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PRÁTICA HOSPITALAR I

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PRÁTICA HOSPITALAR I 
Prof. Ms. Fábia Judice Marques Viroel
Alex Dinis Júnior | @vet.baka
AMBIENTE HOSPITALAR
Entende-se por ambiente hospitalar, na linguagem ecossistêmica, o lugar/espaço/território no qual os trabalhadores da saúde, formados por diversas categorias, atendem as inúmeras necessidades de saúde dos usuários, os quais buscam, de forma individual ou coletiva, os serviços e ações nos níveis da promoção, prevenção e recuperação da saúde. 
· Sala de Recepção
· Portaria
· Corredores
· Ambulatórios
· Internação
· Pré-Operatório
· Centro Cirúrgico
· Consultório
· Farmácia
· Esterilização
· Sala de raio-x
· Sala de ultrassom
· Laboratório
· Internação
· Cozinha
· Quarto de Plantonista
· Câmara fria, etc...
Consultórios Veterinários – Estabelecimentos de propriedade de médicos veterinários destinados ao ato básico de consulta clínica, curativos, aplicação de medicamentos e vacinações de animais. É proibida a realização de procedimentos anestésicos e/ou cirúrgicos, assim como internação. De estrutura mínima, deve conter a sala de recepção com sanitário para uso público, mesa impermeável com dispositivo de drenagem e de fácil higienização, sala de atendimento com geladeira e termômetro de temperatura máx. e mín. para manutenção de vacinas, antígenos e outros produtos biológicos. Além disto, deve conter pias de higienização, arquivo médico e armários próprios para equipamentos e medicamentos.
Clínicas Veterinárias – Estabelecimentos destinados ao atendimento de animais para consultas e tratamentos clínico-cirúrgicos, podendo ou não realizar cirurgias e internações. Havendo internação 24hrs, é obrigatório a presença de médico veterinário durante todo o período, ainda que não haja atendimento ao público. A estrutura mínima é o setor de atendimento e sustentação, bem como setor cirúrgico e setor de internação, caso o estabelecimento opte por tal atividade.
Hospitais Veterinários – Estabelecimentos capazes de assegurar assistência médica veterinária curativa e preventiva aos animais, com atendimento ao público em período integral 24hrs. Estrutura mínima contém o setor de atendimento, setor de diagnóstico, setor cirúrgico, internação e sustentação.
Serviço Médico Veterinário Móvel (SEMEMOV) – Conforme resolução CRMV-SP, é obrigatório o registro do SEMEMOV junto ao CRMV, condicionado à apresentação da ART e de comprovante de finalidade social. Obrigatória presença do profissional veterinário durante todo funcionamento do serviço. A estrutura mínima envolve ambientes para recepção, atendimento clínico e/ou ambulatorial, lavagem e esterilização de materiais e sanitário. Caso haja realização de tratamentos clínicos, anestésicos e/ou cirúrgicos, serão necessários ainda ambientes separados para o preparo, recuperação cirúrgica de pacientes, antissepsia e paramentação, além da sala de cirurgia em si.
Planejamento – Toda a estrutura do ambiente hospitalar deve ser bem planejado e aprovado conforme a legislação, pensando em diversos fatores envolvidos na rotina do trabalho assim como os fatores de riscos, perigos da rotina aos funcionários (como postura, riscos biológicos e físicos entre outros) e sinalização adequada para esses perigos, avisos, saídas de emergências e outros. Além disto, é importante ter medidas de segurança sempre, como extintores, geradores para cobrirem ausência de luz elétrica e profilaxia, além da biossegurança em si através de EPIs (jaleco, máscara, pijama cirúrgico, touca, calçados fechados, luvas e outros), EPCs (fluxo laminar, circulador, caixa com luvas, chuveiro lava-olhos, pia, autoclaves e outros) e prevenções.
Fiscalização – Os estabelecimentos veterinários estão sujeitos à atuação da vigilância sanitária, sujeitos ao monitoramento ou intervenção sanitária. Quanto à normalização, é preciso observar e atender aos critérios das legislações municipais, estaduais e federais do CFMV, CRMV etc. Estabelecimentos que não cumprirem os requisitos definidos nas resoluções estão sujeitos à incidência de multa e processos ético-profissionais aos médicos veterinários.
