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1 Português 09 Aula Estratégias argumentativas I 3C O Brasil ainda não conseguiu se desprender das amarras da sociedade patriarcal. Isso se dá porque, ainda no século XXI, existe uma espécie de deter- minismo biológico em relação às mulheres. Contra- riando a célebre frase de Simone de Beauvoir “Não se nasce mulher, torna-se mulher”, a cultura brasi- leira, em grande parte, prega que o sexo feminino tem a função social de se submeter ao masculino, independentemente de seu convívio social, capaz de construir um ser como mulher livre. Dessa for- ma, os comportamentos violentos contra as mu- lheres são naturalizados, pois estavam dentro da construção social advinda da ditadura do patriar- cado. Consequentemente, a punição para este tipo de agressão é dificultada pelos traços culturais exis- tentes, e, assim, a liberdade para o ato é aumentada. Além disso, já o estigma do machismo na socie- dade brasileira. Isso ocorre porque a ideologia da superioridade do gênero masculino em detrimen- to do feminino reflete no cotidiano dos brasileiros. Nesse viés, as mulheres são objetificadas e vistas apenas como fonte de prazer para o homem, e são ensinadas desde cedo a se submeterem aos mesmos e a serem recatadas. Dessa maneira, constrói-se uma cultura do medo, na qual o sexo feminino tem medo de se expressar por estar sob a constante ameaça de sofrer violência física ou psicológica de seu progeni- tor ou companheiro. Por conseguinte, o número de casos de violência contra a mulher reportados às au- toridades é baixíssimo, inclusive os de reincidência. Pode-se perceber, portanto, que as raízes históri- cas e ideológicas brasileiras dificultam a erradicação da violência contra a mulher no país. Para que essa erradicação seja possível, é necessário que as mídias deixem de utilizar sua capacidade de propagação de informação para promover a objetificação da mulher e passe a usá-la para difundir campanhas governa- mentais para a denúncia de agressão contra o sexo feminino. Ademais, é preciso que o Poder Legislativo crie um projeto de lei para aumentar a punição de agressores, para que seja possível diminuir a reinci- dência. Quem sabe, assim, o fim da violência contra a mulher deixe de ser uma utopia para o Brasil. Extraído de: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia- redacoes-do-enem-2015-que-tiraram-nota-maxima.ghtml>. Acesso em: 13/02/18 Amanda Carvalho Maia Castro Apresentação Nas aulas 07 e 08, trabalhamos a estruturação do texto dissertativo-argumentativo de forma geral, dentro das convenções tradicionais que fazem parte desse tipo de redação. Agora, nas aulas 09, 10, 11 e 12, iremos nos concentrar na ampliação do repertório de recursos de organização textual, por meio de alguns exemplos de técnicas argumentativas. Argumentação com base no raciocínio “causa/consequência” Quando o tema da redação propõe um problema (seja de ordem social, cultural etc.), uma forma eficaz de organização argumentativa é a demonstração das causas que geram esse problema. Trata-se de um recurso muito frequente em textos dissertativos, afinal, argumentar é essencialmente explicar os porquês que nos levam a adotar determinado ponto de vista. O exemplo a seguir é uma redação feita no ENEM 2015, cujo tema era “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira“. Ao ler o texto, pro- cure identificar como o raciocínio argumentativo está or- ganizado em duas causas do problema: razões históricas (1a. causa) e ideológicas (2a. causa). Além disso, note como cada parágrafo de desenvolvimento estabelece uma relação causa/consequência dessas razões. Exemplo de redação A violência contra a mulher no Brasil tem apre- sentado aumentos significativos nas últimas déca- das. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, o número de mortes por essa causa aumentou em 230% no período de 1980 a 2010. Além da física, o balanço de 2014 relatou cerca de 48% de outros tipos de violência contra a mulher, dentre esses a psicológica. Nesse âmbito, pode-se analisar que essa problemática persiste por ter raízes históricas e ideológicas. 2 Extensivo Terceirão Testes Assimilação Instrução: Leia o texto para responder às questões 09.01. a 09.04. para o Sudeste, voando ao longo de rios e corredo- res de mata. Estima-se que um mosquito seja capaz de voar 3 km por dia. Tanto o homem quanto o macaco, quando picados, só carregam o vírus da febre amarela por cerca de três dias. Depois disso, o organismo produz anticorpos. Em cerca de dez dias, primatas e humanos ou morrem ou se curam, tornando-se imunes à doença. Para o infectologista Eduardo Massad, profes- sor da Universidade de São Paulo, o rompimento da barragem da Samarco, em Mariana (MG), em 2015, teve papel relevante na disseminação acele- rada da doença no Sudeste. A destruição do habitat natural de diferentes espécies teria reduzido signi- ficativamente os predadores naturais dos mosqui- tos. A tragédia ambiental ainda teria afetado o sis- tema imunológico dos macacos, tornando-os mais suscetíveis ao vírus. Por que é importante determinar a “viagem” do vírus? Basicamente, para orientar as campanhas de vacinação. Em 2014, Eduardo Massad elaborou um plano de imunização depois que 11 pessoas mor- reram vítimas de febre amarela em Botucatu (SP): “Eu fiz cálculos matemáticos para determinar qual seria a proporção da população nas áreas não vaci- nadas que deveria ser imunizada, considerando os riscos de efeitos adversos da vacina. Infelizmente, a Secretaria de Saúde não adotou essa estratégia. Os casos acontecem exatamente nas áreas onde eu havia recomendado a vacinação. A Secretaria está correndo atrás do prejuízo”. Desde julho de 2017, mais de 100 pessoas foram contaminadas em São Paulo e mais de 40 morreram. O Ministério da Saúde afirmou em nota que, desde 2016, os estados e municípios vêm sendo orientados para a necessidade de intensificar as medidas de prevenção. A orientação é que pessoas em áreas de risco se vacinem. NATHALIA PASSARINHO Adaptado de bbc.com, 06/02/2018. Três teses sobre o avanço da febre amarela Como a febre amarela rompeu os limites da Floresta Amazônica e alcançou o Sudeste, atingin- do os grandes centros urbanos? A partir do ano passado, o número de casos da doença alcançou níveis sem precedentes nos últimos cinquenta anos. Desde o início de 2017, foram confirmados 779 casos, 262 deles resultando em mortes. Trata- -se do maior surto da forma silvestre da doença já registrado no país. Outros 435 registros ainda estão sob investigação. Como tudo começou? Os navios portugueses vindos da África nos séculos XVII e XVIII não trouxeram ao Brasil somente escravos e merca- dorias. Dois inimigos silenciosos vieram junto: o vírus da febre amarela e o mosquito Aedes ae- gypti. A consequência foi uma série de surtos de febre amarela urbana no Brasil, com milhares de mortos. Por volta de 1940, a febre amarela urbana foi erradicada. Mas o vírus migrou, pelo trânsito de pessoas infectadas, para zonas de floresta na região Amazônica. No início dos anos 2000, a fe- bre amarela ressurgiu em áreas da Mata Atlântica. Três teses tentam explicar o fenômeno. Segundo o professor Aloísio Falqueto, da Universidade Federal do Espírito Santo, “uma pessoa pegou o vírus na Amazônia e entrou na Mata Atlântica depois, possivelmente na altura de Montes Claros, em Minas Gerais, onde surgiram casos de macacos e pessoas infectadas”. O vírus teria se espalhado porque os primatas da mata eram vulneráveis: como o vírus desaparece da re- gião na década de 1940, não desenvolveram an- ticorpos. Logo os macacos passaram a ser mortos por seres humanos que temem contrair a doença. O massacre desses bichos, porém, é um “tiro no pé”, o que faz crescer a chance de contaminação de pessoas. Sem primatas para picar na copa das árvores, os mosquitos procuram sangue humano. De acordo com o pesquisador Ricardo Lou- renço, do Instituto Oswaldo Cruz, os mosquitos transmissoresda doença se deslocaram do Norte 09.01. (UERJ) – Para apresentação das teses que explicam o avanço da febre amarela, a autora do texto recorre, princi- palmente, à seguinte estratégia: a) referências a dilemas b) alusão a subentendidos c) construção de silogismo d) argumentos de autoridade Aula 09 3Português 3C Leia: Adaptado de Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro (RJ) – 1844 a 1885 09.02. (UERJ) – Os relatos sobre as ondas epidêmicas de febre amarela na cidade do Rio de Janeiro aparece- ram com frequência nos periódicos, especialmente a partir da década de 1850. De acordo com o documento acima, no início da década de 1870, o alastramento da doença era associado ao seguinte fator: a) elevação de taxas de natalidade b) variação das condições climáticas c) ingresso de estrangeiros com in- fecção d) insalubridade das residências po- pulares 09.03. (UERJ) – A frase que contém uma explicação do conteúdo da frase anterior está sublinhada em: a) Desde o início de 2017, foram confirmados 779 casos, 262 deles resultando em mortes. Trata-se do maior surto da forma silvestre da doença já registrado no país. b) Dois inimigos silenciosos vieram junto: o vírus da febre amarela e o mosquito Aedes aegypti. A conse- quência foi uma série de surtos de febre amarela urbana no Brasil, com milhares de mortos. c) O massacre desses bichos, porém, é um “tiro no pé”, o que faz crescer a chance de contaminação de pessoas. Sem primatas para picar na copa das árvores, os mosquitos procuram sangue humano. d) Tanto o homem quanto o macaco, quando picados, só carregam o vírus da febre amarela por cerca de três dias. Depois disso, o organismo produz anticorpos. 09.04. (UERJ) – No quinto parágrafo, são apresentadas duas hipóteses acerca da disseminação da febre amarela. A marca verbal que evidencia a formulação dessas hipóteses é o uso de: a) voz ativa b) modo subjuntivo c) futuro do pretérito d) forma no gerúndio Aperfeiçoamento Instrução: Leia o texto para responder às questões 09.05. e 09.06. O animal satisfeito dorme Mário Sérgio Cortella O sempre surpreendente Guimarães Rosa dizia: “o animal satis- feito dorme”. Por trás dessa aparente obviedade está um dos mais fundos alertas contra o risco de cairmos na monotonia existencial, na redundância afetiva e na indigência intelectual. O que o escritor tão bem percebeu é que a condição humana perde substância e energia vital toda vez que se sente plenamente confortável com a maneira como as coisas já estão, rendendo-se à sedução do repouso e imobili- zando-se na acomodação. A advertência é preciosa: não esquecer que a satisfação conclui, encerra, termina; a satisfação não deixa margem para a continuidade, para o prosseguimento, para a persistência, para o desdobramento. A satisfação acalma, limita, amortece. Por isso, quando alguém diz “fiquei muito satisfeito com você” ou “estou muito satisfeita com teu trabalho”, é assustador. O que se quer dizer com isso? Que nada mais de mim se deseja? Que o ponto atual é meu limite e, portanto, minha possibilidade? Que de mim nada mais além se pode esperar? Que está bom como está? Assim seria apavo- rante; passaria a ideia de que desse jeito já basta. Ora, o agradável é quando alguém diz: “teu trabalho (ou carinho, ou comida, ou aula, ou texto, ou música etc.) é bom, fiquei muito insatisfeito e, portanto, quero mais, quero continuar, quero conhecer outras coisas. Um bom filme não é exatamente aquele que, quando termina, ficamos insatisfeitos, parados, olhando, quietos, para a tela, enquan- to passam os letreiros, desejando que não cesse? Um bom livro não é aquele que, quando encerramos a leitura, o deixamos um pouco 4 Extensivo Terceirão apoiado no colo, absortos e distantes, pensando que não poderia terminar? Uma boa festa, um bom jogo, um bom passeio, uma boa cerimônia não é aquela que queremos que se prolongue? Com a vida de cada um e de cada uma tam- bém tem de ser assim; afinal de contas, não nas- cemos prontos e acabados. Ainda bem, pois estar satisfeito consigo mesmo é considerar-se termi- nado e constrangido ao possível da condição do momento. Quando crianças (só as crianças?), muitas vezes, diante da tensão provocada por algum desafio que exigia esforço (estudar, treinar, EMA- GRECER etc.) ficávamos preocupados e irritados, sonhando e pensando: por que a gente já não nasce pronto, sabendo todas as coisas? Bela e in- gênua perspectiva. É fundamental não nascermos sabendo e nem prontos; o ser que nasce sabendo não terá novidades, só reiterações. Somos seres de insatisfação e precisamos ter nisso alguma dose de ambição; todavia, ambição é diferente de ga- nância, dado que o ambicioso quer mais e me- lhor, enquanto que o ganancioso quer só para si próprio. Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, modificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do pas- sado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar. Diante dessa realidade, é absurdo acreditar na ideia de que uma pessoa, quanto mais vive, mais velha fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido pronto e ir se gastando… Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato, geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se fazendo. Eu, no ano que estamos, sou a minha mais nova edição (revista e, às vezes, um pouco ampliada); o mais velho de mim (se é o tempo a medida) está no meu passado e não no presente. Demora um pouco para entender tudo isso; aliás, como falou o mesmo Guimarães, “não con- vém fazer escândalo de começo; só aos poucos é que o escuro é claro”… Excerto do livro “Não nascemos prontos! – provocações filosóficas”. De Mário Sérgio Cortella. Disponível em: <http://www.contioutra.com/o-animal- satisfeito-dorme-texto-de-mario-sergio-cortella/> b) Para o autor, de acordo com o texto, a sensação de satis- fação inicia um período de dormência que, infelizmente, não pode ser interrompida a não ser pela fome excessiva. c) De acordo com as opiniões do autor, o fato de alguém dizer “estou muito satisfeita com teu trabalho” deveria ser visto de maneira assustadora. d) Um bom filme, um bom livro, de acordo com o texto, deveriam provocar na audiência, no leitor, a sensação de “quero mais”. e) Podemos inferir, lendo o texto que, para o autor, o que se desgasta são bens como sapatos, geladeiras, eletrodo- mésticos, por exemplo. Com o homem, o que acontece é um constante aprendizado. Tal fato pode ser comprovado na passagem: “Nascer sabendo é uma limitação porque obriga a apenas repetir e, nunca, a criar, inovar, refazer, mo- dificar. Quanto mais se nasce pronto, mais refém do que já se sabe e, portanto, do passado; aprender sempre é o que mais impede que nos tornemos prisioneiros de situações que, por serem inéditas, não saberíamos enfrentar.” 09.06. (UNICENTRO – PR) – Assinale a única alternativa incorreta sobre os aspectos formais do texto e sua inter- pretação: a) A linguagem apresentada no texto é acessível, de forma que se pode compreender o texto sem maiores dificuldades. b) A palavra “emagrecer”, no texto, foi colocada em destaque. Tal fato ocorre visto que esse tem sido um dos temas de discussão bastante comuns na atualidade. c) O autor se vale de comparações (um filme, um livro) para reforçar a ideia de que a satisfação pode acomodar as pessoas. d) O autor conclui seu texto retomando Guimarães Rosa, citado na primeira linha do primeiro parágrafo. e) O texto é encerrado com a oposição do significado das palavras escuro e claro. Essa oposição é incoerente e conduz o leitor a uma reflexão errônea de que, depois da escuridão, sempre vem a luz. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 09.07. a 09.09. Viverem cima do muro é prejudicial à saúde Élida Ramirez Ocre. Sempre me incomodou essa cor. Sabe aquele marrom amarelado? O tal burro fugido? Exato isso! Quando vejo alguém com roupa ocre, tenho maior aflição. Certa feita, entrei em um consultório médico to-di-nho ocre. Paredes, chão, quadros. Tive uma gastura horrorosa. A sensação é que o ocre existe no dilema de não ser amarelo nem marrom. Invejando o viço das outras colo- rações definidas e nada fazendo para mudar sua tonalidade. Isso explica meu desconforto. O ocre, para mim, ultrapassa o sentido de cor. Ele dá o tom da existência do viver em cima do muro. E conviver com gente assim é um transtorno. 09.05. (UNICENTRO – PR) – Assinale a única alternativa incorreta em relação à leitura e à interpretação do texto. a) Podemos inferir que, através de uma metáfora, presente no primeiro parágrafo, o autor introduz a ideia principal do texto: o indivíduo acomoda-se quando está satisfeito com a sua condição atual. Aula 09 5Português 3C É fato que a tal “modernidade líquida”, definida por Bauman, favorece o comportamento. Pense- mos. Segundo o sociólogo, a globalização trouxe o encurtamento das distâncias, borrando fronteiras. E, ao reconfigurar esses limites geográficos, mudou a concepção de si do sujeito bem como sua relação com as instituições. Muito rapidamente houve um esfacelamento de estruturas rígidas como a família e o estado. Essa mudança do sólido para líquido detonou o processo de individualização genera- lizado no mundo ocidental reforçando o concei- to de que “Nada é para durar” (Bauman). Então, desse jeito dá para ser mutante pleno nesse viver em cima do muro. Nem amarelo ou marrom. Ocre. Por isso, discursos ocos de pessoas com persona- lidades fluidas ganham espaço. E vão tomando a forma do ambiente, assim como a água. Uma fusão quase nebulosa que embaça o comprometimento. Nota-se ainda certo padrão do viver em cima do muro. Como uma receitinha básica. Vejam só: Mis- ture meias palavras em um discurso politicamente correto. Inclua, com ar de respeito, a posição con- trária. Cozinhe em banho-maria. Deixe descansar, para sempre, se puder. Se necessário, volte ao fogo brando. Não mexa mais. Sirva morno. Viu? Sim- ples de fazer. Difícil é digerir. É porque, na prática, a legião de ocres cau- sa a maior complicação. Quem vive do meio de campo, sem decidir sua cor publicamente, não tem o inconveniente de arcar com as escolhas. Quase nunca se tornará um desafeto. Fará pou- co e, muitas vezes, será visto com um sujeito co- medido. Quem não escolhe tem mais liberdade para mudar de ideia. Não fica preso ao dito an- teriormente. Exatamente porque não disse nada. Não se comprometeu com nada. Apenas proferiu ideias genéricas e inconclusivas estando liberado para transitar por todos os lados, segundo sua necessidade. Ao estar em tudo não estando em nada, seja para evitar responsabilidades, não se expor à crítica ou fugir de polêmicas, o em cima do muro se esconde, sobrecarrega e expõe aqueles que bancam opiniões. Portanto, conviver com quem não toma posi- ção, de forma crônica, atrasa a vida. Ao se esquivar de escolher, o indivíduo condena o outro a fazê-lo em seu lugar. Reconheço que, às vezes, a gente leva tempo para se decidir por algo. Todos temos medos que nos impedem de agir. Mas ouso dizer: nunca tomar partido nas situações é covardia. Pa- rece, inclusive, que o viver em cima do muro é mais confortável que a situação do mau-caráter. É que o sacana, ao menos, se define. Embora atue na surdina, sua ação reflete um posicionamento. Já o indefinido, não. Ele vive na toada do alheio. E, curiosamente, também avacalha o próprio per- curso por delegar ao outro a sua existência. Recorro outra vez a Bauman para esclarecer: “Escapar da incerteza é um ingrediente fundamen- tal presumido, de todas e quaisquer imagens com- pósitas da felicidade genuína, adequada e total, sempre parece residir em algum lugar à frente”. Por isso, atenção! Viver em cima do muro é prejudi- cial à sua própria saúde. Facilita a queda e impede novos caminhos. Um deles, o da alegria de poder ser. Talvez seja isso a que Bauman se refere quando trata da fuga da incerteza para alcançar a felicidade genuína. E, pensando bem, desconheço imagem de alegria predominantemente ocre. Texto adaptado e disponível em: <https://www.revistabula.com/16514-viver- em-cima-do-muro-e-prejudicial-a-saude/>. Acesso em: 14 de ago. 2018. 09.07. (UNICENTRO – PR) – O título recorre a um enunciado que circula cotidianamente nas campanhas/propagandas contra o tabagismo. Tal procedimento constitui o que se chama de a) ambiguidade b) pertinência c) pressuposição d) intertextualidade e) homonímia 09.08. (UNICENTRO – PR) – O texto permite afirmar que a) o sujeito indeciso adoece por não ser capaz de enfrentar os problemas da vida na modernidade líquida de que fala o sociólogo Bauman. b) a modernidade líquida, geradora das possíveis doenças de pessoas indecisas, contrapõe-se às mudanças trazidas pelo processo de globalização em que vivemos. c) o discurso oco ocorre quando o sujeito passa a ter uma posição definida, comprometendo-se com uma única opinião, proveniente de outras pessoas. d) as pessoas que “vivem em cima do muro” alcançam a “fe- licidade genuína”, pois não precisam entrar em embates. e) a autora se posiciona de modo contrário às pessoas inca- pazes de formular um posicionamento, embora reconhe- ça que “todos temos medos que nos impedem de agir”. 09.09. (UNICENTRO – PR) – De acordo com o texto, um dos ingredientes da “receitinha básica” para se viver em cima do muro é misturar “meias palavras em um discurso politicamente correto”. Disso depreende-se que é necessário a) dizer palavras simples e claras como o fazem os políticos. b) dizer palavras de fácil entendimento de modo a deixar claro o comprometimento. c) tentar neutralizar a linguagem, de modo a ir de encontro à liberdade de expressão das pessoas. d) usar palavras taxativas que desconsideram os princípios clássicos da moral, da ética e dos bons costumes. e) dizer palavras evasivas, evitando polêmicas e embates. 6 Extensivo Terceirão Instrução: Leia o texto para responder à questão 09.10. Festas julinas? Houve um tempo em que as festas dedicadas aos três santos mais populares do Brasil – Santo Antônio, São João e São Pedro – eram comemo- radas nos dias 13, 24 e 29 de junho. Não é por acaso que elas caíam sempre nessa quadra do ano; na origem, elas eram grandes festas pagãs que saudavam a chegada do solstício de verão ao he- misfério norte, mais tarde fagocitadas pelo calen- dário católico. Como ninguém pensaria em pular fogueira, dançar a quadrilha e encenar um casa- mento na roça em qualquer outro mês do ano, a denominação festa junina servia como uma luva. Nos últimos dez anos, contudo, um certo senso prático terminou desvinculando a festa do seu dia correspondente na folhinha. O certo é que, seja por conveniência, seja por necessidade, a festa de São João hoje pode ocorrer em outros dias que não o 24 de junho, às vezes até invadindo o mês seguinte. Como era de esperar, essas alterações cronoló- gicas vieram criar uma indecisão quanto à manei- ra adequada de designar essas festas. Inimigo do “julina” eu não sou – apenas acho que ela, ape- sar da boa intenção dos que a divulgam, é uma criação desnecessária e equivocada. A língua não gosta de supérfluos... O argumento dos que de- fendem julina não é absurdo; bastaria preencher a linha pontilhada: se a festa que ocorre em junho é junina, a que ocorre em julho deveria ser .... Sinto dizer, porém, que não é assim que acontece. O adjetivo “junino” há muito deixou de constituir uma simples referência ao mês do calendário e passou a designar um tipo muito especial de festa, com características muito bem definidas. Se algum de teus colegas quiser comemorar o aniversário de seu filhinho com uma típica fes- ta junina, tenho certeza de que vai providenciaruma boa fogueira, vai soltar balão (com a devida prudência), vai contratar um bom D.J. sanfonei- ro, servir quentão (para os adultos), pipoca, pé de moleque e pinhão (nos estados do Sul) – mes- mo que o aniversariantezinho tenha nascido em maio, em julho ou em setembro. Cláudio Moreno. Disponível em: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/opiniao/colu- nistas/claudio-moreno/noticia/2017/06/festas>. Acesso em: 29/06/2017. (Fragmento) 09.10. (FPP – PR) – De acordo com o texto, a palavra “julina” em “festa julina” a) refere-se a um tipo de celebração que o nome “junina” não consegue mais indicar com precisão. b) é um neologismo criado para deturpar o mês de come- moração das festas dos três santos. c) passa pela mesma formação que “junina”, o que persuade o autor de que seu uso é útil e legítimo. d) poderia também se referir às festas de junho, já que se refere a festas com as mesmas características. e) tem fácil explicação, porém designa uma festividade cujo nome original extrapola a relação temporal. Aprofundamento Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 09.11. e 09.12. ALVES, Luis. O verdadeiro otimista. Disponível em: <https:// www.mundodasmensagens.com/mensagens-incentivo/>. Acesso em: 11 jul. 2016. O verdadeiro otimista tem o dom de saber que algo vai dar certo não por presunção, mas simplesmente por acreditar que a força que define o que vai dar certo ou errado em sua vida está em seu interior, em suas competências, em sua fé. (Luís Alves) 09.11. (UNICENTRO – PR) – Segundo Luís Alves, a a) crença no destino faz a pessoa sonhar e, assim, aguardar, sem ansiedade, o porvir. b) confiança nas próprias aptidões move o indivíduo à ação e se traduz em resultados positivos. c) responsabilidade das conquistas humanas reside na certeza do homem de que nasceu para ser feliz. d) esperança dá asas à imaginação, que desperta o desejo na pessoa de batalhar para vencer obstáculos. e) luta em busca das metas traçadas já é meio caminho andado para a consecução do que foi planejado. 09.12. (UNICENTRO – PR) – Sobre o termo destacado no trecho “mas simplesmente por acreditar”, a única afirmativa incorreta é a que se faz na alternativa a) Expressa a ideia de exclusão. b) Possui o mesmo valor morfológico de “não”. c) É um modificador de “acreditar”, que exprime modo. d) Pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por me- ramente. e) Indica impossibilidade de deslocamento para depois do verbo. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 09.13. e 09.14. Quebra a perna P1 Uma mulher tornou-se moradora de rua no Largo do Paiçandu, no centro de São Paulo, por ter sido despejada com outros moradores do edifício que haviam invadido, ali na praça, e que acabou desabando depois de um incêndio. Ela Aula 09 7Português 3C decidiu ficar acampada em frente da ruína. “Só saio daqui com a chave da minha casa na mão”, declarou. O desabamento, em sua opinião, lhe deu o direito de ganhar uma casa “do governo” – e ela não estava disposta a procurar outro lugar para morar. P2 Sua reivindicação foi tratada como a coisa mais normal do mundo. Não ocorreu a ninguém que só a população pode pagar essa e qualquer outra despesa feita em nome do público, pois só ela trabalha, produz e ganha o dinheiro que o go- verno lhe arranca para, basicamente, sustentar a si mesmo. P3 Eis aí uma ilustração do delírio a que foi re- duzida a “questão social” neste País. Aqui se gri- ta cada vez mais alto em favor da igualdade – e aqui se faz cada vez mais o contrário de tudo o que poderia tornar as pessoas menos desiguais entre si. Não haverá esperança para essa mulher, e para todos os que vivem no mesmo abismo, enquanto praticamente todas as forças políticas e ideológicas insistirem em impor a ideia de que a “igualdade” e os “direitos iguais” para todos são “prioridades”. Por essa maneira de ver o mundo, a igualdade tem de ser obtida já, por cobrança de mais impostos e atuação do governo, e não, se- gundo exigem as realidades da vida, como conse- quência do trabalho – da criação de riquezas, de avanços na educação, da multiplicação das opor- tunidades. A única coisa que se consegue por esse caminho é uma quantidade cada vez maior de leis mandando os cidadãos serem iguais – e, ao mes- mo tempo, dificuldades cada vez mais perversas para a liberdade de produzir e gerar progresso. Resultado: em vez de ficar mais perto, a igualdade fica mais longe. P4 Circula atualmente nas redes sociais um ví- deo muito interessante a esse respeito. Nele, o autor* de uma palestra para jovens nos Estados Unidos observa que, hoje, a essência da moral, tanto nas ideias como nas ações da vida pública, é a pregação da igualdade entre todos. Para isso, se- gundo esses pregadores, tudo vale – inclusive co- meter atos de violência contra os que estão num nível acima. São os que têm mais talento, mais ha- bilidade, mais inteligência – e nem sempre mais estudos acadêmicos. São as pessoas que criam, que brilham, que têm sucesso. No fundo, são as que mais contribuem para o conjunto da socieda- de – e, em consequência de seus méritos, geram muito mais riqueza e conforto que os demais. No mundo intelectual e político de hoje, a visão pre- dominante é que tal situação é uma injustiça que tornará inviável a sobrevivência das sociedades. O maior dever que um cidadão pode ter na vida é exigir a diminuição da distância entre “os que têm” e “os que não têm”. P5 Para ilustrar o problema, o palestrante men- ciona o maior astro do basquetebol do momento, LeBron James – e diz ironicamente que, em nome da igualdade, ele teria o direito de entrar numa quadra de basquete com LeBron e exigir chan- ces iguais de vitória numa partida entre os dois. Como? Obviamente ele não teria condições de fa- zer um único ponto contra o campeão. Também não pode aprender grande coisa de basquete se não tem talento para esse esporte. A solução para uma disputa igual só poderia ser quebrar as duas pernas de LeBron, possivelmente também um braço – isso sim, seria fazer justiça. Engraçado, não é mesmo? Pois isso se observa todos os dias. Como não podem quebrar de verdade as pernas dos que estão acima, socam impostos neles, cada vez mais. É assim que pretendem criar igualdade para a mulher do Largo do Paiçandu. (*) Yaron Brook. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch>.Acesso em: 28 jun. 2018 (Adaptado de: GUZZO, J.R. Veja, 28 jun. 2018) 09.13. (FEMPAR – PR) – Avalie as afirmativas com relação aos conteúdos e à estrutura do texto. ( ) O exemplo de P1 ilustra o discurso desenvolvido pelas classes populares contra as classes dominantes. ( ) Em P2, o pronome ela refere-se à sociedade produtiva. ( ) Em P3, o autor sugere que a tentativa de promover igualdade socioeconômica entre os indivíduos é cami- nho para o aumento da pobreza na sociedade. ( ) Em P4, o autor do texto afirma que os trabalhadores em geral são a fonte da produção de riquezas na sociedade. ( ) Em P5, “quebrar as pernas” é metáfora que ilustra o au- mento de impostos sobre os que produzem mais ou têm mais talento nas relações produtivas. 09.14. (FEMPAR – PR) – Considere as frases abaixo. ( 1 ) O desabamento, em sua opinião, lhe deu o direito de ganhar uma casa “do governo” – e ela não estava dis- posta a procurar outro lugar para morar. ( 2 ) Aqui se grita cada vez mais alto em favor da igualdade – e aqui se faz cada vez mais o contrário de tudo o que poderia tornar as pessoas menos desiguais entre si. ( 3 ) Por essa maneira de ver o mundo, a igualdade tem de ser obtida já, por cobrança de mais impostos e atua- ção do governo, e não, segundo exigem as realidades da vida, como consequência do trabalho – da criação de riquezas, de avanços na educação, da multiplicação das oportunidades. ( 4 ) O autor de uma palestra para jovens nos Estados Uni- dos observa que, hoje, a essência da moral, tanto nas ideias como nas ações da vida pública, é apregação da igualdade entre todos. ( 5 ) Ele não teria condições de fazer um único ponto contra o campeão. Também não pode aprender grande coisa de basquete se não tem talento para esse esporte. A solução para haver uma disputa igual só poderia ser quebrar as duas pernas de LeBron. 8 Extensivo Terceirão Os itens a seguir estão relacionados, respectivamente, às frases acima. Todas as versões propostas têm como referência a norma culta. Avalie as afirmativas. ( ) Outra redação correta, com o mesmo sentido – Como o desabamento lhe deu o direito de ganhar uma casa “do governo”, ela não estava disposta a procurar outro lugar para morar. ( ) Uma versão correta, com o sentido essencial da frase – Embora por aqui se clame cada vez mais pela igual- dade, faz-se cada vez mais o oposto do que poderia reduzir as desigualdades entre as pessoas. ( ) Uma versão correta, com o sentido essencial da frase – Nessa perspectiva, a redução das desigualdades tem de ser obtida já, por aumento de tributação e ação po- lítica, e não por meio da criação de riquezas, de avan- ços na educação, da multiplicação das oportunidades. ( ) Outra versão correta, com o mesmo sentido – O autor de uma palestra de jovens nos Estados Unidos observa que, hoje, tanto a essência da moral das ideias como das ações da vida pública é a pregação da igualdade entre todos. ( ) Outra versão correta – Ele não teria condições de fazer um único ponto contra o campeão, nem de aprender grande coisa de basquete, se não tem talento para esse esporte. A solução, para uma disputa “justa”, só poderia ser quebrar as duas pernas de LeBron. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 09.15. a 09.17. Cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) descobriram uma forma de diagnosticar e tratar o Mal de Alzheimer, doença degenerativa que mais afeta pessoas no mundo, especialmente na velhice. Em animais, o método interrompeu o processo de perda de funções do cérebro causado pela doença. A descoberta foi um dos destaques na revista Journal of Neuroscience, uma das principais publicações científicas. De acordo com reportagem do jornal O Globo, o alvo do estudo foram os astrócitos, tipo de célula ce- rebral considerada secundária até há alguns anos. Sem eles, as mensagens químicas que fazem o cé- rebro comandar o organismo não são enviadas. As mensagens químicas são destruídas por uma substância inflamatória chamada oligôme- ro ab e os pesquisadores descobriram que eles atacam os astrócitos. O resultado é que as célu- las deixam de produzir uma substância essencial para a comunicação chamada TGF-b1, uma mo- lécula que pode ser sintetizada e, quando dada aos camundongos, fez com que a memória deles voltasse. “O que descobrimos não significa a cura, mas uma estratégia para conter o avanço da doen- ça. Também pode ser um indicador do Alzheimer, quando as perdas de função cognitiva ainda não são evidentes”, disse ao GLOBO a coordenadora do estudo, Flavia Alcântara Gomes, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ICB/UFRJ). (Disponível em: https: br.noticias.yahoo.com/cientistas-brasileiros- descobrem-maneira-de-deter-o-mal-de-alzheimer. Acesso em: 23 jun. 2017.) 09.15. (UEL – PR) – Assinale a alternativa que apresenta, corretamente, um fato confirmado pelo texto. a) Cientistas brasileiros descobriram a cura do mal de Alzheimer. b) A pesquisa serve como medida preventiva da doença. c) O Alzheimer é uma doença degenerativa, de origem inflamatória. d) A pesquisa da UFRJ é pioneira no mundo. e) O Brasil é líder mundial do mal de Alzheimer. 09.16. (UEL – PR) – Sobre os recursos linguístico-semânticos utilizados no texto, considere as afirmativas a seguir. I. As aspas revelam o depoimento da pesquisadora e indi- cam o discurso direto. II. As informações entre parênteses são indispensáveis, pois acrescentam dados imprescindíveis. III. A palavra “quando”, destacada no texto, apresenta um sentido condicional. IV. O termo “eles”, destacado no texto, concorda com a ideia de plural do seu referente. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e II são corretas. b) Somente as afirmativas I e IV são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 09.17. (UEL – PR) – Em relação aos recursos linguísticos e morfossintáticos do texto, considere o trecho a seguir. De acordo com reportagem do jornal O Glo- bo, o alvo do estudo foram os astrócitos, tipo de célula cerebral considerada secundária até há al- guns anos. Sem eles, as mensagens químicas que fazem o cérebro comandar o organismo não são enviadas. Assinale a alternativa correta. a) O sujeito do verbo “foram” está implícito, já que é impos- sível identificá-lo na oração. b) A expressão “tipo de célula cerebral considerada secun- dária” é um aposto do termo anterior. c) O uso do termo “até” junto à palavra “há” é inadequado, segundo a norma padrão da língua. d) O pronome “eles” faz referência aos “pesquisadores”, cita- dos anteriormente no texto. e) O termo “que” pode ser substituído por “o qual”, pois retoma “o cérebro”. Aula 09 9Português 3C Instrução: Leia o texto para responder à questão 09.18. Jovens de 19 anos são tão sedentários quanto idosos de 60 50% dos garotos e 75% das garotas não alcançam nível de atividade mínimo da OMS Um estudo realizado pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, em Baltimo- re, Maryland, revelou dados alarmantes sobre a prática de atividade física dos jovens americanos. Na faixa etária de 19 anos, os níveis de atividade física são comparáveis aos idosos com 60 anos. Os resultados, publicados no início do mês no periódico “Preventive Medicine”, jogam luz sobre uma das principais causas da epidemia de obe- sidade que atinge os EUA, principalmente entre crianças e adolescentes. Os níveis de atividade no fim da adolescên- cia são alarmantemente baixos e, por volta dos 19 anos, são comparáveis com os de pessoas com 60 anos — pontua Vadim Zipunnikov, professor assistente de bioestatística da Johns Hopkins e autor sênior da pesquisa. Para crianças em idade escolar, a primeira janela para a atividade física é a parte da tarde entre 14h e 18h. A questão é como podemos modificar as agendas diárias, na escola, por exemplo, para aumentar a atividade física. Disponível em:<HTTPS://oglobo.globo.com/sociedade/jovens-de-19-anos- sao-tao-sedentarios-quanto-idosos-de-60> . Acesso em: 19/06/17. 09.18. (FPP – PR) – Considerando a problematização e as situações explicitadas pelo texto, uma ação que poderia auxiliar na minimização dos impactos apresentados está adequadamente descrita em: a) Inserir as aulas de Educação Física no período vespertino, momento mais adequado à realização de esportes pelas crianças em idade escolar. b) Promover maior contato entre crianças em idade escolar e idosos, considerando que estes serão mais capazes de, por inspiração, manter a forma física. c) Conscientizar as famílias de que as crianças precisam se movimentar nos finais de semana, já que a escola dispõe de poucos horários de atividades semanais. d) Programar passeios em diferentes ambientes de cultura, o que possibilita às crianças em idade escolar conhecerem metodologias de ensino diversas. e) Adequar as atividades escolares a fim de que a cultura corporal de movimento faça parte das ações desenvol- vidas nos períodos matutino e vespertino. Cap. XI O menino é pai do homem Sim, meu pai adorava-me. Tinha-me esse amor sem mérito, que é um simples e forte impul- so da carne; amor que a razão não contrasta nem rege. Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro e muito coração, assaz crédula, sincera- mente piedosa, – caseira, apesar de bonita, e mo- desta, apesar de abastada; temente às trovoadas e ao marido. O marido era na Terra oseu deus. Da colaboração dessas duas criaturas nasceu a minha educação, que, se tinha alguma coisa boa, era no geral viciosa, incompleta, e, em partes, negativa. Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas. Quarta-feira, 10 de julho. Meu pai é muito querido na família. Todos gostam dele e dizem que é muito bom marido e um homem muito bom. Eu gosto muito disso, mas fico admirada de todo mundo só falar que meu pai é bom marido e nunca ninguém dizer que mamãe é boa mulher. No entanto, no fundo do meu coração, eu acho que só Nossa Senhora pode ser melhor que mamãe. Helena Morley, Minha vida de menina. a) Os trechos acima se assemelham por serem retratos dos pais realizados por seus filhos: no primeiro deles, o menino Brás Cubas; no segundo, a pequena Helena. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta com base nos tempos verbais e na linguagem empregada em cada um deles. Desafio 09.19. (FUVEST – SP) – Considere os textos para responder às questões a e b. 10 Extensivo Terceirão b) Nos trechos acima, as expressões “O marido era na Terra o seu deus” e “só Nossa Senhora pode ser melhor que mamãe” dão, respectivamente, exemplos de duas formas contrastantes de organização familiar, o patriarcado e o matriarcado. Você concorda com essa afirmação? Justifique sua resposta com base em ambas as passagens. 09.20. (FUVEST – SP) – Leia os textos. – Eu acho que nós, bois, – Dança- dor diz, com baba – assim como os cachorros, as pedras, as árvores, somos pessoas soltas, com beira- das, começo e fim. O homem, não: o homem pode se ajuntar com as coisas, se encostar nelas, crescer, mudar de forma e de jeito… O ho- mem tem partes mágicas… São as mãos… Eu sei… João Guimarães Rosa, “Conversa de bois”. Sagarana. Um boi vê os homens Tão delicados (mais que um arbusto) e correm e correm de um para o outro lado, sempre esquecidos de alguma coisa. Certamente falta-lhes não sei que atributo essencial, posto se apresentem nobres e graves, por vezes. Ah, espantosamente graves, até sinistros. Coitados, dir-se-ia não escutam nem o canto do ar nem os segredos do feno, como também parecem não enxergar o que é visível e comum a cada um de nós, no espaço. E ficam tristes e no rasto da tristeza chegam à crueldade. (...) Carlos Drummond de Andrade, “Um boi vê os homens”. Claro enigma. a) Em ambos os textos, o assombro de quem vê decorre das avaliações contrastantes sobre quem é visto. Justifique essa afirmação com base em cada um dos textos. b) O conto de Rosa e o poema de Drummond valem-se de uma mesma figura de linguagem. Explicite essa figura e justifique sua resposta. Aula 09 11Português 3C Produção de textos Proposta 01 Leia o texto a seguir: “[...] em a Condição Humana, Arendt ressalta que os direitos humanos pressupõem a cidadania como um princípio, pois a privação da mesma repercute na condição humana, isto porque o ser humano, privado de proteção conferida por um estatuto político, esvazia-se da sua substância de ser tratado pelos outros como semelhante. Dessa forma, destaca-se que o primeiro direito humano é o direito a ter direitos, o que só é possível mediante o pertencimento, pelo vínculo da cidadania, a algum tipo de comunidade juridicamente organizada e ser tratado dentro dos parâmetros definidos pelos princípios da legalidade.” (Disponível em: <http://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidspp/article/view/16043/3933> com adaptações) (UNICENTRO – PR) – A situação alarmante de milhares de exilados na Europa traz a lume a necessidade de reflexão, novamente, sobre a situação dos apátridas no mundo. Nacionalismos exaltados e xenofobia convivem em um cenário que tem gradati- vamente marginalizado a manutenção dos direitos humanos, pois eles se tornam frágeis quando o apego ao nacionalismo extremado cresce. Onde há nacionalismos, também há xenofobia. Após refletir sobre o tema e, com base nas ideias apontadas pelo fragmento em destaque, escreva, na norma-padrão da língua portuguesa, um texto dissertativo, argumentando de forma crítica e contextualizada sobre a situação de pessoas em condição de exílio no mundo, em pleno século XXI. Relacione esse ato de violência a ações de xenofobia, a partir de exemplos concretos sobre esta questão. 12 Extensivo Terceirão Proposta 02 Considere os textos a seguir como referência para o desenvolvimento de sua redação. Texto 01 O que há de errado com a desigualdade do ponto de vista ético? É óbvio que a desigualdade não é um mal em si – o que importa é a legitimidade do caminho até ela. A questão crucial é a seguinte: a desigualdade ob- servada reflete essencialmente os talentos, esforços e valores diferenciados dos indivíduos ou, ao contrário, resulta de um jogo viciado na origem – de uma profunda falta de equidade nas condições iniciais de vida, da privação de direitos elementares? [...] O Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do planeta. No ranking da distribuição de renda, somos a segunda nação mais desigual do G-20, a quarta da América Latina e a 12º do mundo. Esse quadro é fruto de uma grave anomalia: a brutal disparidade nas condições iniciais de vida e nas oportunidades de nossas crianças e jovens de desenvolverem adequadamente suas capacidades e talentos, de modo a ampliar seu leque de escolhas possíveis e eleger seus projetos, apostas e sonhos de vida. (Adaptado de: GIANETTI, Eduardo. Igualdade de quê?. Disponível em: <www.folha.uol.com.br>. Acesso em: 27 jul. 2018) Texto 02 Qual a alternativa para a desigualdade? Alguém vê alguém igual a alguém? Há uma grande confusão acer- ca da ideia de igualdade. A Declaração diz “todos os homens são criados igualmente”. Mas em que sentido o termo “igualdade” é referido pelos “pais fundadores” (Founding Fathers, em referência aos fundadores dos Estados Unidos)? Igualdade de resultados? Obviamente que não. Igualdade de oportunidades? Os pais fundadores julgavam que tínhamos que ter oportunidades iguais? Mas não há igualdade de oportunidades no mundo real. O que os pais fundadores estavam afirmando era a igualdade perante a lei. Todos nós temos direitos; temos direito à vida, direito ao livre arbítrio, a escolher os meios de alcançar a própria felicidade. Isso não garante igualdade de resultados nem igualdade de oportunidades; mas garante liberdade, porque toda a outra forma de igualdade – de oportunidade, de resultados – requer o quê? Requer o uso da força, o uso da coerção; requer tirar de alguns para dar a outros. Requer dar ao Estado esse poder. E os resultados estão à vista de todos nos últimos dois séculos. Como lidar com o fato de que pessoas têm talentos e inteligências totalmente diferentes? Alguns nascem em famílias pobres, outros em famílias ricas; uns têm mais vontade e determinação, outros menos; alguns têm pais bacanas, outros não tanto; há aqueles que nasceram no Alasca, outros em Nova York, outros em tribos indígenas. A tentativa de igualar requer que você viole os direitos de algumas pessoas, tornando-as menos iguais perante a lei, para dar a outras pessoas, dando a elas tratamento preferencial perante a lei. E é exatamente a isso que os pais fundadores se opunham. (Adaptado de: BROOK, Yaron. A virtude da desigualdade. Disponível em: <www.youtube.com.br>. Acesso em: 27 jul. 2018) Aula 09 13Português 3C Texto 03 O leito de Procusco Procusto, personagem da mitologia grega, vivia perto da estrada de Eleusis, a alguns quilômetros de Atenas. De acordo com a lenda, construiu um leito metálico do exato tamanho de seu corpo. Aos hóspedes que fossem maiores que o leito, Procusto amputava-lhes o excesso. Aos que fossem menores, esticava-os até ficarem de conformidade com o móvel. O viajante nunca se adaptava porque, secretamente, Procusto possuía duas camas de tamanho diferente (duas medidas). O horror só teve fim quando o herói Teseu lhe aplicou o mesmo suplício: colocou-o na cama em sentido transversal, de forma a sobrarem a cabeça e os pés, que foram amputados pelo herói.(Adaptado do disponível em: <www.mitologica.blogs.sapo>. Acesso em: 15 jun. 2018) (FEMPAR – PR) – Redija um texto dissertativo-argumentativo (20 a 35 linhas; mínimo 4 parágrafos) sobre a questão que se segue. Assuma um posicionamento e argumente-o devidamente. Qual a legitimidade do combate às desigualdades na estrutura social? 14 Extensivo Terceirão Proposta 03 Leia a charge e as letras das músicas a seguir. Amor de Malandro Francisco Alves (Gravação de 1929) Vem, vem Que eu dou tudo a você Menos vaidade Tenho vontade Mas é que não pode ser O amor é o do malandro Oh! Meu bem Melhor do que ele ninguém Se ele te bate É porque gosta de ti Pois bater-se em quem Não se gosta Eu nunca vi (Disponível em: < www.cifraclub.com.br/franciscoalves/ 1743969/letra/>. Acesso em: 18 jul 2017).(Revista Kodak, ano II, nº 44, 15 de junho de 1918.) Aula 09 15Português 3C Minha nega na janela Germano Mathias (Gravação de 1956) Não sou de briga Mas estou com a razão Ainda ontem bateram na janela Do meu barracão Saltei de banda Peguei da navalha e disse Pula muleque abusado Deixa de alegria pro meu lado Minha nega na janela Diz que está tirando linha Eta nega tu é feia Que parece macaquinha Olhei pra ela e disse Vai já pra cozinha Dei um murro nela E joguei ela dentro da pia Quem foi que disse Que essa nega não cabia? (Disponível em: <https://www.letras.mus.br/germano-mathias/ 1483511/>. Acesso em: 18 jul. 2017). Um tapinha não dói Bonde do Tigrão (Gravação de 2004) Vai glamurosa Cruza os braços no ombrinho Lança eles pra frente e desce bem devagarinho Dá, dá, dá uma quebradinha e sobe devagar Se te bota maluquinha Um tapinha eu vou te dar porque Dói, um tapinha não dói Um tapinha não dói Um tapinha não dói Um tapinha não dói, só um tapinha (Disponível em: <www.kboing.com.br/bonde-do-tigrao/ 1-60149/>. Acesso em: 18 jul 2017). (UEL – PR) – As letras das músicas e a charge abordam uma temática que tem raízes históricas e ideológicas. Redija um texto opinativo, de 10 a 14 linhas, que discuta o tema em questão. Não há a necessidade de assinar o seu texto. 16 Extensivo Terceirão 09.01. d 09.02. d 09.03. c 09.04. c 09.05. b 09.06. e 09.07. d 09.08. e 09.09. e 09.10. e 09.11. b 09.12. e 09.13. F-V-V-F-V 09.14. F-V-F-F-V 09.15. c 09.16. b 09.17. b 09.18. e 09.19. a) Nos trechos citados no enunciado, os retratos dos pais realizados por seus filhos diferem na perspectiva temporal dos narradores, na linguagem e na visão da figura paterna no contexto familiar de cada um. Em “Memórias póstumas de Brás Cubas”, o narrador é um homem adulto, com linguagem elaborada e intencional- mente irônica, que relembra a sua infância de forma distante, através de verbos, predominantemente, no pretérito imperfei- to do indicativo. Em “Minha vida de menina”, o narrador é uma criança que o leitor identifica na linguagem simples de frases curtas e repetição de vocábulos com que tece considerações sobre ambas as figuras paternas, através do uso de verbos no presente do indicativo. b) As expressões “O marido era na Terra o seu deus” e “só Nossa Se- nhora pode ser melhor que mamãe” não podem ser considera- das, respectivamente, como exemplos de visões contrastantes da organização familiar, o patriarcado e o matriarcado. No texto I, o narrador desvaloriza a figura materna no contexto familiar (“Minha mãe era uma senhora fraca, de pouco cérebro”,” caseira, apesar de bonita”, “temente às trovoadas e ao marido”). Também no texto II, o narrador, apesar da ligação afetiva que o aproxima mais da mãe, reconhece que, socialmente, a figura paterna é mais reverenciada e elogiada do que a materna. 