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G R U P O 7 - D A R L A C A G L I A R I , G A B R I E L E Z A N O T T I , K A M I L A P O L I N I , 
S t e f a n y b i s s i e t h a i s a s s i n i
 
INTERVENÇÕES 
PSICOLÓGICAS EM 
SITUAÇÃO DE CRISE
The foin
Psicologia Hospitalar
8 D E S E T E M B R O 
2 0 2 1
As diferentes respostas emocionais e a gravidade das repercussões durante e após a crise revelam a necessidade de aplicação de intervenções psicológicas capazes de 
restaurar a estabilidade afetiva e de estabelecer medidas de tratamento e de prevenção em saúde mental do paciente internado em hospital-geral.
ATUAÇÃO
01 / 04
A crise surge diante da quebra de equilíbrio do indivíduo, em um momento em que ele não consegue lidar de modo efetivo com a situação, gerando sintomas que são 
considerados indicadores clínicos das respostas à crise.
 O psicólogo Hospitalar tem a responsabilidade de gerar uma intervenção psicológica que atendam às 
demandas específicas de ambientes hospitalares diferenciados.
TÉCNICAS
01 / 04
Assim, as intervenções devem consistir em técnicas supressoras de ansiedades e angústias, favorecendo o 
desenvolvimento de um estado emocional mais tolerável e restaurando a estabilidade afetiva e as relações 
com o ambiente.
No hospital-geral, há indicações frequentes para atendimentos de pacientes e/ou familiares em situações como:
• crise depressiva reacional; •ansiedade pré ou pós-operatória; •diante de procedimentos invasivos; •adaptação a novas situações clínicas; •reação emocional 
diante de decisões de tratamento clínico; •reação aguda de luto de pacientes ou familiares.
TÉCNICAS
01 / 04
Entre as técnicas supressoras de ansiedade, encontram-se diferentes modalidades psicodinâmicas10 e de 
psicoterapia de apoio com utilização de técnicas cognitivo-comportamentais e de aprendizagem.
A escolha da intervenção psicológica deve ser fundamentada em uma avaliação inicial, que deve considerar as possíveis inter-relações entre as manifestações atuais do 
paciente.
CONTRAINDICAÇÕES
As contraindicações consistem em retardo 
mental severo, transtor- nos factícios, 
prejuízo de memória recente significativa, 
agressividade (oferecendo perigo ao 
terapeuta) e recusa do paciente em aderir 
ao tratamento.
•No segundo dia de internação na UTI, a enfermeira solicitou o auxílio da psicóloga para avaliar a possibilidade da permanência do familiar e para oferecer suporte a ele. 
•Segundo a enfermeira, apesar de o médico plantonista ter informado o prognóstico (possível morte encefálica), o marido parecia não compreender a gravidade do 
quadro. Apresentava-se ansioso, desejando permanecer ao lado da esposa e solicitando constantes cuidados a ela.
CASOS CLÍNICOS
•A enfermeira concordava com a solicitação do marido em permanecer ao lado da esposa, pois a paciente estava vivendo suas últimas horas, mas não acreditava que ele 
tivesse condições emocionais para permanecer na UTI. O marido foi entrevistado pela psicóloga, demonstrando um estado de ansiedade exacerbada, por ter entrado em 
contato com a realidade, mas mantendo-se ambivalente, esforçava-se para nega-la.
•A discussão inicial do caso com a equipe de saúde centrou-se na ambivalência apresentada pelo marido e nas formas com que a equipe poderia se organizar para 
contribuir com seu processo de adaptação à realidade da paciente.
•A primeira ação da psicóloga foi oferecer suporte à equipe e sugestões de condutas que pudessem auxiliar na assistência, minimizando o nível de angústia. Outra ação 
foi direcionada ao fornecimento de informações e ao acolhimento dessa família, por meio de uma reunião entre a equipe médica e os familiares.
•A partir dessas ações, a inserção da psicóloga caracterizou-se pelo suporte diário ao trabalho da equipe com o marido – que permaneceu dentro da UTI até́ a morte da 
paciente. Após 4 dias, a paciente faleceu.
•Dessa maneira, o psicólogo atuou como um mediador entre as necessidades da família e da equipe, gerando um ambiente propício aos cuidados necessários a todos em 
situação de crise.