Transporte Interno – A condição mais importante é que o resíduo esteja acondicionado de forma adequada, assegurando seu confinamento. O transporte deve ser feito de forma a evitar a ruptura do acondicionamento e a disseminação do resíduo.
Transporte Externo – O transporte de resíduos, que podem ser armazenados em containers ou tambores com tampa deve ser feito em caminhões com mecanismos de recolhimento de líquidos que eventualmente podem vazar da massa de resíduos.
Descarte de Perfurocortantes – Materiais cortantes como agulhas, scalp, cateter, gilete, lâminas de vidro e bisturi, frascos e ampolas de vidro, entre outros, devem ser realizados no descarpack.
ITENS DA ROTINA CLÍNICA
· Scalp e cateter também possuem tamanho e calibre.
· Seringa se divide em tamanho e volume.
· Equipo se fecha para baixo e abre para cima. Se atentar com bolhas, eliminar o soro pela outra ponta para que saia as bolhas existentes no equipo.
· Torneirinha de Três Vias é para controle do fluxo, onde estiver sem a ponta virada significa que o fluxo está fechado.
· Agulhas são separadas por cores, calibre e tamanho. Quanto maior o número, menor é o tamanho. Já o calibre condiz com a numeração, quanto maior mais grosso. Também pode ser utilizadas para improvisar fio agulhado de sutura.
· Swab Método Stuart é mais usado para bactérias, o gel oferece ambiente ideal para o crescimento desses microrganismos. Enquanto isso, o swab de tubo seco é ideal para crescimento de fungos, exames de otite etc.
· Abaixador de Língua – Auxílio na passagem de sonda endotraqueal em animais em choque ou talas em filhotes e/ou animais muito pequenos.
CONTENÇÃO
Importante para a segurança do animal, do tutor e do profissional. Utilizar métodos seguros que não interfiram ou alterem nos resultados dos exames, podendo ser tranquila com ajuda do tutor, física/mecânica ou química.
Estresse em Gatos – Se estressam facilmente, onde no hemograma pode ocorrer leucocitose (nível de leucócitos irá subir), podendo ser por estresse e não necessariamente por inflamação ou infecção. O estresse também poderá gerar um aumento nos níveis de glicose e consequentemente glicosúria na urinálise,o que pode ser confundido com diabetes. Para aferir a glicose, o ideal é pela frutosamina que não é interferida por estresse.
Contenção de Gatos – Existem diversas maneiras de conter os gatos de forma mais eficiente que não cause tanto estresse ao animal, como “charutinho”, focinheira, toalha e colar elizabetano. O ideal é deixar a caixa de transporte acessível para que o animal não estranhe quando for colocado dentro dela, utilizando brinquedos, sprays ou paninhos dentro dela de modo a familiarizar o animal a permanecer.
Contenção de Cães – Utilizando focinheira, cambão, contenção física deitando o animal e segurando os membros de baixo, entre outros. 
Contenção Química – Usada em último caso quando necessário. O tutor deve assinar um termo de ciência e responsabilidade, em caso de complicações. O animal deve estar em jejum (o que não é possível em emergências) e quando possível, analisar condições físicas e metabólicas.
CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS: CURATIVOS, BANDAGENS E DRENOS
Devemos se atentar para as necessidades de cada paciente após a cirurgia, como o uso de colar elizabetano ou roupa cirúrgica, por exemplo. 
Exame Físico – Dor, febre, desidratação e presença de edemas. Elaboração de plano de tratamento (medicamentoso, hospitalar, alimentar?), hemostasia.
Ter sempre clareza! Conversar com tutor, cirurgião e anestesista, uma comunicação clara entre todas as partes envolvidas é fundamental. A prescrição está clara? Tem dúvidas? Quais os aspectos clínicos? Existem riscos?
Dor e Estresse – Animal em condições adversas, físicas ou emocionais, que causem distúrbios ao equilíbrio fisiológico ou mental normais.
Feridas x Curativos – Tudo irá depender do caso, da resistência do animal e da situação. O que podemos fazer e como faremos? Cuidados ao manipular animais com suspeitas de zoonoses.Materiais – Material para contenção, luvas, gazes, pomadas e gel, antissépticos, água oxigenada, soro fisiológico, limpeza do colar elizabetano e troca de roupa cirúrgica.
