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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ANGELO MENDES VALENTE CARLA RODRIGUES PASCOAL JULIA LACERDA LEITE PASSOS RIBEIRO A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO INCENTIVO AO AUTOCUIDADO EM PACIENTES COLOSTOMIZADOS MACAÉ 2012 ANGELO MENDES VALENTE CARLA RODRIGUES PASCOAL JULIA LACERDA LEITE PASSOS RIBEIRO A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO INCENTIVO AO AUTOCUIDADO EM PACIENTES COLOSTOMIZADOS Trabalho de Conclusão do Curso de enfermagem apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção de nota. Docente: Profª Ms. Daniela Bastos Silveira. MACAÉ 2012 ANGELO MENDES VALENTE CARLA RODRIGUES PASCOAL JULIA LACERDA LEITE PASSOS RIBEIRO A ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO INCENTIVO AO AUTOCUIDADO EM PACIENTES COLOSTOMIZADOS Trabalho de Conclusão do Curso de enfermagem apresentado à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para obtenção de nota. Docente: Profª Ms. Daniela Bastos Silveira BANCA AVALIADORA ____________________________________________ Ms.Prof. Daniela Bastos Silveira Universidade Estácio de Sá __________________________________________ Ms.Prof. Silvana Rodrigues Universidade Estácio de Sá __________________________________________ Ms. Prof. Michele Barbosa Universidade Estácio de Sá Sem sonhos, a vida é uma manhã sem orvalhos, um céu sem estrelas, um oceano sem ondas, uma vida sem aventuras, uma existência sem sentido. Augusto Cury AGRADECIMENTOS Primeiro a Deus, pois nada seríamos sem a fé que temos nele. À professora Silvana Rodrigues, que nos incentivou ao tema e foi o palco de nossa motivação. À professora Daniela Bastos Silveira, por toda a atenção dispensada na orientação deste trabalho. Às nossas famílias pelo apoio e compreensão que reforçam a estrutura emocional e incentivam a perseverança necessária à vitória. Aos colegas que se empenharam e dedicaram tempo e esforço na confecção deste trabalho, muitas vezes deixando de atender à necessidades outras em prol de um compromisso acadêmico, buscando qualidade e excelência. RESUMO O presente estudo tem como linha de pesquisa o cuidar no processo saúde- doença e área predominante enfermagem em saúde coletiva, traz como tema A atuação do enfermeiro no incentivo ao autocuidado em pacientes colostomizados e traz como objeto de estudo, a colostomia. O que motivou o grupo a elaborar a construção deste trabalho foi a visita ao programa Pólo1-Macaé de Atenção a Clientes Ostomizados, onde foi observada a necessidade de um tratamento diferenciado a esses usuários, que possuem pouca ou nenhuma informação de sua nova condição após um procedimento cirúrgico de ostomia. Trazemos como problemática: Que ações podem ser desenvolvidas pelo enfermeiro frente ao pouco conhecimento do autocuidado nesses clientes? Como amenizar o sofrimento psicológico desses clientes que enfrentaram e/ou ainda enfrentarão o procedimento da colostomia? A pesquisa traz como objetivos: descrever o sentimento do cliente em relação à colostomia; Identificar que ações podem ser desenvolvidas pelo enfermeiro para orientar os clientes colostomizados a realizarem o autocuidado; e desenvolver um fluxograma para o atendimento do paciente colostomizado. Optamos pela seguinte metodologia: abordagem de natureza qualitativa; método descritivo e do tipo bibliográfica, baseados nas metodologias descritas por Triviños (1987) e Minayo (2003). Utilizamos como cenário as bibliotecas privadas e públicas do Município de Macaé e os sujeitos foram fontes como livros, artigos científicos de revistas especializadas, monografias, dissertações, entre outros. A revisão de literatura foi respaldada por diversos teóricos, entre eles: Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos (2000), Isabel Umbelina Ribeiro Cesaretti (2010), Adriana de Paula Congro Michelone (2004), entre outros. A análise de dados aponta que existe um enorme transtorno psicológico nos pacientes portadores de colostomias e a necessidade do ensino do autocuidado é algo real, que pode promover a independência e recuperação da auto-estima, proporcionando aumento de sua qualidade de vida. Observamos, também, a necessidade de investimento em profissionais e em pesquisas nesta área, para a formação de enfermeiros qualificados técnica e pedagogicamente. Assim, concluímos que o trabalho do enfermeiro divide-se em duas vertentes que são: o cuidar e o ensinar, e que para se cumprir tal missão se faz necessário a busca contínua pelo conhecimento e a difícil capacidade de se colocar no lugar do próximo, entendendo suas limitações e sentimentos. Palavras-chave: Colostomia. Autocuidado. Cuidados de enfermagem. ABSTRACT The present study is driven by the research in the health-care disease and predominant area in public health nursing, brings the theme The role of nurses in encouraging self-care in patients colostomized and brings the object of study, the colostomy. What motivated the group to draw up the construction of this work was the visit to the program Polo1-Macaé Customer Care Ostomy, where we observed the need for a differentiated treatment to those users who have little or no information of his new condition after a surgical procedure ostomy. We bring as problematic: What actions can be performed by nurses to low awareness of these self-care clients? How to alleviate the psychological distress of those clients with the situation of colostomy? The research has as objectives: describe the feeling of the client in relation to colostomy; Identify what actions can be performed by nurses to guide customers to perform self-care ostomates and develop a flowchart to guide patient care colostomy. We chose the following methodology: a qualitative approach, descriptive method and the type literature, based methodology described by Triviños (1987) and Minayo (2003). Used as a setting private and public libraries in the city of Macae and subjects were sources such as books, scientific articles from specialized journals, monographs, dissertations, among others. The literature review was supported by several theorists, including: Vera Lúcia Conceição de Gouveia Santos (2000), Isabel Ribeiro Umbelina Cesaretti (2010), Adriana Paula Michelon Conger (2004), among others. The data analysis shows that there is a huge psychological disorder in patients with colostomies and necessity of teaching self-care is something real that can promote independence and recovery of self-esteem, providing increased quality of life. We also noted the need for investment professionals and research in this area, to train qualified nurses technically and pedagogically. So, we conclude that the nurse work is divided into two parts which are: the care and teaching, and to fulfil this mission is necessary the continuous search for knowledge and capacity to put yourself in the next, understanding their limitations and feelings. Keywords: Colostomy. Self-care. Nursing care. SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 2. METODOLOGIA ..................................................................................... 3. REVISÃO DE LITERATURA .................................................................. 3.1. O SISTEMA DIGESTIVO HUMANO E AS OSTOMIAS ........................... 3.2. O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DA COLOSTOMIA ........................... 3.3. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA COLOSTOMIA ................................. 3.3.1. A questão sexual ................................................................................... 3.4. AÇÕES DA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COLOSTOMIZADO ................................................................................. 3.4.1. Sistematização da assistência de enfermagem ................................ 3.5. A QUESTÃO DO AUTOCUIDADO .......................................................... 3.5.1. Orientação para o autocuidado ........................................................... 3.6. PROPOSTA DE INTEGRAÇÃO DA REDE DE SAÚDE NOATENDIMENTO AO USUÁRIO COLOSTOMIZADO .............................. 4. ANÁLISE DE DADOS ............................................................................. 