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Conteúdo - Módulo 4

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Conteúdo - Módulo 4
Site: Ambiente Virtual de Aprendizagem MOOC 38
Curso: Fiscalização de Projetos e Obras de Engenharia
Livro: Conteúdo - Módulo 4
Impresso por: IANE DA CRUZ DAMASCENO
Data: quinta, 23 set 2021, 20:52
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Índice
4.1 A obra: as primeiras providências para um bom resultado
4.1.1 Cuidados na exigência de habilitação nos editais de obras de edificações
4.1.2 O controle da documentação na obra – Parte 1
4.1.2 O controle da documentação na obra – Parte 2
4.1.2 O controle da documentação na obra – Parte 3
4.1.3 Usando softwares de gerenciamento de projetos – Parte 1
4.1.3 Usando softwares de gerenciamento de projetos – Parte 2
4.1.3 Usando softwares de gerenciamento de projetos – Parte 3
4.1.4 A importância da assessoria à fiscalização – Parte 1
4.1.4 A importância da assessoria à fiscalização – Parte 2
4.2 A atuação do Fiscal de Obras
4.2.2 A troca das especificações: o conceito do “similar-semelhante” e do “similar-equivalente"
4.2.3 Os critérios de medição nas obras (contrato com regime de empreitada por preço global e contrato com regime de empreitada por preços unitários)
4.3 Os aditivos de obra: o que deve ser observado?
4.3.2 O uso da curva ABC como ferramenta de análise para a concessão de aditivos de obras de edificações
4.4 Acompanhando e recebendo a obra: a gestão de documentos
4.4.2 A apresentação dos documentos de registro da obra: o projeto em as built, ou “como construído”
Enceramento
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4.1 A obra: as primeiras providências para um bom resultado
4.1.1 Cuidados na exigência de habilitação nos editais de obras de edificações
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar quais são as exigências possíveis – e aquelas necessárias – na habilitação das licitantes quando da
montagem do edital de licitações de obras.
Estamos chegando ao final do nosso curso. Neste último módulo abordaremos a atividade de obra, o objetivo
quando da contratação de um projeto pela Administração Pública. Essa atividade requer cuidados já na licitação,
com a habilitação das proponentes.
A habilitação em uma licitação está regrada pela Lei nº 8.666/1993, no seu art. 27. Um dos seus itens, bastante
importante em uma licitação de obra, refere-se à qualificação técnica (item II do art. 27).
Essa exigência é um dos aspectos que geralmente trazem dúvidas aos servidores responsáveis pela elaboração do
edital, quanto à capacitação técnico-profissional e à capacidade técnico-operacional. Embora não exista na Lei nº
8.666/1993 abordagem comparativa entre essas duas exigências, recente jurisprudência do TCU debateu esse
entendimento.
O art. 30 da Lei nº 8.666/1993 reconhece a qualificação técnica da proponente por meio do seu registro na entidade
profissional competente (conselho profissional) e da comprovação da aptidão para o desempenho da atividade ou
do serviço que será contratado, com regras definidas no edital. A aptidão deverá ser comprovada também para os
membros da equipe técnica da proponente.
A comprovação da aptidão, no caso das licitações pertinentes a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos
por pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente registrados nas entidades profissionais
competentes (BRASIL, 1993, art. 30, § 1º).
Esse artigo, no entanto, limita as exigências, no caso da capacitação técnico-profissional, conforme o inciso I do seu
parágrafo 1º, abaixo transcrito:
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4.1.1 Cuidados na exigência de habilitação nos editais de obras de edificações
A possibilidade de exigência de quantidade mínima, porém, vincula-se ao serviço objeto dos atestados fornecidos, e não ao número de atestados. Do
Acórdão nº 534/2016 – TCU – Plenário, extrai-se, do seu item 8, a confirmação da possibilidade de exigência de quantidades mínimas para o objeto, desde
que esse tenha características de maior relevância e valor significativo, conforme o parágrafo 2º do art. 30 da Lei nº 8.666/2013, e que o serviço tenha maior
complexidade técnica. Vejamos o item:
Perceba que, no voto acima, a delimitação das características que devem estar presentes na experiência anterior a ser comprovada configura-se de extrema
importância para que se atinja o objetivo da exigência de qualificação técnica. Esse procedimento evita a possibilidade de comprovação de qualificação por
parte da licitante por experiência não exigida no edital, ou mesmo por apresentação de experiência insuficiente.
É o caso de certame de licitação de obra que exigia comprovação de capacitação técnico-profissional na instalação de sistema VRF de ar-condicionado, em
que a proponente limitou-se à apresentação de comprovação de capacitação técnico-profissional para instalações de sistemas do tipo minisplit. Obviamente,
por se tratarem de tecnologias diferentes, caso não estivesse delimitada a característica da instalação no edital (experiência em instalação de sistema VRF), a
Administração teria de aceitar a comprovação de experiência na tecnologia menos complexa (minisplit), certamente com prejuízo na qualidade do sistema
construtivo objeto da licitação.
Importante salientar que a exigência de quantidade mínima para a capacidade técnico-profissional (comprovação da capacidade técnica do
profissional contratado pela empresa), à luz do voto da relatora, não se refere às quantidades exigidas para a capacitação técnico-operacional
(comprovação da capacidade técnica da empresa), visto que essa última não é determinante, e sim a primeira. Enfatiza-se também que a exigência
de atestados com registro nos conselhos profissionais (Certidão de Acervo Técnico, ou CAT) sempre é feita para o profissional – e não para pessoa
jurídica – razão pela qual essa possibilidade apenas para a capacitação técnico-profissional, e não para a capacitação técnico-operacional
(Resolução nº 1.025/2009 – Confea/Crea e Resolução nº 24/2012 – CAU/BR). Esse entendimento é confirmado por jurisprudência do TCU (Acórdão de
Relação nº 3.028/2016 – TCU – Plenário).
Outro ponto que merece destaque em relação à capacitação técnico-profissional é a apresentação dos atestados pelo profissional. Conforme o art. 30,
parágrafo 1º, inciso I, esse deve pertencer ao quadro permanente da licitante. No entendimento do TCU (Acórdão 2016/2016 – TCU – Plenário), essa
comprovação pode se dar por meio de contrato de prestação de serviço entre a empresa e o profissional, ainda que este não seja empregado registrado da
empresa ou seu sócio. Vejamos o que diz o item 139 do referido acórdão:
 
 BRASIL. Acórdão nº 534/2016 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2016.
 BRASIL. Acórdão 2016/2016 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2016.
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4.1.2 O controle da documentação na obra – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Observar a importância da lista-mestra no controle da documentação técnica da obra.
Os elementos gráficos finalizados, que integram o conjunto impresso da documentação de um Projeto Executivo,
resultam em centenas de pranchas de desenho, Cadernos de Detalhamento, além do Caderno de Encargos,
Memoriais Descritivos ou memórias de cálculo. 
Na fase de licitação da obra, se esta for considerada a partir de um Projeto Básico, essa relação de documentos é sensivelmente menor, o que torna o
controle da documentação muito mais fácil. No entanto, essa documentação deve constar do edital da licitação, na forma de uma lista, em anexo próprio,
para que seja possível a identificação precisa de quais documentos integram o projeto.Na legislação atual que rege os procedimentos de licitação e contratação de serviços e compras pela Administração Pública Federal, Estadual e
Municipal, o processo licitatório para uma obra – e a sua consequente contratação – pode ser feito tendo-se apenas o Projeto Básico do objeto a ser
construído (edificação ou demais obras da construção civil ou de infraestrutura viária). Em alguns casos, o conjunto de documentos desse projeto
será pequeno. Em outros, no entanto, como é o caso de projetos de grandes pontes ou viadutos, mesmo no Projeto Básico, em fase anterior ao
desenvolvimento do Projeto Executivo pela futura contratada, o conjunto de documentos será extenso.
