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Comunicação e marketing em midias digitais DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL Ana Cristina Pinheiro DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 2 Direito do Consumidor e Propriedade Intelectual - Apostila Apresentação O cidadão é protegido por direitos garantidos constitucionalmente, assim como o consumidor e autor de obras possuem o agasalho jurídico e judicial que os ampara nos segmentos pessoais, acadêmicos e profissionais. O Direito permeia nossa vida por meio das diversas relações jurídicas firmadas em contratos previstos em nosso ordenamento jurídico, como uma espécie de negócios jurídicos. Neste sentido, todos os profissionais, inclusive os de comunicação em mídias digitais, devem ter uma noção básica não só dos seus direitos constitucionais, como também dos direitos contratual, consumerista, trabalhista, autoral e digital, de modo que possam exercer suas funções de maneira mais legítima, segura e contundente com o cuidado de estar agindo em conformidade com a lei. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Apresentar os direitos constitucionais garantidos na Lei Maior com vistas à proteção do direito contratual, consumerista, trabalhista e autoral; 2. Descrever e alertar sobre as práticas abusivas e ilícitas, como crimes virtuais e pirataria, praticados pela internet, que ocorrem no exercício da função na ótica do direito autoral; 3. Esclarecer detalhes sobre o marco civil da internet e sobre as licenças flexíveis que relativizaram os direitos autorais no Brasil e no mundo. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 3 Aula 1: Noções de Direito Constitucional Introdução Iniciaremos nossa primeira aula com uma pergunta: Neste exato momento em que você acessou o sistema para assistir a aula está ocorrendo uma relação jurídica? A resposta correta é sim, pois você assiste a esta aula por ter firmado contrato de prestação de serviços educacionais com a Estácio para se qualificar profissionalmente. Dessa maneira, você percebe que o Direito faz parte do seu cotidiano. Conhecer o Direito é imprescindível para efetivá-lo e para que a ordem seja mantida na sociedade. Para isso, é fundamental conhecer a Constituição Federal do Brasil, que serve de base para as demais leis. Você está familiarizado com os princípios e direitos fundamentais inerentes a todos nós, brasileiros e estrangeiros residentes, no Brasil? Você sabe quais são os princípios contratuais e os requisitos de validade que devem orientar a elaboração dos contratos? Saberia afirmar se é possível firmar um contrato via web? Nesta aula, estudaremos esses conceitos e, ao final, você será capaz de responder a todos esses questionamentos. Objetivo: 1. Analisar os princípios constitucionais e os direitos fundamentais dos cidadãos protegidos e assegurados na Constituição Federal, voltados para o direito à intimidade, à vida privada, à honra, à imagem das pessoas, à inviolabilidade de domicílio, de correspondência, direito à propriedade e os direitos autorais de obras artísticas, científicas e literárias; 2. Analisar os princípios contratuais e os requisitos de validade do contrato firmado para estabelecer as mais diversas relações jurídicas no cotidiano, incluindo o contrato via web. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 4 Conteúdo Constituição Federal A Constituição Federal é nossa Lei Maior e regula de forma genérica todos os demais direitos e nenhuma norma infraconstitucional pode ferir os princípios constitucionais. A atual Constituição é datada de 5 de outubro de 1988. Princípios básicos da Constituição Federal A Carta Magna tem a seguinte redação em seu Art. 1º: Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I. A soberania O Brasil é soberano para fazer cumprir as leis em seu território. II. A cidadania Promover o exercício dos direitos e deveres básicos do cidadão sejam eles sociais, civis e políticos. III. A dignidade da pessoa humana Valor moral, respeito e consideração por parte do Estado que deve ser oferecido ao cidadão, através das políticas públicas. IV. Os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 5 Proteção das leis trabalhistas e o incentivo à iniciativa privada na produção ou circulação de bens ou serviços, através da criação de empresas. V. O pluralismo político Assegurar a liberdade de expressão, manifestação e opinião, garantindo-se a participação do povo na formação da democracia do país. Princípios básicos da Constituição Federal O Governo é uno, único, separado em Poderes que representam a União, que são os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, cada qual com sua atribuição e função, conforme Art. 2º da Constituição Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. Poder Legislativo Propõe leis, emendas à Constituição, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções. Exercido pelo Congresso Nacional, composto pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. Poder Executivo Direção da administração federal. Sanciona, promulga e veta leis. Coloca programas de governo em prática. Exercido pelo Presidente da República, que também pode propor leis, e pelos Ministros de Estado. Poder Judiciário DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 6 Garante direitos e resolve conflitos entre cidadãos, entidades e Estado. Zela pelo cumprimento da Constituição e dá a palavra final em questões que envolvam suas normas. Exercido pelo Supremo Tribunal Federal, órgão máximo, e outros Tribunais. O STF é composto por onze Ministros escolhidos pelo Presidente da República. Muito se fala sobre os três poderes na política brasileira. Mas, afinal, o que é o poder executivo, legislativo e judiciário? Direitos fundamentais dos cidadãos Você conhece os direitos fundamentais assegurados na Constituição Federal? Eles estão protegidos e assegurados no art. 5º da Constituição Federal em seus 78 incisos e prevê em seu caput:Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Incisos I a LXXVIII. É importante destacar o princípio da igualdade (isonomia). [...] Todos são iguais perante a lei [...] Direitos fundamentais dos cidadãos ligados ao Direito Autoral Alguns dos Direitos Fundamentais dos cidadãos assegurados pelo Artigo 5º da Constituição Federal são inerentes ao Direito Autoral. Vejamos alguns incisos do Art. 5º destacados: DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 7 Inciso IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. Isso quer dizer que as pessoas podem expressar seus pensamentos e vontades, contudo devem assumir a autoria do que dizem e produzem. Inciso X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação. Isso quer dizer que ninguém tem o direito de invadir a privacidade de outra pessoa, seja por meio de ligação telefônica, publicação de fotos ou comentários sobre uma pessoa sem que esta tenha autorizado, cabendo indenização. No entanto, se for pessoa famosa ou local público, esse princípio fica mitigado, em razão do princípio de liberdade de expressão e do interesse social que se sobrepõe a esse. Inciso XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal. Esse inciso é regulamentado pela Lei nº 9.296, de 1996 (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9296.htm). Dessa maneira, assim como a correspondência e a conversa telefônica, o e-mail deve ser preservado, com exceções conforme veremos na próxima aula. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 8 Inciso XXII – é garantido o direito de propriedade. Trata de propriedade material, bens móveis ou imóveis, como casa, automóvel. Significa, também, propriedade imaterial ou intelectual, como livro, filme, música, foto, software. Inciso XXIII – a propriedade atenderá a sua função social. É interesse da coletividade. Existe a quebra de patente por interesse coletivo. Exemplo: O inventor de uma vacina contra o câncer pode registrar seu invento e estar protegido. No entanto, como é caso de interesse da coletividade, a patente será quebrada para que o governo utilize essa vacina, mas o seu direito como autor da obra e de receber pelo invento continua preservado, conforme veremos na aula 3, sobre direitos autorais. Inciso XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Como exemplo, podemos citar as obras de autores de livros e músicas que possuem o direito autoral, ou seja, de ter o nome na obra e de auferir os lucros advindos desta obra. Domínio Público A legislação brasileira dos direitos autorais (Lei 9.610/98) prevê que a regra geral para que as obras caiam em domínio público é de 70 anos após a morte do seu autor. Esse tempo começa a ser contado no dia 1 de janeiro do ano subsequente ao falecimento, obedecida a ordem sucessória da lei civil (descendentes, ascendentes, cônjuge e colaterais). Contudo, se não houver deixado sucessores, a obra cairá em domínio público na data do falecimento de seu autor. Exemplo: as obras de Noel Rosa caíram em domínio público em 2008. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 9 Uma obra em domínio público, em regra, não pode ser licenciada, mas há alternativas, como a licença CC, da organização Creative Commons, que sinaliza que o autor abriu mão de todos os direitos. Quando uma obra está em domínio público não é possível a recuperação dos direitos sobre a obra aos detentores. Nos Estados Unidos nada entrará em domínio público – pelo menos até 2019 – por causa de sucessivas mudanças na legislação, que ampliou para 95 anos o tempo para o domínio público. As obras de Walt Disney já teriam caído em domínio público se não tivesse ocorrido a mudança na lei. No caso de coautoria, quando a obra literária, artística ou científica for indivisível, o período previsto para o domínio público é de 70 anos após a morte do último coautor sobrevivente. Atenção Vejamos como a Constituição Federal garante os direitos concernentes às mídias e meios de imprensa. Art. 5º XXVIII – são assegurados, nos termos da lei: a) proteção às participações individuais em obras coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades desportivas; Art. 220 – A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição. § 1º – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 10 Atividade proposta Vamos fazer uma atividade! No final de um jogo de futebol no Maracanã, as câmeras de uma emissora de televisão focalizaram um casal feliz comemorando a vitória do seu time. A esposa do torcedor, que assistia ao jogo em casa, reconheceu o marido e pediu o divórcio. Há, no caso, violação ao direito de imagem? Pode o torcedor (marido) obter indenização a esse título da emissora de televisão? Explique de acordo com os princípios constitucionais. Chave de resposta: Embora a imagem seja resguardada pela Constituição Federal, não há violação ao direito de imagem, pois ele encontrava-se em local "público", utilizado amplamente pela mídia, através de emissoras de televisão. O direito de imagem, nesse caso, é mitigado pela liberdade de imprensa, pois todos que frequentam estádios de futebol sabem que podem ser filmados, sem que haja afronta à sua imagem. Ponderação de valores entre os princípios da honra e da imagem e da liberdade de imprensa garantidos constitucionalmente. Dos Contratos em Geral O contrato existente no Estado Liberal foi trilhado pela liberalidade da autonomia da vontade. Este período foi marcado pelo auge do individualismo, que limitava ao máximo a intervenção estatal nas relações privadas, elevando os acordos à categoria de lei, obrigando as partes a cumprirem o contratado (pacta sunt servanda). Agora vamos estudar alguns Artigos da Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil. Art. 421 A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 11 A função social do contrato acentua a diretriz de “sociedade de direito” e, por identificação dialética, guarda intimidade com o princípio da função social da propriedade, prevista na Constituição. Art. 422 Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé. O Princípio da probidade contempla honestidade, integridade, honra. O Princípio da boa-fé reflete uma regra de conduta e ética adequada, leal, honesta, orientadora da construção do Código Civil. Atenção De acordo com Alves (2014), em análise do artigo 421 do Código Civil Brasileiro, “[...] percebe-se, que a supremacia da vontade, obrigava as partes a cumprir o acordo por eles estabelecido, ainda que seu conteúdo estivesse moldado de forma viciada. A vontade das partes, elevada aostatus de lei, validava o acordo que empregava esse artifício, pois assim estabeleceram (e aceitaram) os contratantes”. Alves (2014) afirma que “[...] sobre o pretexto de liberdade, os grupos econômicos mais fortes se favoreciam em detrimento de outros, praticando a injustiça contratual”. Finaliza Alves (2014): “[...] A liberdade de contratar torna- se, então, um verdadeiro cárcere aos menos favorecidos, à medida que se tornam escassas suas opções de satisfação das suas necessidades, seja de trabalho, ou de consumo, senão através das grandes indústrias que se formavam, estabelecendo unilateralmente as condições dos contratos”. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 12 Interpretação dos contratos de adesão Sobre a interpretação dos contratos, vejamos o que diz o Art. 423 do Código Civil. Art. 423 do Código Civil: Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. O Art. 47 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) é mais amplo, pois estabelece que as cláusulas contratuais sejam interpretadas sempre de maneira mais favorável ao consumidor, independente de obscuridade ou ambiguidade da cláusula. Não existe um contrato de adesão, existem contratos celebrados por adesão, como os contratos com os bancos. O Código Civil não conceitua o contrato de adesão. O conceito está no CDC. Vejamos: Art. 54 do CDC: Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. O contrato de adesão não é uma espécie contratual propriamente dita, pois pode conter diversas modalidades obrigacionais. Segundo Marques (2011), é um método de contratação, cuja forma de aceitação de um dos contratantes ocorre com a simples adesão a um conteúdo preestabelecido pelo outro contratante. Proteção do aderente e validade do contrato O estipulante, por ter o poder de estabelecer unilateralmente as cláusulas contratuais, não pode impor ao aderente renúncia antecipada de direito decorrente das características essenciais do negócio que está celebrando. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 13 Segundo Tepedino (2006), “a jurisprudência brasileira tem levado à nulidade cláusulas que contrariem não só o conceito de natureza, mas ainda a finalidade econômica do contrato, principalmente quando tal renúncia atinja o cerne mesmo daquele pacto. A lógica de tais decisões não se limita às relações de consumo, ainda que este tenha sido o seu cenário original; afinal, como já visto, o Art. 422 também prescreve a necessidade de se preservar a boa-fé objetiva no âmbito dos contratos paritários”. As cláusulas abusivas são nulas (nulidade absoluta); isso não significa, porém, que necessariamente haverá nulidade de todo o contrato. Sobre a validade do negócio jurídico, vejamos o Art. 104 do Código Civil. A validade do negócio jurídico requer: I – agente capaz; II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III – forma prescrita ou não defesa em lei. De acordo com o artigo 104 do Código Civil, os sujeitos têm de ter capacidade civil (maiores de 18 anos), o objeto tem que ser lícito e a forma prescrita ou não proibida em lei. O contrato via web A contratação eletrônica segue os mesmos princípios legais existentes na formação de um contrato por escrito. O contrato formalizado por meio eletrônico é chamado de contratação a distância, que não possui a presença física simultânea das partes no mesmo lugar, e no qual as partes expressam seu consentimento quanto à origem e ao destino, por meio de equipamentos eletrônicos de processamento e armazenamento de dados conectados por meio de cabo, rádio, meios óticos ou eletromagnéticos. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 14 A forma mais conhecida de uma contratação eletrônica é aquela em que as partes em uma relação negocial utilizam computadores e redes de telecomunicação para emitirem suas declarações de vontade contratual, isto é, as ofertas e as aceitações contratuais. A celebração de um contrato eletrônico pode ocorrer por meio eletrônico de dados, como na hipótese em que os agentes manifestam suas vontades através do envio de mensagens ou e-mails, ou ainda, quando há manifestação de vontade de apenas uma das partes por meio eletrônico (e-mail) para receber o contrato físico posteriormente. O contrato será firmado e cumprido por meio digital quando o bem for digital, como músicas, toques de celular. Ocorrerá da mesma maneira se for moeda como cartão de crédito, débito automático, ou poderá ser o bem digital e o pagamento físico – cheque ou em banco. A emissão da aceitação contratual, que coincide com os termos da oferta também emitida por meios eletrônicos, caracteriza um contrato eletrônico. O critério utilizado pela lei é o da presença jurídica e não o da presença física, como se extrai do Art. 428, I do Código Civil, que considera presente a pessoa que utiliza telefone ou meio de comunicação semelhante para contratar. Assim é que presentes são aqueles em que a aceitação pode ser feita imediatamente à proposta. Se o contratante precisar de prazo para aceitar, a proposta será considerada entre ausentes. Segundo Gagliano e Pamplona Filho (2006), os contratos eletrônicos podem ser tanto entre presentes quanto entre ausentes: “nessa linha de raciocínio, poderemos considerar, entre presentes, o contrato celebrado eletronicamente em um chat (salas virtuais de comunicação), haja vista que as partes envolvidas mantêm contato direto entre si quando de sua formação, e, por outro lado, entre ausentes, aquele formado por meio de envio de mensagem eletrônica (e-mail), pois, nesse caso, medeia um lapso entre a emissão da oferta e a resposta”. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 15 A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online (em que há interação como Facebook e WhatsApp) é considerada como se a pessoa estivesse presente. Atividade proposta 2 Vamos fazer uma atividade! Anne, web designer em Curitiba, após troca de e-mails com informações sobre o seu serviço (via internet online) com Henrique (residente no Rio de Janeiro) apresenta-lhe online (também via internet/Facebook) proposta para criar uma fan page para sua empresa, indicando o preço e o tempo de entrega do serviço. Responda às questões abaixo: a) Pode-se afirmar que houve um contrato? Se afirmativa a resposta, qual tipo de contrato? b) A proposta feita online por Anne vincula? Justifique sua resposta e destaque, em caso afirmativo, o que significaria a obrigatoriedade da oferta. c) Em que momento poderia ser considerada aceita a proposta e formado finalmente o contrato? Chave de resposta: a) Sim, por meio do contato pela internet (contrato via web ou eletrônico). Contrato de prestação de serviços. b) Sim, vincula. Se contiver todos os elementos essenciais do negócio jurídico (sujeitos capazes, objeto lícito e forma prescrita em lei – Art. 104 do CC). c) A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet (interação online) é considerada como se a pessoa estivesse presente. Aprenda Mais Para saber mais sobre o que é uma República Federativa, acesse: http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_federal. http://pt.wikipedia.org/wiki/Rep%C3%BAblica_federal DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 16 Para saber mais sobre as licenças, acesse o site da Creative Commons (https://creativecommons.org/licenses/?lang=pt_BR). Referências ALVES, E. B. V. Uma análise do art. 421 do Código Civil Brasileiro. JurisWay. Disponível em: http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3830.Acesso em 25.05.2014 BRASIL. Código Civil e Constituição Federal – Tradicional, 65. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: Coleção Saraiva de legislação. São Paulo, 2014. GAGLIANO, P. S.; PAMPLONA FILHO, R. Novo curso de direito civil: contratos. Tomo I. São Paulo: Saraiva, 2006. MARQUES, C. L. Contratos no código de defesa do consumidor. 6. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. ____________. Contratos no Código de Defesa do Consumidor. Curitiba: Editora Revista dos Tribunais, 2011, p. 58. SOUZA, A. G. R. Contratos eletrônicos. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/24370/contratos-eletronicos. Acesso em 25.05.2014. TEPEDINO, G. (org). Código civil comentado: à luz da Constituição Federal. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. p. 31. https://creativecommons.org/licenses/?lang=pt_BR http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=3830 http://jus.com.br/artigos/24370/contratos-eletronicos DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 17 Exercícios de fixação Questão 1 Os princípios constitucionais estão previstos na Constituição Federal e todas as normas devem seguir orientação desses princípios, que são: a) Vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade. b) Soberania, cidadania, dignidade, valores sociais e pluralismo. c) Soberania, cidadania, vida, igualdade e liberdade. d) Vida, dignidade, cidadania, liberdade e igualdade. Questão 2 Correlacione a função exercida por cada um dos Poderes da União: 1. Poder Legislativo ( ) Aplica as leis e zela pelo cumprimento da Constituição. 2. Poder Executivo ( ) Elabora leis e emendas constitucionais. 3. Poder Judiciário ( ) Administra o país. Torna as leis vigentes. Questão 3 Os direitos fundamentais estão assegurados no art. 5º da Constituição Federal como invioláveis. São estes: a) Soberania, cidadania, dignidade, valor social e pluralismo. b) Soberania, cidadania, vida, liberdade e dignidade. c) Vida, liberdade, igualdade, cidadania e soberania. d) Vida, liberdade, igualdade, propriedade e segurança. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 18 Questão 4 Entre os direitos fundamentais protegidos no art. 5º da Constituição Federal e inerentes ao direito autoral assinale V para Verdadeiro ou F para Falso: ( ) É livre a manifestação de pensamento, sendo vedado o anonimato. ( ) São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas. ( ) É inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, mesmo por ordem judicial. ( ) Aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar. Questão 5 O art. 5º XXII garante o direito de propriedade seja material ou imaterial (intelectual). São exemplos de propriedade imaterial. Use V para Verdadeiro ou F para Falso: ( ) Automóvel ( ) Relógio ( ) Música ( ) Filme DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 19 Questão 6 O contrato existente no Estado liberal foi trilhado pela liberalidade da autonomia da vontade. Este período foi marcado pelo auge do individualismo, que limitava ao máximo a intervenção estatal nas relações privadas, elevando os acordos à categoria de lei, obrigando as partes a cumprirem o contratado (pacta sunt servanda). Esse termo significa que: a) Não há liberdade de contratar. b) O contrato não podia ser firmado no estado liberal. c) O contrato faz lei entre as partes. d) Havia intervenção estatal nos contratos. Questão 7 Analise a charge e assinale a opção correta: Fonte: http://funny-pictures.picphotos.net/ a) Não há possibilidade de cancelar, pois já manifestou a vontade ao assinar o contrato. b) Há possibilidade de cancelar porque o pacta sunt servanda (pacto que diz que o contrato faz lei entre as partes) não está mais vigendo. http://funny-pictures.picphotos.net/ DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 20 c) Não há possibilidade de cancelar, pois o pacta sunt servanda continua vigendo. d) Há possibilidade de cancelar, pois o pacta sunt servanda, embora ainda vigente, está flexibilizado, considerando as cláusulas abusivas que possam existir num contrato. Questão 8 O art. 422 do CC prevê que os contratantes são obrigados a guardar, tanto na conclusão do contrato quanto em sua execução, os princípios: a) Da probidade e da boa-fé. b) Da probidade e da função social do contrato. c) Da boa-fé e da função social do contrato. d) Da boa-fé e da dignidade. Questão 9 A respeito do contrato de adesão, assinale V para Verdadeiro e F para Falso: ( ) O Código Civil conceitua o contrato de adesão. ( ) Não existe um contrato de adesão, existem contratos celebrados por adesão, como os contratos de banco, por exemplo. ( ) O contrato de adesão não é uma espécie contratual propriamente dita. ( ) Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável a quem elaborou o contrato. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 21 Questão 10 A respeito dos contratos via web, também denominados eletrônicos, assinale a opção correta: a) A contratação eletrônica não segue os mesmos princípios legais existentes na formação de um contrato por escrito. b) A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online (em que há interação como Facebook e WhatsApp) é considerada como se a pessoa estivesse presente. c) É considerado entre presentes o contrato celebrado eletronicamente formado por meio de envio de mensagem eletrônica (e-mail). d) Quando a aceitação contratual emitida desse modo não coincide com os termos da oferta também emitida por meios eletrônicos. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 22 Notas Art. 428, I do Código Civil: Deixa de ser obrigatória a proposta: I – se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação semelhante. Art. 47 do Código de Defesa do Consumidor: As cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor. Pacta sunt servanda: Pacto mais antigo que existe. Significa que os contratos devem ser cumpridos. Esse pacto, embora ainda vigente, está flexibilizado, considerando as cláusulas abusivas que possam estar apostas num contrato. Trata-se de um princípio da força obrigatória dos contratos. No Estado liberal, esse princípio era tomado como absoluto. No entanto, na concepção atual do direito civil, à luz dos preceitos constitucionais vigentes e dos próprios princípios consagrados pelo CC/2002, tal princípio foi relativizado com vistas à melhor proteção da dignidade humana. Sujeitos: Estipulante – Detém o poder negocial. Aderente – Aceita cláusulas preestabelecidas, sem poder de alterá-las. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 23 Chaves de resposta Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - B Justificativa: De acordo com o art. 1º da Constituição Federal, a República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I – a soberania; II – a cidadania; III – a dignidade da pessoa humana; IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V – o pluralismo político. Questão 2 - C, A, B Justificativa: Poder Legislativo elabora leis e emendas constitucionais: apresenta projeto de lei, discute, vota e aprova. Em seguida, encaminha para a sanção, promulgação e publicação do Poder Executivo, que é o Poder que administra o país e torna as leis vigentes atravésda publicação no Diário Oficial. O Poder Judiciário aplica as leis e zela pelo fiel cumprimento da Constituição Federal. Questão 3 - D Justificativa: Art. 5º: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: Questão 4 - V, V, F, V Justificativa: A primeira alternativa é verdadeira porque cada pessoa pode manifestar seu pensamento, desde que se identifique; a segunda alternativa é verdadeira porque a intimidade e privacidade estão protegidas, pois uma pessoa não pode ter sua foto exibida sem que tenha autorizado, a não ser que esteja em local público; a terceira alternativa é falsa porque neste caso, salvo DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 24 por ordem judicial para esclarecimento de qualquer aspecto jurídico ou judicial, como por exemplo: pessoas que enviam e-mails ou postam no Facebook comentários racistas terão sua intimidade mitigada. A quarta alternativa é verdadeira porque o autor da obra possui todos os direitos após o registro, assim como seus herdeiros, seja por 20 anos por patente ou 70 anos de direito autoral. Questão 5 - F, F, V, V Justificativa: As primeira e segunda alternativa são falsas porque automóvel e relógio são bens móveis; a terceira alternativa é verdadeira, pois música é obra do espírito, criação, inspiração, dom; a quarta alternativa é verdadeira, pois filme é derivado do dom de criar, é inspiração, talento, criação. Questão 6 - C Justificativa: Trata-se de um princípio da força obrigatória dos contratos. No Estado liberal, esse princípio era tomado como absoluto. Questão 7 - D Justificativa: Embora se tratando de um princípio da força obrigatória dos contratos, na concepção atual do direito civil, à luz dos preceitos constitucionais vigentes e dos próprios princípios consagrados pelo CC/2002, tal princípio foi relativizado com vistas à melhor proteção da dignidade humana. Questão 8 - A Justificativa: Princípio da Probidade: honestidade, integridade, honra. Princípio da boa-fé: reflete uma regra de conduta e ética adequada, leal, honesta, orientadora da construção do Código Civil. Questão 9 - F, V, V, F Justificativa: O Código Civil NÃO conceitua o contrato de adesão. Quando houver no contrato de adesão cláusulas ambíguas ou contraditórias, dever-se-á adotar a interpretação mais favorável ao aderente. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 25 Questão 10 - B Justificativa: O artigo 428, I, CC considera presente a pessoa que utiliza telefone ou meio de comunicação semelhante para contratar. Assim é que presentes são aqueles em que a aceitação pode ser feita imediatamente à proposta. Se o contratante precisar de prazo para aceitar, a proposta será considerada entre ausentes. A aceitação deve ser imediata porque a proposta feita pela internet online (em que há interação como Facebook e WhatsApp) é considerada como se a pessoa estivesse presente. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 26 Conteudista Ana Cristina Augusto Pinheiro possui Graduação em Direito, Especialização em Direito Civil e Processo Civil e Mestrado em Direito (Direito do Estado e acesso à Justiça). Atualmente, é advogada, professora de Graduação em Direito, Graduação em EAD no curso de Marketing e Gestão Pública e Professora e Conteudista da Pós-Graduação no curso de Comunicação e Marketing em Mídias Digitais na Universidade Estácio de Sá. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3499122560523759 http://lattes.cnpq.br/3499122560523759 DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 1 Prezado aluno, Esta apostila é a versão estática, em formato .pdf, da disciplina online e contém todas as informações necessárias a quem deseja fazer uma leitura mais linear do conteúdo. Os termos e as expressões destacadas de laranja são definidos ao final da apostila em um conjunto organizado de texto denominado NOTAS. Nele, você encontrará explicações detalhadas, exemplos, biografias ou comentários a respeito de cada item. Além disso, há três caixas de destaque ao longo do conteúdo. A caixa de atenção é usada para enfatizar questões importantes e implica um momento de pausa para reflexão. Trata-se de pequenos trechos evidenciados devido a seu valor em relação à temática principal em discussão. A galeria de vídeos, por sua vez, aponta as produções audiovisuais que você deve assistir no ambiente online – aquelas que o ajudarão a refletir, de forma mais específica, sobre determinado conceito ou sobre algum tema abordado na disciplina. Se você quiser, poderá usar o QR Code para acessar essas produções audiovisuais, diretamente, a partir de seu dispositivo móvel. Por fim, na caixa de Aprenda mais, você encontrará indicações de materiais complementares – tais como obras renomadas da área de estudo, pesquisas, artigos, links etc. – para enriquecer seu conhecimento. Aliados ao conteúdo da disciplina, todos esses elementos foram planejados e organizados para tornar a aula mais interativa e servem de apoio a seu aprendizado! Bons estudos! DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 2 Introdução Nesta aula, iremos estudar o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e conhecer os direitos básicos do consumidor. Analisaremos casos em que produtos e serviços comprados causaram prejuízo ou insatisfação e observaremos quais deverão ser os procedimentos nesse caso. Identificaremos publicidade abusiva e propaganda enganosa. Veremos como o CDC protege as relações de consumo eletrônico. Descreveremos a norma que rege as leis do trabalho. Definiremos a diferença entre o trabalho presencial e o teletrabalho. Por fim, investigaremos se o monitoramento de seu e-mail corporativo é considerado invasão de privacidade, por parte de seu empregador. Objetivo: 1. Analisar a aplicação do Código de Defesa do Consumidor de maneira geral e no comércio eletrônico, os conceitos de consumidor e fornecedor, os direitos básicos do consumidor, a propaganda enganosa e a publicidade abusiva, os órgãos fiscalizadores de defesa do consumidor. 2. Compreender os conceitos relacionados às relações trabalhistas entre empregado e empregador, o e-mail funcional, o teletrabalho, a rescisão do trabalho e o sigilo profissional. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 3 Conteúdo Partes da relação comercial A Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990, estabeleceu o Código de Defesa do Consumidor (CDC) e surgiu em um momento de mudança na forma do consumo, em que havia a necessidade de uma legislação de defesa para a parte mais vulnerável na relação de comércio: o consumidor. O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor deve ser considerado fundamental para que tenhamos o equilíbrio entre consumidor e fornecedor. Vejamos o que enunciam os artigos do CDC sobre essas as partes da relação comercial: Consumidor O CDC foi criado para proteger o consumidor, considerando que “consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produtos ou serviços como destinatário final” (art.2º do CDC). Dessa maneira, consumidor é o que compra para uso próprio, não revendendo os produtos adquiridos, nem os transformando para a produção de outros produtos. Fornecedor O art. 3° expressa que fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. O conceito de consumidor vem sempre ligado ao conceito de fornecedor, como os dois lados de uma mesma moeda.Consumidor e fornecedor, como os define a lei, formam juntos o que se chama de relação de consumo. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 4 Produto O art. 3º, parágrafo 1º diz que produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Serviço O art. 3°, parágrafo 2° afirma que serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Atenção Além do consumidor padrão, ou standard, a lei define ainda três outros tipos de consumidores por equiparação. O objetivo dessa equiparação é o de permitir a defesa geral ou em bloco, de toda uma classe de consumidores. Vejamos os tipos de consumidores definidos na lei: • A coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que tenha participado de relações de consumo (art. 2º, parágrafo único do CDC). O art. 2º, parágrafo único, do CDC completa-se com o art. 81, que trata dos interesses difusos, interesses coletivos e interesses individuais homogêneos, que podem ser defendidos mediante ação civil pública. • As pessoas prejudicadas por danos causados por produtos ou serviços (art. 17, CDC). • As pessoas expostas a certas práticas comerciais previstas no CDC, como ofertas, publicidade, métodos abusivos, cobrança de dívida, banco de dados ou cadastro de consumidores (art. 29, CDC). DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 5 Direitos básicos do consumidor O CDC, no seu art. 6º, arrola uma série de direitos básicos do consumidor, como: • Proteção contra produtos e serviços perigosos ou nocivos; • Informação adequada sobre os produtos e serviços; • Proibição de publicidade enganosa e de práticas abusivas; • Reparação de danos; • Facilidades no âmbito judicial. Os direitos do consumidor constituem um direito difuso. Isso significa dizer que, o marketing globalmente considerado, pode ser suscetível de controle e fiscalização por toda a sociedade. Atenção No que se refere às facilidades judiciais, inclui-se a possibilidade de inversão do ônus da prova, ou seja, o fornecedor é que terá de provar que o reclamante não tem razão, ficando este dispensado da prova de suas alegações. A medida poderá ser adotada pelo Juiz, se for verossímil a alegação do reclamante, segundo as regras ordinárias de experiência, ou se ele for pobre (CDC, art. 6º, VIII). Os direitos básicos do consumidor, segundo o artigo 6º do CDC são: I – A proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II – A educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III – A informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 6 qualidade, tributos incidentes e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV – A proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; V – A modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI – A efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos; VII – O acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII – A facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; IX – (vetado); X – A adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Reparação de danos No caso de danos efetivos, causados por produtos ou serviços, os fornecedores respondem de modo objetivo, ou seja, devem indenizar o dano independentemente da prova de culpa. É o que se chama responsabilidade civil objetiva ou sem culpa. Essa hipótese refere-se aos danos oriundos de defeitos de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento do produto. Também abrange a responsabilidade por informações insuficientes ou inadequadas sobre a utilização e os riscos do produto (art. 12, CDC). Entretanto, o fabricante, o construtor, o produtor ou importador não poderá ser responsabilizado se provar que não colocou o produto no mercado, que o DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 7 defeito inexiste ou que houve culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (art. 12, § 3º, CDC). O comerciante passa a responder pelo produto quando não houver identificação clara do fabricante, construtor, produtor ou importador, e ainda no caso de conservação inadequada de produtos perecíveis (art. 13, CDC). Vamos ver um exemplo de informação inadequada? Um exemplo de informação errada é a confecção de rótulos ou bulas com letras tão minúsculas a ponto de serem praticamente ilegíveis, a não ser mediante o uso de lupa ou lente de aumento. Atenção Tratando-se de profissionais liberais, como médicos, engenheiros ou advogados, é necessária a prova da culpa (art. 14, § 4º, CDC). A indenização, além dos danos, abrange também as perdas e os lucros cessantes, uma vez que constituem modalidades de dano. A ação judicial prescreve em cinco anos, a partir do conhecimento do dano e de sua autoria (art. 27, CDC). Prazos de reclamação O consumidor tem noventa dias para reclamar dos produtos ou serviços duráveis, e trinta dias dos não duráveis, a partir da entrega (art. 26, CDC). No caso de defeito oculto ou de difícil constatação, conta-se o prazo a partir da verificação do defeito (art. 26, § 3º, CDC). Havendo garantia do fornecedor, o prazo é o da garantia, mais o prazo acima dado pela lei (art. 50, CDC). Os prazos referidos são de decadência que, ao contrário dos prazos de prescrição, não comportam interrupção nem suspensão. O CDC, porém, DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 8 quebrando a regra geral da matéria, prevê suspensão de decadência, obstando o decurso do prazo com a reclamação comprovada ou a instauração de inquérito civil (art. 26, § 2º, CDC), voltando o prazo a correr a partir da resposta negativa do fornecedor (art. 26, § 2º, I). A reclamação deve ser atendida em trinta dias. Não atendida no prazo, o consumidor pode exigir, à sua escolha, de acordo com os artigos 19 e 20, CDC: • Diminuição de preço; • Substituição do produto; • Devolução do dinheiro; • Complementação de peso ou medida; • Reparação do serviço. Observe, em síntese, os prazos de reclamação: Havendo reclamação comprovada ou inquérito civil, fica obstada a contagem do prazo, até o atendimento ou resposta negativa do fornecedor. Em relação às substituições e devoluções, clique aqui e leia o texto do art. 18 do CDC. O texto do artigo 18 do CDC é o seguinte: Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 9 valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadasas variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas. § 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha: I – A substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas condições de uso; II – A restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem prejuízo de eventuais perdas e danos; III – O abatimento proporcional do preço. Informação ao consumidor Conforme o art. 31 da Lei 8.078/90 (CDC), a oferta é toda informação ou publicidade suficientemente precisa, veiculada por qualquer forma ou meio de comunicação, com relação a produtos e serviços oferecidos ou apresentados. Há diferença entre publicidade e propaganda: Publicidade Tem objetivo comercial, próprio para anunciar produtos possíveis de negociação. Propaganda Possui um fim ideológico próprio para a propagação de princípios, ideias, teorias, com objetivo religioso, político ou cívico. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 10 Publicidade enganosa As práticas comerciais são regidas por leis com o objetivo de defender o consumidor. O art. 37 do CDC versa sobre a publicidade enganosa e a abusiva, que são duas atividades proibidas. Veja alguns exemplos: Estudo mostra que propaganda de alimentos para crianças contribui para obesidade infantil. Em 2013, uma rede de fast food foi multada por publicidade abusiva para crianças. Coca-Cola anunciou que não fará mais propaganda para menores de 12 anos. Em 2014, Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), publicou a resolução que indica o que é publicidade abusiva para crianças. Além disso, são proibidas práticas comerciais abusivas como condicionar a venda de um produto ou serviço não solicitado, recusar vender se houver estoque, enviar ou entregar produto ou serviço sem a solicitação prévia do consumidor, executar serviços sem autorização do cliente, entre outras hipóteses arroladas no art.39. Art. 37 – É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva. § 1° É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços. § 2° É abusiva, dentre outras a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança, desrespeita DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 11 valores ambientais, ou que seja capaz de induzir o consumidor a se comportar de forma prejudicial ou perigosa à sua saúde ou segurança. § 3° Para os efeitos deste código, a publicidade é enganosa por omissão quando deixar de informar sobre dado essencial do produto ou serviço. § 4° (vetado). Sanções penais O CDC estabelece uma série de sanções administrativas nas relações de consumo, sem prejuízo das de natureza civil ou penal, como: • Multa • Apreensão ou inutilização do produto • Cassação do registro do produto ou de licença do estabelecimento • Suspensão temporária de atividade • Interdição do estabelecimento • Imposição de contrapropaganda no caso de propaganda enganosa O CDC consigna, também, figuras relativas a crimes contra as relações de consumo, cabendo registrar ocorrência na Delegacia do Consumidor (Decon). Órgãos fiscalizadores e de defesa dos direitos do consumidor Existem instituições destinadas à fiscalização e à defesa dos direitos do consumidor, como o Procon, os Juizados Especiais e o Conar. Vejamos cada um em detalhes: Procon É uma fundação com personalidade jurídica de direito público, cujo objetivo é elaborar e executar a política estadual de proteção e defesa do consumidor. Pode ser estadual ou municipal e, segundo o artigo 105 da Lei 8.078/90 do CDC, é parte integrante do Sistema Nacional de Defesa do Consumidor. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 12 O órgão funciona como auxiliar do Poder Judiciário, tentando solucionar previamente os conflitos entre o consumidor e a empresa que vende um produto ou presta um serviço, e quando não há acordo, encaminha o caso para o Juizado Especial Cível com jurisdição sobre o local. Juizados Especiais Cíveis A Lei 9099/95 instituiu os Juizados Especiais no Brasil. Isso democratizou o acesso à Justiça para as causas de menor complexidade e até 40 salários mínimos, sendo que se o valor da causa não exceder a 20 salários mínimos, não necessita de representação de advogado. Essa lei proporcionou um avanço em relação às causas do consumidor, permitindo a busca pelos seus direitos de forma gratuita, célere e desburocratizada. Conar É uma ONG encarregada de fazer valer o Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária. A partir da denúncia, que pode ser de consumidores ou autoridades, o Conar recomenda aos veículos de comunicação a suspensão da exibição da peça ou sugere correções à propaganda. Pode, inclusive, advertir anunciante e agência, sendo capaz de adotar medida liminar de sustação no intervalo de algumas horas a partir do momento em que toma conhecimento da denúncia, aplicando as sanções cabíveis, que compreendem advertência, recomendação de sustação de divulgação do anúncio, recomendação de alteração ou correção e divulgação da posição da entidade. Vamos ver dois exemplos! Em 2011, o Conar julgou que uma propaganda do azeite Gallo permitia interpretações racistas e teria de ser alterado. Em 2013, uma empresa do Ceará retirou os anúncios antes da decisão final do Conar. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 13 Responsabilidade civil das agências de propaganda O marketing é a técnica utilizada para dinamizar e extrair o máximo de proveito do mercado. De acordo com Guimarães (2007), cabe às agências de publicidade: • Responder sobre sua atividade fim ao desenvolver algum tipo de publicidade; • Verificar a veracidade das informações fornecidas pelo anunciante. Desse modo, as agências de publicidade são as responsáveis, sob o comando do anunciante, por conferir licitude aos anúncios e comerciais. As feiras de negócio podem ser consideradas como um excelente ambiente de publicizar um produto. Ao usar a publicidade do tipo testemunhal de pessoa famosa dentro do ambiente da feira, a celebridade poderá ser responsabilizada por um produto que venha a causar danos às pessoas que lá experimentavam o produto. Esse tipo de dano é chamado de dano por equiparação. Nesse sentido, a celebridade que fizer anúncio publicitário poderá ser responsabilizada civil e criminalmente, tanto por infração contratual quanto extracontratual, caso alguém que faça uso normal e previsível de produto ou serviço sofra grave dano. O código de autorregulamentação publicitária recomenda que as agências façam sua identificação junto ao anúncio, estabelecendo que elas são corresponsáveis com o anunciante pela publicidade realizada e pela desobediência aos preceitos do Código (art. 45, b), bem como prevê no artigo 46 que qualquer pessoa que tenha participado do planejamento, da criação, execução e veiculação de um anúncio responde na medida de seus respectivos poderes. O art. 15 do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária afirma: Os padrões éticos de conduta estabelecidos neste Código devem ser respeitados por quantos estão envolvidos na atividade publicitária, sejam DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 14 anunciantes, agências de publicidade, veículos de divulgação, sejam publicitários, jornalistas e outros profissionais de comunicaçãoparticipantes do processo publicitário. Comércio eletrônico O desenvolvimento tecnológico tem possibilitado, nos últimos anos, a aparição de novos meios de informação que configuraram a chamada Sociedade da Informação. Os progressos da tecnologia têm-se manifestado no campo informático e consumerista, em razão do aumento progressivo do número de computadores pessoais e pelo acesso das pessoas à internet, difundindo as transações eletrônicas. Em 15 de março de 2013, Dia Mundial do Consumidor, o Governo Federal promulgou o Decreto nº 7.962 para regulamentar a Lei no 8.078/90 (CDC) sobre a contratação no comércio eletrônico. Veja a previsão de crescimento do comércio eletrônico em 2014. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 15 Adaptado de: http://www.manacacomunicacao.com.br/saiba-como-pegar- carona-no-crescimento-do-comercio-eletronico. Válido apenas para as aquisições efetivadas fora do estabelecimento comercial (internet, telefone etc.), o direito de arrependimento é um período concedido ao consumidor para que o mesmo possa refletir quanto à aquisição de produtos ou serviços. Inegavelmente, o consumidor que contrata pela internet encontra-se vulnerável por conta das técnicas de marketing que evoluíram tanto que conseguem convencer o consumidor a adquirir produtos pela facilidade de aquisição e de pagamento. O crescimento exponencial do comércio eletrônico condicionou a aplicação extensiva do CDC a essa nova modalidade de consumo, fazendo com que o consumidor passasse a ter mais segurança. Atenção O artigo 49 do CDC protege o consumidor na compra e afirma: O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio. Direito do Trabalho A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) regula as relações trabalhistas e define os conceitos de empregador e empregado conforme a seguir: http://www.manacacomunicacao.com.br/saiba-como-pegar-carona-no-crescimento-do-comercio-eletronico http://www.manacacomunicacao.com.br/saiba-como-pegar-carona-no-crescimento-do-comercio-eletronico DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 16 Empregador O art. 2º afirma que: Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviço. Empregado O art. 3º enuncia que: Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Parágrafo único – Não haverá distinções relativas à espécie de emprego e à condição de trabalhador, nem entre o trabalho intelectual, técnico e manual. Trabalho a distância O art. 6º da CLT regulamenta o trabalho a distância, conceitua e disciplina as relações de teletrabalho e dá outras providências. Esse artigo foi alterado pela Lei 12.551, de 15 de dezembro de 2011. Conforme enunciado da referida lei, seu objetivo é o de “equiparar os efeitos jurídicos da subordinação exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos”. São direitos do empregado teletrabalhador: • Igualdade de tratamento no que diz respeito à filiação sindical, participação na negociação coletiva, proteção à saúde, segurança social e estabilidade no emprego, além da garantia a não discriminação e acesso à qualificação e informação profissionais; • Proteção ao salário, férias e sua respectiva remuneração, gozo de feriados, licenças previstas na CLT e faltas por doença. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 17 O art. 6º da CLT afirma que: Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. E-mail corporativo O e-mail corporativo pode ser monitorado pela empresa, segundo entendimento da Justiça, não configurando violação de sigilo. As mensagens trocadas no e-mail corporativo são de interesse de todos os envolvidos no exercício da função na empresa. A legislação civil define que a empresa é responsável por atos praticados pelos profissionais, seja durante o trabalho ou por causa dele. O Código Civil de 2002 estabeleceu que o empregador responde pelos atos dos seus empregados, serviçais ou prepostos, desde que estejam no exercício do trabalho que lhes competir ou em razão dele (art. 932, III). O mesmo artigo prevê, ainda, que o empregador responde por tais atos, ainda que não haja culpa de sua parte. Se o conteúdo do correio eletrônico da empresa for utilizado de forma inadequada, com mensagens de conteúdo pornográfico, ilícito, a empresa tem legitimidade para estabelecer sanções administrativas como advertências, podendo até ocorrer demissão por justa causa. A empresa não pode vistoriar o conteúdo do e-mail particular ou pessoal do funcionário, ainda que o acesso tenha ocorrido durante a jornada de trabalho. As regras da empresa quanto ao uso do e-mail corporativo devem ser claras, bem como as consequências da inadequação de sua utilização para estabelecer as normas de ética e de conduta no trabalho. Clique aqui e veja um exemplo de decisão do Judiciário sobre uso do e-mail corporativo, na Súmula 126 do (Tribunal Superior do Trabalho (TST). DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 18 Súmula 126 do (Tribunal Superior do Trabalho (TST). [...] 6. A concessão, por parte do empregador, de caixa de e-mail a seus empregados em suas dependências tem por finalidade potencializar a agilização e eficiência de suas funções para o alcance do objeto social da empresa, o qual justifica a sua própria existência e deve estar no centro do interesse de todos aqueles que dela fazem parte, inclusive por meio do contrato de trabalho. [...] 8. Assim, se o empregado eventualmente se utiliza da caixa de e-mail corporativo para assuntos particulares, deve fazê-lo consciente de que o seu acesso pelo empregador não representa violação de suas correspondências pessoais, tampouco violação de sua privacidade ou intimidade, porque se trata de equipamento e tecnologia fornecidos pelo empregador para utilização no trabalho e para alcance das finalidades da empresa. Violação de segredo de empresa e sigilo de informação E se alguma informação da empresa vazar? De acordo com o art. 482 da CLT, se for comprovado o prejuízo para a empresa e a má-fé do empregado pode ocorrer demissão por justa causa por violação de segredo da empresa. A violação de segredo da empresa ocorre na hipótese de o empregado divulgar informações sigilosas sem a expressa autorização do empregador, em relação a tudo que é de conhecimento do empregado enquanto subordinado daquela empresa, que não faz parte do conhecimento público, como: • Projetos; • Patentes de invenção; • Fórmulas; • Métodos de execução; • Sites. O art. 482 afirma que: Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 19 a) Ato de improbidade; b) Incontinência de conduta ou mau procedimento; c) Negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) Condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenhahavido suspensão da execução da pena; e) Desídia no desempenho das respectivas funções; f) Embriaguez habitual ou em serviço; g) Violação de segredo da empresa; h) Ato de indisciplina ou de insubordinação; i) Abandono de emprego; j) Ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) Ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) Prática constante de jogos de azar. No caso de a empresa descobrir um medicamento adequado para a cura do câncer e o empregado divulgar, por uma questão humanitária e sociológica o ocorrido, não caracteriza, em tese, má-fé, assim como comentários sobre projetos futuros da empresa publicados em mídia impressa e digital. Caracteriza má-fé a intenção de prejudicar a empresa, a investigação de dados, arquivos, documentos, acessando e copiando arquivos do computador, e-mails particulares, em que o empregado investiga e toma conhecimento de algo, sobre o qual não deveria ter qualquer conhecimento. Há entendimento de que, mesmo que esse empregado não revele o que descobriu, ele já teria cometido a falta grave, pois teria praticado o ato de violação, perdendo a confiança depositada pelo empregador em sua pessoa. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 20 Atividade proposta Vamos fazer uma atividade! Antes de mais nada, responda: Você conhece alguém que já comprou algum produto impróprio para o consumo ou para o uso? O que essa pessoa fez ao constatar o problema? Procurou o fornecedor ou fabricante? Como foi o atendimento? Leia o artigo da Revista Veja: Consumidor mal-intencionado prejudica avanços no direito do consumidor (http://veja.abril.com.br/noticia/economia/pessoas- mal-intencionadas-prejudicam-avancos-do-direito-do-consumidor). Após a leitura do artigo, questione o que leva o cidadão a confiar em uma marca. O que você acha que compõe a credibilidade de determinada empresa? De que forma os poucos consumidores que tentam tirar vantagem de empresas criam obstáculos para a maioria que realmente precisa de uma solução para problemas com os fabricantes? Chave de resposta: No próprio artigo está a resposta: “Existem compradores que se aproveitam da pressão dos órgãos de defesa para tirar vantagem. E assim, entre o abuso e o despreparo, quem realmente precisa de uma solução acaba prejudicado. “O consumidor honesto, maioria esmagadora dos reclamantes, acaba pagando pelos 2% que são mau-caráter”, afirma Maurício Vargas, presidente do Reclame Aqui, que recebe cerca de 300 mil reclamações por mês de consumidores.” http://veja.abril.com.br/noticia/economia/pessoas-mal-intencionadas-prejudicam-avancos-do-direito-do-consumidor http://veja.abril.com.br/noticia/economia/pessoas-mal-intencionadas-prejudicam-avancos-do-direito-do-consumidor DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 21 Aprenda Mais Para saber mais sobre a inversão do ônus da prova do CDC, assista ao vídeo: Inversão do ônus da prova Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=SJMq3Iw2na0 Fonte: TV Justiça (http://www.youtube.com/user/TVJustica) Para saber mais sobre sigilo e segredo profissional, assista ao vídeo: Sigilo e segredo profissional Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=PLUfC0ZV1fw Fonte: TV Justiça (http://www.youtube.com/user/TVJustica) Para saber mais como comprar pela internet, acesse o texto: 8 dicas para comprar online com segurança Disponível em: http://daraujo.com/8-dicas-para-comprar-on-line-com- seguranca/ Para saber mais sobre instituições destinadas à fiscalização e à defesa dos direitos do consumidor, acesse os sites: • Conar (http://www.conar.org.br/) • Procon (http://www.procon.rj.gov.br) http://www.youtube.com/watch?v=SJMq3Iw2na0 http://www.youtube.com/user/TVJustica https://www.youtube.com/watch?v=PLUfC0ZV1fw http://www.youtube.com/user/TVJustica http://daraujo.com/8-dicas-para-comprar-on-line-com-seguranca/ http://daraujo.com/8-dicas-para-comprar-on-line-com-seguranca/ http://www.conar.org.br/ http://www.procon.rj.gov.br/ DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 22 Referências BRASIL. Código de Proteção e Defesa do Consumidor. 24. ed. Rio de Janeiro: Editora Saraiva, 2014. BRASIL. Código Civil e Constituição Federal. 65. ed. Tradicional. Rio de Janeiro: Editora Saraiva, 2014. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Rio de Janeiro: Coleção Saraiva de Legislação, 2014. GUIMARÃES, P. J. S. A Publicidade Ilícita e a Responsabilidade Civil das Celebridades que dela participam – v.16. 2. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007. MARQUES, C. L. Contratos no código de defesa do consumidor. 6ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 23 Exercícios de fixação Questão 1 O Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078 de 11 de setembro de 1990, surgiu no momento em que havia uma mudança na forma do consumo. Era necessária, portanto, uma legislação de defesa para a parte mais vulnerável na relação de consumo, que é o: a) Legislador b) Fornecedor c) Consumidor d) Comerciante Questão 2 Correlacione o conceito de cada um dos envolvidos na relação de consumo: 1. Consumidor ( ) é toda pessoa física ou jurídica, ..., que desenvolve atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. 2. Fornecedor ( ) é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. 