5. CONCLUSÃO .......................................................................................... REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 8 12 14 14 15 19 22 24 28 31 32 38 41 43 8 1. INTRODUÇÃO Este estudo est inserido na linha de pesquisa o Cuidar no Processo Sade- doena e na área predominante Enfermagem em sade coletiva. Tem como tema: A atuao do enfermeiro no incentivo ao autocuidado em pacientes colostomizados e traz como objeto de estudo, a colostomia. A motivação para realizar essa pesquisa se deu quando ramos acad micos do 6 perodo do curso de Enfermagem, de uma conceituada universidade privada, do municpio de Maca. Surgiu a partir da visita ao programa Plo1-Maca de Ateno a Clientes Ostomizados, onde foi observada a necessidade de um tratamento diferenciado a esses usurios, que possuem pouca ou nenhuma informao de sua nova condio aps um procedimento cirrgico de ostomia. Essa motivao foi reforada ao ouvirmos alguns relatos de pacientes do programa, que muito nos emocionaram, tais como: Graas a Deus que temos o Barraco e a Dr Silvana para dar as bolsas pra ns. (J.S.F.) No consigo mais trabalhar, fiquei depressivo e agora que to me recuperando. (M.L.) T muito satisfeito com o atendimento e aprendi bastante com tudo que passei aqui. (P.R.M.) Diante dessa experi ncia, resolvemos abordar a colostomia e, especificamente, a importncia do aprendizado do autocuidado, que far parte da rotina da pessoa submetida esse procedimento. A palavra estoma grega e significa “abertura”, “boca” ou “orifcio” (PAULA et al, 2009) e, assim, ostomia uma abertura na pele permitindo o contato de uma estrutura interna do corpo com o meio externo (BRUNNER E SUDDARTH, 2009). Na medicina, conhecemos algumas ostomias como a traqueostomia, gastrostomia, colostomia, entre outras. Vemos, na historia, de acordo com relatos de Bechara et al (2005), que o primeiro estoma bem sucedido foi realizado em uma criana com nus imperfurado em 1793 e, em 1883, foi realizada uma colostomia para o tratamento combinado de cncer retal. Neste trabalho, abordaremos a colostomia, que, segundo Medeiros (1991) apud Nosella (2006) a ligao do intestino ao meio externo por uma abertura na parede abdominal. A colostomia consiste em um procedimento cirrgico que tem por 9 finalidade promover uma saída alternativa das excretas do intestino após a utilização do alimento e formação do bolo fecal. Essa abertura cirúrgica realizada na parede abdominal permite que uma porção do intestino seja levada até a pele, exteriorizando-se por ela. Esta comunicação leva as fezes diretamente, pela área exposta, para fora do corpo, evitando a passagem de fezes pela porção doente ou lesionada do intestino. O trato gastrointestinal consiste de várias estruturas que serão descritas mais adiante, sendo os intestinos, parte dessas estruturas. Assim, o intestino grosso ou grande intestino é o foco de nosso estudo e consiste dos cólons (ascendente, transverso, descendente e sigmóide); reto e finalizando-se no ânus. É nessa estrutura que a colostomia é realizada e esta pode ser temporária ou definitiva de acordo com o objetivo do tratamento e o grau de lesão das estruturas (BRUNNER E SUDDARTH, 2009). Colostomias são indicadas no tratamento de diversas doenças como diverticulite, doença inflamatória intestinal, anomalias congênitas, entre outras, tendo sua criação comum também nos casos de tumores colorretais (BECHARA et al 2005). A colostomia afeta diretamente a vida da pessoa submetida a esse procedimento, seja na relação com outras pessoas, seja, até mesmo, na sua relação consigo mesma, alterando sua imagem corporal e proporcionando um grau inicial de rejeição devido à essa distorção da imagem e pela nova rotina de vida. Casos relatados na literatura (CESARETTI; SANTOS, 2010) demonstram que o sentimento de diferença e a timidez por conta da ostomia são bem freqüentes, o que causa dificuldade no relacionamento social e no cultivo de novas amizades. Segundo esses mesmos autores, pessoas colostomizadas enfrentam a perda do controle e eliminação de fezes e gases, contribuindo para o receio desse relacionamento. A parte afetiva fica prejudicada pela conseqüente idéia de inferioridade e da imagem corporal distorcida pela presença do estoma, acompanhado da bolsa coletora. A baixa auto-estima contribui para todo esse conjunto de sentimentos negativos proporcionando episódios de depressão e, muitas vezes, pensamentos suicidas. Cesaretti (2009) menciona o fato da dificuldade dos pacientes em compreender a cirurgia realizada e relata que o déficit de conhecimento aparece quando eles se deparam com uma parte de seu intestino exteriorizada pelo abdome. 10 A autora também relata que tanto os pacientes quanto os familiares buscam informações para enfrentar o desconhecido. Em face ao exposto, levantamos os seguintes problemas de pesquisa: Que ações podem ser desenvolvidas pelo enfermeiro frente ao pouco conhecimento do autocuidado nesses clientes? Como amenizar o sofrimento psicológico desses clientes que enfrentaram o procedimento da colostomia, bem como de seus familiares? Nesse sentido, colocamos como objetivos: descrever o sentimento do cliente em relação à colostomia; identificar que ações podem ser desenvolvidas pelo enfermeiro para orientar os clientes colostomizados a realizarem o autocuidado; e desenvolver um fluxograma para o atendimento do paciente colostomizado. JUSTIFICATIVA De acordo com a Associação Brasileira de Ostomizados (ABRASO), no estado do Rio de Janeiro existem, atualmente, cerca de 8 mil ostomizados. Os pacientes submetidos a esse procedimento tão delicado, que altera a rotina e toda a vida dos mesmos, enfrentam uma grande dificuldade em aceitar a nova condição de ostomizados e o déficit de informações sobre o cuidado com o estoma agrava ainda mais essa dificuldade. Nesse aspecto, se faz necessária uma atenção especial por parte do enfermeiro no pré e pós-operatório e cuidado domiciliar, com o objetivo de orientar esse paciente sobre sua nova condição de vida, reduzir todas as suas dúvidas e questionamentos, bem como orientar quanto ao autocuidado na realização das trocas das bolsas e o cuidado com seu estoma. A implementação de ações educativas e de um programa de orientação nos períodos operatórios ou mesmo de pacientes já operados que ainda não tem um conhecimento mais detalhado de sua condição pode proporcionar um maior conforto físico e psicológico a essas pessoas em sua vida diária, justificando, assim, a elaboração deste estudo. 11 RELEVNCIA SOCIAL Vivemos em um mundo onde as caractersticas fsicas fora do “padro da normalidade” de uma pessoa chamam a ateno de forma negativa e psicologicamente agressiva. Uma pessoa que passa por um procedimento invasivo como a colostomia, que deixa uma alterao fsica incmoda, que exige constante ateno e com caractersticas peculiares de manuteno, sente-se extremamente inibida no convvio social, enfrentando episdios depressivos e at mesmo de isolamento. Nesse aspecto, este estudo apresenta importante relevncia social quando se faz por instrumento de informao e orientao, tanto ao cliente quanto sociedade e at mesmo aos profissionais de sade que no t m uma viv ncia prxima s ostomias, no intuito de minimizar sentimentos negativos do paciente e abolir quaisquer tipos de preconceitos da sociedade. RELEVNCIA ACADMICA A estomaterapia uma especialidade da Enfermagem, pouco difundida e que tem muito campo de conhecimento a ser explorado onde ainda existem poucas informaes a respeito. A importncia deste trabalho para o meio acad mico se d na divulgao de informaes tcnicasaos colegas acad micos de enfermagem, sobre o tratamento por e para ostomias, em especfico a colostomia, bem como os cuidados de enfermagem ao paciente colostomizado e orientao ao autocuidado, uma vez que a disciplina que aborda a estomaterapia na graduao nem sempre obrigatria e muitos deixaro de ter contato com tal assunto. 