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Indaial – 2020 LegisLação MarítiMa, aduaneira e Portuária Prof. José Geraldo Lamim 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2020 Elaboração: Prof. José Geraldo Lamim Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: L231l Lamim, José Geraldo Legislação marítima, aduaneira e portuária. / José Geraldo Lamim. – Indaial: UNIASSELVI, 2020. 191 p.; il. ISBN 978-65-5663-062-5 1. Legislação marítima. – Brasil. 2. Legislação portuária. – Brasil. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. CDD 382.0981 aPresentação Prezado acadêmico! O comércio internacional brasileiro tem apresen- tado números expressivos de crescimento e desenvolvimento nestes últimos anos, transformando o país não apenas em uma nação exportadora de com- modities, mas também de uma ampla gama de produtos acabados, manufa- turados, com tecnologia e design que vem conquistando novos mercados e novos consumidores mais exigentes. Este crescimento no setor internacional, além de produtos, demanda também uma necessidade de mais profissionais preparados para atuar e auxi- liar as empresas nesta tarefa, nem sempre tão simples, pois exige conhecimen- tos e habilidades técnicas para proporcionar um assessoramento adequado às empresas e fazer que seus produtos sejam entregues aos mercados consumi- dores internacionais com qualidade, agilidade e dentro das rígidas normas de transporte e legislação nacional e internacional. Desta forma, caro acadêmico, na disciplina Legislação Marítima, Adu- aneira e Portuária, estudaremos os principais conceitos da legislação nacional e internacional, bem como seus órgãos reguladores com a finalidade de pro- porcionar os conhecimentos e habilidades necessárias para auxiliar as empre- sas em sua tarefa de explorar novos mercados ou ainda aumentar a sua parti- cipação de forma consistente nos países onde já possuem participação. A Unidade 1 explorará os conhecimentos relativos aos conceitos ini- ciais da Legislação Marítima, Aduaneira e Portuária, principalmente, a for- ma como a estrutura de comércio exterior nacional está formalizada. Com o aumento da participação das empresas brasileiras no mercado internacional, conforme comentado anteriormente, essa estrutura também vem se modifi- cando ao longo dos últimos anos para propiciar um maior controle e também segurança nas transações internacionais. O governo brasileiro através de sua equipe de comércio internacional, vem aprimorando e modernizando estes controles, através da informatização e também da reestruturação de seus ór- gãos intervenientes no comercio internacional. Estudaremos detalhadamente cada um destes órgãos e seu papel em fomentar e auxiliar de forma segura e consistente as empresas que já têm sua participação internacional ou aquelas que estão iniciando seus estudos para começar a exportar. Veremos também os conhecimentos relativos à classificação fiscal das mercadorias, sua finalida- de e particularidades, além de adquirir conhecimentos sobre contratos inter- nacionais de compra e venda. A partir da Unidade 2 e com os conhecimentos adquiridos anterior- mente, apresentaremos uma etapa de grande importância para que os futu- ros exportadores e importadores possam compreender melhor como funciona o controle aduaneiro exercido pelo Estado, bem como a sua importância no sentido de dar credibilidade e mais segurança as operações internacionais. Esta forma de controle foi estruturada de forma que todas as operações, in- dependentemente de tipo, tamanho de empresa ou local onde ela efetua suas operações, tenham um controle efetivo do governo, evitando, desta forma, as operações irregulares que prejudicam a imagem não somente do país, mas da comunidade empresarial. Estudaremos também os Regimes Aduaneiros Especiais e como podem ser utilizados para redução de carga tributária e faci- litação de algumas operações específicas, que podem proporcionar mais agi- lidade e redução no custo final do produto importado ou exportado. Além destes regimes, os aspectos sobre valoração aduaneira que são considerados principalmente para o cálculo dos produtos importados e como o governo determina a sua classificação fiscal. Na Unidade 3, nós trataremos especificamente da Legislação Marítima e Portuária. Estudaremos sobre a evolução histórica da exploração portuária e o importante papel de controle exercido pelo governo como regulador da infraestrutura aquaviária a qual interfere diretamente nas operações logísticas do comércio internacional. Os locais ou estruturas utilizadas na movimenta- ção de produtos destinados ao mercado internacional tem um funcionamento e uma regulamentação própria e como envolve movimentação de produtos e divisas, requerem também um controle específico, mesmo porque, todos os países que participam do comércio internacional, seguem regras rígidas de controle definidas pelos organismos reguladores internacionais. Boa leitura e bons estudos! Prof. José Geraldo Lamim Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE suMário UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA ................................................................................ 1 TÓPICO 1 — INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO ............................................................................................3 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3 2 INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO .............. 4 2.1 RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB) ...................................................................................... 5 2.1.2 Controle governamental ....................................................................................................... 7 2.2 SECEX – SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR ............................................................. 10 2.3 BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL .............................................................................. 11 2.4 MINISTÉRIO DAS RELAÇOES EXTERIORES – MRE ............................................................ 13 2.5 CAMEX – CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR ................................................................. 14 3 SISCOMEX .......................................................................................................................................... 16 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 24 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 25 TÓPICO 2 — CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS ................................................ 27 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 27 2 CONCEITO DE NOMENCLATURA ............................................................................................. 27 3 SISTEMA HARMÔNICO DE CODIFICAÇÃO/IDENTIFICAÇÃO DE MERCADORIAS 30 4 NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM) E OUTRAS ..................................... 34 4.1 NOMENCLATURA DE VALOR ADUANEIRO E ESTATÍSTICA (NVE) ............................ 36 4.2 NOMENCLATURA SIMPLIFICADA PARA A CLASSIFICAÇÃO DE MERCADORIA .. 37 4.3 PENALIDADES RELATIVAS À DESCRIÇÃO INCOMPLETA OU CLASSIFICAÇÃO INEXATA ...................................................................................................... 38 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 44 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 45 TÓPICO 3 —CONTRATOS INTERNACIONAIS: GARANTIAS, CONTRATOS DE COMPRA E VENDA .................................................................................................... 47 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 47 2 GARANTIAS ...................................................................................................................................... 47 3 CONTRATOS DE COMPRA E VENDA ....................................................................................... 49 3.1 CONTRATO DE COMPRA E VENDA INTERNACIONAL .................................................. 50 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 52 RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 55 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 56 UNIDADE 2 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA .............................................................................. 59 TÓPICO 1 — CONTROLE ADUANEIRO E JURISDIÇÃO ADUANEIRA .............................. 61 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 61 2 JURISDIÇÃO ADUANEIRA ........................................................................................................... 61 2.1 RECINTOS ALFANDEGADOS .................................................................................................. 64 2.1.1 Porto Seco .............................................................................................................................. 67 2.1.2 Controle aduaneiro de veículos ......................................................................................... 68 2.1.3 Controle aduaneiro de mercadorias e despacho aduaneiro .......................................... 