Buscar

HISTÓRIA DO CEARA apostila

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 55 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

HISTÓRIA DO CEARA, UM RESUMO 
 
AIRTON DE FARIAS (Doutorando em História pela UFF< 
Mestre em História Social pela UFC, Licenciado em História pela UECE, Bacharel em 
Direito pela UFC e autor do livro História do Ceará). 
FANPAGE https://www.facebook.com/AirtondeFarias/?fref=ts 
 
 
FARIAS, Aírton de. História do Ceará. Fortaleza: Armazém da Cultura, 
2015. 
O livro pode ser obtido no site www.armazemcultura.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNIDADE 1 
 
A CONQUISTA DO LITORAL CEARENSE 
 
 
O povoamento humano do atual território do Ceará começou há milhares de 
anos, conforme indicam as pesquisas arqueológicas. Há fósseis também no estado, 
alguns de dinossauros, anteriores à presença dos homens, evidenciando a evolução das 
espécies e as diferença de clima e vegetação do passado em relação ao presente. 
Existem igualmente restos de mamíferos gigantes que chegaram a conviver com 
humanos. 
 
1.1. O Quase Abandono do Siará 
 
O Ceará, como entendemos hoje só surgiu no século XIX. De inicio, o termo se 
referia à área em torno dos fortes no qual se realizaram as principais tentativas de 
conquista da terra. Se usamos a expressão Ceará para períodos anteriores, se referindo 
ao atual estado, o fazemos por razões didáticas. 
No século XVI, esse Siará ficou praticamente esquecido por Portugal, devido, 
sobretudo, à falta de grandes atrativos econômicos – não tinha ouro, prata, especiarias, 
etc., e suas riquezas (como sal, âmbar-gris, macacos, papagaios, etc.), não eram lá muito 
lucrativas. Prova do abandono cearense é que o primeiro donatário da capitania, 
Antônio Cardoso de Barros, nunca veio colonizar suas posses. 
A presença do espanhol Vicente Pinzón, em janeiro de 1500, para alguns 
autores, teria feito do Ceará o “verdadeiro” local do “descobrimento” do Brasil. Há 
muita controvérsia sobre isso. 
Foi apenas no século XVII que a Coroa decidiu colonizar o litoral cearense, 
por razões estratégico-militares: defender a faixa litorânea setentrional da América 
portuguesa contra estrangeiros (em particular, os franceses, que chegaram a fundar uma 
colônia no Maranhão – A “França Equinocial”) e criar no Ceará uma base de apoio 
logístico que facilitasse a conquista da região norte da colônia (daí a História do Ceará 
inicialmente girar em torno de “fortes”). 
 
1.2. As Tentativas de Conquista 
 
A primeira tentativa oficial de colonizar do Ceará deu-se em 1603, com Pero 
Coelho. Na condição de capitão-mor, esse açoriano organizou uma expedição, cujo 
objetivo era explorar estas terras, combater piratas, fazer a paz com os índios e tentar 
encontrar metais preciosos. 
Após combater franceses e índios na Ibiapaba, Pero e seus homens 
instalaram-se nas margens do rio Ceará, onde foi erguido o Forte de São Tiago (a região 
foi batizada de Nova Lusitânia). Não encontrando riquezas na região, Pero passou a 
escravizar os índios. Como estes reagiram, Pero recuou e ergueu o Forte de São 
Lourenço nas ribeiras do rio Jaguaribe. Mas, como as “hostilidades” indígenas 
continuavam, sofrendo os pesados efeitos da seca de 1605-07, Pero Coelho viu-se 
obrigado a deixar o Ceará, indo para o Rio Grande do Norte. 
A segunda tentativa de conquistar a terra cearense deu-se com os padres 
jesuítas Francisco Pinto e Luis Filgueira, em 1607. A catequização e colonização 
andavam juntas na América – aumentava-se o número de cristãos e garantia-se a posse 
da terra para a Coroa. Os dois religiosos fizeram praticamente o mesmo percurso de 
Pero Coelho, indo parar na Ibiapaba. Ali procuraram cristianizar os nativos. Mas os 
índios lembravam ainda dos maus tratos impostos por Pero Coelho. Assim, os nativos 
Tocariju atacaram os jesuítas e mataram Francisco Pinto. Luis Filgueira conseguiu 
escapar, indo para o Rio Grande do Norte. 
 
1.3. Martim Soares Moreno 
 
Outra tentativa de conquista do Ceará deu-se com Martim Soares Moreno. 
A primeira vez que Moreno esteve no Ceará foi com a fracassada bandeira de 
Pero Coelho em 1603. Seis anos depois, em 1609, na condição de tenente do forte dos 
Reis Magos, base da atual cidade de Natal-RN, já dava combate a traficantes franceses 
no litoral cearense. 
Em 1611, com a ajuda de índios da região, chefiados por Jacaúna, Moreno 
fundou às margens do rio Ceará o Forte de S. Sebastião. No ano seguinte, apesar de suas 
pretensões colonizadoras, foi convocado para combater os franceses que haviam 
fundado a França Equinocial no Maranhão. 
Moreno só retornou ao Ceará em 1621, no cargo de capitão-mor. Encontrando 
o Forte de S. Sebastião praticamente destruído, reconstruiu o possível, também 
incentivando, sem muito êxito, a pecuária e a cana-de-açúcar. 
A falta de recursos e da atenção da Coroa fizeram com que Moreno se 
retirasse do Ceará em 1631, dirigindo para Pernambuco, onde foi combater os 
holandeses que então invadiam a América portuguesa . Anos depois, regressou a 
Portugal, não vindo mais ao Ceará. Na visão tradicional, tem-se Moreno como 
“fundador” do Ceará – tanto que é homenageado pelo escritor José de Alencar no livro 
Iracema, obra de 1865. 
 
1.4. Tempos Flamengos 
 
No ano de 1630, os holandeses invadem Pernambuco na pretensão de 
dominar a região açucareira e de encontrar outras riquezas. Assim, em 1637, tropas 
flamengas conquistam o forte cearense de São Sebastião. De início, contaram os 
holandeses com o apoio dos índios. Depois, contudo, a “aliança” se desfez, pois o 
holandês não se diferenciava do português no mau trato do índio. Revoltados, em 1644, 
os nativos atacaram e destruíram o fortim, trucidando os holandeses. 
Os flamengos retornam em 1649, sob o mando do capitão Matias Beck, em 
busca de minas de prata. Erguem no monte Marajaitiba, nas margens do riacho Pajeú, o 
forte de Schoonemborch, em torno do qual, depois, iria espontaneamente surgir a atual 
cidade de Fortaleza. 
Os holandeses ficam no Ceará até 1654, quando retiram-se em virtude de sua 
derrota em Pernambuco e expulsão do Brasil. Sob a liderança do capitão-mor Álvaro de 
Azevedo, os portugueses retomam a colonização e mudam o nome do forte para 
Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. 
Bom atentar que por esse período o “Siará” esteve submisso a outras 
entidades administrativas. Entre 1621 e 1656, foi gerenciado pelo Maranhão. De 1656 a 
1799, esteve submetido a Pernambuco. Isso atrapalhou o crescimento material da 
capitania. 
Por anos, o “Siará” dos invasores europeus estava restrito ao litoral. Isso, 
contudo, mudaria a partir da segunda metade do séc. XVII com a conquista dos sertões 
em função da pecuária. 
 
UNIDADE 2 
 
A CONQUISTA DOS SERTÕES CEARENSES 
– A PECUÁRIA – 
 
A partir da segunda metade do século XVII, deu-se a conquista dos sertões 
cearenses, em função da pecuária, atividade inicialmente restrita ao litoral de 
Pernambuco e Bahia (Zona da Mata). 
Foram razões que possibilitaram a colonização do interior do “Siará” e do 
Nordeste: o crescimento populacional da região açucareira (onde inexistia terra para 
todos os habitantes), o aumento do número de rebanhos bovinos, dificultando ou dando 
prejuízos para o plantio da cana-de-açúcar (o gado era atividade complementar da cana 
– fornecia alimentos, força de tração, etc.) e o próprio incentivo do governo português 
com a Carta Régia de 1701, que proibia a criação de gado a menos de 10 léguas da costa 
(para que no litoral de Pernambuco e Bahia se priorizasse o cultivo da cana). 
A penetração e conquista dos sertões aconteceram por duas rotas: sertão-de-
fora, dominada por pernambucanos, vindos pelo litoral, e sertão-de-dentro, dominada 
por baianos. Tais rotas se confluíram no Ceará, com os colonos ocupando o litoral 
inicialmente e daí as ribeirasdos rios Jaguaribe e Acaraú. 
A terra era obtida através da requisição às autoridades de cartas de sesmarias, 
o que deu margem a formação dos latifúndios cearenses. 
Nesse processo de conquista, a grande vítima foi o índio – exterminado ou 
expulso para dar espaço aos currais de gado. Outras vezes, os índios eram jogados em 
aldeamentos, áreas onde eram construídas aldeias artificiais nas quais padres jesuítas os 
“catequizavam”, “civilizando-os”. O aldeamento também possuía uma função militar – 
dali, o índio “manso” era levado a combater os índios “selvagens”. Depois, muitas 
cidades se formaram em torno desses aldeamentos, como Caucaia (antigo aldeamento 
de N. S. de Caucaia, depois Soure), Pacajus (aldeamento de Paiacu, em seguida 
chamado monte-mor-velho, Guarani), Messejana (Paupina), Baturité (Monte Mor 
Novo), Iguatu (Telha), Crato (Miranda), Parangaba (Arronches), etc. 
Óbvio que os índios lutaram contra os invasores, como na “Guerra dos 
Bárbaros”, quando os nativos Janduim, Baiacu, Icó, Anacé, Quixelô, Já- 
guaribara, Acriú, Canindé, Tremembé, Cariri e outros lutaram por quase 50 anos contra 
os conquistadores (final do século XVII e início do seguinte). Acabaram derrotados, 
massacrados ou escravizados. Os remanescentes indígenas que possui hoje o Ceará é o 
retrato do genocídio e do etnocídio dos quais foram vítimas. 
O grande símbolo associado aos sertões (ainda hoje) foi o vaqueiro – mestiço, 
branco pobre, negro livre ou escravo, índio submetido. Conhecedor da fauna e da flora, 
cuidava da fazenda quando da ausência do senhor. Não recebia salário – era pago no 
sistema de “quarteação”. 
Na quarteação, o vaqueiro, após trabalhar certo tempo na fazenda (geralmente 
4 ou 5 anos), recebia uma cria de cada quatro nascidas anualmente. Assim, com o 
tempo, poderia o vaqueiro fundar uma fazenda por conta própria (daí por que a 
condição de vaqueiro era uma situação que muitos desejavam). 
Usou-se em menor número negro escravo na pecuária cearense, devido 
sobretudo ao o alto preço dos africanos (o Ceará sempre foi um local pobre) e à grande 
oferta de mão-de-obra sertaneja livre, barata e ociosa (as fazendas absorviam poucos 
braços e existia uma massa populacional “vagabundeando” pelo interior). Teria sido 
usada em maior escala o índio escravo. 
As fazendas tinham uma tendência à autonomia e autossuficiência –Ali 
imperava a vontade dos senhores proprietários, potentados. A baixa rentabilidade da 
pecuária ensejava o uso do couro para a fabricação de utensílios do dia-a-dia sertanejo – 
chapéus, roupas, bainhas de faca, botas, etc. Era a chamada “civilização do couro”. 
Os rebanhos bovinos cearenses eram conduzidos pelos tangerinos para a 
venda em Pernambuco, Bahia e, posteriormente, nas Minas Gerais. Percorriam rudes 
veredas, chamadas de “estradas sertanejas”. Nos cruzamentos de muitas destas, 
surgiram cidades, como Icó, Quixeramobim e Sobral. 
Em pouco tempo, os sertões cearenses estavam conquistados pelos invasores. 
Para a expansão pastoril, contribuíram: a demanda dos mercados consumidores do 
litoral açucareiro e da região mineradora, a facilidade na obtenção de sesmarias e de 
novas terras, o crescimento vegetativo (mas não qualitativo) dos rebanhos, as pastagens 
abundantes (na época das chuvas), as vastas áreas sertanejas, o caráter salino do solo, a 
exigência de pouco capital e mão-de-obra na montagem da fazenda e o próprio fato do 
gado se auto-transportar. 
Mas a venda de gado para outras capitanias não era tão lucrativa assim – o 
gado emagrecia, perdia-se, morria por ataque de feras, era assaltado. Havia ainda o peso 
dos impostos. Assim, os criadores do gado do litoral passaram, no século XVIII, a 
vender seus rebanhos na forma de charque (carne seca salgada ao sol), produzido nas 
oficinas ou charqueadas. O charque, além de seu papel dentro da própria colônia, 
apresentou destaque também no trafico de escravos entre o Brasil e os centros 
comerciais de negros em África, especialmente Angola. 
 
