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FELIX, Claudia Lima; ALVES, Francisco Jose dos Santos; SILVA, Lino Martins da; CARVALHO, Vania Silva de. Em busca da harmonização das 
normas contábeis para o setor público: uma comparação entre balanços patrimoniais segundo a lei 4320/64 e a IPSAS 1. In: Enapg - Encontro de 
Administração Pública e governo, 3, 2008, Salvador...Anais, Salvador: Bahia, 2008. 
 
EM BUSCA DA HARMONIZAÇÃO DAS NORMAS CONTÁBEIS PARA O SETOR PÚBLICO 
 
Introdução 
 
No cenário nacional observa-se um processo de contínua aproximação da contabilidade pública à 
contabilidade privada. Isto pode ser claramente verificado no modelo de plano de contas, nos demonstrativos 
contábeis estabelecidos pela Lei Complementar nº 101/2000, e pela Portaria nº 916/1997 do Ministério da 
Previdência e Assistência Social, aplicável aos regimes próprios de previdência onde a estrutura de balanço 
apresenta mudanças significativas quando comparadas com a Lei nº 4.320/1964, assim como em normas de 
legislação societária que caberiam perfeitamente nas orientações legais voltadas para o setor público 
(PEDERIVA, 1998). 
Esse processo encontra-se vinculado à globalização e ao fluxo de capitais para financiamento de 
políticas públicas, os quais expandem a concepção de accountability, ocasionando a mudança de paradigma 
do estado burocrático para o estado gerencial. 
Este movimento não é exclusivo da contabilidade nacional. Premchand (1995, p. 47) chama a atenção 
para o fato de que há várias décadas já se observavam debates na área governamental com o objetivo de tentar 
realizar esta aproximação. O argumento seria que a contabilidade do setor público, assim como a do privado, 
tem como finalidade manter sistemas elaborados de registros econômico-financeiros, tais como de direitos e 
obrigações, receitas e despesas, produção, de produtividade e de controle. 
Entretanto, a linguagem contábil de cada país é, normalmente, definida por uma autoridade 
competente, cujo entendimento pode variar desde o sentido da legitimidade ao da perícia, conforme o país 
considerado. Tyrral, Woodward e Rrakhimbekova (2007) entendem que a contabilidade internacional pode ser 
influenciada por diferenças institucionais ou por diferenças culturais. 
Niyama e Silva (2008) analisam que a contabilidade, por ser uma ciência social, é fortemente 
influenciada pelo ambiente em que atua, e complementam dizendo que assim, as diferenças históricas, os 
valores culturais e as estruturas políticas, legais e econômicas de cada país acabam refletindo nas práticas 
contábeis em vigor. Normalmente, os princípios e as práticas adotadas na Contabilidade podem ser diferentes 
de um país para o outro. Em alguns países, como é o caso do Brasil, a Contabilidade é influenciada pela 
exigência legal; em outros, pelo consenso de órgãos profissionais de classe, como é o caso dos Estados Unidos. 
Neste contexto, são oportunas as pesquisas e abordagens sobre as origens e fundamentações culturais 
incorporadas pelas sociedades, que dificultam a confluência de regulamentações entre os diversos organismos 
emissores de padrões contábeis, e o impacto da nova dinâmica de mercado sobre a contabilidade internacional, 
principalmente na normatização brasileira, na condição de país emergente, que luta para se integrar ao mercado 
mundial. 
A adoção de padrões contábeis internacionais visa propiciar a comparabilidade e o entendimento da 
gestão dos negócios nos diversos segmentos da economia. Notadamente, esta é uma preocupação que 
acompanha o setor privado em decorrência do maior controle exercido tanto por órgãos fiscalizadores quanto 
por seus proprietários e acionistas e começa a ser objeto de reflexão pelo setor público. A lei brasileira voltada 
para esse setor demonstra essa tendência. 
 