69 2.1.4 Controle aduaneiro sobre importadores e exportadores ............................................... 70 RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 74 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 75 TÓPICO 2 — REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS................................................................... 77 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 77 2 ISENÇÃO DE IMPOSTOS .............................................................................................................. 78 3 IMUNIDADE ..................................................................................................................................... 79 4 ALÍQUOTA ZERO ............................................................................................................................. 80 5 EX-TARIFÁRIO .................................................................................................................................. 81 6 DRAWBACK ...................................................................................................................................... 82 6.1 DRAWBACK SUSPENSÃO ......................................................................................................... 83 6.2 DRAWBACK ISENÇÃO ............................................................................................................... 83 6.3 DRAWBACK RESTITUIÇÃO ...................................................................................................... 84 7 ENTREPOSTO ADUANEIRO ........................................................................................................ 84 7.1 OPERACIONALIZAÇÃO DO ENTREPOSTO ADUANEIRO .............................................. 85 8 ADMISSÃO TEMPORÁRIA ........................................................................................................... 85 9 EXPORTAÇÃO TEMPORÁRIA ...................................................................................................... 86 10 TRÂNSITO ADUANEIRO ............................................................................................................. 87 RESUMO DO TÓPICO 2..................................................................................................................... 92 AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 93 TÓPICO 3 —VALORAÇÃO ADUANEIRA ..................................................................................... 95 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95 2 HISTÓRICO ........................................................................................................................................ 95 3 PRINCÍPIOS DE VALORAÇÃO ADUANEIRA ........................................................................ 101 4 MÉTODOS DE VALORAÇÃO ADUANEIRA ........................................................................... 103 5 PARCELASACRESCIDAS AO VALOR ADUANEIRO .......................................................... 112 6 VALORES EXCLUÍDOS DO VALOR ADUANEIRO ............................................................... 113 7 NÃO APLICAÇÃO DO ACORDO DE VALORAÇÃO ADUANEIRA ................................. 113 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 115 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 123 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 124 UNIDADE 3 —LEGISLAÇÃO MARÍTIMA E PORTUÁRIA .................................................... 127 TÓPICO 1 —DOMÍNIO E REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO ................................................. 129 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 129 2 DOMÍNIO E REGULAÇÃO DO MONOPÓLIO ...................................................................... 130 2.1 DOMÍNIO PÚBLICO AQUAVIÁRIO ................................................................................... 131 2.2 NOÇÕES SOBRE PORTO ........................................................................................................ 132 2.3 TERMINAIS PORTUÁRIOS ................................................................................................... 133 RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 140 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 141 TÓPICO 2 — A REGULAÇÃO DA INFRAESTRUTURA AQUAVIÁRIA .............................. 143 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 143 2 AGÊNCIA NACIONAL DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – ANTAQ ......................... 143 3 CAP (CONSELHO DE AUTORIDADE PORTUÁRIA) ............................................................ 148 4 ÓRGÃO GESTOR DE MAO DE OBRA – OGMO .................................................................... 150 RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 155 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 156 TÓPICO 3 — DIAGNÓSTICO DA ESTRUTURA PORTUÁRIA ............................................. 157 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 157 2 A INFLUÊNCIA SINDICAL NA ATIVIDADE PORTUÁRIA ................................................ 157 3 FUNÇÕES DOS TRABALHADORES PORTUÁRIOS ............................................................ 170 LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 173 RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 175 AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 176 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 177 1 UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir do estudo desta unidade, você será capaz de: • conhecer quais são as instituições intervenientes no comércio exterior brasileiro; • perceber o papel que as instituições desemprenham na cadeia de exporta- ção e importação; • entender como funciona o Sistema de Comércio Exterior – SISCOMEX e como a implementação mudou a forma como exportadores e importado- res realizam suas operações; • entender como funciona o sistema de Classificação Fiscal e suas implica- ções na tributação dos produtos; • identificar quais são as garantias, direitos e deveres inerentes aos Contra- tos Internacionais. Esta unidade está dividida em três tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades que proporcionarão auxílio na aprendizagem e fixação dos conhecimentos adquiridos. TÓPICO 1 – INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO TÓPICO 2 – CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS TÓPICO 3 – CONTRATOS INTERNACIONAIS: GARANTIAS, CONTRATOS DE COMPRA E VENDA Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA 2 3 TÓPICO 1 — UNIDADE 1 INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO 1 INTRODUÇÃO A atividade de comércio internacional tem sido uma das responsáveis pelo crescimento econômico do país e também pela continuidade de várias em- presas, que visualizaram, na atividade internacional, uma grande oportunidade para enfrentar, não somente as crises do mercado doméstico, como também ex- pandir suas atividades e solidificar sua posição no mercado. Para que uma empresa possa ingressar nesse mercado com segurança, são imprescindíveis um planejamento e uma preparação adequada, pois o comércio internacional, difere em vários aspectos do mercado local. São muitas particulari- dades e controles a serem observados para que as operações internacionais gerem não somente lucro, mas também uma satisfação e um crescimento contínuo na atividade empresarial. A atividade internacional vem apresentando números robustos em ter- mos de crescimento das transações de compra e venda dos mais variados pro- dutos. Vale ressaltar que a evolução dos meios de comunicação, principalmente, a internet, abriu novas portas e novos leques para efetuar essas transações. Con- forme Barbosa (2004, p. 16), “o principal motivo que conduz uma empresa a se prepara para entrar na competição global seja justamente o de melhorar o seu desempenho geral e potencializar o seu crescimento”. Assim como no Brasil, os principais players do comércio internacional, adotam rígidos controles para controlar o fluxo contínuo financeiro e de merca- dorias que são negociadas todos os dias, ininterruptamente. Como estamos falando sobre comércio internacional como uma forma de estratégia das empresas para expansão de suas atividades, uma boa dica de leitura é o livro COMPETIÇÃO ON COMPETITION, Porter, Michael E. Capitulo 1. DICAS UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 4 Nesta primeira unidade, nós estudaremos mais detidamente a estrutura e os órgãos governamentais envolvidos nestes controles. É de fundamental impor- tância conhecer e saber a qual deles se reportar para verificar as particularidades dos produtos a serem importados ou exportados, evitando-se, desta forma, sur- presas desagradáveis que podem encarecer o custo da operação ou até inviabili- zar o negócio. Além desses órgãos, estudaremos também o sistema de classificação de mercadorias e como esta classificação influencia diretamente a identificação do produto e sua respectiva alíquota para tributação. Complementando os conhecimentos adquiridos, teremos também a opor- tunidade de conhecer um pouco dos aspectos relacionados aos contratos interna- cionais, responsabilidades, garantias e demais aspectos relacionados à compra e venda de produtos para o mercado externo. 