Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
2 ÍNDICE SINTÉTICO INTRODUÇÃO PARTE I - MERCADO IMOBILIÁRIO 08 09 RESUMO PARTE I. MERCADO IMOBILIÁRIO 23 PARTE II - INVESTIMENTOS 24 RESUMO PARTE II. INVESTIMENTOS 35 PARTE III - NEGÓCIOS 36 RESUMO PARTE III. NEGÓCIOS 61 CONCLUSÃO 62 AGRADECIMENTOS 62 CV DO AUTOR, RICARDO ROSA REIS 62 3 SUMÁRIO ANALÍTICO INTRODUÇÃO 08 PARTE I - MERCADO IMOBILIÁRIO 09 Visão Ampla Alavanca de Desenvolvimento Segurança do Mercado Imobiliário CAPÍTULO 1. MERCADO IMOBILIÁRIO - O MAIOR DE TODOS 10 Caso: Pompeu Reis 11 CICLO DO MERCADO IMOBILIÁRIO 11 Gráfico - Ciclo Imobiliário 11 Características do Ciclo Imobiliário Fase I – Recuperação Fase II – Expansão Fase III – Superoferta Fase IV – Recessão Estratégias de Defesa: Conhecimento CAPÍTULO 2. FUNDAMENTOS ECONÔMICOS 13 ECONOMIA 13 Teoria dos Ciclos Econômicos Reais Ambiente Político e Econômico Estabilidade - Setor Público e Privado AMBIENTE DE NEGÓCIOS 13 Economia Aberta. Crescimento Econômico Burocracia e Formalidades Governança Corporativa Sustentabilidade A MARÉ ECONÔMICA – MACROECONOMIA 14 PIB - Produto Interno Bruto Inflação Hiperinflação Desemprego Taxa de Câmbio CAPÍTULO 3. FUNDAMENTOS DO MERCADO IMOBILIÁRIO 16 LEI MAGNA DA OFERTA E DA DEMANDA 16 Gráfico - Oferta X Demanda 16 DEMANDA 16 Categorias da Demanda Quadro - Demanda por Imóveis 16 LOCALIZAÇÃO 16 Urbanização CRÉDITO 17 Efeito da Taxa de Juros Quadro 1 - Taxa de Juros x Financiamento 17 Quadro 2 - Compare Prestações X Financiamento 17 Endividamento das Famílias Inadimplência DEMOGRAFIA 18 Gráfico: Comparação Demográfica - Brasil: 18 Gráfico: Variação Real 18 Valorização Dos Imóveis OFERTA 18 Quadro da Oferta Imobiliária 18 Financiamento Imobiliário x PIB Oferta de Financiamento no Brasil Caso: Histórico da Crise do BNH 19 Sistemas de Amortização Garantia Fiduciária Diferença de Garantia Hipotecária para Fiduciária Patrimônio de Afetação Quadro – Unidades Habitacionais Financiadas 19 CAPÍTULO 4. FUNDAMENTOS JURÍDICOS 20 LEGISLAÇÃO BÁSICA DO MERCADO 20 Condomínio e Incorporação - Lei 4.591/1964 20 Consumidor - Lei 8.078/1990 20 Locações - Lei 8.245/1991 21 MUDANÇAS LEGISLATIVAS DE INCENTIVO IMOBILIÁRIO 21 Fundo de Investimento Imobiliário – FII. Lei 8.668/1993 21 Sistema de Financiamento Imobiliário – SFI. Lei 9.514/1997 21 Certificado de Recebíveis Imobiliários – CRI. Lei 9.514/1997 22 Incentivos Tributários - Medida Provisória (MP) 252/2004 22 Patrimônio de Afetação - Lei 10931/2004 22 Minha Casa Minha Vida – MCMV. Lei 11.977/2009 23 MP 656. Segurança para as Transações Imobiliárias 23 Próximos Avanços na Regulamentação RESUMO PARTE 1. MERCADO IMOBILIÁRIO 23 PARTE II – INVESTIMENTOS EM IMÓVEIS 24 Contexto Raio-X dos Investidores CAPÍTULO 5. INVESTIDOR 25 Caso: Estratégia do Bom para Melhor 25 Auto Conhecimento Caso: Pai Rico e Pai Pobre 25 Perfil do (a) Investidor (a) Ciclo de Vida – Aposentadoria Gráfico - Ciclo de Vida Financeira 26 Caso: Problemas nos Fundos de Previdência 26 Conhecimento Barreiras de Entrada Caso: Investidores Iniciantes 26 Passo a Passo Para Começar Caso: Metas em Patamares Para Investidores 27 Caso: Empreendedor 27 Na prática Fluxograma do Investidor Iniciante 27 Proteção do Investidor Conflito de Agência Conselheiro Independente Diversificação CAPÍTULO 6. INVESTIMENTOS 28 CHOQUE DE REALIDADE 28 O Imponderável Provavelmente Vai Acontecer Caso: Formas de Ficar Rico 28 FUNDAMENTOS 28 Risco x Retorno Gráfico - Risco x Retorno 28 Investimento x Taxa de Juros Investimento x Inflação Especulação x Investimento Renda Fixa x Renda Variável Preço x Custo Flutuações do Mercado CAPÍTULO 7. A BASE 30 O TRIPÉ DE EQUILÍBRIO 30 Rentabilidade Caso: Rentabilidade x Juros 30 Liquidez Caso: Liquidez Imobiliária 30 Caso: Aproveitando a Falta de Liquidez 30 Segurança Caso: Diversificação dos Fundos Imobiliários 31 RISCO - ESCOLHA SOB INCERTEZA 31 Redução de Risco 31 TEORIA DE CARTEIRAS 31 Tabela - Como Diversificar uma Carteira 31 Caso: 3G 31 Caso: “Ninguém Prevê o Imprevisível” 31 PRAZO 32 Curto Prazo Médio Prazo Longo Prazo GESTÃO 32 Gestão Própria ou Ativa Gestão Terceirizada ou Passiva Fundos Conselheiros CAPITAL 32 Necessidade x Disponibilidade Capital Próprio x Terceiros Caso: Alavancagem 33 FLUXO DE CAIXA 33 Reforma no Salão de Festas do Condomínio 33 Incorporação de Prédio Comercial para Locação 34 RESULTADO 34 Resultado Bruto e Líquido Caso: DRE: Demonstração de Resultados Exercício 34 PARTE III – NEGÓCIOS 36 Foco Geográfico Foco em um Tipo de Imóvel CAPÍTULO 8. INVESTIR EM IMÓVEIS 37 Caso: Teoria dos Jogos 37 MACRO-ESTRATÉGIAS VENCEDORAS 37 ESTRATÉGIAS DE COMPORTAMENTO 37 Casa Própria x Aluguel Casa x Apartamento Compra de Apartamento na Planta Imóveis Usados Imóveis Novos Investimento x Risco Renda x Valorização Encomenda x Especulação MICRO-ESTRATÉGIAS 38 Formas Para Começar a Investir em Imóveis 38 Administração: Própria ou de Terceiros Capital: Próprio x Parceiros x Empréstimo FINANCIAMENTO BANCÁRIO 39 Quadro: Alternativas de Crédito 39 Condições do comprador para sacar o FGTS Condições do imóvel para usar o FGTS Você não pode usar o FGTS para O que você paga FGTS 39 CONSÓRCIO 39 CAPITAL X TRABALHO 39 IMÓVEIS OU FUNDOS IMOBILIÁRIOS 40 COMO POUPAR PARA TER SEU IMÓVEL 40 QUANTO POUPAR PAR TER SEU IMÓVEL 40 IMPACTO TRIBUTÁRIO NA RENDA E NA VENDA 40 CAPÍTULO 9. NEGÓCIOS COM “TIJOLO” 41 Caso: PETROS 41 Custos de Corretagem, Gestão, Documentação e Outros Cuidados com a Documentação Classificação: FORMAS DE NEGÓCIOS 41 NEGÓCIOS COM FOCO MAIOR EM RENDA: 41 1. Residencial: Caso: Máquina de Construção Patrimonial 41 2. Escritórios ou Saletas: Caso: Valorização por Stress e Falta de Liquidez 42 3. Corporativo: 4. Lojas Pequenas de Rua: 5. Lojas Maiores de Rua: 6. Lojas em Shoppings: 7. Galpões e Indústrias: 8. Vagas e Estacionamentos: Caso Autopark - Invespark 44 9. Self Storage – Espaços para Armazenagem 10. Lazer ou Segunda Residência: Caso: Il Campanário Resort 44 11. Apartamentos para Estudantes 12. Terceira Idade: 13. Hotelaria, Condo-hotel e Flats: Caso: Valorização por Eficiência 45 Caso Ed. Top Center 46 14. Sale & Lease Back – SLB (Venda e Locação) Caso Sale & Lease Back Bancos 46 15 . Built to Suit – BTS (Construídos Por Encomenda) Caso: Built to Suit – BTS - Wallgreens nos EUA 47 NEGÓCIOS COM FOCO MAIOR EM VALORIZAÇÃO: 47 16 . Imóveis na Planta 17. Terrenos Isolados: Caso: Investidor de Longo Prazo 47 18. Terrenos em Condomínio Fechado: Caso: Alphaville 48 19. Permuta, Terreneiro: Permuta Física Permuta Financeira Caso: Percentagem de Permuta 48 20. Desenvolver Loteamentos: Caso: Terreneiro de Loteamento 48 21. Incorporar: Caso: Pequeno Incorporador em Loteamento 49 22. Retrofit: Caso: Rio de Janeiro 49 Caso: Retrofit com Built-to-Suit e Securitização 50 23. Leilões: 24. Mudanças de Zoneamento: Caso: Av. Visconde de Guarapuava 50 25. Opções de Compra e Venda: 26. Recompra Garantida: Caso: Recompra Garantida 51 CAPÍTULO 10. NEGÓCIOS COM “PAPEL” 52 NEGÓCIOS COM “PAPEL” EM RENDA FIXA 52 27. Letra Hipotecária - LH: 28. Letra de Crédito Imobiliário - LCI: 29. Cédula de Crédito Imobiliário - CCI: 30. Certificado de Recebíveis Imobiliários - CRI: Caso : Letras Imobiliárias Garantidas – LIG 52 31. Debêntures: 32. Cotas de Fundos de Recebíveis - FIDCS: 33. Crowdfunding Caso: Urbe.me 53 34. Cotas de Fundos Imobiliários – FII: IMPACTO TRIBUTÁRIO EM NEGÓCIOS COM RENDA FIXA 54 NEGÓCIOS EM “PAPEL” COM RENDA VARIÁVEL 54 35. Ações de Empresas: Caso: IPO: Fases de Avaliação 54 36. Cotas de Fundos Imobiliários – FII NEGÓCIOS COM FOCO AMPLO: RENDA E/OU VALORIZAÇÃO 55 37. Investir Fora do Brasil: Caso: Incorporação em Miami 55 IMPACTO TRIBUTÁRIO EM NEGÓCIOS COM RENDA VARIÁVEL 55 CAPÍTULO 11. COMPARATIVO ENTRE INVESTIMENTOS 57 Tabela Resumida e Esquemática CAPÍTULO 12. PRÓXIMOS PASSOS 59 DESAFIOS 59 TENDÊNCIAS 59 OPORTUNIDADES 60 RESUMO MÓDULO III. NEGÓCIOS IMOBILIÁRIO 61 CONCLUSÃO 62 CV DO AUTOR, RICARDO ROSA REIS 62 QUAL O MELHOR INVESTIMENTO:TIJOLO X PAPEL 57 Diferenças Entre Investir em Fundos e em Imóveis Continuar Aprendendo 8 INTRODUÇÃO “A melhor receita de felicidade que conheçoé uma boa renda.Jane Austen - Novelista Inglesa do Século XVI O motivo principal deste trabalho é inspirá-lo, apresentando formas de lucrar com imóveis, de maneira descomplicada. Vamos construir nesta obra o conhecimento em ordem lógica, iniciando pelo mercado imobiliário, passando por formas de investimento, estratégias e negócios, para concluir com as tendências, os desafios e oportunidades. Tudo bem fundamentado e com diversos casos práticos. A razão disso é que lucrar, construir renda e patrimônio, permite uma vida com melhor segurança, mais saúde, educação continuada com qualidade, viagens, lazer, uma aposentadoria digna e confortável. Enfim, você terá a liberdade para se concentrar em seus interesses, com qualidade de vida para você e seus sucessores. Você vai adquirir conhecimentos, analisando experiências positivas e negativas, a fim de acertar onde outros já acertaram e não errar onde outros já erraram. Aproveitará também os estudos de casos, aprendendo as estratégias com maior probabilidade de serem vencedoras para ter sucesso em seus investimentos imobiliários. Serão mostradas diversas formas para que você possa investir em imóveis: desde o curto até o longo prazo; da especulação ao investimento; de renda à valorização; do pequeno ao grande investidor; com controle individual ou com governança corporativa, usando capital próprio, dívida ou participação; incluindo os sofisticados fundos imobiliários. Para que você encontre alguma forma que se adapte à sua realidade e meios de ação. Quanto melhores forem seus investimentos, mais seu dinheiro trabalhará por você. A maioria dos ricos do mundo investe em imóveis pelos resultados consistentes, que aumentam na proporção do ganho de conhecimento e experiência. Descubra formas de começar ou aprimorar seu