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Brasília-DF. AdministrAção FinAnceirA e orçAmentáriA e Lei de responsAbiLidAde FiscAL Elaboração Anderson Ferreira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário APrESEntAção ................................................................................................................................. 5 orgAnizAção do CAdErno dE EStudoS E PESquiSA .................................................................... 6 introdução.................................................................................................................................... 8 unidAdE i ORÇAMENTO PÚBLICO .......................................................................................................................... 9 CAPÍtuLo 1 INTROduÇãO E TIPOs/TéCNICAs dE ORÇAMENTAÇãO ............................................................ 9 unidAdE ii dA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E sEus OBJETIVOs ........................................................... 26 CAPÍtuLo 1 INTROduÇãO E fuNÇõEs ECONÔMICAs .............................................................................. 26 unidAdE iii PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO .......................................................................................................... 33 CAPÍtuLo 1 INTROduÇãO E CICLO/PROCEssO ORÇAMENTÁRIO .............................................................. 33 CAPÍtuLo 2 PLANO PLuRIANuAL (PPA) ....................................................................................................... 43 CAPÍtuLo 3 LEI dE dIRETRIzEs ORÇAMENTÁRIAs – LdO ............................................................................. 53 CAPÍtuLo 4 LEI ORÇAMENTÁRIA ANuAL – LOA .......................................................................................... 57 unidAdE iV GEsTãO ORGANIzACIONAL dAs fINANÇAs PÚBLICAs ......................................................................... 62 CAPÍtuLo 1 PROCEssO ORÇAMENTÁRIO .................................................................................................. 62 CAPÍtuLo 2 dIsCussãO, VOTAÇãO E APROVAÇãO dO ORÇAMENTO (dO PLOA) ...................................... 70 unidAdE V CRédITOs ORÇAMENTÁRIOs ............................................................................................................... 77 CAPÍtuLo 1 TIPOs dE CRédITOs ORÇAMENTÁRIOs .................................................................................... 77 unidAdE Vi PRINCÍPIOs ORÇAMENTÁRIOs (NãO TAxATIVOs) .................................................................................. 82 CAPÍtuLo 1 CONCEITO E PRINCÍPIOs ....................................................................................................... 82 unidAdE Vii RECEITA PÚBLICA ................................................................................................................................. 91 CAPÍtuLo 1 CONCEITO, CLAssIfICAÇãO E EsTÁGIOs ............................................................................... 91 unidAdE Viii dEsPEsA PÚBLICA .............................................................................................................................. 110 CAPÍtuLo 1 CONCEITO, CLAssIfICAÇãO E EsTÁGIOs ............................................................................. 110 CAPÍtuLo 2 REsTOs A PAGAR – R.Ps, dEsPEsAs dE ExERCÍCIOs ANTERIOREs – d.E.As E suPRIMENTO dE fuNdOs – s.f Ou REGIME dE AdIANTAMENTO) ..................................................................... 124 unidAdE iX NOÇõEs dE CONCEITOs CONTÁBEIs E dEsCENTRALIzAÇãO ............................................................ 130 CAPÍtuLo 1 REGIMEs CONTÁBEIs E dEsCENTRALIzAÇãO dE CRédITOs E RECusRsOs ............................. 130 unidAdE X sIsTEMAs ORÇAMENTÁRIOs............................................................................................................... 135 CAPÍtuLo 1 sIsTEMA INTEGRAdO dE AdMINIsTRAÇãO fINANCEIRA dO GOVERNO fEdERAL – sIAfI ........ 135 CAPÍtuLo 2 OuTROs sIsTEMAs (sIdOR, sIOP) ........................................................................................... 140 LEgiSLAção ................................................................................................................................. 