Para esse tipo de projeto, quando se atinge a fase do Projeto Executivo, a lista de documentos cresce exponencialmente, atingindo milhares de páginas entre
memoriais, laudos, estudos e detalhamento construtivo, e centenas de pranchas de desenho, incluindo projetos ambientais, de drenagem, geométricos,
estruturais, viários, de sinalização viária e sinalização náutica, para citar alguns (Edital DNIT nº 046/14-00).
Você sabia que o número de pranchas de desenho chega facilmente a 500, nos formatos A1 ou A0
(ABNT NBR 10068:1987 – Folha de desenho – Leiaute e dimensões – Padronização), para edifícios de
médio porte (dez pavimentos, com área construída entre 20.000 e 30.000 m²), sendo que os Cadernos
de Detalhamento e o Caderno de Encargos podem atingir número de páginas dessa igual ordem de
grandeza?
 
57
 Disponível em:http://www1.dnit.gov.br/ editais/consulta/resumo.asp?NUMIDEdital=4487. Acesso em: 26 abr. 2018.
http://www1.dnit.gov.br/editais/consulta/resumo.asp?NUMIDEdital=4487
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4.1.2 O controle da documentação na obra – Parte 2
No decorrer da obra, com as sucessivas complementações de projetos, muitas vezes com modificações nas pranchas de desenho e demais documentos,
novas emissões (revisões) são geradas, iniciativas essas que requerem rígido controle, principalmente das cópias impressas que estarão circulando na obra,
para que se evite a adoção de documentos ultrapassados, a partir de revisões que não estão mais válidas. Esse procedimento é o sistema de gestão de
documentos, que integra o sistema de gestão da qualidade.
Uma das formas de controle da documentação da obra é a emissão de uma lista-mestra, documento que traz ordenadamente, por tipo de projeto ou
disciplina, a relação dos elementos gráficos do projeto, sejam eles pranchas de desenho, sejam memoriais, laudos ou Cadernos de Especificações e
Detalhamento. Essa lista-mestra pode tanto ser gerada em softwares mais acessíveis, tais como editores de texto ou planilhas eletrônicas, de forma manual,
quanto em softwares mais complexos e dedicados, como gerenciadores de workflow.
Workflow é a modelização e a gestão informática do conjunto de tarefas a realizar e dos diferentes atores envolvidos na
realização de um processo de negócio (também chamado de processo operacional). O termo workflow poderia, por isso, ser
traduzido por “gestão eletrônica dos processos de negócio”. Um processo operacional representa as interações sob a forma de
troca de informações entre diversos atores, como: indivíduos, aplicações ou serviços e processo de terceiros.
 De maneira prática, um workflow pode descrever:
O circuito de validação;
As tarefas a realizar entre os diferentes atores de um processo;
Os prazos a respeitar;
Os modos de validação (BRASIL, [s.d.]).
 
58
  BRASIL. (Poder Judiciário. Justiça Federal. Seção Judiciária do Rio de Janeiro. Workflow.) [s.l.]: [s.d.]. Disponível em: http://www.cnj.jus.br
/siga/apostila_sigawf.pdf. Acesso em: 27 abr. 2018.
http://www.cnj.jus.br/siga/apostila_sigawf.pdf
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4.1.2 O controle da documentação na obra – Parte 3
A norma ABNT ISO 9001:2015 – Sistemas de Gestão da Qualidade – Requisitos, traz, no seu item 7.5.3, importantes informações e roteiro sobre o controle
de documentação que prioriza a sua integridade, fidelidade, disponibilidade, proteção, distribuição, validação e controle de alterações.
O controle da documentação na obra e a sua validação é uma das tarefas precípuas do engenheiro ou arquiteto residente, e, pelas razões expostas, uma das
mais importantes.
Na figura abaixo é representado exemplo de uma lista-mestra:
Clique na imagem abaixo para ampliar
O exemplo demonstrado, gerado por meio de um arquivo de edição de textos, de forma simplificada, é poderosa ferramenta no controle da documentação
da obra. Os campos (colunas) mostrados evidenciam as informações atualizadas e dão ao gestor da obra e aos demais parceiros envolvidos informação
única, consolidada e acessível.
Softwares dedicados ao controle do fluxo de trabalho (workflow) podem ser ainda mais eficientes, ao trazerem maiores ganhos e aumentarem as
possibilidades de controle e atuação do gestor.
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4.1.3 Usando softwares de gerenciamento de projetos – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar a importância do uso de aplicativos para gerenciamento de projetos e cronograma de obras.
Assim como o controle da documentação na obra, o controle do seu desenvolvimento é igualmente importante, sendo vital para que sejam atingidos os
objetivos de prazo e custo previstos. Uma das formas de controle dessas duas variáveis é a elaboração de um cronograma de atividades.
No art. 40, item XIV, alínea “b”, da Lei nº 8.666/1993, é determinada a obrigatoriedade de que constem do edital da licitação as condições de pagamento da
obra ou serviço, prevendo cronograma de desembolso, conforme abaixo:
O referido cronograma de desembolso citado na lei é o cronograma físico-financeiro da obra ou do serviço, especificado no edital e que integrará a minuta do
contrato da obra, servindo àquele propósito de controle.
O Decreto nº 7.983/2013, no seu art. 12, traz também tal obrigatoriedade:
“Art. 12. A minuta de contrato deverá conter cronograma físico-financeiro com a especificação física completa das etapas necessárias à
medição, ao monitoramento e ao controle das obras” (BRASIL, 2013).
Note que, ainda que esteja previsto na legislação que trata das licitações e orçamentos de referência no âmbito da Administração Pública, o cronograma é
abordado com ênfase no controle do fluxo de recursos financeiros, e não no controle das atividades da obra. Nesse ponto há falha na legislação, em que
seria necessária a previsão de instrumento que pudesse efetivamente conferir o controle do andamento físico da obra ou do serviço, a sua evolução por
atividades.
Dentro do campo da construção civil, e do seu gerenciamento e controle, há inúmeras ferramentas consagradas para a aplicação nessa ação. É comum
observarmos a adoção de cronogramas de barras, gerados por meio de softwares de criação de planilhas eletrônicas para o controle das atividades da obra.
Essa forma, ainda largamente utilizada pelas construtoras, infelizmente nenhum controle traz sobre o andamento das atividades, servindo apenas à
visualização instantânea do estágio de desenvolvimento das atividades ou da sua previsão no tempo.
Assim, um cronograma de atividades elaborado nesse ambiente fornecerá a informação correta apenas em dois momentos: no início da sua elaboração,
coincidindo com o início das atividades da obra, ou quando atualizado, manualmente, e de forma onerosa, ao longo da execução da obra.
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4.1.3 Usando softwares de gerenciamento de projetos – Parte 2
O controle efetivo das atividades na obra dá-se por meio do métododo caminho crítico, ou método PERT/CPM
(Program Evaluation and Review Technique/Critical Path Method). Esse método prevê o encadeamento das atividades em
rede e nós, com pré-requisitos a serem atendidos para que cada atividade seja realizada. Esses pré-requisitos tanto
podem ser a realização inicial de uma outra atividade (atividade predecessora) quanto a necessidade de compra de um
determinado material ou a contratação de um determinado serviço para que a atividade seja possível.