caminho para a independência financeira. O objetivo dessa obra é que você ao final possa “andar com as próprias pernas”. Cada um poderá identificar a melhor forma de como aproveitar seu conhecimento aprimorado, na busca criar patrimônio e melhorar sua renda e aposentadoria, partindo da sua situação atual e mirando uma melhora futura, ciente das principais tendências, sabendo dos desafios que sempre estarão presentes, mas também vislumbrando as oportunidades que se apresentam. Tudo será discorrido de forma simples e direta, com elucidativos casos concretos. O público alvo deste guia são: investidores, nacionais ou estrangeiros, incorporadores , construtores, gestores e corretores imobiliários, profissionais do mercado imobiliário e de capitais, advogados, analistas, auditores, banqueiros, bolsas de valores, corretoras e corretores de valores mobiliários, consultores, conselheiros, distribuidoras, estruturadores, gestores e investidores de fundos, herdeiros, estudantes, professores, universitários, assim como todos os interessados no mercado imobiliário. Nem o autor nem a editora assumem qualquer responsabilidade por erros ou omissões. Desejo uma boa leitura e que você, sua família e sucessores, todos possam construir patrimônio e renda, lucrando com imóveis, para conquistar gradualmente mais liberdade financeira, conforto e tranquilidade, a caminho da prosperidade, por gerações. PARTE 1: MERCADO IMOBILIÁRIO 10 MERCADO IMOBILIÁRIO - O MAIOR DE TODOS CAPÍTULO 1. “Como investidor, eu vejo imóveis como um setor onde nós estamos lidando com ativos reais, de tijolo e massa. Podem existir muitas pessoas que se satisfazem com ativos virtuais, mas de um jeito ou de outro, existe uma dose grande de conforto que vem de poder ver, tocar e entender. Sam Zell, um dos maiores investidores imobiliários globais, com grande sucesso. O mercado imobiliário é o maior de todos! Os imóveis geralmente são o maior patrimônio das pessoas físicas, jurídicas, privadas ou públicas. Conhecer seus ciclos e fundamentos são uma grande vantagem no mundo dos investimentos. O mundo dos imóveis é um mercado que está aberto a todos, por ser grande, próximo e democrático. Como o mercado imobiliário é local para poder ter sucesso, quanto melhor você conhecer a região, a dinâmica da oferta e demanda local, mais chances de dar certo existe. Então, independentemente de onde você mora, trabalha ou tira férias, esses locais são mercados em que, se você se concentrar, pode ter uma grande vantagem competitiva em relação aos melhores concorrentes e consultores de fora. É uma questão de conhecimento e foco para construir patrimônio e renda, tanto aí, ao lado da sua casa, quanto em outro lugar qualquer a que você queira se dedicar. Em geral, gostamos de investir no que entendemos, enxergamos, com que temos familiaridade. Todos nós nascemos, moramos, trabalhamos, compramos suprimentos, temos nossas refeições, estudamos em imóveis. É natural termos uma ideia logo na primeira vista sobre o estado do imóvel, uma ideia sobre se é bem localizado, como é a região em que está inserido. É comum para maioria de nós ter uma opinião muito próxima da real sobre aquele imóvel que está sendo visitado e sobre sua região. Essa natural avaliação que vem logo à mente, é o primeiro indicador sobre em que sentido o mercado está indo. Além dessa sensibilidade, o ativo é real, ele existe, está lá à vista de todos, vai ficar lá, podemos acompanhar quem o utiliza, a região em que ele está localizado e a concorrência; resumindo, dá para entender o mercado imobiliário. Não bastasse os imóveis já serem a maior parte do patrimônio das pessoas, a compra da casa própria geralmente é a maior aquisição feita na vida das pessoas, em geral com financiamentos de 10, 20, 30 anos. Para as empresas, também, comprar os imóveis para uso delas são uma das prioridades que mais consomem capital. Ou seja, grande parte do patrimônio das pessoas, empresas e Estado são seus imóveis. Por isso, temos certa facilidade em entender a necessidade do mercado imobiliário, pois nosso dinheiro já está alocado nele, e os imóveis são bem visíveis. Isso tudo é fato, mas outra coisa é ter sucesso ao investir nesse mercado. Para isso, quanto mais conhecimento do ciclo natural e econômico, quanto melhor for a leitura da oferta e demanda, quanto mais se entender a necessidade de capital, como conseguir, compreender as várias formas possíveis de investimento, melhores as chances de se criar patrimônio e se ter renda com imóveis. Há ainda a vantagem de, com essa renda extra, você poder viver melhor e ter uma boa aposentadoria, deixar aos sucessores ativos para eles também terem uma vida rica e digna. Isso tudo posto, vamos começar com uma visão ampla e histórica sobre a importância e desenvolvimento da relação humana com os imóveis, contextualizando seus ciclos próprios com os ciclos econômicos, para então entrarmos no mundo dos investimentos, suas estratégias de sucesso, erros mais comuns, formas de investimentos nos mais variados mercados, até o sofisticado fundo imobiliário. “As an investor, I look at real estate as an area where we’re dealing with hard assets and brick and mortar. There may be a lot of people who get a lot of joy out of virtual assets, but somehow or other, there’s a great deal of comfort that comes from being able to see and touch and understand.” Tradução do autor. Visão Ampla Define-se imóvel como um bem ou propriedade que não se pode transportar de um lugar para outro sem que se altere sua essência, podendo ser adquirido em forma de compra, troca ou aluguel. Já empreendimento imobiliário é negócio jurídico com substrato em imóveis, por exemplo: construção de imóveis, aquisição ou investimentos em projetos visando viabilizar o acesso à habitação, em sentido amplo, e serviços urbanos, inclusive em áreas rurais, para posterior locação ou arrendamento. Em contexto amplo, podemos considerar que, no infinito cosmo, o planeta Terra não passa de uma poeira imperceptível,o único lugar conhecido para abrigar a vida, em especial a humana. Todos os imóveis estão concentrados nessa pequena pedra. O ser humano é um animal gregário, que desde sempre vive em grupos buscando alimentos e segurança. A defesa territorial para garantir abrigo e comida vem desde a época das cavernas, no período da Pedra Lascada. Passa pelas lutas por territórios com melhor de caça e pesca, com os Nômades; depois, com os assentamentos, em razão da descoberta da agricultura e pecuária de subsistência, até as primeiras aglomerações de casas, formando o meio urbano. O senso de propriedade acompanha o ser humano, para sua proteção com abrigo e para a garantia de seu sustento. As melhores áreas, imóveis, com maiores chances de se conseguir comida e segurança geram disputas de uns contra outros, assim se desenrolando a história humana em nosso pequeno planeta, desde quando se tem registro histórico e muito provavelmente desde muito antes disso. Essa luta se reflete no mapa do mundo de hoje, que é político, ou seja, esculpido a sangue e guerras. Quando a política pacífica através da diplomacia não funciona, não se engane, a política da guerra entra em campo e muitas vidas ficam em perigo até que o mais forte prevaleça. Em vista disso, os imóveis são uma das maiores fontes de segurança para o ser humano, assim como geram rentabilidade, pelo aluguel, e patrimônio, ao serem incorporados, construídos e vendidos, ou simplesmente se comprados por preços mais baixos e vendidos com lucro. Pelos motivos acima relatados, sempre será uma boa estratégia diversificar seus investimentos em diferentes ativos, entre eles uma base em imóveis. Se possível, e hoje é, em diferentes países, para diminuir o risco de ficar preso a um lugar e/ou ciclo de baixa valorização e/ou liquidez. Um dos maiores banqueiros do mundo, Hochfileld, recomenda diversificar cambialmente em outras moedas no mínimo 30% do patrimônio. As pessoas têm como patrimônio fundamental sua casa, e historicamente é o local da segurança; ter um endereço é significado de dignidade humana: esse é um dos maiores valores do imóvel na sociedade. Com essa importância, é natural que o imóvel, de forma geral, tenha fama de ser um bom negócio, pois todos precisam dele e lhe dão um valor fundamental em razão ele propiciar o bem-estar próprio e o de suas famílias. Saber comprar, vender e locar já basta para se ter sucesso. Tradicionalmente, é a âncora do portfólio dos grandes investidores, pois além da segurança também gera renda, tanto de aluguel quanto por valorização. Alavanca de Desenvolvimento O fortalecimento da construção civil é um fator importante para combater a recessão e o desemprego, mobilizando a mão de obra com amplas repercussões econômicas e sociais, que multiplicam os seus efeitos. repercussões econômicas e sociais, que multiplicam os seus efeitos. O investimento imobiliário é da maior importância para o crescimento da renda e do emprego em todos os países, uma vez que promove a indústria da construção civil, se desenvolvem os setores correlatos em vários segmentos (moradias, shopping centers, hotéis hospitais, galpões industriais e de armazenagem, edificações para escritórios e afins). Além disso, com os empreendimentos prontos, a atividade dos setores de comércio e serviços continua gerando empregos. O direito à propriedade é característica do sistema capitalista. Isso está previsto em nossa Constituição Federal como Direito Fundamental, no art. 5o. e no inciso XXII. Já no art. 6o., é garantido o direito à moradia, que é reforçado no art. 7o., inciso IV, onde se assegura que no valor do salário mínimo deve ser prevista, dentre outros itens, uma parte para moradia. A maioria dos brasileiros atribui grande importância ao investimento imobiliário, em vista da identificação dos indivíduos com o objetivo da aquisição da casa própria para sua segurança e também por se mostrar uma alternativa de investimento. Inclusive, a renda do aluguel do imóvel é um instrumento relevante de complemento de renda na aposentadoria. Esse comportamento não é constatado somente no Brasil. A busca pelo lastro imobiliário na composição do portfólio de investimentos é comportamento recorrente em cidadãos de muitos países, em especial, dos de origem latina. WALD, Arnoldo. Os Fundos Imobiliários. Revista dos Tribunais, São Paulo, v. 83, n. 706, p. 250 – 255, jan./jun. 1994. 