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SUMÁRIO 
2 CONCEITO DE LITERATURA........................................................ 4 
3 LINGUAGEM LITERÁRIA ............................................................... 5 
4 DENOTAÇÃO X CONOTAÇÃO ...................................................... 8 
5 GÊNEROS LITERÁRIOS & FORMAS LITERÁRIAS .................... 10 
6 GÊNEROS LITERÁRIOS ............................................................. 12 
6.1 Gênero Dramático ..................................................................... 12 
6.2 Narrativa em versos = Poema Épico (Epopeia)......................... 13 7 Distinção entre Poesia e Poemas ................................................. 16 
7.1 Elementos do Poema ................................................................ 16 
8 RELAÇÕES ENTRE TEXTOS: INTERTEXTUALIDADE .............. 17 
9 FIGURAS DE LINGUAGEM ......................................................... 21 
9.1 Figuras de Palavras................................................................... 21 10 LITERATURA E HISTÓRIA DA LITERATURA ............................. 26 
10.1 O QUINHENTISMO ............................................................... 27 
10.2 BARROCO - SÉCULO XVII ................................................... 27 
10.3 Autores do Barroco Brasileiro ................................................ 28 
10.4 ARCADISMO (NEOCLASSICISMO) – Século XVIII .............. 29 
10.5 Autores do Arcadismo Brasileiro: ........................................... 31 
11 ROMANTISMO – SÉCULO XIX.................................................... 33 12 O ROMANTISMO NO BRASIL ..................................................... 34 
	12.1 	POESIA ROMÂNTICA ........................................................... 35 
13 A PROSA ROMÂNTICA ............................................................... 38 
13.1 NO BRASIL: ........................................................................... 38 
13.2 AUTORES: ............................................................................. 39 
14 O Teatro Romântico ..................................................................... 40 
15 REALISMO ................................................................................... 41 
16 CONTEXTO HISTÓRICO: ............................................................ 41 
17 CARACTERÍSTICAS DO REALISMO: ......................................... 42 
18 NATURALISMO ............................................................................ 43 
18.1 CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO: ........................... 43 
19 PARNASIANISMO ........................................................................ 44 
19.1 CARACTERÍSTICAS: ............................................................ 44 20 SIMBOLISMO ............................................................................... 45 
20.1 CARACTERÍSTICAS: ............................................................ 45 21 PRÉ-MODERNISMO .................................................................... 46 
	21.1 	CARACTERÍSTICAS: ............................................................ 47 
 
 
 
 
 
 
 
1 	CONCEITO DE LITERATURA 
Em sentido estrito, literatura é uma manifestação artística assim como a pintura, a arquitetura, a escultura, a música, o teatro, etc. E já que a arte pode se revelar de múltiplas maneiras, podemos concluir que há entre essas expressões artísticas pontos em comum e pontos específicos e particulares. 
Dentre os pontos em comum, o principal é a própria essência da arte, ou seja, a possibilidade de o artista recriar a realidade, transformando-se, assim, em criador de mundos, de sonhos, de ilusões, de verdades. O artista tem, dessa forma, um poder mágico em suas mãos: o de moldar a realidade segundo suas convicções, seus ideais, sua vivência. 
Dentre os pontos específicos de cada arte, os principais são a própria maneira de se expressar e a matéria–prima que vão caracterizar cada uma dessas manifestações artísticas. Quer dizer, cada tipo de arte faz uso de certos materiais. A pintura, por exemplo, trabalha com tinta, cores e formas; a música utiliza os sons e o ritmo; a dança, os movimentos; a arquitetura e a escultura fazem uso de formas e volumes. E a literatura, que material utiliza? De uma forma simplificada, pode-se dizer que literatura é a arte da palavra. 
Neste sentido, todo texto literário é resultado da manipulação das palavras por parte do autor, com objetivo de obter determinados efeitos e, ainda, expressar uma concepção pessoal da realidade. A obra literária pode expressar uma realidade interior (psicológica, subjetiva) ou uma realidade exterior ao artista (física, natural). No texto literário, a forma é tão importante quanto o conteúdo. É na literatura que a função poética da linguagem se manifesta mais claramente. O autor joga com palavras, ritmos, sons, imagens, recriando a realidade, assim como o leitor recria o texto que lê. A Literatura é um ato de comunicação. 
 
1.1 Linguagem literária 
Se a literatura é a arte da palavra e esta é a unidade básica da língua, podemos dizer que a literatura, assim como a língua que utiliza, é um instrumento de comunicação e, por isso, cumpre o papel social de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade. 
Mas como a palavra e a língua fazem parte da comunicação diária, que não tem finalidade artística, qual a diferença entre a palavra empregada na comunicação comum e a utilizada num texto literário? 
A literatura tem, pois, uma linguagem específica. Uma linguagem que lhe é própria e que não pode ser mudada sem perder seu encanto. Ela se diferencia das várias linguagens humanas por um complicado número de fatores, entre os quais o mais importante é a vontade de beleza formal que quase todos os escritores possuem. 
Esse desejo de perfeição formal (os aspectos específicos que a obra apresenta), esse sonho de transformar palavras banais em palavras sublimes, esse valor (o trabalho artístico das palavras) que é a tentativa de expressão mais eficaz e sedutora por parte de um poeta ou de um romancista sedimentam o ponto nuclear da literatura. Sem tal esforço, sua existência se torna problemática. 
 
	Observe os textos abaixo: 
“A clorofila é o principal pigmento das plantas, com capacidade de reter a energia da luz. Essa energia luminosa é transformada em energia química, com a qual se tornam viáveis as reações que levam ao consumo, pela planta de CO2 e água, e à produção de glicose (matéria orgânica) e à liberação de O2 para a atmosfera. Distinguimos, pois, na fotossíntese, dois fenômenos importantes para os seres vivos: a constante purificação do ar atmosférico, dele retirando dióxido de carbono (CO2) e a ele devolvendo oxigênio livre (O2) para a respiração dos seres vivos; a produção da matéria-prima orgânica pra a nutrição dos seres.” (José Luís Soares) 
 
 
 
LUZ DO SOL 
(Caetano Veloso) Luz do sol 
Que a folha traga e traduz 
Em ver de novo 
Em folha, em graça 
Em vida, em força, em luz... 
Céu azul 
Que venha até onde os pés tocam a terra E a terra inspira e exala seus azuis... 
Reza, reza o rio 
Córrego pro rio 
Rio pro mar 
Reza correnteza Roça a beira 
A doura areia... 
Marcha um homem sobre o chão 
Leva no coração uma ferida acesa Dono do sim e do não 
Diante da visão da infinita beleza... 
Finda por ferir com a mão essa delicadeza A coisa mais querida A glória, da vida... 
 
