não existe nexo causal entre o dano e conduta 
estatal. A conduta decorre de fato de terceiro e não do Estado. Por este motivo, a 
responsabilização deve ser individualizada, atribuindo-se o dever de indenizar ao causador do 
dano ou à eventual organização do evento. 
No entanto, excepcionalmente, o Estado será responsabilizado quando comprovado que possuía 
ciência prévia da manifestação coletiva e meios para evitar a ocorrência dos danos, caracterizando 
a previsibilidade e evitabilidade do evento danoso. Assim, poderá haver a responsabilização do 
Estado por omissão, com base na culpa anônima (falta do serviço). 
9 – REPARAÇÃO DO DANO 
A reparação do dano sofrido pelo particular pode ser buscada pela via administrativa, por meio 
de um requerimento administrativo formulado diretamente ao órgão competente, ou por meio de 
uma ação judicial. 
Conforme já estudado neste curso, a ação judicial deve ser proposta diretamente contra o Ente 
Público. Não cabe ao particular lesado escolher se propõe a ação de reparação contra o Estado 
ou o servidor, também não cabendo a propositura da ação em litisconsórcio passivo entre o Ente 
Público e o agente público (RE 1027633). 
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O servidor público somente responderá regressivamente, isto é, o particular que sofreu o dano 
decorrente da atuação do servidor deverá ingressar com ação diretamente contra o Estado, não 
cabendo propor ação em face do servidor público, seja individualmente ou em litisconsórcio com 
o Ente Público. Apenas se houver condenação da Administração é que esta poderá, constatado 
dolo ou culpa na atuação do agente, propor ação regressiva de ressarcimento em face deste. 
Trata-se do princípio da dupla garantia, que protege o particular lesado, devendo propor a ação 
em face da pessoa que possui maior capacidade econômica para cobrir o prejuízo, e protege o 
servidor público, para que possa atuar livremente sem a ameaça de ser processado a qualquer 
momento. 
9.1 – Denunciação da lide 
O entendimento majoritário é de que a denunciação à lide do agente público é vedada, uma vez 
que promoveria uma ampliação subjetiva e objetiva do processo. 
Na ação proposta apenas em face da Administração Pública, não se discute culpa ou dolo. 
Todavia, uma vez denunciado o agente à lide, essa discussão passaria a fazer parte do processo, 
prejudicando o particular, vez que haveria necessidade de uma instrução probatória maior, 
aumentando a duração do processo e, consequentemente, o tempo para que o particular seja 
indenizado. 
No entanto, a par de não existirem decisões recentes sobre o tema nos Tribunais Superiores, o 
STJ já decidiu pela possibilidade de denunciação à lide do agente público, deixando claro que se 
trata de uma faculdade da Administração Pública, e não de uma obrigação, podendo optar por 
ingressar com uma ação de regresso autônoma. 
9.2 – Ação de regresso 
A reparação do dano pelo agente público que atuou com culpa ou dolo pode ser viabilizada pela 
via administrativa ou judicial. Vale ressaltar que não é possível impor o desconto em folha de 
pagamento dos agentes públicos do valor referente ao ressarcimento ao erário, salvo prévia 
autorização do agente. 
Já a ação judicial de regresso a ser proposta em face do agente público causador do dano possui 
os seguintes requisitos: a) Condenação transitada em julgado do Ente Público; b) Efetivo 
pagamento de indenização à vítima; c) Culpa ou dolo do agente público. 
Repare que o interesse jurídico na propositura da ação não nasce com o trânsito em julgado da 
decisão condenatória, mas com o efetivo pagamento de indenização à vítima. 
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10 – PRESCRIÇÃO DA AÇÃO DE REPARAÇÃO CIVIL 
A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5 (cinco) 
anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 
9.494/97). 
Decreto 20.910/1932: Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos 
Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, 
estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados 
da data do ato ou fato do qual se originarem. 
No entanto, havia divergência com relação a este prazo. Parcela da doutrina vinha questionando 
se este prazo não foi reduzido para 3 (três) anos em virtude da vigência do Código Civil de 2002 
(art. 206, §3º, V). 