09.20. a) Tanto o excerto de “Conversa de bois” como o de “Um boi vê os homens” transcrevem reflexões dos animais sobre a condição humana. No primeiro, o boi Dançador constata a supremacia do Homem sobre os irracionais pelo fato de ser provido de mãos: “O homem tem partes mágicas… São as mãos”. Já no segun- do, as reflexões recaem sobre a natureza íntima do ser humano, desprovida de atributos essenciais que pudessem torná-lo mais sensível ao mundo que o rodeia:” Certamente falta-lhes/não sei que atributo essencial”, “não escutam/ nem o canto do ar nem os segredos do feno”. b) O conto de Rosa e o poema de Drummond, por apresentarem conceitos elaborados por seres irracionais, valem-se da proso- popeia ou personificação, figura de linguagem pela qual o autor atribui características humanas a seres inanimados ou a animais. Gabarito 17Português 3C Aula 10 Português 1B3C Estratégias argumentativas II Argumentação com base em exemplos Uma forma de fortalecer a argumentação é fundamentá-la por meio de exemplos concretos. Para isso, é importante saber selecionar exemplos fortes, pre- ferencialmente fatos de conhecimento geral. O exemplo a seguir é uma redação feita no ENEM 2016, cujo tema era “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”. Perceba, na leitura do texto, como os argumentos vêm sempre reforçados com exemplos concretos. Exemplo de redação Crédito: Júlia Oya O Brasil é um país com uma das maiores diver- sidades do mundo. Os colonizadores, escravos e imigrantes foram essenciais na construção da iden- tidade nacional, e também, trouxeram consigo suas religiões. Porém, a diversidade religiosa que existe hoje no país entra em conflito com a intole- rância de grande parte da população e, para com- bater esse preconceito, é necessário identificar suas causas, que estão relacionadas à criação de estere- ótipos feita pela mídia e à herança do pensamento desenvolvido ao longo da história brasileira. Primeiramente, é importante lembrar que o ser humano é influenciado por tudo aquilo que ouve e vê. Então, quando alguém assiste ou lê uma notícia sobre políticos da bancada evangé- lica que são contra o aborto e repudiam homos- sexuais, esse alguém tende a pensar que todos os seguidores dessa religião são da mesma maneira. Como já disse Adorno, sociólogo que estudou a Indústria Cultural, a mídia cria certos estereó- tipos que tiram a liberdade de pensamento dos espectadores, forçando imagens, muitas vezes errôneas, em suas mentes. Retomando o exem- plo dos evangélicos, de tanto que são ridiculari- zados por seus costumes e crenças na televisão e na internet e pelos jornais destacarem a opi- nião de uma parte dos seguidores dessa religião, criou-se um modelo do “típico evangélico”, que é ignorante, preconceituoso e moralista, o que, infelizmente, foi generalizado para todos os fiéis. Além disso, percebe-se que certos preconceitos estão enraizados no pensamento dos brasileiros há muito tempo. Desde as grandes navegações, por exemplo, que os portugueses chamavam al- guns povos africanos de bruxos. Com a vinda dos escravos ao Brasil, a intolerância só aumentou e eles foram proibidos de praticarem suas religiões, tendo que se submeter ao cristianismo imposto pelos colonos. É por isso que as práticas das re- ligiões afro-brasileiras são vistas como “bruxaria” e “macumba” e seus fiéis são os que mais denun- ciam atos de discriminação (75 denúncias entre 2011 e 2014). Portanto, é possível dizer que, mesmo exis- tindo o artigo 208 do código penal, que pune os crimes de intolerância religiosa, ela ainda é muito presente. Para combatê-la, é preciso acabar com os estereótipos, ensinando desde cedo a respeitar todas as religiões. Então, o governo federal deve deixar obrigatória para todos os colégios (públi- cos e privados) a disciplina Ensino Religioso du- rante o Ensino Fundamental. Outro caminho é o incentivo das prefeituras para que a população conheça as religiões como elas realmente são, e não a imagem criada pela mídia nem aquela her- dada desde a época colonial, promovendo visitas aos centros religiosos, palestras e programas na televisão e no rádio.” Extraído de: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/leia-redacoes- nota-mil-do-enem-2016.ghtml>. Acesso em: 13/02/18 Observações importantes No exemplo de redação desta aula, duas estratégiasar- gumentativas são destacadas: note que há, no texto, tanto o raciocínio causa/consequência como o uso de exemplos que ilustram a argumentação nela desenvolvida. Isso mostra que, embora não seja plausível, numa redação em torno de 30 linhas, utilizar todos os recursos argumentativos existentes, é possível misturar algumas dessas estratégias. 18 Extensivo Terceirão Assimilação Instrução: Leia o texto para responder às questões 10.01. a 10.03. Testes 10.01. (UERJ) – A flutuação do gosto em relação aos poetas é normal, como é normal a sucessão dos modos de fazer poesia. (1º. parágrafo). A relação que se estabelece entre essa declaração inicial do crítico Antonio Candido e o restante de seu texto pode ser definida pela seguinte sequência: a) problema – solução b) abstração – realidade c) pressuposição – asserção d) generalização – particularização 10.02. (UERJ) – A articulação do primeiro com o segundo parágrafo revela o seguinte eixo principal da argumentação do crítico: a) valorização de versos coloquiais b) descrição de uma poética singular c) contestação de artistas modernos d) exaltação de uma obra convencional 10.03. (UERJ) – Com base nas ideias apresentadas no texto, a metáfora um raro malabarista sugere que o poeta articula os seguintes aspectos em sua poesia: a) humor e seriedade b) tradição e inovação c) erudição e formalismo d) musicalidade e silêncio Instrução: Leia o fragmento que segue para responder à questão 10.04. Um poema de Vinicius de Moraes A flutuação do gosto em relação aos poe- tas é normal, como é normal a sucessão dos modos de fazer poesia. Pelo visto, Vinicius de Moraes anda em baixa acentuada. Talvez o seu prestígio tenha diminuído porque se tornou can- tor e compositor, levando a opinião a considerá-lo mais letrista do que poeta. Mas deve ter sido tam- bém porque encarnou um tipo de poesia oposto a certas modalidades para as quais cada palavra tende a ser objeto autônomo, portador de manei- ra isolada (ou quase) do significado poético. Na história da literatura brasileira ele é um poeta de continuidades, não de rupturas; e o nosso é um tempo que tende à ruptura, ao triun- fo do ritmo e mesmo do ruído sobre a melodia, assim como tende a suprimir as manifestações da afetividade. Ora, Vinicius é melodioso e não tem medo de manifestar sentimentos, com uma naturalidade que deve desgostar as poéticas de choque. Por vezes, ele chega mesmo a cometer o pecado maior para o nosso tempo: o sentimenta- lismo. Isso lhe permitiu dar estatuto de poesia a coisas, sentimentos e palavras extraídos do mais singelo cotidiano, do coloquial mais familiar e até piegas, de maneira a parecer muitas vezes um se- resteiro milagrosamente transformado em poeta maior. João Cabral disse mais de uma vez que sua própria poesia remava contra a maré da tradição lírica de língua portuguesa. Vinicius seria, ao con- trário, alguém integrado no fluxo da sua corrente, porque se dispôs a atualizar a tradição. Isso foi possível devido à maestria com que dominou o verso, jogando com todas as suas possibilidades. Ele consegue ser moderno usando metrifica- ção e cultivando a melodia, com uma imaginação renovadora e uma liberdade que quebram as con- venções e conseguem preservar os valores colo- quiais. Rigoroso como Olavo Bilac, fluido como o Manuel Bandeira dos versos regulares, terra a terra como os poemas conversados de Mário de Andrade, esse mestre do soneto e da crônica é um raro malabarista. ANTONIO CANDIDO Adaptado de Teoria e debate, nº. 49. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, out-dez, 2001. No Brasil, um dos principais mecanismos de apoio às vítimas de violência contra a mulher é o Ligue 180, acessado gratuitamente de qualquer lugar. O canal registrou, em 2016, aumento de 51% no número de denúncias em todo o país, em relação ao ano anterior. No total, 1 milhão e 300 mil denúncias foram registradas: 50% sobre violência física, 31% sobre violência psicológica e 5% sobre violência sexual. Em 65% dos casos, a violência foi praticada por homens contra as com- panheiras. E em 38%, o relacionamento entre a vítima e o agressor tem mais de 10 anos de dura- ção (dados divulgados pela Agência Brasil). Disponível em:<HTTP://sociologia.uol.com.br/a-violencia-contra-a-mulher> . Acesso em: 20/06/17. (Excerto) 10.04. (FPP – PR) – Com base na análise dos dados forne- cidos pelo texto, é possível constatar que a) os parceiros representam o maior número de agressores em registro de violência conta a mulher no Brasil. b) a figura do agressor de mulheres está intimamente ligada a relacionamentos casuais. Aula 10 19Português 3C c) o número de agressões contra a mulher registradas pelo Ligue 180 teve aumento pouco expressivo em 2016. d) a maior incidência de agressões a mulheres em relacio- namentos duradouros é a psicológica. e) há uma glamourização dos casos de assédio, o que leva um maior número de mulheres a denunciá-los. Aperfeiçoamento Instrução: Considere o excerto a seguir para responder à questão 10.05. tire da dieta. Isso porque alimentos considerados bons para a saúde, como a farinha de trigo, de centeio e da cevada, por exemplo, contêm glúten. Nesse caso, pessoas não celíacas podem acabar se privando de bons produtos para a saúde por acharem que também devem dispensar o glúten. A equipe dirigida por Andrew T. Chan, nos Esta- dos Unidos, aponta que o consumo de glúten não aumenta o risco de doenças cardiovasculares em pessoas não celíacas. LEMOS, Agatha. Dieta sem glúten não é para todos, Revista Vida e Saúde, 17/05/2017. Disponível em:<www.revistavidaesaude.com.br> . Acesso em: 27/05/2017. Cientistas dos EUA desenvolveram aquela que pode ser a melhor solução para quem tem medo de agulha, mas quer se vacinar contra a gripe. Trata-se de uma vacina em forma de adesivo. Olhando de pertinho, veem-se 100 microagulhas prontinhas para perfurar a pele e lá permanecer. Enquanto são dissolvidas pelo organismo, elas liberam os vírus inativados (mortos), que com- põem a vacina. Cem pacientes participaram dos primeiros tes- tes, conduzidos por pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Georgia e da Universidade Emory (ambas nos EUA). Os voluntários foram divididos em quatro gru- pos: 1) vacina injetável tradicional; 2) vacina em adesivo aplicada por um profissional de saúde; 3) vacina em adesivo aplicada pelo próprio paciente e 4) placebo (só o adesivo, sem as microagulhas). Folha de S. Paulo, 28/06/17. 10.05. (FPP – PR) – Ao serem publicados em periódicos de grande circulação entre leitores diversos, os textos que divulgam descobertas científicas lançam mão de vocabulário não especializado. Exemplo disso pode ser encontrado no seguinte excerto do texto: a) “Olhando de pertinho, veem-se 100 microagulhas [...]”. b) “Trata-se de uma vacina em forma de adesivo”. c) “Os voluntários foram divididos em quatro grupos”. d) “placebo (só o adesivo, sem as microagulhas)”. e) “Cem pacientes participaram dos primeiros testes”. Instrução: Leia o texto que segue para responder à questão 10.06. Artigo publicado pela revista médica British Medical Journal divulgou novo estudo da Escola de Medicina de Harvard que diz que as pessoas não devem deixar de consumir glúten, a não ser aquelas que são intolerantes a ele. As pessoas ce- líacas realmente sofrem restrição alimentar quan- to à ingestão do glúten. Contudo, para quem não tem esse problema, o estudo desaconselha que se 10.06. (FPP – PR) – Observe os termos sublinhados no excerto anterior e analise as questões a seguir. I. Os termos do texto “aquelas” e “ele” correspondem, respectivamente, às palavras “pessoas” e “glúten”, citadas anteriormente. II. “Contudo” inicia uma advertência relativa à eliminação do glúten por pessoas sem restrições ao alimento. III. “Novo”, no contexto, significa que não há pesquisas cien- tíficas sobre o assunto. IV. “Por acharem” denota um posicionamento apoiado em pesquisas científicassobre os malefícios do glúten na alimentação das pessoas em geral. V. O verbo “aponta” introduz o resultado da pesquisa da equipe do Dr. Andrew T. Chan em relação ao risco do aumento de doenças cardiovasculares em pessoas não celíacas ao consumirem glúten. a) I, III e V. d) III e V. b) III, IV e V. e) I, II e V. c) I e II. Instrução: Leia o texto a seguir para responder à questão 10.07. A Domino’s definitivamente está decidida a en- tregar pizzas sem humanos. A empresa se juntou à Ford nos Estados Unidos para começar a entregar os pedidos em carros sem motoristas. Os autôno- mos da Domino’s/Ford circularão, a princípio, em uma região do Michigan. Os pedidos que serão en- tregues desta forma serão aleatórios, por sorteio. O consumidor receberá uma mensagem de que sua pizza está chegando e um código para abrir o carro e pegar seu pedido. Os carros deverão tomar as ruas nos próximos meses. Não é a primeira investida da Domino’s no mundo robotizado. A rede criou uma unidade altamente automatizada em Brisbane, na Austrália, onde robôs levam os pedidos até a mesa dos consumidores. Na Nova Zelândia, a pizzaria tem uma unidade que entrega o acepipe por drone (mas as pessoas precisam ter um jardim para rece- ber sua redondinha). GAZETA DO POVO. Pizza robotizada, 2 a 8 de set. de 2017, p.14. 20 Extensivo Terceirão 10.07. (FPP – PR) – Assinale a alternativa que contempla a ideia principal do texto acima. a) A Domino’s consolida a investida em robótica, em parceria com a Ford, ao entregar pizza em carros sem motoristas e, sem a Ford, ao empregar robôs para servir os clientes e utilizar drone para entregar acepipe. b) A Domino’s decidiu investir em robótica ao fazer uma parceria com a Ford para entregar pizzas sem o auxílio de humanos, nos Estados Unidos, na Austrália, e na Nova Zelândia. c) A Domino’s entregará pizzas com carros sem motoristas e utilizará robôs e drone para atender os clientes. d) A robotização do serviço de entrega de pizzas, em parceria com a Ford, com carros sem motorista, foi consolidada pela Domino’s, antes de qualquer outra inciativa nesse setor. e) A última atividade da Domino’s em servir pizza, sem o auxílio de humanos, foi o uso de drone e robôs para a entrega do produto em domicílio. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 10.08. e 10.09. II. A intensidade do fenômeno de uma erupção solar é calculada em laboratório pelos estudiosos, em um tra- balho de equipe. III. Quando os alertas sobre uma tempestade solar são acionados, é necessário tomar precauções para evitar acidentes e explosões na Terra. IV. O segundo parágrafo aponta medidas possíveis para evitar explosões no universo, relativas aos satélites e aos geradores. V. Duas preparações diminuem o risco de ra- diação: os astronautas se recolhem para partes protegidas do laboratório orbital e a rota de aviões é refeita. A sequência que apresenta a avaliação CORRETA das afirma- ções anteriores é: ( ) V – F – F – V – V. ( ) V – F – V – F – V. ( ) V – V – V – F – F. ( ) F – F – V – V – V. ( ) F – V – F – V – F. 10.09. (FPP – PR) – As expressões o próximo passo (primei- ro parágrafo), quando (segundo parágrafo), outra medida e frequentemente (terceiro parágrafo), estabelecem com as ideias do texto, respectivamente, uma relação de ( ) sequência, tempo, alteração e intensidade. ( ) soma, possibilidade, adição e modo. ( ) adição, tempo, alternância e meio. ( ) soma, dúvida, possibilidade e intensidade. ( ) adição, tempo, adição e tempo. Instrução: Leia o texto para responder à questão 10.10. Ao avistar uma erupção solar que possa ge- rar uma tempestade aqui na Terra, pesquisadores precisam estimar a sua direção, para saber se ela realmente chegará ao planeta. O próximo passo é estimar a sua intensidade, tarefa de um satélite que fica localizado no meio do caminho até o Sol. E então, ao chegar aqui, a tempestade pode, ou não interagir com o nosso campo magnético. Quando soam os alertas sobre uma tempes- tade solar, algumas preparações devem ser feitas para evitar desastres. Satélites de comunicação diminuem as suas atividades e alguns geradores de eletricidade (especialmente nos polos da Terra, onde a carga de radiação recebida é mais intensa), para que não haja risco de explosão. Além disso, astronautas da Estação Espacial Internacional precisam se recolher para partes mais protegidas dentro do laboratório orbital, para não ficarem muito expostos à radiação. Ou- tra medida necessária é refazer a rota de aviões que viajam entre a Ásia e a América do Norte que, frequentemente, passam pelo Polo Norte – por causa da radiação, os sistemas de localização e de rádio das aeronaves podem parar de funcio- nar, colocando os passageiros e os tripulantes em grande risco. Disponível em: <www.revistagalileu.globo.com>. Acesso em: 14/07/2018. Você já deve ter experimentado algum refrige- rante de guaraná, presença quase certa nas festas de aniversário. Mas você já parou para imaginar qual a origem do fruto? O guaraná é originário da Amazônia e é funda- mental na cultura e nos rituais dos Sateré Mawé, grupo indígena que vive no Amazonas, e que se consideram os “filhos do Guaraná”. Toda a socie- dade se envolve nas etapas de beneficiamento do fruto, desde a colheita, no período das chuvas, entre novembro e março. Este é um período de vida social intensa, quando os Sateré Mawé restauram as suas forças. Entre eles, o guaraná é consumido ralado na água e bebido em grandes quantidades por adultos e crianças. O preparo fica a cargo de uma mulher (esposa ou filha do anfitrião) que, quando che- ga à quantidade correta de guaraná ralado, passa a cuia com a bebida para o seu marido, que em seguida passa para todos os presentes – primeira- mente os mais velhos ou visitantes ilustres – se- guindo de mão em mão até retornar ao dono da casa e à sua mulher. Ela, então, prepara mais uma rodada da bebida. <https://tinyurl.com/zy6cmm6> Acesso em: 10.02.2017. Adaptado. 10.08. (FPP – PR) – Leia as afirmações a seguir e marque com V as opções verdadeiras e com F as falsas, de acordo com o excerto. I. Ao detectar a possibilidade de uma tempestade solar na Terra, os pesquisadores precisam calcular sua direção para então tomar medidas preventivas. Aula 10 21Português 3C uma tática de sobrevivência desses povos, por vezes nômades. “Como vai carregar uma pessoa com deficiência [na mata]? Para pagar esse peca- do, é melhor eliminar logo. Entendi dessa forma [o ritual]”, disse Macuxi, ao ressaltar que animais e cipós são obstáculos para um índio deficiente. P6 Em algumas tribos, as crianças são enfor- cadas. “Quem decide é a própria mãe. Segura o pescoço e já enterra”, conta Jonas Ianomâmi, de Barcelos (AM). Em dois anos, foram registradas 96 mortes de bebês indígenas de até seis dias de idade em Barcelos, Caracaraí e Alto Alegre (RR), segundo o “Mapa da violência 2015”. Não é possí- vel saber se esse número já foi maior, porque não há registros seguros. Para Jonas e Ozélio, a morte dos bebês faz parte da vida cultural desses povos e não cabe ao homem branco entender ou interfe- rir. A governadora do Estado, Suely Campos (PP), diz que quase nunca fica sabendo das mortes. “É uma questão deles, que começa e acaba lá.” P7 Mas o assunto está na pauta do Senado des- de setembro, após a Câmara aprovar um projeto de lei que prevê criminalizar, por omissão de so- corro, quem não informar o infanticídio ou qual- quer outra prática que atente contra a saúde e a integridade dos índios. A medida inclui ONGs, poder público, Funai e qualquer cidadão. Pelo projeto, o índio não é punido. Mas cabe ao poder público proteger e auxiliar o índio que “decidir não permitir, expor ou submeter crianças a práti- cas que coloquem em risco a vida.” P8 A proposta, conhecida como Lei Muwaji – em homenagem a uma mãe da tribo dos su- ruwahas que não permitiu a morte da filha defi- ciente –,levou quase oito anos para ser aprovada na Câmara. A Associação Brasileira de Antropolo- gia e ONGs ligadas aos índios dizem que o pro- jeto tira a garantia desses povos à sua identidade. Argumentam ainda que o infanticídio é residual. “Por que deputados e senadores discutem isso sem consultar os indígenas?”, questiona Maurício Yekuana, da ONG Hutukara. (Adaptado de: TOLEDO, Marcelo. Disponível em: <http://www1.folha.uol. com.br/cotidiano/2015/12/21>. Acesso em: 14 maio 2016) 10.10. (UEPG – PR) – Conforme o texto, é correto afirmar que a) o período da colheita do guaraná é de vida social intensa e, durante esse processo, os Sateré Mawé se revigoram. b) o consumo da bebida preparada com o guaraná ralado é restrito aos homens adultos e aos visitantes ilustres. c) os Sateré Mawé, do Pantanal, inventaram o refrigerante de guaraná a partir do fruto ralado na água. d) os homens mais velhos entre os Sateré Mawé preparam a bebida que dá energia aos mais jovens. o guaraná é um fruto colhido na primavera, quando cessam as chuvas na floresta amazônica. Aprofundamento Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 10.11. e 10.12. Muwaji P1 Em uma aldeia indígena de Caracaraí, pe- quena cidade de Roraima, a jovem de 21 anos dava à luz seu quarto filho, e desesperou-se ao notar que o recém-nascido tinha uma má-forma- ção na perna. Mesmo já sabendo o que ia aconte- cer, consultou os líderes de sua aldeia ianomâmi. P2 O bebê não chegou a ser amamentado. Pas- sou por um ritual em que foi queimado vivo. As cinzas foram usadas para preparar um min- gau, oferecido a todos da tribo. A índia contou a parentes que ficou triste, pois queria cuidar da criança. Mas entendeu que era a tradição de sua gente. P3 A morte de bebês, geralmente com até seis dias de vida, é praticada, segundo registros e tes- temunhos, em pelo menos 13 etnias indígenas, com maior ou menor contato com o homem branco. Ocorre, na maioria dos casos, quando a criança nasce com alguma deficiência física. Mas há também mortes de gêmeos ou por suspeita de que a mãe cometeu adultério ou foi estuprada. Isso ocorre no Brasil e não tem sido considerado crime, pois nossa Constituição assegura a grupos indígenas o direito à prática do infanticídio, em respeito à autonomia cultural. P4 O antropólogo Mércio Pereira Gomes, ex- -presidente da Funai, admitiu que sofreu “um di- lema muito grande” no órgão diante da questão do infanticídio. Como cidadão, é contrário à prá- tica, mas como antropólogo e funcionário do ór- gão rejeita uma política intervencionista. Já para o sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, autor do “Mapa da violência” no Brasil, as mortes de bebês índios não deixam de ser assassinato, por mais que a prática seja vinculada à cultura indígena. “Não se deve criminalizar o índio, mas tem de agir para salvar essas vidas.” P5 Secretário do Índio de Roraima, Ozélio Ma- cuxi discorda. Para ele, o ato é, acima de tudo, 10.11. (FEMPAR – PR) – Avalie as afirmativas com relação aos conteúdos e à estrutura do texto. a) ( ) Em P1 e P2, o autor apresenta sua tese por meio de exemplo. b) ( ) Dos posicionamentos apresentados em P4, é coerente a postura do antropólogo Mércio Pereira Gomes, pois não há qualquer prática intervencionista por parte do Estado brasileiro nas comunidades indígenas. c) ( ) Deduz-se de P5: no contexto tribal a deficiência é de certo modo “uma falta capital” contra o grupo e o próprio indivíduo. 22 Extensivo Terceirão d) ( ) Considerando a perspectiva da Funai, não caberia incluir as mortes de bebês indígenas no Mapa da Violência de 2015. e) ( ) Os termos cultura indígena, integridade dos índios e identidade apresentam uma relação de sinonímia no texto. 10.12. (FEMPAR – PR) – Considere as frases a seguir. ( 1 ) A índia contou a parentes que ficou triste, pois queria cuidar da criança. Mas entendeu que era a tradição de sua gente. ( 2 ) Há também mortes de gêmeos ou por suspeita de que a mãe cometeu adultério ou foi estuprada. ( 3 ) Não se deve criminalizar o índio, mas tem de agir para salvar essas vidas. ( 4 ) A morte dos bebês faz parte da vida cultural desses povos e não cabe ao homem branco entender ou in- terferir. ( 5 ) O projeto tira a garantia desses povos à sua identidade. Os itens a seguir estão relacionados, respectivamente, às frases acima. Todas as versões propostas têm como referência a norma culta. Avalie as afirmativas. a) ( ) Uma redação correta: A índia contou a parentes que ficou triste; queria cuidar da criança, mas entendeu que o ritual era a tradição de sua gente. b) ( ) Uma redação correta: Há também mortes de gêmeos por suspeita de que a mãe tenha cometido adultério ou sido estuprada. c) ( ) Uma versão correta: Não se deve criminalizar o índio, mas há que agir para salvar essas vidas. d) ( ) Uma redação correta: O infanticídio faz parte da vida cultural desses povos e não cabe ao homem branco entendê-lo ou nela interferir. e) ( ) Outra redação correta: O projeto tira a esses povos a garantia a sua identidade. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 10.13. a 10.16. mão do contemporâneo. Enquanto o mundo se expande, se reproduz e acelera, a literatura con- trai, pedindo que paremos para um mergulho “sem resultados” em nosso próprio interior. Sim: a literatura – no sentido prático – é inútil. Mas ela apenas parece inútil. A literatura não serve para nada – é o que se pensa. A indústria editorial tende a reduzi-la a um entretenimento para a beira de piscinas e as salas de espera dos aeroportos. De outro lado, a universidade – em uma direção oposta, mas igualmente improdutiva – transforma a literatu- ra em uma “especialidade”, destinada apenas ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. Vou dizer com todas as letras: são duas formas de matá-la. A primeira, por banalização. A segunda, por um esfriamento que a asfixia. Nos dois casos, a lite- ratura perde sua potência. Tanto quando é vista como “distração”, quanto quando é vista como “objeto de estudos”, a literatura perde o princi- pal: seu poder de interrogar, interferir e desesta- bilizar a existência. Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um poder que não é de mais ninguém. Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o horror, as crueldades, a imensa instabilidade e o igualmente imenso vazio que carregamos em nosso espírito. Somos seres “normais”, como nos orgulhamos de dizer. Culti- vamos nossos hábitos, manias e padrões. Empres- tamos um grande valor à repetição e ao Mesmo. Acreditamos que somos donos de nós mesmos! Mas leia Dostoievski, leia Kafka, leia Pessoa, leia Clarice – e você verá que rombo se abre em seu es- pírito. Verá o quanto tudo isso é mentiroso. Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de rea- lidade, mas que – a literatura desmascara isso – não passa de ilusão. A “realidade” é apenas um pacto que fazemos entre nós para suportar o “real”. A realidade é norma, é contrato, é repetição, ela é o conhecido e o previsível. O real, ao contrário, é instabilidade, surpresa, desassossego. O real é o estranho. (...) A literatura não tem o poder dos mísseis, dos exércitos e das grandes redes de informação. Seu poder é limitado: é subjetivo. Ao lançá-lo para dentro, e não para fora, ela se infiltra, como um veneno, nas pequenas frestas de seu espírito. Mas, nele instalada pelo ato da leitura, que escândalos, que estragos, mas também que descobertas e que surpresas ela pode deflagrar. Não é preciso ser um especialista para ler uma ficção. Não é preciso ostentar títulos, apresentar cur- rículos, ou credenciais. A literatura é para todos. Dizendo melhor: é para os corajosos ou, pelo me- nos, para aqueles que ainda valorizam a coragem. (...) (<http://blogs.oglobo.globo.com/jose-castello/post/o-poder-da- literatura444909.html>. Acesso em: 21 fev 2017) O poder da literatura JoséCastello Em um século dominado pelo virtual e pelo instantâneo, que poder resta à literatura? Ao con- trário das imagens, que nos jogam para fora e para as superfícies, a literatura nos joga para den- tro. Ao contrário da realidade virtual, que é com- partilhada e se baseia na interação, a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na introspecção. Ao contrário do mundo instantâneo em que vive- mos, dominado pelo “tempo real” e pela rapidez, a literatura é lenta, é indiferente às pressões do tempo, ignora o imediato e as circunstâncias. Vivemos em um mundo dominado pelas res- postas enfáticas e poderosas, enquanto a literatura se limita a gaguejar perguntas frágeis e vagas. A literatura, portanto, parece caminhar na contra- Aula 10 23Português 3C Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 10.17. e 10.18. 10.13. (EPCAR – MG) – Da leitura global do texto, só NÃO é correto afirmar que a literatura a) dá ao homem condições de autoconhecimento por meio de perguntas aparentemente frágeis e vagas. b) coloca o homem em contato com sua verdade mais profunda e aterrorizante. c) deve desequilibrar o leitor, roubando-lhe a certeza e instaurando a desconfiança. d) atinge a todos, desmascarando suas mentiras, fragilidades e arrogâncias. 10.14. (EPCAR – MG) – Na afirmativa “Mas ela apenas parece inútil.” , o advérbio “apenas” e o verbo “parece” reiteram o juízo de valor do autor sobre a importância da literatura, que para ele a) é um entretenimento para a beira de piscinas e para as salas de espera dos aeroportos. b) conserva um poder que não é de mais ninguém, com sua capacidade de lançar o sujeito de volta para dentro de si. c) é uma especialidade destinada ao gozo dos pesquisadores e dos doutores. d) caminha na contramão do contemporâneo, se contraindo, enquanto o mundo expande. 10.15. (EPCAR – MG) – Assinale a opção em que NÃO se percebe uma ideia adversativa. a) “Contudo, desde os gregos, a literatura conserva um poder que não é de mais ninguém.” b) “Ela lança o sujeito de volta para dentro de si e o leva a encarar o horror, as crueldades...” c) “...que escândalos, que estragos, mas também que des- cobertas e que surpresas ela pode deflagrar.” d) “Vivemos imersos em um grande mar que chamamos de realidade, mas que – a literatura desmascara isso – não passa de ilusão”. 10.16. (EPCAR – MG) – Assinale a alternativa que apresenta uma explicação INCORRETA. a) Em “Tanto quando é vista como distração, quanto quando é vista como objeto de estudos...” os termos em destaque estabelecem uma relação de comparação entre as duas situações relacionadas. b) Os dois pontos foram utilizados no excerto “...a literatura perde o principal: seu poder de interrogar, interferir e desestabilizar...” para introduzir ideias que foram resumidas em um termo anterior. c) A vírgula presente em “...a literatura é um ato solitário, nos aprisiona na introspecção.” foi utilizada para marcar a elipse de um termo. d) No período “...mas também que descobertas e que sur- presas ela pode deflagrar.”, se o sujeito fosse para o plural, a locução verbal ficaria: pode deflagrarem. VIVEMOS O FIM DO MUNDO Luis Antônio Giron (...) Bauman é autor do conceito de “modernida- de líquida”. Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação. Nesta entrevista, ele fala sobre como a vida, a política e os padrões culturais mudaram nos últimos 20 anos. As instituições po- líticas perderam representatividade porque sofrem com um “déficit perpétuo de poder”. Na cultura, a elite abandonou o projeto de incentivar e patroci- nar a cultura e as artes. Segundo ele, hoje é moda, entre os líderes e formadores de opinião, aceitar todas as manifestações, mas não apoiar nenhuma. (...) ÉPOCA – As redes sociais aumentaram sua força na internet como ferramentas eficazes de mobilização. Como o senhor analisa o surgi- mento de uma sociedade em rede? Bauman – Redes, você sabe, são interligadas, mas também estão descosturadas e remendadas por meio de conexões e desconexões... As redes sociais eram atividades de difícil implementação entre as comunidades do passado. De algum modo, elas continuam assim dentro do mundo off-line. No mundo interligado, porém, as interações sociais ganharam a aparência de brinquedo de crianças rápidas. Não parece haver esforço na parcela on- -line, virtual, de nossa experiência de vida. Hoje, assistimos à tendência de adaptar nossas intera- ções na vida real (off-line), como se imitássemos o padrão de conforto que experimentamos quando estamos no mundo on-line na internet. ÉPOCA – Os jovens podem mudar e salvar o mundo? Ou nem os jovens podem fazer algo para alterar a história? Bauman – Sou tudo, menos desesperançoso. Con- fio que os jovens possam perseguir e consertar o estrago que os mais velhos fizeram. Como e se forem capazes de pôr isso em prática, dependerá da imaginação e da determinação deles. Para que se deem uma oportunidade, os jovens precisam resistir às pressões da fragmentação e recuperar a consciência da responsabilidade compartilhada para o futuro do planeta e seus habitantes. Os jo- vens precisam trocar o mundo virtual pelo real. ÉPOCA – O senhor afirma que as elites adota- ram uma atitude de máximo de tolerância com o mínimo de seletividade. Qual a razão dessa atitude? Bauman – Em relação ao domínio das escolhas culturais, a resposta é que não há mais auto- 24 Extensivo Terceirão confiança quanto ao valor intrínseco das ofertas culturais disponíveis. Ao mesmo tempo, as elites renunciaram às ambições passadas, de empreen- der uma missão iluminadora da cultura. A elite deixou de ser o mecenas da cultura. Hoje, as elites medem sua superioridade cultural pela capacida- de de devorar tudo. (...) ÉPOCA – Como diz o crítico George Steiner, os produtos culturais hoje visam ao máximo impacto e à obsolescência instantânea. Há uma saída para salvar a arte como uma experiência humana importante? Bauman – Bem, esses produtos se comportam como o resto do mercado. Voltam-se para as ven- das de produtos na sociedade dos consumidores. Uma vez que a busca pelo lucro continua a ser o motor mais importante da economia, há pouca oportunidade para que os objetos de arte cessem de obedecer à sentença de Steiner... (...) (Revista Época nº 819, 10 de fevereiro de 2014, p.68 – 70) Desafio 10.19. (PUC – RJ) – Há dois aspectos imprescindíveis a qual- quer discurso que queira, hoje, tratar do significado da nação. a) O texto apresenta duas visões distintas que, hoje, encon- tram-se relacionadas ao conceito de nação. Estabeleça a diferença entre elas. 10.17. (EPCAR – MG) – Das respostas dadas por Bauman, só NÃO podemos depreender que a) o comportamento cultural da elite pauta-se hoje na indiferenciação dos objetos culturais. b) as relações virtuais aparentam ser mais fáceis e agradáveis que as interações na vida real. c) o advento da internet permite uma conexão sempre fácil e eficiente entre as redes sociais. d) a arte poderia ser salva, desde que deixasse de se compor- tar como uma mercadoria regida pelas regras do mercado. 10.18. (EPCAR – MG) – Leia o trecho a seguir: “Com a ideia de “liquidez”, ele tenta explicar as mudanças profundas que a civilização vem sofrendo com a globalização e o impacto da tecnologia da informação”. Observe as reescritas sugeridas para esse trecho e assinale aquela que está correta. a) A globalização e o impacto da tecnologia da informação têm provocado mudanças profundas na civilização as quais ele tenta explicar por meio da ideia de “liquidez”. b) A ideia de “liquidez” através da qual ele tenta explicar as mudanças profundas cuja civilização vem sofrendo em decorrência da globalização e do impacto da tecnologia da informação. c) Às mudanças profundas, que a civilização vem sofrendo decorrente da globalização e do impacto da tecnologia da informação, eletenta explicitar pela ideia de “liquidez”. d) De acordo com a ideia de “liquidez”, ele tenta esclarecer as mudanças profundas às quais a civilização vem experi- mentando pela globalização e pelo impacto da tecnologia da informação. O primeiro é relativo à dimensão simbólica da ideia de nação, entendida menos como ter- ritório, mais como repertório de recursos iden- titários. Sobre o papel de constructo cultural e simbólico que a ideia de nação representa, temos autores que convergem sobre a arbitrariedade de sua gênese (a nação como invenção histórica ar- bitrária, de Gellner; como invenção da tradição, de Hobsbawm; como comunidade imaginada, de Anderson). Porém, independentemente do reco- nhecimento de sua função ideológica ou de legiti- mação política, o que hoje se enfatiza na ideia de nação é a forte carga simbólica e o caráter cultural que carrega. Dizer, então, que os sentimentos de pertencimento são culturalmente construídos não significa necessariamente que eles se fundem em manipulações mistificadoras ou subficções arbi- trárias. O acento recai, sobretudo, na sua capaci- dade de fundar uma comunidade emocional, de agir como conectores de um “nós” nacional. O segundo aspecto é relativo à separação que se verifica, no contexto contemporâneo, dos vínculos que pareciam indissoluvelmente ligar sociedade e estado nacional. A relação identificatória entre estado-nação e sociedade perdeu a obviedade e na- turalidade, quando, no contexto da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas de socia- lidade completamente desvinculadas do estado- -nação: a “explosão” da complexidade social, no momento em que outras agências de produção de significados (as religiões, o mercado, a indústria cultural, etc.) competem com o estado-nação, o que acaba por minar irreversivelmente sua centra- lidade e capacidade de integração social. LOPES, Maria Immacolata Vassallo de. Ficção televisiva e identidade cultural da nação. In: Revista Alceu Nº. 20. Rio de Janeiro: Editora PUC--Rio, 2010. p. 11-12. Disponível em: <http://revistaalceu.com.puc-rio.br/cgi/cgilua.exe/sys/ start.htm?sid=32>. Acesso em: 21 jul. 2015. Adaptado. Aula 10 25Português 3C A relação identificatória entre estado-nação e sociedade perdeu a obviedade e naturalidade, quando, no con- texto da globalização, tornaram-se manifestas diversas formas de socialidade completamente desvinculadas do estado-nação. Valor Setorial, junho de 2015. a) Tanto a frase quanto a imagem que compõem essa pro- paganda estão divididas, visualmente, em duas partes. Explique resumidamente a relação de sentido que existe entre imagem e frase, em cada uma das duas partes. I. Justifique o emprego da forma verbal “tornaram-se” na 3ª. pessoa do plural. II. Reescreva o trecho, iniciando-o por “É possível que”. Faça as modificações necessárias. 10.20. (FGV – RJ) – Examine a seguinte mensagem publicitária de uma empresa do ramo de construção civil: b) Com relação ao trecho abaixo, faça o que é solicitado a seguir. b) Identifique algum recurso expressivo, sintático ou semântico, presente na frase do anúncio. 26 Extensivo Terceirão Produção de textos Proposta 01 Considere a coletânea a seguir como referência para o desenvolvimento de sua redação. Texto 01: O infanticídio entre indígenas é um tema que já gerou documentários, projetos de lei e muita polêmica em torno de saúde pública, cultura, religião e legislação. Ainda utilizado por volta de 20 etnias entre as mais de 200 do Brasil, esse princípio tribal leva à morte não apenas gêmeos, mas também filhos de mães solteiras, crianças com problema mental ou físico, ou doença não identificada pela tribo. [...] Tramitando no Congresso, a Lei Muwaji estabelece que “qualquer pessoa” que saiba de casos de uma criança em situação de risco e não informe às autoridades responderá por crime de omissão de socorro. A pena vai de um a seis meses de detenção ou multa. O projeto se inspirou no caso da indígena Muwaji Suruwahá, que lutou pela sobrevivência de sua filha Iganani, que tem paralisia cerebral e por isso estava condenada à morte por envenenamento em sua própria comunidade. (Adaptado do disponível em: <www.noticias.bol.uol.com.br/brasil>. Acesso em: 20 ago. 2016) Texto 02: Márcia Suzuki, presidente do conselho da organização social Atini, que busca prevenir o infanticídio entre índios, lembra que a prática é comum em mais de 20 etnias. Folha - Por que a senhora é favorável ao projeto? Márcia Suzuki - Da mesma forma que países na África começam a aprovar leis que proíbem a mutilação genital feminina, o Congresso avança ao apoiar a Lei Muwaji. Há grupos que se opõem dizendo que os indí- genas serão criminalizados. A lei não visa em nenhum momento colocar índias na cadeia, nem impor nada. Há outras etnias, além dos ianomâmis, que praticam o ritual hoje? M. S.: Há farta literatura e documentários que indicam que a prática ainda é comum em mais de 20 etnias. O Senado mostrará bom senso e sensibilidade à dor das mães indígenas que sofrem ao ver os filhos serem enterrados vivos, sufocados com folhas ou abandonados na mata para morrer à míngua. [...] Antonio Carlos de Souza Lima, presidente da ABA (Associação Brasileira de Antropologia), entende que o projeto faz parte de um plano para retirar direitos dos índios. Folha - Como o senhor avalia o projeto? Antonio Carlos Lima - Faz parte de um conjunto de medidas que busca criminalizar os povos indígenas. O projeto do infanticídio mobiliza o tema infância, moralmente candente; polariza a opinião pública, trata índios como bárbaros selvagens, que têm de se transformar naquilo que o homem branco quer, abrindo mão de suas terras e recursos. O infanticídio é restrito ou várias etnias o praticam? A. C. L: Não temos nenhum estudo que mostre que está em prática aqui ou ali. Lembro o seguinte: a quantidade de bebês do sexo feminino dados como natimortos na Índia é estupenda, e ninguém chama de infanticídio, assim como a gente tem genocídio da população jovem negra no Rio, e ninguém fala nada. Isso não vira CPI nem projeto de lei. A quem interessa uma questão que é residual, que fala muito mais de um passado que de um presente de povos indígenas? Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/12/1721455-infanticidio-de-indios-ainda-e-comum-em-aldeias-da-amazonia.shtml>. ©Folhapress Aula 10 27Português 3C Texto 03: Edson Bakairi, hoje líder indígena em Mato grosso e professor licenciado em História, é sobrevivente de tentativa de infanticídio; foi abandonado para morrer na mata e foi resgatado e preservado com vida por suas irmãs. Em 2008 enviou uma “carta aberta” ao então presidente Luís Inácio Lula da Silva, da qual extraímos o texto que se segue. O infanticídio não é um fato novo, infelizmente sempre esteve presente na história das culturas indíge- nas. Entretanto, tem ganhado visibilidade na mídia com a divulgação da história da menina Hakani, da etnia Suruwahá, a qual sobreviveu ao infanticídio após o suicídio de seus pais e irmãos. Estamos vivendo um mo- mento de profunda mudança em nossa cultura e estilo de viver, porque vivemos hoje um novo tempo. A rea- lidade dentro das comunidades indígenas é outra. Já não vivemos confinados em nossas aldeias, condenados ao esquecimento e a tradições inquestionáveis. O mundo está dentro das aldeias, via meios de comunicação, internet e escola; o acesso à informação tem colocado o indígena em sintonia com os acontecimentos globais. Tudo isso tem alterado nossa visão de mundo. Hoje já não somos meros objetos de estudo, mas prota- gonistas de nossa própria história, adquirindo novos saberes e conhecimentos que valorizam a vida e nossa cultura. (Adaptado do disponível em: www.atini.org.br/carta-aberta-de-edson-bakairi. Acesso em: 20 jul, 2016) (FEMPAR – PR) - Desenvolva um texto dissertativo-argumentativo sobre a seguinte questão: Que deve predominar? O direito à vida, segundo os conceitos humanistas da moderna culturaocidental e as normas da legislação brasi- leira, ou os costumes e valores das comunidades indígenas, que cultivam há séculos o infanticídio, por razões de eugenia ou outras? 28 Extensivo Terceirão Proposta 02 Leia os textos e a charge a seguir. Prefeitura oferece tratamento a menor tatuado na testa A prefeitura de São Bernardo do Campo (SP) afirmou, nesta segunda-feira, que irá disponibilizar todo o procedimento médico e cirúrgico ao menor que teve a frase “eu sou ladrão” tatuada na testa. Segundo a prefeitura, uma parceria com a Faculdade de Medicina do ABC irá possibilitar o tratamento físico e psico- lógico do menor, além de prestar assistência social para o rapaz, de 17 anos. O tatuador Maycon Wesley Carvalho dos Reis, de 27 anos, e Ronildo Moreira de Araújo, de 29, que filmou o ato, foram presos na última sexta-feira por crime de tortura. Os dois alegaram que queriam “punir” o garoto, que teria tentado furtar a bicicleta de um deficiente físico. (Disponível em: <odia.ig.com.br/brasil/2017-06-12/prefeitura-oferece-tratamento-de-menor-tatuado-na-testa.html>. Acesso em: 15 jun. 2017). Aula 10 29Português 3C Justiça com as próprias mãos Enquanto em São Bernardo, tatuaram a palavra “ladrão” na testa de um adolescente, em Ribeirão, um pai foi amarrado e surrado O caso do adolescente de 17 anos que teve a frase “eu sou ladrão e vacilão” tatuada na testa traz à tona a discussão sobre a prática perigosa da justiça com as próprias mãos. Em Ribeirão, o caso mais recente desse tipo equivocado de justiça ocorreu anteontem à noite, no bairro Cândido Portinari (zona Leste), quando um homem foi amarrado em um ponto de ônibus e espancado, por suspeita de agredir, a chutes, o filho de 10 anos. Para especialistas, essa prática ocorre por conta do descrédito na Justiça. Nas ruas, metade dos entrevis- tados pelo A Cidade se diz favorável à violência contra supostos criminosos. “A justiça com as próprias mãos era feita na Idade Média, em que a lei era o ‘olho por olho e dente por dente’. Na Idade Moderna recorre-se ao Judiciário e lá é processada a vingança institucionalizada”, diz Sérgio Kodato, coordenador do Observatório da Violência da USP de Ribeirão Preto. O coordenador da Comissão da Infância e Juventude da OAB, Paulo Lepori, reforça que nos últimos anos houve um aumento desses casos. (Disponível em: <https://www.acidadeon.com/ribeiraopreto/NOT,2,2,1253260,Justica+com+as+proprias+ma s.aspc>. Acesso em: 15 jun. 2017). Suspeito de furto é espancado até a morte Um homem suspeito de furto foi amarrado a um poste de iluminação e espancado até a morte, na ma- drugada do domingo, 11 de junho, na região central de Cunha, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. De acordo com a Polícia Civil, a vítima tinha passagens por crimes contra o patrimônio. O homem foi encon- trado de manhã, atado ao poste na praça do Rosário, na região central da cidade. Ele foi socorrido por uma unidade do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas não resistiu. Com base em imagens de câmeras de monitoramento, a Polícia Civil chegou a um dos autores do crime. De acordo com o delegado Paulo Sérgio Barbosa, um adolescente de 17 anos confessou ter ajudado outro suspeito do assassinato a dominar e espancar a vítima. “A versão do menor é de que Mateus é viciado em drogas e teria furtado entor- pecente do outro suspeito, que é maior de idade. Os dois teriam decidido dar uma lição a ele”. (Adaptado de: TOMAZELA, José Maria. Suspeito de furto é espancado até a morte. Folha de Londrina, 13 de junho de 2017, p. 7). (Disponível em: <www.nanihumor.com/2014/05/justica-com-as-proprias-maos.html>. Acesso em: 15 jun. 2017). © N an i 30 Extensivo Terceirão (UEL – PR) – A partir da leitura dos textos e com base nos conhecimentos sobre o tema, redija um texto dissertativo- -argumentativo, de 12 a 16 linhas, apontando as motivações que levam as pessoas a fazerem justiça com as próprias mãos. Proposta 03 Leia a tirinha a seguir. (Disponível em: <clubedamafalda.blogspot.com>. Acesso em: 20 jun. 2016.) Aula 10 31Português 3C (UEL – PR) – Na tirinha, Mafalda “conversa” com seu ursinho de pelúcia. Explique, entre 4 e 6 linhas, a mensagem expressa na tirinha. 10.01. d 10.02. b 10.03. b 10.04. a 10.05. a 10.06. e 10.07. a 10.08. V-F-V-F-V 10.09. Adição, tempo, adição, tempo. 10.10. a 10.11. F-F-V-V-F 10.12. V-F-V-V-V 10.13. d 10.14. b 10.15. b 10.16. d 10.17. c 10.18. a 10.19. a) A primeira visão relaciona-se aos aspectos simbólicos e culturais ca- pazes de unir emocionalmente uma comunidade. A outra diz respeito ao fato de que os membros de uma so- Gabarito ciedade passam a se organizar a partir de questões específicas, revelando a diversidade de valores sociais. b) I. Ela concorda com o sujeito “diversas formas de socialidade”, cujo núcleo (formas) está no plural. Isto ocorre por- que o verbo “tornar-se” é classificado como transitivo direto, o qual, quando empregado na voz passiva sintética, deve concordar com o sujeito. II. É possível que a relação identificató- ria entre estado-nação e sociedade tenha perdido a obviedade e na- turalidade, quando, no contexto da globalização, tornaram-se manifes- tas diversas formas de socialidade completamente desvinculadas do estado-nação. 10.20. a) O anúncio faz uso de uma fotografia e de um desenho. A fotografia repre- senta a realidade e o desenho repre- senta o projeto, ou seja, a fotografia e o desenho representam duas coisas distintas, apesar da correlação ima- gética que há entre elas: a realidade (a fotografia) e o projeto (o desenho) que também pode ser entendido como um sonho, algo que se almeja construir. O slogan da campanha está escrito em letra de mão quando em cima do desenho, representando o projeto; em letra de tipografia quando está sobre a fotografia, que representa a realidade que “saiu do papel”. A ideia do anúncio é vender os serviços de al- guma grande construtora, através da dicotomia sonho e realidade. b) A palavra “papel” adquire o sentido de “trabalho” ou “função” na primeira ocorrência e, na segunda, de mate- rial que serve de suporte ao dese- nho. Além da polissemia do termo, o quiasmo, figura de linguagem que resulta da disposição cruzada de ele- mentos, reforça a expressividade do anúncio. 