11 Segurança do Mercado Imobiliário O ser humano busca proteção. Começa por ter um teto em cima da cabeça, uma casa, para se proteger das intempéries climáticas, de animais e da criminalidade. A propriedade imobiliária está ligada intrinsicamente ao sentimento de segurança. Ou seja, ter a posse e ou propriedade imobiliária é sinal de poder e segurança, desde que o ser humano habita a Terra. Outra importante forma de sentir segurança é ter dinheiro disponível para emergências, para pagar as contas e principalmente para viver com dignidade no futuro, na aposentadoria. A forma de programar essa segurança é postergar o consumo presente a fim de sobrar algum dinheiro para o futuro. Isso traz a tranquilidade em face de acontecimentos imprevisíveis, ou seja, fazer uma poupança é a maneira eficaz de garantir alguma segurança futura. Em economias desenvolvidas, as pessoas aplicam boa parte de suas poupanças em fundos de investimento e principalmente em fundos de pensão, os grandes detentores do capital e liquidez mundial. A história abaixo ilustra uma forma clássica de se construir renda com imóveis, que só foi possível depois de o personagem em questão ter um grande capital para iniciar o primeiro investimento e muito trabalho para administrar a locação, a cobrança de aluguel, a manutenção dos imóveis, entre outros afazeres. O economista Mauro HALFELD, em seu livro Seu Imóvel, Como Comprar Bem, mostra a importância do mercado imobiliário e sua relação com investidor tradicional: “Todo rico que conheço investe em imóveis”. O trabalho de HALFELD vem ao encontro do afirmado acima, demonstrando a importância do mercado imobiliário como o maior mercado da economia, grande gerador de emprego e renda, e mostra que esse mercado é tradicional dos grandes investidores, chamados por ele de “ricos”. Caso: Pompeu Reis Há famílias que têm uma história secular construída com foco em renda imobiliária. Famílias como a do meu próprio bisavô, o saudoso Sr. Pompeu Reis, como bom português, construiu lojas no centro da cidade para trabalhar (abriu a primeira papelaria de Curitiba), morar (na sobreloja) e alugar para renda (as outras duas lojas vizinhas). Isso foi em 1910, ele já tinha 40 anos, trabalhou muito desde cedo, economizando o que pôde para ter como investir e construir esses imóveis. Viveu com dignidade até os 93 anos, sendo que nos últimos anos voltou para Portugal. Após muito trabalho e o investimento correto em imóveis para locação, seus investimentos lhe proporcionaram uma vida e aposentadoria confortáveis. É importante ressaltar que o patrimônio construído por essas famílias continua dando renda aos seus descendentes até hoje e continuará por muito tempo, desde que seja bem administrado. Já há mais de 100 anos, essas famílias têm boa parte de sua renda vinda de imóveis alugados, e essa renda permanece firme e sólida, passando de geração para geração. A construção desse patrimônio foi feita tijolo por tijolo, através de trabalho, economia e investimento em imóveis, que sobreviveram passando por duas guerras mundiais, várias crises econômicas, inflação, hiperinflação, crises políticas, ditaduras, várias crises cíclicas de mercado, nacionais e internacionais. Os imóveis continuam lá, em pé, rendendo e, se forem bem geridos, com gastos menores que as receitas, viabilizarão a continuidade de investimentos e um crescimento patrimonial constante. BRANCO, Carlos Eduardo Castello; MONTEIRO, Eliane de Mello Alves. Op. cit. p. 266. HALFELD, Mauro. Seu Imóvel Como Comprar Bem? São Paulo: FundamentoEducacional, 2002. Grifos do auto. Hoje, mais de um século depois, temos muitas outras formas mais modernas e fáceis de construir esse patrimônio imobiliário para renda ou incorporação (as quais você verá nesse livro), inclusive através do Fundo de Investimento Imobiliário – FII, que permite investimentos pequenos em imóveis prontos ou em construção, de alta qualidade, com excelentes inquilinos, com gestão profissional e vantagens tributárias. Os imóveis, de forma geral, assim como todos os ativos estão sujeitos às flutuações econômicas, que são cíclicas. Basta ver a quantidade de crises econômicas e políticas que vivemos no Brasil e no mundo nos últimos 100 anos: com duas guerras mundiais, guerra da Coréia, do Vietnam, Iran e Iraque, a grande depressão que começou em 1929, duas crises do petróleo, crise das empresas de internet em 1997, crise imobiliária nos EUA em 1990 e 2008, a inflação no Brasil, a hiperinflação, duas ditaduras, democracia, entre tantas outras instabilidades. A única certeza é que não há como ter certeza do que nos aguarda no futuro, e estamos sujeitos às variações imprevisíveis na economia e às oscilações um pouco mais previsíveis do próprio mercado imobiliário, por seus ciclos característicos. Ciclo do Mercado Imobiliário O mercado imobiliário tem um ciclo próprio, que se repete em várias partes do mundo, década após década, de forma previsível; por isso conhecê-lo e interpretá-lo é tão importante para se poder, sabendo-se das tendências, investir com melhores probabilidades de ser bem sucedido. Grande parte da responsabilidade da repetição desse ciclo é a falta de elasticidade da oferta. Há um intervalo de alguns anos entre o momento em que se identifica o aumento da demanda e a entrega de novos empreendimentos imobiliários. A resposta da oferta é demorada. Pela inelasticidade da oferta, os preços vão subindo rapidamente quando a demanda reage à escassez, pois, da identificação da subida de preços até que cheguem novos empreendimentos, levam-se anos. E, desde a confirmação da subida de preço até a entrega de novos estoques, demora-se de 2 a cinco anos. Em geral, essa nova oferta vai chegando ao mesmo tempo até criar uma superoferta e uma inversão das tendências. O conhecimento do ciclo é importante, mas, para se aproveitar essa vantagem, tem-se que estar preparado com capital de giro para se aguentar a recessão, sem precisar vender a preços baixos, queimando a margem de lucro, ou sem entrar em uma crise de liquidez, o que seria pior, precisando-se vender a qualquer custo para se pagarem as contas, que é o motivo que leva mais de 90% das empresas a quebrar. É uma lição duramente aprendida, que pode custar o patrimônio de famílias e a saúde dos empreendedores. Infelizmente, foi quase a regra geral no Brasil nas últimas décadas, salvo algumas exceções. São os pequenos incorporadores que conseguem sucesso no longo prazo, pois são bem mais moderados, fazendo um ou dois empreendimentos de cada vez, sintonizados de forma fina com o mercado, conhecendo bem os lugares e produtos onde focam seus esforços. Melhor do que ter capital de giro sobrando é ter reservas para se fazer investimentos, aproveitando-se a ocasião para comprar terrenos e imóveis na baixa: é aí que se ganha muito dinheiro. Gráfico - Ciclo Imobiliário Características do Ciclo Imobiliário Fase I – Recuperação. Pró-proprietário ou Vendedor – Alívio: A Recuperação começa na parte de baixo do Ciclo, quando o mercado está em estado de superoferta em razão das prévias construções novas ou da estagnação da demanda. Nesse ponto baixo, a taxa de vacância está no seu máximo. O excesso de espaço começa a ser absorvido, as taxas de vacância caem e valores de aluguéis começam lentamente a subir. Eventualmente, o mercado alcança sua vacância média histórica quando o aumento do aluguel é igual à inflação; a demanda se equilibra com a oferta e isso leva à Fase II. Fase II – Expansão. Pró-proprietário ou Vendedor – Animação: A Expansão começa quando a demanda continua crescendo acima do equilíbrio, criando a necessidade por mais espaço. As taxas de vacâncias caem, aluguéis começam a subir rapidamente, melhorando a relação entre custo e benefício, favorecendo novas construções. Nesse estágio, a demanda está crescendo mais que a oferta, e há uma falta na oferta de novos espaços. Como o mercado não consegue responder rapidamente ao aumento da demanda, pois, para se construir um imóvel leva geralmente alguns anos, os preços de locação e venda começam a subir rapidamente. Esse movimento é relativamente rápido, demorando entre 2 a 5 anos, criando um estoque enorme em construção, o que leva à Fase III. Fase III – Superoferta. Pró-inquilino ou Comprador – Medo: A superoferta começa com o crescimento da oferta bem mais rápido que o Macroeconomia - N. Gregory Mankiw.. 