Diferentemente do cronograma físico-financeiro da obra, o cronograma por atividades baseado no método PERT/CPM
promove o efetivo controle da obra, por apresentar as suas atividades por meio do conceito chamado “Estrutura
Analítica do Projeto”, no qual as atividades são apresentadas por ocorrência e interdependência. Não obrigatório, à luz
da legislação aplicada às licitações na Administração Pública, essa forma de controle deve ser recomendada à
contratada e acompanhada pelo fiscal do contrato.
Atualmente, estão disponíveis no mercado alguns softwares que possibilitam esse controle. O mais adotado é o MS
Project , que permite o controle das atividades e dos recursos (mão de obra e materiais) empregados na obra,
adotando o método do caminho crítico. Esse software é licenciado pela Microsoft . Outros, no entanto, são gratuitos;
podemos citar como exemplos o ProjectLibre e o GanttProject.
Mas, afinal, o que é o método do caminho crítico? Conforme o guia PMBOK (Project Management Body of
Knowledge, do Project Management Institute (PMI), ou Guia de Conhecimento de Gerenciamento de Projetos, do
Instituto de Gerenciamento de Projetos), o caminho crítico é “a sequência de atividades que representa o caminho
mais longo de um projeto, que determina a menor duração possível de um projeto”.
®
®
 
® 
59
  PMI – PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE. PMBOK. 5th ed. Philadelphia: PMI, 2013. p. 176.
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4.1.3 Usando softwares de gerenciamento de projetos – Parte 3
A figura  abaixo mostra graficamente o caminho crítico de uma sequência de atividades:
Clique na imagem abaixo para ampliar
As atividades com a sequência em vermelho são aquelas que compõem o caminho crítico do encadeamento. São as que não têm folga na sua execução, ou
seja, se há a previsão de um determinado período na execução de cada tarefa, ao aumentar-se tal período, todo o cronograma é alterado, empurrando-se
para a frente a sua data de fim, atrasando, dessa forma, a conclusão do processo, obra ou serviço.
Com os softwares de gerenciamento de projeto citados, os cronogramas gerados, ao contrário daqueles cronogramas gerados em planilhas de cálculo,
permitem o efetivo controle das atividades, pela identificação do seu caminho crítico. Dessa forma, o gestor do projeto (arquiteto ou engenheiro residente),
ou mesmo o fiscal de obra, tem a possibilidade de identificar quais são as tarefas que potencialmente podem atrasar a obra. O cronograma, ao ser
atualizado, automaticamente redefine as datas de execução de todas as atividades interligadas, permitindo, assim, a imediata identificação da nova data de
fim da obra. Definindo-se tal data como um marco, pode-se planejar as atividades para que se atinja tal objetivo.
Como você pode perceber, embora não obrigatório, o cronograma de atividades baseado no caminho crítico é o único instrumento que dá o efetivo controle
dos prazos de uma obra ou serviço, sendo uma iniciativa saudável para a sua administração, e deveria sempre ser exigido das contratadas pelo gestor do
contrato.
60
- Disponível em:http://www.pmknowledgecenter.com/dynamic_scheduling/baseline/critical-path-or-critical-chain-difference-caused-resources. Acesso
em: 7 maio 2018.
https://mooc38.escolavirtual.gov.br/pluginfile.php/1494700/mod_book/chapter/38581/4.1.3_caminho_critico.jpg
http://www.pmknowledgecenter.com/dynamic_scheduling/baseline/critical-path-or-critical-chain-difference-caused-resources
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4.1.4 A importância da assessoria à fiscalização – Parte 1
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar as vantagens de incluir assessoria à fiscalização em diferentes casos.
A fiscalização de um contrato deve ser feita sempre por um servidor do quadro do órgão, integrante da Administração Pública, que o acompanhará durante
todo o período da sua execução. Essa prerrogativa está determinada na Lei nº 8.666/1993, no seu art. 67: 
“Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanhada e fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado,
permitida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a essa atribuição” (BRASIL, 1993).
O próprio art. 67, no entanto, abre a possibilidade de contratação de assessoria ao fiscal do contrato para a sua fiscalização. Essa contratação é permitida, e
até mesmo necessária, sempre que o fiscal administrativo do contrato não detenha o conhecimento técnico necessário para a sua completa execução. Dessa
forma, a contratação de um profissional legalmente habilitado complementa as condições para a eficiente fiscalização da execução do objeto em questão,
seja uma obra, seja um serviço de engenharia ou um projeto.
Ainda que o órgão da Administração Pública conte nos seus quadros com servidores que também sejam profissionais legalmente habilitados, dada a
característica da maioria dos órgãos da Administração – salvo aqueles que têm como atividade-fim a construção civil ou obras de infraestrutura viária, é raro
que constem dos seus quadros profissionais (engenheiros e arquitetos) que contemplem todas as disciplinas envolvidas na elaboração de projetos ou da
execução de obras e serviços de engenharia. Isso somente ocorreria se houvesse servidores habilitados nas áreas de engenharia estrutural, mecânica,
elétrica, hidrossanitária etc.
Perceba que, mesmo que profissionais habilitados nas áreas específicas de engenharia e arquitetura façam parte dos quadros do órgão, em muitos casos a
sua função não está vinculada à sua formação técnica, por atuarem em área-fim do órgão, diversa daquela formação. A despeito de considerações sobre as
capacidades técnicas e as competências de tais servidores, esses, muitas vezes, por não terem maior contato com as áreas de atuação oriundas das suas
formações técnicas, declaram-se não capacitados para o exercício daquela atividade específica, ou mesmo, assumindo tal exercício, o fazem com a condição
de serem assessorados por profissional habilitado e atuante na atividade técnica.
Servidores legalmente habilitados atuando como fiscais de contrato e assessorados por profissional tecnicamente capacitado só trazem vantagens ao
órgão.
 
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4.1.4 A importância da assessoria à fiscalização – Parte 2
No projeto de uma grande obra, edificação ou infraestrutura de obras viárias, muitas são as disciplinas envolvidas. O projeto de climatização e ventilação
mecânica de um edifício deveria ser analisado e recebido por engenheiro mecânico, cuja formação é em tal área. O mesmo vale para um projeto de
instalações elétricas, que deveria ser analisado e recebido por engenheiro eletricista. A maioria dos órgãos da Administração Pública, porém, não dispõe de
tais profissionais, quando a sua atividade-fim não é a contratação de projetos ou obras.
É nessa situação que é altamente recomendável a contratação de pessoa jurídica com profissionais legalmente habilitados, com capacidades técnicas
específicas e que auxiliarão o fiscal administrativo do contrato. Essa contratação, longe de ser um gasto a mais para a Administração, é, na verdade, iniciativa
que poderá evitar grandes prejuízos e possibilitará o recebimento de serviço de melhor qualidade.
Uma das grandes vantagens da contratação de uma assessoriaà fiscalização, no caso de uma obra da construção civil, é o fato de o fiscal do contrato poder
contar com representante no local da obra em tempo integral. Muitas obras contratadas pela Administração Pública estão em local distante daquele de
lotação do fiscal do contrato, o que impede a sua permanência ou mesmo contato direto com a obra. Há situações, inclusive, em que a lotação do servidor,
normalmente em centros regionais, está distante centenas de quilômetros do local de execução da obra, dificultando até mesmo suas visitas periódicas.
Nesses casos a contratação de assessoria à fiscalização, com previsão de alocação de profissional residente, será de grande ajuda técnica ao fiscal do
contrato.
Há ainda outras tantas vantagens para a Administração Pública quando da contratação de assessoria à fiscalização, normalmente para ações mais
específicas, em que o servidor não tenha pleno conhecimento, ou o tendo, teria prejuízo na sua atuação principal pelo tempo demandado por tais
atividades.