UNIDADE 3 
 
OUTRAS ATIVIDADES ECONÔMICAS COLONIAIS 
 
3.1. Charque 
 
Para o desenvolvimento das charqueadas no litoral cearense, contribuíram os 
ventos constantes e a baixa umidade relativa do ar, a abundância de sal, as barras dos 
rios acessíveis à navegação de cabotagem da época, o grande rebanho cearense e o 
próprio fato da técnica salineira não exigir muitos conhecimentos e nem muito 
investimento. 
As oficinas situavam-se na porção litorânea, próximas aos rios, de onde se 
levava a carne seca em sumacas a Recife, Salvador e até o Rio de Janeiro – ali seria 
alimento para pobres e escravos. Assim, destacaram-se como centros charqueadores: 
Aracati (na foz do rio Jaguaribe), Acaraú, Sobral (rio Acaraú), Granja e Camocim (rio 
Coreaú). 
Em tais oficinas, além de trabalhadores livres não absorvidos pela pecuária, 
empregou-se mão-de-obra escrava, índia e negra, embora em escala menor. 
O charque traz mudanças socioeconômicas para o Ceará. Verificou-se uma 
divisão de trabalho na capitania (áreas para criar gado e áreas para charquear), uma 
maior integração política, cultural e comercial entre sertão e litoral, um crescimento do 
pequeníssimo mercado interno local, o enriquecimento de um grupo de latifundiários e 
comerciantes, o crescimento de centros urbanos, como Aracati (o principal núcleo 
charqueador e mais importante cidade do Ceará até pelo menos a metade do séc. XIX) 
e uma diversificação de produção (comercialização e até exportação de couro). 
Não se sabe quando instalaram-se as primeiras charqueadas cearenses, mas o 
certo é que essa atividade dominou o comércio cearense por todo o séc. XVIII. 
Contudo, no final do citado século XVIII, o charque local entrou em 
decadência, devido às calamitosas secas do período (que dizimavam os rebanhos), a 
concorrência com Rio Grande do Sul, e a atenção que os cearenses passaram a dar ao 
algodão (que então alcançava bons preços no mercado externo). 
 
3.2. Cotonicultura 
 
O algodão já era cultivado pelos nossos índios antes da invasão portuguesa. 
Com a colonização, passou a ser cultivado como atividade de subsistência nas fazendas 
de criar. 
Foi a partir do final do século XVIII que se desenvolveu a cotonicultura na 
América Portuguesa e no Ceará. Isso devido aos bons preços do algodão no mercado 
internacional e à demanda da Inglaterra, que usava a fibra em suas fábricas têxteis, 
típicas da primeira fase da Revolução Industrial. Os preços também subiram devido a 
desorganização da produção dos EUA, que viviam sua Guerra de Independência 
(década de 1770). 
Pela primeira vez o Ceará tinha um produto voltado diretamente para o 
mercado internacional. 
Fatores que favoreceram a cotonicultura no Ceará: o clima quente e a 
regularidade das chuvas (no sentido de que há uma época certa para o inverno e outra 
para o verão), a fertilidade dos solos (praticamente virgens), o curto ciclo vegetativo do 
algodão, a não exigência de muitos investimentos na lavoura (facilidade de cultivo, 
colheita, beneficiamento, etc.). Com isso, não só latifundiários dedicaram-se à atividade, 
mas também pequenos proprietários, agregados, moradores e arrendatários. 
As principais regiões produtoras, inicialmente, eram os distritos de Fortaleza 
e Aracati, além das serras de Baturité, Uruburetama, Meruoca, Pereiro e Aratanha. 
No algodão cearense, também pouco empregou-se o negro escravo – o curto 
ciclo vegetativo da fibra tornava desvantajoso o emprego de muitos africanos. Era mais 
barato usar mulheres e crianças ou a mão-de-obra livre não absorvida no pastoreio. 
A cotonicultura e a pecuária acomodaram-se uma à outra, dando origem ao 
chamado binômio gado-algodão. A rama do algodoeiroservia de alimento ao boi na 
época da estiagem e o animal adubava os solos com esterco. 
A expansão da cotonicultura seria fundamental para separar o Ceará de 
Pernambuco de 1799; até então, o comércio externo cearense era feito via porto do 
Recife, o que encarecia o algodão local. Daí a por pressão de autoridades, comerciantes 
e produtores para a separação cearense (embora continuasse a influência 
pernambucana). 
O comércio de algodão também favoreceu Fortaleza, que passou a crescer a 
passos largos, superando Aracati (abalada com a crise do charque) e assumindo a 
condição de principal núcleo urbano cearense na segunda metade do século XIX. Com a 
separação de Pernambuco, Fortaleza começou a ser dotada de uma infra-estrutura 
administrativa (porto, estrada, alfândega, etc.), que possibilitou tornar-lhe o grande 
centro coletor e exportador de algodão do Ceará. 
No final do período colonial, devido à recuperação da cotonicultura dos EUA, 
o algodão e, por conseqüência, o próprio Ceará entraram em crise, o que contribuiu para 
o envolvimento de cearenses na “Revolução” Pernambucana de 1817 e na Confederação 
do Equador. 
O auge do algodão cearense dar-se-ia na segunda metade do século XIX, 
beneficiado com a desorganização da produção americana em virtude da Guerra da 
Secessão (1861-65). 
 
UNIDADE 4 
 
CRIAÇÃO DE VILAS 
 
Em 1699, Portugal autorizou a instalação da primeira vila do Ceará, chamada 
de São José de Ribamar. Com isso, a metrópole desejava melhor administrar a terra, 
impondo um melhor controle da coroa a fim de evitar os excessos dos capitães-
governadores e ter mais pulso quanto à elite latifundiária, envolvida em lutas por terras 
e em grandes embates com índios, militares do Forte e religiosos. 
Acontece que não houve especificação quanto ao local onde seria erguido o 
pelourinho (coluna que simbolizava a elevação de uma localidade à condição de vila). 
Isso deu margem a uma série de atritos entre o capitão-mor governador, padres e os 
“homens bons” (os latifundiários, que exerciam os cargos de vereadores na Câmara 
municipal da vila). 
Tais disputas pela vila não passavam de uma maneira dos envolvidos 
tentarem aumentar seus poderes e influência. Assim, por anos, o pelourinho foi 
deslocado entre o Forte de N. S. da Assunção (no qual residiam militares e religiosos), a 
Barra do Ceará (a Vila Velha, habitada por mestiços e índios catequizados) e Aquiraz 
(onde moravam os “homens bons”). 
Em 1713, por fim, o pelourinho foi definitivamente instalado em Aquiraz – 
daí o porquê de muitos historiadores afirmarem que Aquiraz foi a primeira capital do 
Ceará. 
No mesmo ano de 1713, contudo, Aquiraz foi atacada pelos índios na “Guerra 
dos Bárbaros”, quando morreram e saíram feridos muitos dos habitantes. A vila 
esvaziou, pois quase todos foram procurar a segurança dos canhões da Fortaleza. 
Em conseqüência, Fortaleza, a 13 de abril de 1726, foi elevada finalmente à 
condição de vila. Mas sua importância econômica era muito pequena. Aquele era o 
período da expansão da pecuária nos sertões. Daí surgirem vilas interioranas em função 
do pastoreio, como Icó (1738), Aracati (1748), Sobral (1773), Granja (1773) e 
Quixeramobim (1789). A criação de vila era também uma forma de estimular a 
produção e de controle sobre a população sertaneja. 
Com a expulsão dos padres jesuítas do Brasil, em 1759, os aldeamentos 
foram transformados em vilas, como foram os casos de Viçosa do Ceará, Caucaia, 
Parangaba (ainda em 1759), Messejana (1760), Baturité e Crato (1764). Os “diretores” 
administradores das vilas indígenas passaram a explorar ou expulsar os nativos, 
apossando-se das terras destes. Essa espoliação foi oficializada na segunda metade do 
século XIX, quando o governo provincial chegou a declarar que “não havia mais índios 
no Siará”. Dessa forma, os remanescentes indígenas cada vez mais perderam suas terras 
e até o “direito de existir”. 
 
