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RESUMO ascher

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Lídia da Paz de Souza C969HH-0
Analise do Texto:
Os novos princípios do urbanismo de François Ascher
François Ascher exprime em seus textos de forma concisa, o princípio que levou a potencializar ideias para criar novos conceitos, a fim de desenvolver uma sociedade contemporânea moderna. Para compreender a lógica que se instalou durante longas décadas até os dias atuais, em relação ao urbanismo, precisamos conhecer o seu passado e o decorrer de suas fases. Por isso torna-se necessário conhecer a origem das cidades e o que desencadeou esse coletivismo
As primeiras cidades datam de 3500 a.C, se instalaram nas regiões entre os rios Tigres e Eufrates, nesse ambiente dois fatores foram primordiais: abundância de água e solo fértil. O que reuniu povos diversos com um mesmo objetivo, a sobrevivência, levando-os ao abandono dos hábitos nômades. Em suma maioria as cidades se desenvolveram da mesma forma, contudo essa formação contribuiu significativamente para a evolução da humanidade. Com o passar do tempo, as guerras por territórios, o poder aquisitivo de cada ser por meio de sua hierarquia em determinado local(is), fez com que pudéssemos entender melhor o que já acontecia há muito tempo. Com o início da era medieval, a criação dos feudos e a entrada do comercio mercantil, as populações que habitavam o cerne dessas sociedades, buscavam nada mais do que a proteção, em meio a essas corporações e ainda que de maneira individualista, cada ser desenvolvia uma função, o que levava a interdependência. Após entendermos de forma sucinta o que é cidade, podemos adentrar no que Ascher constatou, através de fatos, o que é o urbanismo e como surgiu essa ideia de modernização.
 O urbanismo descrito de forma técnica é uma maneira de adequar arquitetonicamente um determinado ambiente no qual uma sociedade está locada, está ligado diretamente com o pensamento do bem coletivo e que constantemente tenta se encaixar nas mudanças bruscas que a modernidade trás, tanto tecnologicamente quando produtivamente. Temos o habito de pensar na modernização como algo apenas atual, mas se levarmos em conta o tempo, cada futuro que uma sociedade vive passou por transformações diversas, o fato é, que a modernidade não só participa do presente como do passado, pois cada momento na história foi uma evolução através de novas ideias e transições a partir de conceitos criados, a diferença ocorre apenas no momento que compreendemos que a modernização não é um estado, ou seja não se encaixa em um processo continuo, por isso Ascher a distingue em três fases. 
As duas primeiras revoluções modernas.
A urbanização do final da Idade Média até os primórdios da revolução industrial.
A primeira fase da modernização também conhecida por “alta modernidade”, inicia-se com a mudança do pensamento e o contexto religioso na sociedade, as mudanças na mobilidade com novas técnicas de transporte, a surgimento do capitalismo mercantil, levando ao processo industrial, assim como o crescimento das ciências com suas novas descobertas dando um avanço a tecnologia. Para adentrarmos nos conceitos que produziram a sociedade moderna tomamos com base três pontos que exploram e podem ser associado a diversas sociedades: a individualização, a racionalização e a diferenciação social.
A individualização, segundo Ascher “é o uso da linguagem do “eu” no lugar de “nós”. Ou seja, é o fato do indivíduo ser representado não a partir do grupo em que pertence e sim, em si próprio, considerando a sociologia, é o conceito pelo qual toda a concepção do mundo é focada no indivíduo
A racionalização, associada a sociologia, refere-se a um processo de ações sociais, é uma forma de atribuir as ações humanas e ás leis naturais considerando a teologia e o cálculo, em vez de basear em motivações provenientes da moral, da emoção e tradições. 
A diferenciação social produz diversidade e desigualdade entre grupos e indivíduos, a partir do desenvolvimento da divisão técnica e social do trabalho, ou seja, a partir de seu conhecimento cognitivo ou suas habilidades físicas você é designado pela sociedade a exercer funções do qual a mesma causa uma diferença tanto no poder aquisitivo quanto nas oportunidades de crescimento de um indivíduo. O que torna a sociedade cada vez mais complexa, já que a partir da diferenciação ocorre o estabelecimento de níveis hierárquicos.
Contudo o que podemos considera com a primeira fase, é que a partir desses conceitos, o urbanismo é concedido, dando lugar a emancipação da política e ao início da produção de bens de consumo, separando classes e forçado o indivíduo a querer cada vez mais possuir e expandir, com isso vê-se a necessidade de ocorrer uma mudança na sociedade, nas cidades e na forma que ela era concebida, considerando o olhar do indivíduo, formou-se avenidas, praças e jardins urbanos, cruzando e dividindo ruelas, separando o público e o privado, com o crescimento as ruas começaram a tornassem mais amplas, com o setor operário sendo formado e com o maior número de pessoas com baixo poder aquisitivo as cidade se estendem e a uma enorme existência de bairros periféricos, com isso começam a criar novas técnicas, adotando antigas referencias, porém com uma maior liberdade. A sociedade moderna que se implanta reflete escolhas racionais feitas por indivíduos diferenciados, dando autonomia aos projetos assim como ao próprio ser que a constitui, levando de forma breve o indivíduo a viver utopias a partir de seus ideais. 