142 rEfErênCiAS ................................................................................................................................ 144 5 Apresentação Caro aluno A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD. Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo. Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira. Conselho Editorial 6 organização do Caderno de Estudos e Pesquisa Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos e Pesquisa. Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Praticando Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer o processo de aprendizagem do aluno. 7 Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Para (não) finalizar Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado. 8 introdução O estudo da disciplina de Administração Financeira e Orçamentária é importante para a compreensão da atividade financeira do Estado. Para isso, faz-se necessário a pesquisa e o entendimento dos princípios e conceitos fundamentais que norteiam a execução orçamentária. O Direito Financeiro compreende as normas disciplinadoras dessa atividade e orientam o Estado para o alcance do interesse público, por meio da arrecadação de receitas e realização de despesas públicas. Além de instrumentotécnico, fundamental ao planejamento e à organização das contas públicas, o orçamento público no Brasil é uma ferramenta política de livre acesso, permitindo a participação da sociedade na definição de prioridades e no controle dos gastos. objetivos » Promover a reflexão do aluno sobre a Administração Financeira e Orçamentária na esfera pública, a relação desta com a sociedade e conhecer os principais diplomas legais que tratam sobre o assunto. » Analisar conceitos, organização, elaboração e execução do orçamento público. » Guiar o aluno para a compreensão do funcionamento do orçamento público no Brasil, de forma simples e objetiva. 9 unidAdE iorçAMEnto PÚBLiCo CAPÍtuLo 1 introdução e tipos/técnicas de orçamentação Orçamento é um instrumento de intervenção planejada do Estado para expressar, por um período de tempo, sua política de trabalho e plano de governo, contendo autorização legislativa para a arrecadação das receitas e realização das despesas. Segundo a CF/1988, o orçamento é materializado em três instrumentos de planejamento: O Plano Plurianual – PPA (estratégico), a Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO (tático) e a Lei Orçamentária Anual – LOA (operacional). Em sentido stricto sensu, a Secretaria do Tesouro Nacional – STN conceitua o orçamento público como sendo a “Lei de iniciativa do Poder Executivo que estima a receita e fixa a despesa da administração pública. É elaborada em um exercício para, depois de aprovada pelo Poder Legislativo, vigorar no exercício seguinte”. Ou seja, em sentido stricto sensu a expressão “orçamento público” se refere à própria LOA. Tecnicamente, orçamento pode ser entendido como dotação, que é o limite de crédito consignado na lei de orçamento ou crédito adicional, para atender determinada despesa. orçamento Público no Brasil No período colonial, a Inconfidência Mineira tentou conquistar a soberania para o País, usando como motivação o descontentamento em face das disposições tributárias emanadas de Portugal. Ao suspender a “derrama” (cobrança dos impostos atrasados), as autoridades fizeram abortar o movimento, comprovando que havia mais disposição em fugir do fisco português do que consciência política em prol da independência. 10 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO Com a vinda de D. João VI, o Brasil iniciou um processo de organização de suas finanças. Houve a abertura dos portos e a cobrança de tributos aduaneiros, e assim foram criados o Erário Público (Tesouro) e o regime de contabilidade. A constituição Imperial de 1824 estabeleceu, formalmente, as primeiras exigências para a elaboração de orçamentos por parte das instituições imperiais. Esse dispositivo, avançado para a época, teve dificuldades de ser implementado. Alguns autores consideram a Lei de 14/12/1827 como a primeira Lei Orçamentária do Brasil. No entanto, devido às deficiências do Estado em função da época e dos mecanismos arrecadadores existentes que frustraram essa Lei, outros tratadistas consideram como o primeiro orçamento brasileiro o que teria