UNIDADE 5 
 
O CEARÁ NAS REVOLTAS DO SÉCULO XIX 
 
5.1. O Ceará na “Revolução” Pernambucana de 1817 
 
A influência de Pernambuco sobre o Ceará era muito forte. Mesmo com a 
autonomia político-administrativa obtida em 1799, a capitania cearense continuou 
ligada econômica, social e politicamente às terras pernambucanas. Some-se a isso, os 
efeitos da crise econômica e política (seca, crise do algodão), que também faziam-se 
presente no Ceará. Assim, a adesão dos cearenses à “revolução” pernambucana de 1817 
parecia certa. 
Essa “revolução” era influenciada pelas idéias iluministas européias, visando 
a independência da colônia ante a exploração portuguesa. Teve uma grande participação 
de religiosos. Os rebeldes conseguiram apoio da Paraíba e do Rio Grande do Norte, mas 
foram brutalmente derrotados. 
A participação cearense na “revolução” foi pequena – a crise do algodão não 
atingira intensamente ainda a capitania. A elite praticamente não aderiu e as massas não 
se mobilizaram. Além disso, o governador do Ceará, Inácio de Sampaio, estava pronto 
para reprimir qualquer movimento contra os interesses da coroa portuguesa. 
Somente a família Alencar, na região do Cariri, aderiu ao movimento. 
Os Alencar, sob a chefia de Dona Bárbara de Alencar, apoiaram a revolta, 
obtendo, de início, a neutralidade do capitão do Crato, José Pereira Filgueiras. 
José Martiniano de Alencar (jovem seminarista enviado por Pernambuco para 
“revolucionar” o Ceará), no dia 3 de abril de 1817, em frente à igreja do Crato, 
proclamou a República. Dali, marchou para o prédio da Câmara Municipal, onde, 
apoiado por alguns “cabras”, depôs às autoridades monárquicas, soltou os presos e içou 
uma bandeira branca. 
Os rebeldes tomaram ainda a vila de Jardim. Mas, o movimento era frágil, 
não “sensibilizou” a população. Assim, sem apoio, os rebeldes ficaram isolados. 
O movimento foi sufocado 8 dias após o início – 11 de abril de 1817. 
Os membros da família Alencar e outros líderes foram presos e enviados para 
Fortaleza e, depois, Salvador (BA). Em 1821, acabaram anistiados. 
O movimento fora sufocado, mas suas causas não. O descontentamento da 
elite continuaria, o que futuramente provocaria, em 1824, a mais importante 
mobilização rebelde da região, a Confederação do Equador. 
 
5.2. O Ceará na Confederação do Equador (1824) 
 
Em 1824, estourou em Pernambuco, propagando-se para outras províncias do 
que hoje é chamado de Nordeste, a Confederação do Equador, um movimento liberal 
(influenciado pelo Iluminismo, Revolução Francesa e independência dos EUA), 
separatista (tinha o propósito de separar a região do restante do Brasil) e republicano 
(desejava proclamar uma República) contra o autoritarismo e centralismo do governo de 
D. Pedro I (1822-31). 
O Ceará, tendo à frente os liberais (chefiado pela família Alencar) aderiu ao 
movimento devido à influência pernambucana sobre os cearenses, ao descontentamento 
geral com a crise econômica da região e ao temor dos “patriotas” (liberais) em perder o 
comando do Ceará para os “corcundas” (conservadores, aliados de D. Pedro I). 
A dissolução da Assembleia Constituinte de 1823 e a outorga da Constituição 
de 1824 por D. Pedro I provocaram protestos no Ceará. Em abril de 1824, os liberais, 
tendo à frente Pereira Filgueiras e Tristão Gonçalves, depuseram o recém-nomeado 
presidente da província (e aliado de D. Pedro I) Costa Barros. 
Em agosto de 1824 escolheu-se como presidente definitivo da província 
Tristão Gonçalves, deliberando-se pela anexação do Ceará à Confederação. 
A revolta, entretanto, fracassaria – o Ceará foi a última província a se render. 
Tristão Gonçalves morreu em combate. Pereira Filgueiras se rendeu e faleceu em Minas 
Gerais. Pe. Mororó, Pessoa Anta, Francisco Ibiapina, Feliciano Carapinimae Azevedo 
Bolão foram julgados, condenados e fuzilados no Campo da Pólvora (Praça dos 
Mártires/Passeio Público). José Martiniano de Alencar foi perdoado por D. Pedro I e 
tornou-se aliado da monarquia daí em diante. 
 
 5.3. A Sedição de Pinto Madeira 
 
Em 1831, D. Pedro I abdicou ao trono do Brasil, em consequência da 
oposição movida, sobretudo, pela elite latifundiária. Como o herdeiro, Pedro de 
Alcântara, tinha apenas cinco anos, até a maioridade deste, o País seria governado por 
regentes. A fase regencial (1831-40) foi conturbada, com muitas revoltas. 
Com a queda de D. Pedro, os liberais moderados, ligados à família Alencar, 
chegaram ao governo cearense e passam a perseguir um grande desafeto: Pinto Madeira. 
Joaquim Pinto Madeira era um coronel de milícias da vila de Jardim, 
autoritário, absolutista e aliado de D. Pedro I. Perseguido pelos liberais, para escapar às 
perseguições dos inimigos, Madeira articulou uma revolta. 
Há na historiografia uma discursão sobre as razões da Sedição. Para alguns 
autores, a causa principal da revolta seria local, estava nas disputas entre os coronéis de 
Crato, de tendência liberal, e de Jardim, de tendência absolutista, pelo domínio político 
do Cariri cearense. Outros autores, porém, falam que Madeira tinham articulações com 
políticos restauradores de Pernambuco e Rio de Janeiro, tramando revoltas visando 
restaurar no trono Pedro I. 
Exércitos formados por sertanejos humildes de Crato e Jardim travaram 
sangrentos combates, num dos quais faleceria o liberal José Pinto Cidade. O governo 
provincial cearense, entregue ao presidente José Mariano de Albuquerque, bem como o 
governo regencial, com o mercenário francês Pedro Labatut, intervieram no confronto 
contra Pinto Madeira. 
Em outubro de 1832, Pinto Madeira rendeu-se. Após vários adiamentos, foi 
julgado e considerado culpado pelo assassinato do citado José Pinto Cidade – isso por 
pressão de seu inimigo José Martiniano de Alencar, que então ocupava o governo 
cearense. 
A Pinto Madeira não foi sequer dado o direito de recorrer da decisão, sendo 
fuzilado no Crato em 1834. 
 
UNIDADE 6 
 
O CEARÁ NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX 
 
6.1. Abolicionismo no Ceará 
 
Tradicionalmente considera-se o Ceará como a primeira província do Brasil a 
abolir a escravidão em 1884. Desde o início da colonização, se verificava a escravidão 
negra no Ceará. Inexistia tráfico negreiro direto da África para o Ceará. Sempre houve 
resistência negra contra a escravidão, o que não descartava “negociações de cotidiano”. 
Quatro anos antes da Lei Áurea, em 1884, a província “acabou” com o 
sistema escravista, virando, para os bairristas, “terra da luz”, “berço da liberdade”, etc. 
Há explicações para essa “precocidade” cearense. Em primeiro lugar, 
citaríamos o pequeno número de cativos e sua menor influência na economia local – 
como vimos, a economia cearense, baseada no binômio gado-algodão, não absolvia 
muita mão-de-obra escrava negra (assim, a abolição não traria muitos abalos para a 
economia local). 
Em segundo, poderíamos falar da pressão da campanha abolicionista. Como 
no resto do Brasil, ocorreu uma influência marcante da cultura européia sobre os 
cearenses na segunda metade do século XIX. As ideias de “civilização”, “progresso” e 
“modernização” do Iluminismo, do positivismo e outros sistemas filosóficos chocavam-
se com uma instituição tão brutal como o sistema escravista. Por isso, segmentos das 
elites e das classes médias fundaram entidades abolicionistas (como a “Sociedade 
Cearense Libertadora” e o “Centro Abolicionista”), visando o fim do regime servil. Essa 
campanha abolicionista, contudo, não visava uma ruptura radical, mas ao fim da 
escravidão de forma “ordeira”, priorizando a compra de cartas de alforria. 
Em terceiro, citaríamos o tráfico interprovincial (a venda de escravos do 
Nordeste para os cafezais do Sudeste), que diminuía ainda mais o número – e o peso 
econômico – dos escravos locais. Também deve-se mencionar a questão das secas , 
como a de 1877-79, (era inviável um grande número de negros numa área sujeita a secas 
e, por conseguinte, à fome, à sede, à doenças, etc.) e a atuação dos setores populares que 
aderiram à ideia abolicionista – o maior exemplo foi Francisco José do Nascimento, o 
“Dragão do Mar”, que liderou o jangadeiros em vitoriosas greves em 1881, objetivando 
impedir o embarque de escravos no porto de Fortaleza. 
Assim, em janeiro de 1883, Acarape (atual Redenção) passou para a história 
nacional como o primeiro núcleo urbano a libertar seus negros. Fortaleza deu liberdade 
a seus cativos em 24 de maio de 1883. Finalmente, a 25 de março de 1884, promulgou-
se lei inviabilizando a escravidão na província – embora existam registros de cativos no 
Ceará em datas posteriores. 
 
