Buscar

CESÁRIO VERDE

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 4 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

CESÁRIO VERDE, Cânticos do Realismo
-O Livro de Cesário Verde 
Contextualização
Vida e obra:
-1855(25 de fevereiro): nasce José Joaquim Cesário Verde, em Lisboa.
-1873: matricula-se num curso de Letras, que não termina. Conhece Silva Pinto e publica poemas em jornais, enquanto trabalha com o pai.
-1877: começam os sintomas de tuberculose, doença da qual haviam morrido dois irmãos (morte esta que serviu de inspiração para o poema “Nós”).
-1886(19 de julho): morre, em Lisboa, aos 31 anos.
-1887: Silva Pinto organiza 0 Livro de Cesário Verde, que é publicado em 1901.
Contexto Cultura e literário da Época
-Regeneração política: rotativismo; 
-Regeneração Social: aburguesamento da nobreza e nobilitação da burguesia; 
-Regeneração citadina: desenvolvimento do Porto e Lisboa; 
-Regeneração Sociocultural: escritores “revolucionários” - filosofia alemão, crítica francesa; Positivismo, Naturalismo, História, Metafísica… 
-A Questão Coimbrã: Texto polémico de Antero de Quental «Bom senso e Bom Gosto» (1865) / Oposição entre A. Quental e F. Castilho 
-A Geração de 70: elite intelectual que promoveu um movimento cultural e literário renovador - livre discussão de problemas sociais, políticos, filosóficos, culturais, religiosos e outros, de forma a arrancar a literatura portuguesa, mas sobretudo, de uma maneira geral, a cultura portuguesa do tédio e mediocridade resultante da degenerescência romântica. 
-As Conferências de Casino(1871): «O Realismo como nova expressão de arte»
Influências Artísticas e Estéticas na Poesia de Cesário Verde:
Realismo 
-O real como motivo e ponto de partida; 
-Atitude crítica em relação à sociedade;
-Observação e análise do real; Poetização do real e do quotidiano. 
Naturalismo 
-Base realista 
-Positivismo: indução e métodos experimentais; 
-Determinismo: espécie de realismo científico, de índole determinista (segundo o método de Taine: raça, meio e momento histórico); 
-Temas: educação, adultério, opressão…. Olhar comovido e solitário com os trabalhadores 
Impressionismo 
-Captação impressionista da realidade; 
-O real apreendido através de impressões (cor, luz, movimento, seres e coisas fugazes) que estimulam o sujeito poético e lhe despertam sensações/emoções/reflexões; 
-Relação próxima com o sensacionismo, o simbolismo e o surrealismo. 
Parnasianismo 
-A busca da perfeição formal; 
-A regularidade estrófica e métrica (decassílabo e alexandrino); Valorização do prosódico. 
A representação da cidade e dos tipos sociais
- A descrição da cidade
- Os contrastes sociais
- A vertente crítica
- As preocupações sociais: solidariedade social face aos desfavorecidos 
Cesário apresenta maioritariamente lugares da cidade de LISBOA, por onde passa a caminho do trabalho. Nesses lugares, dá-nos a ver os membros do povo que trabalham na urbe, em condições físicas muito duras e até desumanas. Destacam-se populares, tais como calceteiros, mestres carpinteiros, a vendedora de hortaliça, entre outros. No entanto, escreve também poemas em que o centro é o campo e a burguesia que nele deambula/passeia, como acontece, por exemplo, em textos poéticos como «De tarde» ou «De verão».
 
