Buscar

Distúrbios do aparelho lacrimal

Prévia do material em texto

Distúrbios do aparelho lacrimal
Introdução
Os distúrbios do aparelho lacrimal incluem diversas alterações que podem ser oriundas tanto de alterações na produção quanto na drenagem das lágrimas. Entre essas alterações podemos citar o olho seco, a epífora e a dacriocistite (discutidas em capítulo próprio). O mais comum distúrbio do aparelho lacrimal é o “olho seco”.
Olho Seco
Condição em que há lubrificação inadequada da superfície ocular. Pode ocorrer por deficiência na produção das lágrimas pela glândula lacrimal (associada ou não à síndrome de Sjögren), ou devido ao ressecamento da superfície ocular por instabilidade do filme lacrimal (disfunção meibomiana), ou por deficiência no piscar (paralisia facial, ectrópio). Ocorre mais frequentemente em mulheres após a menopausa.
Causas e fatores de risco
•Produção deficiente das lágrimas ou alteração da composição do filme lacrimal
•Desidratação (principalmente no idoso)
•Ambientes desfavoráveis (ar-condicionado, climas secos e quentes)
•Uso de diuréticos, antialérgicos, anticoncepcionais orais, anti-hipertensivos
•Doenças do tecido conjuntivo (artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, síndrome de Sjögren)
•Paralisia do nervo facial (paralisia de Bell)
•Anormalidade das pálpebras (entrópio, ectrópio, retração palpebral, blefarite)
•Hipo ou hipertireoidismo
•Hipovitaminose A.
Manifestações clínicas
•Sensação de corpo estranho
•Hiperemia conjuntival na região da fenda palpebral
•Lacrimejamento reflexo (ocorre ocasionalmente em pessoas com sintomas de olho seco secundários à instabilidade do filme lacrimal, podendo haver lacrimejamento reflexo ao ressecamento de determinadas áreas da córnea e/ou conjuntiva)
•Secreção mucinosa
•Menisco lacrimal diminuído (em geral, menor do que 1 mm na junção pálpebra/conjuntiva bulbar) e tempo de quebra do filme lacrimal com fluoresceína reduzido (normal: maior do que 10 segundos).
Comprovação diagnóstica
•Exame oftalmológico
•Teste de Schirmer.
Para saber mais
Teste de Schirmer
A produção das lágrimas pode ser avaliada utilizando-se uma tira de filtro de Schirmer após instilação de anestésico tópico. O umedecimento de menos de 10 mm da tira depois de 5 minutos indica produção insuficiente de lágrima.
	Epífora
	(CID 10: H04.2)
Lacrimejamento constante por insuficiência de drenagem das lágrimas. Nesse caso, não há aumento na produção lacrimal, mas diminuição no seu escoamento. Ocorre frequentemente por mau posicionamento do ponto lacrimal (ectrópio), falência na bomba lacrimal (p. ex., frouxidão palpebral ou disfunção do músculo orbicular – paralisia do nervo facial), obstrução proximal (estenose de ponto lacrimal) ou distal das vias lacrimais (ducto lacrimonasal).
A identificação do problema é dada por meio do exame oftalmológico, podendo ser realizadas sondagem e irrigação das vias lacrimais e, em casos mais graves, dacriocistografia.
No recém-nascido é frequente a observação de epífora. Nesses casos, até o 6o mês de vida deve ser realizada massagem para se estabelecer a perfusão do ducto lacrimonasal. Em geral, após esta época, é necessária a sondagem de vias lacrimais para o estabelecimento da fisiologia lacrimal normal.
Tratamento
•Tratar a doença subjacente.
 Tratamento medicamentoso
•Lágrimas artificiais nas doenças sistêmicas que predispõem ao ressecamento dos olhos e para as pessoas que residem em climas secos ou com mais de 60 anos de idade
•Gel oftálmico lubrificante entre a pálpebra e o olho, durante o dia, em casos de olho seco mais grave ou ao deitar-se para evitar o ressecamento dos olhos à noite
•Havendo quantidade excessiva de muco, usar colírios mucolíticos (n-acetilcisteína a 10%, 3 a 4 vezes/dia)
•Em casos mais graves, pode-se utilizar soro autólogo (do próprio paciente) a 50% para lubrificação dos olhos (3 a 4 vezes/dia)
•Possível benefício com o uso de isoflavona, VO, 50 mg, 3 vezes/dia, de óleo de semente de linhaça e de outros óleos ricos em ômega-3.
 Tratamento cirúrgico
•Casos refratários: cirurgia de oclusão de pontos lacrimais (plugues de silicone reversíveis, cauterização definitiva) e uso de câmaras úmidas
•No caso de bloqueio dos canais lacrimais: dilatação com sonda e/ou dacriocistorrinostomia.
Atenção 
■Em caso de obstrução congênita das vias lacrimais (lacrimejamento excessivo de lactentes), fazer massagem do saco lacrimal várias vezes por dia, assepsia diária com soro fisiológico (lavar secreções) e, em caso de infecção associada, aplicar colírios antibióticos durante 1 semana, até a remissão do quadro. Geralmente, aguarda-se de 6 meses a 1 ano de idade; caso contrário, faz-se sondagem das vias lacrimais
■Ver Capítulo 90, Dacriocistite.
Evolução e prognóstico
■Tratamento adequado obtém bom resultado, principalmente evitando complicações.
FONTE: Clínica médica na Prática diária. Porto.

Continue navegando