6.2. Economia 
 
Na segunda metade do século XIX, o Ceará reproduziu, em escala menor, a 
expansão da economia brasileira. 
O algodão cearense, cultivado comercialmente desde o final do século XVIII, 
conheceu o apogeu na segunda metade do século XIX, na década de 1860 precisamente 
– isso porque os preços da fibra atingiram um alto patamar, em virtude da 
desorganização da produção dos Estados Unidos (principais fornecedores das fábricas 
inglesas), mergulhados na Guerra da Secessão (1861-65). Essa vultosa produção 
algodoeira tinha em Fortaleza seu grande centro coletor e exportador. 
Houve igualmente a ampliação das atividades tradicionais (como a pecuária) 
e a diversificação da pauta de exportação, a exemplo da borracha, açúcar e, com 
destaque, o café, produto que chegou algumas vezes a superar as exportações de 
algodão, sendo cultivado em serras como Baturité, Maranguape, Meruoca, Aratanha, 
Grande, Uruburetama e Araripe. 
Ampliam-se os serviços urbanos e de transportes (em 1870, inicia-se a 
construção da EFB) e o comércio (com a instalação, inclusive, de negocistas 
estrangeiros). Apesar dessa “modernização”, não se alterou a estrutura sócio-econômica 
do Ceará, que terminou o século XIX em grave crise desse modelo agro- exportador e 
comercial. 
6.3 A Hegemonia de Fortaleza 
 
A capital cearense assume na segunda metade do século XIX, a condição de 
principal núcleo econômico, político e social da província, superando Aracati. Para 
tanto contribuíram: a) os capitais acumulados com o comércio algodoeiro e de outros 
produtos; b) a centralização política da monarquia brasileira, que concorria para 
concentrar nas capitais das províncias todo o poder decisório, beneficiando-as com 
obras – assim, a condição de capital de Fortaleza transformo-a em ponto destacado na 
recepção de obras e recursos; a) a construção e melhorias de estradas e ferrovias, como 
a Estrada de Ferro Fortaleza-Baturité (EFB), inaugurada em 1873; d) e a intensa 
migração rural-urbana, principalmente na época das secas. 
O crescimento de Fortaleza se evidencia em seu “aformoseamento”, ofertas 
de serviços urbanos e adoção de uma infraestrutura razoável. Passa a ter transporte 
coletivo por bondes de tração animal, calçamento nas ruas centrais, linhas de telégrafo e 
de vapor para a Europa e Rio de Janeiro, iluminação à gás carbônico, telefonia, 
biblioteca pública, bons educandários (como o Liceu e o Colégio Imaculada 
Conceição), seminário (da Prainha), jornais, etc. 
É a chamada Belle Époque. A elite inspirava-se nos valores “civilizados” da 
Europa – luvas, chapéus, casacos, nomes franceses, idéias do velho mundo. O Passeio 
Público era local de encontros e sociabilidades. Os intelectuais reuniam-se nos famosos 
“cafés” (quiosques) da Praça do Ferreira. Num desses cafés, o Java, em 1892, formar-
se-ia a mais irônica e crítica associação de letradoscearenses, a Padaria Espiritual. Em 
sua publicação, O Pão, homens como Adolfo Caminha, Antônio Sales, Lopes Filhos, 
entre outros, criticavam os valores da época, defendiam a cultura popular e, de certo 
modo, antecipavam a preocupação nacionalista da Semana de Arte Moderna paulista de 
1922. 
Em 1875, o engenheiro pernambucano Adolfo Herbster elabora um plano 
urbanístico, objetivando disciplinar a expansão da cidade através do alinhamento de 
suas ruas e da abertura de novas avenidas. 
Os lucros do algodão, no entanto, reduzir-se-iam com a recuperação da 
cotonicultura norte-americana na década de 1870. Com isso, o Ceará entrou no século 
XX em difícil situação econômica. Curiosamente, foi o algodão encalhado e os capitais 
acumulados do comércio que possibilitaram a instalação das pequenas primeiras 
fábricas têxteis cearenses. 
Mas se Fortaleza conhecia algum progresso material, o mesmo não se podia 
dizer dos sertões, onde imperava ainda a violência, a arbitrariedade e a exploração da 
massa pelos latifundiários. Os camponeses sofriam os males da concentração da terra. 
Grupos de jagunços a serviço de potentados lutavam por terra e influência política, 
massacrando inocentes. Imperava a impunidade. 
As secas, como a de 1877-79, dizimavam de fome e sede milhares de 
cearenses, outros muitos morriam nos surtos de varíola. O povo migrava, sobretudo, 
para a Amazônia, onde ia explorar os seringais. 
Mas os oprimidos reagiram. Um dos meios foi através dos movimentos 
messiânicos, em que o povo seguia um líder religioso em busca de dignidade, condições 
de vida melhores e assistência espiritual. Foram líderes messiânicos nordestinos, com 
atuações distintas: padre Ibiapina, padre Cícero, beato Zé Lourenço e o líder de 
Canudos (BA), Antônio Conselheiro. 
Outros nordestinos, no entanto, partiam para a violência como meio de 
escapar da miséria. Formavam grupos de cangaceiros, saqueando, assaltando e 
amedrontando e todos. O ciclo do Cangaço teria o apogeu no começo o século XX. O 
mais famoso líder do cangaço dos sertões foi Virgulino Ferreira, o Lampião, morto em 
1938, em Sergipe. 
 
UNIDADE 7 
 
A OLIGARQUIA ACCIOLINA 
 
Por oligarquia acciolina, entendemos o grupo político liderado pelo 
comendador Nogueira Accioly, que dominou de forma autoritária, nepótica, despótica, 
corrupta e monolítica o Estado do Ceará, entre 1896 e 1912. Para tanto, foi fundamental 
a adesão à política dos governadores (um mecanismo de apoio mútuo entre o presidente 
da república e os governadores dos Estados, levando à formação de oligarquias), o 
apoio dos coronéis latifundiários, à aliança com fortes grupos econômicos locais, a 
prática de nepotismo, corrupção eleitoral e repressão às oposições. 
No primeiro mandato de Accioly (1896-1900), destacaram-se a corrupção em 
larga escala e o “caso da vacina”, quando a oligarquia atritou-se com o farmacêutico 
Rodolfo Teófilo, que criticava o descaso do governo ante um surto da doença. 
O governo de Pedro Borges (1900-04), eleito para desmascarar Accioly, 
acabou sendo uma continuidade da oligarquia. Accioly foi ainda reeleito para dois 
mandatos, em 1904 e 1908, respectivamente. Isso intensificou as ações dos 
oposicionistas, integrados por oligarcas dissidentes do esquema governista, por 
burgueses, pela classe média, por populares e até por coronéis. 
Em 1910, chegava à Presidência da República o gaúcho Hermes da Fonseca. 
Em seu período, verificou-se a ocorrência da chamada “política das salvações”, pela 
qual militares e classe média promoveram pelo País levantes armados na pretensão de 
derrubar as oligarquias estaduais e enfraquecer o senador Pinheiro Machado, o homem 
forte da república. Uma das oligarquias “derrubadas” foi a de Accioly no Ceará. 
Assim, para as eleições estaduais de 1912, as oposições cearenses lançaram, 
dentro da “política das salvações”, a candidatura do tenente-coronel Marcos Franco 
Rabelo para o governo, enquanto Accioly apontava como seu candidato o manipulável 
Domingos Carneiro. A campanha foi bastante agitada e violenta, tendo como clímax a 
repressão do governo à “passeata das crianças”, uma manifestação dos rabelistas, na 
qual morreram e saíram feridas diversas crianças. 
 Em conseqüência, a cidade de Fortaleza rebelou-se, mergulhando numa 
verdadeira guerra civil (21 a 24 de janeiro de 1912). Para não perder a vida, Accioly 
aceitou renunciar ao governo cearense. Em seguida, Franco Rabelo foi eleito para 
governar o Ceará, sendo, porém, deposto dois anos depois, em 1914, na Sedição de 
Juazeiro. 
 
UNIDADE 8 
 
PADRE CÍCERO 
 
A trajetória de Padre Cícero Romão Batista foi de polêmicas. Praticante de 
um catolicismo popular, acabou entrando em atrito com a romanização promovida pela 
alta cúpula da Igreja Católica, isto é, com a política de valorização dos dogmas e da 
hierarquia católica promovida a partir do final do século XIX pelo Vaticano. Cícero 
nasceu no Craro-CE, em 1844 e instalou-se em Juazeiro no ano de 1872, ganhando o 
respeito da comunidade por seu trabalho religioso. Em 1889, obteve destaque por ter 
realizado um “milagre”, transformando em sangue uma hóstia na boca da beata Maria 
de Araújo. Tal milagre não foi aceito pela cúpula católica e Cícero acabou perseguido. 
Ao contrário de Antônio Conselheiro em Canudos, Pe. Cícero aliou-se aos políticos e 
oligarcas visando preservar Juazeiro dos inimigos. Para os críticos, ao envolver-se com 
políticos, virou um “coronel de batinas”. Juazeiro prosperou bastante em função do 
“milagre”. A atuação política do Padre aumentou com a chegada a Juazeiro de Floro 
Bartolomeu, seu “alter ego”. Cícero e Floro participariam da Sedição de Juazeiro, em 
1914, contribuindo para a queda do governador cearense Franco Rabelo. A morte de 
Floro em 1926 e a Revolução de 30 marcaram a decadência política de Cícero. Nos 
últimos anos de vida, tentou inutilmente recuperar os plenos poderes do sacerdócio. 
Faleceu em 1934. 
 
UNIDADE 9 
 
A SEDIÇÃO DE JUAZEIRO (1913-14) 
 
Tal fato liga-se ao fracasso nacional da “política das salvações” – o presidente 
Hermes da Fonseca, Pinheiro Machado e as oligarquias articularam revoltas armadas 
nos estados, visando derrubar os governos “salvacionistas” no poder. Assim caiu Franco 
Rabelo, o “salvador” cearense, eleito em 1912, após o fim da oligarquia acciolina. 
Rabelo, inábil, em poucos meses perdeu o apoio de muitos dos políticos que o 
tinham ajudado a chegar ao poder – daí porque a Assembléia Legislativa tentou, sem 
êxito, votar o “impeachment” do “salvacionista”. 
O governador das “salvações”, contudo, possuía o apoio dos fortalezenses, 
temerosos da volta de Accioly e da fúria vingativa deste. Diversas vezes, o povo da 
capital cearense frustrou as pretensões golpistas dos opositores de Franco Rabelo. 
Logo, os opositores concluíram que a única forma de acabar com o 
“salvador” seria com uma revolta vinda do interior para capital. Dessa maneira, com 
apoio de Hermes da Fonseca, Pinheiro Machado, Nogueira Accioly, João Brígido e 
outros oligarcas, arquitetaram um plano golpista nos sertões, onde tinham o apoio do 
deputado Floro Bartolomeu de Juazeiro. Padre Cícero Romão Batista temia que Rabelo 
destruísse Juazeiro. 
Floro e Cícero haviam sido aliados da oligarquia acciolina, e se constituíram 
nas figuras centrais da Sedição de Juazeiro. Os oposicionistas convocaram 
extraordinariamente a Assembléia Legislativa em Juazeiro e cassaram o mandato de 
Rabelo. Este, de Fortaleza, enviou tropas para aquela cidade caririense, na pretensão de 
derrotar os golpistas. O povo sertanejo, pensando ser uma agressão ao santo “Padim 
Ciço”, dirigiu-se a Juazeiro, para lutar numa “guerra santa”. 
Os homens de Rabelo cercaram Juazeiro, mas,após alguns meses de 
combate, acabaram derrotados pelos seguidores de padre Cícero. Os sediciosos, então, 
marcharam sobre Fortaleza e obrigaram Rabelo a renunciar ao governo cearense (antes, 
o presidente Hermes da Fonseca já havia decretado a intervenção no Estado). 
Após a Sedição de Juazeiro, houve um relativo equilíbrio entre as oligarquias 
cearenses – nenhuma delas dominou sozinha o Estado, sendo o povo reprimido em suas 
manifestações. Tal quadro se manteria até 1930, quando, com a “Revolução de 30”, 
houve um reajuste das forças políticas locais. 
 