1 - Paciente de 32 anos de 
idade, vítima de acidente 
automobilístico, com 
politrauma e em estado 
comatoso.
DIAGNÓSTICO 
DIFERENCIAL
O conhecimento da interface físico-psíquica envolvida no 
processo de adoecimento do paciente é de vital importância 
para que a intervenção psicológica seja efetiva. Dessa forma, a 
tarefa do psicólogo é compreender e conciliar as diferentes 
opiniões entre diversos sistemas conceituais de interpretação, 
sejam eles psicodinâmicos ou biológicos. 
A compreensão de diferentes saberes e a discussão em 
equipe multiprofissional, no contexto hospitalar, tornam-se 
fundamentais tanto para análise da situação quanto para 
seleção da técnica, do tipo de assistência e do 
acompanhamento na evolução do caso.
•Segundo informações da equipe, estava há ́mais de 1 semana com dores insuportáveis. 
•A enfermagem demandou uma avaliação psicológica, pois a paciente se queixava demais (solicitava a administração de analgésicos o tempo todo), recusando-se a cooperar com os 
procedimentos e com os cuidados de enfermagem, mesmo em vigência de analgesia.
•Na entrevista com a psicóloga, a paciente referiu-se às intensas dores que a impossibilitavam de suprir necessidades básicas, como comer e dormir, declarou também que se sentia 
pouco compreendida em suas queixas em relação à intensidade da dor.
•Em entrevista com familiares, foi mencionado que a paciente tinha histórico de baixo limiar para dores, mas não viam suas queixas atuais como desproporcionais ao que estava 
sentindo. Referiram-se também ao fato de a paciente não ter qualquer histórico de sintomas depressivos nem de ansiedade.
•Em revisão de prontuário, pode-se constatar que a sedação estava prescrita para ser administrada por demanda, ou seja, mediante a solicitação da paciente. A queixa da paciente 
centralizava-se na dor e nos cuidados necessários, sendo a solicitação para avaliação psicológica norteada por duas questões: a paciente estava sentindo as dores que referia ou as queixas 
eram de ordem emocional, como sugeria a própria equipe? Esses comportamentos eram derivados ou não de um quadro de estresse agudo?
•À psicóloga coube a tarefa de desfocar a questão da etiologia da dor – se física ou emocional – e direcioná-la à escuta da queixa da paciente, podendo contribuir para a compreensão de 
que a vivência da dor tinha caráter desadaptativo e havia sido desenvolvida, provavelmente, pela contínua experiência de “sentir dor”.
•Assim, a equipe medica e de enfermagem pôde modificar o plano de cuidado de maneira que permitisse uma analgesia contínua. Nos dias que se seguiram, observou-se que a paciente 
apresentou bem-estar, mostrando-se colaborativa aos cuidados oferecidos pela enfermagem, restabelecendo o vínculo de confiança com a equipe.
•Dessa forma, a sugestão para a avaliação psicológica da paciente não somente contribuiu para o fortalecimento e a manutenção de vínculo de confiança entre equipe e paciente como 
também favoreceu a elaboração de um diagnóstico clínico diferencial, o qual otimizou o tratamento em questão.
CASOS CLÍNICOS
2- Paciente de 64 anos de idade 
estava internada na unidade semi-
intensiva em decorrência de um 
acidente automobilístico, com 
fraturas de membros superiores e 
costelas. 
ATENDIMENTO PSICOLÓGICO DE APOIO E MANEJO 
AMBIENTAL
A psicoterapia de apoio é largamente utilizada em instituições de saúde e em consultórios privados.
Durante muito tempo, foi considerada uma psicoterapia superficial e ineficaz na produção de mudanças de 
personalidade, para a qual eram encaminhados pacientes sem condições de se beneficiarem das formas mais 
“elaboradas” de tratamento.
Outra concepção errônea estava baseada na consideração de que a psicoterapia de apoio era uma forma simples de 
terapia, exigindo menos preparo do terapeuta.
Trata-se de um equívoco, pois são encaminhados à psicoterapia de apoio os pacientes comprometidos e com 
psicopatologias ou estados emocionaisgraves, exigindo dos profissionais um enorme preparo teórico e o 
conhecimento de técnicas passíveis de aplicação em pacientes graves.
