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FONTES DO DIREITO TRIBUTÁRIO
JOSÉ VICTOR FREITAS
1. CONSTITUIÇÃO FEDERAL
O direito tributário representa uma invasividade muito grande do governo nos
direitos fundamentais do cidadão, sobretudo no direito de propriedade. Analisar as
suas fontes é importante para que não haja abuso do estado por meio das formas
previstas pela própria CF.
Art. 96 do CTN – Fontes do direito tributário.
Art. 145 até 162 da CF – disciplina do Sistema Tributário Nacional.
Art. 150 até 152 – Limitações ao poder de tributar (princípios e imunidades).
Cláusulas Pétreas devem ser respeitadas por emendas constitucionais. Art. 60, § 4º, IV
CF.
A Constituição Federal e as Emendas Constitucionais são fontes formais do Direito
Tributário? Parte da doutrina entende que não, argumentando que a CF somente
determina normas essenciais de limites, ou seja, ela não institui tributos.
A CF disciplina as espécies de tributos e seus fatos geradores, mas não institui os
tributos em si, o que também não fazem as EC.
Outra parte da doutrina defende que a CF não institui tributos, mas serve como um
parâmetro para uma adequada aplicação da legislação tributária. Logo, é sim uma
fonte.
A CF não diz a base de cálculo, a alíquota do ICMS ou do PIS/COFINS, mas ela vai dizer,
por exemplo: “as contribuições sociais podem incidir sobre tal coisa e tal coisa”. Ela vai
dar limites aos órgãos públicos.
Questionamento: Se a CF não fosse uma fonte do direito tributário, como é que teria
processo no STF? Porque o STF é o guardião da CF, só pode subir recurso extraordinário
se afrontar a CF... Como o direito tributário não tem a CF como fonte se há discussão
no STF?
No questionamento acima se mata a charada, a CF é fonte sim.
2. LEI COMPLEMENTAR
A primeira fonte propriamente dita, no sentido de instituir impostos, é a LEI.
Art. 150, I, CF – Legalidade Tributária
No direito tributário o constituinte privilegiou o papel da lei complementar.
Art. 69 – Quórum da LC.
Art. 146 – Finalidade da LC.
Estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, de modo que se
assegure uma disciplina uniforme, em âmbito nacional. Os entes da federação devem
se submeter ao que estiver disposto na LC nacional.
Essas normas gerais estão previstas no Art. 146, III, CF (rol taxativo)
Não é uma lei simplesmente federal, é nacional.
Não é hierarquicamente superior a lei ordinária.
Falta de norma: por exemplo, não há lei GERAL sobre o IPVA editada. O que fazer? Art.
24 da CF. Exercício da competência suplementar dos Estados.
3. LEIS ORDINÁRIAS
✔ Cabe a ela instituir e majorar tributos, conforme o Art. 150, I, CF.
✔ Competência residual em relação à lei complementar.
✔ Apenas por lei é possível instituir ou majorar tributos. Art. 97 da CF.
Apesar destas limitações, ainda se assegura ao Poder Executivo a possibilidade
de intervenção econômica, pela alteração de alíquotas ou bases de cálculo de
impostos, atendidos os limites das alíquotas fixados por resoluções do Senado
Federal.
4. MEDIDA PROVISÓRIA
✔ Disciplinada no Art. 62 da CF.
✔ Status constitucional de lei ordinária – Art. 62, III, CF
✔ EC nº 32 /01 (inclusão do §2º ao Art. 62)
Medidas Provisórias podem instituir ou majorar impostos, desde que atendam
ao princípio da anterioridade tributária.
5. RESOLUÇÕES E DECRETOS LEGISLATIVOS
✔ Decreto: Art. 49 CF.
Matéria tributária: resolução do Senado para fixação de alíquotas máximas do
ITCMD (Art. 155, §1º, IV, CF), mínimas do IPVA (Art. 155, §6º, I, CF), e
interestaduais e de exportação do ICMS (Art. 155, §2º, IV, CF)
OBS: Decreto legislativo pode versar sobre tratados internacionais aplicáveis a
matérias tributárias.
6. TRATADOS e CONVÊNIOS
Existem tratados internacionais que versam sobre matéria tributária, por
exemplo: acordos de bitributação, simplificações de obrigações acessórias, etc.
✔ Art. 98 CTN (veja os tópicos abaixo)
✔ Doutrina: má técnica do legislador: os tratados não revogam a lei, pois detém
outro âmbito de aplicação (competência).
✔ STF: prevalência sobre a lei interna conforme a natureza dos tratados
internacionais: podem ser normativos ou meramente contratuais. RE 80.004
Um tratado que invada a competência da lei, viola a soberania nacional e,
portanto é inconstitucional. Da mesma forma, lei que vai contra disposição de
trado internacional no qual o Brasil faz parte, também é ilegal e
inconstitucional.
A união, quando celebra tratado internacional que verse sobre isenção de
tributo estadual/municipal, estaria agindo além da sua competência?
NÃO. Porque apenas a República Federativa do Brasil tem competência para
firmar tratados internacionais (Art. 52, §2º, CF). Quando o PR celebra um
tratado, ele celebra em nome da República Federativa do Brasil, e não em nome
do ente União. RE nº 229.096/RS
Convênios interestaduais: “tratados” entre os estados da federação.
✔ São considerados fonte do direito tributário para o ICMS.
✔ Art. 155, II, “g”, CF (“deliberação dos estados e do Distrito Federal”)
✔ LC nº 24/75
✔ CONFAZ
7. DECRETOS E NORMAS COMPLEMENTARES
✔ O direito tributário foca no Decreto Regulamentar:
✔ Ele regulamenta disposição de lei não autoaplicável. Ou seja, ele é
complementar a lei que instituiu um determinado tributo.
✔ Reservas constitucionais: fixação de alíquotas dos “tributos extrafiscais”.
✔ A economia precisa de respostas mais rápidas, o processo legislativo original
iria demorar.
✔ Normas complementares: Art. 100 do CTN.

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