UNIDADE 10 
 
O CEARÁ NOS ANOS TRINTA 
 
10.1. As Interventorias 
 
Em 1930, Getúlio Vargas chegava à Presidência da República através duma 
“revolução”. Iniciava-se uma nova era para o País: leis trabalhistas, industrialização de 
base, centralismo político, etc. 
Vitoriosa a “Revolução” de 30, passaram os Estados a serem governados por 
interventores – indicados por Getúlio e escolhidos entre os tenentes e civis que haviam 
apoiado o golpe varguista. Queria-se, assim, afastar dos governos estaduais as 
oligarquias da República Velha e se colocar em prática as medidas centralizadoras da 
Era Vargas. 
No Ceará, após o afastamento das oligarquais da primeira república, foi 
nomeado interventor o médico Fernandes Távora (1931), que governou por pouco 
tempo, pois continuou com as práticas políticas do período histórico anterior. Távora, na 
realidade, era um dissidente das oligarquias “caídas” em 30. 
O segundo interventor cearense foi Roberto Carneiro de Mendonça (1931-
34), que procurou conciliar os “revolucionários” de 1930 com os oligarcas da Velha 
República. Em seu período, no ano de 1932, ante fortíssima seca, os cearenses foram 
enviados para combater a Revolução Constitucionalista de São Paulo. Nessa seca, 
ergueram-se campos de contração para controlar os flagelados da estiagem. 
Em 1933, convocaram-se eleições para uma Assembléia Constituinte, o que 
ensejou a reorganização dos partidos locais. Os tenentes e liberais apoiadores da 
“Revolução” de 30 fundaram o Partido Social-Democrático (PSD), enquanto as 
tradicionais oligarquias, junto com segmentos conservadores da Igreja, reuniram-se na 
Liga Eleitoral Católica (LEC). 
A LEC, por seus vínculos religiosos e apoio dos latifundiários interioranos, 
obteve enorme penetração no eleitorado cearense. Dessa maneira, essa sigla religiosa 
elegeu a maioria dos deputados constituintes em 1933. A LEC também apoiava os 
segmentos fascistas que organizaram por essa época a AIB (Ação Integralista 
Brasileira) no Ceará. 
O terceiro interventor foi Felipe Moreira Lima (1934-35), que realizou uma 
gestão agitada. Aliado ao PSD, não conseguiu evitar que a LEC vencesse as eleições 
para deputado estadual de 1934 e elegesse, indiretamente, no ano posterior, o novo 
governador do estado, Menezes Pimentel. Dessa forma, as antigas oligarquias cearenses 
da primeira república retomavam o poder. 
Menezes Pimentel administrou o Ceará por 10 anos, entre 1935 e 1937, como 
governador legal, e entre 1937 e 1945, como interventor do Estado Novo. Foi um 
movimento de muita violência e autoritarismo. 
 
10.2. A Legião Cearense do Trabalho (LCT) 
 
A Legião Cearense do Trabalho (LCT) foi uma organização operária 
conservadora, nacionalista, cristã, paternalista, autoritária, corporativista, anticomunista 
e antiliberal, existente no Ceará entre 1931 e 1937, sendo fundada e liderada pelo 
tenente Severino Sombra. 
Sombra conseguiu muito sucesso com a LCT devido ao baixo grau de 
organização e politização dos trabalhadores, à política de conciliação do interventor 
cearense Carneiro de Mendonça e ao apoio da Igreja e da LEC. 
O pensamento da LCT e de Sombra estava no livro “Ideal Legionário”. 
Visava criar um estado centralizado, intervencionista, harmonioso e corporativista, 
“protegendo” os trabalhadores. Também se destacou na entidade o padre Hélder Câmara 
(depois, um dos mais importantes líderes da ala progressista da Igreja, falecido em 
1999). 
Sombra pensava em estender a legião para todo o Brasil. Mas, por apoiar a 
Revolução Constitucionalista de 1932, foi preso e exilado em Portugal. Depois, a LCT 
acabou filiando-se à AIB (Ação Integralista Brasileira) de Plínio Salgado, que se tornou 
rival de Sombra. 
Em 1933, Sombra retornou do exílio e, não conseguindo obter a chefia da 
AIB, abandonou a LCT e fundou no Ceará uma entidade semelhante, a Campanha 
Legionária. Mas não obteve sucesso devido ao apoio agora prestado pela Igreja aos 
integralistas, ao surgimento de entidades operárias de esquerda, às disputas com a 
própria LCT e à lei de sindicalização de Vargas. A Campanha Legionária, a LCT e AIB 
foram fechadas em 1937, com a implantação da ditadura do Estado Novo. 
 
10.3. O Caldeirão 
 
O Caldeirão foi uma comunidade religiosa e coletiva surgida no Crato sob a 
liderança do beato Zé Lourenço e destruída em 1936 pelo governo de Menezes 
Pimentel, com o apoio da Igreja e dos latifundiários. 
José Lourenço, paraibano, negro e analfabeto, chegou a Juazeiro por volta de 
1890, sendo aconselhado pelo padre Cícero (de quem era seguidor) a se estabelecer na 
região e a trabalhar com algumas das famílias de romeiros. Arrendou, então, um lote de 
terra no sítio Baixa D’anta e passou a desenvolver um fenomenal trabalho coletivo, 
dividindo entre os trabalhadores o produzido. O sítio rapidamente prosperou e começou 
a chamar a atenção. 
Na década de 1920, adversários políticos de padre Cícero e Floro Bartolomeu, 
na pretensão de atingir estes, espalharam o boato de que as pessoas de Baixa D’anta 
estavam cultuando a um boi como se fosse santo. Lourenço foi preso, sendo o boi 
morto. Pouco depois, o novo dono do sítio Baixa D’anta exigiu que o beato e os 
camponeses deixassem a terra. 
Talvez por volta de 1926, padre Cícero acomodou Lourenço e os seguidores 
deste no sítio Caldeirão, de sua propriedade. O Caldeirão tornou-se uma espécie 
Canudos em dimensões menores. Em busca de uma vida digna e de conforto espiritual, 
muitos nordestinos foram para lá. Lourenço recebia a todos, e o sítio prosperava num 
sistema igualitário e coletivo. 
O progresso do Caldeirão incomodou as elites, visto que os latifundiários 
perdiam a mão-de-obra barata que exploravam. Além disso, a Igreja condenava a 
religião popular praticada na comunidade. Para complicar, o País vivia um clima de 
histeria anticomunista – Lourenço foi acusado de ser um agente bolchevique. 
Como o sítio, após a morte de padre Cícero em 1934, ficou por herança para 
os padres salesianos, as classes dominantes passaram a difamar ainda mais a 
comunidade de Lourenço. Em setembro de 1936, a comunidade foi dispersa e o sítio, 
incendiado numa ação da polícia. 
Lourenço e sua gente instalaram-se, então, no alto da Serra do Araripe e 
reorganizaram uma nova comunidade. Alguns moradores, liderados por Severino 
Tavares, queriam vingança e, realizando uma emboscada, mataram alguns policiais. 
Enviou-se em seguida, em maio de 1937, um grande contingente policial para 
a Serra do Araripe, massacrando os camponeses. Não se sabe quantos morreram. 
José Lourenço conseguiu escapar, retornando mesmo depois ao Caldeirão – 
as autoridades convenceram-se de que ele não participara da emboscada aos policiais. 
Mas, no final de 1939, retirou-se da terra por nova pressão dos salesianos. Comprou um 
pequeno sítio, o “União”, em Exu (PE), vivendo em paz até 1946, quando veio a falecer. 
Seu corpo está enterrado em Juazeiro. 
 
UNIDADE 11 
 
O CEARÁ NA REPÚBLICA LIBERAL-DEMOCRÁTICA (1945-64) 
 
11.1. A “Redemocratização” de 1945 
 
 Durante o Estado Novo (1937-45), foi o Ceará administrado pelo interventor 
Menezes Pimentel (que governavajá desde 1935), nomeado por Vargas. Nessa fase de 
autoritarismo, censura, torturas e repressão, as atividades políticas cearenses 
praticamente inexistiram. 
Com o envolvimento do Brasil na II Guerra Mundial (1939-45), montou-se 
uma base norte-americana em Fortaleza, mudando os hábitos locais e empolgando a 
população, que realizou diversos atos, manifestos e passeatas contra o nazismo. Ao 
mesmo tempo, uma intensa propaganda governamental influenciava os sertanejos a 
migrar para a Amazônia e explorar látex nos seringais da região num “esforço de 
guerra”. Milhares de cearenses foram para o norte em busca de “tempos novos” – a 
maioria só encontrou miséria e até mesmo a morte na floresta. Era a “Batalha da 
Borracha”. 
No Ceará, como no restante do Brasil, as manifestações contra o nazismo 
passaram a criticar igualmente a ditadura getulista. E o Estado Novo caiu como um 
castelo de areia. O País se “redemocratizava”, marcando-se eleições e formando-se 
partidos nacionais. 
Assim, os opositores ao interventor Menezes Pimentel organizaram a secção 
local da União Democrática Nacional (UDN), enquanto o interventor fundava o Partido 
Social Democrático (PSD). Eram agremiações conservadoras, elitistas, sem muito 
conteúdo ideológico. Também surgiu uma secção do Partido Comunista do Brasil 
(PCB) – apesar de toda a campanha anticomunista movida pela classe dominante e pela 
igreja Católica, então chefiada pelo bispo Dom Almeida Lustosa. 
Da mesma forma, organizou-se o Partido Social Progressista (PSP), chefiado 
por Olavo Oliveira, que pelo menos na década de 50, atuaria como “fiel da balança” nas 
disputas eleitorais cearenses. 
A demissão de Menezes Pimentel da interventoria local e a coligação entre 
PSP e UDN deram aos udenistas a vitória nas eleições de 1947, elegendo o governador 
Faustino Albuquerque. 
 