Contabilidade Governamental e Legislação Brasileira 
 
Segundo Giacomoni (2005), no Brasil as primeiras tratativas visando à implantação de um sistema de 
contabilidade pública datam de 1808, com a vinda da Família Real de Portugal. Nessa época, Dom João VI 
iniciou um processo de organização das finanças públicas, criando o Erário Público (Tesouro Nacional) e o 
Regime de Contabilidade. 
Após esse período de avanços da Contabilidade Pública observado em 1808, seguiram-se algumas 
décadas de retrocesso, especialmente a partir de 1850, quando a Contabilidade Pública se tornou inoperante e 
foi praticamente esquecida, o que motivou a recusa da Inglaterra em conceder um empréstimo ao Brasil, em 
1914, por falta de documentação contábil do tesouro brasileiro (SLOMSKI, 2003). 
Mais tarde, formou-se então uma Comissão para organizar os serviços de contabilidade do Tesouro e, 
em 1922, foi editado o Decreto nº. 4.536, de 28.01.1922, aprovando o Código de Contabilidade, e o Decreto 
nº. 15.783, de 08.11.1922, instituindo o Regulamento Geral de Contabilidade Pública (SLOMSKI, 2003). 
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O Código vigorou por 44 anos, sendo substituído, em 1964, pela Lei nº 4.320, sob a égide da 
Constituição Federal de 1946. À época de sua edição, a lei representou um grande avanço ao estabelecer 
diversas regras para a elaboração e execução dos orçamentos e controles interno e externo da administração 
pública. Essa Lei, estatuiu normas gerais de direito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e 
balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. 
Mesmo com esse grande passo, até meados da década de 80, as finanças públicas brasileiras padeciam 
de grave desorganização estrutural, inexistindo instrumentos adequados de planejamento, execução e controle 
financeiro. As fortes pressões à época, em busca de um ajuste fiscal, criaram as condições necessárias à 
organização e à produção de um sistema de informações gerenciais (SOARES; SCARPIN, 2010). 
Mais tarde, em 1986, outro elemento importante na linha temporal da evolução da Contabilidade 
Pública do Brasil surgiu, trata-se da Secretaria do Tesouro Nacional - órgão central do Sistema de 
Administração Financeira Federal e do Sistema de Contabilidade Federal. Sua criação foi um avanço 
significativo no fortalecimento das Finanças Públicas no Brasil. 
Em 1987, criou-se o Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo), outro passo 
de grande relevância para as conquistas do Brasil em relação à transparência e ao controle social. O Siafi é a 
fonte primária de informações disponibilizadas, por exemplo, no Portal de Transparência do Governo Federal. 
Tornando-se um importante instrumento para o acompanhamento e controle da execução orçamentária, 
financeira e contábil do Governo Federal. 
A IFAC (Federação Internacional de Contadores) foi criada em 1977, mas somente em 1986 criou o 
Public Sector Committee (PSC) que mais tarde viria a se tornar o International Public Sector Accounting 
Standards Board (IPSASB), responsável por emitir normas internacionais de contabilidade aplicadas ao setor 
público, promover a aceitação e a convergência internacional destas normas e publicar outros documentos que 
auxiliem, por meio de questões e experiências, na evidenciação das demonstrações contábeis no setor público 
(IFAC, 2010). Porém, apenas no ano de 1997, o IPSASB iniciou o programa de desenvolvimento de normas 
internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público propiciando, assim, um grande salto evolutivo no 
processo de desenvolvimento e uniformização da Contabilidade Pública, a nível mundial. 
Em 2000, instituiu-se a Lei Complementar nº 101, conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LRF), que estabeleceu normas voltadas à responsabilidade na gestão fiscal, buscando uma melhor 
transparência das contas públicas e a qualidade na aplicação dos recursos públicos. A LRF é considerada um 
código de conduta para os administradores públicos que passaram a obedecer às normas e limites para 
administrar finanças. 
Todavia, Soares e Scarpin (2010) alegam que até esse momento da história, na prática, a Contabilidade 
Pública brasileira aindase movia de acordo com regras defasadas no tempo, de caráter extremamente legalistas 
e carentes de premente mudança. As últimas atualizações vêm sendo realizadas pela STN, que é o órgão 
responsável pela emissão de normas de consolidação das contas públicas e de padronização das prestações de 
contas. 
De acordo com Silva (2008), o processo de harmonização da Contabilidade Pública que está sendo 
desenvolvido no país decorre de dois fatos relevantes, que são anteriores ao processo de convergência 
internacional e fazem parte da realidade do setor público no Brasil: o primeiro porque a Contabilidade Pública 
brasileira estava fortemente impregnada de conceitos de natureza jurídica e, consequentemente, orçamentários; 
portanto, o que existia era uma Contabilidade Orçamentária e Financeira e inexistia uma Contabilidade 
Patrimonial, em que pesava apenas o teor da Lei nº 4.320/64. 
O segundo, porque, mesmo praticando uma Contabilidade Orçamentária e Financeira, o que se 
observava era que em cada órgão ou esfera de governo, de norte a sul do País, ocorria a utilização de diferentes 
conceitos para os mesmos assuntos, principalmente após a Constituição da República de 1988 e a publicação 
da Lei de Responsabilidade Fiscal (SILVA, 2008). 
Em 2008, a Portaria nº 184/2008 editada pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN) começou a mudar 
esse patamar. Por meio desta, a STN determinou o desenvolvimento de ações para viabilizar a convergência 
das práticas contábeis vigentes no Setor Público às Normas Internacionais de Contabilidade. Desde então, faz-
se a a transição, pouco a pouco, de uma Contabilidade eminentemente orçamentária para uma Contabilidade 
Patrimonial. 
Com esse processo concluído, as demonstrações contábeis proporcionarão níveis de comparabilidade 
com o ambiente internacional. Além disso, oportunizarão melhor qualidade das informações aos principais 
usuários, entre eles: o usuário do serviço público (contribuinte); o cidadão menos favorecido (transparência 
das informações); o empresário (ambiente de negócios); os agentes de controle externo e interno (Tribunais de 
Contas, Legislativo); o próprio agente público (reconhecimento) e o investidor nacional e internacional 
(CASTRO, 2016). 
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Outro importante marco para a Contabilidade Pública brasileira foi a edição da Lei Complementar nº 
131, que acrescentou dispositivos à LRF, regulamentando os seus artigos nº 48, 48-A, 73-A e 73-B. A fim de 
determinar a disponibilização, em tempo real, de informações pormenorizadas sobre a execução orçamentária 
e financeira da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
A lei de responsabilidade fiscal limitava-se tão-somente a incentivar a participação popular no âmbito 
fiscal sem propor os meios pelos quais os interessados pudessem se utilizar para controlarem o orçamento 
público. Obviamente se não houvesse qualquer manifestação popular, a Administração Pública se quedaria 
inerte e não teria nenhuma responsabilidade a ser apurada. 
Contudo, as alterações de alguns dispositivos e a inserção de outros no texto da lei em comento 
mudaram completamente esse panorama camuflado de malícias pelos órgãos gestores, que se escoravam no 
argumento de que haveria falta de interesse do povo na realização de um controle público na gestão fiscal. 
Assim, a LC nº 131/2009 promoveu as modificações necessárias para assegurar a participação popular 
no controle orçamentário e, consequentemente, criou os instrumentos úteis colocados à disposição do cidadão 
e das entidades de classes para tornar mais efetivo o ato de controlar o orçamento público. 
Dentre as alterações que merecem destaque, aponta-se a ampla divulgação sobretudo em meios 
eletrônicos do acesso público como instrumento de transparência da gestão fiscal, sendo garantido também o 
incentivo à participação popular, a liberação de informações detalhadas, a adoção de sistema integrado de 
administração financeira, dentre outros recursos acrescentados à nova redação do artigo 48. 
Outro detalhe que deve ser salientado é a possibilidade de qualquer cidadão e entidades de classes 
serem partes legítimas para denunciarem ao Tribunal de Contas e ao Ministério Público o descumprimento das 
disposições da LC nº. 101 após as alterações feitas pela LC nº. 131 (art. 73-A). 
E quanto às mudanças acrescentadas à lei de responsabilidade fiscal ficou estabelecida ainda a previsão 
de prazos para o cumprimento espontâneo das exigências dispostas no texto da lei por parte dos diversos níveis 
de poder (art. 73-B). 
Ainda em 2009, houve a edição do Decreto nº 6.976 que dispôs sobre o Sistema de Contabilidade 
Federal, além de dar outras providências, entre as quais suas finalidades, atividades, organização e 
competências. O decreto vem na esteira de uma dúvida cruel que assolava o setor público brasileiro e que diz 
respeito a quem cabia a competência para exercer as atribuições definidas no artigo 113 da Lei 4.320, de 17 
de março de 1964 e que, no passado, foram do extinto Conselho Técnico de Economia e Finanças do Ministério 
da Fazenda. 
O estudo e leitura deste decreto são de extrema importância tendo em vista que, além de tratar de 
questões ligadas ao registro dos atos e fatos relacionados com a administração orçamentária, financeira e 
patrimonial da União, também inclui que o Sistema de Contabilidade Federal tem como objetivo promover: 
− a padronização e a consolidação das contas nacionais; 
− a busca da convergência aos padrões internacionais de contabilidade, respeitados os aspectos formais e 
conceituais estabelecidos na legislação vigente; e 
− o acompanhamento contínuo das normas contábeis aplicadas ao setor público, de modo a garantir que os 
princípios fundamentais de contabilidade sejam respeitados no âmbito do setor público. 
Segundo Cruvinel e Lima (2011), pelo estágio de desenvolvimento econômico em que o país se 
encontrava, o governo observou a necessidade de adotar procedimentos de boas práticas contábeis em 
harmonia com os pronunciamentos do IFAC. A percepção dessa necessidade por parte do governo foi 
importante, uma vez que a reforma da contabilidade governamental em países em desenvolvimento necessita 
de apoio político e de gestão, pois o sucesso depende da competência de mobilizar o apoio de líderes políticos 
que irão ajustar o nível de exigência por uma maior accountability e transparência (CHAN, 2010). 
No Brasil, o ordenamento jurídico-administrativo possui um caráter eminentemente legalista, isto é, 
pressupõe a existência de leis que devam regular as atividades estatais e particulares. Este entendimento refere-
se ao princípio da legalidade administrativa, expresso no art. 37 da Constituição Federal de 1988, cuja 
interpretação de Meirelles (2007) é que “enquanto ao particular, é lícito fazer o que não está defeso em lei, ao 
Poder Público, só é possível fazer o que a lei determinar”. Essa característica legalista acarreta à contabilidade 
pública um excesso de formalismo que tem o objetivo exclusivo de evidenciação dos atos de gestão através da 
prestação de contas. 
Esse excesso de formalidade é alvo de crítica de muitos teóricos, entre eles Silva (2003) para quem a 
Contabilidade Governamental, para ter a importância que a sociedade exige, precisa romper com o paradigma 
da aderência do fato contábil a sua conformidade com a lei, pois a importância da evidenciação está exatamente 
no registro dos fatos, segundo sua ocorrência econômica ou de custos sobre o patrimônio público. 
A contabilidade governamental exerce um papel primordial junto à administração pública, pois é o 
principal instrumento de gestão tanto financeira quanto patrimonial, além de abranger todas as fases inerentes 
4 
 