12 2. METODOLOGIA Buscando fundamentar a atuao do enfermeiro na prestao de cuidado ao paciente colostomizado, realizamos um estudo com respaldo na abordagem qualitativa, por permitir qualificaes dos dados e subjetividade dos pesquisadores e no apenas informaes sistemticas e exatas, baseadas em critrios numricos (MINAYO, 2003); mtodo descritivo, porque visa descrever as caractersticas desta populao e relacion-las (TRIVIOS, 1987); e do tipo bibliogrfica, porque foi produzida a partir de material j publicado (GIL, 2002). Em relao natureza da pesquisa, Minayo (2003) menciona que “a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das aes e relaes humanas”. Sendo assim, nesta pesquisa, ao descrever o desenvolvimento de atividades do enfermeiro, torna-se relevante explicar o significado de suas aes, pois cada ao ou omisso deste profissional, relativa ao tratamento do paciente, ter inmeras implicaes. Utilizamos o mtodo descritivo, sobre o qual Trivios (1987) afirma: “o estudo descritivo pretende descrever com exatido os fatos e fenmenos de determinada realidade”. Rudio (1978) nos ensina que na pesquisa descritiva, o pesquisador procura conhecer e interpretar a realidade sem nela interferir para modific-la. Ainda de acordo com Rudio, a pesquisa descritiva pode aparecer sob diversas formas e uma delas a pesquisa para análise de trabalho, a fim de identificar defici ncias, elaborar programas de capacitao, distribuir tarefas, determinar normas, etc. Em vista disso, este trabalho est de acordo com os fatos relacionados ao limitado conhecimento do autocuidado do cliente colostomizado, demonstrando que se faz importante a atuao do enfermeiro no incentivo e na elaborao de planos de assist ncia e capacitao ao autocuidado desse cliente. Quanto aos procedimentos tcnicos, ser abordada a pesquisa bibliogrfica a partir de refer ncias conceituais. De acordo com Gil (2002), a principal vantagem da pesquisa bibliogrfica reside no fato de permitir ao investigador uma cobertura muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. A leitura e anlise das refer ncias encontradas sobre o tema do estudo permitem um envolvimento maior com o assunto, tendo-se assim uma base consistente para o desenvolvimento do raciocnio frente ao que se prope estudar. Logo, esta pesquisa utilizou acervos bibliogrficos, pois se apia em conhecimentos previamente adquiridos sobre o 13 assunto, com busca de informações em referências como livros, artigos e revistas científicas (GIL, 2002). O cenário desta pesquisa foram bibliotecas públicas e privadas do município de Macaé, bem como as instalações do programa Pólo 1-Macaé de Atenção a Clientes Ostomizados. Os sujeitos foram fontes tais como livros, artigos científicos de revistas especializadas, monografias, dissertações entre outras. A análise de dados foi baseada nos autores que respaldaram a construção da revisão de literatura. 14 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. O SISTEMA DIGESTIVO HUMANO E AS OSTOMIAS O trato gastrointestinal (GI) um tubo contnuo que se estende da boca at o nus. Os rgos do trato GI incluem a boca, a faringe, o esfago, o estmago, o intestino delgado e o intestino grosso. Os rgos acessrios da digesto incluem os dentes, a lngua, as glndulas salivares, o fgado, a vescula biliar e o pncreas (ESTCIO ENSINO SUPERIOR, 2008). Fonte: Sobotta – Atlas de Anatomia Humana, pg 14 O objeto de nosso estudo – a colostomia est diretamente ligado a uma parte especfica do trato GI, que so os intestinos e, por isso, nos deteremos mais nesta parte. O intestino delgado o local da digesto e absoro e composto pelo duodeno, pelo jejuno e pelo leo, que o segmento mais longo. J o intestino grosso tem o ceco como a primeira poro. O clon, que o segmento seguinte, se subdivide em ascendente, transverso, descendente e sigmide. Em seguida, vem o 15 reto e o ânus (AIRES, 1999). Ainda de acordo com Aires (1999), algumas das principais funções do intestino grosso são a absorção de água e íons, principalmente sódio; produção de muco para lubrificação das fezes; regulação do volume e composição das fezes e seu armazenamento; e participação na regulação do potássio no organismo. Quando existe uma incapacidade do trato gastrointestinal, especificamente a porção intestinal, de realizar sua função de excreção, uma ostomia nessa região pode ser necessária. Bechara et al (2005) cita algumas doenças onde está indicada a realização de uma ostomia intestinal. Entre elas estão a diverticulite, doença inflamatória intestinal, incontinência anal, trauma, megacólon, anomalias congênitas, colites e retites actínicas e câncer. Além das causas de doenças, Rocha (2011) relata as causas traumáticas como a penetração por arma branca e arma de fogo. As ostomias intestinais para eliminações compreendem a ileostomia e a colostomia. Uma ileostomia é a confecção do estoma no íleo (ATKINSON; MURRAY, 1989) e sua realização elimina a capacidade do sistema intestinal de reabsorver líquidos, o que torna sua drenagem profusa e aquosa (PHIPPS; SANDS; MAREK, 2003). De acordo com estes mesmos autores, existem diferentes tipos de ileostomias e cada uma possui características peculiares de acordo com a indicação e o procedimento adotado. Uma colostomia é a confecção do estoma a partir do cólon e pode ser temporária ou permanente (ATKINSON; MURRAY, 1989). Segundo Phipps, Sands e Marek (2003), as colostomias podem ser: ascendente, do transverso, descendente e sigmóidea. Cada uma com suas características específicas no que diz respeito às eliminações. 3.2. O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DA COLOSTOMIA A colostomia é uma ligação feita entre o intestino e a pele através de uma abertura cirúrgica na parede abdominal (MEDEIROS, 1991), assim como, de acordo com Benedini (1993) apud Reveles (2005), a colostomia é um procedimento 16 cirrgico onde realizada uma abertura artificial entre o intestino e a parede abdominal para passagem do contedo intestinal. Na cirurgia, parte do intestino exteriorizada no abdome e a outra parte tem a “boca” fechada por sutura. De acordo com Brunner & Suddarth (2009), o estoma deve ser avaliado novamente tr s semanas aps a cirurgia, quando diminui o edema e o formato estvel alcanado em torno de tr s meses. Como vimos, uma colostomia a criao cirrgica de uma abertura no clon. Ela pode ser criada como um desvio fecal temporrio ou permanente, que possibilita a drenagem do contedo intestinal para fora do corpo (BRUNNER & SUDDARTH, 2009) e a consist ncia das fezes varia de acordo com a poro do intestino onde a cirurgia for realizada (BARBUTTI et al, 2008). Uma colostomia realizada no clon ascendente (D) a menos comum, segundo Phipps, Sands e Marek (2003) e, pela proximidade com o leo, suas eliminaes so liquefeitas ou pastosas. A realizada no clon transverso (C) geralmente temporria e as fezes so pastosas ou semi-slidas. A colostomia do clon descendente (B) a mais comum e as fezes so semi-slidas e a realizada no clon sigmide (A), por ser bem prxima ao reto, tem suas eliminaes slidas. Fonte: Brunner & Suddarth’s textbook of medical-surgical nursing. pag. 1061 17 Segundo Bechara et al (2005), existem cinco finalidades para a colostomia: 1) desviar o trânsito intestinal em casos de traumas anorretais ou em lesões inflamatórias; 2) descomprimir o cólon devido à obstrução intestinal baixa; 3) para realizar amputação do reto, devido atumores; 4) proteger anastomoses após ressecções colorretais; e 5) aliviar a passagem em casos de retites com estenose ou fístulas. As colostomias intestinais são consideradas temporárias quando se faz necessário desviar o trânsito intestinal para reparação de um segmento lesado (por arma de fogo ou faca, por exemplo) ou preparação de anastomoses e, definitivas se o procedimento visa substituir a função do ânus, como, por exemplo, nos casos de tratamento cirúrgico do câncer de reto (SWEARINGEN; HAWARD, 2001). Após a realização da colostomia, é necessário o uso de uma bolsa para receber os resíduos intestinais. As bolsas para colostomia são dispositivos plásticos com um orifício no centro, por onde o estoma tem contato com o interior da bolsa; e um fundo aberto, onde se usa um grampo, que permite fechar esse fundo e abri-lo somente para higienizar a bolsa. O orifício para o estoma é rodeado por um adesivo em forma de circunferência para a fixação à pele peri-ostomal, conforme mostra a figura abaixo (BRUNNER & SUDDARTH, 2009): Fonte: Brunner & Suddarth, Tratado de Enfermagem Médico-cirúrgica. Pag 1062. 18 Para a confecção de uma colostomia, alguns aspectos devem ser considerados no pré-operatório como o estado nutricional, padrões de eliminações, alergias e condições da parede abdominal (SANTOS, 1992; SMITH,1992; CESARETTI et al, 1997). Segundo os mesmos autores, uma colostomia normal tem seu aspecto róseo e livre de sinais flogísticos. Cruz (2008) cita algumas complicações mais comuns da colostomia, entre elas estão as infecções, isquemia, necrose, hérnia, prolapso, entre outras. Nesse momento, temos a figura do enfermeiro no suporte pré-operatório fornecido ao paciente necessitado do procedimento da colostomia e no pós- operatório quando suas dúvidas e questionamentos surgirão ao se deparar com sua nova rotina de vida. Falaremos sobre esses aspectos mais adiante. Foto de um estoma íntegro. Fonte: : http://www.telessauderj.uerj.br/ava/etc/launcher.php?v=p20618543 em out 2012. Prolapso de alça intestinal Processo infeccioso Dermatite Fonte: : http://www.telessauderj.uerj.br/ava/etc/launcher.php?v=p20618543 em out 2012. 