12 crescimento da demanda. Mais espaço é entregue do que a demanda pode absorver. O aumento do aluguel diminui e, eventualmente, diminuem as novas construções, uma vez que é mais barato comprar imóveis prontos do que correr o risco de incorporar ou construir. Esse movimento também é rápido, levando de 1 a 3 anos. Quando o mercado ultrapassa a média de vacância de longo prazo, ele vai para a fase IV. Fase IV – Recessão. Pró-Inquilino ou Comprador – Pânico e Aceitação: A recessão começa com um grande aumento da oferta e baixo ou nulo crescimento da demanda. A extensão da parte baixa do ciclo é determinado pela diferença entre o crescimento da oferta e o crescimento da demanda. O ciclo, eventualmente, alcança seu mínimo quando as novas construções diminuem ou até param, pois é mais barato comprar um prédio pronto do que construí-lo. Essa é a fase mais demorada, pode demorar de 3 a 10 anos, até que a demanda começa a aumentar mais rápido que a nova oferta adicionada ao mercado. A previsão dos prazos depende da economia, juros, do crédito imobiliário, do desemprego e da oferta e demanda, para então voltar à Fase I. Os preços dos imóveis acompanham esse ciclo, os valores começam a subir timidamente na fase I, de Recuperação, sobem rapidamente na fase II, de Expansão, ficam variáveis na fase III, de Superoferta, dependendo da localização e oferta na vizinhança, até que entram em estagnação ou queda na fase IV, de Recessão. Estratégias de Defesa: Conhecimento De forma geral, quanto melhor a localização e o padrão do empreendimento, mais rápida sua recuperação. Por isso é tão importante a localização. Quanto maior o crédito disponível no mercado, maior será o impacto da superoferta no ciclo e, depois, na sua recuperação. Cidades maiores e com economias mais diversificadas tendem a se recuperar mais rápido. A parte de expansão é muito mais rápida que a recuperação, que pode levar mais anos ou até décadas para voltar à expansão. Com a globalização e a liquidez no mundo, os ciclos tendem a ter um período menor. Outra forma de antecipar o movimento do mercado é ver a ocupação ou a taxa de vacância por tipo de imóvel. Quando o mercado começa a melhorar, geralmente o primeiro sinal é a melhora na ocupação hoteleira por conta da liquidez e investimentos, depois, galpões e comércio, pelo aumento da atividade econômica, produção industrial e geração de novos negócios; na sequência, shoppings, pelo maior poder de consumo e, então, o mercado residencial, em vista da disponibilidade de financiamentos e juros atrativos. Isso são estimativas de comportamento identificadas no passado e que devem se repetir. Estando ciente dos ciclos característicos do mercado imobiliário, você estará na frente da grande maioria dos outros investidores. É uma grande vantagem competitiva. Na sequência, para melhorar ainda mais a percepção do ambiente, vamos ver como o mercado imobiliário está inserido na economia. Temos que estar sempre com o mercado imobiliário em foco, a fim de podermos identificar as tendências, ficarmos alertas com os constantes desafios e expertos para as sempre presentesoportunidades. Quem se adaptar melhor ao ambiente sai na frente e chega antes. 13 FUNDAMENTOS ECONÔMICOS CAPÍTULO 2. “O mundo moderno dá aos ciclos econômicos um tratamento semelhante ao que os egípcios antigos davam às cheias do Nilo. O fenômeno se repete a intervalos, é muito importante para todos e as causas não estão à vista. John Bates Clark, 1898 , Economista Neoclássico e professor da Columbia University em NY-USA. Economia Economia é a gestão de recursos escassos. A maré econômica vai mudar. Essa é a única certeza. De modo geral, o Brasil vem desenvolvendo desde 1994 fundamentos econômicos mais sólidos, o que incentiva novos investimentos, mas isso pode mudar para melhor ou para pior, ninguém pode prever com exatidão. O que pode ser feito pelo investidor é entender as variáveis às quais está exposto, para definir, baseado em evidências passadas e projeções futuras, uma estratégia de defesa dos problemas mais prováveis e para aproveitar as oportunidades na busca de um melhor rendimento, se possível, de forma sustentável no futuro. O nascimento de um empreendimento é longo. Entre identificar uma oportunidade, comprar terreno, fazer projetos, aprová-los, viabilizar recursos, construir, vender o imóvel e receber o retorno do investimento leva em geral um mínimo de três anos, podendo facilmente durar cinco, sete anos ou mais. Ou seja, a grande maioria dos investimentos do mercado imobiliário são de longo prazo. Tendo isso como base, o cenário político e econômico é importantíssimo para haver uma previsão dos riscos futuros e, por conta disso, avaliar se o retorno esperado por esses investimentos são suficientes para corrê-los. Teoria dos Ciclos Econômicos Reais A Teoria dos Ciclos Econômicos Reais sugere que as flutuações econômicas têm algo de semelhante com as flutuações na meteorologia. Os choques daquelas, como a mudança das condições de tempo, alteram a taxa natural de emprego e produto. Tais choques não são necessariamente desejáveis, mas são inevitáveis. Uma vez ocorridos, provocam uma reação que resulta em flutuações do PIB, do emprego e de outras variáveis macroeconômicas. O investimento é o componente mais volátil do PIB. Quando os gastos com bens e serviços declinam durante uma recessão, boa parte dessa redução de gastos costuma concentrar-se nas despesas de investimento. Não entendemos as flutuações econômicas tão bem como gostaríamos. O ciclo econômico é a resposta natural e eficiente para as mudanças das possibilidades tecnológicas. Não há consenso no estudo da economia. Por isso é tão difícil fazer previsões e, de forma geral, os economistas as fazem; entretanto são mais eficientes em explicar as mudanças depois de ocorridas do que em prevê-las. Ambiente Político e Econômico Dinheiro é tido como um covarde, que ao menor sinal de fumaça sai correndo. A primeira coisa que os investidores querem saber é o ambiente político. É uma democracia? Ditadura? Comunismo? Capitalismo? Socialismo em que grau de custo para a causa social? Fundamentalistas religiosos estão no poder? Castas sociais? Estável? Viável? Em guerra? Com guerrilhas? Em eminência de guerra ou revolução? Uma descontinuidade abrupta no ambiente político altera todo o cenário e cria imprevisibilidade. Vejam-se os exemplos de Brasil, Estados Unidos, Venezuela, Argentina, Bolívia, Colômbia, Cuba, Grécia, Espanha, Itália, Síria, Coréia do Norte, Líbia, Síria, Israel, Irã, Iraque, Índia, Rússia e até a China, entre tantos outros. Se não der para prever o que vai ocorrer com a política do país, não há como saber se o valor a ser investido vai dar retorno e, se der, quando vai dar para colher os frutos do capital e energia investidos. Em outras palavras, sem previsibilidade, não há investimentos produtivos de longo prazo, à exceção de especuladores correndo grandes riscos, o que não é sustentável, mas dão liquidez ao mercado. A segunda variável importante é o ambiente econômico. O país está inserido em uma economia de mercado? Como estão seus indicadores? São estáveis ou com grande volatilidade? Se eu colocar meu dinheiro, vou ter como retirá-lo depois? No setor econômico, o Brasil também melhorou muito, conseguiu equilibrar suas contas, elaborou leis que limitam gastos do governo, equacionou seu financiamento com linhas de longo prazo e juros menores, acabou com a dívida externa, colocou a inflação sob controle, diminuiu o desemprego, buscou o crescimento, entre outras medidas que foram muito bem recebidas pelos investidores que elegeram o país como um “porto seguro”, em meio às crises da Europa e dos EUA. Por conta disso, o sucesso dos IPO das incorporadoras, entre 2006 e 2008, que teve 70% de sua capitalização através de investidores internacionais, assim como os investimentos diretos de estrangeiros em atividades produtivas, são recordes. Isso tudo aconteceu até a vinda das novas crises políticas e econômicas do Mensalão (corrupção no Congresso), do Petrolão (corrupção na Petrobras) e todas as correlatas, que pararam o país de 2013 em diante. O desafio agora é melhorar esse ambiente, incentivando para que o setor privado invista, criando empregos e desenvolvimento, afinal é ele que sustenta a economia e o setor público, como veremos a seguir. Estabilidade - Setor Público e Privado A estabilidade é a norma para atrair investidores, pois eles precisam acreditar que a porta de saída está aberta, ter a previsibilidade de que, durante o prazo em que seu dinheiro estiver aplicado, poderá retirá-lo quando quiser ou estiver programado. Por isso é importante a Macroeconomia, o ambiente no qual os investimentos estão inseridos. A função do Estado, chamado de Setor Público, é criar e fomentar um ambiente econômico estável, amigável e previsível. Nesse ambiente, as empresas, setor privado, entram investindo, criando empregos, pagando tributos, gerando renda e crescimento econômico. Em última análise, o público e o privado são interdependentes. Para o setor público atender suas demandas sociais, precisa dar condições para que o setor privado se sinta seguro. E, para haver crescimento da economia, esse setor precisa ter segurança para investir, o que criará empregos, aumentando a renda e o bem-estar social. Mas isso ocorre na proporção em que as empresas sentem o ambiente econômico positivo, previsível e estável; e é função a ser prestada pelo Estado zelar por esse ambiente, por isso a interdependência. Vamos aos principais indicadores macroeconômicos, para esclarecer essa questão. AMBIENTE DE NEGÓCIOS O ambiente econômico é de suma importância para desenvolver as atividades produtivas, dentre as quais, o mercado imobiliário. Um ambiente saudável começa com uma economia aberta, com base firme para o crescimento, com investimentos produtivos viáveis, tendo uma taxa de juros baixa para tornar produtos e serviços competitivos. Tudo isso alinhado, criará as condições para o crescimento econômico sustentável, e aí as condições para uma sociedade mais justa e igualitária estarão atendidas, abrindo a possibilidade de que o país do futuro, tão aguardado por múltiplas gerações de brasileiros, se torne uma realidade. A seguir, serão expostas algumas das principais condições necessárias para o desenvolvimento econômico sustentável por longo prazo. Economia Aberta “Nenhuma nação jamais foi arruinadapelo comércioBenjamin Franklin - Um dos pais da fundação dos EUA, Séc. XVIII. Abrir a economia permite importar produtos e equipamentos para melhor atender seu mercado e permitir que a produção possa competir no mercado internacional. O Brasil já fez no passado tentativas de fechar o mercado para proteger a indústria nacional, o que atrasou de forma flagrante o país, haja vista a lei da informática, que proibia a importação de computadores, e que nos deixou na idade da pedra da informática, até