2 INSTITUIÇÕES INTERVENIENTES NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASILEIRO Conforme comentamos anteriormente, o nosso país vem passando por profundas mudanças políticas e econômicas, principalmente, voltadas ao merca- do internacional. Com o recrudescimento do mercado doméstico, muitas empre- sas viramno mercado internacional grande oportunidade não somente para con- tinuar atuando no mercado, bem como expandir sua participação e conquistar novas fronteiras. Desta forma, a empresa consolida sua posição e adquire novos conhecimentos para aproveitar melhor sua estrutura e diversificar sua área de atuação. Para tanto, o conhecimento sobre o funcionamento da estrutura interna- cional e seus respectivos órgãos é imprescindível para o sucesso de suas opera- ções. O objetivo da gestão estratégica de uma empresa visa à maximização da rentabilidade do capital investido e à minimização dos riscos (LUDOVICO, 2007). A estrutura do comércio exterior brasileiro é descentralizada e formada por uma série de órgãos encarregados de definir as políticas e diretrizes para o desenvolvimento do comércio internacional. Cada um dos seus órgãos possui um papel bem definido e tem uma atuação bastante presente na área internacional. Assim, importadores e exportadores têm acesso à informação irrestrita e apoio a questões ligadas às áreas especificas em que atuam. Veremos, a seguir, quais são esses órgãos, suas atribuições, estrutura e como podem auxiliar nas tarefas de importação ou exportação de cada empresa, independentemente de produto, área de atuação, tamanho ou outros aspectos. TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 5 2.1 RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB) A Receita Federal do Brasil, além de exercer um papel fundamental no co- mércio exterior do país, tem como atribuição principal a fiscalização das importa- ções e exportações de mercadorias e também dos serviços, arrecadando os impos- tos e direitos aduaneiros incidentes sobre a entrada de mercadorias no País. Este órgão está presente em todo o território nacional, principalmente, nos locais ou re- cintos alfandegados, de que trataremos posteriormente, auxiliando, principalmen- te, no controle de entrada e saída de todos os produtos movimentados no território nacional. Desta forma, o órgão, além do controle, não só o garante, mas também a credibilidade necessária aos participantes da cadeia de comércio internacional. Além do território nacional, a Receita Federal brasileira também atua em conjunto com outros organismos fiscalizados internacionais como a OMA (Orga- nização Mundial das Aduanas) desempenhando um papel fundamental, princi- palmente, no combate ao contrabando e tráfico de drogas. Esta forma de cooperação garante ações e respostas mais rápidas ao com- bate dos ilícitos aduaneiros, não somente às questões de contrabando e drogas, mas também às operações de evasão de divisas que lesam o Estado. A Receita Federal também desempenha um importante papel na adminis- tração dos tributos de competência da União, notadamente sobre aqueles inciden- tes no comércio exterior, foco principal de nosso estudo. Tais tributos são essenciais para a arrecadação das contribuições sociais do Brasil, tendo em vista que o volume arrecadado representa uma parcela significativa do total arrecadado no país. Sua atuação também alcança o poder executivo federal, pois tem papel na formulação da política tributária brasileira. Quando pensamos em Receita Fede- ral, normalmente imaginamos apenas apreensão de mercadorias, contrabando e tráfico de drogas, entretanto, a Aduana tem um papel bem mais amplo, inclusive no combate ao descaminho, pirataria, fraude comercial, tráfico de pessoas e ani- mais e vários outros atos ilícitos voltados ao comércio internacional. Seguem as principais competências da Receita Federal (RECEITA, 2019, s.p.). • controle e administração dos tributos incidentes no mercado doméstico e também dos impostos devidos no comércio exterior, notadamente nas operações de importação; • gerenciamento, controle e execução dos processos e atividades que envolvem a área estratégica de arrecadação, lançamento de ofício, cobrança administrativa, fiscalização, pesquisa e investigação fiscal e controle da arrecadação administrada pelo Estado; • gerenciamento e execução dos serviços específicos de administração, fiscalização e controle da área aduaneira e internacional; • força tarefa para repressão aos ilícitos aduaneiros como descaminho, contrabando, tráfico de drogas e pessoas e, dentro do limite legal da sua alçada ou área de atuação; UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 6 • levantamento de dados para a preparação e o e julgamento, em primeira instância, dos processos administrativos de determinação e exigência de créditos tributários devidos a União; • estudos constantes e atualizados de forma cada vez mais dinâmica e informatizada para a interpretação, aplicação e elaboração de propostas para o aperfeiçoamento e modernização da legislação tributária e aduaneira federal; • apoio legal e administrativo para formulação de políticas tributárias e aduaneiras para direcionar ações gerenciais da área governamental; • formulação e apoio técnico e administrativo para dar subsídios à elaboração do orçamento de receitas oriundas da arrecadação e benefícios tributários da União concedidos as empresas participantes das atividades de comercio nacional e internacional; • aproximação e novas formas de buscas a interação e integração com o cidadão por meio dos novos e diversos canais de atendimento, presencial ou a distância através da web e aplicativos voltados as empresas e aos cidadãos em geral; • apoio às ações voltadas para a educação fiscal para o exercício da cidadania através de palestras e material divulgado principalmente via web para qualquer cidadão; • participação ativa na formulação e gestão da política de informações econômico-fiscais; • formulação de programas específicos para a promoção da integração com órgãos públicos e privados afins, melhorando e estreitando o seu relacionamento, mediante convênios para troca de informações, novos métodos e técnicas para uma ação fiscal mais eficiente, bem como a racionalização de atividades, inclusive com a delegação de competência; • participação e atuação na cooperação internacional e na negociação e implementação de acordos internacionais em matéria tributária e aduaneira através na participação de acordos de comércio internacional. Para que a Receita Federal possa desempenhar todos os papéis acima, é necessária uma estrutura organizacional bem completa e definida a fim de es- truturar de forma adequada todas as ações. Segue a estrutura organizacional da Receita Federal do Brasil: DICAS Assista ao vídeo intitulado: Receita Federal do Brasil – Vigilância aduaneira e repressão ao contrabando e descaminho. Acesse o link https://www.youtube.com/wat- ch?v=Afr5Ab97lYQ. TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 7 Conforme foi possível observar a Receita Federal tem um papel prepon- derante na fiscalização e arrecadação do país, contribuindo para que as operações efetuadas tenham credibilidade e segurança para todos. A seguir, falaremos a respeito dos aspectos ligados a necessidade de controle destas operações. 2.1.2 Controle governamental Conforme observamos até aqui, todas as operações que envolvem a troca de mercadoria alem das fronteiras nacionais, necessitam de um controle específi- co da área governamental, independente do país cuja operação está sendo efetu- ada, ou ainda, independentemente se for exportação ou importação. Ressaltamos que estes controles não são exclusivos do Brasil, sendo ado- tados também em qualquer outro país do mundo. Existem várias razões que determinam qual tipo de controle a ser aplicado a cada tipo de operação. A in- tervenção justifica-se por envolver deveres, obrigações e direitos de cada país, além da mera compra de um produto ou serviço quando é efetuado no mercado doméstico, por exemplo. Nas operações internacionais, cada país procura zelar não somente pelo controle de suas fronteiras, mas também por outros interesses estratégicos que gravitam ao redor do universo das compras e vendas no mercadoexterno. Segundo Bizelli (2006, p. 15), basicamente, o controle destas operações é efetuado levando-se em conta os seguintes fatores: Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais que possuem o código QR Code, que é um código que permite que você acesse um conteúdo interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar mais essa facilidade para aprimorar seus estudos! UNI UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 8 a) Arrecadação tributária: o II é o responsável pela principal fonte de arrecadação de impostos incidentes sobre as importações, onerando a entrada de mercadorias estrangeiras em território nacional. b) Prevenção da evasão de divisas: controle de preços para inibir ações fraudulentas, interposição fraudulenta, sub faturamento, super faturamento e outras práticas desleais utilizadas para dificultar a ação da fiscalização do Estado com o intuito de burlar as leis e regras do sistema tributário e financeiro nacional. c) Equilíbrio