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Fisiologia Respiratória: volumes, capacidades pulmonares e regulação da respiração Porção superior: boca / nariz → faringe → laringe. Porção inferior: traqueia → brônquios → bronquíolos → alvéolos. Os alvéolos não são lisinhos, tem formato arredondado, para aumentar a superfície de contato. Os alvéolos são ricos em surfactante (secretados pelos pneumócito tipo 2) – que diminuem a tensão superficial da água, permitindo a passagem de O2 e CO2 pelo líquido. Tem infecções pulmonares que fazem produzir menos surfactante, então a pessoa vai ter algum problema na ventilação. Transportes de gases: Oxigênio: • Pela hemoglobina (Hb) – o oxigênio se prende ao ferro do grupamento heme. • Dissolvido no plasma (0,3%). Fatores que modificam o equilíbrio 02/Hb: concentração de CO2 e H+. Efeito Bohr: tendência a liberar o oxigênio. Aumento da concentração de CO2 → dissociação do O2 na hemoglobina → liberação de O2 para os tecidos. Aumento da concentração de H+ → dissociação de O2 na hemoglobina → liberação de O2 para os tecidos. Dióxido de carbono: • Íons bicarbonato (HCO3-) • Dentro das hemácias (carbaminohemoglobina) • Ácido carbônico (H2CO3) • Íon carbonato (CO3-2) Fatores que modificam o equilíbrio CO2/ hemácia: O2 e CO2. Efeito Haldane: tendência a capturar gás carbônico. Baixa concentração de O2 e alta concentração de CO2 → maior tendência do CO2 se difundir na hemácia. Temos a presença de uma enzima que transforma o CO2 em íon bicarbonato para ser transportado pelo sangue, que é a anidrase carbônica, ela também faz a reação inversa. A transformação em CO2 de novo é necessária para ele ser liberado no pulmão. No transporte pela hemácia, temos o CO2 entrando por difusão simples. Músculos da respiração: Os principais são os músculos intercostais e o diafragma. Eles funcionam de forma voluntária e de forma involuntária (quando estamos dormindo por exemplo). O ar só entra no nosso pulmão porque o diafragma abaixa na inspiração, aumentando o volume da caixa torácica e assim, diminuindo a pressão. A dinâmica referida é representada pela Lei de Boyle (P1V1 = P2V2 – sendo a P1 a pressão atmosférica e a P2 a pressão interna). Interdependência: Durante a inspiração a parede torácica se expande (pulmão se estica), puxando as pleuras, os brônquios, os bronquíolos, os alvéolos, as artérias e as veias, dilatando-os para aumentar a área de absorção. Complacência e elastância: São inversamente proporcionais. A complacência tem a ver com a distensibilidade, é representada quando o pulmão infla. A elastância tem a ver quando o pulmão volta ao estado normal, seria a retração elástica. A baixa complacência → baixa distensibilidade, significa que é necessário mais trabalho, para insuflar os pulmões, a fim de produzir um volume corrente normal. Ex.: a complacência está diminuída nos distúrbios restritivos (fibrose pulmonar - parte elástica foi substituída por parte fibrosa). A alta complacência → Considere o enfisema (distúrbio obstrutivo) com os pulmões sendo muito distendidos por tosse crônica e por vias aéreas congestionadas. Os pulmões de pacientes com enfisema apresentam alta complacência (alta distensibilidade) e são muito fáceis de serem insuflados. Os pulmões com alta complacência têm baixa retração elástica, sendo necessário um esforço adicional, a fim de forçar o ar para fora dos pulmões. Quanto mais complacência, menor elastância. OBS.: O enfisema é uma doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) caracterizado pela perda da elasticidade pulmonar e tamanho aumentado (hiperinsuflação) dos espaços aéreos com destruição das paredes dos alvéolos. As causas comuns são o tabagismo e deficiência hereditária de 1 - anti-tripsina (enzima que protege o pulmão contra lesões). Pensa-se que o enfisema resulte da ruptura da elastina e de outros componentes da parede do alvéolo por enzimas → por proteases (proteína que digere proteína). Capacidades pulmonares: As capacidades pulmonares são a combinação de vários volumes pulmonares. Os volumes e as capacidades pulmonares são medidos com o espirômetro. Volume corrente (VC) = volume de ar (cerca de 500mL) inspirado ou expirado no ciclo ventilatório normal. Volume de reserva inspiratória (VRI) = volume extra de ar (cerca de 3000mL) que pode ser inspirado além do Vc. Volume de reserva expiratória (VRE) = volume extra de ar (cerca de 1100mL) que pode ser expirado através da expiração forçada, em seguida a expiração do volume corrente normal. Volume residual (VR) = volume de ar (cerca de 1200mL) que permanece ao final da expiração forçada. O VR existe porque os pulmões são mantidos e distendidos contra a parede torácica pelo fluido pleural. Capacidade inspiratória (CI) = VC + VRI. Quantidade de ar que a pessoa pode inspirar, a partir do nível basal e até a distensão máxima pulmonar (cerca de 3500mL). Capacidade funcional residual (CFR) = VRE + VR. Quantidade de ar que permanece nos pulmões ao final da expiração em repouso (cerca de 2300mL). Capacidade vital (CV) = VRI + VC+ VRE. Quantidade máxima de ar que a pessoa pode expelir dos pulmões após a inspiração forçada (enchimento máximo) e, em seguida, expirado forçadamente (cerca de 4600mL). Capacidade