A assessoria à fiscalização, nesses casos,, teria resposta adequada para cada uma das atividades, ao contar nos seus
quadros com profissionais com capacitações específicas para cada fim. Assim, engenheiros mecânicos, eletricistas,
estruturais, além de contadores e profissionais de Segurança do Trabalho dariam o suporte ao fiscal do contrato.
Obviamente tal previsão deve sempre constar do edital da licitação que contratará a assessoria.
As atividades específicas, possíveis de serem executadas por uma assessoria à fiscalização, estão na relação abaixo,
não exaustiva:
Clique na imagem abaixo para ampliar
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4.2 A atuação do Fiscal de Obras
4.2.1 A fiscalização da obra (controle de materiais e procedimentos, fiscalização de atendimento às normas legais etc.)
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Enfatizar a responsabilidade técnica e ético-profissional, civil, penal, trabalhista, além das responsabilidades objetivas e subjetivas do fiscal de obra e da
Administração Pública.
No Módulo 2, tópico 2.2.2, falamos sobre a responsabilidade do gestor de contrato no âmbito da Administração Pública. Conforme comentado naquele
tópico, na Administração Pública o gestor de contrato responde solidariamente pelos danos causados à Fazenda Pública (arts. 25, 50 e 71 da Lei n°
8.666/1993) ou por atos praticados no exercício das suas funções (arts. 121 e 122 da Lei nº 8.112/1990).
Todo e qualquer ato do servidor público deve ser motivado e sobre eles responde civil, penal e administrativamente.
Na fiscalização de um projeto, ou de uma obra, concorrem ainda outras responsabilidades, tais como a trabalhista ou
a previdenciária, além da ético-profissional. A Administração Pública tem responsabilidade solidária quanto aos
encargos previdenciários resultantes da execução do contrato (BRASIL, 1993, art. 71, § 2º), e, conforme recentes
interpretações das cortes superiores de julgamento de contas, responsabilidade solidária nos encargos trabalhistas
na eventualidade de esses serem frustrados pela contratada. O fiscal do contrato, sendo também profissional
legalmente habilitado na área de engenharia ou arquitetura, tem responsabilidade ético-profissional extensiva às
questões do exercício profissional, e soma-se ainda a essas a responsabilidade técnica.
Note que a função de fiscal de contrato exercida por servidor com habilitação legal nas áreas específicas (arquitetura ou engenharia) é complexa e com
responsabilidades bem abrangentes.
O apoio de uma assessoria à fiscalização é vital, o que possibilita ao gestor do contrato maior segurança na sua atuação e tomada de decisões.
Isso porque, dada a condição de formação específica quando da habilitação legal, o profissional certamente não dominará todos os campos do
conhecimento técnico, o que poderá ser suprido com a contratação do profissional qualificado nas áreas de não atuação do servidor, por meio da assessoria
à fiscalização.
Essa iniciativa, no entanto, embora altamente recomendável, pelas razões já expostas, não afasta a responsabilidade do servidor fiscal do contrato, visto que,
além de solidária, é inicial. No caso do ateste dos serviços executados, o fiscal deve ter controle cuidadoso.
O Acórdão nº 2.672/ 2016 – TCU – Plenário, nesse sentido, condenou fiscal de obra a ressarcir valores à Fazenda Pública por ateste indevido de serviços
executados, com deficiência aparente em obra pública executada com recursos oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
No que diz respeito à responsabilidade técnica, o fiscal de contrato (projetos e obras) que detenha habilitação legal nas áreas específicas – engenharia ou
arquitetura – sobre elas deve responder quanto ao controle das boas práticas construtivas, amparadas em normativas técnicas, ou ainda em normas legais a
elas aplicadas. 
Como fiscal, o profissional deve ter o controle da qualidade do serviço prestado (ou do objeto recebido), avaliando, por exemplo, a correta especificação dos
materiais empregados em uma obra ou a correta aplicação de norma técnica balizadora de um projeto.
Para o primeiro caso, deve-se atentar para que as especificações dadas no projeto estejam de acordo com as especificações dos materiais aplicados na obra.
Muitas vezes, por questão de economia, e em alguns casos por má-fé, a contratada oferta insumo de qualidade inferior àquele definido no projeto, iniciativa
que, além de ferir a relação contratual estabelecida, pode condenar a durabilidade ou o desempenho do objeto construído. 
No segundo caso, a não observância de uma determinada normativa técnica ou legal pode comprometer futuramente a contratante, trazendo prejuízos à
Administração Pública. 
O não atendimento às normativas legais pode acarretar ações judiciais, movidas por aqueles que presumirem ter seus direitos ofendidos, passíveis de
indenizações no caso de condenação da ré.
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Isso porque, em relação às normas técnicas, desde o advento do Código de Defesa do Consumidor, essas passaram a ter força de lei, embora não tenham tal
caráter jurídico (BRASIL, 1990, art. 39. Inciso VIII).
Como esclarecimento à questão relativa às normas técnicas, tomemos por exemplo um determinado projeto, de um prédio de uso público, em que não foi
previsto o conforto acústico determinado para um dado ambiente na ABNT NBR 10152:2017 – Acústica – Níveis de pressão sonora em ambientes internos a
edificações. 
O usuário do prédio, seja servidor, seja pessoa do público externo, que se sentir ofendido no seu direito quanto à ausência de condição prevista naquela
norma, poderá ajuizar ação exigindo reparação de direitos, amparado na determinação do art. 39, inciso VIII, do Código de Defesa do Consumidor, lei que
legitima juridicamente as normas técnicas da ABNT e outras normas, tais como as Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho, resoluções de
agências reguladoras etc.
A responsabilidade do gestor de contrato, portanto, não se restringe às questões de ordem administrativa, estendendo-se às questões de ordem legal e
técnica, com responsabilidade objetiva da Administração Pública.
 
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 (Código de Defesa do Consumidor). Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências.
Diário Oficial da União, Brasília, 1990.
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4.2.2 A troca das especificações: o conceito do “similar-semelhante” e do
“similar-equivalente"
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar quando é possível a alteração das especificaçõesdadas em projeto e como isso é feito, de acordo com as
normativas legais.
Uma das questões mais importantes a serem observadas pelo fiscal de uma obra é a característica técnica dos
materiais empregados na sua execução. Essas características devem estar perfeitamente definidas no seu projeto,
especialmente no seu Caderno de Encargos.
A correta especificação técnica de um determinado material (ou mesmo de um serviço) que será empregado na
obra definirá os aspectos da sua durabilidade, desempenho, atendimento às normativas técnicas e boas práticas da
construção. Respeitará também o direito autoral e a responsabilidade técnica do projetista. Essa última condição
será a que irá trazer segurança à contratante quanto à garantia intrínseca conferida ao objeto construído, a partir
do autor do seu projeto.
Pelas razões descritas, a aceitação dos materiais pelo fiscal da obra deve ser feita somente após criteriosa análise,
que traga a certeza do correto atendimento às especificações do projetista.
O mercado da construção civil traz uma variedade de alternativas para a maioria dos insumos de obra. Como em
qualquer outra atividade econômica, esses materiais podem apresentar grande qualidade, a partir de marcas
consagradas, ou de técnicas de fabricação certificadas, como podem ter qualidade baixa, a partir de métodos não
normatizados de fabricação, ou mesmo pelo emprego de insumos inadequados. Na construção civil, notadamente
em função do seu baixo avanço tecnológico e especialização, se comparada a outros campos do conhecimento
humano, tais como a medicina ou a informática, é comum pequenas indústrias, com pouca ou nenhuma qualidade,
serem os seus fornecedores.
