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Patologias do Útero II: Nomenclatura: Revisão: - A parede do útero é formada por 3 camadas: 1) Endométrio ou mucosa uterina: epitélio colunar + glândulas tubulares simples + lâmina própria; 2) Miométrio: músculo liso; 3) Serosa ou adventícia: mesotélio ou tecido conjuntivo; - Durante a fase proliferativa/ lútea a camada funcional conta com a presença de glândulas tubulares e a camada basal conta com algumas glândulas arredondadas. Além disso há a produção e ação de progesterona que vai diminuir o corpo lúteo em corpo albicans; - A progesterona também bloqueia os receptores de estrogênio, fazendo com que não haja mais estímulos de crescimento no endométrio. Quando há a parada da proliferação, a progesterona faz com que ocorra estímulos para o amadurecimento das glândulas para que elas desempenhem suas funções e adquiram uma característica tortuosa; - O estrogênio faz com que ocorra o espessamento do endométrio; - A camada de músculo liso é bem espessa e resistente com fibras voltadas na mesma direção para que haja a possibilidade de resistência do útero e também durante a gravidez, há uma produção de colágeno pelas células musculares pois o tecido uterino vai ficando mais delgado conforme o crescimento do embrião; - Menstruação: dia 1; - Fase proliferativa: presença de estrógeno; - O que divide a fase proliferativa da secretora é a ovulação e a partir dessa há a liberação de progesterona que ativa as glândulas e reduz os receptores de estrógeno; A) Endométrio crescido e a camada muscular mais rosa abaixo. Glândulas da camada proliferativa estão tubulares e da camada basal estão arredondadas; B) Visão do epitélio colunar simples próximo ao lúmen e logo após a ovulação essas células começam a apresentar vacúolos (regiões brancas); C) Endométrio em fase lútea, devido a presença de glândulas com características tortuosas; D) Glândulas cheia de muco; Sangramento Uterino Disfuncional: - Identificar a idade da mulher que procurou ajuda: - Ciclo anovulatório: se não há ovulação não há a formação do corpo lúteo e não há progesterona para que ocorra a fase proliferativa e ativação das glândulas, fazendo com que ocorra uma hiperestimulação do endométrio pelo estrogênio; - Uma paciente menopausada: pode ter um sangramento anormal devido a atrofia do endométrio pois não há mais estrogênio para que ele se desenvolva ou pode ser alguma lesão anatômica (suspeita de neoplasia, pois aparecem em mulheres com idade mais avançada); - Hiperplasia fisiológica: durante a menstruação há um estímulo hormonal há um fator de crescimento que faz com que as células sofram hiperplasia e isso ocorre onde há um equilíbrio entre glândulas e estroma; - Hiperplasia patológica: Desbalanço entre glândulas e estroma. Muitas glândulas com padrão back to back e pouco estroma. Notam-se alterações nos núcleos das células colunares (núcleos aumentados e mais corados) e essas alterações são importantes para o desenvolvimento de um câncer; - Endocérvice: serve como barreira protetora para que não ocorra ascensão de patógenos; - No endocérvice, também há o muco que fecha o canal endocervical que garante a proteção da cavidade uterina; - Quando há a ascensão de microorganismos para a cavidade uterina, elas não se adaptam ao ambiente e há uma resposta inflamatória pelo reconhecimento de PAMPs e DAMPs. Se a paciente estiver grávida, essa resposta imune pode levar o organismo a entender que deve-se iniciar o trabalho de parto e pode promover um aborto ou um parto prematuro; Pólipos Endometriais: - Massas de células exofíticas de tamanhos variáveis que se projetam para a cavidade endometrial; - São, geralmente, sésseis: crescem na cavidade uterina e possuem ou não um pedúnculo. Possuem a capacidade de se exteriorizar e causa pequenas contrações uterinas, empurrando o pólipo para o canal endocervical; - Podem ser assintomáticos, porém ele pode causar um sangramento anormal pois causa pequenas ulcerações no tecido; - Há um maior crescimento da parte glandular em relação à parte estromal; - Pode haver algumas alterações cromossômicas das células endometriais e um acúmulo dessas mutações pode causar uma neoplasia; - Pólipos hiperplásicos: apresenta glândulas reativas ao estrogênio, então geralmente se encontra na fase fértil. Toda vez que a mulher libera estrogênio e este atua como fator de crescimento e estimula as glândulas; - Pólipos Atróficos: acontecem em mulheres menopausadas, pois não é causado por um estímulo hormonal. As células aumentam, sofrem hiperplasia porém não é causado por um estrogênio; OBS: - Um pólipo endometrial também pode ser desenvolvido em pacientes que possuíam câncer de mama e realizam o uso de tamoxifeno. Alguns tumores possuem receptores para estrógeno, portanto esse medicamento faz com que ocorra o bloqueio desses receptores, porém no útero as células colunares simples ficam mais expostas ao estrogênio e isso pode levar ao desenvolvimento de um pólipo; Hiperplasia Endometrial: - Aumento da proliferação das glândulas endometriais, resultando em uma desproporção entre glândulas e estroma (> glândula < estroma); - É