à atividade financeira do estado: planejamento; orçamento; execução orçamentária, financeira e patrimonial e 
finalmente o controle e avaliação da gestão pública, seus demonstrativos são de apresentação obrigatória 
quando da concessão de empréstimose em muitas modalidades de convênios internacionais. 
Sendo assim, o dever de prestar contas e a transparência relacionada às políticas fiscais, financeiras e 
macroeconômicas não ficam restritos às fronteiras do país e, por tais motivos, devem também ser 
compreensíveis, interpretáveis e analisáveis por organismos estrangeiros ou supranacionais (REVOREDO, 
2008). 
 
CFC. Conselho Federal de Contabilidade. Normas internacionais de contabilidade para o setor público. 
2010. 
 
International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB) 
 
1. A missão da International Federation of Accountants (IFAC) [Federação Internacional de 
Contadores], conforme exposta em seu ato constitutivo, é “servir ao interesse público, fortalecer a profissão 
contábil ao redor do mundo e contribuir ao desenvolvimento de economias internacionais fortes pelo 
estabelecimento e pela promoção da adesão a normas profissionais de alta qualidade, estimulando a 
convergência internacional a essas normas, e pronunciando-se sobre temas de interesse público onde o 
conhecimento especializado da profissão tem o mais alto grau de relevância.” 
Nos seus esforços para realizar essa missão, a IFAC constituiu o International Public Sector 
Accounting Standards Board (IPSASB) [Conselho Internacional de Padrões Contábeis do Setor Público] para 
desenvolver normas contábeis de alta qualidade para uso na preparação de demonstrações contábeis para fins 
gerais por entidades do setor público. Nesse sentido: 
 
- O termo setor público refere-se a governos nacionais, governos regionais (por exemplo, estadual, provincial, 
territorial), governos locais (por exemplo, municipal) e entidades públicas relacionadas (por exemplo, 
agências, conselhos, comissões e empresas); e 
 
- Demonstrações contábeis para fins gerais são demonstrações contábeis elaboradas para usuários que não têm 
prerrogativa de exigir informações contábeis para atender às suas necessidades específicas de informação. 
 
2. O Conselho da IFAC designou o IPSASB como órgão responsável pelo desenvolvimento 
dessas normas, sob sua própria autoridade e restrito aos seus termos de referência declarados, para melhor 
servir aos interesses públicos no alcance deste aspecto da sua missão. 
Destaca-se que nem sempre o IPSASB teve essa terminologia. Inicialmente, para auxiliar no processo 
de harmonização da contabilidade pública a IFAC constituiu, em 1986, o PSC (Public Sector Committee) e 
somente em 2004 foi renomeado para IPSASB (International Public Sector Accounting Standards Board). 
Assim, segundo Mapurunga, Meneses e Peter (2011), criou-se um novo contexto para a contabilidade 
aplicada ao setor público, onde a gestão pública valoriza mais o patrimônio e a informação. 
Chan (2010) e Berger (2009) concordam que até 2002 o IPSASB importou essencialmente normas 
contábeis e relatórios financeiros das normas internacionais do setor privado (IFRS – International Financial 
Reporting Standards), fazendo pequenas alterações. Mas a partir de 2003, um conjunto de normas foram 
publicadas focadas nas áreas do setor público, como tributos e orçamento, mas ainda tem as IAS (International 
Accounting Standards) – também conhecidas como IFRS – correspondentes. Desde 2014, começou-se a 
discutir, no âmbito do IFAC, uma estrutura conceitual para a contabilidade pública. 
3. De modo resumido, o IPSASB funciona como órgão normatizador independente sob os auspícios 
da IFAC. Alcança seus objetivos das seguintes formas: 
- Emitindo Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público (IPSASs - Normas Internacionais de 
Contabilidade Aplicada ao Setor Público); 
- Promovendo sua aceitação e convergência internacional com essas normas; e 
- Publicando outros documentos que oferecem orientações sobre temas e experiências na elaboração de 
demonstrações contábeis no setor público. 
 
 
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Indicação de Membros 
4. Os membros do IPSASB são nomeados pelo Conselho da IFAC. O IPSASB tem 18 membros, 15 
dos quais são nomeados por entes membros da IFAC e três membros públicos. Membros públicos podem ser 
nomeados por qualquer indivíduo ou organização. 
5. Candidatos propostos são avaliados pelo IFAC Nominating Committee. O processo de seleção é 
baseado na melhor pessoa para aquele trabalho. Ao recomendar indicações para o Conselho, o IFAC 
Nominating Committee procura garantir que os membros do IPSASB tenham conhecimento técnico 
especializado adequado, conhecimento da composição institucional do seu quadro, proficiência técnica dos 
usuários, elaboradores e auditores, e origens geográficas variadas. 
6. Os membros do IPSASB são nomeados por um mandato inicial de até três anos, que pode ser 
renovado sempre por três anos. Indicações serão feitas anualmente, de tal forma que um terço dos membros 
varia a cada ano. Participação contínua no Conselho pela mesma pessoa será limitada a dois mandatos 
consecutivos de três anos, a não ser que aquele membro seja nomeado como Presidente para um mandato 
adicional. Os membros do IPSASB devem se dedicar prioritariamente ao setor público. Para fins de votação, 
cada membro do IPSASB tem direito a um voto. 
7. Cada membro do IPSASB pode ser acompanhado na mesa de reuniões por um conselheiro técnico 
que terá pleno direito à palavra, mas não ao voto. 
8. O IPSASB pode indicar como observadores representantes de organizações apropriadas com forte 
interesse na elaboração de demonstrações contábeis no setor público, que continuamente contribuem ao 
trabalho do IPSASB e tem interesse em endossar e apoiar as IPSASs. Esses observadores terão direito à palavra, 
mas não ao voto. Espera-se que possuam as devidas habilidades técnicas para participar plenamente nas 
discussões do IPSASB e participar regularmente das reuniões do IPSASB com vistas à compreensão de temas 
atuais. O IPSASB revisará anualmente a composição e o papel dos observadores. 
 
Natureza, Alcance e Aplicabilidade dos Pronunciamentos 
 
9. O Conselho da IFAC concedeu ao IPSASB a autoridade de emitir: 
- Normas Internacionais para o Setor Público (IPSASs), como as Normas a serem aplicadas por membros da 
profissão na preparação de demonstrações contábeis para fins gerais de entidades do setor público. 
O IPSASB adota um “devido processo legal” para o desenvolvimento das IPSASs, que dá a todas as 
partes interessadas a oportunidade de contribuir ao processo de desenvolvimento das normas. Estudos com o 
objetivo de assessorar questões relacionadas à elaboração de demonstrações contábeis no setor público. São 
baseados no estudo das melhores práticas e métodos mais efetivos para lidar com os temas sendo discutidos. 
 