que a lei fosse revogada. Exemplos como esse são inúmeros. Macroeconomia - N. Gregory Mankiw Idem 14 O comércio internacional permiteque cada país se especialize naquilo que produz melhor e proporciona a todos uma maior variedade de bens e serviços pelos melhores preços possíveis. É a secular lição da Teoria das Vantagens Competitivas do economista inglês David Ricardo. O Brasil tem vocação natural, devido ao seu tamanho e condições meteorológicas, para agronegócio, mineração, energia, que, se bem trabalhados, podem criar, além dos produtos in natura, novas marcas com valor agregado muito maior. Além disso, se o ambiente for propício, poderá fazer isso praticando juros baixos e leis que nos tornem competitivos, com avanços nas áreas: política, econômica, tributária, trabalhista, ambiental, de investimentos novos com Parcerias entre o setor Público e o Privado - PPP, entre outras. O setor industrial e de serviços podem se desenvolver para novos patamares. Depende do próprio Brasil construir o futuro, que lhe escapa ano após ano, para ser o país que tanto sonha. A lei que instituiu o Fundo Imobiliário, por exemplo, é uma cópia da lei americana, tropicalizada para dar mais segurança, que funcionou lá e foi replicada por diversos países. Graças a essa forma de investimento “padronizada”, investidores globais estão dispostos a diversificar suas aplicações mundo afora. Crescimento Econômico O crescimento econômico depende de investimentos. O mercado tem em última análise a taxa de juros como referência do custo do dinheiro para fazer seus investimentos. A taxa real de juros ajusta-se para equilibrar a oferta (poupança) e a demanda (investimento) de fundos emprestáveis. Uma redução na poupança nacional eleva as taxas de juros. Quando a poupança é baixa, a economia tem um estoque de capital reduzido e uma pequena produção. Quando os governos não são estáveis e gastam mais do que arrecadam, infelizmente a regra, os juros sobem. A solução para baixar os juros é acabar com déficit público. A esperança é que, com mais educação, democracia, informação livre e globalização, as sociedades se organizem para colocar suas prioridades na pauta e destravar o setor público do países, para que o setor privado possa trabalhar de forma mais eficiente e, com isso, possam atingir o desejado desenvolvimento econômico. Burocracia e Formalidades Ponto comum de todas essas formas de investimento é a falta de liquidez, pois não é normal vender um imóvel no mesmo dia, ou em curto prazo. O normal é ter que esperar meses, senão anos, para tornar esse investimento em dinheiro. Existem formalidades de contrato, escritura, registro, transações financeiras, corretagem de intermediários de compra e venda, de administração, entre outras. Os imóveis dependem de manutenção preventiva e corretiva, como pinturas, rede elétrica, hidráulica, impermeabilizações, telhado e muito mais. Todos os itens acima geram custos, trabalho e levam tempo. Como já foi comentado, apesar de potencial bom negócio, viver de renda de aluguel, investimentos para valorização, especulação imobiliária ou incorporação depende de conhecimento, esforço, paciência, pois isso tem pouca liquidez e diversificação. Governança Corporativa A gestão das empresas é tema de estudo e evolução constantes, através das boas práticas em Governança Corporativa. Em poucas palavras, a separação entre as decisões estratégicas que deveriam ser feitas por um Conselho, independente da operação que deveria ser feitas pelos executivos, presidentes e seus diretores. O Conselho deveria ser composto pelos sócios e o seus representantes, acrescido por Conselheiros Independentes, que deveriam trazer uma visão externa e em perspectiva da empresa, em relação ao seu mercado dentro e fora do país. Geralmente Conselhos devem ter de três a sete integrantes, dependendo do tamanho da empresa. No Brasil a grande maioria das empresas ainda é familiar, as S.A. fechadas ou abertas tem o Conselho com integrantes da parte operacional, o que não é recomendável e as empresas públicas tem conselheiros com indicação política e não técnica, que seria o desejável. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC vem trabalhando para desenvolver um ambiente mais profissional nas empresas. Sustentabilidade O tema Sustentabilidade envolve a o uso dos recursos naturais para satisfação da geração presente, sem comprometer a satisfação das necessidades das futuras gerações. Esse princípio foi ampliado envolvendo questões interdependentes: sociais, energéticas, econômicas e ambientais. Ou seja, preservação e melhoraria da sociedade como um todo, e claro do ambiente de negócios. • Questão social: é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza; • Questão energética: sem energia a economia não se desenvolve.; • Questão ambiental: o meio ambiente degradado, abrevia o seu tempo de vida; a economia não se desenvolve; o futuro fica insustentável. No mercado imobiliário já há certificações disponíveis, atestando em variados graus o respeito das edificações à sustentabilidade. É um sistema que envolve desde os projetos, materiais de obra recicláveis, mão de obra de possível que more próxima, gestão de resíduos sólidos lixo” e líquidos, uso de luz natural, energias limpas e renováveis como eólica e solar, equipamentos e lâmpadas de baixo consumo energético, isolamento térmico, entre outros conceitos. Na prática, construir um prédio atendendo os conceitos de sustentabilidade podem custar mais caro do que um convencional, mas esse eventual custo a mais se dilui na economia ao longo da vida útil do imóvel. Em valores aproximados o custo do prédio físico é 20% a 30% do custo total do investimento considerando gastos de condomínio da vida útil, digamos de 40 anos. Sendo assim, o investimento em construir ou adequar um prédio ao uso de energia limpa renovável, equipamentos mais eficientes, e outros pode chegar a 5% ou 10% do valor total do prédio, dependendo do nível pretendido. Mas esse investimento se paga várias vezes ao longo do tempo de uso do mesmo, por isso empresas de vanguarda e até conglomerados globais, que fizeram as contas, já estão fazendo esse investimentos, sejam em empreendimentos novos ou mesmo adequando os já construídos. Com isso, buscam do retorno financeiro no longo prazo, atendendo ao novo ambiente de negócios e às crescentes expectativas da sociedade. Para que um empreendimento humano seja considerado sustentável, é preciso que ele seja: • Ecologicamente correto; • Economicamente viável; • Socialmente justo; • Culturalmente diverso. Com a perspectiva de como os investimentos integram as engrenagens econômicas, vamos ver a importância da Macroeconomia, a maré onde todos os investimentos estão imersos. A MARÉ ECONÔMICA - MACROECONOMIA Macroeconomia é o ambiente onde todos os investimentos estão expostos, com as variáveis que medem as atividades econômicas, na busca de entender o que acontece, para tentar fazer previsões futuras. Por analogia, é como se fosse a maré, que pode estar enchendo e ajuda todos, ou pode estar vazando e aí só se salva quem estiver preparado. De forma geral, são usados cinco referências para traduzir o ambiente macroeconômico: o PIB, a Inflação, Taxas de Desemprego, Juros e Câmbio. PIB - Produto Interno Bruto A maioria dos economistas considera o PIB como a melhor medida de desempenho de uma economia, pois procura resumir em um único número o valor em Reais (R$) da atividade econômica. Em termos mais precisos, o PIB é igual: • à renda total de todas as pessoas na economia, ou • à despesa total da economia: produção de bens e serviços Desse ponto de vista, tanto da renda como da despesa, fica claro por que o PIB é uma medida de desempenho econômico. O PIB mede algo que as pessoas desejam: suas rendas. Uma economia que disponha de uma grande produção de bens e serviços pode satisfazer melhor às demandas de indivíduos, empresas e governos. Há uma correlação negativa entre variação do PIB e taxa de desemprego: quando uma sobe, em geral, a outra desce. O crescimentodo PIB depende do consumo das famílias e do investimento das empresas: quando o PIB cresce, diminui o desemprego, e quando o PIB diminui, o desemprego aumenta. A indústria imobiliária, no total, representa aproximadamente 20% do PIB, incluindo indústria da construção e serviços correlatos: construção, incorporação, comercialização, aluguéis, financiamentos, materiais, entre outros. A participação da Indústria da Construção Civil no PIB é de aproximadamente 5% a 6%, a participação dos Serviços de Atividades Imobiliárias e Aluguéis é de aproximadamente 8% a 12%, ou seja, a atividade imobiliária chega a quase 20% do PIB. 15 A cadeia produtiva na indústria imobiliária se divide em aproximadamente 64% em construção, 17% em indústria de materiais, 8% em comércio de materiais, 7% em serviços, 2% em máquinas e equipamentos, 2% em outros fornecedores. O setor imobiliário se organizou, entendeu seu valor e aprendeu a negociar com o governo em busca de ter suas prioridades atendidas. Por isso tivemos evolução em uma série de marcos legais importantes, como a tributação, garantias, entre outros, que destravaram em parte o setor, o que veremos mais à frente. Tudo isso ajudou a impulsionar o setor e a economia como um todo. Ainda há muito a ser feito: aprovações de projetos mais simples e rápidas, menos burocracia, definição sobre competência ambiental, reforma trabalhista, entre tantos outros. O trabalho para afinar o mercado imobiliário continuará sempre. Inflação “Diz-se que Lênin afirmou que a melhor maneira de destruir o Sistema Capitalista era desmoralizar a moeda... Certamente Lênin estava com a razão. Não há maneira mais sutil ou segura de subverter a base da sociedade do que desmoralizar a moeda. O processo agrega todas as forças ocultas da lei econômica do lado da destruição, e o faz de forma que nem uma