As lógicas capitalistas da revolução industrial.
A segunda fase também conhecida como “média sociedade” é caracterizada pelas transformações da primeira fase, do qual iniciou-se a revolução industrial, trazendo consigo às lógicas capitalistas, tornando necessário os zoneamentos das áreas urbanas, das áreas periféricas e rurais, ocorrendo assim também a revolução agrícola, pois com um maior número de indivíduos e o crescimento mercantil houve um aumento na produção alimentar, com a revolução industrial o morador das áreas rurais são expulso de seus campos, pois não podem suportar o mercado industrial, migrando assim para as cidades em busca de novas oportunidades, gerando um grande aumento populacional, torna-se necessário uma organização com os princípio industriais provenientes do taylorismo, colocando em pratica a forma de zoneamento, que mais tarde Le Corbusier e a Carta de Atenas levarão ao extremo.
Nessa nova ideia de sociedade, tomando como base o urbanismo, tem suma importância a mobilidade urbana de pessoas, bens e de informações, é necessário adaptar a cidade isso requer um grande estudo com malhas de circulações, estações, posicionamento de lojas e os centros urbanos, necessidade de uma vaga expansão de redes de agua, saneamento, energia, assim com gás, eletricidade e vapor, também há uma grande importância voltada para os meios de comunicações. Entre tudo a eletricidade potencializou e teve papel principal nos crescimentos das cidades, uma delas foi o crescimento vertical com os elevadores e os horizontais com os meios de transportes públicos, assim como para o bem da comunicação, com o telefone e o telegrafo. Porém com isso houve o aumento da diferenciação social, como já constatado, pessoas operarias e/ou com menor poder aquisitivo começaram a ocupar os piores lugares, como dito no texto de Ascher, o fato é, os mais ricos compravam os apartamentos mais alto, com alto índice de insolação e os mais pobres os mais baixo, tornando os suscetíveis a mofos e pragas, assim com outras doenças.
Nessa fase o urbanismo atuou com a tecnologia, com o desenvolvimento dos transportes, assim criando novos espaços, periféricos, onde formaram-se bairros mais ricos e também bairros industriais, interligando fabricas e operários, houve então uma expansão do território urbano. O avanço com a fabricação dos bens de consumos individuas, criado com os sistemas de produção em massa, gerou a formação de automóveis individuais, hipermercados, eletrodomésticos, essa mudança junto com a urbanização tornou possível o trabalho feminino assalariado, acompra semanal e a ampliação dos deslocamentos, o que exigia cada vez mais um novo ideal de construção e racionalização, integrando o bem privado ao público, que varia em teoria e pratica conforme os países. Todavia o urbanismo obteve com essas inovações a capacidade de sedimentar e integrar diferentes camadas da história, transformando o existente e adequando-o ao momento. Com isso o Ocidente conhece as duas primeiras fases das revoluções modernas.
Centro de uma cidade Europeia na revolução industrial.
Modelo Cidade – Le Corbusier.
A integração passado-presente. 
Neourbanismo ≠ Paleourbanismo
A terceira revolução urbana moderna é uma das mais complexas, considerando que é necessário um maior esforço para adaptar locais já pré-definidos, criados pelas duas primeiras fases da revolução urbana, caracteriza-se pela visão de criticar e conversar, metaforicamente falando, com a cidade, assim como presumir e conhecer seus indivíduos, trabalhar para todos e ainda assim possuir o conhecimento do que é necessidade e do que é necessário, pois a um grande abismo entre criar para o povo e criar a partir do povo. Esse novo conceito moderno de urbanismo denomina-se neourbanismo, segundo Ascher, é uma maneira de diferenciar do paleourbanismo e do próprio urbanismo.
Nesse novo urbanismo observa-se a ideia de conceber espaço que integrar a paisagem já existente com uma continuidade, inovando o passado com elementos urbanísticos voltado ao público, ao avanço tecnológico e prevendo um futuro, diferente do antigo do qual se adequava apenas ao presente. De forma mais radical e de uma maneira bem mais distinta que distancia significativamente a segunda da terceira fase, o neourbanismo está envolto na análise dos problemas sociais existentes, na forma crítica de enfrentar os desafios de urbanizar para grupos sociais diversificados, com diversas culturas e indivíduos heterogêneos. De forma breve para simplificar o que é a modernização das cidades atuais, podemos seguir os contextos de Ascher a partir de seus tópicos. 