Veja que, apesar da semelhança do conteúdo, os textos têm finalidades distintas e, portanto, fazem uso de linguagens específicas. Enquanto o primeiro faz uso da Linguagem Referencial, isto é, direta, clara, objetiva e imparcial visando esclarecer o processo de fotossíntese e sua importância para o ser humano, o segundo, utiliza a Linguagem Literária. Nesse caso, importa gerar efeito estético. Para isso, o autor faz uso de significados não literais (sentido conotativo das palavras), explora os sons e os ritmos gerando um texto plurissignificativo e impregnado de sentimentos e emoções. 
1.2 DENOTAÇÃO X CONOTAÇÃO 
Na linguagem humana uma mesma palavra pode ter seu significadoampliado, remetendo-nos a novos conceitos por meio de associações, dependendo de sua colocação numa determinada frase. Observe os exemplos: 
Ele está com a cara manchada. 
“Deus me fez um cara fraco, desdentado de feio.” (Chico Buarque) João quebrou a cara. 
 No primeiro exemplo, a palavra cara significa “rosto”, a parte anterior da cabeça, conforme consta nos dicionários. Já no segundo, a mesma palavra teve seu significado ampliado e, por uma série de associações, entendemos que significa “indivíduo”, “sujeito”, “pessoa”. Quanto ao terceiro exemplo, às vezes, uma mesma frase pode apresentar duas (ou mais) possibilidades de interpretação. No sentido literal, frio, impessoal, a frase significa que João, por um acidente qualquer, fraturou o rosto. 
Entretanto, podemos entendê-la num sentido figurado, como “João se saiu mal”, isto é, foi malsucedido em algo que tentou fazer. 
Pelos exemplos acima, podemos perceber que uma mesma palavra pode apresentar variações em seu significado, ocorrendo, basicamente, duas possibilidades: 
· Denotação: sentido original, impessoal, independente do contexto, tal como aparece no dicionário. 
· Conotação: sentido alterado, figurado, passível de interpretações diferentes, dependendo do contexto em que é empregada. 
A linguagem literária explora o sentido conotativo das palavras, num contínuo trabalho de criar ou alterar o significado, já cristalizado, dessas mesmas palavras. Dessa forma, ao interpretar o sentido conotativo das palavras, o leitor transforma-se em leitor-ativo, em tradutor, em coautor do texto. Para tanto, é preciso estar atento ao contexto, que nos fornecerá indicações concretas para decifrar o jogo denotação/conotação. 
 
2 	GÊNEROS LITERÁRIOS & FORMAS LITERÁRIAS 
Formas Literárias 
 
As obras literárias são classificadas em vários grupos que correspondem à sua estrutura de composição e à forma como se apresentam, revelando a atitude do escritor perante a realidade artística que está criando. 
 No que diz respeito à forma, a Literatura pode-se manifestar em prosa e verso. Observe os textos abaixo: 
 “Escorraçada de toda parte, vivendo sempre esfomeada, tendo de subsistir sem morada certa, apunhalada aqui, estrangulada ali, não desejada em verdade a não ser por uns poucos e loucos humanistas e revolucionários através da história, é ridículo se representar a liberdade como uma mulher bela, um facho eternamente aceso na mão, os traços finos, a fisionomia tranquila e altiva. A liberdade é um cachorro vira-lata.” (Millôr Fernandes) 
Prosa: linguagem contínua, não fragmentada, disposta em parágrafos. Crônicas, romances, reportagens, cartas, fábulas, dissertações, ... são exemplos de textos escritos em prosa. 
 
	Cantiga pra não morrer 
Quando você for se embora, moça branca como a neve, me leve. 
Se acaso você não possa me carregar pela mão, menina branca de neve, me leve no coração. 
(Ferreira Gullar) 
 
Verso: texto organizado em linhas descontínuas chamadas “versos” dispostos em estrofes; possui ritmo e, por vezes, rimas. A linguagem é subjetiva, expressando sentimentos. 
 
2.1 GÊNEROS LITERÁRIOS 
O termo “gênero” origina-se do latim genus, eris, que significa, origem, família e refere-se a um conjunto de características temáticas e formais intrínsecas às manifestações literárias. 
Aristóteles, filósofo grego, propôs a divisão dos textos literários em três grandes categorias: épico, lírico e dramático. Atualmente, os estudiosos optam por classificá-los em: narrativo, dramático e lírico, visto que não se prioriza mais o gênero épico. 
Importante lembrar que essa tripartição, perfeita e lógica em sua essência, contudo, pode tornar-se discutível e até errônea na prática, quando plicada rigidamente a determinadas obras. Em algumas obras, predominará um gênero sobre o outro, mas nunca haverá a expressão pura de um só gênero. 
2.2 Gênero Dramático 
Drama, em grego, significa “ação”. Segundo Aristóteles, o gênero dramático é aquele que imita a realidade por meio de personagens em ação, e não da narração. Por isso, em literatura, o termo drama identifica um texto destinado à representação. Nesse tipo de texto, as personagens vêm destacadas, suas falas ocorrem com a utilização de travessões e todas as ações vêm escritas entre parênteses. Uma obra dramática (ou peça teatral), no entanto, só adquire vida e revela a sua verdadeira natureza quando se materializa em uma encenação ou representação. Embora o texto seja vital, trata-se de uma criação híbrida que exige uma síntese de recursos diversos, envolvendo atores, encenadores, cenário, música, coreografia, etc. Uma peça de teatro, antes de ser representada é como uma partitura musical antes de sua execução. Seus textos podem ser escritos em prosa e/ ou verso. As modalidades mais comuns do teatro são a tragédia, a comédia, a farsa e o auto. 
 
Modalidades Dramáticas: 
 
· Tragédia: é a representação de um fato trágico, compadecido, apto a suscitar compaixão e terror. Normalmente, personagens nobres, movidos por sentimentos intensos, enfrentam a ordem social, familiar ou divina e sofrem s consequências. 
· Comédia: é a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes. 
· Auto: espécie dramática medieval que se caracteriza pela presença de elementos religiosos. 
· Farsa: pequena peça teatral de caráter ridículo e caricatural, que critica a sociedade e seus costumes. 
 
Gênero Narrativo 
Pertencem ao gênero narrativo os textos em que alguém (o narrador) conta uma história na qual há personagens que executam ações num determinado espaço físico durante um certo tempo. Os fatos encadeados formam o enredo da narrativa. Os textos narrativos podem ser escritos em prosa ou verso. 
 
Narrativa em versos = Poema Épico (Epopeia) 
 
A palavra epopeia vem do grego, impôs, “verso” + pódio, “faço” e referese à narrativa de um fato grandioso e maravilhoso que interessa a um povo. É uma poesia cuja característica maior é a presença de um narrador falando do passado. O tema é, normalmente, um episódio grandioso e heroico da história de um povo. 
Entre as principais epopeias (ou poemas épicos), destacamos Ilíada e Odisseia (Homero, Grécia), Eneida (Virgílio, Roma), Paraíso Perdido (Milton, Inglaterra), Os Lusíadas (Camões, Portugal). Na literatura brasileira, as principais epopeias foram escritas no século XVIII: Caramuru, de Santa Rita Durão e O Uruguai, e Basílio da Gama. 
 