- Artigos Ocasionais e Relatórios de Pesquisa para fornecer informações que contribuam ao corpo de 
conhecimentos sobre temas e projetos de desenvolvimento na área das demonstrações contábeis no setor 
público. 
 
Têm como objetivo oferecer novas informações ou perspectivas e geralmente resultam de atividades 
de pesquisa como: buscas na literatura, levantamentos por questionário, entrevistas, experimentos, estudos de 
caso e análises. 
10. No desenvolvimento das suas normas, o IPSASB busca a contribuição do seu Grupo Consultivo e 
considera e faz uso de pronunciamentos emitidos por: 
 
- O International Accounting Standards Board (IASB), até o ponto em que se apliquem ao setor público; 
- Órgãos Normatizadores nacionais, autoridades reguladoras e outros órgãos competentes; 
- Órgãos profissionais contábeis; e 
- Outras organizações interessadas na elaboração de demonstrações contábeis no setor público. 
O IPSASB garantirá a consistência entre seus pronunciamentos e os do IASB até o ponto em que esses 
pronunciamentos sejam aplicáveis e apropriados para o setor público. 
11. O objetivo do Grupo Consultivo do IPSASB é oferecer um fórum para o IPSASB poder consultar 
representantes de diferentes grupos constitutivos para obter contribuições e feedback sobre seu programa de 
trabalho, projetosprioritários, importantes questões técnicas, devido processo legal e atividades em geral. O 
Grupo Consultivo não vota em questões referentes às Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor 
Público ou a outros documentos emitidos pelo IPSASB. 
12. O IPSASB coopera com órgãos normatizadores nacionais na preparação e emissão de Normas na 
extensão de suas possibilidades, para compartilhar recursos, minimizar a duplicação de esforços e alcançar 
6 
 
consenso e convergência na fase inicial do desenvolvimento das normas. Também promove o endosso das 
IPSASs por órgãos normatizadores nacionais e outros órgãos competentes e estimula debates com usuários, 
inclusive representantes eleitos e nomeados; Secretarias da Fazenda, Ministérios de Finanças e órgãos 
competentes semelhantes; e profissionais ao redor do mundo, a fim de identificar as necessidades dos usuários 
para novas normas e orientações. 
 
Procedimentos de Trabalho 
13. O IPSASB publica Minutas para Discussão de todas as normas propostas para consulta pública. 
Em alguns casos, o IPSASB também pode lançar uma Chamada para Comentários antes do desenvolvimento 
de uma Minuta para Discussão. Isso oferece uma oportunidade para que aqueles afetados pelos 
pronunciamentos do IPSASB contribuam e apresentem suas perspectivas antes da finalização e aprovação dos 
pronunciamentos. O IPSASB considera no desenvolvimento de uma IPSAS todos os comentários recebidos 
em resposta às Chamadas para Comentários e Minutas para Discussão. 
14. O quórum para cada reunião do IPSASB é de no mínimo doze membros nomeados, 
presencialmente ou através de telecomunicação simultânea. 
15. Cada membro do IPSASB tem um voto. Para fins de aprovação de Chamadas a Comentários, 
Minutas para Discussão e IPSASs, são necessários votos a favor de pelo menos dois terços dos direitos a voto 
do IPSASB. Um membro do IPSASB pode autorizar uma pessoa presente em uma reunião do IPSASB a votar 
em seu nome. 
16. Reuniões do IPSASB com o objetivo de discutir o desenvolvimento e aprovar a emissão de Normas 
ou outros documentos técnicos estão abertas ao público. Documentos discutidos nas reuniões, inclusive as 
minutas das reuniões do IPSASB, são publicados no site do IPSASB. 
17. O IPSASB publica um relatório anual, destacando seu programa de trabalho, suas atividades e o 
progresso alcançado em relação aos seus objetivos durante o ano. 
18. A IFAC revisará a eficácia dos processos do IPSASB pelo menos a cada três anos. 
 
Idioma 
 
19. O texto aprovado de um pronunciamento é aquele publicado pelo IPSASB na língua inglesa. 
Órgãos membros da IFAC têm autorização para preparar, após obter a aprovação da IFAC, traduções desses 
pronunciamentos a custo próprio, a serem publicadas no idioma dos seus próprios países conforme 
conveniente. 
 
INTERNATIONAL FEDERATION OF ACCOUNTANTS (IFAC) 
 
A Organização 
A International Federation of Accountants (IFAC) é a organização global para a profissão contábil. 
Fundada em 1977, sua missão é servir ao interesse público, fortalecer a profissão contábil ao redor do mundo 
e contribuir ao desenvolvimento de economias internacionais fortes pelo estabelecimento e pela promoção da 
adesão a normas profissionais de alta qualidade, estimulando a convergência internacional dessas normas, e 
pronunciando-se sobre temas de interesse público onde o conhecimento especializado da profissão tem alto 
grau de relevância. 
Os órgãos diretores, a equipe e os voluntários da IFAC têm compromisso com os valores de 
integridade, transparência e conhecimento especializado. A IFAC também busca reforçar a adesão dos 
contadores profissionais a esses valores, refletidos no Código de Ética para Contadores Profissionais da IFAC. 
A IFAC confere liderança à profissão contábil ao redor do mundo para servir ao interesse público das 
seguintes maneiras: 
 
− Desenvolvendo, promovendo e mantendo normas profissionais globais e um Código de Ética para 
Contadores Profissionais de qualidade alta e consistente; 
− Estimulando ativamente a convergência das normas profissionais, referentes a auditoria, asseguração, 
ética, educação e normas para a elaboração de demonstrações contábeis para os setores público e privado; 
− Buscando melhorias contínuas na qualidade da auditoria e gestão financeira; 
− Promovendo os valores da profissão contábil para garantir que atraia continuamente candidatos de alto 
nível; 
− Promovendo o cumprimento das obrigações dos membros; e 
7 
 
− Assistindo as economias em desenvolvimento e emergentes, em cooperação com órgãos contábeis 
regionais e outros, com vistas ao estabelecimento e à manutenção de uma profissão comprometida com o 
desempenho de alta qualidade e servindo ao interesse público. 
 
Contribuindo à Eficiência da Economia Global 
A IFAC contribui ao funcionamento eficiente da economia internacional das seguintes formas: 
− Melhorando a confiança e a qualidade das demonstrações contábeis; 
− Estimulando a produção de informações (financeiras e não-financeiras) de alta qualidade sobre o 
desempenho das organizações; 
− Promovendo a prestação de serviços de alta qualidade por todos os membros da profissão contábil ao redor 
do mundo; e 
− Promovendo a importância da adesão ao Código de Ética para Contadores Profissionais por todos os 
membros da profissão contábil, inclusive membros na indústria, comércio, setor público, setor sem fins 
lucrativos, setor acadêmico e prática pública. 
 
Providenciando Liderança e Representatividade 
A IFAC é a principal porta-voz da profissão global e se pronuncia sobre temas de interesse público 
onde o conhecimento especializado da profissão tem alto grau de relevância. Isso é alcançado, parcialmente, 
através dos contatos com numerosas organizações que confiam ou têm interesse nas atividades da profissão 
contábil internacional. 
A IFAC também emite posições políticas sobre temas em que o conhecimento especializado da 
profissão tem alto grau de relevância. Essas estão disponíveis no site da IFAC em http://www.ifac.org. 
 