Dicotomia CAMPO/CIDADE:
A Mulher - Presença obsessiva da figura feminina, vista: 
Negativamente, porque foi contaminada pela civilização urbana: 
-Mulher opressora – mulher nórdica, fria, símbolo da eclosão do desenvolvimento da cidade como fenómeno urbano, sinédoque da classe social opressora e, por isso, geradora de um erotismo da humilhação (ex: «Frígida», «Deslumbramentos» e «Esplêndida»), em que se reconhece a influência de Baudelaire;
Positivamente, porque relacionada com o campo e seus valores salutares: 
-Mulher anjo – visão angelical, reflexo de uma entidade divina, símbolo de pureza campestre, com traços de uma beleza angelical, frequentemente com os cabelos loiros, dotada de uma certa fragilidade («Em Petiz», «Nós», «De Tarde» e «Setentrional») – também tem um efeito regenerador; 
-Mulher regeneradora – mulher frágil, pura, natural, simples, representa os valores do campo na cidade, que regenera o sujeito poético e lhe estimula a imaginação. 
-Mulher oprimida- tísica, resignada, vítima da opressão social urbana, humilhada, com a qual o sujeito poético se sente identificado ou por quem nutre compaixão (ex: «Contrariedades»); 
-Mulher como sinédoque social- (ex: as «burguesinhas» e as varinas de «O Sentimento dum Ocidental» 
-Mulher como objeto do estímulo erótico- vista enquanto estímulo dos sentidos carnais, sensuais, como impulso erótico (ex: atriz de «Cristalizações»).
Deambulação e imaginação: o observador acidental
- O carácter deambulatório
- O real como inspiração e como catalisador da imaginação
- A observação objetiva enquanto ponto de partida para o trabalho de poetização
- A poética de cariz realista
- A apresentação do quotidiano
- O gosto pelo pormenor
À medida que vai caminhando de sua casa até à loja onde trabalha com o seu pai, Cesário Verde vai registando no seu olhar tudo quanto vê (lugares, pessoas, sensações). Por vezes, passa da realidade que vê à quilo que ela lhe lembra e, então, vamos para o plano da imaginação. Prova desse plano imaginativo é o conjunto de verbos que o transportam do visível para o imaginário, como, por exemplo: “embrenho-me», «sigo», «E eu recompunha, por anatomia. Um novo corpo orgânico», «E evoco, então, as crónicas medievais»
Perceção sensorial e transfiguração poética do real
É pelos seus cinco sentidos que o poeta regista em verso tudo quanto absorve, enquanto caminha. Juntando às sensações um toque de imaginação poética e de pintor. 
Cesário transforma mentalmente vegetais e frutos (entre outros) em partes do corpo humano. «Subitamente que visão de artista! -/Se Eu transformasse os simples vegetais(...)/ Num ser humano que se mova e exista»
- A descrição objetiva da realidade
- Apreensão da realidade através dos sentidos
- A cor, a luz, o movimento, o cheiro, o som e o paladar estimulam e inspiram
- Os estímulos conduzem à metamorfose do real
- As breves “fugas imaginativas”
- A influência impressionista
 - As sensações e impressões, 
 - O visualismo e o cromatismo, 
 - A dimensão cinética
O imaginário épico em “O sentimento dum ocidental”
Estrutura de «O sentimento dum ocidental»
Trata-se de um poema longo, dividido em quatro partes: «Ave-Marias», «Noitefechada», «Ao gás» e «Horas mortas». Segundo as marcas do género épico, nele Cesário Verde faz brotar críticas e louvores às qualidades e potencial lusitanos (muito associados ao período dos Descobrimentos e de Camões), isto é, escolhe um tema de interesse universal (glórias conseguidas com as Descobertas), cantado com linguagem erudita. Consciente das injustiças sociais que testemunha ao circular por Lisboa, especialmente as que opõem os muito ricos aos muito pobres, Cesário Verde apela a um futuro glorioso construído no presente século XIX e respetivo futuro.
- Homenagem insólita a Camões
- A representação do Reverso da epopeia camoniana
- A denuncia da realidade decadente e antiépica do final do séc. XIX
- A intertextualidade com Os Lusíadas, com intenção crítica e depreciativa face à atualidade da escrita do poema
- O desfasamento entre a realidade desejada (o imaginário épico) e a realidade efetiva (o real antiépico)
Linguagem e estilo
- Regularidade estrófica(quadras), métrica (decassílabo e alexandrino) e rimática (interpolada e cruzada)
- Abundância de recursos expressivos - a comparação, a enumeração, a hipérbole, a metáfora, a sinestesia, o uso expressivo do adjetivo e do advérbio. 
- Abundância de construções sintáticas coordenadas (sindéticas e assindéticas).
- Discursividade narrativa. 
- Introdução do registo coloquial na poesia.

Continue navegando

Outros materiais