só pessoa em um milhão é capaz de diagnosticar. John Maynard Keynes - Economista influente do século XX. A inflação crônica já foi o maior problema econômico no Brasil. Reiterados déficits no setor público tinham que ser sanados com emissão de moeda pelo Governo para fechar suas contas. Isso se repetiu por décadas, até se perder totalmente o controle e se atingir a hiperinflação de 2.477%, no ano de 1993. Toda a economia ficou refém da inflação. Paradoxalmente, era mais negócio colocar dinheiro no mercado financeiro do que na operação das empresas, que não tinham como prever o dia seguinte. Hiperinflação O surgimento da hiperinflação, na maior parte dos casos, inclusive a ocorrida no Brasil há duas décadas, começa quando o governo precisa emitir moeda para cobrir seus gastos. Ainda que o setor público possa financiar seu déficit orçamentário via emissão de títulos públicos, como ocorre hoje, isso talvez possa ficar inviável porque os credores veem nesse endividamento um risco para crédito crescente. Nesse caso de descrédito, só resta ao governo a opção de emitir moeda para cobrir o déficit, acelerando a expansão monetária e, no limite, causando a hiperinflação. O fim da hiperinflação quase sempre coincide com a reforma fiscal. A percepção da gravidade do problema cresce até que, finalmente, o governo obtenha o apoio político necessário para reduzir os gastos públicos e elevar os impostos para fechar suas contas. Nos últimos anos, o país segue uma meta inflacionária de 4,5% ao ano, com variação de mais ou menos 2% em relação ao centro da meta. O Banco Central tem a incumbência de ser responsável por manter a inflação dentro dessa banda. A inflação na Construção Civil é medida principalmente por dois índice: INCC - Índice Nacional da Construção Civil, medido pela FIPE, e o CUB - Custo Unitário da Construção Civil, medido pelo Sinduscon - Sindicato da Construção Civil. No longo prazo, esses índices são parecidos com os outros índices de inflação, como o IPCA. Em geral, quem paga a custo da inflação é o setor privado, em especial os menos favorecidos, que não têm meios de proteção ou indexação. Os investidores gostam de imóveis também por serem historicamente uma proteção contra a corrosão da inflação sobre suas poupanças. A secular história inflacionária e a recente hiperinflação do país está na memória dos investidores, que preferem ter suas poupanças protegidas. Desemprego O desemprego constitui um desperdício de recursos. Segundo o economista alemão Karl Max, pai do falido Comunismo, o desemprego pode ser traduzido como um “exército de reserva”. Quanto maior o desemprego, menor o salário pago e vice-versa. O custo da mão de obra está diretamente ligado à taxa de desemprego. Se há crescimento da economia e diminuição do desemprego, há um aumento real na renda das famílias e desenvolvimento da economia. Se houver uma boa distribuição da renda, a sociedade toda melhora suas condições. É importante que nossa força de trabalho desenvolva sua produtividade. Para isso é fundamental investir em educação, em especial em escolas técnicas que desenvolvam a produtividade. E, na ponta do sistema de ensino, que haja pesquisa e desenvolvimento de tecnologias, para atrair mais investimentos e, por consequência, empregar mais gente. O mercado imobiliário é um importante propulsor da economia, sendo um grande empregador, sobretudo de mão de obra com baixa qualificação, a entrada no mercado de emprego, havendo com isso vários incentivos para se desenvolver. O Fundo Imobiliário foi criado para incentivar essa indústria e por isso não paga impostos. Na busca de promover a economia e o emprego, o governo abre mão de tributos em troca de empregos, lógica usada por diversos países já há muitas décadas, e que chegou aqui em 1993, quando a lei dos FII foi promulgada. É tido como um bom índice de desemprego o percentual em torno de 2% a 5%, quando a grande maioria da mão de obra ativa está empregada, mas havendo ainda um espaço de negociação de salários de forma racional. Taxas acima de 10% são preocupantes, além de 20% é uma grande crise. Taxa de Juros A taxa de juros é tida como a melhor referência sobre o mercado, o verdadeiro termômetro que indica se o mercado está quente, com juros baixos, ou frio, com juros altos. O investimento depende da taxa real de juros, a qual consiste no custo dos recursos emprestados. Os imóveis são os ativos de grande valor tanto para as empresas como para as famílias. A compra dos imóveis, na maioria das vezes, é o maior negócio feito durante toda a vida. Por isso há necessidade de se financiar pelo menos parte do investimento; aí entra o custo desse dinheiro a ser emprestado, que depende da taxa de juros. O custo para comprar imóveis tem relação com a taxa de juros. Com juros altos, torna-se difícil comprá-los; com juros baixos, ficam mais atrativos. O Brasil, com seus sucessivos rombos no orçamento, esteve sempre pedindo dinheiro emprestado, tendo que pagar juros elevadíssimos. Com os juros altos, não vale a pena correr riscos em projetos produtivos. Como a maioria dos projetos produtivos só consegue pagar taxas de 3% a 10% a.a., com os juros altos não são viáveis economicamente. A análise de investimentos é sempre uma relação entre o risco e o retorno. Com juros baixos, o mercado imobiliário funciona, com juros altos, para. A referência é 12% ao ano. Se os juros para financiar o mercado imobiliário estiverem acima de 12%, o mercado tende a frear; quanto mais baixo do que isso, mais atividade. Taxa de Câmbio Uma das bases do Plano Real, que domou a inflação no Brasil e permitiu a queda dos juros, foi ter a taxa de câmbio flutuante, ou seja, o valor da moeda brasileira ficou sujeito à variação de demanda e oferta de dólares. Esse mecanismo diminuiu a vulnerabilidade do país, evitando descontrole em suas contas em função de crises externas, ou ficasse sujeito a especuladores apostando contra sua moeda, causas de insucesso no combate à inflação de planos econômicos anteriores. O risco cambial ficou para o setor privado, investidores internacionais, importadorese exportadores. Há marés boas para importar e outras para exportar ou investir no Brasil. Essa variação pode ser boa para conter a inflação, mas é ruim para planejar os negócios e levou empresários e investidores a perder dinheiro, em especial com importação e exportação. O melhor seria termos uma estabilidade cambial, para dar melhor previsibilidade aos investimentos, o que aqueceria o mercado, diminuindo o desemprego. Esperamos que o país amadureça, mantenha uma boa reserva cambial a fim de evitar crises cambiais, que controle seu orçamento, que consiga dar garantias para destravar as parcerias público e privadas, que trarão os investimentos, melhorarão a infraestrutura e fomentarão o consumo. Ciente da maré macroeconômica e suas incertezas, a melhor opção do investidor é distribuir suas econômicas de forma inteligente, buscando proteção nos cenários negativos e retorno, em cenários positivos. Uma das formas de proteção para as esperadas variações de maré é colocar uma parte das economias em imóveis, pela sua segurança e rentabilidade no longo prazo. E, para ter melhores chances de sucesso nesse tipo de investimento, quanto melhor a noção da chamada Microeconomia (da oferta e da demanda – em nosso caso, a consulta à imobiliária), melhores os retornos, o que veremos na sequência. Macroeconomia - N. Gregory Mankiw 16 FUNDAMENTOS DO MERCADO IMOBILIÁRIO CAPÍTULO 3. “Em última análise, o que interessa no mercado imobiliário é a oferta e a demanda.Sam Zell - Mega investidor do mercado imobiliário, sucesso global. A Microeconomia ajuda a compreender como o mundo funciona. O conhecimento do mercado permite a definição de estratégias para a tomada de decisão. Para investir no longo prazo, é importante dominar a Lei Magna da Oferta e Demanda. Introdução: Mercado e Preços A Microeconomia trata do comportamento dos indivíduos ou entidades que desempenhem um papel no funcionamento de nossa economia, sendo a análise da oferta e da demanda, ou procura, sua ferramenta básica. Pela sua importância, é chamada de Lei Magna, a que define o preço e a quantidade que equilibram o mercado. É o ponto de encontro que une os compradores que aceitam comprar por determinado preço produtos ou serviços oferecidos por empresas, que, por sua vez, entendem que por aquele preço vale a pena produzir. O crescimento da renda aumenta a demanda por imóveis. Diante de um determinado preço por apartamento, os consumidores com maior poder aquisitivo querem comprar mais unidades. Quando aumenta a demanda e a oferta não acompanha, vende-se mais, e os preços tendem a subir. Nesse caso, a curva da oferta se torna ascendente: quanto maior o preço dos apartamentos no mercado, mais construtoras estarão interessadas em se arriscar e construir, aumentando a oferta. Já a curva da demanda é descendente no caso de quanto maior o preço dos apartamentos, menos compradores interessados. O preço das unidades imobiliárias se ajusta até que a oferta se iguale à demanda. O ponto onde as duas curvas se cortam marca o equilíbrio do mercado, que indica o preço de equilíbrio e a quantidade de equilíbrio de imóveis. No caso representado pelo gráfico a seguir: • Preço de equilíbrio do mercado: aptos de: R$200.000,00 cada; • Quantidade de equilíbrio do mercado: 5 aptos. LEI MAGNA DA OFERTA E DA DEMANDA Introdução: Mercado e Preços O gráfico acima mostra que ao preço de R$200.000,00 haverá construtoras interessadas em construir, por entenderem que terão seus custos compensados por uma margem de lucro adequada para cobrir os riscos da empreitada. Por outro lado, a esse preço, os compradores entendem que o valor do apartamento está justo e por esse valor deve haver cinco interessados em comprar apartamentos. Encontrou-se o equilíbrio entre a oferta e a demanda, que são viáveis para os