32 Extensivo Terceirão Português 3C Estratégias argumentativas III Aula 11 Argumentação com base na contra-argumentação fundamental na vida de uma mulher, de modo que a maternidade se torna obrigatória e deve seguir os padrões de reprodução (gestação, afeti- vidade, cuidado e responsabilidade incondicional com a prole). Mas, e a mulher que não escolhe esses papéis previamente elaborados para ela? [...] Extraído de <http://www.brasildefato.com.br/node/10943> acesso em 27/02/18 Nesse artigo, os dois primeiros parágrafos trazem uma ideia inicial: o padrão de sexualidade socialmente aceito (1o. parágrafo) e o papel sexual imposto às mulheres (2o. parágrafo). Observe como, a partir do parágrafo seguinte, o período, “Mas, e a mulher que não escolhe esses papéis previamente elaborados para ela?”, já começa a indicar a contra-argumentação, que virá em seguida. Ou seja, a autora, favorável ao aborto, irá, naturalmente, argumen- tar em sentido contrário a essa condição feminina, que, segundo ela, é imposta pela sociedade. Ainda no mesmo tema, temos a seguir outro exem- plo. Agora, temos um autor contrário ao aborto, que começa seu artigo expondo uma argumentação própria dos defensores do aborto. Um legítimo filho da mãe Francisco Razzo Um dos argumentos para descriminalizar o aborto consiste em tratar o tema como decisão de foro íntimo da mulher. Diz o defensor do aborto: “A decisão cabe à gestante. O Estado não deve- ria se intrometer num assunto da esfera íntima do indivíduo”. A força aparente desse tipo de ar- gumento está na estratégia de não precisar lidar com a polêmica acerca do estatuto antropológico e moral do embrião e, a partir disso, focarexclu- sivamente na autonomia do corpo da mulher. A mulher, proprietária soberana do seu corpo, é a única responsável pela decisão. O embrião não passa de um intruso. Se ela deseja abortar, nada deverá impedi-la. ARGUMENTO CONTRA-ARGUMENTOX Outra forma possível de organização argumentativa, entre diversos outros recursos, é a exposição de um raciocínio baseado no confronto de ideias opostas. Basicamente, esse tipo de argumentação consiste em “rebater” a ideia oposta à que está sendo defendida na redação. Para que isso aconteça de forma eficiente, é preciso fazer um levantamento de argumentos contrários à tese que será defendida no texto. A partir disso, será possível montar uma linha de pensamento, na qual você, primei- ramente, irá expor essa ideia contrária para, em seguida, desconstruí-la por meio de seus contra-argumentos. O trecho a seguir é o início de um artigo de opinião, publicado em jornal. Nele, a autora irá se posicionar favoravelmente ao aborto. A sexualidade é política e o aborto, um direito das mulheres Larisse de Oliveira Rodrigues Sem dúvidas, a sexualidade é um tema políti- co. A construção da sexualidade e do corpo não está isolada no campo da subjetividade, mas se desenvolve historicamente por meio das relações de poder e dominação, capitalistas e patriarcais, que delineiam o nosso “eu” e a sua relação com o outro. O modelo dominante é baseado no contro- le do corpo e na imposição da heterossexualidade. Sendo assim, na construção do gênero, são defini- dos papéis, a partir das relações de poder, que im- põem um tipo de corpo, identidade e sexualidade para os homens e outro para as mulheres. Para as mulheres, dois papéis estão colocados em torno de sua sexualidade, centrados na subalterni- dade e na reprodução, fato que vai, inclusive, deli- mitar a forma como se relacionam com seu corpo. O primeiro reduz sua sexualidade ao prazer do outro, reproduzindo a passividade que lhe é imposta nas demais esferas da vida social. Um segundo papel é a maternidade. Ser mãe foi naturalizado como algo 33Português 3C Aula 11 3C Português A analogia padrão usada para sustentar esse argumento é a do assaltante: análogo ao caso do intruso de uma propriedade privada, a gestante estaria no mesmo nível do dono ao expulsar um intruso de sua propriedade para se defender. Em última instância, liberar o aborto garantiria ao indivíduo a total responsabilidade moral e legal de se proteger. A sociedade, mediante o poder do Estado, não tem nada com isso (pelo menos até a hora de pagar a conta). Alega o defensor do abor- to: assim como a decisão de levar adiante a gravi- dez implica a responsabilidade exclusiva da mãe em relação ao filho, a decisão pelo aborto cabe igualmente à gestante. Esse argumento traz a aparente vantagem de contornar o problema do estatuto do embrião: tanto a mulher como o feto gozam do direito à vida. Ambos são plenamente pessoas. Isso não se discute. Porém, mesmo o feto sendo plenamente uma pessoa, isso não quer dizer que a mulher deverá ser condenada — moral e criminalmente — por decidir não levar adiante sua gravidez. Sendo assim, a mulher, se assim desejar, teria pleno direito de violar o direito do feto à vida caso ele violasse o direito da mulher à liberda- de, à privacidade e à integridade do seu corpo. O feto, tal como o intruso de uma propriedade, deveria ser igualmente responsabilizado como agressor pelo que faz. E cumprir sua inevitável sentença de morte. Há dois grandes problemas com esse argumento. [...] Extraído de <http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/ um-legitimo-filho-da-mae-4z1op1mq562962x6hczypfkxl>. Acesso em: 27/02/18 ©Francisco Razzo. Um Legítimo Filho da Mãe. Gazeta do Povo, 19 de abril de 2015 Note que, nos três primeiros parágrafos, o autor expôs uma argumentação pró-aborto. Porém, o período que inicia o restante do texto, “Há dois grandes proble- mas com esse argumento”, começa a apontar para os contra-argumentos, que virão em seguida. Caso você conheça argumentos opostos a respeito do tema proposto em uma redação, esse raciocínio baseado na contra-argumentação é uma forma eficiente de organização de um texto dissertativo. Cuidado com o posicionamento! Quando você utilizar esse tipo de raciocínio para a organização de sua redação, cuide para que seu texto não se torne apenas a exposição dos dois lados da questão. Fazendo isso, a redação corre o risco de ficar meramente informativa. Por isso, cuide para que, entre os argumentos opostos, haja, na redação, a afirmação de um posicionamento a respeito do tema proposto. Sequência das ideias Outro cuidado que se deve ter quanto à utilização desse tipo de organização dissertativa, está na sequên- cia das ideias apresentadas. Esse cuidado é fundamental para que o texto não pareça confuso entre tantos argu- mentos opostos. Para evitar isso, procure estabelecer uma relação lógica entre essas ideias da seguinte forma: apresente primeiro as ideias que serão refutadas, para, em seguida, você desenvolver a contra-argumentação. Atenção nos recursos gramaticais! Um precioso recurso da língua que pode ajudar a organizar esses argumentos opostos são os termos que funcionam como conectivos, como as conjunções, preposições e demais locuções que, além de manter a coesão textual, contribuem para a manutenção de relações lógicas entre os argumentos. No caso em questão, em que estudamos relações entre ideias opostas, é possível estabelecê-las com a ajuda de termos como: • Conjunções adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto. • Conjunções concessivas: apesar de, ainda que, embora etc. • Expressões coesivas em geral que ajudam a sepa- rar os argumentos: por um lado/por outro; de um lado/de outro etc. Análise de redação Como exemplo, analisemos um texto feito no ENEM 2014. Repare, durante a leitura, na forma como o racio- cínio argumentativo dessa redação está construído com base na contra-argumentação. Proposta de redação A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema Publicidade infantil em questão no Brasil, apresen- tando proposta de intervenção, que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. 34 Extensivo Terceirão (ENEM) – TEXTO I A aprovação, em abril de 2014, de uma resolução que considera abusiva a publicidade infantil, emitida pelo Conselho Nacional de Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), deu início a um verdadeiro cabo de guerra envolvendo ONGs de defesa dos direitos das crianças e setores interessados na continuidade das propagandas dirigidas a esse público. Elogiada por pais, ativistas e entidades, a resolução estabelece como abusiva toda propaganda dirigida à criança que tem “a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço” e que utilize aspectos como desenhos animados, bonecos, linguagem infantil, trilhas sonoras com temas infantis, oferta de prêmios, brindes ou artigos colecionáveis que tenham apelo às crianças. Ainda há dúvidas, porém, sobre como será a aplicação prática da resolução. E associações de anunciantes, emissoras, revistas e de empresas de licenciamento e fabricantes de produtos infantis criticam a medida e dizem não reconhecer a legitimidade constitucional do Conanda para legislar sobre publicidade e para impor a resolução tanto às famílias quanto ao mercado publicitário. Além disso, defendem que a autorregulamen- tação pelo Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) já seria uma forma de controlar e evitar abusos. IDOETA, P. A.; BARBA, M. D. A publicidade infantil deve ser proibida? Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 23 maio 2014 (adaptado). TEXTO II Fontes: OMS e Conar/2013. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br>.Acesso em: 24 jun. 2014 (adaptado). TEXTO III Precisamos preparar a criança, desde pequena, para receber as informações do mundo exterior, para compreender o que está por trás da divulgação de produtos. Só assim ela se tornará o consumidor do futuro, aquele capaz de saber o que, como e por que comprar, ciente de suas reais necessidades e consciente de suas responsabilidades consigo mesma e com o mundo. SILVA, A. M. D.; VASCONCELOS, L. R. A criança e o marketing: informações essenciais para proteger as crianças dos apelos do marketing infantil. São Paulo: Summus, 2012 (adaptado). Aula 11 35Português 3C Exemplo de redação Folha em Branco ©Raphael Luan Carvalho de Souza – Niterói/RJ Durante o século XX, o estímulo à produção industrial, por Getúlio Vargas, e o incentivo à integração na- cional, de Juscelino Kubitschek, foram fatores que possibilitaram a popularização dos meios de comunicação no Brasil. Com isso, cresceu também a publicidade infantil, que busca introduzir nas crianças, desde cedo, o princípio capitalista de consumo. No entanto, essa visão negativa pode ser significativamente minimizada, desde que acompanhada de uma forte base educacional que auxilia as crianças a discernir por meio do de- senvolvimento de senso crítico próprio. É indiscutível a presença de fatores prejudiciais nas propagandas dirigidas a essa faixa etária. Segundo o conceito de felicidade, discutido na filosofia da antiguidade por Aristóteles, a eudaimonia é alcançada com a união equilibrada entre razão e satisfação de prazeres. Contudo, evidencia-se que, na infância, o indivíduo não possui ainda discernimento racional suficiente, o que faz com que a criança, ao ter acesso a publicidades, pense que o produto divulgado é extremamente necessário. Isso acarreta, de forma negativa, a formação de jovens e adultos excessivamente consumistas. Entretanto, essa tendência pode ser revertida se somada à instrução adequada do público-alvo do mercado publicitário infantil. Segundo a tábula rasa de John Locke, nascemos como uma folha em branco, sem conhe- cimento, e o adquirimos por meio da experiência. A partir desse pensamento, é possível entender que é função dos pais educar as crianças, haja vista que estas são influenciadas pelo meio em que vivem. Com o apoio da base familiar, somada à escolar, cria-se o senso crítico, que possibilita a gradativa menor influência da linguagem publicitária. Desse modo, evidencia-se que o poder de persuasão do mercado apelativo não é absoluto. Por fim, entende-se que, embora a publicidade infantil seja preocupante, tal efeito é reduzido com o desenvolvimento do senso crítico, seja na base familiar, seja na escolar. A fim de atenuar o problema, o Es- tado deve implementar, no ensino de base, projetos educacionais de análise de linguagens com o auxílio do Ministério da Educação e Cultura e governos municipais, visando a evidenciar, para a faixa etária infantil, a suma relevância da consciência sobre reais necessidades de consumo. Dessa forma, a folha em branco ao nascer poderá ser preenchida, formando cidadãos, de fato, conscientes. Extraído de: <https://oglobo.globo.com/sociedade/educacao/enem-e-vestibular/enem-2014-leia-exemplos-de-redacoes-nota-1000-15050154>. Acesso em: 04/04/2018 Testes Assimilação Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 11.01. a 11.03. A ciência, o bem e o mal Em 1818, com apenas 21 anos, Mary Shelley publicou o grande clássico da literatura gótica, Frankenstein ou o Prometeu Moderno. O romance conta a história de um doutor genial e enlouquecido, que queria usar a ciência de ponta de sua época, a relação entre a eletricidade e a atividade muscular, para trazer mortos de volta à vida. Duas décadas antes, Luigi Galvani havia demonstrado que a eletricidade produzia movimentos em mús- culos mortos, no caso em pernas de rãs. Se vida é movimento, e se eletricidade pode causá-lo, por que não juntar os dois e tentar a ressuscitação por meio da ciência e não da religião, transformando a implausibilida- de do sobrenatural em um mero fato científico? Todos sabem como termina a história, tragicamente. A “criatura” exige uma companheira de seu criador, espelhando Adão pedindo uma companheira a Deus. Horrorizado com sua própria criação, Victor Frankenstein recusou. Não queria iniciar uma raça de monstros, mais poderosos do que os humanos, que pudesse nos extinguir. O romance examina a questão dos limites éticos da ciência: será que pesquisadores podem ter liberdade total? Ou será que existem certos temas que são tabu, que devem ser bloqueados, limitando as pesquisas dos 36 Extensivo Terceirão cientistas? Em caso afirmativo, que limites são es- ses? Quem os determina? Essas são questões centrais da relação entre a ética e a ciência. Existem inúmeras complicações: como definir quais assuntos não devem ser alvo de pesquisa? Em relação à velhice, será que de- vemos tratá-la como doença? Se sim, e se con- seguíssemos uma “cura” ou, ao menos, um pro- longamento substancial da longevidade, quem teria direito a tal? Se a “cura” fosse cara, apenas uma pequena fração da sociedade teria acesso a ela. Nesse caso, criaríamos uma divisão artificial, na qual os que pudessem viveriam mais. E como lidar com a perda? Se uns vivem mais que outros, os que vivem mais veriam seus amigos e familia- res perecerem. Será que isso é uma melhoria na qualidade de vida? Talvez, mas só se fosse igual- mente distribuída pela população, e não por ape- nas parte dela. Pensemos em mais um exemplo: qual o pro- pósito da clonagem humana? Se um casal não pode ter filhos, existem outros métodos bem mais razoáveis. Por outro lado, a clonagem pode estar relacionada com a questão da longevidade e, em princípio ao menos, até da imortalidade. Imagine que nosso corpo e nossa memória possam ser re- produzidos indefinidamente; com isso, podería- mos viver por um tempo também indefinido. No momento, não sabemos se isso é possível, pois não temos ideia de como armazenar memórias e passá-las adiante. Mas a ciência cria caminhos inesperados, e dizer “nunca” é arriscado. Como se observa, existem áreas de atuação científica que estão diretamente relacionadas com escolhas éticas. O impulso inicial da maioria das pessoas é apoiar algum tipo de censura ou res- trição, achando que esse tipo de ciência é feito a Caixa de Pandora*. Mas essa atitude é ingênua. Não é a ciência que cria o bem ou o mal. A ciência cria conhecimento. Quem cria o bem ou o mal somos nós, a partir das escolhas que fazemos. MARCELO GLEISER Adaptado de Folha de S. Paulo, 29/09/2013. * Caixa de Pandora – na mitologia grega, artefato que, se aberto, deixaria escapar todos os males do mundo. 11.02. (UERJ) – O conjunto de perguntas formuladas ao longo do texto por Marcelo Gleiser produz o seguinte efeito de sentido: a) levantar objeções políticas b) reforçar convicções morais c) debater hipóteses religiosas d) ilustrar raciocínios investigativos 11.03. (UERJ) – Mas a ciência cria caminhos inespera- dos, e dizer “nunca” é arriscado. Em relação à parte inicial da frase, o trecho sublinhado expressa valor de: a) condição c) conclusão b) concessão d) conformidade 11.04. (IFSP – SP) – Leia o texto abaixo para responder à questão. 11.01. (UERJ) – Em relação à polêmica abordada pelo autor, os três primeiros parágrafos atendem ao objetivo de: a) indicar um eufemismo b) estabelecer uma analogia c) expor um contra-argumento d) apresentar uma generalização Beleza e Amor Pessoas apaixonadas tendem a considerar sua cara-metade bonita, ainda que ela esteja longe de se encaixar nos padrões vigentes. Essa percepção ocorre porque amor e beleza ativam as mesmas regiões do cérebro. É o que sugere um estudo publicado na revista PLoS ONE – obras de arte estimulam áreas ligadas ao desejo e à sensação de euforia e bem-estar. O neurobiólogo Semir Zeki e seus colegas do Laboratório de Neurobiologia da College London, na Inglaterra, exibiram a21 pes- soas de diferentes culturas mais de 100 pinturas e composições musicais. Elas deveriam dizer se achavam as obras bonitas, feias ou indiferentes. Em seguida, os cientistas mostraram novamente as produções aos voluntários, dessa vez monito- rando sua atividade cerebral. Constataram que o cérebro dos participantes do estudo não apresen- tou reação significativa quando olhavam ou ou- viam obras que não achavam bonitas nem feias. As imagens que eles acharam belas ativaram intensamente o córtex medial orbitofrontal, con- siderado por muitos pesquisadores uma parte do sistema límbico, responsável por processos rela- cionados ao desejo e à avaliação de valor e beleza. Disponível em: <http://www2.uol.com.br/vivermente>. Acesso em: 18 de nov. de 2016. Adaptado. Com relação ao texto, marque V para verdadeiro ou F para falso. ( ) O texto pode ser resumido no seguinte dito popular: “Quem meu filho beija minha boca adoça”. ( ) O cérebro ativa as mesmas regiões neurais quando a pessoa observa uma imagem que considera bonita e quando esta olha para a pessoa amada. ( ) As obras de arte consideradas bonitas ativam a sensa- ção de prazer no cérebro, fazendo com que seja ativa- da a libido de quem as observa. Aula 11 37Português 3C Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta. a) V – F – V b) V – V – F c) F – F – V d) F – V – F e) V – V – V Aperfeiçoamento Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 11.05. a 11.07. É sobre tais alicerces que se edifica o discur- so da escassez, afinal descoberta pelas massas. A população, aglomerada em poucos pontos da su- perfície da Terra, constitui uma das bases de re- construção e de sobrevivência das relações locais, abrindo a possibilidade de utilização, ao serviço dos homens, do sistema técnico atual. No plano teórico, o que verificamos é a pos- sibilidade de produção de um novo discurso, de uma nova metanarrativa, um grande relato. Esse novo discurso ganha relevância pelo fato de que, pela primeira vez na história do homem, se pode constatar a existência de uma universalidade em- pírica. A universalidade deixa de ser apenas uma elaboração abstrata na mente dos filósofos para resultar da experiência ordinária de cada pessoa. De tal modo, em mundo datado como o nosso, a explicação do acontecer pode ser feita a partir de categorias de uma história concreta. É isso, também, que permite conhecer as possibilidades existentes e escrever uma nova história. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. 13. ed. São Paulo: Record, 2006. p. 20-21. (Adaptado). O mundo como pode ser: uma outra globali- zação Podemos pensar na construção de um outro mundo a partir de uma globalização mais huma- na. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a convergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nes- sas bases técnicas que o grande capital se apoia para construir uma globalização perversa. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a ou- tros objetivos, se forem postas a serviço de outros fundamentos sociais e políticos. Parece que as condições históricas do fim do século XX apon- tavam para esta última possibilidade. Tais novas condições tanto se dão no plano empírico quanto no plano teórico. Considerando o que atualmente se verifica no plano empírico, podemos, em primeiro lugar, re- conhecer um certo número de fatos novos indi- cativos da emergência de uma nova história. O primeiro desses fenômenos é a enorme mistura de povos, raças, culturas, gostos, em todos os continentes. A isso se acrescente, graças ao pro- gresso da informação, a “mistura” de filosofia, em detrimento do racionalismo europeu. Um outro dado de nossa era, indicativo da possibilidade de mudanças, é a produção de uma população aglo- merada em áreas cada vez menores, o que permite um ainda maior dinamismo àquela mistura entre pessoas e filosofias. As massas, de que falava Orte- ga y Gasset na primeira metade do século (A rebe- lião das massas, 1937), ganham uma nova quali- dade em virtude de sua aglomeração exponencial e de sua diversificação. Trata-se da existência de uma verdadeira sociodiversidade, historicamente muito mais significativa que a própria biodiversi- dade. Junte-se a esses fatos a emergência de uma cultura popular que se serve dos meios técnicos antes exclusivos da cultura de massas, permitin- do-lhe exercer sobre esta última uma verdadeira revanche ou vingança. 11.05. (UEG – GO) – No enunciado “É sobre tais alicerces que se edifica o discurso da escassez, afinal descoberta pelas massas”, a parte “afinal descoberta pelas massas” estabelece o seguinte pressuposto: a) a escassez é um discurso baseado em teorias. b) as massas descobriram a existência da escassez. c) a escassez já existia antes de as massas a descobrirem. d) as massas eram proibidas de conhecer o discurso da escassez. e) o discurso da escassez existe desde o começo da glo- balização. 11.06. (UEG – GO) – Considere o seguinte recorte: “As massas, de que falava Ortega y Gasset na pri- meira metade do século (A rebelião das massas, 1937), ganham uma nova qualidade em virtude de sua aglomeração exponencial e de sua diver- sificação”. O discurso do outro é apresentado nesse trecho por meio de uma a) representação b) implicação c) paródia d) alusão e) cópia 38 Extensivo Terceirão 11.07. (UEG – GO) – O segundo parágrafo é construído a partir da enumeração de uma série de fatos sociais que, segundo o autor, indicam possibilidade de emergência de uma nova história. Esses fatos são: a) racionalismo filosófico; globalização socioeconômica; po- pularização da tecnologia; recrudescimento das políticas e práticas nacionalistas e xenófobas. b) precarização da vida urbana como consequência da alta demografia; retração e baixa qualidade dos serviços públicos essenciais; miscigenação étnica. c) aumento dos fluxos migratórios; diversificação de teorias filosóficas na educação básica; empobrecimento contínuo das periferias urbanas; cultura do consumo. d) hibridismo étnico-cultural; mescla filosófica; concentra- ção e diversificação demográfica em pequenos espaços urbanos; apropriação das tecnologias por parte da cultura popular. e) convergência das mídias; expansão do uso das redes so- ciais na vida cotidiana; segregação dos espaços urbanos por meio da expansão dos condomínios; elitismo político. Instrução: Leia o texto para responder às questões 11.08. e 11.09. teratura, em autores absolutamente consagrados, que poderiam servir de base para que os gramáti- cos liberassem seu uso – para os que necessitam da licença dos outros. Vejam-se esses versos de Murilo Mendes: “Desse lado tem meu corpo / tem o sonho / tem a minha namorada na janela / tem as ruas gritando de luzes e movimentos / tem meu amor tão lento / tem o mundo batendo na minha memória / tem o caminho pro trabalho. Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida / tem pensamentos sérios me esperando na sala de visitas / tem minha noiva definitiva me esperando com flores na mão / tem a morte, as colunas da ordem e da desor- dem.”. Faltou ao poeta acrescentar: tem uns gramáti- cos do tempo da onça / de antes do tempo em que se começou a andar pra frente. Não vou citar Drummond de Andrade, com seu por demais conhecido “Tinha uma pedra no meio do caminho...”, nem o Chico Buarque de “Tem dias que a gente se sente / como quem par- tiu ou morreu...”. Mas acho que vou citar “Pronominais”, do glorioso Oswald de Andrade: Dê-me um cigarro / Diz a gramática / Do professor e do aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e o bom branco / Da nação brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / Me dá um cigarro. Quero insistir: ao contrário do que se poderia pensar (e vários disseram), não sou anarquista, defensor do tudo pode, ou do vale tudo. Nem es- tou dizendo que “Nós vai” é igual a “Temmuito filho que obedece os pais”. O que estou fazendo é cobrar coerência, um pouquinho só: se o padrão vem da fala dos bacanas, se os mais bacanas são os poetas consagrados, por que, antes das dez, numa aula de literatura, podemos curtir seu estilo e em outra aula, depois das onze, dizemos aos alunos e aos demais interessados: viram o Drummond, o Murilo, o Machado, o Guimarães Rosa? Que cria- tividade!!! Mas vocês não podem fazer como eles. POSSENTI, Sírio. A cor da língua e outras croniquinhas de linguística. Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 111-112. (Adaptado). Norma e padrão Uma das comparações que os estudiosos de variação linguística mais gostam de utilizar é a da língua com a vestimenta. Esta, como sabemos, é bastante variada, indo da mais formal (longo e smoking) à mais informal (biquíni e sunga, ou camisola e pijama). A ideia dos que fazem essa comparação é a seguinte: não existem, a rigor, formas linguísticas erradas, existem formas lin- guísticas inadequadas. Como as roupas: assim como ninguém vai à praia de smoking ou de lon- go, também ninguém casa de biquíni e de sunga, ou de camisola e de pijama (sem negar que estas sejam vestimentas, e adequadas!), assim ninguém diz “me dá esse troço aí” num banquete público e formal nem “faça-me o obséquio de passar-me o sal” numa situação de intimidade familiar. Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um com seu viés, costumam dizer que o padrão lin- guístico é usado pelas pessoas representativas de uma sociedade. Os gramáticos dizem isso, mas acabam não analisando o padrão, nem recomen- dando-o de fato. Recomendam uma norma, uma norma ideal. Vou dar uns exemplos: se o padrão é o usado pelos figurões, então deveriam ser consi- derados padrões o verbo “ter” no lugar de “haver”; a regência de “preferir x do que y”, em vez de “preferir x a y”; o uso do anacoluto (A inflação, ela estará dominada quando...); a posição enclí- tica dos pronomes átonos. O que não significa proibir as mais conservadoras. Algumas dessas formas “novas” aparecem em muitíssimo boa li- 11.08. (UEG – GO) – O autor defende no texto a seguinte tese: a) a norma gramatical, para ser coerente, deve ser baseada no padrão de uso de uma língua. b) a língua é variável e multiforme, razão pela qual as pessoas podem usá-la como quiserem. c) as normas de bom uso da língua garantem a quem fala e/ou escreve sucesso comunicativo. d) as formas linguísticas consideradas corretas são aquelas usadas na língua escrita formal. e) o padrão de uso de uma língua deve ser cuidadosamente preservado pelos gramáticos. Aula 11 39Português 3C 11.09. (UEG – GO) – Considere o seguinte trecho: Eu acredito, por exemplo, que as farmacêuticas sejam as responsáveis por essas falsas epidemias de TDAH (transtorno do déficit de atenção e hi- peratividade) e transtorno bipolar. Cláudia Colucci. “Gastamos muito dinheiro para tratar pessoas normais, diz psiquiatra”. <www.folha.uol.com.br>, 11.09.2016. “Os gramáticos e os sociolinguistas, cada um com seu viés, costumam dizer que o padrão linguísti- co é usado pelas pessoas representativas de uma sociedade. Os gramáticos dizem isso, mas acabam não analisando o padrão, nem recomendando-o de fato. Recomendam uma norma, uma norma ideal”. Sírio Possenti apresenta nesse trecho uma caracterização da atividade dos gramáticos. Para isso, o autor a) define a sociolinguística como uma área da linguística que visa estudar as formas linguísticas ideais e as formas linguísticas que de fato os falantes usam. b) faz uma comparação entre a atividade proposta e a atividade efetivamente realizada, que consiste na reco- mendação de uma norma idealizada. c) apresenta diversos exemplos de usos cotidianos da língua que demonstram, de forma evidente, o fato de que as línguas são inerentemente variáveis. d) cita uma autoridade acadêmica da área dos estudos da linguagem a fim de validar as propostas teóricas e analí- ticas relativas à variação linguística. e) insere um quadro de definição dos vocábulos técnicos relacionados à área de estudos sociolinguísticos a fim de facilitar a compreensão do leitor. 