Curativos – Ferida limpa ou contaminada? O animal tem dor? Precisa de contenção química? Desbridamento e limpeza.
Bandagens –Gazes, esparadrapo, ataduras, malha tubular, gaze elástica (vetrap, coban e kling), tesoura. As bandagens devem ter trocas diárias. Tem materiais variados conforme a necessidade, previnem contaminações, evitam seromas etc. Também podem ser usadas para mobilização de membros (robert jones, muleta de Thomas, calha, spica, ehmer, velpeaur, etc). Cuidados com umidade, edemas, excesso de líquido inflamatório. Verificar sempre a necessidade do uso de colar. 
Drenos – Tubos finos inseridos no local operado para retirar excesso de líquido (sangue, pus etc) que não consegue sair. Se atentar com limpeza, obstrução ou acúmulos. Indicado na região torácica, abdominal e em mastectomias. !!!Lembrar: Prescrição, ficha de internação, tipos de cirurgia e feridas, contenção, luvas, cuidados com secreções, colar, roupa cirúrgica e limpeza, tudo isso é fundamental. 
ENFERMAGEM VETERINÁRIA 
Justamente pensando em garantir que os auxiliares tenham uma formação qualificada, o CFMV publicou duas resoluções para regulamentar os cursos de auxiliares de veterinário, para delimitar a atuação desses profissionais, que está restrita em exercer atividade de apoio, assistência e acompanhamento do Médico Veterinário.
O cargo de Auxiliar Veterinário é, atualmente, considerado uma área de ocupação e não uma profissão propriamente dita. Deste modo, qualquer prática desses profissionais em áreas privativas e/ou peculiares à Medicina Veterinária caracteriza exercício ilegal da profissão.
O papel na Enfermagem Veterinária é auxiliar na internação, em parâmetros, pré e pós-operatório, auxílio em procedimentos, coleta de materiais para exames, triagem, organização do espaço hospitalar e outros procedimentos.
ITENS E PROCEDIMENTOS ROTINEIROS
Swab – Usado para citologia (após coleta do material, ex: no ouvido, passamos na lâmina e observamos diretamente no microscópio, caso seja necessário realizamos a coloração) ou para meio de cultura (onde vem esterilizado, com um tubo separado previamente preparado com o meio para que tenha crescimento do microrganismo para posterior análise no microscópio). 
Punção – Podemos realizar a punção de alguma região específica para análise, como nos linfonodos. Realizamos com uma seringa de 10ml, posicionando-a no local e puxando o êmbolo. Ao perceber algum conteúdo vindo, paramos para que não contamine a amostra. Desacoplamos a agulha, puxamos o êmbolo até o final, acoplamos novamente a agulha e pressionamos contra o conteúdo contra uma lâmina, realizando o esfregaço em seguida para análise do material coletado.
Raspado de Pele – Utilizando um bisturi, podemos coletar parte da pelagem ou da pele, parando o procedimento ao perceber início de um pequeno sangramento. Colocamos o material raspado na lâmina para observarmos.
Bisturi Elétrico – Usado durante o procedimento cirúrgico, de modo a incisar e cauterizar ao mesmo tempo. Utiliza-se uma placa neutra, que evita o espalhamento da corrente elétrica por toda a mesa, evitando acidentes. 
Doppler – Utilizado para medir a pressão arterial, utilizando-se gel em sua ponta que será colocada no membro do animal o mais próximo possível do coração, amplificando o som da pulsação. O doppler é acoplado em um esfigmômetro, que mede a velocidade e regularidade do pulso. Se atentamos ao som e paramos de inflar o aparelho assim que o som para. Vamos soltando aos poucos, e quando o som retornar, é a indicação da pressão em que o animal se encontra. O corpo deve estar em uma posição equilibrada, mantendo o nível do coração igualado em todas as partes. Se atentar com sinais de estresse, o que causa alterações na aferição. Para aferir corretamente, verificamos 7x, descartamos o valor máximo e mínimo e realizamos uma média com a soma dos cinco valores restantes. É muito importante verificar corretamente o tamanho do manguito, de modo que não fique apertado e nem largo no membro do animal. Recomenda-se o uso de um fone ao doppler, para que o som não assuste o animal. 