11.2. A Fragilidade das Elites 
 
A novidade no pós-45 foi a existência de partidos nacionais (até então os 
partidos eram estaduais), o que, porém, não evitou especificidades políticas locais. No 
Ceará, havia outro complicador do jogo político: a histórica fragilidade estrutural das 
elites cearenses, em virtude da econômica precária (baseada na exportação agrícola e no 
comércio). O Ceará continuava a ser uma região pobre, de solos ruins e castigada por 
secas periódicas. Para aquela fragilidade contribuía ainda a própria divisão interna das 
camadas dominantes. 
A fragilidade dos grupos políticos locais fica clara quando se percebe que no 
período 1945-64, quando das eleições, o governador não conseguia eleger seu sucessor. 
Quem ganhava era a oposição (exceção dá-se em 1962, como adiante veremos). 
Os dois principais partidos do período, UDN e PSD, alternam-se no poder. 
Não eram agremiações de forte conteúdo ideológico. Ao contrário, havia dentro desses 
partidos alas brigando entre si. O que lhes dava um pouco de unidade era o clientelismo, 
a capacidade de estar no poder, garantir cargos no Estado, verbas públicas, privilégios 
econômicos, etc. 
Na UDN tinham-se duas facções: uma do sul do Ceará, liderada por 
Fernandes Távora, e outra, no norte, chefiada por José Sabóia de Albuquerque, de 
Sobral. 
O PSD, surgido da burocracia do Estado Novo, possuía como maiores líderes 
Menezes Pimentel, José Martins Rodrigues e Expedito Machado. Um grupo chefiado 
por Olavo Oliveira deixaria o PSD e formaria o PSP (Partido Social Progressista). 
Dependendo de quem lhe ofertasse mais vantagens, o “olavismo” ora apoiava a UDN, 
ora o PSD. Era o “fiel da balança”, capaz de decidir as eleições. 
Havia ainda, tendo como maior reduto a capital, o pequeno Partido 
Republicano (PR), chefiado pelo ex-interventor e prefeito de Fortaleza entre 1947-51 
Acrísio Moreira da Rocha, figura carismática, o qual, junto com os irmãos Péricles 
e Crisanto, representava, para muitos, no Ceará o populismo reinante no Brasil. Após a 
cassação do registro do PCB, em l947, muitos comunistas foram “abrigar-se” no PR. 
A partir de mais ou menos 1954, um novo partido iria superar o “olavismo” 
como “fiel da balança”, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), sobre a chefia do rico 
comerciante Carlos Jereissati – vinculado nacionalmente ao getulismo e a João Goulart. 
Foram governadores do Ceará nesse período: Faustino Albuquerque (UDN 
1947-51), Raul Barbosa (PSD 1951-54), Paulo Sarasate (UDN 1955-58), Parsifal 
Barroso (PSB, PTB 1959-63) e Virgílio Távora (UDN- PSD/“União Pelo Ceará” 1963-
66). 
O único momento em que um governo elegeu seu sucessor foi em 1962, 
quando, sob as bênçãos do governador Parsifal Barroso, UDN e PSD se coligaram e se 
formou a chamada “União Pelo Ceará” – coligação de direita das elites, que tinha como 
candidato Virgílio Távora. 
A “União pelo Ceará” foi esmagadoramente triunfante nessas eleições, só 
perdendo um cargo importante: uma vaga no Senado. O eleito foi exatamente seu 
adversário maior, Carlos Jereissati (PTB). 
Com Távora no governo, teve-se o incremento da “modernização 
conservadora” cearense, baseada na industrialização (influência direta do “nacional-
desenvolvimentismo”). Daí Virgílio ter se esforçado para trazer para o Ceará a energia 
de Paulo Afonso, atrair indústrias do Sudeste, conseguir recursos da SUDENE, BNB e 
Governo Federal, criar o Banco do Estado do Ceará (BEC) para facilitar financiamentos 
e instalar o Primeiro Pólo Industrial, em Maracanaú. Com o golpe de 1964, ocorrem 
várias prisões de militantes de esquerda e cassações de parlamentares. 
 
UNIDADE 12 
 
O CICLO DOS CORONÉIS 
 
O golpe de 1964 ocorreu exatamente um ano após a posse de Virgílio Távora. 
O coronel ficou então dividido, pois, apesar de criticar as “Reformas de Base” de João 
Goulart, era seu amigo pessoal e fora dele ministro. Essa aproximação de Távora com 
Jango fez até com que alguns militares “linha dura” pedissem a cassação do governador. 
Távora escapou da deposição por sua amizade com Castelo Branco e influência do tio, 
Juarez Távora, junto aos golpistas. A longo prazo, a Ditadura acabou beneficiando 
Távora, pois, contando com a amizade do presidente (cearense) Castelo Branco, obteve, 
além de prestígio político, muitos recursos para seus projetos industrialistas. 
As esquerdas buscaram se reorganizar após o Golpe de 64, tendo grande 
influência junto ao movimento estudantil através do PORT (Partido Operário 
Revolucionário Trotskista), AP (Ação Popular) e PCdoB. O Partido Comunista do 
Brasil liderou o movimento estudantil universitário e instalou campos de treinamentos 
de guerrilheiros visando apoiar a futura guerrilha do Araguaia. ALN (Ação Libertadora 
Nacional) e PCBR (Partido Comunista Brasileiro Revolucionário) fizeram ações 
armadas no Ceará. 
Na sucessão, contudo, Távora não conseguiu indicar um nome de seu 
agrado. O quadro político mudara com a instalação do bipartidarismo no país (no Ceará, 
a ARENA reuniu a maior parte dos políticos da UDN, do PSD e do PSP, enquanto no 
MDB ingressaram políticos do PTB, das esquerdas e uma ala do PSD, chefiada por José 
Martins Rodrigues) e com a determinação de eleições indiretas para governador (seria 
este escolhido pelos deputados estaduais, embora, na prática, apenas se referendasse o 
nome indicado pelos militares). Paulo Sarasate, amigo de Castelo Branco e ardoroso 
defensor da “Revolução” de 1964, conseguiu que fosse eleito, para surpresa geral, o 
obscuro deputado Plácido Aderaldo Castelo, que governa o Estado entre 1966-71. 
Em 1971, com as bênçãos do presidente da República, Médici, e a pressão 
dos militares do Recife, foi indicado para governar o Ceará um tecnocrata, o coronel e 
engenheiro César Cals de Oliveira, o que não agradou a Vírgílio Távora, que contava 
em voltar ao poder. Concomitantemente,dentro da ARENA fortalecia-se o grupo do 
coronel Adauto Bezerra, figura vinda de uma poderosa família de Juazeiro, ligada ao 
cultivo de algodão e ao ramo bancário. 
Surgiam assim os famosos três “coronéis do Ceará”, todos militares de 
carreira, Vírgílio Távora, Adauto Bezerra e César Cals, que, nos anos de 1970 e início 
da década de 1980, dominaram politicamente o Estado. Tinham entre si um acordo 
(“Acordo dos Coronéis”) que os mantinha na “cúpula” do Estado e “dividia” as bases 
entre eles, não deixando espaços para o MDB local. 
Após a administração de César Cals (1971-75), foi a vez de Adauto Bezerra 
assumir o poder local, governando entre 1975-78. 
No ano de 1979, Virgílio Távora, com o apoio de Geisel, regressou ao 
governo cearense e consolidou a transição para a “modernidade conservadora”, com 
obras estruturais e de cunho industrialista, como o sistema Pacoti-Riachão, a 
energização rural e o término do Distrito Industrial. 
Com a “distensão política” e a “abertura democrática” ocorridas no País no 
final da década de 1970 (a ARENA virou PDS e o MDB, PMDB), o acordo dos 
coronéis passou a se desestruturar. Em 1982, os três coronéis disputavam acirradamente 
nos bastidores a indicação de quem seria o novo governador do estado. Ante o impasse, 
a questão sucessória foi levada ao presidente Figueiredo, que firmou o “Pacto de 
Brasília”, pelo qual os coronéis dividiriam o Estado entre si, na base dos 33% dos 
cargos públicos de lo e 2o escalões, além dos cargos executivos. Gonzaga Mota, “um 
homem neutro” (na prática, ligado a Virgílio Távora), seria o governador, cabendo a 
Adauto o cargo de vice, a Virgílio, uma vaga no Senado e a César Cals, a prefeitura de 
Fortaleza. Assim ocorreu nas eleições de 1982. 
Mas foi ilusória a vitória dos coronéis. Estes haviam preparado a 
“modernidade” do estado, mas suas práticas autoritárias e clientelistas ironicamente os 
enfraqueceriam. Abria-se espaço para novas forças políticas: em 1985, Maria Luiza 
Fontenelle, do PT, era eleita prefeita de Fortaleza. Em 1986, um grupo de “jovens 
empresários”, um deles Tasso Jereissati, passaria a governar o Ceará. Eram tempos de 
“mudanças”. 
 