Elementos da Narrativa: 
 
· Narrador: O narrador não é o autor da história, é uma voz fictícia que narra os fatos. O foco pode estar na 1ªpessoa do verbo, quando o narrador é um dos personagens e relata suas impressões sobre a história, ou na 3ª pessoa, quando o narrador é uma espécie de expectador junto com o leitor. O narrador quando expresso na 3ª pessoa, pode também apresentar a capacidade onisciente de enxergar e perceber fatos e pensamentos dos personagens. 
· Enredo: É o conjunto de fatos que se sucedem, todo enredo desencadeia-se em conflitos. A ordem início, meio e fim pode ser alterada para impressionar o leitor. 
Personagens: Seres ficcionais que vivem enquanto a obra está sendo lida, o personagem pode incorporar na forma humana, animal, vegetal objetos e coisas abstratas. O personagem principal é chamado de protagonista. Há, também, personagens em que determinados traços ou comportamentos são extremamente realçados, são os caricaturais. Outros não representam individualidades, e sim tipos humanos, identificados primeiramente pela profissão, pelo comportamento, pela classe social, etc. 
· Espaço: É o lugar onde se desenrola o enredo. Em algumas narrativas, o espaço deixa de ser um mero cenário e passar a ser determinante para os acontecimentos, interagindo com as personagens. Nesse caso, chamamos de espaço funcional. 
Tempo: Momento ou instante em que acontece a história narrada. Pode ser um tempo cronológico, ou seja, um tempo objetivo, marcado pelo relógio ou pelo calendário especificado durante o texto, ou um tempo psicológico, imaterial, introspectivo,onde você sabe que existe um intervalo em que as ações ocorreram, mas não se consegue distingui-lo. 
Formas Narrativas 
 
Como já afirmamos, o gênero narrativo é visto como uma variante do épico, enquadrando, nesse caso, as narrativas em prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações narrativas são o romance, a novela, o conto e a crônica. 
 
Gênero Lírico 
 
O vocábulo lírico deriva de lira, instrumento musical muito utilizado pelos gregos a partir do século VII a.C. Chamava-se lírica a canção que se entoava ao som das liras. Havia, pois um casamento entre a música e a palavra, o qual perdurou até o século XV, quando os poemas distanciaram-se da música e passaram a ser lidos ou declamados. Por isso, a poesia lírica apresenta muitos elementos comuns à música: o ritmo, a melodia, a harmonia. 
O gênero lírico expressa uma realidade interna. É o texto no qual o eulírico exprime suas emoções, ideias e impressões sobre o mundo exterior. 
Normalmente, é usada a 1ª pessoa, e há predomínio da função poética da linguagem. Pertencem a esse gênero os poemas em geral. 
 
 
3 	DISTINÇÃO ENTRE POESIA E POEMAS 
· Poesia: expressão da beleza estética, aquilo que emociona, toca a sensibilidade. Sugerir emoções por meio de uma linguagem. Embora possa haver poesia em qualquer manifestação artística, tradicionalmente o vocábulo poesia está ligado ao texto literário, ao poema. 
· Poema: obra em verso em que há poesia, ou, literalmente, poema é a concretização da expressão poética (subjetiva, emotiva, abstrata) em versos. 
3.1 Elementos do Poema 
Ao separar-se o texto do acompanhamento musical, o poema passou a apresentar uma estrutura mais rica. A partir daí, a métrica, a divisão em estrofes e a rima passaram a ser mais intensamente cultivadas pelos poetas. Observe o soneto abaixo para identificar os elementos do poema: 
 
Métrica: a medida dos versos é dada pelo número de sílabas poéticas, contadas com base na fala e não na escrita, processo que recebe o nome de escansão. 
4 	RELAÇÕES ENTRE TEXTOS: INTERTEXTUALIDADE 
Na constituição da própria palavra, pode-se observar que intertextualidade significa relação entre textos. Um conceito clássico para essa relação é: “[...] todo texto se constrói como mosaico de citações, todo texto é absorção e transformação de um outro texto”. Nesse sentido, a intertextualidade é um fenômeno que pode ser expresso por diferentes linguagens no texto. 
As relações entre os textos acontecem quando, ao lermos um texto, lembramos e outro. Assim, ao fazermos essa relação, que pode ser explícita ou implícita, compreendemos o texto lido na sua profundidade e, por consequência, somos capazes de refletir sobre o recurso adotado pelo autor quando formos compor textos. A nossa compreensão de um texto depende, dessa forma, de nossas experiências de vida, de nossas vivências, de nosso conhecimento de mundo, de nossas leituras. Essa lembrança do outro texto pode ocorrer no que diz respeito à forma ou ao sentido, ou, ainda, resgatando os dois: forma – quando percebemos a imagem, versos, estrutura etc. do texto original – e sentido – a relação, nesse caso, é com o conteúdo da obra resgatada. 
 
 
 
Tipos de Intertextualidade 
 
· Paráfrase: origina-se do grego “para-phrasis” (repetição de uma sentença). Assim, parafrasear um texto, significa recriá-lo com outras palavras, porém sua essência, seu conteúdo, permanecem inalterados. 
Veja os exemplos a seguir: 
 
 
	Texto Original 
 	Minha terra tem palmeiras 	 
Onde canta o sabiá, 
As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. 
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Paráfrase 
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos 
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’. 
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’? 
Eu tão esquecido de minha terra… Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá! 
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”). 
 
O poema de Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”, é muito utilizado como exemplo de paráfrase e de paródia, já que se trata de um clássico da poesia romântica brasileira. Aqui o poeta Carlos Drummond de Andrade retoma o texto primitivo conservando suas ideias, não há mudança do sentido principal do texto que é a saudade da terra natal. 
 
· Paródia: A paródia é uma forma de contestar ou ridicularizar outros textos, há uma ruptura com as ideologias impostas e por isso é objeto de interesse para os estudiosos da língua e das artes. Ocorre, aqui, um choque de interpretação, a voz do texto original é retomada para transformar seu sentido, leva o leitor a uma reflexão crítica de suas verdades incontestadas anteriormente. Com esse processo, há uma indagação sobre os dogmas estabelecidos e uma busca pela verdade real, concebida através do raciocínio e da crítica. Os programas humorísticos fazem uso contínuo desse recurso, frequentemente os discursos de políticos são abordados de maneira cômica e contestadora, provocando risos e também reflexão a respeito da demagogia praticada pela classe dominante. Com o mesmo texto utilizado anteriormente, teremos, agora, uma paródia. 
 