19 3.3. ASPECTOS PSICOSSOCIAIS DA COLOSTOMIA Fortes (1997) afirma que as necessidades humanas bsicas so necessidades comuns a qualquer ser humano e relata na palavras de Horta (1979) o conceito das necessidades humanas bsicas como sendo o “estado de tenses, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilbrios homeodinmicos dos fenmenos vitais”. O mesmo autor, citando Maslow, em sua teoria da motivao humana, ressalta que todo ser humano possui necessidades comuns que motivam seu comportamento. Essas necessidades so: necessidades fisiolgicas; de segurana; de amor; de estima e de auto-realizao. fonte:http://www.rota83.com/wp-content/uploads/2010/01/hierarquia_das_necessidades_de_maslow.png Conforme vimos na figura anterior, sobre as necessidades apontadas por Maslow, as fisiolgicas esto em primeiro lugar, na base da pirmide, e devem ser atendidas como tais pela sua implicao na sobreviv ncia como, por exemplo, a necessidade do alimento, do oxig nio, da gua, entre outras. A necessidade de eliminao tambm faz parte desse grupo e representa uma funo extremamente importante na vida de uma pessoa. 20 De acordo com Trentini et al (1997) apud Michelone e Santos (2004), as pessoas colostomizadas enfrentam perdas reais e simbólicas como a incapacidade do controle da eliminação de fezes e gases. Tal fato colabora para o isolamento psicológico e social. Além disso, a mutilação promove sentimento de repugnância e desprestígio perante a sociedade. Para Cascais et al (2007), alguns sentimentos resultam da percepção da presença do estoma, pela pessoa. Entre estes sentimentos, destaca-se a perda da auto-estima e auto-conceito pela alteração corporal; perda do status social devido ao isolamento imposto pelo próprio portador do estoma; sentimento de inutilidade; depressão; ódio; repulsa; inaceitação, entre outros. Tais sentimentos podem levar ao comprometimento da estrutura familiar, além de contribuir para a queda da qualidade de vida. Gemelli e Zago (2002) também reforçam essa condição da preocupação dos pacientes colostomizados em relação à alteração de sua imagem corporal, com a sensação de mutilação e complexo de inferioridade e medo da rejeição das pessoas e sua própria. Esses sentimentos retratam diretamente o desequilíbrio das necessidades humanas básicas propostas por Maslow e reforçadas por Horta, onde o paciente não se sente seguro nem amado e sua auto-estima, completamente abalada. Bechara et al (2005) demonstra, em sua pesquisa, onde foi aplicado um questionário objetivo multidisciplinar com 25 questões a 59 indivíduos do Núcleo de Ostomizados de Juiz de Fora e visou avaliar o retorno às atividades normais após a cirurgia, que, de seus entrevistados, entre homens e mulheres, onde o câncer correspondeu a 60% das causas, a maioria relatou que retomou as atividades de lazer, mas um percentual significativo informou que não o fez devido à insegurança, vergonha e outras causas. Da mesma forma, outro percentual relatou não ter retomado suas atividades sexuais também por vergonha e/ou não aceitação do parceiro. Neste mesmo estudo, todos relataram a importância do apoio familiar no tratamento. Segundo as palavras de De Paula (2009), o processo de aceitação e adaptação ao estoma é lento, progressivo e necessita do apoio familiar, para que não ocorra o isolamento e afastamento do convívio social, laboral e sexual. A condição psicológica debilitada do paciente o impele à procurar apoio de diversas naturezas. O apoio familiar é indispensável, conforme referido nos relatos 21 da pesquisa anterior; além da família e da pessoa amada, o paciente colostomizado sente-se mais sensível e inclinado a buscar apoio espiritual. Sales et al (2010) aborda, em sua pesquisa, a necessidade da espiritualidade no entendimento da situação de ostomizado e baseia sua afirmação nos relatos de alguns de seus entrevistados: É muita angústia, temos que buscar Deus para superar e apoiar em tudo que for possível...(S2) Me apego na área espiritual para afastar de mim todo pensamento de derrota, não tenho de jeito nenhum esse sentimento...(S9) O que tenho a dizer a outros ostomizados é que tenho muita fé em Deus e agradeçam todos os dias por estarem vivos...(S15) Ainda de acordo com a autora, a fé e a ajuda divina funcionam como ferramentas de alívio da dor. Ajudam as pessoas a terem forças para enfrentar as dificuldades proporcionadas pela ostomia. Sonobe et al (2002) também abordam a questão religiosa e referem uma postura do paciente de perda do controle do direcionamento de sua vida e de entrega à Deus a responsabilidade pela sua doença e pela sua recuperação. Conforme relatam, também, Sonobe et al (2002), os aspectos psicossociais estão intimamente ligados ao tipo de resposta do paciente à determinada doença. Como por exemplo, o grau de instrução do paciente revela uma condição maior ou menor de entendimento da necessidade da confecção de uma colostomia e suas características peculiares, o que facilita a aprendizagem de sua anatomia e fisiologia intestinal e, consequentemente, do autocuidado. Diante de tudo que observamos, percebemos o grande impacto psicossocial que uma colostomia causa a uma pessoa; o quanto esse procedimento abala suas necessidades básicas e interfere em suas relações sociais promovendo diversos sentimentos negativos, refletindo em todos os aspectos de sua vida. Contudo, entendemos que o ostomizado precisa encarar as fases do processo para poder vencê-las e realmente superar suas dificuldades. A duração dessas fases está relacionada às estruturas internas de cada indivíduo (SONOBE ET AL, 2002). 22 3.3.1. A QUESTÃO SEXUAL Ainda acercada teoria das necessidades humanas básicas de Maslow, citada por Fortes (1997), vemos a necessidade sexual como uma das necessidades fisiológicas e, portanto, da base da pirâmide, que representam as necessidades de maior importância para o ser humano. Silva (2005) apud Barbutti (2008) observa, com relação à atividade sexual que esta obedece a um forte impulso de natureza biológica, mas sua concretização e vivência dependem de aspectos psicológicos e culturais. O exercício saudável da sexualidade fortalece a autoconfiança, alivia não apenas tensões, como também, angústias. Entretanto, em pesquisas realizadas por Bechara et al (2005) e Cesaretti et al (2010), verificamos a dificuldade dos pacientes colostomizados em retomar sua vida sexual por diversos motivos, entre os quais destacamos a vergonha, problemas com o dispositivo e a não aceitação pelo parceiro. Confirmamos essa dificuldade nas palavras de um entrevistado de uma pesquisa efetuada por Sales et al (2010): A ostomia é um grande problema pra quem é solteiro. Na hora da intimidade, tratando-se de sexo, é muito difícil, fiquei muito tempo sem ter ereção...(S2) Cascais (2007) também nos informa, baseado nas palavras de Bechara et al (2005), que a vida sexual da pessoa ostomizada é afetada devido ao conceito de auto-imagem abalado, diminuindo a atração sexual. Essa imagem corporal é o modo como temos definido em nossa mente nossa estrutura corporal. De acordo com Silva & Shimizu (2006), modificações na área sexual são tão profundas que, para as pessoas ostomizadas, o ato sexual torna-se secundário, podendo ser substituído por companheirismo, carinho e até mesmo atividade religiosa. Em outra pesquisa realizada por De Paula et al (2009), foram envolvidos 15 participantes ostomizados intestinais, dos quais 8 eram mulheres e 7 homens; 2 tinham entre 30 e 49 anos, 8 entre 50 e 69 anos e 5 com 70 em diante. Entre os mesmos havia 10 casados, 3 viúvos, 1 divorciado e 1 solteiro. Em relação à escolaridade, 2 eram analfabetos, 7 com ensino fundamental incompleto, 1 23 com ensino fundamental completo, 4 com ensino mdio completo e 1 com ensino superior incompleto. Quanto doena de base, foi observado que a maioria das ostomias se dava pelo cncer intestinal, com dois casos de doena inflamatria intestinal e o tempo de estoma variou entre 2 e mais de 20 anos. Das respostas obtidas, verificou-se a questo da sexualidade como necessidade fsica, emocional e de partilha, onde as palavras “carinho”, “gostar”, “amor” e “compartilhar” apareceram em quase todos os relatos. Diante desses resultados, os pesquisadores entenderam que a necessidade sexual vai alm da questo fsica, do instinto sexual carnal, mas compreende afetividade, satisfao e bem estar fsico e emocional compartilhados com outra pessoa. Foi observado, tambm, nos relatos, que a vida sexual antes do estoma teve grande influ ncia no relacionamento ps-estoma, onde os casais que j tinham problemas nessa rea acabaram enfrentando maior resist ncia dos parceiros e, em alguns casos, o fim das atividades sexuais; enquanto em outros relatos de casais que possuam uma afetividade mais slida e uma boa maturidade sexual, foi menos problemtico trabalhar conjuntamente na busca de solues adequadas para os mesmos. De Paula et al (2009) perceberam que respeito, carinho mtuo e dilogo constroem o caminho para a busca do equilbrio conjugal e sexual, proporcionando prazer no relacionamento e satisfao das necessidades fsicas e emocionais. Compartilhar com o parceiro minimiza ansiedades e inseguranas e favorece o processo de reabilitao pela possibilidade de recebimento de carinho, amor e cuidados, entre outras formas de apoio. Com todo o exposto, enfatizamos a importncia do envolvimento do parceiro no plano assistencial pessoa ostomizada desde a fase pr-operatria para o sucesso de sua adaptao ao estoma, bem como o apoio da famlia como elemento essencial para atitudes positivas do paciente frente a essa nova condio de vida e retorno s atividades da vida diria, especialmente s atividades sexuais. 