dois lados. Exercícios de alteração de oferta e demanda podem ser feitos à exaustão e ajudam a entender as forças de mercado e as tendências de preço. O preço relativo das moradias se ajusta para equilibrar a oferta e a demanda delas, determinando o número de novas residências a serem construídas. Nesse modelo, o investimento das empesas em construção de residências depende do preço relativo das moradias. O preço relativo das moradias, por sua vez, depende da demanda habitacional, que depende do valor do aluguel ou da venda que as pessoas esperam auferir de suas moradias. Em última análise, a oferta se adapta à demanda, o que veremos na sequência. Demanda A demanda por imóveis depende do emprego, da renda, da sensação de segurança econômica no longo prazo, uma vez que a maioria dos compradores depende de financiar sua compra por prazos de 10, 20 ou 30 anos, da oferta de crédito, do custo desse crédito, que depende essencialmente da taxa de juros. Quanto menor os juros, mais fácil será a compra e maior a demanda. Categorias da Demanda A demanda tem como focos especiais a localização, o produto, o preço, a forma de pagamento e, em geral, tem origem em três categorias principais: 1. Necessidade: é a grande demanda brasileira, concentrada principalmente na renda baixa e média, pela falta de crédito, ou pelo alto custo desse; 2. Desejo: é a demanda por melhorar as condições de habitação, por exemplo, com mais recreação, melhor projeto, com mais opções de clube na zona residencial. Outro exemplo seria a demanda em prédios comerciais por área de alimentação, lazer, descanso, pela proximidade de transportes públicos, por melhor conforto térmico e acústico; 3. Investimento ou Especulação: é a demanda em função da compra para valorização e venda futura; se for no curto prazo, é chamada de especulação. E é tida como investimento se a compra for para valorização em médio a longo prazo, ou se para renda com locação. Quadro - Demanda por Imóveis • Demanda reprimida brasileira concentrada na renda baixa; • Demanda qualitativa, melhores imóveis, na renda média e alta; • Mais de 50 milhões de pessoas vivendo em estado precário; • Relação Crédito Imobiliário/PIB, muito baixa, próximo de 10% do PIB; • Prazo de financiamento melhores, mais longos, chegando até 35 anos; • População urbana: próxima a 84% em 2010 e subindo; era 45% em 1960. A demanda reprimida da classe de menor renda continua grande. Alguns estudos estimam que faltam hoje de oito a nove milhões de unidades, que não são construídas porque ainda não é viável para o mercado privado atender essa demanda, sem que haja grandes subsídios do governo de forma constante e sustentável. O programa MCMV - Minha Casa Minha Vida – vem conseguindo sucesso em rendas médias baixas, mas ainda não conseguiu atingir a renda baixa como pretende, embora caminhe para isso ao longo dos anos. Basta olhar o entorno das grandes cidades para ver as condições deploráveis de moradia de milhões de pessoas com renda baixa e que dificilmente se qualificam nos programas habitacionais atuais. O setor produtivo reclama do valor máximo financiado, com dinheiro público e ou poupança, para as habitações de baixa renda, pois só o custo do terreno em grandes centros já inviabiliza os empreendimentos, justamente onde se concentra a demanda de baixa renda. Outros problemas são a falta de reajuste automático de acordo com a inflação do valor do teto financiado, a demora para a aprovação de projetos nos bancos e nos órgãos públicos, a burocracia, a necessidade de infraestrutura, geralmente precária, que é função do setor público, o que limita as possíveis áreas disponíveis aumentando o custo do terreno, entre outros. Por outro lado, há nichos de mercado com demanda considerável, como para a terceira idade, estudantes, para a alta renda ou em algumas localizações, etc. LOCALIZAÇÃO A demanda está muito ligada à localização, que pode ser traduzida por comodidade ou conveniência. Por isso há uma máxima repetida globalmente sobre as três coisa mais importantes no mercado imobiliário: 1 - Localização; 2 - Localização;3 - Localização. Brincadeiras à parte, localização realmente é de suma importância, pois, como o próprio nome diz, imóvel quer dizer coisa que não pode ser movida, ou seja, uma vez definida a localização do imóvel, lá ele ficará. Identificar onde se concentra a demanda e a renda é primordial para a oferta produzir, na localização mais provável, a quantidade que supra a demanda, sem saturar, com o dimensionamento das unidades de modo a caberem no bolso da demanda esperada, com a definição de padrão de acabamento e equipamentos Preço Imóvel R$ Número de Imóveis Negociados $700,000.00 $600,000.00 $500,000.00 $400,000.00 $300,000.00 $200,000.00 $100,000.00 $- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Demanda Oferta “Ultimately, real estate is all about supply and demand.” Tradução do autor MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia 17 Para cada tipo de imóvel existem alguns motivos que valorizam sua localização. Para lojas de lanchonetes fast-food, é importante estar em esquinas de vias de trânsito de alto tráfego; para farmácias, a comodidade de ser visualizada, ter estacionamento com entrada e saída; para shoppings, se prioriza o centro de regiões geográficas com renda alinhada ao consumidor desejado; para prédios comercias, proximidade com os clusters/mercados que pretendem atender; advogados preferem ficar próximos aos tribunais e/ou aos seus clientes potenciais; galpões de logística, próximos às rodovias, contornos, portos ou aeroportos; residências, em locais mais tranquilos, porém próximos de serviços como supermercados, farmácias, transporte; já as fábricas preferem locais que permitam suas atividades. Como já foi dito, a fim de se ajustar a demanda, a renda é uma das melhores referências para se identificar o alinhamento da necessidade das pessoas ao imóvel a ser produzido naquele local, bairro ou cidade. Urbanização A demanda urbana aumenta ano a ano na maioria dos países por conta das pessoas buscarem mais conforto, serviços, empregos, estudo, vida social e lazer. A produção agrícola tem aumentado sua produtividade com mais máquinas e tecnologia, diminuindo a necessidade de mão de obra no campo. O excedente de pessoas vai para as cidades em busca de melhores oportunidades. Essa demanda crescente obrigada a oferta a se adequar a essa urbanização. O resultado dessa nova onda depende do crescimento do país ou da cidade, que se desenvolvem com planejamento melhor ou pior e dependem da oferta de crédito de baixo custo, para as cidades, construtoras e pessoas, a fim de ter um bom resultado. Como o valor dos imóveis tanto pra comprar como para construir é considerável, as pessoas físicas e jurídicas geralmente precisam pegar dinheiro emprestado através de financiamentos, que têm um custo que varia proporcionalmente à taxa de juros. Juros para o mercado imobiliário é uma das referências mais importantes: se forem baixos, viabilizam o mercado, se altos, o inviabilizam. CRÉDITO Efeito da Taxa de Juros Como a taxa de juros representa o preço do empréstimo, essa é a base da decisão de compra ou investimento. Mesmo as poucas pessoas que não precisam de empréstimos para comprar seus imóveis respondem à taxa de juros, porque juros são o custo de oportunidade de manter sua riqueza em forma de imóveis, em lugar de aplicá-la em outros ativos. Logo, uma redução na taxa de juros aumenta a demanda por imóveis, valorizando seus preços e fomentando o investimento. Quando alguém levanta um financiamento para adquirir a casa própria, o banco, com frequência, coloca um teto para o montante do empréstimo. Esse teto depende da renda da pessoa e da taxa de juros. Uma exigência típica dos bancos é que a prestação mensal, incluindo amortização do capital principal e juros, não seja superior à 30% da renda do comprador. O quadro abaixo mostra como a taxa de juros afeta o teto dos financiamentos. No exemplo, o comprador de uma casa própria tem uma renda mensal média de R$2.500,00 e deseja um financiamento de 30 anos. O banco usa o limite padrão de 30% para o empréstimo. Quadro 1 - Taxa de Juros x Financiamento Como se vê, pequenas variações na taxa de juros podem ter grande impacto no montante a ser pago pela casa própria. Um aumento na taxa de juros de 5% para 12% reduz o empréstimo máximo de R$139,711,22 para R$72.913,75, uma queda de 48%. O valor a ser financiado cai praticamente para a metade. Por isso o juros é tido como o fator cuja variação causa o maior impacto no mercado imobiliário. Com as taxas de juros altas, diminuem as possibilidades de se levantar financiamento e reduz a demanda por moradias e, consequentemente, a oferta. No caso de taxa de juros baixas, ao contrário, aumenta a demanda, que fomenta a oferta. É de se notar e se justifica que para a baixa renda o governo permite um tipo de subsídio indireto, permitindo que os bancos captem e emprestem usando como correção monetária um índice com valor reduzido, a TR (Taxa Referencial de Juros), que tem um valor bem menor que a inflação real. É uma outra forma de incentivo para essa demanda mais carente, além dos juros mais baixos. Em geral, os financiamentos para a baixa renda têm três fontes de recursos: da Poupança, do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). A correção pela TR e o juros mais baixos são formas de subsídio que tornam muito vantajoso o financiamento para os clientes que nele se enquadram por terem renda abaixo de seis salários mínimos. Assim, quanto menor a renda, menor os juros a serem pagos. As classes média e alta têm correção monetária calculada por outros índices de inflação, mais realistas. Nesse caso, os juros também são mais altos, dependendo da fonte de captação dos recursos. O limite da Caixa Econômica, por exemplo, são imóveis com valores acima de R$500 mil; recentemente, aumentaram