Assim, um dado material, que deveria apresentar uma boa qualidade, garantindo, com isso, a integridade da obra,
poderá ser insumo de baixa qualidade, que terá reflexos imprevisíveis no seu resultado final. Situações como essa podem ser encontradas tanto em um
simples bloco cerâmico (tijolo) quanto em um complexo sistema de vedação de fachadas por pele de vidro ou mesmo em um sistema de automação para
controle lógico do sistema de ar-condicionado instalado em uma edificação.
A combinação da boa especificação dada no projeto com a correta execução na obra, com a observância das especificações técnicas nos materiais
empregados – e, consequentemente, do processo construtivo empregado para a sua aplicação –, não somente trará a garantia à contratada quanto àquilo
que foi contratado, como possibilitará o correto atendimento às normativas legais ou técnicas, incluindo a normativa de desempenho das edificações da
ABNT, definindo, assim, a vida útil da obra.
Para que sejam atendidas essas questões, o fiscal e a contratada devem ter claro conceito quanto à similaridade dos materiais. Esse critério de similaridade
deve estar precisamente definido no edital de contratação da obra, para que seja possível a legitimidade na sua cobrança quando da sua execução. Tem-se
dessa condição a similaridade por semelhança e a similaridade por equivalência.
A legislação de licitações proíbe a exigência de marcas dos insumos nos editais (BRASIL, 1993, art. 7º), não impedindo, porém, que essas sejam citadas como
referência, sendo necessária, no entanto, a sua complementação com os termos “ou similar”, “ou equivalente” ou “ou de melhor qualidade” (BRASIL, 2007).
Essa resposta inicialmente deve ser dada pelo critério de similaridade definido no edital da contratação da obra. Em um segundo momento, deverá ter a sua
comparação feita com as características dos insumos das marcas tomadas como referência e das especificações do projeto.
61
O insumo “similar-semelhante” é aquele de marca diferente daquelas citadas como referência no edital, que desempenha
idêntica função dos insumos daquelas, mas que não apresenta as mesmas características exigidas no projeto. Embora tal
insumo possa ser aceito, desde que atenda ao requisito de qualidade técnica e normatização, exigirá aditivo, com
compensação financeira, adequando o valor que será pago ao seu preço (BRASIL, 1992, art. 70, inciso II).
O insumo “similar-equivalente” é aquele de marca diferente daquelas citadas como referência no edital, que desempenha
idêntica função e apresenta as mesmas características exigidas no projeto. Esse insumo pode ter seu uso autorizado
diretamente pelo fiscal da obra, não exigindo a celebração de termo aditivo ou compensação financeira (BRASIL, 1992, art. 70,
inciso I).
62
Mas como saber se um insumo de marca alternativa àquelas citadas no edital é “similar-semelhante” ou “similar-equivalente”?
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Para esclarecer a questão, tomemos como exemplo o insumo torneira de bancada para lavatório de sanitários, com acionamento por pressão, cuja
referência no edital remete a um determinado modelo da marca Docol®, com acionamento por sistema Pressmatic® após completa especificação. A
oferta de insumo alternativo, de outra marca e modelo, a partir da construtora, deve possibilitar que esse insumo apresente as mesmas
características técnicas da marca e modelo referenciados no edital e especificados no projeto. Somente assim este poderá ser considerado como
“similar-equivalente”.
Os produtos com qualidade reconhecida trazem nas suas especificações uma série de requisitos. Esses requisitos devem, então, ser também atendidos pelo
insumo alternativo. A falta de apenas um deles definirá o insumo como “similar-semelhante”, com a necessidade das iniciativas de ajuste do fiscal, já
descritas.
Um dos itens que pode ser o definidor de questões controversas é a garantia oferecida pelo fabricante. Uma torneira com acionamento por pressão
que apresente todos os requisitos da marca Docol®, com acionamento por sistema Pressmatic®, apresentada como referência no edital, mas que
não ofereça a mesma garantia dada por aquele fabricante, será considerado um insumo “similar-semelhante”, por interferir diretamente no
desempenho daquele material, e terá a necessária compensação financeira por meio de termo aditivo.
 
 
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 644/2007 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2007.BRASIL. Instrução Normativa Coseg/SAG/MF n° 01, de 21 de julho de 1992. Brasília: MF, 1992.
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4.2.3 Os critérios de medição nas obras (contrato com regime de empreitada
por preço global e contrato com regime de empreitada por preços unitários)
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar quais os possíveis contratos em relação aos tipos de obra e serviços e a sua forma de medição.
O regime por tarefa normalmente é destinado àqueles serviços de pequena monta, ajustados por preço certo, com fornecimento de materiais ou não. Esse
regime é indicado, por exemplo, para a contratação da limpeza de um terreno.
A empreitada integral é o regime de contratação em que o empreendimento é integralmente contratado, envolvendo obras, serviços, instalações, licenças,
alvarás, treinamento e demais ações até a sua entrada em operação. Conhecido no mercado da construção civil como turn key (ou, em tradução livre, “chave
na mão”), é um regime em que a contratada fica obrigada a entregar a obra em condições de pleno funcionamento. Esse regime é utilizado quando o objeto
contratado tem grau de complexidade elevado ou necessite que sua entrega seja feita com equipamentos específicos instalados e em funcionamento, tais
como hospitais, laboratórios ou fábricas.
Bastante corrente nas contratações da Administração Pública são os regimes de empreitada por preço global e de empreitada por preços unitários.
A empreitada por preços unitários, conforme a definição dada na alínea “b” do inciso VIII, art. 6º, da Lei nº 8.666/1993, é aquela em que a contratação da obra
ou do serviço dá-se por preço certo de unidades determinadas. Esse regime de contratação é adotado quando não é possível definircom precisão a
quantidade dos insumos ou dos serviços, devendo estabelecer-se um padrão ou uma unidade de medida para fins de aferição, sendo o seu recebimento
feito pelo fiscal por meio de uma “contagem”.
A contratação da realização de um acompanhamento técnico por visitas, por exemplo, pode ser contada pelo número de visitas, permitindo, assim, o regime
de empreitada por preços unitários. A unidade de medida “visitas técnicas”, nesse caso, deve estar definida no instrumento convocatório, e a aferição, o
pagamento e o recebimento do serviço serão pelo número de visitas.
Mesmo em uma obra, como, por exemplo, uma reforma, esse regime é possível. Tome-se a situação de instalação de novas esquadrias (janelas) em um
prédio existente para substituição das suas esquadrias. Se for possível definir com precisão um padrão (características) e uma unidade de medida para essas
esquadrias, tal regime poderá ser adotado, não importando quantas esquadrias serão efetivamente substituídas, bastando que, para isso, sejam aferidas em
contagem pelo fiscal para o recebimento e o pagamento. Entretanto, a empreitada por preços unitários onera a ação do fiscal, e, por essa razão, não é
recomendada para contratações mais complexas.
É o caso das grandes obras. A adoção desse regime tornaria a ação do fiscal extremamente onerosa, exigindo a sua
presença (ou a da sua assessoria) quase que ininterrupta na obra, dedicando boa parte do seu tempo à aferição de
quantidades (mapeamento, controles, registros etc.). Essa condição não traz vantagem à Administração, fazendo
com que o fiscal deixe de dedicar-se a questões mais importantes envolvidas na execução do contrato. A
empreitada por preço global nessa situação é a mais adequada e a definição do objeto, com boa margem de
precisão para as quantidades que serão executadas, deve ser feita previamente. Esse regime exige que o projeto
tenha nível de informação suficiente para que o objeto seja claramente definido.
A conveniência de adoção do regime de empreitada por preço global diminui à medida que se eleva o nível de
incerteza sobre o objeto a ser contratado, pela eventual deficiência no projeto. O critério de medição, para esse
regime, será pelo percentual de cada serviço integrante das subetapas, etapas e parcelas, e que formarão o preço
da fase,  devendo tal critério estar claramente previsto no edital.