24 3.4. AÇÕES DA ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE COLOSTOMIZADO. De acordo com Horta (1979), a enfermagem é uma ciência porque estuda fenômenos reais e passiveis de experimentação; possui teorias que exprimem relação entre fatos e atos e; suas conclusões estão de acordo com as demais ciências empírico-formais e formais. Ainda na definição de Horta, citada por Kawamoto (1997), enfermagem é: Ciência e arte de assistir ao ser humano no atendimento de suas necessidades básicas; de torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do auto-cuidado, de recuperar, manter e promover sua saúde em colaboração com outros profissionais. Sob o olhar do Código de Ética da Enfermagem (Resolução COFEN 311/2007), o enfermeiro tem um compromisso profissional na promoção, proteção e recuperação da saúde e sua reabilitação, respeitando os direitos do seu paciente (SANTOS, 2000). Ainda de acordo com Santos (2000), os objetivos do cuidar de pacientes colostomizados estão dirigidos para a identificação de suas necessidades assistenciais, o estabelecimento do nível de ajuda profissional exigido e o adequado provimento de recursos para a reabilitação, sendo, para isso, necessária uma implementação de estratégias como a informação, instrução, motivação e treinamento do cliente e familiares. A Estomaterapia é uma especialidade da Enfermagem (resolução COFEN 389/2011) e enfermeiro estomaterapeuta é o profissional habilitado para cuidar e promover as orientações adequadas a esses clientes. Gemelli e Zago (2002), nos mostram, em sua pesquisa realizada com oito enfermeiros generalistas de unidades de clínica médica, cirúrgica e pediátrica, que, muitas vezes, o enfermeiro intensifica de tal forma seu desejo de promover ajuda e elevação da auto-estima do paciente que pode exacerbar essa intenção utilizando argumentos irreais e, muitas vezes, autoritários, exigindo que ele tenha que aceitar sua nova condição e viver uma vida normal. Entretanto, a concepção de normalidade é subjetiva e está relacionada à características sociais e culturais do paciente e de sua família. Ou seja, o paciente deve entender que precisa de cuidados especiais, mas que poderá viver sua vida de 25 forma saudável, necessitando apenas de atenção à algumas situações específicas características da ostomia. Sendo assim, o profissional também precisa estar atento em como e quando orientar. Ainda em sua pesquisa, Gemelli e Zago (2002) perceberam que as abordagens dos enfermeiros utilizados eram eminentemente técnicas no cuidado com o estoma e com a manutenção da bolsa, ficando um pouco à margem os aspectos psicológicos. Segundo as palavras desses mesmos autores, as dificuldades desses pacientes e de seus familiares ocorrem tanto no aspecto físico quanto no emocional e social. Segundo Bechara (2005), a reintegração social do ostomizado é facilitada se ele fizer parte do Programa de Ostomizados, mantido pelo serviço público, para aquisição de dispositivos e acompanhamento profissional. Assim, retomamos o questionamento proposto no início deste trabalho sobre que ações podem ser desenvolvidas pelo enfermeiro frente ao pouco conhecimento do autocuidado nos pacientes destinados ao procedimento da colostomia e o que pode ser feito para minimizar seus transtornos psicológicos. Alguns aspectos gerais dos cuidados que podem ser prestados no pré- operatório de colostomia estão relacionados ao próprio ato operatório como o preparo intestinal para a anestesia, a preservação da pele onde será confeccionado o estoma e a questão do preparo emocional para o procedimento, que é, em si próprio, agressivo, uma vez que a integridade do corpo será abalada (SANTOS, 1992; CEZARETI et al, 1997). Portanto, o suporte emocional é de extrema importânciae já pode ser trabalhado nessa fase para o desenvolvimento de mecanismos de enfrentamento. Nesse sentido, cabe ao enfermeiro dispensar toda e qualquer atenção ao paciente, sanando suas dúvidas e receios, explicando honestamente todo o procedimento e principalmente, informá-lo da necessidade de colocação de uma bolsa de colostomia. Identificamos na literatura que muitos pacientes acordam da cirurgia e se assustam quando se deparam com o estoma realizado, conforme Sales et al (2010) nos mostra, no relato de uma entrevistada de sua pesquisa, realizada em um hospital escola do Paraná, onde foram entrevistados 15 indivíduos ostomizados, usuários do ambulatório de estomaterapia do referido hospital: 26 Hoje passou, mas no começo foi muito difícil para aceitar a doença e a cirurgia. Passei por radio e quimioterapia, fiquei debilitada. Nunca tinha ouvido falar em colostomia, não sabia que isso existia. Fui para a cirurgia ainda sem entender certo como seria depois. Ninguém me falou que iria colocar bolsinha. E ninguém foi lá me explicar o que era aquela bolsa, como seriam as coisas depois que eu tivesse alta. Fiquei revoltada por ninguém ter me avisado que seria colocado aquela bolsinha. (S4) Tomando esse relato como referência, percebemos a importância do atendimento humanizado do enfermeiro na abordagem ao paciente pré-ostomia, buscando minimizar os impactos físicos e psicológicos causados pela cirurgia. Sonobe et al (2002) relatam a necessidade do enfermeiro aprofundar seus conhecimentos na experiência do colostomizado, além de adquirir conhecimentos técnicos, pois o contato com o paciente e a atenção dispensada aos seus relatos e vivências enriquece grandemente a capacidade do profissional em se colocar no lugar do paciente. Para Gemelli e Zago (2002), o enfermeiro pode prestar uma assistência psicológica a esses pacientes, facilitando sua adaptação à nova condição de vida, através de informações e do ensino do autocuidado, bem como explicar aos familiares a necessidade do apoio nessa fase de adaptação. Estes autores ainda abordam a necessidade do conhecimento pelo enfermeiro de três elementos para o cuidado que são: ter conhecimento teórico da doença de base, bem como seus efeitos; ter empatia e auto-conhecimento. Infelizmente, quando esses elementos são desconhecidos, os resultados são negativos, conforme vemos nos relatos da pesquisa desses mesmos autores: A enfermeira pega a benzina e joga em cima da bolsa e cola na pele do paciente. Aquilo gruda e quando você vai retirar, arranca a pele do paciente junto! Conforme referido acima, existe uma grande importância no conhecimento da doença de base do paciente, pois diferentes doenças podem ser causa de uma colostomia, mas suas próprias diferenças possuem também conseqüências diferenciadas, como é o caso do câncer, que além dos transtornos físicos, promovem abalo psicológico e emocional pelo medo de metástases e todo processo terapêutico que o câncer envolve. Um ambiente de apoio e uma atitude positiva por parte da enfermagem são cruciais na promoção da adaptação do paciente para as alterações geradas pela 27 cirurgia. O enfermeiro ajuda o paciente a superar a aversão ao estoma ou medo da auto-lesão realizando o cuidado e o ensino de maneira franca e aceitável e incentivando o paciente a conversar sobre seus sentimentos relativos ao estoma. A expressão facial amigável e de apoio do enfermeiro e outros indícios não- verbais ajudam o paciente a desenvolver uma atitude positiva em relação ao cuidado independente do estoma (BRUNNER & SUDDARTH 2009). Voltando à questão da necessidade da utilização da bolsa de colostomia, é um cuidado de enfermagem, a verificação da integridade da pele ao redor do estoma. De acordo com Brunner & Suddarth (2009), diversos fatores podem comprometer esta integridade como alergias, irritação química causada pelos efluentes, lesão mecânica pela remoção do dispositivo e infecções. Nesses casos, se fazem necessários alguns cuidados específicos de acordo com o problema apresentado, como, por exemplo, uso de nistatina em pó na presença de crescimento de leveduras. Fonte: http://www.telessauderj.uerj.br/ava/etc/launcher.php?v=p20618543 em out 2012. O uso de mecanismos de controle intestinal e irrigação da colostomia promovem maior conforto ao paciente e devem ser estimulados pelo enfermeiro e a manutenção do seu uso devidamente orientada visto que são recursos de fácil manuseio e simples utilização. Entretanto, conforme Costa e Maruyama (2004) relatam, baseadas em Santos (1985), a educação para a irrigação intestinal da colostomia ainda é pouco divulgada, seja por falta de conhecimento dos profissionais ou pela falta de recursos materiais. Por isso, se faz importante que o enfermeiro esteja atento às inovações no tratamento desse grupo singular de pacientes. 