Associação 
A IFAC tem 157 membros e associados em 123 países ao redor do mundo, representando mais de 2,5 
milhões de contadores ativos em prática ao público, indústria e comércio, no setor público e na educação. 
Nenhum outro órgão contábil no mundo e somente poucas organizações profissionais têm a ampla base de 
apoio internacional característica da IFAC. 
Os pontos fortes da IFAC resultam não só de sua representação internacional, mas também do apoio e 
do envolvimento de seus entes membros individuais, os quais são dedicados a promover a integridade, 
transparência e conhecimento especializado na profissão contábil, além do apoio de órgãos contábeis regionais. 
A IFAC desde muito tempo reconheceu a necessidade de um arcabouço globalmente harmonizado 
para atender às demandas internacionais crescentes postas à profissão contábil, provenientes das comunidades 
empresariais, do setor público ou de comunidades educacionais. Os principais componentes deste arcabouço 
são o Código de Ética para Contadores Profissionais, Normas Internacionais de Auditoria (ISAs), Normas 
Internacionais de Educação e Normas Internacionais de Contabilidade para o Setor Público (IPSASs). 
Os conselhos normatizadores da IFAC, descritos abaixo, seguem um devido processo legal que apoia 
o desenvolvimento de normas de alta qualidade em prol do interesse público de forma transparente, eficiente 
e efetiva. Todos esses conselhos normatizadores têm Grupos Assessores Consultivos, que fornecem 
perspectivas de interesse público e incluem membros públicos. 
Public Interest Activity Committees (PIACs) da IFAC – o International Auditing and Assurance 
Standards Board, International Accounting Education Standards Board, International Ethics Standards Board 
for Accountants, e o Compliance Advisory Panel – sujeitos à supervisão do Public Interest Oversight Board 
(PIOB) (veja abaixo). 
Os termos de referência, devido processolegal e procedimentos operacionais dos conselhos 
normatizadores da IFAC estão disponíveis no site da IFAC em http://www.ifac.org. A IFAC apoia ativamente 
a convergência com as ISAs e outras normas desenvolvidas por seus conselhos normatizadores independentes 
e pelo International Accounting Standards Board. 
 
Serviços de Auditoria e Asseguração 
O International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) desenvolve ISAs e Normas 
Internacionais de Auditoria, que tratam da auditoria e revisão de informações financeiras históricas; e Normas 
Internacionais de Asseguração, que tratam de outros procedimentos de asseguração diferentes da auditoria ou 
revisão de informações financeiras históricas. O IAASB também emite pronunciamentos práticos relacionados 
a esses temas. Essas normas e pronunciamentos servem como benchmark para normas e pronunciamentos de 
auditoria e asseguração de alta qualidade ao redor do mundo. 
8 
 
Estabelecem normas e fornecem orientações para auditores e outros contadores profissionais, dando-
lhes as ferramentas para lidar com as demandas crescentes e variadas de relatórios sobre informações 
financeiras, e dão orientações em áreas especializadas. Além disso, o IAASB desenvolve normas de controle 
de qualidade para empresas e equipes de trabalho nas áreas práticas de auditoria, asseguração e serviços 
relacionados. 
 
Ética 
O Código de Ética para Contadores Profissionais (o Código), desenvolvido pelo International Ethics 
Standards Board for Accountants do IFAC, estabelece requisitos éticos para contadores profissionais e fornece 
um arcabouço conceitual para todos os contadores profissionais, com o objetivo de garantir o cumprimento 
dos cinco princípios fundamentais da ética profissional. Esses princípios são integridade, objetividade, 
competência profissional e diligência, confidencialidade e comportamento profissional. 
De acordo com esse arcabouço, todos os contadores profissionais devem identificar ameaças a esses 
princípios fundamentais e, se houver ameaças, aplicar medidas de proteção para garantir que os princípios não 
sejam comprometidos. Uma entidade membro da IFAC ou empresa conduzindo uma auditoria com o uso das 
ISAs não pode aplicar normas menos rígidas que aquelas determinadas no Código. 
 
Demonstrações Contábeis para o Setor Público 
O International Public Sector Accounting Standards Board enfoca o desenvolvimento de normas para 
a elaboração de demonstrações contábeis de alta qualidade para uso por entidades do setor público ao redor do 
mundo. Desenvolveu um conjunto amplo de IPSASs, estabelecendo as exigências para a elaboração de 
demonstrações contábeis por governos e outras organizações do setor público. As IPSASs representam as 
melhores práticas internacionais na elaboração de demonstrações contábeis por entidades do setor público. Em 
muitas jurisdições, a aplicação das exigências das IPSASs favorecerá a prestação de contas (accountability) e 
transparência das demonstrações contábeis preparadas por governos e suas agências. 
As IPSASs foram publicadas na edição de 2008 do IFAC Handbook of International Public Sector 
Accounting Pronouncements (Manual do IFAC sobre Normas Contábeis Internacionais do Setor Público) e 
também estão disponíveis no site da IFAC em http://www.ifac.org. As versões em francês e espanhol das 
IPSASs versão 2007 também estão disponíveis no site da IFAC. 
 
Educação 
No seu trabalho para disseminar programas de educação contábil ao redor do mundo, o International 
Accounting Education Standards Board (IAESB) da IFAC desenvolve Normas Internacionais de Educação, 
estabelecendo os benchmarks para a educação dos membros da profissão contábil. Todos os entes membros 
devem cumprir essas normas, que tratam do processo educacional que leva à qualificação do profissional 
contábil e também ao desenvolvimento profissional contínuo e permanente dos membros da profissão. 
O IAESB também emite Pronunciamentos Internacionais de Prática Educacional e outras orientações 
para ajudar seus entes membros e educadores contábeis na implementação e no alcance das melhores práticas 
de educação contábil. Esse manual não contém as Normas Internacionais de Educação, disponíveis no site da 
IFAC em http://www.ifac.org. 
 
- Apoio aos Contadores Profissionais na Área Empresarial 
 
Tanto a IFAC quanto seus entes membros enfrentam o desafio de atender às necessidades de um 
número crescente de contadores empregados por empresas e indústrias, pelo setor público, o setor de educação 
e o setor sem fins lucrativos. Esses contadores agora correspondem a mais de 50 por cento dos membros dos 
entes associados. 
O Professional Accountants in Business Committee da IFAC desenvolve orientações em colaboração 
com entes membros para ajudar a tratar ampla gama de questões profissionais, estimula e apoia o desempenho 
de alta qualidade por contadores profissionais na área empresarial, e trabalha para conscientizar o público a 
respeito da compreensão 
do trabalho prestado por eles. 
 
- Pequenas e Médias Firmas de Contabilidade e Auditoria 
 
Outro foco da IFAC é o suporte a outro grupo constitutivo: pequenas e médias firmas de contabilidade 
e auditoria (PMFCAs). O Small and Medium-Sized Practices (SMPs) Committee da IFAC desenvolve 
9 
 
orientações sobre tópicos-chave prestação de serviços de contabilidade e auditoria a pequenas e médias 
empresas (PMEs), incluindo orientações de implementação sobre o uso das ISAs na auditoria das PME’s e a 
aplicação da Norma Internacional sobre Controle de Qualidade. 
Com sua perspectiva de PMFCA/PME, o Comitê contribui com o desenvolvimento de normas 
internacionais e com o trabalho dos conselhos normatizadores da IFAC. O SMP Committee também examina 
formas em que a IFAC, junto com seus entes membros, pode responder às necessidades de contadores de 
PMFCAs e PMEs e organiza eventos anuais sobre temas relacionados a PMFCAs/PMEs. 
 