uma importante causa de sangramento anormal; - Além da desproporção, ocorrem atipias nucleares que podem causar um acúmulo mutações, portanto é classificada como uma lesão precursora para neoplasias; - Endométrio está preenchendo a cavidade uterina devido ao estímulo hormonal; - O estrogênio é o fator de crescimento que faz com que ocorra a hiperplasia. Se o hormônio estiver em níveis normais há uma hiperplasia fisiológica, porém se há um desbalanço na quantidade de hormônio a hiperplasia se torna patológica; - Condições associadas: + Na obesidade o tecido adiposo produz aromatase que convertem hormônios em estrogênio e pode causar o acúmulo de estrogênio; + Menopausa; + Síndrome do ovário policístico (causa anovulação); + Administração prolongada de substâncias estrogênicas; + Função cortical ovariana excessiva; - Há a inativação de um gene supressor de tumor PTEN e a célula começa a se proliferar desgovernadamente; - Endométrio --- excesso de estrogênio --- hiperplasia --- acúmulo de atipias nucleares e mutações --- acúmulo de alterações cromossômicas e no gene PTEN --- a célula perde controle do ciclo celular --- proliferação excessiva, mesmo tendo algo de errado com a célula --- há o acúmulo de células errôneas --- precursoras de neoplasias; - Classificações OMS: 1) Hiperplasia não atípica: + Diferentemente da configuração normal há um desbalanço entre estroma e glândulas; + Aparenta muito um endométrio normal exceto pelo desbalanço; 2) Hiperplasia Atípica (NIE): + Há uma maior aglomeração glandular; + Núcleos esbranquiçados, cheio de vacúolos; + É de fato a lesão precursora de uma neoplasia; - A região da esquerda indica uma hiperplasia não atípica e o lado direito indica uma hiperplasia atípica; Tumores do Endométrio: Carcinoma Endometrial: - Câncer invasivo mais comum do trato genital feminino; - 7% de todos os cânceres invasores e mulheres; - Dividido em tipo I e tipo II; - Pode causar sintomas que não dizem respeito apenas ao TFI; - Pacientes obesas possuem um risco maior de desenvolvimento; - Tipo I (Endometrióide): + Entre 55-65 anos; + Tipo mais comum (> 80% dos casos); + Lesão precursora: hiperplasia endometrial; + Células bem diferenciadas: imita glândulas endometriais proliferativas (por isso endometrióide); + Mutações nas células endometriais: ● PTEN (supressor tumoral); ● PIK3CA (oncogene); ● ARID1A; + Há uma rápida invasão do miométrio (não é espesso) e pode acabar disseminando para outras regiões adjacentes; + Disseminação linfonodal e metástase no pulmão, fígado e outros órgãos; + Tumor polipóide localizado ou que infiltra difusamente o revestimento endometrial; - Tipo II (Seroso): + 15% dos casos de carcinoma endometrial; + Pouco diferenciados; + MUlheres 10 anos mais velhas (entre a 6a e 7a década de vida); + Lesão precursora: atrofia endometrial; + Subtipo mais comum é o carcinoma seroso (carcinoma de células clara e tumormulleriano misto); + Mutação no supressor tumoral TP53 em 90% dos casos; + úteros pequenos e atróficos; + Tumores grandes e volumosos ou invasivos para o miométrio; + Lesão precursora: células malignas idênticas às do carcinoma confinadas a superfície; + Grau III; + Aspectos Clínicos: ● 55-65 anos, após menopausa; ● Assintomático, sangramento irregular, leucorréia e aumento do útero; ● Prognóstico depende do subtipo e estadiamento; ● Carcinoma seroso mais comum em afrodescendentes; Tumores mistos: - Neoplasias incomuns; - Diferenciação epitelial e mesenquimal: - Tumor Mulleriano Misto Maligno: + A principal parte desse tumor é o carcinoma que expande mais rápido e causa mais metástases, enquanto o sarcoma pode formar diversos tipos de tecidos: fibrosos, cartilagem, ossos, gordura; + Mutações em PTEN, TP53 e PIK3CA; + Volumosos e polipóides; Tumores do Miométrio: Leiomioma: - Neoplasia uterina mais comum; - 75% das mulheres acima de 30 anos de idade; - Mais comum em negras; - Desde a adolescência até a menopausa; - Crescimento afetado por hormônios (células com receptores de estrogênio e progesterona); - Mutação no gene HMGA: alterações conformacionais no DNA favorecendo transcrição, replicação, recombinação e reparo; - Tumor firme, bem delimitado e de tamanho variável; - Classificação de acordo com a localização da camada em que se encontra: + Subseroso: abaixo da camada serosa (que envolve o útero externamente); + Intramural: dentro da parede; + Submucoso: abaixo da camada mucosa; - Clínica: + Pacientes geralmente são assintomáticos ou menorragia, dismenorréia e sensação de peso; + As manifestações clínicas dependem do número de tumores, localização e tamanho; + Pode causar incontinência ou constipação devido à compressão de estruturas; + Os submucosos causam contração uterina e são impulsionados e podem se projetar para fora do útero e serem eliminados pela vagina; Leiomiossarcoma: - 1-2% neoplasias malignas uterinas; - Mulheres acima de 50 anos; - Maioria intramural; - Maiores que os miomas, massa única com limites pouco definidos e coloração amarelo-acinzentado ou rósea; - Aberrações cromossômicas complexas; - Não possui um marcador específico;
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