Buscar

PROVA 3- FCHS

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

AVALIAÇÃO 3: ROTEIRO PARA UM ENSAIO DE PODCAST
Tainara Chagas de Sousa
Apresentação:
.
Hoje iremos falar um pouco sobre alguns aspectos característicos uma sociedade disciplinar que dociliza e controla corpos e denota a existência de um único modo de vida possível. Em um primeiro momento, iremos levantar a discussão, relacionando esses pontos com o filme “Ex-pajé”. Em um segundo momento, iremos relatar uma experiência observada dentro do contexto de formação acadêmica de discentes do curso de enfermagem.
Momento 1:
 De acordo com Baudrillard (1982), a modernidade se caracteriza por um modo único de civilização. Ela nega outros modos de vida, como por exemplo as culturas ancestrais. Apresenta-se como um único saber válido e universal, inquestionável, a única verdade. Esse modo de civilização tem como base sólida o capitalismo.
O filme Ex-pajé, aborda sobre o cotidiano de uma comunidade indígena (Curuí). Destaca como a cultura civilizatória foi tomando pouco a pouco a comunidade indígena, impondo todo o seu modo de vida em cada detalhe. Observa-se isso nas vestes, na tecnologia presente, na religião, nos processos de cura pela medicina. Perpera foi um pajé que questionava tudo isso e por esse motivo passou a ser isolado de outras pessoas da comunidade mediante o discurso de um líder branco religioso. O pastor fez com que seu povo acreditasse que pajé era coisa do diabo, que só Jesus salva, negando a religião do indígena que acredita na existência de vários espíritos protetores da floresta. Perpera era visto como o rebelde, aquele que questiona as coisas e que não é isso que a civilização quer, principalmente vindo de um líder responsável e bastante influente na comunidade.
Além da religião e civilização, observa-se também a presença da medicina. Se antes o saber tradicional cooperava no processo de cura dos indígenas da comunidade, a medicina foi pouco a pouco tendo credibilidade, como o filme traz com o constante uso de medicamentos, como a aspirina. Perpera ainda acreditava nos espíritos da floresta, na cura e proteção daqueles que ali moravam, mas que a cultura do branco estava interferindo naquela conexão que o ex-pajé resistia em ter. Percebe-se ainda que ao invés de trazer a saúde do povo, estava adoecendo a comunidade. 
Em uma entrevista, Cristiane Takuá, afirma que o grande erro da ciência foi ter negado o conhecimento dos povos indígenas do mundo. Isso porque segundo ela, os saberes vegetais e animais não dialogam com a ciência, não se encaixam dentro da sistematização do saber, a não ser como forma de inferiorização e exploração. Que para o saber branco não existe uma interação em teia entre humano-animal-vegetal, ao contrário, existe uma sobreposição de humanos em relação ao reino animal e vegetal. Ela questiona ainda que os direitos humanos se alinham em uma visão egoísta, em que o homem é superior a natureza, ele precisa de direitos por esse fato.
Seguindo essa linha, Ailton Krenak levanta que o mundo tecnológico, com resposta para tudo, está causando um grande acúmulo de lixo, que tem como consequências respostas do meio ambiente em meio tanta agressão. Aponta que concomitante ao alastramento de doenças há uma carência de enfermeiros e médicos que tratem a essas doenças desenterradas pelo capitalismo egoísta, através de indivíduos que pensam em si, em um hoje com visão de um futuro, em progresso contínuo. 
Kopenawa, afirma que o branco ao explorar as florestas, como ocorre no garimpo, desenterra as xawaras (epidemias) que mata o seu povo e também aos próprios indígenas, mas eles os silenciam, falam que eles estão mentindo. Trazendo em evidência a ideia de que a modernidade e capitalismo é o único saber possível. 
Os indígenas até então mencionados, ameaçam o sistema capitalista, pois eles questionam e percebem o quanto esse sistema vem sendo inserido e renovado a cada dia universalmente, principalmente nas comunidades tradicionais ditas como atrasadas. Silenciar Perpera e outras influências indígenas é garantir a imposição e efetivação dessa cultura etnocida que tem como característica o “uno”, central, verdadeiro e confiável saber. Um único modo de vida a ser seguido. Silenciar o inimigo, é pacificar e garantir a vitória na guerra. É inquietante pensar na invasão capitalista a esses povos que ainda tentam preservar sua cultura e tradição. Que tornam possível pensar que existe outros saberes e outros modos de vida. Que precisamos compreender que o diferente existe, muito embora não é aceitável pelo moderno que prioriza a homogeneidade e alienação, presença de corpos dóceis inseridos em um sistema disciplinar, que além de corpos, controla espíritos.