pulmonar total (CPT) = VRI + VC+ VRE + VR ou CV + VR. Maior volume que os pulmões podem alcançar, com o maior esforço inspiratório possível (cerca de 5800mL). Ventilação pulmonar: A frequência e a profundidade da respiração determinam a eficiência da respiração. A efetividade da ventilação é determinada pelo cálculo da ventilação pulmonar total (VPT). A ventilação pulmonar total em repouso representa um VC de 500mL e uma frequência ventilatória de 12 respirações por minuto, é de aproximadamente 6L de ar/minuto. VPT= frequência de ventilação x volume corrente (VC) Ventilação alveolar: Durante a inspiração, parte do ar jamais atinge as áreas de trocas gasosas, porém preenche as vias respiratórias; esse ar é chamado de ar do espaço morto anatômico. Ventilação alveolar: a quantidade de ar fresco que chega aos alvéolos a cada minuto. O volume de ar que alcança os alvéolos e não é usado para trocas gasosas é denominado ar do espaço morto alveolar. Ventilação alveolar = frequência de ventilação x (VC – volume de ar do espaço morto) Regulação da respiração: No sangue arterial, percebe-se a pressão de CO2, O2 e o pH (são os três parâmetros que fazem a pessoa respirar). PCO2, PO2 e pH → quimiorreceptores (são proteínas localizadas na membrana das células – vão reconhecer essas moléculas) → centro respiratório → músculos respiratórios → ventilação. Centro respiratório: no tronco cerebral (no bulbo), possuímos um conjunto de neurônios encarregados de controlar nossa respiração (controlam o diafragma e músculos intercostais). Possuímos quimiorreceptores (reconhecem a parte química e mecanoceptores (também são proteínas na membrana plasmática – reconhecem a elasticidade): • Quimiorreceptores centrais: dentro do cérebro – porção inferior do bulbo, aumentam a atividade respiratória / sensíveis a alterações de CO2 e H+. • Quimiorreceptores periféricos: arco aórtico e carótida / sensíveis a alterações CO2, H+ e O2. Sistema nervoso autônomo: - SNA simpático – relaxamento dos brônquios (ar chega mais eficientemente). - SNA parassimpático – contração dos brônquios. Reflexo de insuflação de Hering-Breuer: mecanoceptores de estiramento localizados nos brônquios e bronquíolos. Estiramento excessivo → Desativação da rampa inspiratória Desativação da rampa inspiratória → estiramento excessivo. Controle da ventilação: Neurônios inspiratórios mandamimpulsos nervosos (2 segundos) → diafragma e músculos intercostais se contraem → inspiração. Neurônios inspiratórios param os impulsos (3 segundos) → diafragma e músculos intercostais relaxam → expiração. Possuímos células auto-excitáveis que despolarizam a cada 5 segundos. Controle químico da respiração: Controle direto (bulbo): identifica o CO2 e o pH do sangue – por isso o CO2 é o gás mais importante. Controle indireto: quimiorreceptores (O2) – corpo aórtico e corpo carotídeo → sensores da variação de PO2 estimulam a liberação de neurotransmissores. OBS.: Por que aumentando a pressão do oxigênio, a velocidade do impulso nervoso para inspirar diminui? Porque tem grande concentração de O2, a gente não vai precisar de tanto mais, então diminui a ventilação. Aclimatação: Baixas concentrações de oxigênio: • Aumento da ventilação pulmonar. • Aumento no número de hemácias – hematopoiese, para compensar a baixa de O2 (dopping natural). • Aumento da capacidade de difusão. Anormalidades no controle da respiração: - Apneia do sono: • Tempo prolongado sem inspiração. • Alteração da PO2 e PCO2 arteriais. - Apneia obstrutiva do sono (ASO): • Fechamento da via aérea superior durante a inspiração. - Apneia do sono central: • Diminuição no controle ventilatório. OBS.: Síndrome de Ondine – dá apneia, acontece muito com crianças logo no início da vida. Por uma alteração no gene Phox2b, que controla vários neurotransmissores, acaba desregulando o sistema nervoso central durante a fase REM do sono. O indivíduo para de respirar enquanto dorme, necessitando o uso de respirador a noite. Mergulho: - Hiperventilação antes de mergulhar: diminuição da concentração de CO2 no sangue. - A concentração de CO2 vai aumentando até disparar o reflexo da respiração. - Perda da consciência: hipóxia, devido a diminuição da pressão parcial do Oxigênio no sangue arterial. No mergulho normal, sentimos vontade de respirar antes de desmaiar, pois a concentração de CO2 aumenta mais rápido (vontade de respirar) antes de desmaiar (a concentração de O2 ainda é alta). Já no mergulho após hiperventilação, os níveis de CO2 estavam tão baixos que vão demorar mais para subir, assim, desmaiamos (após atingir o limite de O2) antes de termos a vontade de respirar (que é identificada pelo nível de CO2 no bulbo), e quando respiramos involuntariamente engoliremos água e nos afogamos. Qual a principal alteração do sangue detectada pelo Bulbo envolvida no controle involuntário da respiração? CO2 e H+. Por que, após a hiperventilação, os mergulhadores podem sofrer desmaios? A concentração de CO2 estava tão baixa que só atinge o limite para o disparo da respiração após a concentração de O2 ultrapassar o limite para a ocorrência de desmaio. Então desmaiamos antes de sentir a necessidade de respirar.
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