	Texto Original 
Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá, 
As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá. 
(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”). Paródia 
Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar 
os passarinhos daqui não cantam como os de lá. 
(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”). 
 
O nome Palmares, escrito com letra minúscula, substitui a palavra palmeiras e, dessa forma, acrescenta um contexto histórico, social e racial no texto. Palmares é o quilombo liderado por Zumbi, foi dizimado em 1695, há uma inversão do sentido do texto primitivo que foi substituído pela crítica à escravidão existente no Brasil. 
 
5 	FIGURAS DE LINGUAGEM 
Os escritores utilizam diversos recursos para fazer literatura. As figuras de linguagem, por exemplo, são recursos empregados com muita frequência. Elas servem exatamente para expressar aquilo que a linguagem comum, falada, escrita e aceita por todos não consegue expressar satisfatoriamente. São uma forma de o homem assimilar e expressar experiências diferentes, desconhecidas, novas. Por isso elas revelam muito da sensibilidade de quem as produz, da forma como cada indivíduo encara as suas experiências no mundo. 
Neste sentido, convém rever algumas figuras indispensáveis para a melhor compreensão do texto literário. As figuras de linguagem subdividem-se em figuras de som, figuras de palavras e figuras de pensamento. 
5.1 Figuras de Palavras 
As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação. São figuras de palavras: a comparação, a metáfora, a metonímia e a sinestesia. 
 
· Comparação: Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos (feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros). 
 
“Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher como se fosse lógico.” (Chico Buarque); 
 
· Metáfora: Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido. 
	“Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão.” (Machado de Assis). 
“Amar é um deserto e seus temores ...” (Djavan, Oceano) 
“O poema é uma bola de cristal. Se apenas enxergares nele o teu nariz, não culpes o mágico.” (Mário Quintana). 
 
· Metonímia: Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. 
· A causa pelo efeito e vice-versa: “E assim o operário ia / Com suor e com cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apartamento.”(Vinicius de Moraes). 
· O lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa do legítimo porto (o vinho da cidade do Porto). 
· O autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado). 
· O abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu coração (sentimento, sensibilidade). 
· Sinestesia: A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas). 
 
	“Agora, o cheiro áspero das flores leva- me os olhos por dentro de suas pétalas.” (Cecília Meireles) 
“A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal.” (Augusto Meyer). 
 
 
Figuras de Som 
Chamam-se figuras de som os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura “imitar” sons produzidos por coisas ou seres. São figuras de som: a aliteração, a assonância e a onomatopeia. 
 
· Aliteração: Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante (fonema consonantal) ou de consoantes similares, geralmente em posição inicial da palavra. 
 
“Vozes veladas, veludosas vozes 
Volúpias dos violões, vozes veladas Vagam nos velhos vórtices velozes 
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.” 
(Cruz e Sousa) 
“Auriverde pendão da minha terra, 
Que a brisa do Brasil beija e balança.” 
(Castro Alves) 
 
· Assonância: Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema. 
· “Leitos perfeitos seus peitos direitos 
· Me olham assim 
· fino menino me inclino 
· pro lado do sim 
· rapte-me, adapte-me, capte-me coração.” 
· (Caetano Veloso) 
· “Como é difícil acordar calado 
· Se na calada da noite eu me dano 
· Quero lançar um grito desumano 
· Que é uma maneira de ser escutado.” 
· (Chico Buarque/Gilberto Gil) 
· Onomatopeia: Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som. 
 
“O silêncio fresco despenca das árvores. / Veio de longe, das planícies altas, / Dos cerrados onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv... passou.” (Mário de Andrade). 
“Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno.” (Fernando Pessoa). 
 
Figuras de Pensamento 
 
As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico. São figuras de pensamento: 
a antítese, o paradoxo, a ironia, o eufemismo, a hipérbole e a prosopopeia. 
 
· Antítese: aproxima palavras que se opõem pelo sentido. 
“Não existiria som se não Não haveria luz 
Houvesse o silêncio 
Se não fosse a escuridão 
A vida é mesmo assim 
Dia e noite, não e sim.” 
(Lulu Santos – Nelson Motta) 
“De repente do riso fez-se o pranto” 
(Vinícius de Moraes) 
 
 
· Paradoxo: Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de ideias que se contradizem referindose ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro é outra designação para paradoxo 
	 
	“Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;” 
(Camões) 
 
· Ironia: Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica. 
 
Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis.” (Machado de Assis) 
“Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: / um amor.” (Mário de Andrade). 
 
· Eufemismo: Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante. 
 
“E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe pague”. 
(Chico Buarque). 
“Quando a Indesejada das gentes chega ” (Manuel Bandeira) 
 
· Hipérbole: Ocorre hipérbole quando há exagero de uma ideia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto. 
 
“Rios te correrão dos olhos, se chorares!” (Olavo Bilac). 
 
· Prosopopeia: Ocorre prosopopeia (ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários. 
 
 
“... os rios vão carregando as queixas do caminho.” (Raul Bopp) 
“O vento beija meus cabelos 
As ondas lambem minhas pernas 
O sol abraça o meu corpo.” (Lulu Santos) 
“Vai passar 
na avenida um samba popular 
Cada paralelepípedo 
Da velha cidade 
Essa noite vai 
Se arrepiar” (Chico Buarque) 
 
6 	LITERATURA E HISTÓRIA DA LITERATURA 
Estudar literatura é, basicamente, ampliar nossas habilidades de leitura do texto literário. No Ensino Médio, esse estudo é acrescido da história literária, que objetiva acompanhar a evolução cronológica da literatura de determinado povo e cultura, observando suas transformações de acordo com o momento histórico. Por isso, a história da literatura organiza-a em movimentos, períodos e gerações. 
6.1 O QUINHENTISMO 
“Viemos buscar cristão e especiarias” 
O Quinhentismo corresponde à época do descobrimento do Brasil, movimento paralelo ao Classicismo Português que, por sua vez, possui ideias relacionadas diretamente ao Renascimento. A literatura do Quinhentismo tem como tema central os próprios objetivos da expansão marítima: a conquista espiritual e a conquista marítima. 
 
 Literatura Informativa 
Carta a El-Rei Dom Manuel – Pero Vaz de Caminha 
Viagem ao Brasil – Jean de Léry 
Entre os Tupinambás – Hans Staden 
 
 Literatura de Catequese 
Pe. José de Anchieta – Poeta e teatrólogo 
Pe. Manuel da Nóbrega – Cartas do Brasil 
 
6.2 BARROCO - SÉCULO XVII 
Convivendo com o sensualismo e os prazeres trazidos pelo 
Renascimento, os valores espirituais – tão fortes na Idade Média e desprezados pelo Renascimento – voltaram a exercer forte influência sobre a mentalidade da época. Uma nova onda de religiosidade foi trazida pela Contrarreforma e pela fundação da Companhia de Jesus. Neste sentido, o homem do século XVII era um homem dividido entre duas mentalidades, duas formas diferentes de ver o mundo: 
· Renascimento – influência dos clássicos (racionalismo, equilíbrio, clareza, linearidade de contornos), visão antropocêntrica ou humanista, sensualismo, valorização da vida corpórea, ... 
· Idade Média – teocentrismo, valorização da vida espiritual, fé. 
 