28 Em pacientes colostomizados, as ações de enfermagem são bastante específicas e direcionadas ao cuidado do estoma, ao apoio psicológico e ao ensino do autocuidado. Tais cuidados serão abordados no tópico seguinte com a implementação da sistematização da assistência de enfermagem. 3.4.1. SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM A implantação da assistência de enfermagem visa à identificação das necessidades humanas básicas, com seus conseqüentes diagnósticos classificados e a promoção de intervenções por parte da enfermagem visando humanizar e prover uma melhor qualidade no atendimento, fundamentado em conhecimentos técnico- científico (REPPETTO; SOUZA, 2005). Para isso, são seguidos alguns passos que serão descritos adiante: A SAE - Sistematização da Assistência de Enfermagem compreende as seguintes fases: histórico de enfermagem, composto pela identificação, anamnese e exame físico do paciente; o diagnóstico de enfermagem; o planejamento de enfermagem; implementação e avaliação de enfermagem (COFEN 358/2009). - Histórico de enfermagem: Para uma maior interação e estreitamento da relação paciente e profissional e adequação dos cuidados às necessidades individuais do paciente, devemos realizar uma entrevista com o mesmo onde procuramos conhecer algumas informações pessoais de caráter meramente burocráticas, assim como outras mais íntimas e pessoais. No exame físico, na fase pré-operatória, procedemos, especificamente, a verificação da pele da região que receberá o estoma, enquanto que na fase pós- operatória, a atenção se voltará para a ferida operatória e a implantação da colostomia, bem como as características e integridade da pele ao redor da ostomia. - Diagnósticos de Enfermagem: De acordo com a resolução COFEN 358 (2009), os dados coletados no histórico e exame físico proporcionarão as bases para a identificação dos problemas e necessidades do cliente e auxiliarão no levantamento dos diagnósticos de enfermagem, que constituem a base para a seleção das ações terapêuticas. 29 Brunner e Suddarth (2009) descrevem alguns diagnósticos de enfermagem, presentes nesse contexto, que satisfazem os objetivos propostos e podem ser descritos neste trabalho. Entre eles temos: - déficit de conhecimento relacionado ao procedimento cirúrgico. - risco de integridade da pele prejudicada relacionada à irritação da pele periostomal; - risco de nutrição desequilibrada para menos que as necessidades corporais relacionada à redução de alimentos que podem causar desconforto gastrointestinal; - disfunção sexual relacionada à imagem corporal alterada; - Planejamento de Enfermagem: Elaboração das ações ou intervenções de enfermagem que serão realizadas com o objetivo de alcançar resultados positivos no processo saúde-doença (COFEN 358/2009). Por todo o exposto, devemos compreender o processo cirúrgico e as preparações pré-operatórias e cuidados pós-operatórios necessários. Para isso consideramos os seguintes cuidados de enfermagem: - verificar as informações que foram passadas ao paciente e à família,removendo dúvidas e ansiedades devido ao procedimento para que o paciente não mantenha sentimentos reprimidos e depressivos; - explicar a patologia ao paciente e certificar-se da temporalidade do estoma a ser criado e sua importância para manter a vida em decorrência do agravo da patologia para não criar expectativas errôneas a respeito do tempo de uso da colostomia e de suas finalidades; - incentivar o paciente a expor seus medos, preocupações e incertezas e retirar todas as dúvidas com argumentos concretos, sem omitir a verdade para conquistar sua confiança e adesão ao tratamento; - demonstrar o procedimento da troca e da irrigação da colostomia para prolongar o tempo entre as eliminações. - demonstrar e incentivar o uso de barreiras de proteção cutânea como gel, pó, pastas, para diminuir a irritação cutânea e manter a integridade da pele; 30 - incentivar uma alimentação livre de substâncias irritantes ou que promovam aumento do trânsito intestinal, que gere massas ou gases para evitar grande freqüência de eliminações de fezes e gases; - estar presente na primeira troca realizada pelo próprio paciente para orientar-lhe e promover a devida segurança no procedimento, assim como incentivar a presença de uma pessoa importante para o paciente para que visualize e aprenda e possa ajudá-lo em um segundo momento; - encorajar a conversa com o(a) parceiro(a) sexual explicando e demonstrando a colostomia e seu funcionamento; Santos (1992) sugere outro aspecto do cuidar, que é a visita de uma pessoa ostomizada reabilitada, treinada adequadamente para esta finalidade, em parceria com as associações de ostomizados, segundo programas pré-estabelecidos. Este ostomizado deve ter doença de base e ostomia similares ao paciente a ser visitado, desde que este concorde com a visita. - Implementação de Enfermagem: Conforme define a resolução COFEN 358 (2009), a implementação de enfermagem é a realização das ações ou intervenções determinadas na fase de planejamento. Sendo assim, todos os cuidados de enfermagem determinados devem ser colocados em prática por ocasião do atendimento ao paciente colostomizado, visando atender aos diagnósticos propostos anteriormente. - Avaliação de Enfermagem: Nesta etapa, procuramos verificar se alcançamos os objetivos propostos nas ações do planejamento. Nos pacientes colostomizados, observamos, prioritariamente, a necessidade do ensino do autocuidado e percebemos, também, o enorme impacto psicológico causado pela colostomia e, assim, traçamos o planejamento dos cuidados de enfermagem. Nesta fase de avaliação, evidenciaremos se os pacientes têm uma maior interação com o estoma; se conseguem promover a troca da bolsa, bem como o uso da técnica da irrigação; se retornam às suas atividades ocupacionais e sexuais e se encontram-se mais dispostos ao convívio social com aumento de sua auto-estima. 31 A avaliao de enfermagem tambm nos mostra se so necessrias mudanas ou adaptaes nas demais fases do processo (COFEN 358/2009). 3.5. A QUESTO DO AUTOCUIDADO. Em sua teoria do dficit de autocuidado, Orem (1991) apud George (2000) inter-relaciona outras teorias e conceitos que abordaremos a seguir inseridas de forma geral no contexto. Orem (1991) conceitua o autocuidado como a atividade que os indivduos praticam em seu benefcio, para manter a vida, a sade e o bem estar; e a ação de autocuidado, como a capacidade humana de engajar-se no autocuidado e esta capacidade afetada por alguns fatores como idade, sexo, estado de sade, condio scio-cultural, entre outros. Um conceito associado teoria do autocuidado o da demanda terapêutica de autocuidado, que a totalidade de “aes de autocuidado a serem desempenhadas com alguma durao para preencher exig ncias conhecidas de autocuidado” (OREM 1991). A mesma autora tambm adiciona teoria do autocuidado o conceito dos requisitos de autocuidado, que podem ser definidos como aes dirigidas proviso de autocuidado e esto associados com os processos da vida e com a manuteno da integridade da estrutura e do funcionamento humanos; com a adaptao a um novo trabalho ou s modificaes do corpo, como as rugas e a perda de cabelo; e com as medidas mdicas exigidas para diagnosticar ou corrigir a condio de doena ou leso. Na teoria do autocuidado, Orem explica o que significa autocuidado. Na teoria do dficit de autocuidado, ela especifica quando a enfermagem necessria no auxlio ao autocuidado (GEORGE 2000). A teoria do dficit de autocuidado de Orem indica que a enfermagem exigida quando uma pessoa incapaz ou limitada para prover seu autocuidado (GEORGE 2000). Sendo assim, a enfermagem pode ser utilizada quando o cuidador no possui habilidade para satisfazer uma demanda de autocuidado, quando a situao exige cuidados complexos e conhecimento tcnico ou quando o indivduo necessite de ajuda. 32 Orem (1991) identifica cinco métodos de ajuda, que são: 1) agir ou fazer para outra pessoa; 2) guiar e orientar; 3) proporcionar apoio físico e psicológico; 4) proporcionar e manter um ambiente de apoio ao desenvolvimento pessoal; 5) ensinar. Abordaremos o 5º método apresentado, o de ensinar, uma vez que atende a um dos objetivos deste trabalho que é a orientação do paciente para o autocuidado. 