da balança comercial: equalizar o equilíbrio das entradas e saídas de mercadorias e recursos com a finalidade de promover o desenvolvimento sustentável da nação, levando-se em consideração fatores como renovação do parque industrial, necessidades industriais de compra de matérias-primas ou aquelas voltadas a execução de projetos governamentais. d) Concorrência com similares estrangeiros: objetivo de preservar a industria nacional e o pleno emprego, proporcionando as empresas, igualdade de condições para competir com produtos importados de baixissimo custo ou práticas desleais que mascaram os valores importados. Nos últimos anos, a Receita Federal também vem se preparando para de- sempenhar novos papéis na sociedade, com o aumento das operações internacio- nais, novas demandas surgiram no cenário econômico nacional e internacional e como um órgão de extrema importância como este, existe a necessidade de se adaptar as novas demandas sociais e também se modernizar para exercer melhor o seu papel de controle. O controle fiscal se pauta pelo controle da arrecadação tributária com o objetivo de financiar o funcionamento do Estado. O foco do controle fiscal é a obtenção de receitas públicas. Considerando então que o controle aduaneiro e o controle fiscal têm objetivos distintos, sendo as vezes, conflitantes, há aqueles que defendem a existência de dois órgãos, retirando-se da Receita Federal o controle aduaneiro. Atualmente, no entanto, prevalece a decisão política de concentração dos controles em uma única instituição (LUZ, 2012, p. 80). Dessa forma, através de uma modernização constante, não somente dos meios informatizados de controle, mas também de várias ações voltadas ao pre- paro de seus profissionais, a RFB vem se estruturando também para combater novos desafios no comércio internacional, tais como: - Aumento das ameaças transnacionais; - Expansão do terrorismo mundial; - Aumento do crime organizado; - Necessidade de maior fiscalização para proteção ambiental; - Ameaças à segurança nacional e maior proteção as áreas de fronteira. Estes são apenas alguns dos novos desafios da Aduana moderna para au- xiliar o país no crescimento e desenvolvimento internacional, sem, no entanto, tornar as operações lentas demais, atrapalhando o desempenho das empresas. Buscar o equilíbrio entre fiscalização e desenvolvimento internacional não é tão simples, mas através de novas ações e investimentos em tecnologia, a aduana TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 9 nacional vem se preparando adequadamente para estes novos desafios, com agi- lidade e segurança a todos os envolvidos na cadeia de comércio internacional. Algumas ações que estão sendo tomadas ao longo destes últimos anos para auxiliar nas tarefas da Aduana: - Modernização dos sistemas informatizados como o SISCOMEX importação e exportação; - Participação mais ativa em acordos internacionais e de cooperação aduaneira mundial; - Adesão a convenções internacionais; - Harmonização e simplificação da legislação aduaneira; - Desenvolvimento do modelo OEA (Operador Econômico Autorizado) através de critérios de reconhecimento mútuo internacional (análise de risco das operações); - Modernização de instalações, veículos e equipamentos; - Aprimoramento dos requisitos de segurança em locais alfandegados. O controle governamental, realizado através de sua estrutura de fiscali- zação é fundamental para o desenvolvimento da qualquer nação, pois, através deste controle, é que o Estado não somente efetua a arrecadação de impostos, mas também regulamenta toda a cadeia envolvida no processo. A seguir, estudaremos a respeito de outro órgão extremamente importan- te na área internacional. NOTA A Secretaria da Receita Federal do Brasil é um órgão específico, singular, subordinado ao Ministério da Economia, exercendo funções essenciais para que o Estado possa cumprir seus objetivos. É responsável pela administração dos tributos de com- petência da União, inclusive os previdenciários, e aqueles incidentes sobre o comércio exterior, abrangendo parte significativa das contribuições sociais do País. Também subsidia o Poder Executivo Federal na formulação da política tributária brasileira, previne e combate à sonegação fiscal, o contrabando, o descaminho, a pirataria, a fraude comercial, o tráfico de drogas e de animais em extinção e outros atos ilícitos relacionados ao comércio internacional. FONTE: <http://receita.economia.gov.br/sobre/institucional>. Acesso em: 16 nov. 2019. UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 10 2.2 SECEX – SECRETARIA DE COMÉRCIO EXTERIOR A SECEX tem como principal função assessorar e dar suporte ao MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio) na condução das políti- cas de comércio exterior, nas áreas de importação e exportação. É o órgão estraté- gico do Ministério tendo como papel fundamental a gestão do controle comercial. A SECEX normatiza, supervisiona, orienta, planeja, controla e avalia as ativida- des de comércio exterior. Suas ações estão alinhadas com as normas e diretrizes da Camex (Câmara de Comércio Exterior e do MDIC. Entre os seus principais objetivos, podemos destacar (SISCOMEX, 2019): 1. Sugerir medidas de políticas fiscais e cambiais, de financiamento, de seguro, de transporte e fretes e de promoção comercial, ou seja, apresentar sugestões para incrementar e facilitar a participação de empresas brasileiras no comércio internacional. 2. Participar das negociações e representar o governo brasileiro em acordos ou convênios internacionais relacionados ao comércio exterior, defendendo os interesses comerciais do país nestas negociações. 3. Planejar e elaborar novas propostas de políticas de comércio exterior e estabelecer não somente as normas, bem como as diretrizes e instrumentos legais necessárias a sua implementação. 4. Após a etapa de planejamento, auxiliar a implementar os mecanismos de defesa comercial e apoiar os exportadores que são submetidos a processos de investigação de defesa comercial no exterior, auxiliando juridicamente e representando o governo nestas demandas. Conforme se encontra estruturado nos órgãos de gestão do comércio exterior nacional, é possível identificar que a SECEX é um dos principais órgãos ligados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, desempenhando um papel preponderante no gerenciamento e monitoramento do comércio internacional, ou seja, é um órgão que está à frente das decisões e políticas voltadas à área internacional. A estrutura organizacional da SECEX está dividida, basicamente em quatro departamentos de apoio e controle: ECEX, DEINT, DECOM e DEPLA. TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA,ADUANEIRA E PORTUÁRIA 11 Analisando melhor cada um dos órgãos acima, teremos: a) DECEX (Departamento de Comércio Exterior) – Concentra e centraliza toda a parte operacional da SECEX. Tem como função principal, a elaboração e implementação dos dispositivos legais, inerentes ao aspecto comercial das diversas fases, do comércio exterior brasileiro. Suas atribuições, entre outras, contemplam o licenciamento de mercadorias importação e exportação, além da gestão do Sistema Brasileiro de Comércio Exterior (SISCOMEX). b) DEINT (Departamento de Negociações Internacionais) – Orienta e coordena os trabalhos de negociações e participações internacionais brasileiras a qual o Brasil participa. c) DECOM (Departamento de Defesa Comercial) – Efetua o monitoramento das operações efetuadas pelas empresas participantes do mercado internacional, principalmente aquelas voltadas a importação e que podem configurar em operações prejudiciais não somente as empresas brasileiras, bem como aos seus produtos. O DECOM também fica encarregado de monitorar os processos contra empresas nacionais que podem ser iniciados na comunidade internacional por práticas ilícitas. Desta forma, este órgão fornece o suporte necessário, assistência e assessoria jurídica quando necessário. d) DEPLA (Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior) – O DEPLA é um órgão encarregado de incentivar e promover a criação de ações que possam desenvolver o cenário de comércio exterior nacional através de programas específicos para a área internacional. Este departamento é responsável pela coleta, análise e sistematização dos dados e informações estatísticas. A partir da análise destes dados, são apresentadas as propostas objetivando a formulação de políticas específicas para o desenvolvimento de do comércio exterior brasileiro. Conforme observamos acima, o Secex é um braço importante do MDIC, auxiliando isoladamente ou em conjunto com outros órgãos a formular, controlar e sinalizar com novas políticas voltadas ao desenvolvimento da área internacional. O próximo integrante da estrutura de comércio exterior nacional monitora especificamente assuntos ligados à área financeira internacional. A seguir, vamos aprender um pouco sobre o papel do BACEN. 