A Arte Barroca irá expressar esta tensão entre ideias e sentimentos opostos. 
Características: 
1. Arte da Contrarreforma 
2. Conflito corpo/alma 
3. Forma conturbada (requinte formal) 
4. Temática: a passagem do tempo 
 
Estilos do Barroco: 
 
 
 Cultismo caracteriza-se pela linguagem rebuscada, culta, extravagante (hipérboles), descritiva; pela valorização do pormenor mediante jogos de palavras (ludismo verbal). Pela visível influência do poeta espanhol Luís de Gôngora, o estilo é também conhecido por Gongorismo. No cultismo valorizase a forma - o “como dizer”. 
Conceptismo valoriza “o que dizer”. É pelo raciocínio lógico, racionalista, de retórica aprimorada. É frequente o uso de comparações explícitas, analogias e até parábola (uso de símbolos e seres inanimados para se contar uma estória de forma a melhor captar o entendimento do leitor). Também é chamado de Quevedismo, em referência ao espanhol Quevedo. 
6.3 Autores do Barroco Brasileiro 
· Gregório de Matos Guerra (Boca do Inferno) – nascido na Bahia em 1633, é o primeiro poeta brasileiro e o maior poeta do Período Colonial. Sua obra costuma ser dividida em três vertentes básicas: lírico-amorosa, lírico-religiosa e satírica. 
· Pe. Antônio Vieira (1608 – 1697) – Considerado o maior orador sacro da nossa história, Vieira escreveu cerca de duzentos sermões. Foi uma espécie de cronista da história imediata. Foi também um defensor dos índios e dos cristãos-novos. 
 
Obra Principal: Sermões 
 
	“Vós, diz Cristo, Senhor nosso, falando com os pregadores, sois o salda terra: e chama-lhes sal da terra, porque quer que façam na terra o que faz o sal. O efeito do sal é impedir a corrupção; mas quando a terra se vê tão cor-
rupta quanto está a nossa, havendo tantos nela que têm ofício de sal, qual 
será, ou qual pode ser a causa desta corrupção? Ou é porque o sal não salga, ou porque a terra se não deixa salgar. Ou é porque o sal não salga, e os 
pregadores não pregam a verdadeira doutrina; ou porque a terra se não deixa 
salgar, e os ouvintes, sendo verdadeira a doutrina que lhes dão, a não querem receber. Ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma coisa e 
fazem outra; ou porque a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que eles dizem. Ou é porque o sal não 
salga, e os pregadores se pregam a si e não a Cristo; ou porque a terra se não 
deixa salgar, e os ouvintes, em vez de servir a Cristo, servem a seus apetites. 
Não é tudo isto verdade?” 
(Antônio Vieira) 
6.4 ARCADISMO (NEOCLASSICISMO) – Século XVIII 
O fortalecimento da burguesia, o consequente descrédito da nobreza e do clero e o progresso científico geraram, em determinados grupos sociais, uma confiança otimista nas possibilidades do homem. Acreditou-se que a divulgação da ciência bastaria para dissipar a escuridão das superstições, consideradas como principal causa dos sofrimentos humanos. Assim, uma onda racionalista – o Iluminismo – começa a tomar conta da Europa. 
Neste sentido, o estilo do Barroco, identificado com a mentalidade religiosa criada pela Contrarreforma, passa a ser considerado retrógrado e ultrapassado. Surge, então, o Neoclassicismo (ou Arcadismo) – um estilo que busca o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia através da volta à cultura clássica (da tradição greco-latina). 
 
No Brasil: (ciclo do Ouro) 
 
O Arcadismo brasileiro tem início com a publicação de Obras (1768) de Cláudio Manuel da Costa e com a fundação da Arcádia Ultramarinha. O centro econômico brasileiro, até então a Bahia, sofre com a crise do açúcar e o advento das minas o que acaba gerando uma mudança do eixo comercial brasileiro para Vila Rica (MG). A cidade passa a ser não só o centro econômico, mas também social e intelectual da colônia. 
 O ouro incrementou a vida urbana e incitou o Movimento das Bandeiras em busca de uma delimitação mais precisa dos limites do Brasil além de visar à riqueza dos metais e pedras preciosas. Marques do Pombal, homem de imensa influência em Portugal, inicia, com o Tratado de Madri, uma política de expulsão dos jesuítas. A independência dos Estados Unidos e as ideias iluministas alastram uma onda de liberalismo por toda a América, o que acaba gerando o movimento da Inconfidência Mineira (do qual participaram quase todos literatos da época, muitos sendo perseguidos, exilados ou executados). 
 
Características: 
1. Vinculação com o Iluminismo 
2. Imitação dos clássicos 
3. Valorização da natureza 
4. Bucolismo 
5. Ausência de subjetividade 
6. Amor Galante 
 
 
 
6.5 Autores do Arcadismo Brasileiro: 
POESIA LÍRICA: 
 
· Cláudio Manuel da Costa - Utilizando o pseudônimo Glauceste Satúrnio, foi um dos introdutores do Arcadismo no Brasil. No entanto, é considerado um poeta de transição (Barroco temática barroca (a brevidade dolorosa do amor e da vida). Cultuou o soneto de Camões como modelo para seus poemas. 
· Tomás Antônio Gonzaga – foi dos maiores escritores do Arcadismo brasileiro. Sua obra, na verdade, vai além das limitações desta escola, rodeando o pré-romantismo, principalmente ao referir-se à mulher amada. 
 
POESIA ÉPICA: 
 Basílio da Gama - “O Uruguai 
· Considerado o melhor e mais importante poema épico do Período Colonial. Trata de expedição portuguesa-espanhola contra índios e jesuítas instalados na Missões Jesuíticas. O poema inova o estilo da época ao substituir cenários artificiais do Arcadismo pela natureza brasileira. Seu tom já é indianista, prenunciando o Romantismo. Além disso, rompe com a estrutura tradicional (modelo camoniano) ao utilizar versos brancos (sem rimas) e sem estrofação. 
· Personagens: Cacambo, Lindóia, Sepé Tiarajú, Pe. Balda, ... 
 