11.10. (UNESP – SP) – Leia: Folha – Qual é a sua maior preocupação com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, conhecido como a “bíblia da psiquiatria”)? Corremos o risco de todos ser- mos considerados doentes mentais? Allen Frances – O DSM-5 expandiu ainda mais o que já era um sistema de diagnóstico muito vaga- mente definido. Tristeza normal, como o luto, por exemplo, torna-se transtorno depressivo maior; comer em excesso, torna-se transtorno da com- pulsão alimentar; ataques de birras de crianças podem se tornar “transtorno do temperamento irregular”; o esquecimento na velhice passa a ser transtorno neurocognitivo leve; e as crianças nor- mais são diagnosticadas com déficit de atenção e hiperatividade. Folha – Qual a influência que as grandes farma- cêuticas exercem nessa tendência? Allen Frances – As multinacionais farmacêuticas não têm qualquer influência direta sobre as deci- sões do DSM, mas aproveitam qualquer oportu- nidade para criar novas desordens psiquiátricas. De acordo com o texto, a) o problema mais importante na área da psiquiatria é a universalização do acesso a tratamentos médicos. b) o progresso científico no diagnóstico psiquiátrico pressu- põe a autonomia absoluta de cada indivíduo. c) há tendências preocupantes de patologização e medica- lização de comportamentos cotidianos. d) os critérios de diagnóstico da psiquiatria são diretamente condicionados pelo mercado farmacêutico. e) a medicalização da vida é guiada por critérios científicos e filosoficamente indiscutíveis. Aprofundamento Instrução: Leia o texto para responder às questões 11.11 e 11.12. Relatores das Nações Unidas enviaram [...] um comunicado ao governo brasileiro manifestando preocupações com as propostas de mudança da lei de agrotóxicos no país. De acordo com dados do Ministério da Saúde, citados pelos especialis- tas, o Brasil registrou 5.501 casos de intoxicação em 2017 (quase o dobro do registrado dez anos antes), uma média de 15 pessoas por dia. Mais de 150 pessoas morreram no Brasil como resultado de envenenamento no ano passado. “Trata-se de uma estimativa conservadora sobre os impactos adversos desses produtos na saúde humana, dian- te dos dados limitados disponíveis sobre envene- namentos e impactos na saúde de exposição crô- nica a pesticidas perigosos”, afirmaram. Segundo os especialistas, cinco dos dez pesticidas mais vendidos no Brasil [...] não são autorizados em diversos outros países devido a seus riscos à saú- de humana ou ecossistemas. Além disso, notaram que os padrões brasileiros existentes permitem níveis mais altos de exposição a pesticidas tóxicos do que os equivalentes na Europa. Eles lembra- ram que, enquanto a União Europeia limita em 0,1 miligrama por litro a quantidade máxima de glifosato a ser encontrada na água potável, o Bra- sil permite 5 mil vezes mais, de acordo com dados da academia brasileira. ONU. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/mudancas- na-lei-de-agrotoxicos-no-brasil-violariam-direitos-humanos-afirmam- relatores-da-onu/>. Acesso em: 15/07/2018. 40 Extensivo Terceirão 11.11. (FPP – PR) – Considerando o excerto anterior, escreva V para as informações verdadeiras e F para as falsas. I. O governo brasileiro manifestou preocupações com as propostas de mudança da lei de agrotóxicos no país. II. Os casos de intoxicação em 2016 aumentaram em quase o dobro do que foi registrado em 2017, apresentando uma média de 15 pessoas por dia. III. Especialistas das Nações Unidas afirmaram que se trata de uma estimativa conservadora sobre os impactos adversos dos agrotóxicos na saúde humana. IV. Pesticidas que não são autorizados em diversos outros países são comercializados no Brasil, sem considerar os riscos à saúde humana e aos ecossistemas. V.A quantidade máxima permitida de glifosfato na água potável nos países que compõem a União Europeia é 5000 vezes maior que no Brasil. A sequência que apresenta a avaliação CORRETA das afir- mações é: ( ) V – V – F – V – V. ( ) V – V – V – F – F. ( ) F – V – V – F – F. ( ) F – F – V – V – F. ( ) V – F – V – F – V. 11.12. (FPP – PR) – O pronome Eles, que introduz a última frase do texto, é um pronome pessoal a) de caso reto, anafórico, porque faz referência à expressão “...os especialistas”, apresentada anteriormente no texto. b) de caso oblíquo, anafórico, porque faz referência à ex- pressão “segundo os especialistas”, citada anteriormente no texto. c) de caso reto, catafórico, pois se refere à expressão “segun- do os especialistas”, citada na frase anterior do excerto. d) de caso reto, anafórico, pois se relaciona à expressão “padrões brasileiros”, anteriormente apresentada. e) de caso oblíquo, anafórico, pois se refere à expressão “padrões brasileiros” que aparece anteriormente no texto. Instrução: Leia o texto para responder à questão 11.13. na Austrália, é especializado em estudos e pesqui- sas sobre os impactos econômicos da violência no mundo e, em estudo tomando como base o ano de 2014, concluiu que a violência no Brasil con- sumiu US$ 255 bilhões no ano, equivalente a 8% do Produto Interno Bruto (PIB). GAZETA DO POVO. Disponível em: <https://www.gazetadopovo. com.br/opiniao/editoriais/ocusto-economico-da-violencia 2filtrbq6h81uxb6naztrsakp>. Acesso em: 15/07/2018. As perdas econômicas no país decorrentes da violência contra a vida e contra o patrimônio são facilmente visualizadas. Os criminosos e suas atividades ilícitas consomem parte da produção nacional de bens e serviços; destroem vidas e coi- sas; impõem custos individuais e coletivos com aparato de policiamento, sistemas de segurança (com seus equipamentos, gastos de operação e salários do efetivo de pessoal); sistema judicial de processamento e julgamento; sistema prisional e gastos para manutenção dos encarcerados etc. Enxergar esse leque de problemas e seus custos não é um exercício difícil, mas a mensuração dos reais impactos econômicos é algo complexo. O Institute For Economics and Peace (IEP), sediado 11.13. (FPP – PR) – Assinale a alternativa CORRETA, depois de analisar o excerto anterior, sobre um dos impactos dos custos da violência no Brasil. a) A violência solapa o crescimento econômico, limita a liberdade de ir e vir e produz uma verdadeira tragédia econômica. b) O custo da violência não é apenas o investimento indireto que inclui os gastos para combater o crime, mas também os valores que poderiam ser investidos em outros setores. c) O IEP diz que, se os custos com a violência no mundo fossem reduzidos em apenas 10%, a poupança seria de US$ 1,43 trilhão, valor suficiente para reduzir parte da riqueza no mundo. d) Cabe à sociedade brasileira, junto com as organizações não governamentais (ONGs) e sem o auxílio do Governo, decidir o que fazer com esse flagelo social, que é a violên- cia, que ameaça fugir de qualquer controle. e) O custo da violência no Brasil não impacta em prejuízos nos investimentos sociais previstos pelo setor público. Instrução: Leia o texto a segui para responder às questões 11.14. e 11.15. Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suqua- mish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia comprar o território ocupado por aque- les índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique tem uma incrível atualidade. “(...) De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja pos- suir a nossa terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco também vai de- saparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus pró- prios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as co- Aula 11 41Português 3C linas escarpadas se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo da luta pela sobrevivência. (...) Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as espe- ranças transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio cami- nho. Se consentirmos na venda é para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como desejamos. De- pois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e praias, porque nós as amamos como um recém- -nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amá- vamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nun- ca esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sa- bemos: o nosso Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso destino comum.” (<www.culturabrasil.pro.br/seattle1.htm>. Acesso em: 16/04/2016) c) demonstra incerteza quanto às crenças do homem branco e quanto ao futuro da humanidade. d) sugere insegurança em relação ao valor material oferecido pelas terras. Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 10.16. a 10.18. 11.14. (EPCAR – MG) – Da leitura do texto, é correto afirmar que o locutor/emissor da carta a) julga que o homem vermelho seja melhor e mais digno da piedade divina que o branco, porque ele respeita a natureza e as criaturas de Deus. b) acredita que o homem branco terá um futuro bem pior que o dele, pois tem certeza de que a vida na reserva será do jeito como ele deseja. c) preocupa-se com o destino da terra, mesmo quando ela deixar de ser sua propriedade, uma vez que a ama incondicionalmente. d) discorda da visão de mundo e da perspectiva de futuro que o homem branco passa às gerações futuras, pois sabe que elas se baseiam em ideias consumistas. 11.15. (EPCAR – MG) – Percebe-se que, em alguns momen- tos, ocorre enfaticamente o uso da expressão “talvez”. Esse reiterado uso leva o leitor a inferir que o autor a) expõe de forma hesitante a defesa da terra. b) argumenta, sem base estatística e comprovação científica, sobre o futuro da terra. Carta da Terra (excerto) A Carta da Terra é um documento produzido no final da década de 1990 com a participação de 46 países. “Ela representa um grito de urgência face às ameaças que pesam sobre a biosfera e o projeto planetário humano. Significa também um libelo em favor da esperança de um futuro comum da Terra e Humanidade.” (Leonardo Boff) PRINCÍPIOS I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA (...) 4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações. a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras. b. Transmitir às futuras gerações valores, tradi- ções e instituições que apoiem, em longo prazo, a prosperidade das comunidades humanas e eco- lógicas da Terra. II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA 5. Proteger e restaurar a integridade dos siste- mas ecológicos da Terra, comespecial pre- ocupação pela diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida. (...) c. Promover a recuperação de espécies e ecossis- temas ameaçadas. d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos. e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas. 6. Prevenir o dano ao ambiente como o me- lhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução. a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo 42 Extensivo Terceirão quando a informação científica for incompleta ou não conclusiva. (...) d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substân- cias radioativas, tóxicas ou outras substâncias pe- rigosas. (...) (Ministério do Meio Ambiente. <www.mma.gov.br/estruturas/ agenda21/_ arquivos/carta-terra.pdf>. Acesso em: 20/05/2016) a) “Transmitir às futuras gerações valores, tradições e insti- tuições que apoiem (...)” – Transmiti-las valores, tradições e instituições que apoiem (...) b) “Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológi- cos da Terra (...)” – Proteger e restaurar-lhes a integridade (...) c) “(...) organismos não-nativos ou modificados genetica- mente que causem dano às espécies nativas (...)” – orga- nismos não-nativos ou modificados geneticamente aos quais causem danos as espécies nativas. d) “(...) não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.” – não excedam as taxas de regeneração e que as protejam.” Desafio Instrução: Leia os excertos a seguir, retirados da crônica Verdades e mentiras sobre as mães, de Martha Medeiros. 11.16. (EPCAR – MG) – De acordo com os princípios apresen- tados nesse excerto da “Carta da Terra”, é correto afirmar que a) os organismos não-nativos ou modificados genetica- mente são daninhos à integridade ecológica e devem ser combatidos. b) a quantidade de substâncias radioativas ou tóxicas deve ser controlada, quando houver possibilidade de sérios danos ambientais. c) a capacidade de regeneração dos recursos renováveis é critério básico a ser observado no seu uso, visto que ela deve ser sempre maior que a exploração. d) o homem tem a liberdade de agir no meio ambiente de acordo com suas necessidades; são elas que devem balizar suas ações em todos os tempos. 11.17. (EPCAR – MG) – Alguns trechos do texto foram re- escritos. Assinale a única alternativa cuja reescrita mantém a correção gramatical e preserva o sentido da informação no contexto de que foi extraída. a) “Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras”. – Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração condiciona as necessidades das gerações futuras. b) “Transmitir às futuras gerações valores, tradições e ins- tituições que apoiem, em longo prazo, a prosperidade (...)” – Transmitir às futuras gerações e instituições valores e tradições que apoiem, em longo prazo, a prosperidade (...) c) “Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.” – Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental, assumindo, nos casos em que o conhecimento seja limitado, uma postura de precaução. d) “Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.” – Minimizar a poluição de qualquer parte do meio ambiente, além de não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras perigosas. 11.18. (EPCAR – MG) – A seguir, propõe-se a substituição de determinados trechos por estruturas pronominais. Assinale a única alternativa em que se mantém a correção gramatical e o sentido do enunciado. Mãe é mãe: mentira. Mãe foi mãe, mas faz um tempão. Agora mãe é jogadora de basquete, é top model, é atriz, é superstar. Mãe, além disso, é pediatra, cozinheira, lavadeira, psicóloga, motorista. Também é polí- tica, tirana, ditadora, não tem outro jeito. Mãe é pai. Sustenta a casa, fuma charuto e está jogando um bolão. Mãe é irmã: empresta as roupas, vai a shows de rock e disputa namorado com a filha. Mãe é avó: pode ter um neto da mesma idade que seu filho. Mãe é deputada, é sem-terra, é desta- que em escola de samba, é guarda de trânsito, é campeã de aeróbica. Só não é santa, casta e pura, a não ser que você acredite em milagres. Mãe foi mãe, agora é mãe também. [...] Mamãe eu quero: verdade. Você pode não querer ser uma, mas não co- nheço ninguém que não queira a sua. Maio de 1996 (Adaptado de: MEDEIROS, M. Verdades e mentiras sobre as mães. In. Topless. Porto Alegre: L&PM, 2015. p.58-60.) 11.19. (UEL – PR) – Com base nos excertos e na leitura da crônica, responda aos itens a seguir. a) Explique o período “Mãe foi mãe, agora é mãe também.” Aula 11 43Português 3C b) Explique as diferenças no uso dos pronomes “você” e “ninguém”, no período “Você pode não querer ser uma, mas não conheço ninguém que não queira a sua”. Instrução: Leia a reportagem a seguir. Cristiano Machado, 29 anos de idade, capri- cha na caligrafia e enfeita as cartas com desenhos. As mensagens são escritas na cela que divide com outros rapazes na Penitenciária 3 de Hor- tolândia (100 km de SP), de onde espera sair no final deste ano. Até lá, tentará conquistar alguém que aceite dar fim a sete anos de isolamento afeti- vo com uma visita à unidade prisional. Nas mensagens, ele busca uma mulher “fiel e sincera” e que acredite na recuperação dele, pre- so desde 2010 por roubo. “Cansei dessa vida que levo desde os 11 anos.” A dica do correio do amor veio de um cole- ga de detenção, que arranjou uma namorada por meio da seção. Como seduzir alguém em uma situação tão ad- versa? “Tem que mandar bonito nas cartas. Trocar aquela ideia para convencer ela a vir e mostrar que a gente é capaz de mudar”, disse ele, ao receber a Folha no presídio. Sorriso no rosto e com algemas, diz que teve respostas às missivas, mas nenhuma visita. “As cartas dos privados de liberdade são as que mais me emocionam. São pessoas que se sentem muito solitárias e, às vezes, procuram apenas uma companhia”, diz Lara Pires, uma das jornalistas responsáveis pela seção. Antes de voltar à cela, o rapaz que cursou até a 7ª série escreve um novo texto para que a repor- tagem entregue ao jornal. “Não tem mulher ideal, não tem modelo. Pode ser feia, bonita, gorda, ve- lha. Sendo sincera, ótimo.” (Adaptado de: À espera de uma visita, presidiário escreve bonito. In. “CORREIO do namoro” atrai de viúva exigente a presidiário carente em busca de novo amor. Folha de S. Paulo, Cotidiano, B6. 12 jun. 2017.) Produção de textos Proposta 01 11.20. (UEL – PR) – O trecho “Tem que mandar bonito nas cartas. Trocar aquela ideia para convencer ela a vir e mostrar que a gente é capaz de mudar” apresenta marcas de infor- malidade. Reescreva-o de modo a eliminar essas marcas sem alterar o seu sentido original. O argumento que “trabalho enobrece” é usado por muitos para defender que crianças e adolescentes trabalhem. Mas, é preciso observar que ele não leva em conta os impactos e as consequências a que estão su- jeitos os milhões de meninos e meninas que trabalham. Adultos e crianças são muito diferentes fisiológica e psicologicamente. Na infância, a criança encontra-se num processo grande e muito importante de desenvol- vimento. Muitas vezes, o que acontece na vida dela pode gerar impactos permanentes. Os impactos variam de acordo com a criança, com o trabalho que exerceu, com a aceitação sociocultural, entre outros pontos. Muitas dessas crianças eadolescentes estão perdendo a sua capacidade de elaborar um futuro. Isso porque podem desenvolver doenças de trabalho que os incapacitam para a vida produtiva, quando se tornarem adultos – uma das mais perversas formas de violação dos direitos humanos. Além disso, muitos deles não estudam, não têm direito a lazer e a um lar digno e são jogados à sorte, sem perspectiva de vida futura. São meninos e meninas coagidos a trabalhar em atividades que envolvem riscos físicos e psicológicos, podendo os impactos serem irreversíveis. (Disponível em:<http://fundacaotelefonica.org.br/promenino/trabalhoinfantil/impactos-e-consequencias/>, com adaptações) 44 Extensivo Terceirão (UNICENTRO – PR) – Com base no excerto de texto e na sua compreensão sobre o tema, escreva um texto dissertativo, argumentando de forma crítica e contextualizada sobre as consequências ocasionadas pela perda de direitos básicos à criança e ao adolescente, tais como educação, lazer, dignidade. Aula 11 45Português 3C Pokémon Go vira febre global e faz disparar valor da Nintendo Cinco anos em cinco dias. Esse foi o tempo neces- sário para que as ações da Nintendo retornassem aos patamares de preço que haviam sido registrados pela última vez em 2011. A explicação para a escalada sem precedentes é o jogo virtual Pokémon Go. O game, ins- talado por meio de aplicativo em celulares que operam com os sistemas Android e iOS, tornou-se uma febre sem precedentes.O jogo faz uso da chamada realidade aumentada: é preciso sair para as ruas e colocar o celu- lar à frente dos olhos para encontrar e caçar pokémons que estão escondidos em diferentes locais. Especialistas dizem que o sucesso inesperado do Pokémon Go pode abrir uma nova era da computação, com a populariza- ção de games que utilizam a mesma tecnologia e buscam explorar a interação dos usuários com o mundo real. (Adaptado de:<www.veja.abril.com/economia/pokemon-go-vira-febre-golbal-e-faz-disparar-valor-da-nintendo/> . Acesso em: 26 jul. 2016. Charge disponível em: . Acesso em: 5 ago. 2016.) (UEL – PR) – Com base na notícia e na charge, redija um texto dissertativo-argumentativo, de 10 a 12 linhas, abordando os avanços científicos e tecnológicos e seus impactos na vida e no cotidiano da população. Proposta 02 Leia a notícia a seguir. 46 Extensivo Terceirão Brasil só deve dominar Leitura em 260 anos Um relatório inédito do Banco Mundial estima que o Brasil vá demorar 260 anos para atingir o nível educacional de países desenvolvidos em Leitura e 75 anos em Matemática, destaca o jornal O Estado de São Paulo. Isso porque o País tem avançado, mas a passos muito lentos. O cálculo foi feito com base no desem- penho dos estudantes brasileiros em todas as edições do Pisa, a avaliação internacional aplicada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento). Esta é a primeira vez que o “World Development Report”, relatório anual que discute questões para o desenvolvimento mundial, é dedicado totalmente à educação. A conclusão mais importante do documento é que há uma “crise de aprendizagem” no mundo todo. “Nos últimos 30 anos houve grandes progressos em colocar as crianças nas escolas na maioria dos países, mas infelizmente muitas não entendem o que leem ou não sabem fazer contas”, disse o diretor global da área de educação do Banco Mundial, Jaime Saavedra. Na América Latina e Caribe, apenas cerca de 40% das crianças nos anos finais do ensino fundamental chegam ao nível considerado mínimo de proficiência em Matemática, enquanto na Europa e Ásia são 80%. Na África Subsaariana, só 10% dos alunos têm níveis aceitáveis de Leitura. A Coreia do Sul e, mais re- centemente, o Peru e o Vietnã são países citados como alguns dos que conseguiram avançar com reformas e novas políticas. O Brasil é um dos países que fazem parte dessa crise de aprendizagem, apesar de avanços recentes em avaliações. No último Pisa, porém, o País não aumentou sua nota em Leitura e caiu em Mate- mática. Adaptado de CAFARDO, R. Brasil só deve dominar leitura em 260 anos. Folha de Londrina. Folha Geral. 1 de mar. 2018, p. 8. Proposta 03 Disponível em:< www.facebook.com/lute.cartunista>. Brasil fica entre os últimos em ranking mundial do ensino EU TENHO DIFICULDADES EM INTERPRETAÇÃO! EU ME COMPLICO EM MATEMÁTICA! EU TENHO DIFICULDADES EM INTERPRETAR AS QUESTÕES DE MATEMÁTICA! Aula 11 47Português 3C (UEL – PR) – Com base nos textos, elabore um texto de até 14 linhas, no qual as dificuldades com a leitura no Brasil sejam discutidas, e iniciativas para reverter esse quadro sejam propostas. 11.01. b 11.02. d 11.03. c 11.04. d 11.05. c 11.06. d 11.07. d 11.08. a 11.09. b 11.10. c 11.11. F-F-V-V-F 11.12. a 11.13. a 11.14. c 11.15. c 11.16. c 11.17. c 11.18. b 11.19. a) Espera-se que o candidato entenda que o uso do verbo “ser” no pretérito perfeito não sugere a negação da ma- ternidade, mas a ampliação dos pa- Gabarito péis da mulher. Se antes parecia bas- tar ser mãe, hoje à mulher se somam outros papéis: “jogadora de basquete, top model, atriz, superstar [...] pedia- tra, cozinheira...” Para esse novo perfil de mulher e de mãe, cumpre ressaltar a importância do “também”, palavra denotativa de inclusão, destacada no período, pelo uso do itálico. b) O pronome “você” foi empregado para apontar a quem o texto/a crônica se dirige: à leitora, potencial mãe. Isso se confirma pelo uso do “uma”, no femi- nino, e pelo conhecimento de que a maternidade é atribuição biológica das mulheres. Já o pronome “ninguém”, fe- chando a oração “mas não conheço nin- guém” e servindo de antecedente para o pronome relativo que inicia a oração seguinte “que não queira a sua”, amplia a situação descrita no todo da crônica, isto é, vai além do público mulher, mãe em potencial, para alcançar a todos, ho- mens e mulheres. O uso de “ninguém” em orações negativas (o advérbio “não” é usado nas duas orações) resulta na afirmação segundo a qual todos que- rem a sua mãe. Assim, segundo o perí- odo, a restrição pode ocorrer quanto ao desejo da maternidade, mas não existe quando se trata do amor às mães. 11.20. Reescrita: É preciso caprichar nas cartas. Conversar com a pessoa para convencê- -la a vir e mostrar que somos capazes de mudar. “Tem que mandar bonito nas cartas”: aqui a informalidade se situa na expressão “mandar bonito”. Assim, o candidato deve substituí-la por “capri- char”, “cuidar” e similares. Opcionalmen- te, poderá também substituir “tem que” por “é preciso”, “é necessário” e similares, mantendo a ideia contida nesse uso do verbo “ter”. 48 Extensivo Terceirão Português 3CAula 12 Estratégias argumentativas IV Argumentação com base em citações levados ao Ministério Público ou ao Departamen- to Geral de Ações Socioeducativas (Novo Dega- se), quase 8,4 mil, triplicou em relação a 2010. Levantamento do Novo Degase mostra que a li- gação com o tráfico de drogas é responsável por 41% desses recolhimentos; a prática de roubos e furtos, por outros 41%. Com variações de indica- dores e de perfil das infrações, essa é uma realida- de que, seguramente, se repete em outros estados. Em si, são dados assustadores. E eles se agra- vam ainda mais num país em que vigora uma le- gislação promulgada com objetivos distintos do que a realidade revela. Na verdade, está no pró- prio escopo do Estatuto da Criança e do Adoles- cente (ECA) o conjunto de regras que estabele- ce as relações do Estado e da sociedade com os menores de idade, uma chave, das mais emble- máticas, para desvendar a razão de a curva que registra o envolvimento dos jovens com o crime permanecer em alta exponencial. Extraído de <http://oglobo.globo.com/opiniao/eca-nao-recupera-me- nor-infrator-desprotege-sociedade-15335011l>. Acesso em: 06/03/18 2. Citação de fatos históricos Muitas vezes, é possível que um tema de redação possa ser relacionado a uma das matérias estudadas na vida escolar, a História. Veja como isso acontece no trecho seguinte, no qual o autor utilizaa história do Primeiro Mi- nistro inglês Winston Churchill como base argumentativa. A liderança é um dom, competência, treina- mento ou herança? Não sei ao certo, mas olhando para Winston Churchill podemos vislumbrar um pouco daquilo que chamamos de estadista – um verdadeiro estadista – aquele que possui em sua fala, ação e espírito, uma verdadeira arte de lide- rar; e para podermos chamá-lo assim – estadista – precisamos muito mais que um mero apreço por sua pessoa, crenças políticas, gostos peculiares ou qualquer outro aspecto superficial de sua vida. É preciso olhar a construção desse edifício colossal de liberdade e senso moral que foi o ex-Primeiro Ministro da Inglaterra. O uso de citações, nos últimos anos, vem ganhando bastante destaque na preparação para as provas de redação. Por causa desse destaque, é fácil observar um exagero a respeito desse recurso, a ponto de muitos acharem que a citação de textos e autores é uma con- dição necessária para a realização de uma boa redação. Ou pior: imaginar que bastam algumas citações para que um texto cause boa impressão e, por consequência, seja bem avaliado. Como qualquer outra estratégia, o uso de citações pode ser um ótimo recurso, desde que seja aplicado de acordo com o raciocínio argumentativo desenvolvido no texto. Em suma, as citações devem, naturalmente, ser coerentes com os argumentos e com a tese defendida. Utilizadas dessa forma, coesa e coerente, as citações transmitem credibilidade à argumentação. 