2.3 BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL Conforme descrito no site do Bacen (BACEN, 2019), o Banco Central do Brasil foi criado pela Lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964. É o principal órgão executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e também responsável por garantir o poder de compra da moeda nacional, proporcionando liquidez e segurança e tranquilidade aos mercados financeiros. Seus principais objetivos são: - Se propõe a zelar e resguardar pela adequada liquidez da economia nacional. - Controlar e manter as reservas internacionais em nível adequado, servindo como UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 12 base de decisões estratégicas governamentais na área econômico-financeira. - Traçar estratégias adequadas para estimular a população visando à formação de uma cultura poupadora. - Monitorar constantemente e preservar a estabilidade do sistema financeiro, bem como aperfeiçoar frequentemente este sistema. Dentre suas várias atribuições, podemos destacar: - Controlar e emitir papel-moeda e moeda metálica. - Coordenar e executar os serviços do meio circulante. - Administrar e receber recolhimentos compulsórios e voluntários das institui- ções financeiras e bancárias. - Operacionalizar as operações de redesconto, além de empréstimos as institui- ções financeiras que estejam em dificuldade momentânea. - Controlar e regulamentar a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis utilizados no meio financeiro. - Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais. - Coordenar e exercer o controle de crédito. - Possui autonomia para exercer a fiscalização das instituições financeiras, assim como impor sansões em caso de descumprimento das regras do sistema finan- ceiro nacional. - Análise e autorização ou não para o funcionamento das instituições financeiras. - Determina as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições financeiras, através de uma análise detalhada do perfil dos gestores candidatos a estes cargos. - Exerce uma espécie de vigilância sobre as possíveis interferências de outras em- presas nos mercados financeiros e de capitais. - Monitora e controlar o fluxo de capitais estrangeiros no país com o intuito de evitar grandes flutuações neste mercado. A sede do BACEN está localizada em Brasília, capital do País, além de pos- suir representações nas capitais dos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará e Pará. Conforme descrito acima, o Banco Central tem um papel fundamental no controle monetário do País, sua atuação tem ampla e total influência no mercado financeiro nacional, além de ser responsável por manter estável e controlar toda a economia nacional. Este órgão também tem como função promover o desenvol- vimento econômico e sustentável através de esforços para melhor distribuição de renda na nação. Resumidamente falando, caro acadêmico, o Banco Central tem amplos po- deres no sistema financeiro e tem a responsabilidade de colocar em prática todas as determinações baixadas pelo Conselho Monetário Nacional e desta forma pode interferir de maneira controlada no sistema financeiro nacional. Finalmente, o BACEN tem papel preponderante no mercado cambial, pro- TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 13 porcionando estabilidade relativa as taxas de câmbio e do equilíbrio no balanço de pagamentos. Pode comprar e vender moeda estrangeira e realizar operações de crédito no exterior, atuando principalmente em períodos de crise quando o dólar pode apresentar uma alta significativa e através da atuação do Bacen, nestes perío- dos, é possível frear uma possível escalada de aumentos da moeda americana. NOTA Novas notas e moedas são colocadas em circulação de acordo com o cresci- mento do meio circulante (do dinheiro vivo) no país, acompanhando a evolução da econo- mia, dos preços, as mudanças no comportamento da população e o aumento do volume de saques. Além disso, é preciso substituir as cédulas e moedas que são inutilizadas por se encontrarem muito desgastadas ou avariadas. FONTE: <https://bit.ly/32rKLHV>. Acesso em: 16 nov. 2019. Seguindo com o estudo dos órgãos participantes da cadeia de comércio exterior brasileiro, falaremos, a seguir, sobre o Ministério das relações Exteriores e seu papel no apoio aos exportadores e importadores. 2.4 MINISTÉRIO DAS RELAÇOES EXTERIORES – MRE Promove as exportações brasileiras, mantendo um cadastro de expor- tadores brasileiros e importadores estrangeiros, encarregando-se dos estudos e pesquisas sobre mercados externos e intercâmbio comercial brasileiro. Divulga oportunidades comerciais para o Brasil, organiza feiras e promove a vinda ao nosso país de importadores estrangeiros. I- Assuntos ligados à Política internacional; II- Relações diplomáticas Além das atribuições acima, o MRE responsável por estabelecer e manter relações diplomáticas com Estados e organismos internacionais. De acordo com Artigo 33 do Decreto nº 4118/02, (MRE, 2019), as áreas de competência do Ministério das Relações Exteriores são as seguintes e serviços consulares inerentes à atividade internacional: III- Atuar de forma a promover novos negócios através da participação nas negociações comerciais, econômicas, técnicas e culturais com governos e entidades estrangeiras em qualquer região do mundo. IV- Participar ativamente de Programas de cooperação internacional que facilitam as negociações e fomentam negócios. UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 14 V- Prestar um papel de amplo apoio a delegações, missões empresariais,comi- tivas e representações brasileiras em agências e organismos internacionais e multilaterais. O Ministério das Relações Exteriores, apesar de não possuir um papel muito amplo dentro dos demais órgãos da cadeia internacional, presta um gran- de serviço de apoio às empresas que queiram participar do comércio internacio- nal, quer seja através do suporte a feiras e outras ou ainda estreitando os laços comerciais e promovendo a aproximação com outras nações. A seguir, iremos discorrer sobre outro órgão extremamente importante na cadeia de comércio internacional, o CAMEX, sua importância e atuação no controle e regulamentação desta atividade. 2.5 CAMEX – CÂMARA DE COMÉRCIO EXTERIOR A Câmara de Comércio Exterior – Camex, do Ministério da Economia – tem como principal objetivo a regulamentação, formulação, a adoção, a im- plementação e a coordenação de políticas e de atividades relativas ao comércio exterior de bens e serviços, incluído a área de turismo internacional, com vistas a promover o comércio exterior, os investimentos e a competitividade internacional do País. Segundo a Lei nº 13.844, de 2019 e o Decreto nº 4.732, de 2003 (CAMEX 2019). Este órgão tem uma atuação relevante em toda a cadeira de comércio exte- rior como veremos a seguir, inclusive no que tange aos assuntos ligados à tribu- tação dos produtos importados, o que influencia diretamente no funcionamento das empresas brasileiras, mesmo aquelas que não têm sua atividade diretamente ligada ao comércio exterior. A Câmara de Comércio Exterior é formada por diversos órgão que tem um papel bastante definido dentro desta estrutura comercial internacional e prestam suporte administrativo nas mais variadas áreas do comércio exterior. “Segundo o art. 5 do Decreto nº 1386/85, que lançou a Camex, a criação, por parte dos Ór- gãos da Administração Federal, de qualquer exigência administrativa, registros, controles diretos ou indiretos sobre as operações de comércio exterior fica sujeita à prévia aprovação da Câmara de Comércio Exterior” (VAZQUEZ, 2002, p. 25). De acordo com a Resolução nº 7, de 22 de fevereiro de 2018 (CAMEX, 2019) a Câmara de Comércio Exterior é composta pelos seguintes órgãos: • Conselho de Ministros da Camex (órgão deliberador e que formaliza as decisões. • Comitê executivo de gestão, denominado de Gecex. • Secretaria Executiva para apoio aos demais órgãos. • Conselho consultivo do setor privado ou Conex. • Comitê de financiamento e garantia das exportações – Cofig, o qual viabiliza o acesso ao crédito para os exportadores. TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 15 • Comitê nacional de facilitação de comercio – Confac, implementando novas políticas e soluções para a viabilidade dos negócios internacionais. • Comitê nacional de investimentos – Coninv, para captar recursos que serão posteriormente utilizados no desenvolvimento de novos projetos. • Comitê nacional de promoção comercial – Copcom que atua nas diversas áreas internacionais para a promoção do comércio exterior. Quanto a sua atuação, abrangência e importância, veremos a seguir as principais atribuições deste órgão: I- coordenar e definir a pauta relativa as diretrizes e procedimentos para imple- mentação de uma política de comércio exterior que promova a devida inser- ção do país na economia e comércio internacional; II- promover a coordenação e orientação entre os diversos órgão, conforme já vimos anteriormente, que possuam as competências necessárias para atuar nas diversas áreas internacionais; III- dentro de sua participação nas atividades de exportação e importação, divulgar e organizar as diretrizes e orientações sobre normas e procedimentos, para diversos temas estritamente ligados a área internacional, dentro, é claro, de suas restrições legais (disponível em Resolução nº 7, de 22 de fevereiro de 2018 (CAMEX, 2019): • Promover a racionalização, divulgação e simplificação de procedimentos, exi- gências e controles administrativos incidentes