 Santa Rita Durão- “Caramuru” 
O poema narra as aventuras, em parte históricas, em parte lendárias, do náufrago português Diogo Álvares Correia, o Caramuru, e seus amores com as índias Moema e Paraguaçu. A importância do poema reside nas referências a episódios da História do Brasil e nas descrições da natureza do nosso país. No entanto, o autor demonstra grande fidelidade à ideologia jesuítica, o que resulta numa visão colonialista. Do ponto de vista formal, o poema segue rigorosamente o modelo camoniano. 
 
7 	ROMANTISMO – SÉCULO XIX 
O movimento romântico pretendia, no início, suplantar a concepção clássica da arte. A imitação dos clássicos não fazia sentido num tempo (fins do séc. XVIII) que havia produzido o liberalismo e a Revolução Francesa. 
A Revolução Francesa significa, entre outras coisas, o fim do absolutismo político (no plano artístico, o fim da beleza única e absoluta) e a ascensão da burguesia como classe dominante. 
A burguesia, culturalmente pouco afeita às artes, exigia dos escritores um novo tipo e nível de comunicação. Privilégio de uma classe – a aristocracia – a cultura tinha que se adaptar aos novos tempos. Surge, então, um gênero literário que vinha se pronunciando há mais tempo e que se constituirá no reflexo e na crítica da sociedade burguesa: o romance. 
No Brasil, o romantismo vai ser o movimento identificado com a Independência Política. 
 
CARACTERÍSTICAS: 
 
1. Individualismo e subjetivismo: o romantismo centrou-se na glorificação do particular, do singular, do íntimo, daquilo que diferencia uma pessoa de outra. Neste sentido a arte romântica (e a literatura) vai expressar os sonhos, os projetos, as angústias, os medos, o sofrimento do artista (uma espécie de grito de subjetividade) 
2. Sentimentalismo: os sentimentos são uma espécie de medida de interioridade de cada pessoa. Assim, o elogio dos sentimentos funciona como rejeição do mundo dos negócios, das transações, da concorrência, da busca da ascensão social. 
3. O Culto da Natureza: encontrar-se com a natureza significava encontrarse consigo mesmo, significava alargar a sensibilidade. A Natureza transforma-se em ponto de partida para a caracterização idealizada dos sentimentos e personagens. 
4. Idealização (Imaginação, Fantasia): fechados em si mesmos, perdidos numa realidade incômoda e brutal para a sensibilidade, os românticos se entregam à fantasia. Devaneiam, criam universos imaginários onde o 
“ideal” é possível. 
5. Valorização do Passado: esta atitude está ligada à fuga da realidade e à idealização da mesma. O mundo medieval e a infância representam o 
“paraíso perdido”. 
6. Liberdade Artística: o romântico nega os padrões clássicos de arte, ele obedece somente aos estímulos de sua interioridade. Neste sentido, surgem poemas sem rimas, sem preocupação com métrica, além do romance, um gênero literário novo. 
 
7.1 O ROMANTISMO NO BRASIL 
O romantismo brasileiro nasce das possibilidades que surgiram com a Independência Política (1822). Os artistas e intelectuais são tomados por um sentimento patriótico e nacionalista que vai se manifestar através do: 
 
· Indianismo – a imagem positiva (idealizada) do índio fornece o orgulho de uma descendência nobre. 
 
· Regionalismo – o regionalismo romântico procurou afirmar as particularidades e a identidade das diferentes regiões do país. 
 
· Natureza – a terra é identificada como a pátria. Assim, os fenômenos naturais tornam-se representativos da grandeza do país. 
 
7.2 POESIA ROMÂNTICA 
 
1ª Geração: Nacionalista 
 
· Gonçalves de Magalhães – introdutor do movimento. Publicou a primeira obra romântica brasileira - “Suspiros Poéticos e Saudades” (1836) 
· “Meus versos são suspiros de minha alma, sem outra lei que o interno sentimento.” 
 
· Gonçalves Dias – consolidou o romantismo com uma produção poética de qualidade. Os principais temas de sua poesia são: o índio: “I – JucaPirama” a natureza / a pátria: “Canção do Exílio” o amor: “Ainda uma vez 
Adeus”. 
 
 
· Obras: Primeiros Cantos (1846) 
· Segundos Cantos (1848) 
· Sextilhas de Frei Antão (1848) 
 
2ª Geração: Mal do Século 
 
· Álvares de Azevedo - Manuel Antônio Álvares Azevedo, considerado o “Byron brasileiro”, foi o maior representante nacional do ultra- romantismo. 
Não só sua obra reflete o pensamento desta geração marcada pelo “mal do século”, mas também a sua própria vida: viveu sempre às voltas com doenças e morreu jovem, aos 21 anos. 
· Obras: Lira dos Vinte Anos (poemas – 1853) 
· Noite na Taverna* (contos – 1855 
O Conde Lopo (poema – 1886)  Macário (teatro – 
· Casemiro de Abreu: foi um poeta de enorme popularidade. Sua obra oferece um acesso fácil, musical, sem complexidade filosófica ou psicológica, que agrada aos leitores menos exigentes. A nostalgia da infância, a saudade da terra natal, o gosto da natureza, o pressentimento da morte e a idealização da mulher amada foram seus temas prediletos, sempre abordados com um sentimentalismo ingênuo e espontâneo. 
 
Obras: Primaveras (1850) 
· Fagundes Varela: caracteriza-se pela diversidade de tendências 
(indianismo, byronismo). Sua obra-prima foi o poema “Cântico do Calvário”, escrito logo após a morte de seu filho de três meses 
 
· Junqueira Freire: seminarista influenciado pelo Mal do Século, poeta angustiado, pessimista e revoltado. Obra: “Inspirações do Claustro” 
 
3ª Geração: Condoreira 
 Castro Alves: conhecido como o “poeta dos escravos”, participou ativamente de toda propaganda abolicionista e republicana da época. Além de fazer uma poesia cheia de grandes imagens, feita para exaltar o ouvinte e o leitor, com a finalidade de inflamar, de conseguir adeptos para uma causa, foi também um grande lírico onde a mulher e a natureza completam o quadro de um poeta arrebatado, idealista e romântico. 
Obras: Espumas Flutuantes (1870) 
A Cachoeira de Paulo Afonso (1876) 
Os Escravos (1883) 
Gonzaga (drama –1875) 
7.3 A PROSA ROMÂNTICA 
As origens populares e o senso prático da burguesia não coincidem com o refinamento da Arte Clássica. A nova mentalidade, menos refinada, menos educada e mais pragmática - voltada para os problemas do cotidiano - requer um gênero literário que possa estar à altura do seu entendimento e do seu gosto. O ROMANCE, por relatar acontecimentos da vida comum e cotidiana, e por dar vazão ao gosto burguês pela fantasia e pela aventura, vem a ser o mais legítimo veículo de expressão artística dessa classe. 
O romance surge na Europa inicialmente sob a forma de folhetim (publicação diária em jornal). 
 