Jurisprudência do STJ 
 
Após divergência entre a 1ª e a 2ª Turma, a 1ª seção do STJ definiu a tese aplicável 
ao caso: 
 A prescrição das pretensões de reparação civil em face da Fazenda Pública é de 
cinco anos, tendo em vista o caráter de especialidade do Decreto 20.910/32 sobre 
o Código Civil (EREsp1.081.885/RR). 
 Além disso, também é de 5 anos o prazo prescricional das pretensões de 
ressarcimento em face das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de 
serviços públicos (art. 1º-C, lei 9.494/97). 
 O termo inicial da prescrição para o ajuizamento de ações de responsabilidade 
civil em face do Estado por ilícitos praticados por seus agentes é a data do trânsito 
em julgado da sentença penal condenatória (AgRg no REsp 1536911/PE). 
10.1 – (Im)prescritibilidade da ação de ressarcimento 
Conforme estudamos no nosso curso, em 2016, o STF proferiu decisão estabelecendo que a ação 
de ressarcimento de danos decorrentes de ilícito civil era prescritível (RE 669069/MG)”. 
Posteriormente, a Corte Suprema manifestou um entendimento ainda mais restritivo. Estabeleceu 
que somente o ressarcimento ao erário decorrente de ato de improbidade administrativa 
praticado com dolo é imprescritível. No caso de ato de improbidade que causa prejuízo ao erário 
praticado com culpa, a ação de ressarcimento é prescritível (RE 852475/SP). 
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São imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato 
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa (RE 852475/SP). 
Já as demais ações de ressarcimento, inclusive por ato de improbidade praticado de 
forma culposa, são prescritíveis. 
Quanto ao prazo de prescrição da ação de regresso/ressarcimento o STJ já se posicionou no 
sentido de que esse prazo é de 5 (cinco) anos, em razão do princípio da isonomia, uma vez que o 
prazo prescricional para que o particular busque indenização em face da Administração é 
quinquenal, na forma do art. 1º, Decreto 20.910/32. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Chegamos ao final da nossa aula sobre a Responsabilidade Civil do Estado. 
O assunto é de grande importância para provas objetivas e subjetivas, devendo ser estudado com 
atenção. 
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá! 
Qualquer dúvida, podem me contactar nos canais abaixo. 
Rodolfo Penna 
E-mail: prof.rodolfopenna@gmail.com 
Instagram: https://www.instagram.com/rodolfobpenna 
QUESTÕES COMENTADAS 
1. (FUNDEP / PGM-CONTAGEM-MG / 2019) Analise a situação a seguir. Dirigindo a serviço 
um veículo oficial, um motorista servidor público municipal colide em um carro particular, 
ocasionando estragos em ambos os carros, sem que haja vítimas. Nessa situação hipotética, 
analisando a responsabilidade civil do estado em relação ao particular, é correto afirmar: 
a) Não se aplica a responsabilidade objetiva prevista no art. 37, §6º, da Constituição da República, 
pois o dano não foi causado por um ato administrativo, mas sim por um fato. 
b) A responsabilidade é subjetiva e recai sobre o servidor público motorista, que agiu com 
imprudência e imperícia no desempenho da função. 
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c) O município responde de maneira objetiva pelo prejuízo decorrente da colisão, sofrido pelo 
particular podendo cobrar do servidor o valor desembolsado em ação de regresso. 
d) Aplica-se a teoria do risco administrativo, pois o servidor condutor do veículo estava dirigindo 
a serviço e não pode ser responsabilizado pelo exercício de suas funções. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. Não importa se o caso é de ato ou fato administrativo. Importa 
perceber que houver conduta do agente público que causou o dano (nexo causal). Presentes esse 
elementos, a responsabilidade é objetiva. 
A alternativa B está incorreta. A Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva 
dos agentes públicos, que só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se 
demonstrada a culpa ou dolo em sua atuação. 
O enunciado não deu elementos aptos a demonstrar a responsabilidade subjetiva do agente 
público. Além disso, para que possa sofrer a ação regressiva,é necessário que o Estado seja 
condenado por decisão transitada em julgado e tenha efetivamente pago a indenização. 
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. O fundamento legal da responsabilidade 
objetiva do Estado se encontra no art. 37, §6º, CF: 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de 
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos 
de dolo ou culpa. 