sido aprovado pelo Decreto Legislativo de 15/12/1830, que fixava a despesa e estimava a receita das antigas províncias para o exercício de 1831. Existe, no Brasil, uma longa tradição de orçamentos públicos padronizados para os diversos níveis de governo, iniciada em consequência natural da centralização político-administrativa que resultou da Revolução de 1930, e consolidada a partir da necessidade de consolidação da dívida externa brasileira em 1932, decorrente das dificuldades devido às diferenças de nomenclaturas e títulos das receitas e despesas de cada orçamento. Várias tentativas de uniformização foram postas em lei. No entanto, só em 1964, a Lei no 4.320, promulgada em 17/3/1964, chegou com o tão esperado compromisso de consolidar a padronização dos procedimentos orçamentários para os diversos níveis de governo. Esta norma vem estabelecer as direções e os modelos para os documentos orçamentários que deverão ser elaborados pelos vários setores públicos para compor, finalmente, o documento orçamentário do Estado, que deverá ser apresentado ao legislativo. A seguir, estudaremos os títulos da Lei 4.320/1964 mais cobrados nos editais, dentre eles os títulos I (Da Lei de Orçamento), IV (Do Exercício Financeiro), V (Dos Créditos Adicionais) e VI (Da Execução do Orçamento), não necessariamente nessa ordem, por questões didáticas. tipos/técnicas de orçamentação Os orçamentos públicos podem ser analisados sob diversos aspectos: político, econômico, social, administrativo, jurídico etc. A evolução do Estado e da sociedade e a variação de suas necessidades fazem com que um novo modelo de orçamento seja descoberto naquele momento. A seguir, os principais tipos e técnicas de orçamentos existentes na história. 11 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I orçamento tradicional ou clássico O orçamento tradicional surgiu na Inglaterra, em 1822, juntamente com o Estado Liberal, preocupado em manter o equilíbrio financeiro e evitar, ao máximo, o aumento dos gastos públicos. Foi instituído com a finalidade de possibilitar aos órgãos de representação um controle político sobre os gastos administrados pelo Poder Executivo. Porém, esse controle tinha como foco a “honestidade” do gestor fiscal e não a eficiência, eficácia e efetividade do gasto público. No orçamento tradicional, os aspectos econômico, social, contábil, administrativo e jurídico tinham papel secundário. Os diversos órgãos e entidades da Administração Pública eram contemplados com recursos suficientes para pagamento de pessoal e aquisição de material de consumo e permanente para um exercício financeiro. O principal critério para a distribuição de recursos era o montante de gastos do exercício anterior, não levando em conta necessidades futuras. No modelo tradicional, o foco era no objeto (meio/coisa), e não no objetivo (fim/ realização) das funções governamentais. O controle político da execução orçamentária limitava-se à verificação da honestidade do agente público e da conferência quântica ou numérica dos valores, sendo por isso conhecido como orçamento de “mera peça contábil”. Hoje, o aspecto contábil ainda é considerado (normas contábeis, balanços etc.), mas o orçamento evoluiu como instrumento de planejamento e, com isso, deixou de ser apenas uma peça contábil. No Brasil, a Constituição Imperial de 1824 continha as primeiras exigências para adoção de orçamentos formais por parte das instituições imperiais. No entanto, em virtude de dificuldades de comunicação e certos conflitos com normas legais da época, os orçamentos públicos não puderam ser adotados nos primeiros anos. A banca responsável pela elaboração da sua prova, para tentar confundi-lo, vai misturar as características de um tipo orçamentário com as de outro. Exemplo: mencionará as características do orçamento tradicional como sendo as do orçamento-programa. Cuidado com as inversões de conceitos! Para a prova, leve as seguintes características do orçamento tradicional: » neutralidade estatal (laissez-faire = deixar fazer/acontecer naturalmente); » dissociado de um planejamento (orçamento desvinculado do plano de governo); » foco no objeto, ficando o objetivo (finalidade) para o segundo plano; » voltado para aspectos contábeis/numéricos/quantitativos (mera peça contábil). 