Além de ser indicada para pacientes graves, a psicoterapia de apoio também pode ser indicada para aqueles com 
bom nível de funcionamento psíquico prévio e em situações de crise aguda de qualquer natureza.
Os objetivos da psicoterapia de apoio são:
•promover uma relação paciente-terapeuta positiva e de apoio;
•reforçar aspectos sadios do paciente, suas habilidades e capacidades;
•reduzir o desconforto subjetivo e o comportamental disfuncional (sintomas);
•auxiliar o paciente na independência e na autonomia, quando estiver em estados de fragilidade egóica ou for caso psiquiátrico.
As necessidades dos pacientes, dos familiares e da equipe mudam a cada momento do tratamento hospitalar, o que provoca novos 
períodos de instabilidades e de adaptações, desencadeados por mudança de medicação, novo exame, troca de unidade, troca de 
enfermeira, entre outros motivos. Portanto, as intervenções em contexto hospitalar consistem na ação diretamente voltada ao 
paciente, bem como ao manejo assistencial e ambiental, o que torna o trabalho do psicólogo muito mais abrangente.
Foi solicitado uma avaliação psicológica pela enfermeira pois o paciente chorava o tempo todo durante os procedimentos, não se alimentava, e apresentava dificuldade ao dormir.
●Na entrevista, o paciente mencionou necessidade de ajuda, sentia-se perdido, e estava sofrendo por pensar na ameaça da perda da condição física, independência, de suas atividades, 
da autonomia para se locomover, diminuição da condição econômica e social. 
●A avaliação psicológica foca no problema atual, a análise das condições emocionais do paciente em se restabelecer da crise, e investigação do suporte familiar e social
●Foi indicada psicoterapia de apoio para o momento de crise, com o objetivo de promover o desenvolvimento de estados emocionais mais adaptativos.
●O psicólogo promoveu outras ações, a família foi orientada a restringir as visitas e a minimizar as situações de exposição do paciente a problemas econômicos e sociais. Foi solicitado 
à equipe de enfermagem, que auxiliasse o paciente a participar ativamente de sua rotina, promovendo maior independência e maior autocontrole, evitando infantilizá-lo.
●As técnicas de relaxamento favorecem o bem-estar e a melhoria do estado emocional do paciente que se encontra em situação de estresse prolongado ou de crise.
●A utilização de técnicas complementares na assistência psicológica a pacientes em crise cumpre o ob- jetivo de promover suporte e de propiciar condições para uma adaptação mais 
rápida, por meio de um vínculo de confiança e de conforto.
CASOS CLÍNICOS
●Paciente de 68 anos de idade 
apresentava metástase ganglionar 
e realizava tratamento de 
radioterapia, internado em 
unidade semi-intensiva para 
tratamento de infecção 
respiratória.
A equipe médica solicitou a presença da psicóloga, pois a paciente estava ansiosa, e se queixava em relação a dores e sem perspectiva de sair da UTI nas 24 horas seguintes
●Em entrevista, a paciente relatou sua dificuldade em permanecer na UTI, estar em um leito sem poder mudar de posição a intensa rotina dos cuidados que interrompia o sono.Falou 
também dos outros pacientes agitados, principalmente no período noturno; o barulho dos aparelhos ligados ao próprio corpo. Mencionava muitas dores e estava assustada, sentindo-se 
sozinha, com medo e vulnerável.
Pelas dificuldades mencionadas, a paciente apresentava problemas para controle da dor. Essa situação aguda, a tensão, as dores no corpo e a privação do sono estavam gerando um estado 
de enorme desconforto que dificultava a aproximação da família e da equipe das reais necessidades da paciente.
●A psicóloga foi realizar o exercício de relaxamento com a paciente. A técnica autógena de J. H. Schultz, com o objetivo de promover a minimização da ansiedade e o alívio dos 
desconfortos. Após a aplicação do exercício, a paciente dormiu por um período de 2 horas, acordando mais relaxada e agradecida.
●A técnica de relaxamento serviu como um instrumento valioso para a aproximação da paciente com seu mundo interno. À psicóloga foram transferidos bons conteúdos, que 
possibilitaram o sentimento de segurança e fortaleceram o vínculo com a equipe, potencializando a tolerância ao ambiente e as exigências de sua internação.