sobre importações e exportações. • Conceder a habilitação e credenciamento formal de empresas para a prática de comércio exterior. • Definir os conceitos fundamentais inerentes a exportação e importação. • Promover de forma harmônica a classificação e padronização de produtos. • Promover ações regulamentares sobre a marcação e rotulagem de mercadorias. • Definir as regras de origem e procedência de mercadorias, as quais impactam diretamente na sua carga tributária. IV- a Camex também atua fortemente no estabelecimento das diretrizes para as negociações de acordos e convênios relativos ao comércio exterior de natureza bilateral, regional ou multilateral. Tais acordos irão refletir posteriormente não somente nas empresas internacionais, mas também nas nacionais que indiretamente participam da atividade de comércio exterior; V- promover e orientar a política aduaneira, observada a competência e as restrições especificas do Ministério da Fazenda; VI- formular e orientar sobre as diretrizes básicas da política tarifária na importação e exportação; VII- estabelecer diretrizes e medida dirigidas à simplificação e racionalização do comércio exterior, Inclusive, promovendo a utilização de sistemas informatizados; VIII- implementar e estabelecer normas, diretrizes e procedimentos para investigações relativas a práticas desleais de comércio exterior auxiliando as empresas em demandas judiciais; IX- promover e facilitar as diretrizes para a política de financiamento das UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 16 exportações de bens e serviços, bem como para a cobertura dos riscos de operações a prazo, inclusive as relativas ao seguro de crédito às exportações. Tais normas auxiliam bastante, principalmente, as novas empresas parti- cipantes deste mercado. X- estabelecer, coordenar e fixar as normas necessárias para pôr em prática as políticas de promoção de mercadorias e de serviços no exterior e de informação comercial; XI- participar e também opinar e orientar sobre política de frete e transportes internacionais, portuários, aeroportuários e de fronteiras, visando à sua adaptação aos objetivos da política de comércio exterior e ao aprimoramento da concorrência. Este assunto vem sendo discutido amplamente no sentido de reduzir os custos logísticos da cadeia de comércio exterior nacional; XII- promover e orientar novas políticas de incentivo à melhoria dos serviços aeroportuários, de transporte e de turismo, com vistas ao incremento das exportações e da prestação desses serviços a usuários oriundos do exterior. Para melhor entendimento e fixação do conteúdo, seguem as principais atribuições deste órgão: - Elaborar e sugerir novas políticas a serem utilizadas na área de comércio internacional, bem como analisar e emitir pareceres a respeito das normas aplicáveis e legislação pertinentes a areal de comércio exterior nacional. - Tem poderes para alterar as alíquotas do I.I. e I.P.I. - Estabelece as diretrizes para investigações relativas a práticas desleais de comércio exterior. - Avalia o impacto das medidas cambiais, monetárias e fiscais sobre o comércio exterior. - Responsável pela concessão de áreas de livre comércio, zonas francas e ZPEs. Conforme exposto acima, a Camex tem um vasto leque de atuação no mercado internacional, sua atuação, principalmente, no que concerne às alíquo- tas de importação, influencia sobremaneira no custo dos produtos importados e torna-se também determinante para a proteção de algumas atividades industriais do nosso país. Seguindo nossos estudos, a partir deste próximo item, falaremos a respei- to dos diversos órgãos anuentes da cadeia de comércio exterior brasileira. 3 SISCOMEX O Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX) foi instituído através pelo Decreto n° 660, de 25 de setembro de 1992. Este sistema representa toda a sistemática administrativa do comércio exterior brasileiro, através da inte- gração e gerenciamentodas atividades afins da Secretaria de Comércio Exterior TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 17 (SECEX), da Secretaria da Receita Federal (SRF) e do Banco Central do Brasil (BA- CEN), no registro, monitoramento e controle das diferentes etapas das operações de exportação (MDIC, 2019). A partir de 1993, com a criação deste sistema, todas as etapas do pro- cessamento administrativo relativas às exportações foram informatizadas, regu- lamentadas e padronizadas. Todas as operações, sem exceção, passaram a ser registradas e monitoradas via Sistema e analisadas "online" em tempo real, pelos diversos órgãos gestores e anuentes que atuam em comércio exterior, tanto os chamados órgãos "gestores" (SECEX, SRF e BACEN) como os órgãos "anuentes", que atuam apenas em algumas operações específicas (MAPA, IBAMA, Ministério da Saúde, Departamento da Polícia Federal, Comando do Exército etc.). Durante a criação e desenvolvimento do SISCOMEX, foram unificados todos os conceitos, descrições de produtos, os códigos e nomenclaturas (NCM), tornando viável a adoção de um fluxo único e sistematizado de informações. Concebido totalmente de forma informatizada, que permite a eliminação de di- versos documentos utilizados no processamento das operações, tornando todo o processo muito mais ágil e uniforme. Principal ferramenta do governo brasileiro para controlar as opera- ções de comércio exterior, o SISCOMEX é um sistema informatizado dedicado ao processamento da documentação relativa a importações e exportações. O sistema interliga Receita Federal e todas as unidades aduaneiras do país com o Serpro, o Banco Central, agências bancárias que operam em cambio, Exportadores, Importadores, Despachantes Aduaneiros, Aeroportos, Portos e Terminais retro portuários alfande- gados (RODRIGUES, 2015, p. 246). O Sistema passa por atualizações constantes, tornando-o cada vez mais ágil, moderno e proporcionando uma integração total entre os seus participantes. A partir de 2014, o SISCOMEX é parte integrante do Portal Único de Comércio Exterior, onde foram reunidos todos os sistemas utilizados no comércio exterior brasileiro, facilitando e simplificando sobremaneira o acesso a todos os sistemas pelos seus usuários. Relacionamos, a seguir, os principais usuários do Siscomex/Exportação/ Importação: a) Todos os importadores, exportadores depositários e transportadores, através de seus empregados ou representantes legais devidamente credenciados via sistema. b) A SECEX – Secretaria de Comércio Exterior, a RFB – Receita Federal do Brasil e todos os demais órgãos anuentes, por meio de seus servidores devidamente cadastrados no Sistema e identificados através de seu número de matrícula funcional, identificando com precisão o servidor cadastrado. c) Todas as Instituições Financeiras, credenciadas pelo BACEN e autorizadas a elaborar Licença de Importação, por meio de seus funcionários. UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 18 d) O Banco Central do Brasil e todas as Instituições Financeiras autorizadas a operar em câmbio, mediante acesso aos dados transferidos para o sistema SISBACEN. Na ilustração, a seguir, é possível sintetizar a integração entre o portal e seus diversos órgãos usuários. FIGURA 1 – ÓRGÃOS PARTICIPANTES DO SISCOMEX FONTE: <www.mdic.gov.br›. Acesso em: 12 nov. 2019. Todos os usuários do Sistema devem habilitar-se para acessar as infor- mações necessárias ao desempenho de suas atividades, mediante identificação, através de certificação digital e especificação de nível de acesso de dados. O acesso ao Siscomex é permitido apenas aos usuários credenciados, ob- servados a legislação do órgão concedente e os limites das funções por ele admi- nistradas. Sua utilização é totalmente monitorada, garantindo segurança e confia- bilidade nas informações inseridas no sistema. Após o desenvolvimento e consolidação do sistema na exportação, o go- verno brasileiro deu início ao desenvolvimento do sistema de importação ou Siscomex Importação, o qual por ter uma base de dados mais ampla do que o sistema de exportação, foi lançado somente no ano de 2012 com uma versão to- talmente disponível via Web. Após a migração não somente dos sistemas de exportação e importação para o acesso via Web, houve uma grande facilitação ao seu acesso, proporcio- nando por exemplo, que as empresas importadoras, exportadores e seus repre- sentantes legais pudessem efetuar todos os procedimentos e registros burocráti- cos, além de possibilitar o total acompanhamento de todas as fases do processo, desde o seu registro, parametrização e desembaraço através da internet, de forma totalmente gratuita. Atualmente, o SISCOMEX Importação também é parte integrante do por- tal único de comércio exterior conforme comentado anteriormente. Outra grande funcionalidade deste Sistema é com relação ao acesso, pode ser efetuado a partir de qualquer ponto conectado via internet, sem qualquer custo ao usuário e a ha- bilitação de empresas e seus representantes legais pode ser feita diretamente no TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 19 sistema mediante cadastro e aprovação junto à Secretaria da Receita Federal. Após a empresa possuir o acesso, pode ser efetuado ou habilitado ao sis- tema pela pessoa física responsável por pessoa