12 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO orçamento de desempenho ou de realizações (ou ainda orçamento funcional) Saber com o que o Governo gastava era importante, contudo, mais ainda era saber a serventia dos gastos. Dessa forma, houve a evolução para o orçamento de desempenho ou de realizações. O orçamento de desempenho consiste em uma das primeiras modalidades de orçamentação moderna (comparado ao orçamento tradicional), posteriormente identificado como a expressão inicial do que viria a ser chamado de orçamento- programa (embora, pela falta de vínculo ao planejamento, não possa ser considerado ainda o orçamento programa). Constitui um processoorçamentário inovador, em relação ao orçamento tradicional, por incluir, além da explicitação dos itens de gasto de cada unidade, uma dimensão programática, ou seja, a explicitação do programa de trabalho (programa e suas ações) que deve ser realizado com os recursos que estão sendo destinados à unidade. No orçamento de desempenho, a ênfase passa a ser a busca da eficiência e de economia nas repartições públicas, e não a adequação dos seus produtos às necessidades coletivas. Porém, não existia a vinculação dos orçamentos anuais com um sistema de planejamento que resultasse na consecução dos objetivos governamentais ao longo do tempo. Para sua prova, leve as seguintes características: » foco no resultado (função) dos gastos; » busca pela definição dos propósitos e objetivos; » desvinculado de um planejamento. Apesar de ter sido um passo importante em direção à racionalidade orçamentária, entende-se que o orçamento de desempenho não deve ser classificado como orçamento-programa, pois lhe falta a principal característica deste: vinculação a um instrumento central de planejamento das ações do governo. Embora o orçamento-programa tenha seu marco legal (introdução) em 1964, com a Lei no 4.320/1964 e com o Decreto-Lei no 200/1967, seu marco gerencial (efetividade) só foi a partir da reforma orçamentária, entre 1998 e 2000, com o Decreto no 2.829/1998, Lei do PPA 2000-2003, Lei Complementar no 101/2000 (LRF) e demais normas que orientaram a reforma. Logo, é majoritário entre os autores que o Brasil tenha “experimentado” o orçamento de desempenho (ou funcional) 13 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I neste período (1964-2000), como uma forma de preparação para a efetividade do orçamento-programa. Nesse meio tempo, a CF/1988 contribuiu para esse processo, em especial, com a criação do PPA e da LDO. orçamento-programa (ou moderno) O orçamento-programa (também chamado de moderno) foi introduzido no Brasil por meio da Lei no 4.320/1964 e do Decreto-Lei no 200/1967. Embora sua efetividade tenha ocorrido apenas a partir de 1998, a Constituição Federal de 1988 contribuiu para a sua implantação. A CF/1988 criou os instrumentos do PPA e da LDO, integrando-os à LOA. Sua adoção também está associada ao modelo de Estado intervencionista desde o século XIX. Consiste em um método de orçamentação por meio do qual as despesas públicas são fixadas a partir da previsão das receitas e da identificação das necessidades públicas. Essas necessidades (despesas) são realizadas por meio de ações do governo (gastos planejados em projetos, atividades ou operações especiais). As ações são postas dentro de um programa (campo em que se desenvolvem ações homogêneas que visam ao mesmo resultado/objetivo). O programa surgiu como o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. Em termos de estruturação, o plano termina no programa e o orçamento começa no programa, o que confere a esses instrumentos uma integração desde a origem, o programa como módulo integrador e as ações como instrumentos de realização dos programas. Essa concepção inicial foi modificada a partir dos PPAs 2000/2003 e 2004/2007, elaborados com o nível de detalhamento de ação (marco gerencial do orçamento-programa). Marco gerencial do orçamento-programa no Brasil: decreto no 2.829/1998 Embora o orçamento-programa tenha seu marco legal (introdutório) a partir de 1964, com a Lei no 4.320/1964 e com o Decreto-Lei no 200 de 1967, seu marco gerencial (efetividade) só ocorreu a partir da reforma orçamentária, no período de 1998 a 2000, com o Decreto no 2.829/1998 e a Lei Complementar no 101/2000. Logo, alguns autores defendem que o Brasil tenha “experimentado” o orçamento de desempenho (ou funcional) neste período (1964-2000) como uma forma de preparação para a implantação efetiva do orçamento-programa. 