- Nações em Desenvolvimento 
 
O Developing Nations Committee da IFAC apoia o desenvolvimento da profissão contábil em todas 
as regiões do mundo, representando e tratando dos interesses das nações em desenvolvimento e dando 
orientações para fortalecer a profissão contábil ao redor do mundo. O Comitê também busca, da comunidade 
doadora, recursos e assistência ao desenvolvimento para esses países. Além disso, o Comitê organiza eventos 
anuais sobre como atender às necessidades das nações em desenvolvimento. 
 
- IFAC Member Body Compliance Program 
 
Como parte do Member Body Compliance Program, os membros e associados (principalmente 
instituições profissionais nacionais) devem demonstrar seus esforços, diante de leis e regulamentos nacionais, 
para implementar as normas emitidas pela IFAC e pelo International Accounting Standards Board. 
O programa, supervisionado pelo Compliance Advisory Panel da IFAC, também busca determinar 
como os membros e associados têm cumprido suas obrigações referentes à garantia de qualidade, investigação 
e programas disciplinares para seus membros, conforme estabelecidas nas Statements of Membership 
Obligations (SMOs) da IFAC. 
Como parte do Compliance Program, os membros e associados devem completar uma autoavaliação 
sobre as exigências das SMOs e, se forem identificadas áreas para melhorias, desenvolver planos de ação para 
tratar dessas áreas. As SMOs fundamentam o Compliance Program e oferecem benchmarks claros a entes 
membros atuais e potenciais, com o objetivo de ajudá-las a garantir que os contadores profissionais 
desempenhem suas atividades com alto nível de qualidade. Esse manual não inclui as SMOs, disponíveis no 
site da IFAC em: http://www.ifac.org. 
 
Arcabouço Regulatório 
Em novembro de 2003, a IFAC, com apoio forte dos entes membros e de reguladores internacionais, 
aprovou uma série de reformas para aumentar a confiança de que as atividades da IFAC respondem 
adequadamente ao interesse público e levarão ao estabelecimentode normas e práticas de alta qualidade na 
auditoria e asseguração. 
As reformas proporcionam: processos normatizadores mais transparentes, maiores contribuições 
públicas e regulatórias nesses processos, monitoramento regulatório, supervisão de órgãos de interesse público, 
e diálogo permanente entre reguladores e a profissão contábil. Isso se alcança através das seguintes estruturas: 
 
Public Interest Oversight Board (PIOB) – Estabelecido em fevereiro de 2005, o PIOB supervisiona as 
atividades normatizadoras da IFAC nas áreas de auditoria e asseguração, ética (incluindo independência) e 
educação, além do IFAC Member Body Compliance Program. O PIOB inclui dez representantes nomeados 
por reguladores e instituições internacionais. 
Monitoring Group (MG) – O MG inclui reguladores internacionais e organizações relacionadas. Seu 
papel é atualizar o PIOB sobre eventos significativos no ambiente regulatório. Também serve como veículo 
para diálogo entre reguladores e a profissão contábil internacional. 
IFAC Regulatory Liaison Group (IRLG) – O IRLG inclui o Presidente, Vice-Presidente e Chief 
Executive Officer da IFAC, além de três membros designados pela Diretoria da IFAC, o Presidente do Forum 
of Firms, e seis outros membros nomeados pelo Global Public Policy Committee. Trabalha com o MG e trata 
de questões relacionadas à regulação da profissão. 
 
Estrutura e Operações da IFAC 
A governança da IFAC está a cargo da sua Diretoria e Conselho. O Conselho da IFAC inclui um 
representante de cada entidade membro. A Diretoria é um grupo menor responsável pelo estabelecimento de 
10 
 
políticas. Como representantes da profissão contábil ao redor do mundo, os membros da Diretoria firmam uma 
declaração para agir com integridade e servir ao interesse público. 
O IFAC Nominating Committee dá recomendações sobre a composição dos conselhos e comitês da 
IFAC, a Diretoria da IFAC, e candidatos para a Vice-Presidência da IFAC. No seu trabalho, o comitê é 
direcionado pelo princípio de selecionar a melhor pessoa para aquela posição. Também busca balancear as 
representações regionais e profissionais nos conselhos e comitês, além da representação de países com 
diferentes níveis de desenvolvimento econômico. 
A sede da IFAC é localizada na cidade de Nova Iorque e sua equipe abrange profissionais contábeis e 
outros provenientes do mundo todo. 
 
Publicações da IFAC, Direitos Autorais e Traduções 
A IFAC disponibiliza amplamente suas orientações através do download gratuito de todas as 
publicações através do site (http://www.ifac.org), também estimulando seus membros e associados, órgãos 
contábeis regionais, normatizadores, reguladores e outros a incluírem links para as publicações no site da IFAC 
nos seus próprios sites, ou materiais impressos. 
A IFAC também reconhece que é importante para preparadores e usuários das demonstrações 
contábeis, auditores, reguladores, advogados, acadêmicos, estudantes e outros grupos interessados em países 
não de língua inglesa terem acesso às normas na sua língua materna. Para tornar suas normas e orientações 
disponíveis da forma mais ampla possível, a IFAC desenvolveu as seguintes políticas sobre questões 
relacionadas aos direitos autorais, reprodução e tradução: 
− Policy for Reproducing, or Translating and Reproducing, Publications Issued by the International 
Federation of Accountants [Política para Reproduzir, ou Traduzir e Reproduzir, Publicações da Federação 
Internacional dos Contadores; and 
− Permission to State that the International Federation of Accountants has Considered a Translating Body’s 
Process for Translating Standards and Guidance [Permissão para Declarar que a Federação Internacional dos 
Contadores Considerou o Processo de uma Entidade Tradutora para Traduzir Normas e Orientações]. 
 
 
 
CURIOSIDADES! 
 
 
O que é harmonização contábil? 
 
A harmonização é um processo de conciliação de diferentes pontos de vista e, portanto, da diversidade de práticas 
existentes, estabelecendo limites a seu grau de variação. Em resumo, a harmonização contábil é conciliar as práticas 
contábeis entre países visando diminuir as diferenças dos procedimentos da área. 
Quando se fala em diminuir as diferenças quer-se dizer que a harmonização contábil reconcilia sistemas 
contábeis ao mesmo tempo em que preserva as particularidades de cada país. Seu objetivo é o de pura e simplesmente 
melhorar o entendimento e a interpretação da troca de informações. Portanto, é certo dizer que a harmonização das normas 
contábeis leva em conta a globalização que influencia na gestão. 
Com a harmonização das normas e padrões contábeis é possível, então, viabilizar a comparação de informações 
entre empresas de diversas partes do mundo. Justamente por ter a função de diminuir as diferenças das boas práticas da 
contabilidade é que sua importância é percebida tanto para empresas que querem buscar recursos no exterior, quanto na 
hora de elaborar demonstrações mais consolidadas. 
Com tudo isso, dá para concordar que se todas as empresas, de todos os lugares, pudessem navegar em um 
mesmo mar de princípios e normas contábeis teríamos todos uma melhor consistência de informações. 
E quais critérios são usados a favor da harmonização contábil? Pode-se dizer que são três: 
− Credibilidade: busca conciliar conjuntos de normas e demonstrações contábeis; 
− Comparabilidade: facilita a comparação de informações fornecidas por empresas; 
− Eficiência de comunicação: facilita a compreensão e interpretação de demonstrações financeiras. 
Em síntese, as normas internacionais de contabilidade ajudam a todos que desejam negociar por fronteiras 
nacionais e internacionais, visto que as informações contábeis podem variar substancialmente de um país para outro, de 
acordo com os princípios de contabilidade que os governam. 
Portanto, o uso de práticas contábeis distintas dificulta a compreensão e a comparabilidade das informações de 
natureza econômico-financeira em nível internacional. Esse fato reforçou a busca pela harmonização de normas contábeis 
para que as demonstrações sejam adequadamente avaliadas. 
11 
 