UNIDADE 13 
 
A GERAÇÃO CAMBEBA 
 
Em 1986, Tasso Jereissati era eleito governador do Ceará, derrotando os três 
famosos coronéis do Ceará, Adauto, Vírgílio e César, e inaugurando uma nova etapa 
política no estado. 
Mas tal fato não foi ocasional. Na realidade, enquadra-se dentro de um 
projeto político burguês-capitalista, com origens no ano de 1978, quando “jovens 
empresários” assumiram o controle do Centro Industrial Cearense (CIC). Até aquela 
data, a chefia do CIC era ocupada pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado 
do Ceará (FlEC). 
Esses “jovens empresários”, como Beni Veras, Tasso Jereissati, Amarílio 
Macedo, Sérgio Machado e Assis Machado Neto, tornam o CIC um centro de debates e 
gestam uma candidatura ao governo. Embora tenha o CIC de início mantido boas 
relações com os coronéis (por exemplo, apoiaram a candidatura de Gonzaga Mota ao 
governo em 1982), criticavam duramente o excessivo intervencionismo do Estado na 
economia, a corrupção, o clientelismo e outros problemas da máquina pública, pregando 
uma gestão “moderna”, (neo) liberal no Ceará e empresarial para “acabar com a 
miséria”. 
A oportunidade para os “jovens empresários” assumirem o governo dar-se-ia 
em 1986. O então governador Gonzaga Mota (PMDB), já rompido com seus “padrinhos 
políticos” (os coronéis), resolveu apoiar um nome do CIC para concorrer a sua 
sucessão: Tasso Jereissati. Este, valendo-se do sucesso nacional do Plano Cruzado, da 
crise e decadência das “velhas” elites chefiadas pelos coronéis e contando com o apoio e 
simpatia de amplos segmentos sociais (até das esquerdas), derrota o candidato do PFL 
(dissidente do PDS, atual DEM), coronel Adauto Bezerra. 
Encontrando o Estado em lastimável situação financeira, Tasso, sob o lema 
“Governo das Mudanças”, buscou moralizar a máquina pública, diminuindo o 
nepotismo e o empreguismo – embora achatando o salário dos servidores públicos e 
tenha com estes uma relação de atritos. 
Visando dar ao governo uma “gestão técnica”, o “Governo das Mudanças” 
elimina a intermediação de “políticos profissionais”, sobretudo na primeira gestão 
(1987-91), o que lhe trouxe certo isolamento da sociedade civil e a acusação de 
autoritário. Em pouco tempo, ganhou forte oposição, mesmo daqueles que o haviam 
apoiado na eleição (daí o grupo tassista ter deixado o PMDB e entrado no PSDB). O 
Cambeba (Palácio do Governo e sinônimo dos partidários de Tasso) procurou 
descredenciar essa oposição chamando-a genericamente de “forças do atraso”, 
elementos “corporativistas”, pessoas de “interesses contrariados”. 
A geração Cambeba procurou a “modernização” da máquina administrativa 
cearense, ou seja, a promoção de uma “gestão técnica” e pró-capitalista do Estado, de 
modo que se buscasse o equilíbrio orçamentário (o que aconteceu principalmente no 
primeiro mandato de Tasso e na gestão de Ciro Gomes, com a austeridade nos gastos 
públicos, aumento da arrecadação de tributos, corte de gratificações, eliminação de 
cargos públicos, achatamento de salários dos servidores, etc.), a eficiência da máquina 
estatal (por exemplo, com a informatização da burocracia e a qualificação dos 
servidores públicos), a probidade no trato com a coisa pública (sem privilégios a 
particulares), o investimento em obras de infra-estruturas (sobretudo a partir do 
segundo mandato de Tasso, com verbas e empréstimos do governo federal e de órgãos 
internacionais de desenvolvimento) e os estímulos à indústria e atividade conexas. 
Utilizando também muito “marketing” (um dos estados que mais investia em 
propaganda no Brasil era o Ceará), a geração Cambeba ganhou a hegemonia política do 
Estado e projeção nacional, embora as “mudanças” tão propaladas, como a 
industrialização cearense, venha de décadas, desde os anos 1960, a partir da criação do 
Banco do Nordeste (1952), da SUDENE (1959) e das administrações do coronel 
Virgílio Távora (1963-66/1979-82). 
O domínio cambebista garantiu a eleição em 1990 de Ciro Gomes ao governo 
pelo PSDB. Depois, Ciro iria para o PPS, mantendo-se, porém, “fiel” a Tasso. Em 1994, 
há o retorno de Jereissati ao Executivo cearense. Tasso seria reeleito ainda em 1998. 
Um dos maiores núcleos de oposição ao Cambeba encontrava-se em Fortaleza, onde nos 
anos 90 e início do século XXI dominou o grupo político conservador do então prefeito 
Juraci Magalhães. Na capital também eram fortes as esquerdas, tanto que em 2004 o PT 
conseguiu eleger Luizianne Lins como gestora da cidade. 
Apesar das “mudanças” realizadas pelo Cambeba na política e economia do 
Estado – o PIB cearense cresceu nos últimos anos em média mais que o do restante do 
Brasil – não houve empenho suficiente para acabar com a pobreza absoluta que 
imperava no Ceará. Ao contrário, o projeto do “Governo das Mudanças” não alterou 
substancialmente a concentração de renda no estado, também uma das maiores do País. 
Para os críticos, o modelo capitalista, neoliberal, urbano e industrialista não deu a 
atenção necessária agricultura interiorana, salvo as grandes agroindústrias. 
Esse caos social ajuda a entender a dificuldade tida pelo Cambeba para eleger 
Lúcio Alcântara governador em 2002, numa dramática e apertada vitória sobre o petista 
José Airton Cirilo e, por fim, perder o comando cearense em 2006, quando foi eleito 
Cid Gomes, irmão de Ciro Gomes, para o executivo local. Cid seria reeleito em 2010. 
O grupo dos Ferreira Gomes conseguiu formar um governo coligando vários 
agrupamentos político, quase não contanto com oposição institucional. Manteve 
praticamente o mesmo modelo econômico e administrativo da GeraçãoCambeba. 
Politicamente, teria havido um recrudecimento de práticas tradicionais. A Era Cid foi de 
crescimento econômico, beneficiada em parte pela aliança do governador com o 
governo do presidente petista Lula. Em 2014, Cid elegeu seu sucesso, Camilo Santana. 
 
 
 
QUESTÕES 
01. (UECE) Sobre o processo de ocupação da costa cearense durante o século XVII, 
pode-se afirmar corretamente: 
a) Os portugueses aliaram-se aos indígenas que habitavam essas terras e construíram 
fortes apenas para defender o centro do comércio do pau-brasil. 
b) A presença portuguesa no Ceará tem a ver com a ocupação de Pernambuco pêlos 
franceses e do Maranhão pelos holandeses. 
c) O litoral foi intensamente disputado por índios e forças militares de várias potências 
européias, e várias fortificações foram construídas por portugueses e holandeses. 
d) A conquista do litoral cearense foi empenhada por motivos econômicos, já que o 
cultivo de cana-de-açúcar estava bastante desenvolvido e o açúcar necessitava ser 
transportado diretamente para Portugal. 
 
02. Sobre os primeiros tempos da história do Ceará, marque (V) para as afirmações 
verdadeiras e (F) para as falsas: 
a) ( ) O donatário da capitania do Ceará, Antônio Cardoso de Barres, não chegou sequer 
a tomar posse de sua doação, somente vindo ao Brasil como provedor da fazenda no 
governo de Tomé de Souza em 1549. 
b) ( ) A primeira tentativa de conquista foi efetuada em 1603, pela bandeira dirigida por 
Pero Coelho de Sousa, por isso ele é considerado o fundador do Ceará. 
c) ( ) Não existe relação entre a conquista do Ceará e a luta pela expulsão dos franceses 
do Maranhão. 
d) ( ) Numa visão tradicional, Martim Soares Moreno é considerado o fundador oficial 
do Ceará. 
e) ( ) A base da fundação de Fortaleza foi criada pelos holandeses, na figura de Matias 
Beck, que, chegando ao Ceará, construiu o forte de Schoonenborck, ficando este, após a 
expulsão dos flamengos, sob a direção governamental do capitão-mor Álvaro de 
Azevedo Barreto. 
e) ( ) Os missionários da Companhia de Jesus Francisco Pinto e Luís Filgueira, com 
"objetivos catequéticos", chegaram às terras do Siará Grande em 1607, mas não foram 
bem-sucedidos. 
 
03. (UECE) - “A incorporação do Ceará ao Projeto Colonial Português deu-se de modo 
tardio, quando comparado à conquista do litoral pernambucano, iniciada ainda na 
primeira metade do século XVI. As primeiras tentativas de conquista do Ceará só 
ocorreram no início do século XVII com Pero Coelho de Souza, em 1603. Depois com 
Martim Soares Moreno e por fim, com holandeses, a mais duradoura. No entanto, as 
tentativas de conquista ocorridas entre 1603 e 1654 não deixaram marcas importantes”. 
Fonte: PINHEIRO, Francisco José. Os Povos Nativos do Ceará (uma síntese possível) 
in: Ceará de Corpo e Alma – um olhar contemporâneo de 53 autores sobre a Terra da 
Luz – Rio de Janeiro: Relume/Dumará – Fortaleza: Instituto do Ceará (Histórico, 
Geográfico e Antropológico), 2002, págs. 21/22. 
No que concerne ao processo de ocupação do território cearense é correto afirmar: 
I.O processo de anexação e ocupação efetiva da Capitania do Ceará ao Projeto Colonial 
Português só se efetuou no final do século XVII e início do século XVIII 
II.A Capitania do Ceará despertou imediato interesse dos colonizadores portugueses 
III.A resistência armada dos povos nativos do território cearense aos colonizadores 
estendeu-se até o final do século XIX. Marque a opção verdadeira: 
A)II e III são falsas 
B)II e III são verdadeiras 
C)I e II são verdadeiras 
D)I e III são falsas 
 
 
04. As principais atividades econômicas que modificaram a paisagem do sertão cearense 
ao longo de sua história foram: 
A) o cultivo de arroz e a exploração da carnaúba; 
B) o cultivo de cana-de-açúcar e de feijão; 
C) o cultivo de café e de banana; 
D) a pecuária e o cultivo de algodão; 
E) a criação de lagosta e o cultivo de milho. 
 
05. (UFC- adaptada) "O couro era o boi. O avanço coloniza dor ganhava terreno 
financiando currais onde antes somente pisava o índio bravio. E cada curral iria ser uma 
fazenda, que se garantia juridicamente com a obtenção da sesmaria ou data". (Fonte: 
GIRÃO, Raimundo. Pequena História cio Ceará. 4" edição. Fortaleza: UFC, 1984, p. 
85-86). 
Sobre o texto acima, relativo ao período colonial do Ceará, marque (V) se as afirmativas 
forem verdadeiras e (F) se forem falsas. 
a) ( ) O desenvolvimento do Ceará colonial foi propiciado pela expansão das fazendas 
de gado. 
b) ( ) O Ceará:foi conquistado pêlos donos de frotas que expulsaram os indígenas da 
região. 
c) ( ) O colono português radicado no Ceará dedicou-se, unicamente, às tarefas 
relacionadas com as charqueadas. 
d) ( ) A única função desempenhada pelos escravos nos engenhos cearenses foi a de 
vaqueiro. 
e) ( ) O povoamento e a colonização do Ceará relacionam-se, diretamente, com a. 
atividade pastoril. 
f) ( ) O ciclo do couro foi responsável não só pela ocupação dos sertões cearenses, mas 
também de toda a faixa litorânea do Nordeste. 
 
06. (UFC- adaptada) Sobre o processo de ocupação do território do atual estado do 
Ceará: 
a) As áreas centrais foram ocupadas economicamente antes do litoral. 
b) Os rios Jaguaribe e Acaraú foram os principais caminhos naturais de penetração. 
c) A pecuária desenvolveu-se, sobretudo, nas regiões serranas. 
d) Os colonizadores no Ceará respeitaram as terras indígenas, evitando exterminar os 
índios. 
e) Os historiadores do Ceará, sem exceção, afirmam que a ocupação do Cariri deu-se 
como resultado da expansão da Casa da Torre. 
 