Como elaborar projetos urbanos em um contexto incerto, considerando e dando maior ênfase ao futuro, o planejamento urbano nessa fase visasse em questão as gerações que ainda virão, de que maneira podemos viabilizar um presente mesmo com um futuro incerto, premeditando e presumindo atos ou desastre que podem ocorrer, esse esquema é destinado a reduzir as incertezas e realizar um projeto de conjunto, tomando uma frente mais reflexiva dentro de uma sociedade complexa. Um do exemplo mais forte e eu podemos nos inspirar é na evolução do Japão, frente a combater desastre ambientais: O plano do governo japonês é combinar tecnologia de ponta em edifícios sustentáveis, sistemas inteligentes de transporte público e até obtenção de energia geotérmica (do centro da Terra) para abastecer casas e empresas. "O Japão está aprendendo várias lições com o terremoto. Uma delas é que é possível reconstruir cidades com maior resiliência a desastres, com baixo impacto ambiental e respeitando as necessidades de uma população que está envelhecendo’’ – Folha de São Paulo.
A prioridade com objetivo em relação aos meios, em questão citada é viabilizada em projetos de forma que se assegura de forma simples e estáveis o zoneamento, as funções, densidade populacional, gabaritos entre outros, de forma a priorizar o projeto mais do que os meios, inclusive do ponto de vista arquitetônico e paisagístico. Outro ponto é como integrar os novos modelos de resultados, sendo assim quando Ascher cita modelos, ele relembra dos pensamentos tayorista forte nas primeiras revoluções urbanas e o fordista, que tomam como base a simplificação e a repetição das funções urbanas, assim as formas únicas e monofuncionais abrem espaço a resposta multifuncionais e redundantes. A partir desse ponto precisamos entender que é necessário analisar a adaptabilidade das cidades, a partir do uso dos equipamentos coletivos e individuais, a modernidade em questão fez com que os bens públicos que ocupavam em demasia o espaço urbano fosse praticamente substituído, tornando-se algo mais individualista frente ao avanço tecnológico e a cultura da sociedade, contudo nem todos meios públicos coletivos se tornaram obsoletos, sendo assim na atualidade podemos deixar ao público o poder de escolha. Como exemplo do que fazer em relação a essa inovação, podemos cita a Polônia, cidade europeia que se encontra entre a Alemanha, República Tcheca e Rússia, cujo a qual possui tanto autoestradas acessíveis como uma vasta rede de transporte ferroviário, que explora a facilidade de acesso as próprias Voivodias, quanto ao transporte entre países.
Outro ponto fortemente citado entre os tópicos de Ascher, é o avanço da cidade em relação as TICs, as tecnologias que interligam pessoas, ela está relacionada diretamente a esse novo conceito, no Brasil temos uma gama de cidades em suma maioria metrópoles que possui Wi-Fi em ponto específicos como praças, transportes públicos e bairros diversificados, integrando a sociedade como um todo a espação da tecnologia, em São Paulo, é possível encontra o uso livre de internet em 120 praças e parques. 
Um exemplo do neourbanismo é a iniciativa do Prefeitura Parisiense de utilizar as antigas linhas ferroviárias que não então mais ativas com um novo meio de espaço público, onde será criado parques, praças, ambientes com trilhas e passagens, é uma forma de renovar e dar uma nova utilização a ambiente já não mais explorados, o que planeja é utilizar o mesmo conceito que foi usado para a criação do Plantée Promenade, ou Verte Coulée, que é um trajeto com um paisagismo incrível que se estende por 4,7 quilômetros. Frente a demanda comunitária a prefeitura se uniu à Sociedade Nacional de Ferrovias Francesas (SNFC) e, em 2015, lançou um plano de recuperação da Petite Ceinture, buscando avançar na transformação desta antiga linha ferroviária em um espaço útil.
 Linha Petite Ceinture - Paris.
Plantée Promenade – França.
Após uma longa exploração e compreensão do livro de Ascher, podemos concluir que na atualidade nos encontramos no centro entre a realidade e a utopia, onde podemos buscar mudanças relativas a sociedade, visando o sonho do ideal, que o ser tanto como um grupo quanto como um indivíduo busca nesses longos anos. Trata-se de uma maneira de agir com a racionalização dos princípios arquitetônicos em um meio público, coletivo e ao mesmo tempo individualista que é a sociedade moderna, buscando por meio de erros passados, a inovação não só do presente como em um futuro geral, entrando em um consenso global, reciproco e utilizando plenamente o instrumento de conhecimento e de negociação. Precavendo os riscos, amenizando os impactos e ambicionando um futuro mais prospero e multifacetado, assim como reativo e flexível. 
Referências bibliográficas
ASCHER, François, Les Nouveaux príncipes de l’urbanisme. La fin des villes n’est pas à l’ordre du jour, Éditions de l’Aube, 2001.
http://www.archdaily.com.br/br/795729/paris-planeja-inaugurar-espacos-publicos-em-linha-de-trem-abandonada
UNIP Universidade Paulista
2016

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