Esse questionamento não é impedido à contratada, devendo, porém, seguir determinadas regras, que são pacificadas pelas cortes de controle de contas, e
que serão objeto de estudo nos tópicos 4.3.1 e 4.3.2, a seguir.
As obras ou os serviços de engenharia contratados pela Administração e executados indiretamente, ou seja, quando o órgão
ou a entidade contrata serviços de terceiros, podem ser feitos por quatro regimes distintos: empreitada por preço global,
empreitada por preço unitário, tarefa e empreitada integral (BRASIL, 1993, art. 6º, inciso VIII, alíneas "a", "b", "d" e "e" ).
63
Em relação a esses dois regimes de contratação (empreitada por preços unitários e empreitada por preço global), deve-se ter o
cuidado de, adotando-se o segundo, não tornar a sua medição tão criteriosa a ponto de esse assemelhar-se ao regime do
primeiro. Assim, quando for demasiado o controle das quantidades feito pelo fiscal, com a sua contagem – e não pela aferição
por parâmetros percentuais –, o resultado é o surgimento da possibilidade de a contratada questionar todo e qualquer
quantitativo, além da desnecessária oneração da ação de controle do fiscal, com as consequências já descritas.
Serviço: é a identificação de cada uma das atividades construtivas necessárias à execução da obra, representado por linhas do orçamento sintético. 
Etapa: é o grupo de serviços de características afins, representada por linhas do orçamento sintético e do cronograma físico-financeiro. 
Subetapa: é a subdivisão de uma etapa em grupos menores de serviços, com maior semelhança. Parcela: é a fração de uma etapa ou subetapa
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4.3 Os aditivos de obra: o que deve ser observado?
4.3.1 Aditivos de obra: o que diz o Acórdão nº 1.977/2013 – TCU – Plenário?
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Identificar as premissas necessárias para a concessão de aditivos;
Entender os critérios para supressões e inclusões de itens ou escopos nos aditivos de obras.
Nas contratações da Administração Pública sob o regime de empreitada por preço global, mesmo sendo esse o regime em que o objeto é perfeitamente
definido, as solicitações de aditivos de quantitativos são prática corrente. É comum os contratos para execução de obras no serviço público, nesse regime de
contratação, chegarem ao seu final com a celebração de mais do que dois aditivos para quantitativos, respeitando-se os limites indicados no parágrafo 1º do
art. 65 da Lei nº 8.666/1993. Mas, se o regime de contratação de empreitada por preço global pressupõe a precisa definição do objeto, por que são
necessários os aditivos?
A sequência do referido acórdão classifica os dois motivos pelos quais há a possibilidade de celebração de aditivos em uma empreitada por preço global: as
alterações de projeto propostas pela Administração e as alterações de contrato decorrentes de erros no projeto, orçamento ou quantitativos. Para esse
último, há casos em que tais erros são de pequena monta, enquanto há outros em que os erros são relevantes. Dessa forma, o entendimento do TCU para o
primeiro caso está descrito abaixo:
A título de esclarecimento, os citados artigo, inciso e alínea da Lei n° 8.666/1993 tratam da contratação sob regime de empreitada por preço global. O
acórdão passa, então, a definir as possibilidades de celebração de aditivos para tal regime e a sua forma. Nessa condição, uma das regras citadas é que a
eventual imprecisão em algum quantitativo, alegada pela contratada, seja relevante dentro do empreendimento, devendo ser avaliada de acordo com a
metodologia da curva ABC, que será tratada no tópico seguinte.
A celebração do termo aditivo somente é possível se for mantido o desconto original ofertado sobre o orçamento-base da Administração pela vencedora da
licitação, e se o resultado da licitação não seja alterado caso os novos quantitativos fossem aplicados às demais propostas do certame licitatório.
Quanto às supressões e aos acréscimos, é importante destacar que não pode haver compensação entre as duas iniciativas. Vejamos o que diz o Acórdão nº
749/2010 – TCU – Plenário:
Assim, para esclarecer o entendimento do acórdão, tomemos como exemplo um contrato cujo valor original é R$ 100.000,00 e que teve supressões de 40% e
acréscimos de 25% (limite máximo permitido, em se tratado de uma obra). Embora o limite de 25% para acréscimo seja calculado sobre o valor original do
contrato (R$ 100.000,00), o que totaliza R$ 25.000,00, o novo valor do contrato não resulta em R$ 125.000,00, e sim em R$ 85.000,00, pois o acréscimo será
computado somente após a supressão pretendida.
O quadro abaixo resume a forma de cálculo:
Clique na imagem abaixo para ampliar
Essa regra consolida, portanto, a forma correta do cálculo do limite para aditivos, definindo que as supressões não devem ser consideradas no cálculo do
limite de 25%, no caso de uma obra.
executada no período de um mês. 
Fase: é o conjunto de diversas parcelas do cronograma físico-financeiro da obra, previstas para execução em um determinado mês, representada por
colunas do cronograma.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 1.977/2013 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2013.BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 749/2010 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2010.
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4.3.2 O uso da curva ABC como ferramenta de análise para a concessão de
aditivosde obras de edificações
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer a importância da elaboração da curva ABC para a análise da concessão de aditivos;
Reconhecer a importância da elaboração da curva ABC para que se evite o "jogo de planilha".
É de entendimento pacificado pelo TCU que a concessão de aditivos por alteração de quantitativos nas obras da construção civil seja precedida pela análise
da sua pertinência amparada no uso do método da curva ABC.
Para iniciar, é necessário compreendermos o conceito de curva ABC.
O método baseia-se no Princípio de Pareto, economista italiano do século XIX que observou que havia uma distribuição desigual da riqueza da Itália, em que
80% dessa riqueza estava nas mãos de apenas 20% da população. Também chamado de Princípio 80/20, sintetiza a ocorrência de um determinado fator
frente ao seu universo de amostras.
Exemplificando, o método observou que 80% de um dado problema é causado por apenas 20% de fatores. Atacando-se esse pequeno universo, resolve-se
grande parte das consequências.
Na década de 1940 esse princípio foi desenvolvido por Joseph Moses Juran, um economista romeno-americano, por meio da criação da curva ABC. Segundo
Carvalho (2002), a curva ABC é um método de classificação de informações, para que se separem os itens de maior importância ou impacto, os quais são
normalmente em menor número . O mesmo princípio pode ser aplicado às planilhas orçamentárias de obras, nas quais, teoricamente, 20% dos serviços
são responsáveis por 80% dos custos da obra.
A curva ABC ganha esse nome porque divide-se nas faixas A, B e C, em que a faixa A, com 20% dos itens de uma amostra, representa 80% do seu valor ou
importância. Abaixo a representação gráfica de uma curva ABC:
Clique na imagem abaixo para ampliar
Entendimentos do TCU  apontam para o uso dessa metodologia para a identificação dos itens para os quais se deve aprofundar a análise para a
concessão de aditivos para quantitativos. Conforme Campelo e Cavalcante (2014),
os itens mais relevantes do orçamento tendem a seguir a regra de Pareto: 20% dos serviços (ou insumos) correspondem a 80% dos custos. Por
isso, o método também é conhecido como “Curva 80-20”. Como se extrai de dezenas de julgados do TCU, as equipes de fiscalização, como
técnica de auditoria, em vez de avaliar toda a gama de serviços e insumos contratados, concentram seus esforços em 20% dos itens mais
relevantes da empreitada (CAMPELO; CAVALCANTE, 2014).