07. (UFC) Leia com atenção o texto abaixo e depois responda ao que se pede: 
"As secas de 1777-78 e 1790-93 são apresentadas (...) como causa única dos primeiros 
impasses desenvolvimentistas do criatório do Ceará e pela falência das charqueadas (...). 
Não deve ser esquecido, porém, que naquele período o Ceará não apenas perdeu parte 
do rebanho e ganhou um competidor no comércio de carne seca, um outro fato foi 
acrescido à economia cearense, a partir daí (...)". (Fonte: GIRÃO, Valdelice Carneiro. 
As oficinas ou charqueadas no Ceará. Fortaleza: Secretaria de Cultura e Desportes, 
1984, p. 127). 
a) Explique o que eram as charqueadas. 
b) Analise o outro elemento responsável pela falência das charqueadas, considerando o 
contexto histórico. 
 
08. No século XIX, o plantio de algodão no Ceará resultou da: 
a) necessidade de abastecer as indústrias têxteis paulistas. 
b) demanda gerada pela Revolução Industrial inglesa. 
c) necessidade de abastecer as indústrias têxteis nordestinas. 
d) necessidade de aproveitar o grande contingente de escravos na agricultura. 
 
 09. (UFC) A indústria têxtil inglesa demandou, no século XIX, quantidades crescentes 
de algodão. Provedores tradicionais dessa matéria-prima, como a Índia e o Egito, foram 
substituídos pelos Estados Unidos; mas, na década de 1860, os conflitos entre o norte e 
o sul desse país interromperam o fornecimento. Nessa década, o algodão se converteu 
no principal produto das exportações cearenses. 
Em relação ao cultivo de algodão no Ceará, em 1860, é correto afirmar que: 
A) Realizou-se com a utilização, de forma generalizada, da mão-de-obra escrava. 
B) foram trazidos trabalhadores das áreas de seringais decadentes, criando-se o 
SEMTA, Serviço Especial de Mobilização de Trabalhadores do Amazonas. 
C) Foi realizado com parceiros, escravos e trabalhadores livres. 
D) Realizou-se a abolição prematura da escravidão, e se ofereceram salários atraentes 
para os ex-escravos. 
E) foi introduzido por imigrantes norte-americanos, provenientes das áreas algodoeiras. 
 
10. (UNIFOR) A economiacearense foi marcada por dois grandes ciclos econômicos: o Ciclo 
do Gado (séculos XVIII e XIX) e o Ciclo do Algodão (séculos XIX e XX). Marque a alterativa 
correta 
quanto à história econômica do Ceará: 
a) O algodão ocupou um papel secundário na economia cearense, muito mais vin-culada à 
pecuária. Neste sentido, as conseqüências econômicas do comércio algodoeiro foram quase 
imperceptíveis, principalmente em Fortaleza. 
b) Com a riqueza do algodão, a cidade de Aracati, com seu porto natural na foz do rio 
Jaguaribe, tornou-se a principal cidade cearense. 
c) A pecuária extensiva foi a responsável pela ocupação dos sertões do Ceará, principalmente ao 
longo dos grandes rios e dos vales úmidos. 
d) A cidade de Fortaleza foi o centro da produção pecuarista cearense, tornando-se a “capital do 
couro”. 
e) A pecuária extensiva cearense localizava-se no litoral, às margens das praias, já que o interior 
era muito seco e impróprio para o gado. 
 
11. (UFC) O contato dos indígenas "cearenses" com os invasores europeus contribuiu 
para: 
a) o fortalecimento da identidade étnico-cultural dos indígenas diante da superioridade 
da cultura européia. 
b) a coesão social entre as diversas tribos indígenas através dos aldeamentos. 
c) o fortalecimento da cultura indígena dos aldeamentos jesuíticos. 
d) o processo de perda da identidade cultural dos indígenas. 
e) que os missionários católicos evitassem o genocídio e o etnocídio dos indígenas no 
Ceará. 
 
 
12. (UECE) Leia o texto a seguir. 
“Animados pelo exemplo e fortalecidos pela certeza de mútua assistência, entraram na 
luta os Baiacus seguidos, mais tarde, pelos Cratiús e Icós cearenses”. “Não obstante 
batidos e dizimados, os nativos continuaram a resistir corajosamente aos portugueses, 
fazendo prolongar a campanha de 1713 pelos subseqüentes anos de 1714 e 1715”. 
(Carlos Studart Filho. Páginas de História e Pré-História. Fortaleza: Editora do Instituto 
do Ceará, 1966, pp. 63 e 133). 
Assinale a alternativa que apresenta corretamente o conflito ao qual o autor do texto 
acima se refere. 
A) A Guerra pela Terra, que envolveu os conquistadores portugueses contra nativos 
cristãos. 
B) A Guerra dos Bárbaros, que envolveu portugueses e seus aliados contra nativos não 
cristianizados. 
C) A Guerra do Sertão, que envolveu portugueses e nativos católicos contra holandeses 
e nativos protestantes. 
D) A Guerra entre portugueses e franceses, sendo que os segundos foram auxiliados por 
nativos que 
eram seus aliados. 
E) A Guerra entre as potências mercantilistas, Portugal e Holanda, sendo que os nativos 
foram 
insuflados pelos holandeses. 
 
13. (UFC – Adaptada) “... Os aldeamentos funcionaram frequentemente como 
acampamentos militares [...] Parangaba. Paupina (atualmente Messejana), Soure 
(atualmente Caucaia)... 
(Fonte: HOORNAERT, Eduardo. Catequese e aldeamentos na história do Ceará. 
Universidade Aberta. O POVO, 1984). Marque V ou F: 
A partir do texto acima, pode-se deduzir que os aldeamentos indígenas no Ceará, 
tiveram outros objetivos, além da específica evangelização, uma vez que: 
a) ( ). tornava-se necessário aos colonizadores controlar os nativos. 
b) ( ). utilizavam-se dos indígenas pacificado, para combater os considerados indóceis. 
c) ( ). planejava-se o emprego da mão-de-obra indígena em prol da economia pecuária. 
d) ( ). idealizava-se educar os índios nos moldes europeus para elevar o nível cultural 
da região. 
 
14. (UECE) As três vilas mais importantes do Ceará no Período da Pecuária (1720-
1790) eram: 
A)Aracati, Sobral e Icó 
B)Sobral, Icó e Fortaleza 
C)Aquiraz, Fortaleza e Icó 
D)Icó, Aracati e Fortaleza 
 
 
 
15. "Na manhã do dia 11, Pereira Filgueiras, após reunir seus soldados e cercar as 
principais estradas do Grato, invade a vila, restabelecendo a antiga ordem. Homens 
armados, cavalos correndo, poeira, ansiedade, medo. Era a repressão. O Capitão-Mor dá 
vivas a Monarquia e ao Rei, no que é correspondido pêlos cratenses, alguns dos quais há 
poucos dias "ferozes" republicanos (...) José Martiniano de Alencar é o único que se 
dispõe a resistir, pateticamente, com uma faca. Inútil. Logo é detido. Oito dias após seu 
início, a revolução pernambucana e liberal de 1817 no Ceará está derrotada." (FARIAS, 
Airton de. Senador Alencar. Fortaleza: Edições Demócrito Rocha. 2000. p, 34). 
Sobre a participação cearense na "Revolução" pernambucana de 1817, marque a opção 
errada. 
a) O movimento de cunho liberal e influenciado pela Revolução Francesa e 
independência dos EUA propunha a independência do Brasil. 
b) Para garantir a adesão cearense, foi enviado de Pernambuco o jovem seminarista José 
Martiniano de Alencar. 
c) A participação cearense foi muito pequena, ficando restrita ao Cariri e à família 
Alencar, chefiada por D. Bárbara de Alencar. 
d) Os rebeldes cearenses, da mesma forma que os pernambucanos, acabaram fuzilados; 
em praça pública. 
 
16. (UFC) “Em 26 de agosto foi constituída a República do Ceará, em um Grande 
Conselho de 405 eleitores formado pelas pessoas economicamente mais expressivas da 
província com a presença das Câmaras de Fortaleza, Aquiraz e Messejana e 
representantes das demais comarcas". 
 (Maria do Carmo R. Araújo. "A participação do Ceará na Confederação do 
Equador".In: Simone Souza (coord.). HISTÓRIA DO CEARÁ. 2• ed. Fortaleza. 
Fundação Demócrito Rocha. 1994, p.152.). 
O texto acima fala de um momento simbólico importante, quando da participação do 
Ceará na Confederação do Equador. Sobre isto: 
a) Responda o que foi a Confederação do Equador. 
b) Indique dois aspectos que influenciaram na adesão do Ceará à Confederação do 
Equador. 
 
17. (UECE) Sobre a Confederação do Equador, é correto afirmar que: 
A) como a Balaiada e a Farroupilha, ocorreu no período regencial; 
B) foi uma revolta de escravos na Bahia; 
C) foi uma revolta ocorrida no sul do Brasil, que acabou com a criação de um novo 
país: o Uruguai; 
D) teve início em Pernambuco e proclamou a independência de várias províncias do 
Nordeste; 
E) foi a maior revolta ocorrida nos primeiros anos da República. 
 
18. (UFC) Leia o texto a seguir. 
Ofício da Villa do Crato. Temos presente o Ofício de V. Excelências do primeiro do corrente a 
que acompanharam os Decretos da dissolução da Assembléia Constituinte e Legislativa do 
Brasil 
plenamente congregada no Rio de Janeiro [...] e apesar do laconismo que se observa em dito 
Ofício, ele 
veio pôr-nos em perplexidade pelo modo decisivo com que V. Excelências, supremas 
Autoridades desta 
Província, mandam sem mais reflexão (...) 
Jornal Diário do Governo do Ceará, 1º de abril de 1824. 
A citação acima se refere à dissolução da Assembléia Constituinte, em 1823, fato que se 
relaciona com a eclosão da Confederação do Equador. Sobre a participação do Ceará nesse 
movimento revoltoso, assinale a alternativa correta. 
A) O Ceará participou da Confederação do Equador porque pretendia romper com a 
dependência econômica e política em relação a Pernambuco. 
B) A província do Ceará almejava se isolar das demais províncias do atual Nordeste: Paraíba, 
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Piauí e Alagoas. 
C) O crescimento da exportação de algodão fez com que os proprietários e comerciantes 
cearenses lutassem pelos interesses do grupo “corcunda”, aliado de D. Pedro I. 
D) O grupo “patriota”, composto por membros da família Alencar, defendia idéias monarquistas 
para garantir os direitos do Ceará junto ao imperador. 
E) A maior parte das elites cearenses aderiu ao movimento levada pelo receio de perder sua 
autonomia,em decorrência do centralismo político imposto pela Constituição de 1824. 
 
19. (UECE)

Continue navegando