1. Citação de pesquisas e dados estatísticos A citação de dados e estudos é uma estratégia bastante convincente de argumentação, pois essa é uma forma de comprovar o que se afirma ao longo da redação. Trazer para a argumentação estudos, dados e pesquisas transmite, no texto, o efeito de sentido de possuir uma argumentação mais concreta, ligada mais a fatos do que a suposições. Naturalmente, os estudos a serem mostrados na redação devem ter partido de órgãos de reconhecida credibilidade. Além disso, ao usar essas informações, você precisa citar a devida fonte da qual foram retiradas, pois, quanto mais respeitada a fonte, mais credibilidade terá a argumentação. No exemplo a seguir, note como o artigo de opinião utiliza dados estatísticos para embasar uma crítica ao Estatuto da Criança e do Adolescente. ECA não recupera menor infrator e desprotege sociedade O Estado do Rio apreende a cada 60 minutos uma criança ou adolescente por infração crimi- nal. Ano passado, o número de jovens infratores Aula 12 49Português 3C Dizem que o caráter de um homem é testado em tempos de dificuldades, pois bem, não hou- ve época tão sombria na modernidade quanto a era das tiranias nazistas e comunistas; Churchill foi erigido, tanto por seus pares, como por Deus, a participar de maneira efetiva no front político nesse tempo desgraçado e caótico. Entretanto, mais do que muitos supunham, a arma principal de Churchill não foi seu exército ambivalente, mas sim seus discursos que inflamavam, traziam esperanças, receios, paz, horror, e principalmente a capacidade de unir uma nação em torno de uma missão comum, que naquele momento era en- frentar o imperialismo nazista que avançava com suas paranoias e carnificinas sobre os princípios do Ocidente. Pedro Henrique Alves Extraído de < http://www.gazetadopovo.com.br/ideias/churchill-e- -averdadeira-arte-de-liderar-1gvjdl2jjubgfgoqk6esnngs5 >. Acesso em: 06/03/18 Atenção! Embora seja mais comum a citação de fatos relacionados à História, não se esqueça de que também é possível a utilização de outras matérias e áreas do conhecimento na construção de um ra- ciocínio argumentativo. 3. Citação literária Ao longo do Ensino Médio e da preparação para os exames vestibulares, você teve contato com a Literatura. Essa matéria também pode ser base para uma cons- trução argumentativa. Dessa forma, procure, também, durante o planejamento da redação, verificar se o tema proposto possui relação com autores e obras literárias importantes. No ENEM 2011, cujo tema foi “Viver em rede no século XXI: os limites entre o público e o privado”, uma das redações avaliadas com nota máxima utilizou, o romance “1984”, de George Orwell, como referência argumentativa. O fim do Grande Irmão Câmeras que gravam qualquer movimento, te- las transmitindo notícias a todo minuto, o Estado e a mídia controlando os cidadãos. O mundo ide- alizado por George Orwell em seu romance 1984, onde aparelhos denominados teletelas controlam os habitantes de Oceania vem se tornando reali- dade. Com a televisão e, principalmente, a inter- net, somos influenciados – para não dizer mani- pulados – todos os dias. INEP. A Redação no ENEM 2012: Guia do participante. 4. Citação de autores, cientistas, pensadores: o “argumento de autoridade”. Outra forma de conferir credibilidade a uma argu- mentação é a citação de opiniões de pessoas considera- das autoridades no tema a ser discutido. Naturalmente, você irá buscar opiniões coerentes com a que será defendida na sua redação. Assim como na citação de estudos ou dados, também é preciso cuidar para que essa “autoridade” que será citada em sua redação seja uma figura de reconhecimento público, pois, nesse tipo de argu- mentação, a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto, uma frase dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma autoridade no assunto abordado. Veja, como exemplo, uma redação feita para o ENEM 2006, cujo tema foi “O poder de transformação da leitura. ” Repare como a argumentação é construída por meio de citações de grandes autores, cientistas e pensadores. Quadro Negro Se para Monteiro Lobato um país se faz de ho- mens e livros, para os governantes diferente não poderia ser. O papel da leitura na formação de um indivíduo é de notória importância. Basta-nos ob- servar a relevância da escrita até mesmo na mar- cação histórica do homem, que destaca, por tal motivo, a pré-história. Em uma esfera mais prática, pode-se perce- ber que nenhum grande pensador fez-se uma exceção e não deixou seu legado através da es- crita, dos seus livros, das anotações. Exemplos não são escassos: de Aristóteles a Nietzsche, de Newton a Ohm, sejam pergaminhos fossiliza- dos ou produções da imprensa de Gutenberg, muito devemos a esses escritos. Desta forma, iniciarmos o nosso processo de transformação adquirindo tamanha produção intelectual que nos é disponibilizada. A aquisição de ideias pelo ser humano apresen- ta um grande efeito colateral: a reflexão. A leitura é capaz de nos oferecer o poder de questionar, sendo a mesma frequente em nossas vidas. Ou- trossim, é impossível que a nossa visão do mundo ao redor não se modifique com essa capacidade adquirida. Embora a questão e a dúvida sejam de extrema importância a um ser pensante, precisam ter um curto prazo de validade. A necessidade de resposta 50 Extensivo Terceirão nos é intrínseca e gera novas ideias, fechando, assim, um círculo vicioso, o qual nos integra e nunca terminamos de transformar e sermos trans- formados. A leitura é a base para o desenvolvimento e a integração na sociedade e na vida, porquanto viver não é apenas respirar. Se Descartes estiver certo, é preciso pensar. Pensando, poderemos mudar o quadro negro do país e construir o Bra- sil de Monteiro Lobato: quadro negro apenas na sala de aula, repleto de ideias, pensamentos, au- tores, repleto de transformação e de vida. Exemplo de Redação Em “O jogo da imitação”, o personagem Alan Turing prejudica o avanço da Alemanha nazista, quando conse- gue decifrar os algoritmos correspondentes ao projeto de guerra de Hitler. Diante disso, pode-se observar, desde a segunda metade do século XX, a relevância do conhecimento tecnológico para atingir certos objetivos. Contudo, diferentemente desse contexto, atualmente, utiliza-se, muitas vezes, a tecnologia não para o bem coletivo, como no filme,mas para vantagens individu- ais, mediante a manipulação de dados de usuários da internet. Destarte, é fundamental analisar as razões que tornam essa problemática uma realidade no mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, cabe abordar a dificuldade de re- gulação dos sites quanto ao acesso aos dados de quem está inserido no ambiente virtual. Segundo o filósofo Kant, a pessoa é um fim em si mesma, e não um meio de conseguir atingir interesses particulares. Nesse sentido, rompe-se com tal lógica humanista ao verificar-se que, hoje, muitas empresas transformam o consumidor em um instrumento de lucro. Isso ocorre porque os entraves para o controle da manipulação, caracterizados pela dificuldade de identificação dos agentes de tal ação, inviabilizam a proteção dos usuários, sobretudo nas Testes Assimilação Instrução: Leia o texto para responder às questões 12.01. a 12.04. A banalidade do mal Muito se ouve, se fala e se sente acerca da violência. O ódio se encontra disseminado, como se não fosse possível habitar o mesmo espaço do outro que pensa e age diferente. A violência institucional do Estado prolifera. Contudo, as práticas sociais agressivas não se resumem à tradicional oposição Estado versus so- ciedade. Entre cada indivíduo das comunidades, dos bairros, dos mesmos transportes públicos, ronda o fantasma da violência. redes sociais, que são o principal elo de ligação das pes- soas com as empresas e suas propagandas publicitárias. Por conseguinte, os indivíduos são bombardeados por anúncios, que contribuirão para traçar perfis individuais, direcionar o consumo e, ainda, influenciar as escolhas e os gostos de cada um. Ademais, outro fator a salientar é a falta de informa- ção no que tange à internet. Com o advento da Terceira Revolução Industrial, nota-se uma população cada vez mais rodeada de tecnologia, porém, despreparada para lidar com ela. Percebe-se, em grande parte das instituições de ensino, que a educação é incompleta, visto que, apesar de, desde a infância, ter contato com computadores e celulares, a criança cresce sem saber discernir corretamente quais dados podem ser públicos e como protegê-los de sistemas inteligentes. Logo, é mister providenciar uma reconfiguração no ensino para formar indivíduos conscientes dos riscos que a internet pode oferecer. Torna-se evidente, portanto, que a manipulação do comportamento do usuário é nociva ao direito dele à privacidade. Assim, cabe ao Executivo combater a mani- pulação de dados, mediante o investimento no Ministé- rio de Ciência e Tecnologia, que aprimorará a fiscalização dos sistemas virtuais das empresas e desenvolverá um setor de tecnologia da informação, rumo à ampla pro- teção dos usuários do ambiente cibernético. Outrossim, compete ao Legislativo inserir na grade curricular disciplinas como Informática e Educação Tecnológica, por meio da alteração na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a qual permitirá um suporte de ensino sobre as ameaças aos dados virtuais e sobre como lidar com as redes sociais, a fim de criar uma maior preocupação com a segurança das informações. Dessa forma, será possível construir uma sociedade mais autônoma e menos guia- da pelos interesses empresariais. Cartilha Redação a Mil - Extraída de: <http://estaticog1.glo- bo.com/2019/03/27/CartilhaRedacaoaMilLucasFelpi.pdf?_ ga=2.230714207.1381020506.1574694029-237536709.1504522276>. Acesso em: 25/11/2019 ©Isabel Petrenko Dória Aula 12 51Português 3C Certamente, as causas desses fenômenos são múltiplas, talvez tanto quanto o são suas ocorrências. So- frem mais do dinamismo da continuidade do que das rupturas. Apesar das várias facetas sob as quais pode- ríamos analisar a violência estrutural, há certos mecanismos e estratégias que se repetem. Como funcionam? Mais ainda: quais funções e dispositivos de manutenção dessas práticas se atualizam no mundo do trabalho, na sociabilidade desigual e na urbanidade precária? A continuidade, permanência e sofisticação dos modos da violência poderiam ser sintetizadas, na expe- riência brasileira, em duas formas fundamentais e dominantes: o racismo e o machismo. O país cordial e democrático, em seu cotidiano, tem três mulheres assassinadas por dia. E a maioria das vítimas é composta de mulheres negras. Se o normal é a violência, o racismo e o machismo, de que modo a mulher ou o jovem negro podem experimentar uma autodefinição de sua existência, condição necessária para repensar o quadro de violência? A Constituição de 1988 seria a promessa de novas práticas, da produção de sujeitos universais – interrom- pendo a história de vitimizações contínuas de mulheres, índios, idosos, adolescentes, quilombolas, trabalha- dores. A nova lei, legitimada na fundamentação futura de uma outra vida, seria a redenção para esses sujeitos. Porém, com a narrativa de construção do Estado de direito, soberano, centralizado, formado pelos “bra- sileiros”, subjaz franco e atuante, ainda que silencioso e rasteiro, o discurso do conflito, do inimigo, das lutas que continuam, que permanecem constitutivas da existência do país. Os vivas à democracia, à Constituição, às leis e à ordem convivem com o ódio ao outro via racismo agressivo, preconceito contra o nordestino, dentre outros. A ideia de sermos um único sujeito, o brasileiro alegre e complacente, convive com a prática da diferença não tolerada, com a consideração do outro, do estranho, do estrangeiro, como aquele que não é “nós”. A produção do outro e, portanto, a continuidade histórica da violência se devem, em grande medida, à persis- tência e ao incremento do racismo e do machismo, autorizando a agressão física ou moral. Qualquer saída para essa situação somente terá alguma possibilidade de efetivação sob políticas, atos e afetos de respeito às mulheres, aos jovens negros e aos que não têm posses, pois são essas as subjetividades e as sociabilidades que são alvos das estruturas violentas. EDSON TELES Adaptado de: <diplomatique.org.br>, 18/09/2017. 12.01. (UERJ) – No texto, o autor discute o fenômeno de disseminação do ódio entre as pessoas. Para ele, essa disse- minação é autorizada pelo seguinte aspecto social: a) garantia de direitos às minorias b) centralização do poder no Estado c) produção de inimigo a ser combatido d) redução de estratégias de repressão 12.02. (UERJ) – Na exposição dos fatos que analisa, o autor apresenta expectativas que considera frustradas. Um recurso linguístico empregado para marcar essa quebra de expectativas é: a) termo assertivo em “Certamente, as causas desses fenô- menos são múltiplas,” b) expressão enfática em “Mais ainda: quais funções e dis- positivos de manutenção dessas práticas se atualizam” c) sequência gradativa em “A continuidade, permanência e sofisticação dos modos da violência” d) tempo verbal em “A Constituição de 1988 seria a promessa de novas práticas,” 12.03. (UERJ) – Contudo, as práticas sociais agressivas não se resumem à tradicional oposição Estado versus sociedade. Entre cada indivíduo das comunidades, dos bairros, dos mesmos transportes públicos, ronda o fantasma da violência. A frase sublinhada expressa, em relação à anterior, o sentido de: a) confirmação b) relativização c) correção d) negação 12.04. (UERJ) – Para desenvolver seu argumento, o autor emprega a metalinguagem em: a) O ódio se encontra disseminado, como se não fosse possível habitar o mesmo espaço do outro. b) a mulher ou o jovem negro podem experimentar uma autodefinição de sua existência. c) a consideração do outro, do estranho, do estrangeiro, como aquele que não é “nós”. d) são essas as subjetividades e as sociabilidades que são alvos das estruturas violentas. 52 Extensivo Terceirão Aperfeiçoamento Instrução: Leia o texto a seguir para responder às questões 12.05. a 12.08. soul e do funk de uma forma inovadora, execu- tando passos que lembravam ao mesmo tempo uma luta e os movimentos de um robô. [...] Finalmente, além da música e da dança,pro- pagava-se pelos guetos, ainda, o hábito de dese- nhar e escrever em muros e paredes. [...] Nesse contexto de efervescência político-cultural, grafi- teiros, breakers e rappers começaram a se reunir para realizar eventos juntos, afinal suas artes es- tavam relacionadas a uma experiência comum, a cultura de rua. [...] Por volta de 1982, o rap chegou ao Brasil, fi- xando-se, sobretudo, em São Paulo. [...] Nos últimos anos da década de 90, o rap brasi- leiro ultrapassou os limites da periferia dos grandes centros e chegou à classe média. [...] O rap de cará- ter mais comercial passou então a ser amplamente difundido pelo país, ao mesmo tempo em que, em sua forma marginal, a linguagem continuava a se desenvolver nos espaços populares. Há que se destacar o caráter inovador do rap nacional, que reelabora, de forma criadora, a par- tir de tradições populares brasileiras, a linguagem dos guetos norte-americanos, mesclando o ritmo do Bronx a gêneros como o samba e a embolada. [...] Não se trata, no entanto, de idealizar o hip- -hop como forma de conhecimento. O movi- mento, seguramente, não é homogêneo: possui tendências mais ou menos politizadas, mais ou menos engajadas e críticas. Há, por assim dizer, uma vertente cuja tônica é a denúncia, a agitação e o protesto. Outra, espontânea, sem uma linha política coerente e definida. E outra ainda, talvez hegemônica, já assimilada pelo mercado, que re- produz o modelo de comportamento, aspirações e ideais dominantes (consumismo, individualis- mo e exaltação da vida privada), como a maioria das canções ditas “de massa”. (COUTINHO, Eduardo Granja, ARAÚJO, Marianna. Rap: uma linguagem dos guetos. In: PAIVA, Raquel, TUZZO, Simone Antoniaci (Orgs.). Comunidade, mídia e cidade: possibilidades comunitárias na cidade hoje. Goiânia: FIC/ UFG, 2014.) Rap: uma linguagem dos guetos Entre as vozes que se cruzam na cacofonia urbana da sociedade globalizada, há uma que se sobressai pela sua radicalidade marginal: o rap. A moderna tradição negra dos guetos norte-ameri- canos é, hoje, cantada pelos jovens das periferias de todos os quadrantes do globo. Mas diferen- temente das estereotipias produzidas pela nação hegemônica e difundidas em escala planetária, a cultura hip-hop costuma ser assimilada como uma fala histórica essencialmente crítica por uma juventude com tão escassas vias de fuga ao sem- pre igual. Quando, por exemplo, jovens de uma favela brasileira incorporam esta linguagem tor- nada universal, por mais que a sua realidade seja diferente daquela dos marginalizados do país de origem, a forma permanece associada a um con- teúdo crítico – uma visão de mundo subalterna e frequentemente subversiva. O rap é hoje uma forma de expressão comuni- tária, por meio da qual se comunicam e afirmam sua identidade habitantes dos morros e comuni- dades populares. [...] O surgimento do movimento hip-hop nos remete ao contexto no qual estavam inseridos os Estados Unidos dos anos 60 e 70, no auge da Guerra Fria. Foram anos de tensão e muita agi- tação política. O descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava-se à pressão das co- munidades negras segregadas, submetidas a leis similares às do apartheid sul-africano. O clima de revolta e inconformismo tomava conta dos guetos negros. [...] Na trilha da agitação política ocorriam ino- vações culturais. Nos guetos, o que se ouvia era o soul, que foi importante para a organização e conscientização daquela população. [...] No mes- mo período surge uma variedade de outros rit- mos, como o funk, marcados por pancadas pode- rosas que causavam estranhamento aos brancos, letras que invocavam a valorização da cultura negra e denunciavam as condições às quais eram submetidas as populações dos guetos. O soul e o funk foram as bases musicais que permitiram o surgimento do rap, que virá a ser um dos elemen- tos do movimento hip-hop. Por essa época ou um pouco antes, jovens ne- gros já dançavam [o break] nas ruas ao som do 12.05. (EPCAR – MG) – Nota-se, no primeiro parágrafo do texto, que os autores enfatizam a informação presente no título, isto é, a relação do rap com o gueto, com espaços desprestigiados. Assinale a única palavra que NÃO foi em- pregada para reforçar esse aspecto no parágrafo. a) Marginal b) Periferias c) Favela d) Subversiva Aula 12 53Português 3C 12.06. (EPCAR – MG) – De acordo com as informações do texto e o modo como ele está organizado, é correto afirmar que os autores a) defendem os ditos movimentos de rua, utilizando-se de argumentos sólidos que valorizam o rap. b) apresentam dados temporais e espaciais para defender a divulgação do rap na sociedade. c) são preconceituosos com relação à cultura de massa, que, segundo eles, é hegemônica em aspectos como exaltação da individualidade. d) expõem o tema rap, contextualizando-o em sua origem e desenvolvimento ao longo dos anos. 12.07. (EPCAR – MG) – Considerando o contexto em que foi empregada, a expressão “cultura de rua” pode ser definida como: a) conjunto de ritmos musicais típicos dos guetos negros dos anos de 1960 e 1970. b) dança apresentada nas ruas, cujos movimentos lembram os passos de um robô. c) conjunto de artes (música, dança e grafite) que se expressa no espaço público, na rua. d) linguagem artística que mistura vários ritmos, como o funk, o samba e a embolada. 12.08. (EPCAR – MG) – Assinale a alternativa que apresenta uma leitura correta acerca do texto. a) A juventude marginalizada, em todos os quadrantes do globo, tem no rap uma solução para a sua situação de criminalidade. b) O rap alcançou a classe média fora das comunidades populares e atua, hoje, como um importante instrumento de conscientização dessa classe, devido a sua linguagem rebelde e marginal. c) A raiz histórica do rap está na tensão e na insatisfação geradas pela Guerra Fria, as quais tomaram conta dos guetos ao redor do mundo nas décadas de 60 e 70. d) Embora seja a incorporação de uma linguagem surgida em outra realidade, extremamente diferente da deles, o rap transformou-se em uma espécie de voz dos jovens dos morros e das comunidades brasileiras. 12.09. (EPCAR – MG) – Assinale a alternativa em que a reescrita proposta NÃO está de acordo com a norma padrão da Língua Portuguesa. a) “O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, por meio da qual se comunicam...” => O rap é hoje uma forma de expressão comunitária, com à qual se comunicam. b) “O descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava-se à pressão das comunidades negras...” => Ao descontentamento popular com a guerra do Vietnã somava-se a pressão das comunidades negras. c) “...submetidas a leis similares às do apartheid...” => ...sub- metidas a leis similares àquelas do apartheid. d) “...denunciavam as condições às quais eram submetidas as populações dos guetos.” => denunciavam as condições a que eram submetidas as populações dos guetos. 12.10. (EPCAR – MG) – Há, em um dos fragmentos abaixo, uma marca evidente da presença dos autores no texto. Assinale-o. a) “O surgimento do movimento hip-hop nos remete ao contexto no qual estavam inseridos os Estados Unidos dos anos 60 e 70, no auge da Guerra Fria.” b) “Há, por assim dizer, uma vertente cuja tônica é a denún- cia, a agitação e o protesto.” c) “E outra ainda, talvez hegemônica, já assimilada pelo mercado...” d) “Finalmente, além da música e da dança, propagava-se pelos guetos, ainda, o hábito de desenhar e escrever em muros e paredes.” Aprofundamento Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.11. O Facebook é, de longe, a maior rede da história da humanidade. Nunca existiu, antes, um lugar onde 1,4 bilhão de pessoas se reunissem – e 936 milhões entrassem todo santo dia (só no Brasil, 59 milhões). Metade de todas as pessoas com acesso à internet, no mundo, entra no Face- book pelo menos uma vez por mês. Ele tem mais adeptos do que a maior das religiões (a católica, com 1,2 bilhão de fiéis), e mais usuários doque a internet inteira tinha dez anos atrás. Em suma: é o meio de comunicação mais poderoso do nosso tempo, e tem mais alcance do que qualquer coisa que já tenha existido. A maior parte das pessoas o adora, não consegue conceber a vida sem ele. Tam- bém pudera: o Facebook é ótimo. Nos aproxima dos nossos amigos, ajuda a conhecer gente nova e acompanhar o que está acontecendo nos nossos grupos sociais. Mas essa história também tem um lado ruim. Novos estudos estão mostrando que o uso frequente do Facebook produz alterações físicas no cérebro. Quando estamos nele, ficamos mais impulsivos, mais narcisistas, mais desaten- tos e menos preocupados com os sentimentos dos outros. E, de quebra, mais infelizes. SANTI, A. Superinteressante, ed. 348, jun. 2015. Disponível em: <http://super. abril.com.br/tecnologia/>. Acesso em: 27 de set. 2016. (Fragmento). 12.11. (CFTMG) – O modo como o texto apresenta e orga- niza as informações permite inferir seu objetivo de a) destacar os efeitos negativos da rede social. b) questionar os benefícios das novas tecnologias. c) apresentar dados quantitativos sobre o Facebook. d) manifestar opiniões pessoais sobre o mundo virtual. 54 Extensivo Terceirão Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.12. Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verda- deiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê- -lo: a globalização como fábula. O segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como per- versidade. E o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. Este mundo globalizado, visto como fábu- la, constrói como verdade um certo número de fantasias. 1Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notí- cias realmente informa as pessoas. A partir des- se mito e do encurtamento das distâncias – para aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e espaço contraídos. 2É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. 3Um mercado avassa- lador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. O mundo se torna menos unido, 4tornando também mais dis- tante o sonho de uma cidadania de fato universal. 5Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. Ao tratar de literatura e de valor estético, esta- mos em terreno movediço e variável e não em ter- ras firmes e estáveis. O que se considera literatura hoje não é o que se considerava no século XVIII; o que se considera uma história bem narrada em uma tribo africana não é o que se considera bem marcado em Paris; o enredo que emociona uma jovem de 15 anos não é o que traz lágrimas aos olhos de um professor de 60 anos; o que um críti- co carioca identifica como uso sofisticado da lin- guagem não é compreendido por um nordestino analfabeto. ABREU, Márcia. Cultura letrada: literatura e leitura. São Paulo: Editora da Unesp, 2016. p. 58. Na verdade, para a maior parte da humani- dade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas en- fermidades se instalam e velhas doenças, suposta- mente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. Todavia, podemos pensar na construção de um outro mundo, mediante uma globalização mais humana. As bases materiais do período atual são, entre outras, a unicidade da técnica, a con- vergência dos momentos e o conhecimento do planeta. É nessas bases técnicas que o grande ca- pital se apoia para construir a globalização per- versa de que falamos acima. Mas essas mesmas bases técnicas poderão servir a outros objetivos, se forem postas a serviço de outros fundamentos sociais e políticos. MILTON SANTOS Adaptado de Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2004. 