Dessa forma, a solicitação de aditivos por imprecisão de quantitativos pela contratada (por erro de quantitativos na planilha orçamentária) somente será
admitida para subestimativas ou superestimavas relevantes, assim consideradas aquelas imprecisões que ultrapassarem a margem de tolerância de 10%
 para cada item do orçamento que esteja situado na faixa A da metodologia ABC. Entende-se por faixa A da metodologia ABC a lista de serviços ordenados de
forma decrescente de valor, do maior para o menor, que, somados, representem 50% do valor total da obra, conforme orientações do TCU (BRASIL, 2012, p.
33, item I.2.3.1, subitem 113). Assim, a concessão de aditivos por imprecisão de quantitativos justifica-se apenas para aqueles itens que estejam na faixa A da
curva ABC e que tenham variação de quantitativo acima de 10%.
Importante aplicação da metodologia da curva ABC recai também sobre a eventual prática do “jogo de planilha”. Assim definido pelo TCU, o jogo de planilha é
a ocorrência de alterações quantitativas na planilha contratual, modificando o equilíbrio econômico-financeiro do contrato em desfavor da Administração,
com perda do desconto original (BRASIL, 2012, p. 126).
Para elucidar a questão, pode-se admitir que o jogo de planilha é a prática que consiste em oferecer o menor preço global na licitação, com a
expectativa de futuros aditivos. Dessa forma, a licitante percebe que há, no orçamento de referência da Administração, itens com quantitativos
subestimados e superestimados, deixando de fazer o devido alerta e questionamento à comissão de licitação, e, assim, oferta valores maiores para
os itens subestimados e valores menores para os itens superestimados. Celebrado o contrato, a vencedora da licitação propõe aditamento com
aumento do quantitativo dos itens subestimados e diminuição do quantitativo dos itens superestimados. Essa prática possibilita à contratada ganhos
indevidos, além de alterar o desconto oferecido no momento da licitação, configurando prática ilegal.
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A curva ABC, nesse caso, elaborada quando da análise da proposição do aditivo, pode detectar itens que venham a sofrer alteração de faixa (comparada ao
resultado da curva ABC do orçamento de referência da Administração elaborada previamente à licitação). Item que estivesse originalmente na faixa C, antes
da proposição do aditivo, que passou à faixa A após a sua proposição, configurará a possibilidade da ocorrência do jogo de planilha e deve ser tratado com
cautela.
CARVALHO, J. M. C. Logística. 3. ed. Lisboa: Edições Silabo, 2002.BRASIL. Tribunal de Contas da União. Acórdão nº 394/2007 – TCU – Plenário. Brasília: TCU, 2007.CAMPELO, V.; CAVALCANTE, R; J. Obras públicas: comentários à jurisprudência do TCU. 3. ed. Belo Horizonte: Editora Fórum, 2014.As alterações contratuais sob alegação de falhas ou omissões em qualquer das peças, orçamentos, pranchas de desenho, especificações, memoriais e
estudos técnicos preliminares do projeto não poderão ultrapassar, no seu conjunto, 10% do valor total do contrato, computando-se esse percentual
para verificação do limite do art. 65, parágrafo 1º, da Lei nº 8.666/1993.
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4.4 Acompanhando e recebendo a obra: a gestão de documentos
4.4.1 A apresentação da documentação técnica da obra: o Projeto Executivo
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer o papel do Projeto Executivo concomitante à obra;
Identificar a responsabilidade técnica pelo Projeto Executivo e o limite da sua interferência no Projeto Básico.
Lembre-se de que, no Módulo 1 deste curso, no tópico 1.1.4, foi feita a conceituação de Projeto Básico e Projeto Executivo, indicando as suas diferenças e
particularidades à luz da legislação de licitações, normas técnicas e resoluções dos conselhos profissionais relacionados ao tema.
Na Lei nº 8.666/1993, o Projeto Executivo é descrito no certame licitatório para a contratação de uma obra como uma das etapas integrantes do processo
(BRASIL, 1993, art. 7º, § 1º). O parágrafo 1º do art. 7º da referida lei determina cada uma das etapas que devem ser seguidas para a contratação de execução
de obras ou prestação de serviços, algumas dentro da fase licitatória. A ordenação das etapas está assim definida:
I. Projeto Básico;
II. Projeto Executivo;
III. Execução das obras e serviços.
Naquele parágrafo é determinado também que a execução de cada uma das etapas deve ser feita após a conclusão da etapa anterior, exceto a etapa de
Projeto Executivo, que pode ser executada concomitantemente com a etapa de obras ou serviços. Dessa condição extrai-se a conclusão à qual chegou Pereira
Jr. (2012):
Deduz-se que a Lei nº 8.666/93 não atribui ao Projeto Executivo a mesma obrigatoriedade com que trata o Projeto Básico [para a licitação],
tanto que admite, possa ser deixada a sua elaboração a cargo da contratada, no curso da execução do contrato. Vale dizer que a Administração
está obrigada a elaborar o Projeto Básico para instaurar a licitação ou para contratar diretamente obra ou serviço, mas não está obrigada a
elaborar o respectivo Projeto Executivo. O que não significa que a Lei Geral a este o tenha por prescindível (PEREIRA JR., 2012, p. 168-169, grifo
nosso).
Do conceito do Projeto Executivo,tomado a partir da Lei nº 8.666/1993, é possível inferir que esse não representa nada mais do que uma mera
complementação do Projeto Básico, possível de ser feita para o esclarecimento, em nível de detalhe técnico peculiar para algum elemento daquele Projeto
Básico para o qual ainda reste pequena dúvida. Por essa razão há a possibilidade de que o Projeto Executivo seja “desenvolvido” concomitantemente à obra.
Ora, veja que essas condições permitem a conclusão de que o Projeto Executivo, embora obrigatório, será desenvolvido somente com o intuito de trazer
esclarecimento para aqueles pontos pouco esclarecidos no Projeto Básico. Essa ao menos era a condição esperada para tal iniciativa.
O que se observa, no entanto, não é isso. Em grande parte dos processos licitatórios, os Projetos Básicos apresentados são elementos deficientes, com
informações incompletas e com grande falta de definições técnicas, muito embora a determinação da Lei das Licitações é de que o Projeto Básico é:
conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado, para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou
serviços objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técnica e o
adequado tratamento do impacto ambiental do empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a definição dos métodos e do
prazo de execução (...) (BRASIL, 1993).
Essa condição decorre de uma soma de fatores: a incapacidade técnica da licitante, o desconhecimento ou a pouca qualificação técnica dos integrantes da
comissão de licitação dentro do tema específico, o exíguo prazo do processo licitatório e, por fim, a crença de que, no Projeto Executivo, o processo será
completado, pela construtora, quando da execução da obra ou do serviço.
Essa situação desvaloriza o trabalho do projetista, remetendo à ideia de que as eventuais falhas de projeto serão resolvidas pela construtora, na execução do
objeto. Intensa atuação dos conselhos profissionais – CAU e Crea – tem sido feita para a valorização do projeto e, consequentemente, dos seus profissionais.
É importante lembrar que o Projeto Executivo concomitante à obra não pode alterar a intenção conceitual do Projeto Básico, o que, em última análise,
poderia ferir o direito autoral do projetista, podendo também trazer responsabilização ao gestor do contrato. Lembra-se também de que o Projeto Executivo
desenvolvido no momento da execução da obra deve vir acompanhado de ART (sistema Confea/Crea) ou de RRT (CAU/BR).
O que se vê em muitos casos, no entanto, é a indevida busca de soluções técnicas de projeto, pelo engenheiro ou arquiteto residente, no decorrer da
execução da obra, muitas vezes com a alteração da solução dada no Projeto Básico, embora essa solução realmente não seja a mais adequada. A alternativa
de exigência, por parte da Administração, de que a construtora intensifique a atuação no Projeto Executivo, sendo pela manutenção de profissional de
projeto no canteiro de obras ou pela contratação de profissionais ou empresas de projeto para o seu desenvolvimento, tem se mostrado insuficiente.