Para configuração da responsabilidade objetiva, é necessária a verificação de três elementos: a) 
conduta; b) dano; c) nexo causal. 
No caso, estão presentes os elementos da responsabilidade civil do Estado, devendo este 
responder objetivamente pelos danos. 
A alternativa D está incorreta. A Lei Maior definiu a responsabilidade civil subjetiva e regressiva 
dos agentes públicos, que só responderão regressivamente, caso o Estado seja condenado, se 
demonstrada a culpa ou dolo em sua atuação, ou seja, o servidor responde sim pelo exercício de 
suas funções. 
Quanto à teoria do risco administrativo, de fato é a teoria aplicável ao caso e consiste na 
responsabilização do Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes causarem, 
atuando nesta qualidade, a terceiros, admitindo a exclusão da responsabilidade em determinadas 
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situações em que seja verificada a exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais 
como a culpa exclusiva da vítima, a culpa exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior. 
2. (FCC / TJ-MS / 2020) Em conhecido acórdão proferido em regime de repercussão geral, 
versando sobre a morte de detento em presídio − Recurso Extraordinário n° 841.526 (Tema 592) 
– o Supremo Tribunal Federal confirmou decisão do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, 
calcada em doutrina que, no tocante ao regime de responsabilização estatal em condutas 
omissivas, distingue-a conforme a natureza da omissão. Segundo tal doutrina, em caso de omissão 
específica, deve ser aplicado o regime de responsabilização 
a) integral; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva. 
b) objetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização subjetiva. 
c) subjetiva; em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva. 
d) objetiva; em caso de omissão genérica, não há possibilidade de responsabilização. 
e) subjetiva apenas em relação ao agente, exonerado o ente estatal de qualquer responsabilidade; 
em caso de omissão genérica, aplica-se o regime de responsabilização objetiva do ente estatal. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. Ver comentários à alternativa B. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Para o STJ, tal como para a 2ª corrente 
doutrinária, a responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser sempre subjetiva, 
fundamentada na teoria da culpa anônima. O STF, por sua vez, distingue o seu posicionamento 
em duas situações. Quando se tratar de uma omissão específica, a responsabilidade seria objetiva, 
enquanto no caso das omissões genéricas, a responsabilidade deve ser subjetiva com base na 
culpa anônima. 
A omissão especifica se caracteriza nos casos em que a Administração Pública possui um dever 
específico de agir para evitar o dano. Essa hipótese tem sido reconhecida de forma recorrente nos 
casos em que o Estado possui o lesado sob a sua guarda ou custódia, tais como os estudantes em 
escolas públicas e os presos sob custódia do Estado. Essa responsabilidade por pessoas sob sua 
guarda somente pode ser excluída se comprovado que o Estado não tinha como evitar o dano, 
sendo que esse ônus da prova cabe à Administração Pública. 
Jurisprudência do STJ e STF: Responsabilidade civil do Estado por omissão 
STJ A responsabilidade civil do Estado por omissão deve ser subjetiva, com fundamento da 
culpa anônima. 
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ST
F 
 Omissão específica: responsabilidade objetiva. 
 Omissão genérica: responsabilidade subjetiva, com base na culpa anônima. 
A alternativa C está incorreta. Ver comentários à alternativa B. 
A alternativa D está incorreta. Ver comentários à alternativa B. 
A alternativa E está incorreta. Ver comentários à alternativa B. 
3. (MPE-GO / MPE-GO / 2019) Sobre a responsabilidade civil do Estado, assinale a alternativa 
incorreta: 
a) Segundo o STF, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de 
serviço público, em relação a terceiros não usuários do serviço, é subjetiva. 
b) No caso de posse em cargo público determinada por decisão judicial, entende o STF que o 
servidor não faz jus á indenização sob fundamento de que deveria ter sido investido em momento 
anterior, salvo situação de flagrante arbitrariedade. 
c) Como regra, o Brasil adota a teoria do risco administrativo, segundo a qual é possível excluir a 
responsabilidade diante da ausência de qualquer de seus elementos definidores. 
d) É possível constatar divergência doutrinária quanto ao reconhecimento do caso fortuito como 
excludente da responsabilidade objetiva, uma vez que parcela dos autores, para os quais ele não 
pode ser considerado uma excludente, afirma que pouco importa perscrutar o porquê de o Estado 
ter praticado o ato. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta e é o gabarito da questão. I - A responsabilidade civil das pessoas 
jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros 
usuários e não-usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal. II - 
A inequívoca presença do nexo de causalidade entre o ato administrativo e o dano causado ao 
terceiro não-usuário do serviço público, é condição suficiente para estabelecer a responsabilidade 
objetiva da pessoa jurídica de direito privado (RE 591874). 