12.13. (UERJ) – Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. (ref. 1) Ao empregar a expressão destacada neste trecho, o autor indica sua discordância em relação a uma ideia difundida como verdade inquestionável. Outra expressão empregada com a mesma finalidade está destacada em: a) É como se o mundo houvesse se tornado, para todos, ao alcance da mão. (ref. 2) b) Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta (ref. 3) c) tornando também mais distante o sonho de uma cida- dania de fato universal. (ref. 4) d) Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado. (ref. 5) 12.14. (UERJ) – No primeiro parágrafo, o autor apresenta uma caracterização negativa do mundo atual, ao mesmo tempo que propõe um procedimento de análise desse contexto que permitiria superá-lo. Esse procedimento de análise está explicado em: a) contestação de práticas históricas que geram injustiças sociais b) simulação de cenários futuros que possibilitem novas relações humanas c) formulação de conceitos gerais que simplifiquem uma tese controversa d) delimitação de aspectos distintos que compõem um problema complexo 12.12. (CFTMG) – No texto, a autora defende o ponto de vista de que a noção de literatura é estabelecida por critérios a) elitistas. b) relativos. c) técnicos. d) históricos. Instrução: Leia o texto para responder às questões 12.13. e 12.14. Aula 12 55Português 3C Mais velho, poucos amigos? Um curioso estudo divulgado na última sema- na mostrou que a redução do número de amigos com a idade, tão comum entre os humanos, pode não ser exclusivo da nossa espécie. Aparente- mente, macacos também passariam por processo semelhante em suas redes de contatos sociais, o que poderia sugerir um caráter evolutivo desse fenômeno. No trabalho desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa com Primatas em Göttingen, Alemanha, se identificou uma redução de grooming (tem- po dedicado ao cuidado com outros indivíduos, como limpar o pelo e catar piolhos) entre os ma- cacos mais velhos da espécie Macaca sylvanus. Além disso, eles praticavam grooming em um nú- mero menor de “amigos” ou parentes. Fazer grooming está para os macacos mais ou menos como o “papo” para nós. Da mesma forma que o “carinho” humano, ele parece provocar a liberação de endorfinas. Geram-se, dessa forma, sensações de bem-estar tanto em homens como em outros animais. Na pesquisa, publicada pelo periódico New Scientist, os cientistas perceberam que macacos de 25 anos tiveram uma redução de até 30% do tempo de grooming quando comparados com adultos de cinco anos. Se esse fenômeno acontece em outros primatas, ele também pode ter chegado a nós ao longo do caminho de formação da nos- sa espécie. Se chegou, qual teria sido a vantagem evolutiva? Durante muito tempo se especulou que esse “encolhimento” social em humanos seria, na verdade, resultado de um processo de envelhe- cimento, em que depressão, morte de amigos, li- mitações físicas, vergonha da aparência e menos dinheiro poderiam limitar as novas conexões. Mas, pesquisando os idosos, se percebeu que ter menos amigos era muito mais uma escolha pesso- al do que uma consequência do envelhecer. Uma linha de investigação explica que essa re- dução dos amigos seria, na verdade, uma seleção dos mais velhos de como usar melhor o tempo. Mas outros especialistas defendem a ideia de que os mais velhos teriam menos recursos e defesas para lidar com estresse e ameaças e, assim, esco- lheriam com mais cautela as pessoas com quem se sentem mais seguros (os amigos) para passar seu tempo. BOUER, J. Jornal O Estado de São Paulo, caderno Metrópole,domingo, 26 jun. 2016, p. A23. Adaptado. 12.15. (FMP – SC) – O argumento de autoridade utilizado no texto para discutir o processo de “encolhimento” social é: a) Cientistas afirmam que a depressão é consequência da morte de amigos e das limitações físicas. b) Estudos comprovam que as limitações físicas provocam depressão nos animais durante o envelhecimento. c) Pesquisadores identificaram redução do tempo de grooming e do número de amigos nos macacos mais velhos. d) Médicos constataram que a liberação de endorfinas é causada pelo grooming entre seres humanos. e) Pesquisas concluíram que os macacos sentem mais falta do contato físico do que os humanos. Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.16. Livro e futebol O leitor a quem se dirige esse livro não é evi- dente: em geral, quem vive o futebol não está in- teressado em ler sobre ele mais do que a notícia de jornal ou revista, e quem se dedica a ler livros e especulações poucas vezes conhece o futebol por dentro. Pierre Bourdieu observa, por exemplo, que a sociologia esportiva é desdenhada pelos sociólogos e menosprezada pelos envolvidos com o esporte. A observação pode valer também para ensaios como este aqui, embora ele não seja do gênero sociológico. No limite, a onipresença do jogo de bola soa abusiva e irrelevante para quem acompanha a discussão cultural. Assim, mais do que um desconhecimento recíproco entre as partes, pode-se falar, de fato, de uma dupla resis- tência. Viver o futebol dispensa pensá-lo, e, em grande parte, é essa dispensa que se procura nele. Os pensadores, por sua vez, à esquerda ou à di- reita, na meia ou no centro, têm muitas vezes uma reserva contra os componentes anti-intelectuais e massivos do futebol, e temem ou se recusam a endossá-los, por um lado, e a se misturar com eles, por outro. Tudo isso, por si só, já daria um belo assunto: o futebol como o nó cego em que a cultura e a sociedade se expõem no seu ponto ao mesmo tempo mais visível e invisível. E esse não deixa de ser o tema deste livro, que talvez possa interessar a quem esteja disposto a lê-lo indepen- dentemente de conhecer o futebol ou de ser ou não “intelectual”. Não é incomum, também, que intelectuais vi- vam intensamente o futebol, sem pensá-lo, e que resistam, ao mesmo tempo, a admiti-lo na ordem do pensamento. Nesse caso, aqueles dois perso- nagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só. [...] (José Miguel Wisnik. Veneno Remédio: o Futebol e o Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.) Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.15. 56 Extensivo Terceirão do pelo Cesar, pela Urbana/PE e pela Fiepe, tive oportunidade de falar sobre a importância crucial do pedestre para o urbanismo contemporâneo. Esse seminário regional foi um desdobramento, no Recife, do seminário internacional Cidades A Pé, realizado em São Paulo, no mês de novembro do ano passado. Disse que, embora graduado em Arquitetu- ra e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que considero vital na questão urbana atual de- pois que andei milhares de quilômetros no Recife. Depois, portanto, que, na prática, me “pós-gra- duei” pelos pés. O essencial do que aprendi foi que se o pedestre se sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim e o planejamento urbano, se houve, falhou. O planejamento urbano tradicional, o que se aprende na escola e amiúde se aplica por aí, co- meça olhando o espaço pelo satélite (ainda mais agora com a proliferação das tecnologias de inter- net…), depois “desce” para o mapa, para a planta, para o detalhe, e termina por não chegar ao nível do chão, de quem está andando na rua. Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo que haja uma inversão de sentido, que o plane- jamento comece pelo chão, por onde anda o pe- destre e, aí, vá “subindo” até chegar ao satélite. Se isso fosse feito, com certeza, não teríamos muitas das atrocidades que suportamos nas cidades bra- sileiras andando por elas… Na Grécia antiga, a filosofia pré-socrática de- fendia que “o homem é a medida de todas as coi- sas”. Na cidade, a medida de todas as coisas, sem a menor sombra de dúvida, é o pedestre! Não en- tender isso é ficar na contramão da história con- temporânea do urbanismo. Que o digam Jan Gerl com seu consagrado livro “Cidade para as Pesso- as”, e Jeff Speck com o seu excelente livro “Cidade Caminhável”. Que o digam as cidades da Europa e, já, muitas dos EUA, além de praticamente todas as capitais latinoamericanas… Já existem, inclusive, um conceito e um con- junto de indicadores que ajudam a materializar essa tendência. Trata-se, o conceito, do Walkabi- lity, e o conjunto de indicadores, do Walk Score, que mede o quanto “caminhável” é determinado local, bairro ou cidade. Temos que seguir por aí. Afinal, como repete aquele complemento de co- mercial de rádio e TV, independente do meio de transporte que utilizemos, “na cidade, todos so- mos pedestres”. Francisco Cunha. In: Revista Algomais, Ano 11, n° 124, julho de 2016, p.50. Adaptado 12.16. (UFPR) – “Nesse caso, aqueles dois personagens a que nos referimos no começo podem se encontrar numa pessoa só”. Com isso, o autor reconhece que: 1. é desejável pensar o esporte por outro viés que não seja aquele permeado por admiração e paixão. 2. admitir o futebol na ordem do pensamento significa fazer do torcedor apaixonado uma pessoa capaz de refletir sobre seus pontos positivos e negativos. 3. há intelectuais que, mesmo não admitindo que possam haver abordagens intelectualizadas do futebol, são torce- dores fervorosos. 4. o torcedor apaixonado é aquele que prefere pensar o futebol na sua expressão cultural e, portanto, é o que congrega as características de leitor preferencial do livro. Assinale a alternativa correta. a) Somente a afirmativa 3 é verdadeira. b) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras. c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. d) Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras. e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras. Instrução: Leia o texto para responder à questão 12.17. Um pensamento liberal moderno, em tudo oposto ao pesado escravismo dos anos 1840, pode formular-se tanto entre políticos e intelectuais das cidades mais importantes quanto junto a bacharéis egressos das famílias nordestinas que pouco ou nada poderiam esperar do cativeiro em declínio. (BOSI, Alfredo. Dialética da Colonização. São Paulo: Companhia das Letras, 1992, p. 224) 12.17. (PUCCAMP – SP) – Parte da crítica literária dos nossos dias acredita na tese de que Machado de Assis, em sua lucidez de escritor, realçou a contradição entre ideias liberais e a realidade opressiva da época. Essa tese crítica ganhou uma síntese expressiva e esclarecedora na seguinte formulação: a) Brasil, país do futuro. b) Em se plantando, tudo dá. c) Só a antropofagia nos une. d) São ideias fora do lugar. e) Um país essencialmente agrícola. 12.18. (UPE – PE) – Acerca de algumas relações lógico- -semânticas presentes no texto “Pedestre, a medida de todas as coisas”, analise as afirmações a seguir. Pedestre, a medida de todas as coisas Na palestra que fiz mês passado no seminário A Mobilidade a Pé e o Futuro do Recife, organi- zado pelo INTG – Instituto da Gestão – e apoia- Aula 12 57Português 3C certas obras a uma elite. Mas essas obras experi- mentais ou de vanguarda, se de fato expressassem zonas inéditas da realidade humana e criassem for- mas de beleza duradoura, sempre acabavam por educar leitores, espectadores e ouvintes, integran- do-se desse modo no patrimônio comum. A cultura pode e deve ser, também, experimen- tação, é claro, desde que as novas técnicas e formas introduzidas pela obra ampliem o horizonte da experiência da vida, revelando seus segredos mais ocultos ou nos expondo a valores estéticos inéditos que revolucionem nossa sensibilidade e nos deem uma visão mais sutil e nova desse abismo semfundo que é a condição humana. A cultura pode ser experi- mentação e reflexão, pensamento e sonho, paixão e poesia e uma revisão crítica constante e profunda de todas as certezas, convicções, teorias e crenças. Mas não pode afastar-se da vida real, da vida verdadeira, da vida vivida, que nunca é a dos lugares-comuns, do artifício, do sofisma e da brincadeira, sem risco de se desintegrar. Posso parecer pessimista, mas mi- nha impressão é que, com uma irresponsabilidade tão grande como nossa irreprimível vocação para a brincadeira e a diversão, fizemos da cultura um da- queles castelos de areia, vistosos mas frágeis, que se desmancham com a primeira ventania. Mario V. Llosa, A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. I. No trecho: “Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que considero vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no Recife.” (2º. parágrafo), o segmento sublinhado deve ser interpretado como uma ressalva. II. Com o trecho: “Depois, portanto, que, na prática, me ‘pós-graduei’ pelos pés.” (2º. parágrafo), o autor apresenta a conclusão do que tinha dito, anteriormente, no texto. III. Com o segmento destacado no trecho: “O essencial do que aprendi foi que se o pedestre se sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim” (2º. parágrafo), o autor faz uma afirmação categórica. IV. O segmento destacado no trecho: “Depois de gastar muita sola de sapato por aí”, defendo que haja uma inversão de sentido” (3º. parágrafo) situa temporalmente o segmento final. Estão CORRETAS: a) I e III, apenas. b) I, II e IV, apenas. c) II e IV, apenas. d) III e IV, apenas. e) I, II, III e IV. Desafio Instrução: Texto para a próxima questão. A civilização do espetáculo: uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura As ideias de especialização e progresso, insepa- ráveis da ciência, são inválidas para as letras e as artes, o que não quer dizer, evidentemente, que a literatura, a pintura e a música não mudem nem evoluam. Mas, diferentemente do que se diz sobre a química e a alquimia, nelas não se pode dizer que aquela abole e supera esta. A obra literária e artística que atinge certo grau de excelência não morre com o passar do tempo: continua vivendo e enriquecendo as novas gerações e evoluindo com estas. Por isso, as letras e as artes constituíram até agora o denominador comum da cultura, o espaço no qual era possível a comunicação entre seres hu- manos, apesar das diferenças de línguas, tradições, crenças e épocas, pois quem hoje se emociona com Shakespeare, ri com Molière e se deslumbra com Rembrandt e Mozart está dialogando com quem no passado os leu, ouviu e admirou. Esse espaço comum, que nunca se especiali- zou, que sempre esteve ao alcance de todos, passou por períodos de extrema complexidade, abstração e hermetismo, o que restringia a compreensão de 12.19. (FGV – SP) – Com base nos conceitos de “especializa- ção” e “progresso”, o autor distingue arte de ciência. Explique sucintamente o que ele entende por a) “especialização”; b) “progresso”. 58 Extensivo Terceirão Instrução: Texto para a próxima questão. Ética A palavra “ética” vem do grego ethos, tal como “moral” vem do latim mores. Sintomaticamente, tanto ethos como mores significam costumes. De acordo com essa significação original, as normas de conduta e a definição do que era certo e do que era errado eram impostas aos indivíduos pela comunidade, e os indivíduos as aceitavam (tendiam a concor- dar com o castigo, quando as infringiam). Desse modo, podemos dizer que, num tempo muito antigo, os seres humanos já conheciam valores. E podemos dizer mais: esses valores, embutidos nas normas de conduta, eram inculcados nos indivíduos pelo grupo. A comunidade precedia a individualidade. Posteriormente, quando se desenvolveu a atividade mercantil, o comércio exigia a ampliação do espaço para a autonomia individual (o comerciante precisava de espaço para se deslocar para o lugar certo na hora exata em que podia comprar barato e vender caro, a fim de ser bem sucedido, por sua livre iniciativa pessoal). Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações nas quais não podiam se limitar a obedecer às normas pré-fixadas pela comunidade e essas normas começaram a perder o vigor. Os indivíduos passaram a enfrentar o desafio de decidir por conta própria o que era certo e o que era errado. Por mais autônomos que se tornem, entretanto, os indivíduos não podem subsistir sozinhos, precisam da sociedade para sobreviver ao nascer, para crescer, para assimilar uma linguagem. A dimensão social nas pessoas é ineliminável. Por isso, ao tentarem justificar suas escolhas, ao tentarem esclarecer os fundamentos de sua preferência, ao tentarem hierarquizar seus valores, os indivíduos são levados a formular princípios que devem valer tanto para eles como para os outros. Quer dizer: são levados a elaborar uma ética (uma pauta de conduta) que só pode ser proposta seriamente aos outros (à sociedade) se puder se basear naquilo que cada indivíduo tem de universal. Toda pessoa é um indivíduo singular, com desejos e interesses particulares, mas é também — potencial- mente — um representante da humanidade (Kant). Coexistem dentro de cada um de nós, segundo Kant, o representante da humanidade e o indivíduo sempre particular. Por isso, o ser humano é “social-insociável”. Texto modificado de KONDER, Leandro. Ética. In: YUNES, Eliana & BINGEMER, M. Clara Lucchetti. Virtudes. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2001. pp. 86-87. 12.20. (PUC – RJ) – a) Explique o sentido atribuído ao enunciado “A comunidade precedia a individualidade.” no texto. b) Com relação ao trecho abaixo, extraído do texto, faça o que é pedido a seguir. “Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações nas quais não podiam se limitar a obedecer às normas pré-fixadas pela comunidade e essas normas começaram a perder o vigor.” I. Indique um conectivo que apresente o mesmo valor semântico de e nesse contexto. II. Observe: “Os indivíduos mais autônomos passaram a se defrontar com situações...” O emprego da locução verbal nessa passagem traz uma informação implícita. Diga que informação é essa. Aula 12 59Português 3C (Edibar. Folha de Londrina. 18 jun. 2014. Folha 2. p.2.) Produção de textos Proposta 01 Leia a tirinha a seguir. (UEL – PR) – A tirinha apresenta um ruído na comunicação entre as personagens. Explique as circunstâncias que provocaram a incompreensão da mensagem por parte da personagem Edibar da Silva e o que poderia ser feito para desfazer o equívoco. Para a elaboração de seu texto, utilize de 8 a 10 linhas 60 Extensivo Terceirão Proposta 02 (UEL – PR) – Analise a charge a seguir. Disponível em: <www.porsimas.blogspot.com> Com base na leitura da charge, comente, em até 10 linhas, o que ela denuncia e, ao mesmo tempo, defende. Aula 12 61Português 3C Proposta 03 (PUCPR) – Com base na leitura dos textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma-padrão da língua portuguesa sobre O lugar da felicidade em nosso cotidiano. Para atender à proposta, seu texto deverá apresentar • tese/ponto de vista bem definido; • argumentos que sustentem seu ponto de vista. TEXTO 01 Sons que confortam Eram quatro da manhã quando seu pai sofreu um colapso cardíaco. Só estavam os três na casa: o pai, a mãe e ele, um garoto de 13 anos. Chamaram o médico da família. E aguardaram. E aguardaram. E aguardaram. Até que o garoto escutou um barulho lá fora. É ele que conta, hoje, adulto: Nunca na vida ouvira um som mais lindo, mais calmante, do que os pneus daquele carro amassando as folhas de outono empilhadas junto ao meio-fio. Inesquecível, para o menino, foi ouvir o som do carro do médico se aproximando, o homem que salvariaseu pai. Na mesma hora em que li esse relato, imaginei um sem-número de sons que nos confortam. A co- meçar pelo choro na sala de parto. Seu filho nasceu. E o mais aliviante para pais que possuem adolescentes baladeiros: o barulho da chave abrindo a fechadura da porta. Seu filho voltou. E pode parecer mórbido para uns, masoquismo para outros, mas há quem mate a saudade assim: ouvin- do pela enésima vez o recado na secretária eletrônica de alguém que já morreu. Deixando a categoria dos sons magnânimos para a dos sons cotidianos: a voz no alto-falante do aeroporto dizendo que a aeronave já se encontra em solo e o embarque será feito dentro de poucos minutos. O sinal, dentro do teatro, avisando que as luzes serão apagadas e o espetáculo irá começar. O telefone tocando exatamente no horário que se espera, conforme o combinado. Até a musiquinha que antecede a chamada a cobrar pode ser bem-vinda, se for grande a ansiedade para se falar com alguém distante. O barulho da chuva forte no meio da madrugada, quando você está no quentinho da sua cama. Uma conversa em outro idioma na mesa ao lado da sua, provocando a falsa sensação de que você está viajando, de férias em algum lugar estrangeiro. E estando em algum lugar estrangeiro, ouvir o seu idioma natal sendo falado por alguém que passou, fazendo você lembrar que o mundo não é tão vasto assim. O toque do interfone quando se aguarda ansiosamente a chegada do namorado. Ou mesmo a chegada da pizza. O aviso sonoro de que entrou um torpedo no seu celular. A sirene da fábrica anunciando o fim de mais um dia de trabalho. O sinal da hora do recreio. A música que você mais gosta tocando no rádio do carro. Aumente o volume. O aplauso depois que você, nervoso, falou em público para dezenas de desconhecidos. O primeiro eu te amo dito por quem você também começou a amar. E o mais raro de todos: o silêncio absoluto. MEDEIROS, M. Sons que confortam. In: Felicidade Crônica. Porto Alegre: L&PM, 2014. 62 Extensivo Terceirão TEXTO 02 O segredo da felicidade segundo a ciência Ser feliz não é comer sempre o mesmo prato no restaurante que você mais gosta ou gozar de uma vida plena e tranquila; a ciência mostra que a chave para a satisfação pessoal é fazer coisas arriscadas, desconfor- táveis e até mesmo desgastantes Para nós, psicólogos que estamos sempre viajando de avião, a maneira como descrevemos nossa profissão para o vizinho de assento é determinante para saber se passaremos cinco horas ouvindo intrigas, detalhes de um casamento decadente, ou sobre o quanto é impossível resistir a uma bomba de chocolate. Mesmo usando fones de ouvido enor-mes, é impossível ignorar aquele passageiro decidido a contar sua história de abandono na infância. Para os que arris-cam dizer a verdade e admitir que estudamos a felicidade, a resposta é quase sempre a mesma: o que eu posso fazer para ser feliz? O segredo da felicidade é uma preocupação cada vez mais importante na era moderna, já que o aumento da estabili-dade financeira proporciona a muitos a oportunidade de se concentrar no crescimento pessoal. Uma vez que já não somos mais caçadores preocupados em encontrar a próxima presa, procuramos viver nossas vidas da melhor maneira possível. A busca da felicidade é uma epidemia mundial — em um estudo com mais de 10 mil participantes de 48 países, os psicólogos Ed Diener, da Universidade de Illinois, e Shigehiro Oishi, da Universidade de Virginia, descobriram que pes-soas de todos os cantos do mundo consideram a felicidade mais importante do que outras realizações pessoais alta-mente desejáveis, tais como ter um objetivo na vida, ser rico ou ir para o céu. A febre da felicidade é estimulada em parte pelo crescente número de pesquisas que sugerem que, além de ser boa, a felicidade também faz bem — ela es-tá ligada a muitos benefícios, desde maiores salários e um melhor sistema imunológico até estímulo à criatividade. A maioria das pessoas entende que a felicidade verdadira é mais do que um emaranhado de sentimentos intensos e positivos — ela é melhor descrita como uma sensação plena de “paz” e “contentamento”. Não importa como seja defi-nida, a felicidade é parcialmente emocional — e por isso está ligada à máxima de que cada indivíduo tem um ponto de regulação, como um termostato, definido pela bagagem genética e a personalidade de cada um. A felicidade verdadeira dura mais do que uma dose de dopamina, por isso é muito importante pensar nela como algo que vai além da emoção. A sensação de felicidade de cada um também inclui reflexões cog- nitivas, tais como quando você ri — ou não! — da piada do seu melhor amigo, ou quando analisa o formato do seu nariz ou a qualidade do seu casamento. Somente parte desta sensação tem a ver com o que você sente; o resto é produto de um cálculo mental, em que você computa suas expectativas, seus ideais, a aceitação daquilo que não pode mudar e inúmeros outros fato-res. Assim, a felicidade é um estado mental e, como tal, pode ser intencional e estratégico. Disponível em: <http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI341920-17773,00-O+SEGREDO+DA+FELICIDADE+SEGUNDO+A+CIENCIA.html>. Acesso em: 12/2/18. Aula 12 63Português 3C 64 Extensivo Terceirão 12.01. c 12.02. b 12.03. a 12.04. c 12.05. a 12.06. c 12.07. b 12.08. d 12.09. d 12.10. a 12.11. a 12.12. b 12.13. a 12.14. d 12.15. c 12.16. a 12.17. d 12.18. b Gabarito 12.19. a) O autor argumenta que conceitos essenciais para as ciências, como a especialização, isto é, a necessida- de da ciência de restringir-se a um determinado objeto de pesquisa ou mesmo de tornar-se hermética para que assim possa progredir. Segundo o autor, a ciência nunca esteve nem poderá estar ao alcance de todos, di- ferentemente das artes. b) O progresso nas ciências depende da especialização, da pesquisa para que possa progredir, enquanto que as artes evoluem ao manter um diálogo temporal entre todos os que compar- tilham uma obra. 12.20. a) No texto, o enunciado denota a ideia de que os valores da comunidade deter- minavam os do indivíduo. b) I. por isso; logo; portanto II. O emprego da locução traz ideia de mudança – de que antes os in- divíduos não tinham se defrontado com tais situações.