jurídica, para prática de atos de exportação ou de importação no SISCOMEX. Conforme a legislação nacional, não existe a obrigatoriedade de utilização da figura do Despachante Aduaneiro para a prática de todos os trâmites legais relacionados às etapas do despacho, entre- tanto, como estes profissionais atuam de forma a auxiliar as empresas na área bu- rocrática relacionada aos procedimentos aduaneiros, o SISCOMEX também per- mite que estes representantes sejam legalmente credenciados através do Sistema. O Sistema basicamente funciona com uma grande base de dados nacio- nais, reunindo um único fluxo de informações, tornando-o uma potente ferra- menta tecnológica, facilitando e otimizando as tarefas de controle e monitora- mento das operações internacionais pelos órgãos governamentais. A adoção deste programa trouxe um enorme benefício aos seus usuários promovendo uma ampla desburocratização, aliada à segurança e confiabilidade dos dados inseridos no programa. Com a criação do sistema, além do controle efetivo de todas as operações, também ficou disponível a todos os órgãos um grande banco de dados gerenciais, que podem ser utilizados na determinação e execução de políticas individualizadas para cada setor da economia. Entre as vantagens do sistema, podemos citar: a) Harmonização de conceitos e uniformização de códigos e nomenclaturas; b) Ampliação dos pontos de atendimento; c) Eliminação de coexistências de controles e sistemas paralelos de coleta de dados; d) Simplificação e padronização de documentos; e) Diminuição significativa do volume de documentos; f) Agilidade na coleta e processamento de informações por meio eletrônico; g) Redução de custos administrativos para todos os envolvidos no Sistema. Nas ilustrações a seguir, de forma resumida, é possível demonstrar clara- mente como houve um enorme avanço em todos os procedimentos relacionados à área de comércio exterior do nosso país. UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 20 FIGURA 2 – CENÁRIO ANTERIOR AO SISCOMEX FONTE: <www.mdic.gov.br›. Acesso em: 12 nov. 2019. TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 21 FIGURA 3 – CENÁRIO ATUAL DO SISCOMEX INTEGRADO COM PORTAL ÚNICO FONTE: <www.mdic.gov.br›. Acesso em: 12 nov. 2019. NOTA O SISCOMEX é um instrumento administrativo que integra as atividades de re- gistro, acompanhamento e controle das operações de comércio exterior, através de um fluxo único, computadorizado, de informações, integrando as atividades da SECEX, BACEN e SRF. FONTE: <https://bit.ly/3hddMv0>. Acesso em: 16nov. 2019. UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 22 COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL SAMIR KEEDI O comércio exterior brasileiro, como todos sabem, tem sido uma gangorra permanente. Ao longo dos anos e décadas, nós o vemos crescer e se reduzir. Tanto em valores absolutos quanto em percentuais relativos à nossa economia e ao comércio mundial. Considerando os últimos quase 70 anos, desde 1950, impressiona as variações que temos apresentado. Já tivemos abertura econômica, que é a relação do comércio exterior com o Produto Interno Bruto (PIB), de 26,5% em 1954, a maior da história. A partir de então houve uma queda contínua e célere até 1967. Em que atingimos nosso fundo do poço com 9,9%. Tomando um PIB de US$ 100,00 como exemplo, isso significa que em 1954 nosso comér- cio exterior apresentou nas duas mãos, exportação mais importação, o valor total de US$ 26,50. Em 1967 esse valor desceu a US$ 9,90. A partir de 1968 retomamos o crescimento, com algumas variações de subida e descida. Em 1984 atingimos um novo pico com US$ 21,60. Então nova queda contínua até US$ 11,10 em 1990, em que praticamente houve uma estagnação até 2000, final do milênio. Em 2004 novo pico, com valor de US$ 23,80. Desde então temos uma estabilização com média em torno de quase US$ 20,00. Em 2016 ficamos em US$ 17,90. Em 2017 ficou parecido. Em relação ao comércio exterior mundial, não tivemos coisa muito diferente. Em 1951 apresentamos média de 2,3% das transações internacionais. Em 1965 participamos com apenas ínfimos 7,6% do que o mundo transacionou. Desde então, tivemos médias desde 0,8% até 1,45% em 2011. Hoje estamos em torno de 1,0%. Assim, grosso modo, podemos cravar que nosso histórico de comércio exterior é de cerca de 20% do nosso PIB e, aproximadamente, 1,1% do mundial. Muito pouco para um país com nossas potencialidades. Considerando tudo que temos, deveríamos estar próximos à China. Que no final dos anos 1970, quando mudou seu sistema econômico e abraçou o capitalis- mo e o comércio exterior, era menor que o nosso, e atingiu 11% do comércio mundial. Hoje somos 10% do que eles são. No mínimo, para sermos coerentes conosco, teríamos que ter um comex de cerca de 3%. Que é mais ou menos o que representamos para o mundo em termos de economia, po- pulação e território. E, pior de tudo, o que explica isso nem é um mistério que deve ser estudado. É apenas a desconsideração com aquilo que é a melhor forma de desenvolvimento de um país. Qual- quer um. Quando se volta ao comércio exterior, encontra-se lá fora um mercado mais de 30 vezes o nosso. Tanto considerando a população efetiva, nominal, quanto consumidora de fato. Claro que não é tudo, mas, isso explica boa parte do nosso fracasso econômico. Ter aten- ção apenas com nosso mercado interno. Que é diminuto, talvez uns 15%-20% da nossa população. Não mais que isso considerando todas as condições que temos para consumo. Enorme desemprego, apenas 15% da nossa população com carteira assinada, bolsa-esmo- la, média salarial no país de pouco mais de R$ 2.000,00 etc. Assim Brasil, governo, empresas, precisamos, antes tarde do que nunca, acordar para o co- mércio exterior. Olhá-lo com o carinho que merece, e que já fez desenvolver dezenas de IMPORTANT E TÓPICO 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA 23 países. A relação de desenvolvimento dos países com o comércio exterior é direta. Quem o pratica se desenvolve, quem não o faz fica a ver navios. Mas, claro, não depende apenas de termos mercadorias, de serem boas e adequadas ao mercado externo, ter bom preço etc. O comércio exterior é feito de muito mais coisas do que isso. Temos que cuidar da nossa infraestrutura e matriz de transporte, que são horríveis, das piores da Via Láctea, considerando as condições que temos e pelo nosso nível de desen- volvimento e de sermos considerados um país emergente (sic). Também reduzirmos nossa carga tributária, que faz nossos produtos serem mais caros. Como exemplo, na média geral, nossa produção de mercadorias é 23% mais cara que a dos EUA. Incompreensível, quando sabemos que eles têm uma renda per capita de quase US$ 60,000.00 enquanto a nossa patina em torno de US$ 9,000.00. Em especial nossos profissionais, que se percebe que pouco sabem. Pouco se estuda, pou- co se lê, acreditando que conhecimento cai do céu com a chuva. Não, não cai, é preciso ler, estudar, aprender, analisar, saber como as coisas funcionam. Para pararmos de ter que dizer que nosso COMEX não está preparado quanto a profis- sionais. Que uma minoria, bem minoria, sabe exatamente o que está fazendo, se ajusta a qualquer situação de desconforto e vai em frente. E uma maioria absoluta apenas faz, e a coisa vai até o primeiro obstáculo. Aí para tudo. E é bom que pare, pois, se for alguém com parcos conhecimentos, tiver atitude, e resolver ir em frente, arrisca-se a estragar tudo e quebrar uma empresa. Precisamos que o Brasil, governo, empresas, profissionais entendam que o desenvolvimen- to primário só ocorre com o comércio exterior. Atingindo-se então um bom resultado, qualidade e barateamento dos produtos pela economia de escala, chegando a um bom PIB e renda per capita, emprego suficiente, aí sim, o mercado interno terá condições de alavancar o desenvolvimento. FONTE: Disponível em: <https://bit.ly/3jcTIec>. Acesso em: 11 dez. 2019. 24 Neste tópico, você aprendeu que: • O comércio internacional tornou-se uma grande fonte de oportunidades para as empresas nacionais, principalmente, para diversificar seu mercado de atuação e também driblar os ciclos de crise econômica e recessão que vivemos em nosso país. • Para se habilitar a atuar no mercado internacional, as empresas precisam se pre- parar não somente em termos de produção e gerenciamento do negócio, mas tam- bém, conhecer como funciona a estrutura atual do comércio exterior brasileiro. • As instituições intervenientes que atuam na fiscalização e controle das operações de compra e venda no mercado internacional, desempenham um importante pa- pel principalmente no que diz respeito à arrecadação e controle do Estado e tem uma estrutura muito bem estruturada para auxiliar não somente o Estado, mas também aos exportadores e importadores em todas as fases do negócio. • O comércio internacional brasileiro possui, além de uma estrutura formada por diversos órgãos oficiais, uma série de programas que facilitam a atividade, um deles e o mais representativo, o SISCOMEX, é o programa principal que reúne todos os participantes da cadeia de comércio exterior. RESUMO DO TÓPICO 1 25 1 No mês de março, o governo decidiu reduzir a alíquota do Imposto de Importação da pauta de alguns produtos provenientes dos Estados Unidos para incentivar o intercâmbio entre os países. Antes de tomar tal decisão, uma equipe governamental analisou os impactos econômicos desta redução. Qual é o órgão governamental encarregado deste tipo de estudo? a) ( ) IRF. b) ( ) SECEX. c) ( ) GECEX. d) ( ) ANVISA. e) ( ) CAMEX. 