A alternativa B está correta. O STF e o STJ já firmaram jurisprudência definindo que a nomeação 
tardia de candidatos aprovados em concurso público não gera direito à indenização, ainda que a 
demora tenha origem em erro reconhecido pela própria Administração Pública, tendo em vista 
que ensejaria o enriquecimento sem causa do candidato que não realizou efetivo exercício do 
cargo ou emprego público. Excepcionalmente será reconhecido direito à indenização se 
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comprovada arbitrariedade flagrante da Administração (STF: RE 724347; STJ: REsp 1.238.344-
MG). 
A alternativa C está correta. A teoria do risco administrativo, adotada como regra no ordenamento 
jurídico brasileiro, responsabiliza o Ente Público de forma objetiva pelos danos que seus agentes 
causarem, atuando nesta qualidade, a terceiros. 
No entanto, admite a exclusão da responsabilidade em determinadas situações em que seja 
verificada a exclusão de algum dos elementos desta responsabilidade, tais como a culpa exclusiva 
da vítima, a culpa exclusiva de terceiro, o caso fortuito e a força maior. 
A alternativa D está correta. Segundo alguns autores, relativamente ao caso fortuito, há 
divergência doutrinária quanto ao seu reconhecimento como excludente da responsabilidade 
objetiva, apesar de a doutrina majoritária o aceitar como excludente. Esses autores afirmam que 
ele não pode ser indicado como excludente, já que pouco importa o porquê de o Estado praticar 
o ato; o que interessapara a responsabilidade é que ele causou o dano, constituindo assim o nexo 
causal. 
4. (CESPE / TJ-PA / 2019) Segundo o entendimento majoritário do STJ, no caso de ação 
indenizatória ajuizada contra a fazenda pública em razão da responsabilidade civil do Estado, o 
prazo prescricional é 
a) decenal, como previsto no Código de Processo Civil, em detrimento do prazo trienal previsto 
pelas normas de direito público. 
b) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo decenal 
contido no Código de Processo Civil. 
c) trienal, como previsto pelo Código de Processo Civil, em detrimento do prazo quinquenal 
contido no Código Civil. 
d) quinquenal, como previsto pelas normas de direito público, em detrimento do prazo trienal 
contido no Código Civil. 
e) trienal, como previsto no Código Civil, em detrimento do prazo quinquenal contido no Código 
de Processo Civil. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. O Código de Processo Civil não dispõe sobre prazo prescricional. 
A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A 
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prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face do Ente Público é de 5 (cinco) anos, 
a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97). 
Decreto 20.910/1932: 
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for 
a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se 
originarem. 
A alternativa B está incorreta. Ver explicação da alternativa A. 
A alternativa C está incorreta. Ver explicação da alternativa D. 
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. A prescrição é a extinção da pretensão de 
ressarcimento pelo decurso do tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta 
pela vítima em face do Ente Público é de 5 (cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, 
art. 2º do Decreto-Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97). 
Decreto 20.910/1932: 
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for 
a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se 
originarem. 
No entanto, havia divergência com relação a este prazo. Parcela da doutrina vinha questionando 
se este prazo não foi reduzido para 3 (três) anos em virtude da vigência do Código Civil de 2002 
(art. 206, §3º, V). O panorama da discussão era o seguinte: 
a) Primeira posição: o prazo é de cinco anos, tendo em vista que o Decreto 20.910/32, 
recepcionado com força de lei, e a lei 9.494/97 são leis especiais em relação ao Código 
Civil, sabendo-se que a lei especial prevalece em face da lei geral; 
b) Segunda posição: o prazo a ser aplicado deveria ser de 3 (três) anos, tendo em vista que o 
Código Civil é lei posterior. Além disso, deveria ser realizada uma interpretação sistemática 
e histórica, pois a finalidade do Decreto 20.910/32 era proteger a Administração, uma vez 
que o prazo prescricional geral das ações de ressarcimento na época era de 20 anos, sendo 
que o decreto previu o prazo de cinco anos para favorecer a Administração Pública. 