3. Produto ( ) é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 4. Serviço ( ) é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 24 Questão 3 O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor é fundamental para que tenhamos o equilíbrio entre: a) Consumidor x legislador b) Consumidor x juiz c) Fornecedor x legislador d) Consumidor x fornecedor Questão 4 A respeito da propaganda enganosa e da publicidade abusiva, assinale V para Verdadeiro ou F para Falso: ( ) É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor. ( ) É abusiva a publicidade discriminatória de qualquer natureza, a que incite à violência, explore o medo ou a superstição, se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança. ( ) São órgãos fiscalizadores e de defesa dos direitos do consumidor o Procon, o Conar e os Juizados Especiais Cíveis. ( ) Uma celebridade contratada para divulgar um produto ou serviço não poderá ser responsabilizada civil e criminalmente, caso alguém que faça uso normal e previsível de produto que ele fizer anuncio publicitário vier a sofrer grave dano tanto por infração contratual quanto extracontratual. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 25 Questão 5 Rômulo, estudante do curso de MBA em Comunicação e Marketing em Mídias Digitais, adquire pelo comércio eletrônico (internet) um audiobook (livro em Cpara auxiliá-lo em seus estudos. Ao receber o livro, verifica que não contempla todos os temas que necessita. De acordo com o Código de Defesa do Consumidor: a) Rômulo não poderá devolver o produto, pois o mesmo não apresentou defeito. b) Como o contratode consumo fora concluído fora do estabelecimento comercial, Rômulo tem direito de arrependimento no prazo de 7 dias. c) O prazo de arrependimento é de 30 dias. d) Rômulo poderá apenas trocar o produto por outro, não tendo direito à restituição em dinheiro. Questão 6 A CLT é a Consolidação das Leis do Trabalho e regula a relação entre empregador e empregado. Assim, o conceito de empregado, segundo o art. 3º da referida lei é: a) Toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. b) Toda pessoa jurídica que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. Toda pessoa física que prestar serviços de natureza eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. c) Toda pessoa física que prestar serviços de natureza eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 26 d) Toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, não estando sob a dependência deste e mediante salário. Questão 7 O art. 6º regulamenta o trabalho à distância, conceitua e disciplina as relações de teletrabalho e dá outras providências. A respeito do teletrabalho marque a alternativa falsa. a) Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego. b) Por poder ser exercido em qualquer lugar, o teletrabalho aumenta a qualidade de vida e a produtividade. c) Entre os direitos do teletrabalhador há a proteção ao salário, férias e sua respectiva remuneração, gozo de feriados, licenças previstas na CLT e faltas por doença. d) Não estão garantidos ao empregado teletrabalhador a igualdade de tratamento no que diz respeito à filiação sindical, participação na negociação coletiva, proteção à saúde, segurança social e estabilidade no emprego, além da garantia à não discriminação e acesso à qualificação e informação profissionais. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 27 Questão 8 Em relação ao uso de e-mail corporativo, marque a alternativa verdadeira. a) As mensagens trocadas no e-mail corporativo devem ser de interesse pessoal e não de todos os envolvidos no exercício da função na empresa. b) O e-mail corporativo pode ser monitorado pela empresa, segundo entendimento da Justiça, não configurando violação de sigilo. c) Mesmo que o conteúdo do e-mail corporativo seja utilizado de forma inadequada, não pode ocorrer demissão por justa causa. d) A empresa pode vistoriar o conteúdo do e-mail particular ou pessoal do funcionário, quando o acesso tenha ocorrido durante a jornada de trabalho. Questão 9 A violação de segredo da empresa ocorre na hipótese do empregado, divulgar informações sigilosas, ou sem a expressa autorização do empregador, em relação a: projetos, patentes de invenção, fórmulas, métodos de execução, sites, enfim, tudo aquilo que é de conhecimento do empregado enquanto subordinado daquela empresa, que não faz parte do conhecimento público. A demissão por justa causa por violação de segredo da empresa ocorre se restar comprovado: a) O comentário despretensioso do empregado sobre o sistema de RH da empresa. b) O interesse público da violação do segredo pelo empregado. c) A conversa em uma roda de amigos do empregado sobre o projeto da empresa para o próximo semestre publicado nas mídias digitais. d) O prejuízo para a empresa e a má-fé do empregado. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 28 Questão 10 São direitos do empregado teletrabalhador: I. Igualdade de tratamento no que diz respeito à filiação sindical e participação na negociação coletiva. II. Proteção à saúde, segurança social e estabilidade no emprego. III. Garantia a não discriminação e acesso à qualificação e informação profissionais. IV. Proteção ao salário, férias e sua respectiva remuneração, gozo de feriados, licenças previstas na CLT e faltas por doença. a) I e II estão corretas. b) II e III estão corretas. c) II e IV estão corretas. d) todas estão corretas. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 29 Decon: Defesa do Consumidor é a Delegacia de Crimes contra o Consumidor e a Economia Popular. Trata de casos criminais quando o crime é previsto no Código de Defesa do Consumidor. O órgão não faz conciliações, apenas registra as ocorrências de crime contra o consumidor e contra a economia popular. Decreto: Decreto é um ato legislativo emanado do Poder Executivo. Assim, se algum assunto é objeto de um decreto, a norma não poderia inovar o ordenamento jurídico, criando direitos e deveres que não estivessem previstos em Lei. Direitos difusos: Direitos difusos são todos aqueles direitos que não podem ser atribuídos a um grupo específico de pessoas, pois dizem respeito a toda a sociedade. Fonte: http://portal.mj.gov.br Interesses coletivos: São os que abrangem grupos, categorias ou classes de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica-base (art.81, parágrafo único, CDC). Interesses difusos: São os que abrangem um grupo de pessoas indeterminadas, ligadas por uma circunstância de fato (art.81, parágrafo único, CDC). Interesses individuais homogêneos: São os decorrentes de origem comum (art.81, parágrafo único, CDC). Súmula: É a pacificação do entendimento do Tribunal sobre assuntos divergentes que não estão previstos na lei. O Judiciário, pela inércia do http://portal.mj.gov.br/ DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 30 Legislativo em adequar a lei ao caso concreto, toma decisões mediante petições dos cidadãos que necessitam de aparato jurídico e judicial para as mais diversas situações do cotidiano. DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 31 Aula 2 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: O reconhecimento da vulnerabilidade do consumidor, que é a parte mais fraca da relação deve ser considerado fundamental para que tenhamos o equilíbrio entre consumidor e fornecedor. Questão 2 - B, C, D, A Justificativa: Conforme o art. 2º do CDC, consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. O art. 3º conceitua fornecedor como toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolve atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços. O § 1º do art. 3º conceitua produto que é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial. Por fim, o § 2º do art. 3º conceitua serviço, que é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista. Questão 3 - D Justificativa: O fornecedor, parte mais forte da relação, sempre ditou as regras do mercado antes do advento do CDC (Código de Defesa do Consumidor) que reconhece o consumidor como a parte mais fraca estabelecendo esse equilíbrio. Questão 4 - V, V, V, F Justificativa: A primeira alternativa é verdadeira por causa do artigo 37, § 1º do CDC; a segunda alternativa é verdadeira por causa do artigo 37, § 2º do CDC; a terceira alternativa é verdadeira porque Procon é o Programa de Proteção e Defesa do Consumidor e tem por objetivo elaborar e executar a política DIREITO DO CONSUMIDOR E PROPRIEDADE INTELECTUAL 32 estadual de proteção e defesa do consumidor.
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