2 Conforme estudado, existe uma série de controles e normas editados por vários órgãos oficiais que regulamentam as operações de comércio exterior no Brasil. O mais abrangente de todos, a Aduana, tem por missão principal a fiscalização e o controle das cargas importadas e exportadas através do território nacional. Dentre as suas atribuições, o fiscal da Aduana deve observar e conferir se a classificação tarifária está de acordo com o produto importado, sua tributação e outros aspectos como se o produto está sujeito ao licenciamento prévio de importação. Com relação ao licenciamento prévio, qual é o órgão que tem por objetivo, definir quais os produtos necessitam de licenciamento para que sua importação seja devidamente autorizada: a) ( ) A IRF, pois ela também legisla sobre esta matéria. b) ( ) O MDIC, pois o licenciamento é uma mera orientação para entrada de produtos no país. c) ( ) O DECEX é o único responsável pela análise eelaboração da listagem dos produtos sujeitos ao licenciamento de mercadorias importadas. d) ( ) É papel da CAMEX definir sobre as normas relativas à classificação fiscal. e) ( ) Pode ser a ANVISA pois ela diz respeito também a produtos importados para consumo humano e animal. 3 Assinale a correta sequência de V ou F. Podemos firmar que a Aduana: ( ) É um departamento subordinado ao Ministério da Fazenda. ( ) É uma instituição voltada para o recolhimento de impostos e fiscalização. ( ) A Aduana ou alfândega é a instituição que controla e administra o fluxo internacional de cargas e mercadorias. ( ) É um órgão governamental encarregado de analisar se é possível ou não aumentar ou diminuir as alíquotas de impostos. AUTOATIVIDADE 26 ( ) Podemos afirmar que a Aduana é apenas um órgão executivo, pois cuida apenas da parte burocrática do comércio exterior. A etapa de fiscalização das mercadorias é efetuada apenas pelos demais órgãos anuentes. a) ( ) V – F – V – F – F. b) ( ) V – V – V – F – F. c) ( ) V – F – V – V – F. d) ( ) F – F – V – F – V. e) ( ) F – V – V – F – F. 4 O controle exercido pelos órgãos competentes ocorre em todo o território nacional, notadamente, nos locais onde existe a circulação de mercadorias, pessoas e veículos destinados ou provenientes do exterior. Nestes locais, denominados Recintos Alfandegados, caso uma empresa efetue a importação de uma mercadoria cuja entrada no país é legalmente permitida, entretanto, se esta mercadoria for declarada com valores inferiores aos praticados no mercado internacional, podemos concluir que: a) ( ) A operação acima seria caracterizada como crime de contrabando, sujeita apenas à multa sobre o valor da mercadoria. b) ( ) Neste caso a empresa estava utilizando de artifícios ilegais para promover a lavagem de dinheiro. c) ( ) A empresa utilizou de expediente irregular para violar o regime de cotas de importação. d) ( ) Podemos afirmar que a empresa cometeu crime de Descaminho. e) ( ) Sem sombra de dúvida, esta operação é equiparada a sonegação de mercadoria. TÓPICO 2 — 27 TÓPICO 2 — UNIDADE 1 CLASSIFICAÇÃO FISCAL DE MERCADORIAS 1 INTRODUÇÃO A atividade de compra, venda, troca de mercadorias, bens e serviços vem aumen- tando consideravelmente todos os anos e praticamente em todas as regiões do planeta. O advento da globalização somado a rápida evolução dos meios de co- municação e novas tecnologias desenvolvidas na área de comércio internacional, impulsionavam de forma significativa esse incremento do comércio mundial. Aliado a este crescimento do mercado internacional, as empresas também evoluíram, desenvolveram novas formas de fabricar os seus produtos, além de diver- sificar o leque de mercadorias para atingir o seu consumidor onde quer que ele esteja. Obviamente, o aumento da produção e comercialização nacional e inter- nacional, trouxe também alguns problemas na correta identificação destes produ- tos e serviços. Além das novidades de produtos, também tivemos a criação de no- vos materiais que compõem as mercadorias, além da fragmentação da produção. Hoje é comum termos produtos fabricados em países diferentes, total ou parcial para posteriormente serem comercializados em mercados distintos. Estas novas formas de produzir e comercializar trouxe também a neces- sidade por parte dos países de encontrar maneiras mais práticas e eficientes de identificar e catalogar esses produtos, tornando mais prático, rápido e fácil sua correta identificação, principalmente para fins tributários, principalmente para o devido recolhimento dos impostos e taxas incidentes sobre a importação. Desta forma, abordaremos no tópico a seguir os aspectos relacionados a classificação fiscal de mercadorias, sua importância, bem como os métodos e critérios utilizados para o correto enquadramento fiscal, evitando-se penalida- des dos órgãos oficiais envolvidos nas operações de comércio internacional, bem como o recolhimento de multas, atrasos no desembaraço alfandegário entre ou- tros prejuízos decorrentes do desconhecimento relativo a classificação fiscal. 2 CONCEITO DE NOMENCLATURA A nomenclatura de mercadoria, como veremos detalhadamente a seguir, representou um grande avanço para a verificação, controle e tributação das mer- 28 UNIDADE 1 — CONCEITOS INICIAIS DE LEGISLAÇÃO MARÍTIMA, ADUANEIRA E PORTUÁRIA cadorias importadas. Considerando-se que existe uma gama enorme de merca- dorias produzidas em todos os países do mundo é humanamente impossível identificar cada uma delas se não houver uma forma lógica e ordenada de catalo- gar todo este universo de produtos, inclusive, levando-se em consideração as di- ferenças de materiais utilizados na fabricação, finalidades, entre outros aspectos, que podem diferenciar um mesmo produto de outro. Em princípio, a única forma lógica que poderia ser utilizada, seria uma espécie de classificação em ordem alfabética, listando produto por produto. A partir de então, como continuidade, haveria a necessidade de definir qual tipo de carga tributária seria determinada a eles. Considerando que todas as mercadorias existentes no mundo podem, sem tese, ser importadas pelo nosso país, cabe ao governo brasileiro a definição das alí- quotas do imposto de importação para cada espécie deles. O normal é que cada bem tenha uma alíquota respectiva, mas nada impede que um país defina uma única alí- quota para a importação de todo e qualquer tipo de produto (LUZ, 2012, p. 296). Vale ressaltar que a questão relativa às alíquotas cobradas na importação dos produtos, pode variar de país para país, inclusive, alguns adotam um sistema de cobrança ou taxa única independentemente do tipo de produto. Retornando ao parágrafo anterior, se imaginarmos rapidamente, teríamos uma lista gigantesca de produtos em cada letra do alfabeto, o que dificultaria sobremaneira a sua localização, assim como, com relação às alíquotas, teríamos uma grande dificuldade para identificá-las de forma rápida e segura. Dessa forma, surgiu a ideia de classificar por capítulos, seções ou grupos de produtos e enquadrar os diferentes tipos de produtos nestes capítulos. Na Figura 8, temos um exemplo de uma mercadoria constante da seção VII da Tarifa Externa Comum, cuja consulta foi efetuada através de um sistema próprio desti- nado a empresas que atuam na área de comércio exterior, ou seja, temos capítu- los para grupos de produtos os quais são posteriormente subdivididos conforme veremos posteriormente. Existem muitas vantagens para este tipo de classificação, por exemplo, o se- tor tributário do governo poderia instituir uma alíquota única para todos os produtos deste grupo ou, de acordo com os interesses comerciais do país, pode pormenorizar ou seja, criar alíquotas diferentes para alguns produtos do mesmo capítulo que gera- riam impostos maiores ou menores dependendo da estratégia governamental. Por intermédio desse sistema, é possível não apenas identificar e des- crever as mercadorias (levando-se em consideração suas características genéricas até o maior nível de detalhamento possível), mas sobretudo referenciá-las em todos os aspectos inerentes ao comércio exterior, ou seja, fiscais, cambiais, comerciais, tributários, estatísticos e até mesmo políticos, oferecendo condições para o desenvolvimento das relações de comércio entre as nações (FARO; FARO, 2007, p. 28). TÓPICO 2 — 29 Se o país possui um acordo de cooperação econômica com determinada nação, podem-se cobrar percentuais mais baixos de um país e mais elevados de outro, criando um maior vínculo comercial com determinadas nações ou blocos econômicos. Dentro da classificação normal de cada produto, também é detalhada a forma de medida estatística oficial ou a comercializada pelas empresas, como quilo, tonelada, metro cúbico, unidade etc. Vamos mostrar um exemplo mais completo desta classificação, tomando como base a Seção VII, que se refere a plástico e suas obras: FIGURA 4 – TELA DE CONSULTA A CLASSIFICAÇÃO FISCAL (POLÍMEROS)
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