Bomba de Infusão – Nos mostra a velocidade do fluído, seu volume total que queremos que seja administrado e o volume que já foi administrado. Caso a bomba apite, devemos tirar o equipo dela, verificar se tem presença de ar ou bolhas, ou alguma obstrução no cateter do animal. Nunca esquecer de abrir o equipo pra cima, e fechar pra baixo. Mudamos a configuração dela utilizando as teclas select, iniciando a fluidoterapia pelo botão de start.
Monitor – Nos mostra os parâmetros de pulsação, oxigenação, pressão, temperatura, frequência cardíaca e respiratória. Na linha da frequência verificamos as curvas fazendo um tipo de “montanha com falha na descida”, que é o normal a aparecer. 
Sensor de Temperatura – Colocado no esôfago e/ou no reto do animal, para medir as variações de temperatura. 
Circuito Baraka – Tem como objetivo promover a ventilação artificial não invasiva durante a indução ou recuperação anestésica, facilitando a administração de gases anestésicos manualmente para o paciente.
Eletrodos – Pequenos dispositivos que conectam o paciente ao monitor do aparelho de ECG. Ou seja, os eletrodos são as partes do eletrocardiógrafo que ficam em contato com a pele do paciente. É sinalizado por letras, sempre verificar elas e não somente as cores que podem mudar. As sinalizações sempre estão em inglês, sendo L (left) e R (right) na primeira letra, enquanto na segunda é A (cranial) e L (caudal). Também tem o eletrodo coringa com a letra V, colocado no centro do tórax. 
SONDAS 
Urinária – Utilizada para desobstrução e cirurgia das vias urinárias, além de coleta de material para urocultura – nunca deve ser feita por micção direta para que não ocorra contaminação da amostra. Gatos devem passar por anestesia e sedação sempre. Fêmeas possuem a uretra mais curta, por isso devemos se atentar com cistite e coinciliarmos com a verificação por ultrassom. Machos castrados também possuem a uretra mais fina. 
Quando Fixar a Sonda? Em casos de azotemia grave (aumento da uréia e creatinina), fluxo urinário insatisfatório, hematúria e cristalúria, suspeita de trauma, ruptura uretral ou peniana.
Higienização da Sonda – Sistema fechado para débito urinário, limpeza do prepúcio e vulva. 
Tempo de Uso e ATB – Gatos que foram desobstruídos podem ficar de 24 a 48hrs com a sonda, e em caso de atomia vesical de 7 a 10 dias. Entrada de antibióticos somente se ocorrer leucocitose, uso medicações para relaxar a uretra.
Exames – Urinálise, análise do líquido prostático e seminal, citologia vesical, contraste negativo do exame radiográfico e avaliação de débito urinário. Urocultura e RPC não são recomendados!
Sonda Nasoesofágica e Nasogástrica – Tubo para alimentação para paciente internado, onde a anestesia é contra-indicada. Necessidades basais. Contraindicado para pacientes com quadros de rinite, regurgitação, espirros ou comatosos. Indicado em casos de uso prolongado de dieta inadequada, ou ingestão inadequada de alimento há mais de três dias, perda de peso rápida (>5%), cirurgia ou traumas, perda de nutrientes por vômitos, diarréias e/ou queimaduras, perda acentuada de massa muscular e baixa concentração sérica de albumina. Tem a vantagem de fácil colocação, custo barato e não necessitar de anestesia. Desvantagens de necessitar da confirmação do exame radiográfico, dieta de alimento líquido somente, facilidade do paciente de retirar e incômodo.
Síndrome da Realimentação – Anorexia mais de 7 a 10 dias, ocorrendo baixa de K, hiperinsulinemia (K e P entrando em células). Sinais de encefalopatia, ataxia, arritmia, hipotensão e hipertensão.
Sonda Nasal – Em casos de paciente com edema pulmonar, hipoxia, síndrome braquicefálica, oxigênio e traumas (irá depender do caso). Sempre monitorar lactato, hipóxia, hemogasometria arterial, e realizar a limpeza eobservações intercorrentes com a sonda, sendo fácil do animal retirar.
Sonda Endotraqueal – Utilizada para reanimação cardio pulmonar (RCP), variando conforme tamanho do animal.
Demais Sondas – Drenos, esôfágicas, gástricas, jejunais e colono. São necessárias que sejam colocadas em ambiente cirúrgico e com anestesia.

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