Atualmente, essa finalidade perdeu a razão de existir, tendo em vista que o prazo prescricional 
geral da ação de ressarcimento é de três anos (art. 2006, §3º, V, CC), devendo ser aplicado o prazo 
mais favorável ao Ente Público. Inclusive, este é o sentido do art. 10 do Decreto 20.910/32, 
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estabelecendo que o disposto nos artigos daquele ato normativo não altera as prescrições de 
menor prazo, constantes das leis e regulamentos, as quais ficam subordinadas às mesmas regras. 
Após divergência entre a 1ª e a 2ª Turma, a 1ª seção do STJ definiu a tese aplicável ao caso: 
 A prescrição das pretensões de reparação civil em face da Fazenda Pública é de cinco anos, 
tendo em vista o caráter de especialidade do Decreto 20.910/32 sobre o Código Civil 
(EREsp1.081.885/RR). 
 Além disso, também é de 5 anos o prazo prescricional das pretensões de ressarcimento em face 
das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos (art. 1º-C, lei 9.494/97). 
A alternativa E está incorreta. Ver explicação ad alternativa D. 
5. (VUNESP / PGM-GUARATINGUETÁ-SP / 2019) Considere que Mário, habitante do 
Município Y, no dia 01 de setembro de 2016, trafegava obedecendo às regras de trânsito em uma 
estrada da cidade às 19 horas quando seu veículo se chocou com um animal de grande porte que 
estava no meio da pista. Em decorrência do acidente, Mário ficou tetraplégico. De acordo com o 
entendimento do Superior Tribunal de Justiça, é correto afirmar que 
a) Mário não poderá mais ajuizar ação de responsabilidade civil em face do Município, pois o prazo 
prescricional para tal demanda é de 03 (três) anos que começou a correr na data do acidente. 
b) se configura a responsabilidade civil do Estado por omissão, havendo nexo causal entre o 
acidente e a conduta estatal, consubstanciada no dever de fiscalizar as estradas e de impedir que 
animais fiquem soltos em suas imediações e invadam a pista. 
c) se trata de hipótese de caso fortuito e, consequentemente, o Município Y não poderá ser 
responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário. 
d) o Município Y não poderá ser responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário, pois o ente 
público não possui meios eficazes de impedir a passagem de um animal nas estradas. 
e) se configura hipótese de força maior, excludente do nexo causal, e o Município Y não será 
responsabilizado pelo acidente sofrido por Mário. 
Comentários 
A alternativa A está incorreta. A prescrição é a extinção da pretensão de ressarcimento pelo 
decurso do tempo fixado na lei. A prescrição da ação de reparação proposta pela vítima em face 
do Ente Público é de 5 (cinco) anos, a teor do art. 1º, do Decreto 20.910/32, art. 2º do Decreto-
Lei 4.597/42 e art. 1º-C da Lei 9.494/97). 
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Decreto 20.910/1932: 
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for 
a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se 
originarem. 
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Reconhecido que o acidente ocorreu em 
Rodovia Federal, em razão da presença de animal transitando na pista, situação que denotaria 
negligência na manutenção e fiscalização pelo DNIT, além de não haver nos autos quaisquer 
indícios de culpa exclusiva da vítima e de força maior. Não há que se falar no afastamento da 
Responsabilidade Civil do Ente Estatal, isso porque é dever do Estado promover vigilância 
ostensiva e adequada, proporcionando segurança possível àqueles que trafegam pela rodovia. 
Trata-se, desse modo, de valoração dos critérios jurídicos concernentes à utilização da prova e à 
formação da convicção, e não de reexame do contexto fático-probatório dos autos. Assim, há 
conduta omissiva e culposa do Ente Público, caracterizada pela negligência, apta a responsabilizar 
o DNIT, nos termos do que preceitua a teoria da Responsabilidade Civil do Estado, por omissão

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