o limite para R$750 mil nas grandes capitais. Quanto maior o valor do imóvel, maior o valor dos juros, o que, no fim das contas, em 10, 20 ou 30 anos dá uma diferença significativa. Quadro 2. Compare prestações e valor do financiamento em 35 anos. Quanto maior a entrada, menor o valor pago no fim do financiamento, porque se paga menos juros. A diferença entre dar uma entrada de 10% e uma de 40% do valor do bem é a redução do valor pago financiado de 164% para 78%. A entrada maior também reduz significativamente o valor das prestações. Para ser possível aumentar a entrada, é necessário planejamento financeiro para construir uma poupança antes de pleitear um financiamento. Por isso é comum ser mais difícil a compra do primeiro imóvel. Na sequência, esse primeiro pode ser transformado em dinheiro para dar a entrada dos seguintes e/ou a renda desse pode ajudar no pagamento das prestações das aquisições de outros, facilitando a construção do patrimônio a longo da vida e para a sucessão dos herdeiros. Endividamento das Famílias É natural que a população que não tinha a sua disposição crédito acessível tenha apetite por comprar bens aos quais não tinha acesso, melhorando sua condição de vida, com mais conforto e comodidade. É um novo capítulo na vida do brasileiro, mas uma história já conhecida e que se repete há décadas em outros países. Teve início marcante nos EUA, na década de 1950, no pós guerra, quando os americanos também tiveram seu primeiro acesso ao crédito, o que alimentou o ciclo de consumo e produção, levando a um grande crescimento econômico. É o que se espera no Brasil nas próximas décadas, um crescimento sustentável. Empréstimos feitos de forma aleatória, sem ter sido bem pensado pelo tomador ou bem fundamentado pelo fornecedor tendem a acabar em inadimplência. Prova disso foi a grande crise imobiliária americana iniciada em 2008, com a quebra de bancos, seguradoras, incorporadores, por conta de anos de empréstimos mal feitos, para pessoas que não tinham como pagar. Quando isso ficou claro, houve uma grande crise imobiliária, com queda de *SAC - Sistemade Amortização Constante Fonte: Caixa Econômica Federal. Simulação 420 meses, com encargos e seguro. Prazo 30 30 30 30 30 30 30 30 Renda R$2.500,00 R$2.500,00 R$2.500,00 R$2.500,00 R$2.500,00 R$2.500,00 R$2.500,00 R$2.500,00 30% Renda R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 R$ 750,00 Juros 5% 6% 7% 8% 9% 10% 11% 12% Financiamento R$139.711,22 R$125.093,71 R$112.730,68 R$102.212,63 R$93.212,40 R$85.463,15 R$78.754,76 R$72.913,75 Preço R$500.000 R$500.000 R$400.000 R$400.000 R$300.000 R$300.000 Entrada 10% 40% 10% 40% 10% 40% *Prest. Inicial R$4.476 R$3.008 R$3.586 R$2.411 R$2.696 R$1.815 *Prest. Final R$3.126 R$2.108 R$2.506 R$1.691 R$1.886 R$1.275 Total R$1.313.000 R$834.000 R$1.052.000 R$710.000 R$792.000 R$535.000 Juros 163% 67% 163% 78% 164% 78% Idem MANKIW, N. Gregory. Macroeconomia 18 preços generalizada de 20% a 50%, dependendo da região e do abuso do crédito irracional. No Brasil, o crédito é novo, não há abusos e o sistema parece saudável, mas esperamos que os erros ocorridos nos EUA sirvam como lição para manter o sistema sustentável no longo prazo. Inadimplência Uma das mais importantes referências da saúde do crédito é medida pela taxa de inadimplência, que, por sua vez, tem causa na forma que o crédito foi disponibilizado. Se houve um estudo da fornecedora do crédito sobre a possibilidade de o tomador pagá-lo, análise de crédito bem feita e fundamentada, o risco de inadimplência diminui, diminuindo o risco da perda do capital emprestado e de todo o sistema. Por outro lado, o tomador do dinheiro emprestado também deve ter ciência do risco de não ter como pagar o valor que deve, tendo em vista sua renda, sua estabilidade no emprego ou do seu negócio, para não se endividar muito. A inadimplência geral no Brasil está razoável e estável, por volta de 7%. No caso do mercado imobiliário, está mais baixa, por conta de os juros serem menores e o fornecimento de crédito mais seletivo. No Banco Caixa Econômica Federal (CEF), maior banco com crédito imobiliário brasileiro, a inadimplência imobiliária está em torno de 2%, o que é considerada baixa. Já no caso do programa MCMV, destinado à baixa renda, a inadimplência é preocupante. Outro ponto importante para a leitura da demanda é o estudo da demografia, ciência que investiga as populações humanas sob uma perspecitva quantitativa, em aspectos de natalidade, produção econômica, migração e distribuição de etnias. DEMOGRAFIA A Demografia é um dos fundamentos do mercado imobiliário, de grande importância para se entender a dinâmica social e antecipar a demanda. É uma área da ciência geográfica que estuda a dinâmica populacional humana. O seu objeto de estudo engloba as dimensões, estatísticas, estrutura e distribuição das diversas populações humanas. Essas não são estáticas, variando devido à natalidade, mortalidade, migrações e envelhecimento. A análise demográfica centra-se também nas características de toda uma sociedade ou um grupo específico, definido por critérios como: a educação, a nacionalidade, a religião e a etnia. Quem captar antes esses movimentos pode oferecer antes produtos mais adequados ao mercado, gerando melhores retornos, uma vez que quem chega na frente tem mais chances de manter sua margem de lucro mais alta. “A água ainda está limpa”, termo usado pelo mercado, que significa chegar antes da concorrência e que, ao chegar, tende a achatar a margem de lucro. O Brasil dos próximos 20 a 40 anos tem a oportunidade de dar o salto que os Estados Unidos deram a partir do pós-guerra, na década de 1950, quando milhões de pessoas entraram no mercado comprando seu primeiro imóvel, seu primeiro carro e assim por diante, fomentando um círculo virtuoso de geração de empregos, renda, poupança e investimentos, consolidando a economia. Mas o risco de já estarmos perdendo a oportunidade do bônus demográfico, ou seja, que a população trabalhando ser maior que a de crianças e aposentados que não trabalham. Com a queda do índice de natalidade já abaixo de 2 filhos por mulher, a população tende a parar de crescer em alguns anos e com o envelhecimento da população como um todo, o Brasil terá menos pessoas trabalhando do que dependentes desses. Na sequência, segue um gráfico da evolução da pirâmide social brasileira, onde fica claro que a população está envelhecendo, o que abre uma janela de oportunidade para o crescimento do país. Gráfico: Comparação Estrutura Demográfica do Brasil: 1980, 2010, 2060 Essa mudança de perfil gera mudanças importantes, que se refletem no mercado imobiliário, tanto na demanda, quanto na oferta. Valorização Dos Imóveis Geralmente os imóveis se valorizam por: 1. Aumento da população: hoje estagnada; 2. Crescimento da renda: hoje estagnada; 3. Melhoria condições do crédito: hoje com baixa histórica dos juros. Gráfico: Variação Real: Cientes da importância da demanda e dos pontos que a sustentam: localização, crédito e demografia, entramos na outra parte da equação, a oferta, e como ela se comporta em relação ao mercado. OFERTA A oferta de imóveis tem como fundamentos: a segurança econômica, o ciclo, a concorrência, a demanda esperada, a disponibilidade de crédito, a taxa de juros, a dinâmica de investimentos e a expectativa dos investidores no longo prazo. Incorporadores são pessoas corajosas, que investem seu tempo, talento e dinheiro apostando com otimismo no longo prazo, pois um empreendimento imobiliário leva facilmente cinco anos, da ideia à conclusão. Ou seja, está sujeito a uma exposição a riscos políticos e econômicos fora de seu controle. No quadro abaixo relacionamos alguns dos pontos que impactaram na oferta nos últimos anos: Quadro da Oferta Imobiliária • Viabilidade dos Fundos Imobiliários com a queda dos juros. • Programa Minha Casa Minha Vida - 1 mi de habitações. • Minha Casa Minha Vida fase 2 - 2 mi de habitações. • Minha Casa Minha Vida fase 3 – renda mais baixa. • Mais de 20 empresas fizeram IPO, R$20 bi. • Novas tecnologias para qualidade e produtividade. • Mudanças nas legislações, ex. lei do consumidor. • Garantia fiduciária acelera retomada de imóveis. • Novas formas de captação, mercado de capitais. • Empreendimentos maiores, mais complexos. • Securitização de recebíveis. Financiamento Imobiliário x PIB Um dos melhores índices para se avaliar como está a oferta do mercado imobiliário é a relação entre o valor total de financiamentos imobiliários dividido pelo valor total do PIB. Como o Brasil ficou sem oferecer crédito imobiliário de forma viável para a população por quase duas décadas, anos 80 e 90, então essa relação chegou a ser uma das mais baixas do mundo. Em 2006 era de 2%, já em 2018, depois das mudanças estruturais com queda dos juros e oferta de financiamentos pelos bancos, essa relação ficou próxima de 10%, o que ainda é muito pouco em comparação com outros países desenvolvidos, onde essa relação varia de 60% a 120%. O esforço é para que em poucos anos o país atinja pelo menos 15%. Oferta de Financiamento no Brasil A oferta de crédito no Brasil teve ondas, nas décadas de 1970 e início de 1980. Houve uma grande oferta de financiamentos através do BNH (Banco Nacional da Habitação). A origem dos recursos eram financiamentos internacionais que o país tomou pela grande oferta dos chamados “petrodólares”, a abundância de dinheiro que os países produtores de petróleo precisavam investir e o faziam em países desenvolvidos, que, por sua vez, emprestavam para economias em desenvolvimento, como o Brasil. População em Milhares Fonte: Ministério do planejamento Evolução dos preços dos imóveis Variação nominal (sem inflação) em 20 cidades brasileiras, em %: Fonte: Flipezap 30 25 20 15 10 5 0 -5 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 -0,53 16,7 23,52 26,32 13,74 12,85 13,03 6,7
Compartilhar