Ainda que tal exigência esteja refletida inclusive na planilha orçamentária, com destaque de item específico para Projetos Executivos, com valor significativo,
boa parte das contratadas prefere seguir o método errado, com a solução apressada, por meio das definições do profissional residente, ou o que é pior, do
mestre de obras, no momento da execução.
Para que se evitem situações como essas, algumas ações, já enfatizadas ao longo deste curso, podem ser tomadas:
1
2
3
4
Correta escolha da modalidade e do tipo de licitação para as licitações de contratação de projetos. Certamente, a modalidade pregão, do tipo menor preço,
não é a adequada.
Contínua qualificação dos servidores que atuam na área, integrantes das comissões de licitação que contratarão serviços de projeto.
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Inclusão, nos quadros de servidores, de profissionais com habilitação legal nas áreas de arquitetura e engenharia.
Licitação para a execução das obras somente a partir de um Projeto Executivo, alinhando-se às orientações dos
conselhos profissionais.
Atualmente está em discussão no Congresso Nacional a alteração da Lei das Licitações, com forte atuação dos
conselhos profissionais de engenharia e arquitetura para que a nova lei exija licitações amparadas somente em
Projetos Executivos. Essa condição, se confirmada, atenderia a um dos itens da lista acima. É necessário, no entanto,
mais do que isso. Deve-se tomar consciência, pela sociedade como um todo, da importância dos profissionais de
projeto para o avanço da construção civil e para o desenvolvimento da nação.
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4.4.2 A apresentação dos documentos de registro da obra: o projeto em as built,
ou “como construído”
Ao final deste tópico, o aluno será capaz de:
Reconhecer a importância do registro da obra em projeto as built e o momento certo de solicitá-lo;
Reconhecer as diferenças existentes entre o Projeto Executivo e o projeto de registro em as built.
Na execução de uma obra da construção civil, seja ela uma edificação, seja obra viária ou obra de infraestrutura, é situação comum, quando da sua execução,
a alteração de partes do projeto ou a sua complementação. No primeiro caso, as razões mais comuns são situações imprevistas que requeiram a troca da
solução definida pelo projetista. Como exemplo, pode-se citar a identificação de rocha no subsolo de uma escavação para fundações, obrigando a troca do
seu tipo.
Em outros casos, pode-se citar a alteração na legislação e nas normativas técnicas que exijam a modificação de partes do projeto no momento da execução
da obra. As complementações ocorrem quando o Projeto Básico não traz nível de informações suficientes para uma determinada instalação, por conta da
sua tecnologia ou do modelo de equipamentos que serão adotados na obra e definidos somente no momento da compra.
É situação comum quando são definidos os modelos dos equipamentos de um sistema de condicionamento de ar do tipo VRF, de acordo com a marca
escolhida pela contratada, em que cada uma tem a sua especificidade. Nessas situações a instaladora fornecerá o Projeto Executivo baseado na marca
específica, com a sua forma de arranjo, sua tecnologia e seus pré-requisitos.
Como se pode perceber, esses são casos especiais em que não há como elaborar o Projeto Executivo previamente à obra, por uma simples razão: o
impedimento legal de especificação de marcas no momento da licitação, para que o procedimento não resulte em restrição à competitividade no
certame licitatório. Na esfera pública, portanto, salvo se houver alterações nesse quesito legal, o Projeto Executivo continuará sendo uma prática
comum no decorrer da obra.
Há de se ter em mente, no entanto, que o Projeto Executivo concomitante à obra é instrumento para avaliação
de alternativa específica e instrumento de tomada de decisão quando da necessidade de esclarecimento de
dúvida técnica. Por essa razão, a sua elaboração deve ser feita com razoável antecedência ao prazo previsto para
a execução do seu objeto. Assim, essa iniciativa deve ser feita em momento tal que permita a sua confortável
finalização, o encaminhamento ao fiscal e a sua análise e avaliação antes mesmo da programação do serviço de
que trata o referido projeto.
O que se vê na prática, porém, é situação bem diferente. No ímpeto de executar os serviços, muitas vezes a
contratada idealiza a solução com algum registro em nível de Projeto Executivo, entregando-o no final da obra na
condição de "as built". Essa prática, nociva ao andamento do processo, tem duas consequências não aceitáveis:
prescinde-se da boa elaboração – e em momento oportuno – do Projeto Executivo, como instrumento da boa
prática de construção,e define-o como "as built" em momento extemporâneo, com os prejuízos daí advindos.
A possibilidade legal de elaboração de Projeto Executivo no curso do contrato não deve ser utilizada como pretexto para elaboração aligeirada do Projeto
Básico, como, infelizmente, tem sido. Tal atitude dá azo a que, no lugar de Projetos Executivos – idealmente, elaborados antes da execução –, sejam
elaborados projetos do tipo as built (como construído), ou seja, projetos que visam a justificar impropriedades que, por falta de projetos prévios, claros e
precisos, se perpetraram na execução e se incorporaram ao objeto realizado, sem planejamento, especificações e custos adequados (PEREIRA JR., 2012, p.
168-169).
O registro da execução da obra em nível de "as built", ou projeto as built, como é conhecido, tem a função de registrar a modificação sofrida pelo objeto
construído no momento da sua execução. Por essa razão, o registro deve ser feito tão logo a modificação se efetive, por meio de levantamento fotográfico,
croquis, esquemas gráficos etc., sempre com o acompanhamento do executor (mestre de obras ou instaladora) e sob a supervisão e a responsabilidade do
profissional residente da obra, engenheiro ou arquiteto.
Dada a sequência da obra, com um grande número de atividades por determinado período de tempo, é temerário confiar na memória do executor para que
se registre de forma definitiva a alteração, posteriormente à sua execução, ainda que se arquivem levantamentos fotográficos ou croquis e esquemas
gráficos.
Por essa razão, o registro em "as built" deve ser feito ao longo de todo o período da obra, para cada uma das atividades, desde a primeira movimentação de
terra, desde que haja, logicamente, alterações em relação ao que fora previsto no projeto. O registro em "as built", então, nada mais é do que um processo
normal de geração de documentação durante a obra, para o qual deve ser dada a mesma atenção que tem o controle da documentação de projeto.
Instrumentos para esse controle já foram descritos no tópico 4.1.2 deste módulo.
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Adotando-se tal prática, o profissional residente consegue ter o controle total das alterações, em tempo real, sem depender da (falível) memória do mestre
de obras, da instaladora ou mesmo da sua, e chegará ao final da obra com a fiel documentação de registro das alterações. Essa documentação, somada ao
necessário Manual de Uso e Operação, cuja apresentação é obrigatória pelo executor, conforme determina a ABNT NBR 14037:2014 para o caso de
edificações, garante a completa e confiável fonte de consultas futuras para o usuário quando das necessárias manutenções ao longo da vida útil da
edificação.
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Enceramento
Neste Módulo 4, o tema tratado – a obra e a sua execução – foi abordado com enfoque na atuação do fiscal. Muito
embora a construtora, como contratada, deva apresentar uma série de garantias e comprovações de capacidade
técnica no momento da licitação que a contratou, a intensa e contínua atuação do fiscal é que garantirá a correta
execução do objeto contratado e o seu recebimento nas condições pactuadas.
Dessa forma, desempenhada por profissional habilitado integrante do quadro do órgão, ou por fiscal não habilitado
nas áreas específicas, com assessoramento, a fiscalização será responsável pela qualidade final do objeto.

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