NO BRASIL: 
O surgimento e desenvolvimento do ROMANTISMO no Brasil está relacionado com a Independência Política. Nesse sentido, a necessidade de se definir a Identidade Cultural do país está intimamente ligada ao desenvolvimento do romance, que se tornou o principal instrumento de construção da cultura brasileira. Assim, procurando redescobrir o Brasil, o romance brasileiro procurará dar conta de nossa realidade. 
 
7.4 AUTORES: 
· Joaquim Manuel de Macedo: Introdutor do romance romântico brasileiro. Desperta no público o gosto pelo romance ambientado no 
Brasil. 
 
OBRA: A Moreninha (1844) 
 
· Características da obra: 
· Narrativa urbana 
· Estrutura de folhetim 
· Cenários identificáveis pelos leitores 
· Visão superficial de certos hábitos da classe média e burguesia cariocas 
 
· José de Alencar: É considerado o autor mais importante do Romantismo brasileiro. Inserido na linha nacionalista do romantismo, procurou criar uma obra (conjunto de romances) capaz de representar a nação. Por isso, dividiu sua obra em: 
 Romances urbanos: 
· Cinco minutos (1857); 
· A viuvinha (1860); 
· A pata da gazela (1870); 
· Sonhos d’ouro (1872); 
· Senhora (1875); 
Romances históricos ou indianistas: 
· O Guarani (1857); 
· Iracema (1865); 
· As minas de prata (1865); 
· Alfarrábios (1873); 
· Ubirajara (1874); 
· Guerra dos mascates (1873). 
 
7.5 O Teatro Romântico 
O teatro brasileiro do século XIX está comprometido com a dependência cultural de nossas elites. Os textos procediam em sua quase totalidade da Europa; as companhias vinham de Portugal; respirava-se uma atmosfera dissociada da realidade local. Embora muitos românticos tenham escrito para o teatro, não chegaram a problematizar verdadeiramente a questão da dramaturgia brasileira, ao contrário do que aconteceu no romance e mesmo na poesia. Caberia a Marins Pena a elaboração de um conjunto de peças capazes de refletir aspectos da realidade nacional. 
 
 
 Martins Pena: Criador da comédia de costumes, constrói personagens e situações satíricas, engraçadas e caricatas. Por sua linguagem coloquial e seus tipos populares, frequentemente é comparado a Manuel Antônio de Almeida. 
 
Obras: 
· Juiz de Paz na Roça 
· O Noviço 
· Judas em Sábado de Aleluia 
· Quem Casa quer Casa 
· Os Dois ou o Inglês Maquinista 
8 	REALISMO 
A Segunda metade do século XIX, na Europa, define-se por uma série de transformações econômicas, científicas e ideológicas que possibilitam o surgimento de uma estética antirromântica. 
8.1 CONTEXTO HISTÓRICO: 
 A sociedade europeia dessa época vive os efeitos da Segunda Revolução Industrial e do amplo progresso científico e tecnológico que a acompanham, tais como a substituição do ferro pelo aço e do vapor pela eletricidade; o desenvolvimento de maquinaria automática, dos transportes e das comunicações; o aprimoramento da estrada de ferro; as primeiras experiências com automóveis, etc. É uma época de progresso material, de benefícios econômicos para a burguesia industrial. 
As contradições, no entanto, estavam latentes: as cidades, crescendo sem planejamento, não ofereciam as mínimas condições de conforto e higiene; acentuava-se a divisão do trabalho entre a burguesia e o proletariado; o socialismo de Marx ganhava adeptos; irrompiam revoltas de trabalhadores que eram reprimidas brutalmente. Nesse universo que é, ao mesmo tempo, o da euforia burguesa e do capitalismo desumano, os valores românticos entram em crise. 
Já não é possível a fantasia, nem o mito da natureza, nem o fechar-se na própria interioridade. Os acontecimentos exigem a participação do artista. 
Agora, ele é um participante do mundo, ou, ao menos, um observador do mundo. É verdade que o sentimento desagradável da realidade persistirá em sua alma, herança do Romantismo. Mas em vez de transformar esse sentimento em desabafo ou grito, como o romântico, o artista procurará examiná-lo à luz de teorias sociológicas, psicológicas ou biológicas. 
 
Ideias científico-filosóficas: 
No plano científico-filosófico, verifica-se uma verdadeira onda de cientificismo e materialismo. Dentre as mais importantes correntes da época destacam-se: 
· Positivismo: criado por Augusto Comte, parte do princípio de que o único conhecimento válido é o conhecimento positivo, isto é, oriundo das ciências. É uma filosofia empírica, que se baseia na observação do mundo físico; por isso rejeita a metafísica. 
· Determinismo: criado por H. Taine, parte do princípio de que o comportamento humano é determinado por três aspectos básicos: o meio, a raça e o momento histórico. 
Darwinismo: dando continuidade, sob outro enfoque, à teoria do 
Evolucionismo, de Lamarck, Charles Darwin, em sua obra “Origem das Espécies” (1859), apresenta a teoria da Seleção Natural, segundo a qual a natureza ou o meio selecionam entre os seres vivos aquelas variações que estão destinadas a sobreviver e a perpetuar-se. Assim, os mais fortes sobrevivem e procriam, e os mais fracos são eliminados antes de exercerem a procriação. 
O Realismo iniciou em 1857, na França, com o lançamento de “Madame 
Bovary”, de Gustave Flaubert. No Brasil, o início se dá com a publicação de 
“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, em 1881. 
 