3.5.1. ORIENTAÇÃO PARA O AUTOCUIDADO Nas palavras de Reveles e Takahashi (2005), temos, na enfermagem, a ação educativa como um instrumento de grande importância na assistência, tendo o enfermeiro como, além de cuidador, um educador e é, nesse sentido, que este profissional deverá utilizar seu conhecimento técnico científico para a orientação do paciente e seus familiares na elaboração do plano do autocuidado após a alta e seu retorno ao lar. De acordo com esses mesmos autores, essa ação de educação do paciente começa no pré-operatório, onde se faz necessário um vínculo de confiança entre profissional, paciente e familiares, para que o processo de aprendizagem ocorra de forma natural visando uma melhor adaptação ao novo estilo de vida do ostomizado. Em sua teoria, Orem (1991) relata acreditar que todos têm potencial para aprender e desenvolver as habilidades necessárias para o autocuidado, mas que alguns fatores, como idade, capacidade mental, cultura, sociedade, estado emocional, etc, interferem nessa capacidade. Quando o indivíduo não pode aprender as medidas para o autocuidado, outros devem aprender para cuidar (GEORGE 2000). Para Gemelli e Zago (2002), o momento do diagnóstico e da informação da necessidade da ostomia é o ponto de início dos cuidados de enfermagem. Mendonça et al (2007) estimula a apresentação de fotos de estomas intestinais com e sem bolsa coletora, a manipulação dos materiais, que farão uso, pelo paciente e sua família, o contato direto e real com o assunto e uma prévia do que irá acontecer, prevenindo surpresas no pós-operatório imediato. Entretanto, Santos (1992) e Cesareti et al (1997), afirmam ser na fase pós- operatória mediata, a partir do 3° dia pós-operatório que se preconiza o ensino 33 gradativo do autocuidado que envolve, inicialmente, a visualizao e o toque precoce do estoma pelo paciente. Esta interao inicial com o estoma, a partir do 3 dia tem sua importncia destacada, uma vez que, de acordo com Sonobe et al (2002), nos primeiros dias aps a cirurgia, o paciente no consegue nem mesmo olhar para o estoma e seus sentimentos ainda esto confusos e desorganizados. Sendo assim, ainda nos baseando em Reveles e Takahashi (2005), temos, no ps-operatrio uma fase mais tcnica relacionada aos cuidados com a proteo com a pele periostomal, o cuidado com o esvaziamento e a higiene do local. Todas essas aes educativas visam reabilitao do ostomizado, restituio das atividades de convvio social e melhoria da qualidade de vida. Bechara et al (2005) afirma que a primeira etapa desse processo dereabilitao deve ser a aceitao do estoma pelo paciente, devendo este, entender que o estoma foi confeccionado com o objetivo de preservar sua sade. Diversos fatores influenciam o autocuidado do paciente, bem como a adeso e motivao para o tratamento e as intervenes propostas (SANTOS; SMITH, 1992). O incentivo ao autocuidado objetiva possibilitar ao paciente sua participao de forma efetiva no seu tratamento, fazendo com que o mesmo entenda que a continuidade dos cuidados para sua reabilitao , tambm, sua responsabilidade (ZAGO; CASAGRANDE, 1996). Cesaretti et al (1997) identificam o relacionamento familiar, a sexualidade e as atividades da vida diria, de trabalho e lazer como determinantes para o alcance de uma boa adeso ao autocuidado. Sonobe et al (2002) perceberam, em sua pesquisa, realizada no Hospital das Clnicas da Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto – USP, com 10 pacientes internados portadores de colostomias, que o aspecto de maior incmodo era o uso da bolsa de colostomia. Tal fato era percebido como experi ncia de sofrimento, o que dificultava a manuteno da bolsa pelo paciente. Nesta mesma pesquisa, Sonobe et al (2002) demonstram, atravs do relato de uma paciente, a importncia da participao de uma pessoa de confiana do paciente no aprendizado do manejo com a bolsa, onde a paciente relata ainda estar insegura, mas que conta com sua irm, que tem maior grau de instruo, para ajud-la na higiene da bolsa de colostomia. 34 Esse comportamento reforça a idéia da importância do relacionamento familiar no aprendizado do autocuidado, no sentido do apoio psicológico alcançado pelo paciente. Após a compreensão do paciente sobre sua condição e a necessidade do aprendizado da manipulação da bolsa de colostomia, o passo a passo apresentado a seguir é de grande auxílio nessa tarefa: 35 Fonte: Manual de orientaes sobre ostomias – INCA - 2003 36 Outro mecanismo utilizado no autocuidado para o controle do intestino é o uso da irrigação e sistema oclusor. Conforme Costa e Maruyama (2004) descrevem, em seu trabalho, a auto- irrigação intestinal possibilita ao paciente colostomizado controlar suas eliminações intestinais, colaborando para o aumento da auto-estima e, consequentemente, da reinserção na sociedade. Não é objetivo deste trabalho, descrever minuciosamente a técnica da auto- irrigação, apenas caracterizá-la, segundo as autoras citadas acima, como um mecanismo que reduz os problemas relacionados à incontinência fecal e às trocas constantes da bolsa, bem como ao controle do odor e ruídos, minimizando os traumas psicossociais. As figuras abaixo apresentam os materiais usados na irrigação e o sistema oclusor. Entretanto, Cezareti et al (2008) nos ensinam que a auto-irrigação tem o mesmo princípio de funcionamento do enema, onde a introdução de um volume de água no cólon promove uma distensão do intestino e estimula a peristalse, com isso, promovendo o esvaziamento de seu conteúdo. Tal procedimento reduz, também, a formação de gases, pois diminui a microbiota bacteriana intestinal, responsável por essa produção. Phipps et al (2003) afirmam que essa técnica é utilizada apenas nas colostomias de sigmóide, devido à maior consistência das fezes e nunca pode ser aplicada em uma ileostomia porque a drenagem é contínua e semi-líquida. Fonte:http://www.medicinapratica.com.br/2009/10/05/ saude-medicina-pratica/colostomia-o-que-e-a-irrigacao/ Fonte: http://www.telessauderj.uerj.br/ava/etc/launcher.php?v= p20618543 em out 2012. 37 A apresentação de todos esses dispositivos e equipamentos seria inútil para uma pessoa que não tivesse capacidade de compreensão de uma linguagem formal e técnica expostas acima. Para isso, o enfermeiro assume a função de educador e se coloca ao alcance desses pacientes para explicar detalhadamente os procedimentos e remover todas as dúvidas e dificuldades apresentadas. O enfermeiro, estomaterapeuta ou não, ao lidar com pessoas portadoras de colostomia deve possuir uma elevada capacidade de se colocar no lugar dessas pessoas e procurar entender sua condição emocional (ZAGO; CASAGRANDE, 1996). Um atendimento humanizado e completamente individualizado se faz necessário para que o paciente se exponha fisicamente e permita ao profissional demonstrar o procedimento de troca da bolsa, de higienização da área peri-ostomal, da irrigação e de quaisquer atividades relacionadas ao estoma. O ensino do autocuidado deve atender às necessidades do paciente. O profissional ensinará as técnicas, mas terá maior atenção às dificuldades apresentadas pelo paciente durante a execução do procedimento ensinado. 38 3.6. PROPOSTA DE INTEGRAO DA REDE DE SADE NO ATENDIMENTO AO USURIO COLOSTOMIZADO O Sistema nico de Sade – SUS um sistema integrado de ateno ao cidado brasileiro e tem como princpios, entre outros, a universalidade de acesso em todos os nveis de ateno; a integralidade e a igualdade da assist ncia (LEI 8.080 - 1990). Conforme apresentado neste trabalho, um cuidado de enfermagem a busca pela reintegrao social dos pacientes portadores de colostomia. Segundo Bechara et al (2005), essa reintegrao facilitada se ele fizer parte do programa de ostomizados, que mantido pelo servio pblico, para aquisio dos dispositivos. Sendo assim, retornamos ao Programa Plo 1-Maca de Ateno a Clientes Ostomizados, que foi o palco inicial de todo esse trabalho e relembramos o objetivo proposto de criao de um fluxograma para o atendimento do paciente colostomizado. Tomando o Sistema nico de Sade como refer ncia e aps um longo perodo de discusses e ajustes, elaboramos este fluxograma, a seguir, como uma proposta de atendimento do paciente colostomizado, podendo ser adaptado realidade de diversos municpios. A inteno deste fluxograma sugerir o funcionamento de uma cadeia de atendimento e o entrosamento da estrutura de sade, podendo ser adequado a qualquer servio. Contudo, relevante destacar que o fluxo prioriza a comunicao permanente entre os servios, valorizando a ateno primria como a porta de entrada do usurio do servio. A proposta de atendimento baseia-se na estrutura dos nveis de complexidade, onde o paciente assistido em todos os nveis de ateno sade, de acordo com a evoluo de seu agravo e pelo sistema de refer ncia e contra- refer ncia. 39 FLUXOGRAMA BSICO PARA A CADEIA DE