A harmonização contábil traz como vantagens a redução dos custos para gerenciar sistemas contábeis 
diferenciados em diferentes países; facilita a tarefa de elaboração de demonstrações contábeis consolidadas da matriz e 
de todas as suas subsidiárias no exterior, que atualmente requerem ajustes por divergências de critérios contábeis; reduz 
os custos de realização de trabalhos de auditoria; possibilita a compreensão das demonstrações contábeis pelos usuários 
internacionais. 
A harmonização pode ser entendida como um processo que busca preservar as particularidades inerentes a cada 
país, mas que permite reconciliar os sistemas contábeis com outros países de modo a melhorar a troca de informações a 
serem interpretadas e compreendidas. 
No Brasil, a convergência às normas internacionais de contabilidade, teve seu marco legal com a promulgação 
da Lei 11.638/2007, que determinou, de forma explícita, a adoção dos padrões internacionais de contabilidade no 
arcabouço normativo brasileiro. Por processo de convergência, entende‐se a alteração das normas contábeis brasileiras, 
com a adoção gradativa dos padrões emitidos pelo IASB (International Accounting Standard Board), conhecidos como 
IFRS (International Finance Report Standard), que já foram e que estão sendo adotados por inúmeros países, incluindo 
os países da Comunidade Europeia. 
 
Vantagens da Harmonização Contábil 
 
Dentre os pontos positivos da harmonização contábil, pode-se citar: 
− Proporciona mais transparência e melhora a compreensão e a comparabilidade dos dados contábeis apresentados ao 
mercado internacional por meio das demonstrações; 
− Possibilita a reconciliação dos padrões contábeis facilitando a troca de informações a serem interpretadas e 
compreendidas; 
− Reduz tempo e custo para converter demonstrações financeirasde subsidiárias estrangeiras; 
− Proporciona menor risco para o investidor; 
− Facilita auditorias contábeis e financeiras; 
− Facilita a análise comparativa de resultados financeiros de empresas nacionais e estrangeiras e avalia o desempenho 
a um nível mundial; 
− Empresas de capital aberto tem seus gastos reduzidos com a elaboração, divulgação e auditoria das demonstrações 
contábeis; 
− Facilita a política de preços, transações internacionais e decisão de alocação de recursos; 
− Viabiliza o desenvolvimento do mercado interno e estimula o ingresso de investimentos diretos do exterior; 
− Facilita o acesso ao mercado externo; 
− Torna muito mais fácil a consolidação das demonstrações contábeis; 
− Melhora a comunicação financeira da empresa com seus investidores nacionais e estrangeiros. 
 
Desvantagens da Harmonização Contábil 
 
Como toda história tem dois lados, o mesmo acontece com a harmonização contábil. De acordo com 
especialistas, algumas das desvantagens incluem: 
− É uma tarefa muito difícil conciliar diferenças de informações divergentes; 
− O processo de harmonização implica em reduzir opções de práticas contábeis mais adequadas; 
− Casos em que governos locais lançam políticas fiscais provisórias para atender a uma determinada situação não serão 
entendidos pela harmonização contábil; 
− É visto por alguns como uma imposição dos países desenvolvidos aos em desenvolvimento; 
− Não há um julgamento subjetivo no que diz respeito à interpretação e divulgação de eventos econômicos. 
Como a harmonização contábil busca aproximar padrões, especialistas também citam duas barreiras para essa 
prática: o forte nacionalismo em alguns países e a falta de entidade de profissionais com influência. 
 
E quem tem interesse pela Harmonização de Normas Contábeis? 
 
Podem-se citar alguns grupos que possuem interesse na harmonização contábil. O primeiro seriam os 
investidores, que desejam estar a par da real situação das entidades que pensam em investir. Em seguida, estariam os 
administradores e pode-se entender seus interesses, especialmente se imaginar-se empresas com filiais em diferentes 
países. Com a harmonização das normas contábeis ficaria mais fácil para eles tomarem decisões baseando-se em 
informações comparáveis. 
Claro que não se pode esquecer dos analistas financeiros, que precisam estar capacitados a analisar e interpretar 
demonstrações de empresas que eles mesmos possam recomendar aos investidores. Com a harmonização contábil os 
analistas conseguem estar seguros da confiabilidade das demonstrações de diferentes países. 
Para fechar o grupo de interesse vêm, claro, empresas internacionais de contabilidade e as multinacionais. Neste 
último caso fica ainda mais fácil entender o motivo de um voto a favor da harmonização contábil: multinacionais teriam 
12 
 
suas demonstrações financeiras elaboradas de uma maneira mais simples se as mesmas fossem feitas respeitando uma 
mesma base, independente do país. 
 
O que é Padronização Contábil? 
 
Padronizar significa submeter a um padrão. Para a área da contabilidade internacional, diz-se que a padronização 
contábil busca unificar as práticas da área para que se tenha um modelo padrão a ser utilizado por todos os países, sem 
elasticidade alguma. 
Assim como vê-se na harmonização, a padronização contábil também é defendida por um grupo de especialistas, 
pois é igualmente vista como um instrumento necessário para contribuir com a entrada de capitais e com a expansão dos 
negócios das empresas. 
No entanto, se observa que a padronização das normas contábeis não admite flexibilidade, pois é um processo 
de uniformização. Exatamente por isso que a padronização contábil é um processo muito mais difícil de ser colocado em 
prática. 
Como a padronização busca unificar, para atingir esse objetivo será necessário que padrões contábeis sejam 
totalmente iguais para todos os países. E isso é praticamente impossível de acontecer, concorda? 
 
Vantagens da Padronização das Normas Contábeis 
 
Dentre os aspectos positivos da padronização contábil pode-se citar: 
 
− Redução de custos nos investimentos internacionais; 
− Facilidade na comunicação internacional com uma linguagem contábil mais homogênea; 
− Redução de custos do capital; 
− Simetria das informações contábeis; 
− Informações contábeis muito mais objetivas; 
− Eliminação das incertezas ao analisar aspectos contábeis de uma organização. 
 
Desvantagens da Padronização Contábil 
 
Pontos negativos da padronização contábil: 
 
− Imposição de normas e padrões contábeis sem levar em consideração particularidades dos países; 
− Dificuldade operacional, justamente por não levar em conta as particularidades; 
− Criação de obrigações contábeis pode dificultar o trabalho de empresas de portes menores. 
 
E a Convergência Contábil, onde fica? 
 
Convergir é tender para o mesmo ponto. No ambiente da contabilidade privada, no Brasil, com a sanção das leis 
11.638/07 e 11.941/09, o Brasil também passou a fazer parte do processo de convergência das normas contábeis de acordo 
com os padrões internacionais. 
Portanto, utilizando termos mais próprios para a área da contabilidade, diz que há a convergência da 
contabilidade brasileira aos padrões internacionais das IFRS. Aliás, a convergência contábil é um processo que conta com 
a iniciativa de diversos países. 
 