CASOS CLÍNICOS
●Paciente de 56 anos de idade, 
casada, mãe de três filhos, 
encontrava-se há 5 dias na UTI, 
após diagnóstico de hepatite 
fulminante e uma cirurgia para 
transplante de fígado. 
Internada na UTI por recente diagnóstico de câncer hepático e com dificuldades respiratórias; 
Chamou a psicóloga pois se recusava a se submeter ao procedimento de colocação do tubo endotraqueal (intubação). 
A paciente demonstrava grande agitação e ansiedade, falta de ar, sensação de cada vez se sentir mais intensa de se sentir sufocada e disse que não sabia o resultado do exame da cirurgia.
A psicóloga propôs a técnica de respiração em conjunto para controlar a ansiedade; 
Verbalizou a o medo da morte e da perda da vida e da filha, que a impedia de deixar que a equipe realizasse o procedimento; 
A psicóloga perguntou o que de bom ela desejaria manter internamente e o que trazia como referência de sagrado (valioso); 
Foi proposto a técnica de imaginação ativa; 
Após 10 dias, começaram a retirar a sedação e a medida que ia ficando consciente foi onde começaram a retirar o tubo; 
CASOS CLÍNICOS
Paciente de 38 anos, casada e com 
uma filha de 3 anos
A imaginação ativa, pode, ser utilizada como instrumento de resgate do que é sagrado ao paciente. 
“Assim, declarar um lugar sagrado é colocá-lo à parte... Qualificar um rito, uma experiencia, uma forma de tocar ou olhar alguém como sagrado, é reconhecer-lhes uma 
dimensão, uma profundidade, uma intimidade que, precisamente, não podem ser aprendidas. Essa intimidade do sagrado que liga sempre aquele que experimenta em 
sua própria intimidade deve ser infinitamente respeitada.” 
INTERVENÇÃO FAMILIAR
O suporte familiar é de fundamental importância no auxílio ao paciente enfermo em situações de adoecimento e de risco. 
No ambiente hospitalar a informação, a falta de segurança e a ansiedade são apontadas como fatores que interferem na organização familiar e no enfrentamento da 
situação. 
CASOS CLÍNICOS
Paciente de 38 anos, casada e com 
uma filha de 3 anos
A família solicitou uma consulta com a psicóloga; 
•Para que auxiliasse na comunicação com a equipe médica; 
•Houve 2 intervenções com o grupo familiar e 1 para avaliação do resultado de intervenção; 
A intervenção teve com objetivo oferecer um ambiente de continência; 
•Se expressar; 
•Construir opiniões;
•Planejar futuras ações. 
O psicólogo serviu nesse caso de catalisador e mediador das relações familiares propiciando um ambiente favorável a elaboração de um luto que era feita anteriormente 
era algo disfuncional e desorganizada. 
CASOS CLÍNICOS
Paciente de 79 anos; 
Doença pulmonar obstrutiva 
crônica; 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
I-É preciso que o psicoterapeuta, o psicólogo clínico, tenha um conhecimento dos vários fatores 
que influenciam o psiquismo. 
-Não é possível imaginar que as dificuldades, os sofrimentos humanos, sejam simplesmente 
redutíveis a um único fator.
 As intervenções em situação de crise exigem muita habilidade dos 
psicoterapeutas em utilizar diferentes elementos advindos de diferentes escolas 
teóricas.
- Infelizmente, muitas vezes, os psicólogos ficam alienados e encastelados em sua abordagem. 
-Nenhuma abordagem atualmente dá conta da complexidade do campo. 
-E pior: além de não terem uma visão do conjunto do campo, deixam de conhecer as limitações da 
sua própria abordagem e não sabem de importantes instrumentos por vezes disponíveis em outra 
abordagem.
Um estudante de psicologia deveria saber compor um caso clínico, destrinchar 
os principais fatores em jogo e considerar aspectos comoa linguagem, a 
cultura, a aprendizagem, a psicogenética, fatores orgânicos, conhecimentos 
básicos de psicologia social e psicologia do desenvolvimento, entre outros.

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