ATENDIMENTO AO CLIENTE OSTOMIZADO NO MUNICPIO DE MACA - RJ NVEL PRIMARIO - E.S.F PRIMEIRO ATENDIMENTO COM NECESSIDADE DE AVALIAO ESPECIALIZADA PROGRAMA PLO 1-MACAE DE ATENO A CLIENTES OSTOMIZADOS PACIENTE NO-COLOSTOMIZADO PACIENTE PORTADOR DE COLOSTOMIA NVEL SECUNDRIO - CENTRO DE REFERNCIA PACIENTE COM INDICAO DE COLOSTOMIA NVEL TERCIRIO HOSPITAL PRIMEIRO ATENDIMENTO PELA E.S.F. – NVEL PRIMARIO 40 A seguir, as atribuições de cada fase: Paciente não colostomizado: No nível primário de atendimento, o paciente é assistido pela unidade de atenção primária (ESF) de sua área. Ao ser detectado alguma alteração que necessite de atendimento mais especializado, ele então é encaminhado ao centro de referência (que corresponde ao nível secundário) para exames complementares e chegada a um diagnóstico. Havendo a necessidade de internação para cirurgia de ostomia, o paciente é encaminhado do centro de especialidades ao hospital. Toda essa cadeia comunica- se, mantendo a rede integrada. No hospital, o paciente é internado e no pré-operatório é implementada a sistematização da assistência de enfermagem com toda orientação e cuidados já descritos neste trabalho. Em seguida, o paciente é conduzido ao centro cirúrgico e em sua fase pós operatória, ocorre a continuidade da assistência de enfermagem, agora enfatizando os cuidados com a pele periostomal. Por ocasião da alta hospitalar, o paciente é orientado a retornar à unidade deatenção primária, para seu acompanhamento contínuo, e a procurar o programa de Atenção a Clientes Ostomizados, onde receberá: - orientações mais específicas sobre o cuidado com a bolsa e demais técnicas de controle intestinal; - ensino do autocuidado; - orientações nutricionais; - apoio psicológico; - recebimento de bolsas; e - todo suporte educacional e assistencial pela enfermagem. Paciente colostomizado: O paciente já portador de uma ostomia que passa a integrar a clientela de uma unidade de saúde de atenção primária (ESF) receberá o mesmo direcionamento que o paciente proveniente do hospital recém operado. Será encaminhado ao programa para ostomizados, onde receberá todo tratamento acima descrito. 41 4. ANÁLISE DOS DADOS O tema abordado permite uma ampla análise e elevado nível de subjetividade, onde entendemos o cuidado de enfermagem e o ensino do autocuidado como ações da enfermagem e, a execução do autocuidado como a atividade individual proporcionada pelo paciente para o seu próprio benefício. Conforme vimos, o procedimento da colostomia se faz necessário para preservação da saúde em determinadas doenças, mas as conseqüências psicológicas são bastante expressivas e assustadoras. Os relatos que presenciamos no programa Pólo 1-Macaé de Atenção a Clientes Ostomizados nos fizeram refletir sobre a necessidade de uma atenção mais específica voltada para esse público no que diz respeito ao ensinamento da manutenção de sua ostomia e da pele peri-ostomal. De acordo com o objetivo proposto de identificar que ações podem ser desenvolvidas pelo enfermeiro para orientar os pacientes colostomizados, entramos em duas vertentes da enfermagem que são a enfermagem cuidadora e a enfermagem educadora. Ao falar das ações de assistência da enfermagem, identificamos que todos os autores pesquisados concordam que a fase pré-operatória é o ponto de partida para o contato mais próximo com o paciente candidato à colostomia. Ao mesmo tempo, entendemos que esta é a fase onde a enfermagem educativa também fará sua abordagem. A aproximação do enfermeiro ao paciente nesta fase caracteriza-se pela necessidade do profissional de obter algumas informações do cliente e, simultaneamente, realizar o processo inverso, fornecendo informações e orientações sobre sua patologia e sobre o procedimento ao qual irá se submeter. Observamos em algumas pesquisas apresentadas que diversos pacientes relataram surpresa ao acordar da cirurgia e deparar-se com a colostomia e até mesmo com a presença de uma bolsa, caracterizando a falta da interação entre a enfermagem e o paciente e entendemos que este comportamento fere o código de ética, que diz que o paciente tem o direito de saber e decidir sobre a conduta terapêutica a ser adotada em seu favor (COFEN 311/2007). 42 Identificamos também neste trabalho o enorme transtorno psicológico que a colostomia causa a uma pessoa e por tudo que pesquisamos percebemos que a área sexual tem um significado extremamente acentuado, sendo justificado pela própria teoria das necessidades humanas de Maslow, como uma necessidade fisiológica, ou seja, uma necessidade vital. Observamos que diversas necessidades humanas deixam de ser atendidas e nesse contexto, o enfermeiro tem papel fundamental no atendimento dessas necessidades, atuando no cuidado direto ou promovendo as ferramentas necessárias para a promoção do autocuidado. Diversos autores referenciados citaram o sentimento de repulsa do paciente pela alteração de sua imagem corporal e o complexo de inferioridade pela presença do estoma e a quase totalidade dos diversos pacientes, nos diversos trabalhos relataram a importância do apoio familiar e da paciência e atenção do parceiro. Por este motivo, o enfermeiro deve prover informações e ensinamentos não apenas ao paciente, mas à família, para que o apoio mútuo entre pessoas amadas fortaleça a adesão do paciente ao autocuidado e a superação de seus sentimentos negativos. Consideramos importante reafirmar aqui o posicionamento de Gemelli e Zago (2002) que relataram a necessidade do enfermeiro ter atenção a três elementos importantes no ensino do autocuidado, que são: ter conhecimento da doença de base do paciente; ter empatia e auto-conhecimento. Consideramos esse aspecto relevante para que o enfermeiro saiba como cuidar no aspecto físico e terapêutico, com seu conhecimento teórico, mas também, saiba se colocar no lugar do paciente, tratando o aspecto psicológico e emocional daquele ser humano. Todo esse comportamento esperado do enfermeiro fundamenta-se na sistematização da assistência de enfermagem, que visa adaptar os cuidados às necessidades específicas do indivíduo, promovendo seu bem estar e buscando sua independência terapêutica. 43 5. CONCLUSÃO Diante de todo contexto abordado, percebemos a necessidade de se preparar o paciente para encarar sua nova condição de vida, demonstrando que é possível retomar suas atividades da vida diária com uma qualidade de vida satisfatória, bem como proporcionar atendimento humanizado e de qualidade a esses pacientes. Entendemos a importância do enfermeiro no que se refere à educação para o autocuidado e no acompanhamento psicossocial desses clientes, entretanto, identificamos o déficit de enfermeiros com a especialização em estomaterapia ou que, pelo menos, tenham recebido treinamento específico nessa área. Para o grupo, foi muito gratificante realizar este trabalho. Se por um lado, encontramos algumas limitações em termos de quantidade, por outro, tivemos informações preciosas nos trabalhos pesquisados. A grande maioria dos trabalhos publicados tem sua origem no estado de São Paulo e a divulgação desse assunto é limitada apenas aos que buscam informações específicas, seja para quem trabalha nessa modalidade de cuidado, para um trabalho acadêmico ou para o interesse próprio de pessoas usuárias do serviço de atendimento ao paciente ostomizado, o que justifica a necessidade de um maior investimento na produção de trabalhos nessa área. Avaliamos que os objetivos propostos foram alcançados quando conseguimos abordar neste estudo os sentimentos dos pacientes colostomizados, bem como seus medos, receios e questionamentos. Foi possível estabelecer algumas ações de assistência e educativas que o enfermeiro pode desenvolver para o cuidado desses pacientes e, mais importante, para o ensino do autocuidado; e finalizamos a investigação propondo uma organização do serviço de saúde baseada nos princípios do SUS e valorizando as necessidades dos usuários candidatos à colostomia, de modo a investir no seu potencial cuidador e em busca da própria autonomia. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 2 Ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro - RJ, 2008. ATKINSON, Leslie D; MURRAY, Mary. Fundamentos de Enfermagem: Introdução ao Processo de Enfermagem. 1 Ed. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro – RJ, 1989. BARBUTTI, Rita Cristina Silva; SILVA, Mariza de Carvalho Pvoas da; ABREU, Maria Alice Lustosa de. Ostomia, uma difcil adaptao. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 11, n. 2. Dez. 2008. Disponvel em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.P hp?script=sci_arttext&pid=S1516-08582008000200004&lng=pt&nrm=iso>. 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