 
Padronização x harmonização x uniformidade x convergência de normas contábeis 
 
Ao tratar do assunto, contabilidade internacional, alguns termos são utilizados com certa frequência: 
Padronização, harmonização, uniformidade e convergência. Esses termos, muitas vezes, geram dúvidas, então, a seguir, 
descreve-se como interpretar cada termo para melhor entendimento do processo: 
 
Padronização = Consiste na adoção de regras mais rígidas, sem flexibilização. O padrão escolhido como 
referência para a harmonização mundial das demonstrações contábeis são as normas IAS/IFRS publicadas pelo IASB. 
Harmonização = Busca amenizar as diferenças internacionais. Os pronunciamentos internacionais são 
traduzidos e adaptados às características de cada país sem, entretanto, perder as características básicas de cada 
pronunciamento. 
Uniformidade = Com a harmonização mundial das normas contábeis as demonstrações contábeis de vários 
países serão comparáveis porque estarão uniformizadas de acordo com o padrão internacional, porém respeitando as 
características de cada país. 
Convergência = Processo de implementação das normas internacionais em cada país. No brasil, o processo foi 
iniciado oficialmente em 1º de janeiro de 2008 com a Lei 11.638/07. 
13 
 
 
Por que existem tantos padrões contábeis no mundo? 
 
As causas para o desenvolvimento de diferentes modelos contábeis ao redor do mundo são relatadas na literatura. 
Nobes (1998, p. 162-187) evidencia que as diferenças têm relação entre os negócios e os fornecedores de capital, a 
proximidade política e econômica com outros países, o sistema legal, os níveis de inflação, o tamanho e complexidade 
das companhias, o nível de sofisticação da administração e da comunidade financeira, o grau geral de educação e a própria 
cultura de cada país. 
Santiso (1996, p.69) enfatiza que, com critérios pragmáticos, é quase impossível sustentar que, mundialmente, 
todos os países aceitem unir-se a um modelo único, tendo em vista as diferentes realidades políticas e institucionais, com 
diversas condições de economia e com normas legais desiguais em cada um deles, transformando a ideia em uma quase 
utopia. 
Esta também foi a conclusão de Revoredo (2008, p. 49; 78) ao analisar o processo de convergência brasileiro: 
“[...] diante da quantidade e diversidade de fatores ambientais que interferem na ciência contábil, a harmonização das 
normas internacionais é um grande desafio, principalmente porque essa diversidade pode não estar relacionada ao 
ambiente internacional e sim ocorrer dentro do próprio país”. “[...]As técnicas e esforços utilizados em um município 
pequeno com atividades centralizadas serão distintas das utilizadas em grandes cidades com atividades amplamente 
descentralizadas”. 
No entanto, Santiso (1996, p.69) afirma que “se tomarmos algum modelo bem fundamentado em nível teórico, 
é possível introduzir variantes e aliviar a rigidez, possibilitando, passo a passo, avançar em um processo rumo à 
uniformidade". 
Hulle (1998, p. 5) relata que: "À medida que existir a harmonização regional, será facilitado o processo 
internacional". Com isso, torna-se evidente que a verdadeira unificação dos princípios e práticas contábeis em nível 
global, deveria ser precedida pela harmonização de procedimentos regionais. 
Coaduna com esta ideia a iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) através do Grupo Assessor 
para elaboração das Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBCASP) que em razão das 
dimensões continentais do país aliadas à diversidade da cultura contábil, decidiu pela realização de amplo debate nacional 
com vistas a uniformizar os conceitos contábeis públicos internos, antes de caminhar em direção à harmonização às 
normas internacionais. 
As demonstrações contábeis de um país trazem algumas dificuldades para usuários em outros países. Um deles 
é a utilização de conceitos e nomenclaturas divergentes para o registro do mesmo fato, sendo este um dos problemas da 
contabilidade até mesmo em nível interno. É fato que os termos deveriam significar exatamente a mesma coisa para o 
registro e acumulação de valores de mesma natureza. Entretanto, o que acontece na prática é diferente. 
Por esses motivos, Sá (1998, p.78-79) defende uma harmonização no significado dos conceitos em que a ciência 
contábil está inserida. Ele aprofunda sua ideia dizendo que “o erro em conceituar leva ao desentendimento social e que 
as denominações e definições devem ser harmônicas”. E complementa afirmando que é “preciso entender o que significam 
os conceitos Contabilidade, todavia, nem sempre tem sido uma tarefa fácil, em razão da falta de uniformidade, mesmo 
em se tratando de idiomas comuns, como os que se falam no Brasil e em Portugal”. Para o autor “tem proliferado um 
grande número de expressões contábeis, em todo o mundo, sem que, em verdade, venham a significar fatos similares em 
cada parte onde são aplicados e sem que traduzam com fidelidade a essência dos acontecimentos que procuram 
representar”. 
Outra diferença que as demonstrações contábeis podem conter em nível internacional, refere-se aos próprios 
valores apresentados. Não apenas pelas diferentes normas e princípios observados nos cálculos dos fatos registrados, mas 
também pela própria base de valoração utilizada. Essa base pode ser entendida como o processo que determina as 
importâncias monetárias pelas quais os elementos das demonstrações contábeis devem ser reconhecidos e apresentados, 
o que se denomina de avaliação ou mensuração. Esse processo, muitas vezes, reveste-se de uma importante dose de 
subjetividade, tendo em vista a multiplicidade de alternativas que as diferentes normas contábeis ao redor do mundo 
oferecem. 
Consequentemente, os valores apresentados podem apresentar diferentes resultados nos elementos das 
demonstrações contábeis. Nobes (2000) faz críticas à internacionalização das normas de contabilidade ao afirmar: “[...] a 
convergência de normas contábeis não será atingida sem uma cooperação substancial entre governos, a comunidade 
econômica e a profissão contábil”. 
Melhorias na prática contábil exigirão o desenvolvimento educacional, profissional e das infraestruturas 
regulamentares. A adoção de uma nova norma sem a adequada preparação pode ser mais prejudicial do que benéfica 
(NOBES, 2000, p. 3). 
Segundo as IPSAS as demonstrações contábeis somente estarão de acordo com as referidas normas se todas as 
regras contidas nas mesmas forem observadas, caso contrário, as incompatibilidades com as normas internacionais não 
serão justificadas nem mesmo em notas explicativas. Adicionalmente, se uma entidade se desvia dos preceitos e requisitos 
das IPSAS para cumprir a legislação de um determinado país, e esses desvios são considerados relevantes, a entidade não 
pode declarar que está elaborando as demonstrações segundo as Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público. 
Em suma, para Lemes e Carvalho (2010), com a adoção de uma contabilidade unificada a nível mundial, a 
existência de várias práticas de adoção de normas e publicação de relatórios financeiros será suprimida. Com isso, o 
financiamento com terceiros irá melhorar, e irá facilitar a criação de parâmetros para poder comparar as diferentes gestões 
14 
 
financeiras e de políticas públicas, pois as diferenças contábeis levam a problemas de compreensão e interpretação. E 
para Nascimento (2007), estes princípios e práticas são consequência do progresso da ciência contábil e da harmonia entre 
as ideias dos estudiosos e técnicos mundialmente conceituados. 
 
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