Cristiane Takuá percebe a tentativa de entrada de instituições disciplinares nessas comunidades tradicionais. No filme, percebemos nitidamente isso. Uma grande intervenção do branco causada pelo capitalismo que vai desde a religião, processos de saúde e doença e todo o modo de vida, contribuindo para “a queda do céu”, não podendo ser controlada pelos saberes tradicionais, que vem sendo cada vez mais silenciados.
Portanto, cabe-nos compreender que há outros mundos possíveis para além do nosso. É preciso parar e pensar no egoísmo do hoje, do agora, do eu. Dessa doença universal do capitalismo, em que só há cura através de uma mudança coletiva, a começar por nós mesmo, como parte desse processo devastador.
Momento 2:
Em um contexto mais próximo, podemos destacar um relato de uma situação presenciada nos últimos dias pelos discentes do curso de enfermagem. Movimentou-se entre os grupos de WhatsApp, prints de uma conversa entre uma discente com dois colegas de uma disciplina. Um grupo criado para o planejamento de um trabalho proposto em uma disciplina, sendo um espaço em que todos os membros podem fazer sugestões para chegar a um consenso. 
No entanto, ao longo do diálogo, foi possível observar traços machistas e preconceituosos por parte dos dois rapazes, que utilizaram da vida pessoal da garota em forma de defesa contra ela. Um dos pontos que eles levantaram tratava do fato da moça possuir filho e que isso estava atrapalhando a vida acadêmica dela, fato este que justifica o atraso dela na disciplina em questão. Que ela necessitava se dedicar mais ao filho, demonstrando uma controvérsia em quem o filho atrapalha a faculdade e a faculdade atrapalha o papel materno dela, colocando a discente em um jogo emocional de escolha, o que não deveria acontecer. Outro aspecto que levantaram foi que a personalidade da discente se caracterizava de tal forma por ausência de companheiro evidenciado na frase “falta de macho”, como se a escolha matrimonial fosse a solução para alcançar o caráter esperado pelo pronunciador. 
Esses e outros pontos abalaram moral e psicologicamente não somente a discente envolvida na conversa, mas também outras universitárias que possuem filhos e batalham todos os dias para quebrar esse paradigma de que ao ter filho, a mulher deve se dedicar exclusivamente à vida de mãe e até mesmo ao marido, a “mulher do lar”, negligenciando a trajetória acadêmica e profissional (outros modos de vidas). Ou seja, os comentários levantados contra a estudante de enfermagem, mostram estruturalmente que o único modo possível de vida é ser mãe, fazendo ela acreditar que a universidade não é lugar para pessoas com esse perfil dito aceitável.
 Por outro lado, sabe-se que essa percepção patriarcal enraizada vem tentando ser quebrada, apesar de ainda ser um dos grandes desafios, em que a mulher carrega em seu corpo traços de um campo de relações de poderes que a todo instante entra em situações de inferiorizações, como por exemplo intelectual. A ocupação da mulher em diferentes espaços, mostra que apesar da vida materna, é possível ter sucesso profissional e que a mulher pode estar onde ela desejar, inclusive no contexto universitário. Essa e outras situações são vivenciadas diariamente por mulheres no mundo.
 Frente a isso, voltamos a discussão de que a sociedade disciplinar dociliza os corpos, os moldam, os controlam. Além disso, garante a existênciade micropoderes que em rede, reproduzem esse conceito capitalista e controlador de que existe um único e aceitável modo de vida. 
REFERÊNCIAS
BAUDRILLARD, Jean. <<Modernité>>. in: Biennale de Paris. La modernité ou l ́esprit du temps. Paris, Editions L ́ Equerre, 1982, pp. 28-31.
DISCIPLINA. In: Lexico. 2021. Disponível em: https://www.lexico.com/es/definicion/disciplina Acesso em: 20 de ago. de 2021.
SELVAGEM ciclos de estudos sobre a vida. Ailton Krenak, chefe Seattle e Davi Kopenawa. Youtube, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8bMuUE4KD3w&t=382s Acesso em: 29 de jul de 2021.
SELVAGEM ciclos de estudos sobre a vida. Cristine Takuá no Selvagem ciclo 2019. Youtube, 2020. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7hzJVxUOjc8 Acesso em: 29 de jul de 2021.