8.2 CARACTERÍSTICAS DO REALISMO: 
1. Objetivismo, racionalismo 
2. Verossimilhança 
3. Narrativa lenta, descrição precisa 
4. Exatidão no tempo e no espaço 
5. Mulher não idealizada6. Herói problemático (anti-herói) 
7. Amor e outros sentimentos subordinados aos interesses sociais 
8. Crítica às Instituições (Igreja, Casamento, Estado, ...) 
9. Pessimismo 
10. Análise psicológica 
8.3 NATURALISMO 
O Naturalismo, assim como o Realismo, se volta para a realidade. Entretanto, observa-a, analisa-a, disseca-a sob uma ótica rigorosamente científica. Os escritores naturalistas, valendo-se de temas inovadores, mostram a decadência das instituições, denunciam a hipocrisia, caracterizam as lutas sociais, com espírito participativo e reformista. 
ALUÍSIO DE AZEVEDO (1857 – 1913) 
Apesar de ter iniciado sua carreira com folhetins românticos, se destacou mesmo foi no Naturalismo, com fortes influências de Émile Zola e Eça de Queirós. Na época, a escravidão era um problema político, social e econômico, e a vontade de transformar o Brasil numa República crescia entre a população. 
Essa questão foi abordada por Aluísio em seus romances naturalistas. A obra “O Mulato”, de 1881, marca o início do Naturalismo no Brasil. 
8.4 CARACTERÍSTICAS DO NATURALISMO: 
1. Cientificismo e Determinismo 
2. Análise social 
3. Temas de patologia social 
4. Ser humano reduzido ao nível do animal 
5. Linguagem simples 
6. Descrição minuciosa 
8.5 PARNASIANISMO 
O Parnasianismo foi contemporâneo do Realismo-Naturalismo, estando, portanto, marcado pelos ideais cientificistas e revolucionários do período. Diz respeito, especialmente, à poesia da época, opondo-se ao subjetivismo e ao descuido com a forma do Romantismo. Os poetas parnasianos, desejando restaurar a poesia clássica, propõem, então, uma poesia mais objetiva, de elevado nível vocabular, racionalista, perfeita do ponto de vista formal e voltada a temas universais. 
A origem da palavra Parnasianismo associa-se ao Parnaso grego, segundo a lenda, um monte da Fócia, na Grécia central, consagrado a Apolo e às musas. A escolha do nome já comprova o interesse dos parnasianos pela tradição clássica. Contudo, pode-se afirmar que essa referência não passava de um verniz que revestiu artificialmente essa arte, como forma de garantir-lhe prestígio entre as camadas letradas do público brasileiro. 
Apesar de contemporâneos, o Parnasianismo difere profundamente do Realismo e do Naturalismo. Enquanto esses movimentos se propunham a analisar e compreender a realidade social e humana, o parnasianismo se distancia da realidade e se volta para si mesmo, o objetivo maior da arte não é tratar dos problemas humanos e sociais, mas alcançar a “perfeição” em sua construção. 
8.6 CARACTERÍSTICAS: 
1. Arte pela Arte 
2. Culto à Forma 
3. Temática greco-romana 
4. Objetivismo / Racionalismo 
5. Descritivismo 
 
 
8.7 SIMBOLISMO 
Nenhum movimento cultural é globalizante. Não se pode imaginar que todos os setores e pessoas da sociedade viveram da mesma forma em determinado momento. Por isso, pode-se dizer que em certas épocas há uma ideologia predominante, porém não globalizante. 
No final do século XIX, por exemplo, ao mesmo tempo em que ainda vigorava a onda cientificista e materialista que deu origem ao Realismo e ao Naturalismo, já surgia um grupo de artistas e pensadores que punha em dúvida a capacidade absoluta da ciência de explicar todos os fenômenos relacionados ao homem. 
Já não se crê mais no conhecimento “positivo”, que levaria a humanidade para um estágio evoluído. Acredita-se que, assim como a ciência é limitada, igualmente a linguagem não pode pretender representar a realidade como ela é de fato. Pode-se no máximo, sugeri-la. 
No final do século XIX, a literatura que representou essa nova forma de ver o mundo, mais voltada para o subjetivo, para o inconsciente, para o místico, foi o Simbolismo. 
Ao contrário do que ocorreu na Europa, onde o Simbolismo se sobrepôs ao Parnasianismo, no Brasil o Simbolismo foi quase inteiramente abafado pelo movimento parnasiano, que gozou de amplo prestígio entre as camadas cultas até as primeiras décadas do século XX. Apesar disso, a produção simbolista deixou contribuições significativas, preparando o terreno para as grandes inovações que iriam ocorrer no século XX, no domínio da poesia. 
8.8 CARACTERÍSTICAS: 
1. Subjetivismo – descoberta do inconsciente e do subconsciente 
2. Irracionalismo – há um mergulho no irracional, fuga do mundo proposto pelo racionalismo. A ciência explica o mundo, o poeta deve comunicar o irracional, o mundo interior. Há um clima de mistério, situações vagas, obscuras, presença do inconsciente e do subconsciente. 
3. Misticismo, religiosidade 
4. Sugestão – imagens, metáforas, símbolos, sinestesias, ..., poesia não deve dizer nada, apenas sugerir 
5. Musicalidade – na tentativa de sugerir infinitas sensações, os simbolistas aproximam a poesia da música através do ritmo, das combinações estranhas de rimas, repetição de palavras e versos, aliterações, assonâncias. 
6. A linguagem é simbólica e musical. 
7. Desejo de transcendência, de integração cósmica. 
8. Interesse pelo noturno, pelo mistério e pela morte. 
8.9 PRÉ-MODERNISMO 
A literatura brasileira atravessa um período de transição nas primeiras décadas do século XX. De um lado, ainda há a influência das tendências artísticas da Segunda metade do século XIX; de outro, já começa a ser preparada a grande renovação modernista, que se inicia em 1922, com a Semana de Arte Moderna. A esse período de transição, que não chegou a constituir um movimento literário, chamou-se de Pré-modernismo. 
As duas primeiras décadas do século XX não registraram no Brasil convulsões semelhantes às ocorridas na Europa. A abolição da escravatura e o golpe republicano não haviam alterado as estruturas básicas do país. A economia, ainda voltada para as necessidades dos países europeus, assentavase na dependência externa e no domínio interno dos cafeicultores. 
Porém, algumas mudanças iam se desenhando. A urbanização, o crescimento industrial e a imigração modificam a fisionomia da sociedade brasileira. Nas cidades, formava-se uma classe média reformista. Simultaneamente, emergia uma massa popular insatisfeita e propensa a revoltas irracionais: por exemplo, a rebelião contra a vacina obrigatória, a revolta da chibata no Rio e os movimentos grevistas de operários em São Paulo, sob orientação anarquista. Esses movimentos tiveram, isoladamente, uma história independente; mas, no conjunto, revelavam a crise de um país que se desenvolvia às custas de graves desequilíbrios. Na zona rural, havia cisões de maior ou menor intensidade dentro das classes dominantes, que iam das violentas, mas restritas lutas entre coronéis em determinadas regiões, até a verdadeira guerra civil – travada no RS – entre republicanos e maragatos. Não esqueçamos também que, nesse período, irrompem as revoluções camponesas de Canudos (1896 – 1897) e do Contestado (1912). 
8.10 CARACTERÍSTICAS: 
A busca de uma linguagem mais simples e coloquial: embora não se verifique essa preocupação na obra de todos os pré-modernistas, ela é explícita na prosa de Lima Barreto e representa um importante passo para a renovação modernista de 1922. 
O interesse pela realidade brasileira: os modelos realistas – naturalistas eram essencialmente universalizantes. Tanto na prosa (Machado de Assis, Aluísio de Azevedo), quanto na poesia (Olavo Bilac, Cruz e Sousa), não havia interesse em analisar a realidade brasileira. A preocupação central desses autores era abordar o homem universal, sua condição, seus anseios. Aos escritores pré-modernistas, ao contrário, interessavam assuntos do dia-a-dia dos brasileiros, originando-se, assim, obras de nítido caráter social.

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