14 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO Recomenda-se a leitura do Decreto no 2.829/1998: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/D2829.htm>. Assim, o orçamento-programa é uma ferramenta de planejamento da ação governamental, na qual os programas são identificados e relacionados com objetivos, metas e custos de cada ação. O programa é elaborado por meio de um conjunto de necessidades da sociedade, formando um objetivo comum com as necessidades governamentais. O programa visa à consecução desses objetivos e proporciona para a administração pública maior racionalidade e eficiência. Consequentemente, gera mais resultados, tanto para o governo quanto para a sociedade. O orçamento-programa põe em destaque os objetivos, as metas e as prioridades do Governo. Constitui-se em um instrumento de planejamento. Os aspectos administrativo e econômico se sobrepõem ao aspecto político. As despesas públicas são discriminadas de modo a: » dar ênfase aos fins (e não aos meios); » indicar as ações em que o setor público gastará seus recursos; » definir os responsáveis pela execução; e » especificar os resultados esperados. Esse método (orçamento-programa) surgiu nos EUA no final da década de 1950, sob a denominação PPBS (Planning, Programming and Budgeting System). As principais características do PPBS (ou orçamento-programa) são: » propiciar a integração entre o planejamento e o orçamento; » realizar a quantificação dos objetivos e fixação de metas; » basear as decisões em relações de insumo-produto e na pluralidade de alternativas programáticas; » empregar instrumentos aperfeiçoados para a mensuração e avaliação de resultados; » gerenciamento por objetivos. 15 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I O orçamento deve ser compatibilizado com o planejamento estatal, na forma do Plano Plurianual. Não são admitidas, por exemplo, emendas às leis orçamentárias que não sejam compatíveis com o Plano Plurianual. Leve as seguintes características do orçamento-programa para sua prova: » firmado em programas e em instrumentos de planejamento (PPA, LDO e LOA); » foco no objetivo, e não no objeto; » preocupação com os aspectos políticos, econômicos e jurídicos (deixa de ser mera peça contábil); » ações planejadas (previstas) e Estado intervencionista (economicamente). (CESPE/FNDE/Cargo1/2012) O PPBS (planning, programming and budgeting system), dada a facilidade de sua implantação em órgãos públicos, foi, amplamente adotado, a partir da década de setenta do século XX, em todo o mundo. Comentário: o PPBS surgiu nos EUA no final da década de 1950, e não a partir da década de setenta em todo o mundo. Outro erro é afirmar que o PPBS é de fácil implantação. A implantação do PPBS depende de uma estrutura de planejamento bem-definida entre os órgãos e agentes governamentais. Logo, questão errada. Obs.: Ao final deste capítulo teremos mais questões sobre o orçamento- programa e demais modelos. orçamento Base zero – oBz (ou por Estratégia) O orçamento base zero consiste em uma abordagem orçamentária desenvolvida nos EUA, em 1969, pela empresa Texas Instruments Co. e adaptada para uso no setor público pelo estado da Geórgia, na elaboração do seu orçamento para o exercício de 1973. Embora alguns autores e bancas façam referência ao OBZ como um tipo/modelo orçamentário, trata-se de uma técnica de orçamentação. A principal característica desta metodologia orçamentária é exigir que todas as despesas de cada repartição pública sejam justificadas detalhadamente como se cada item programático se tratasse de uma nova iniciativa. Durante a elaboração da proposta 16 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO orçamentária para o exercício seguinte, todo conhecimento prévio acerca das execuções em exercícios anteriores deve ser revisto e questionado, ou seja, não existem direitos adquiridos sobre despesas anteriormente autorizadas. O estudo começaria do estágio inicial, revendo a necessidade e eficácia de cada despesa. Uma vantagem deste método é sua evidente orientação para a eliminação de empreendimentos de baixa prioridade, por envolver, em relação a cada programa, a resposta atrês questões básicas: 1a – O orçamento está sendo eficiente e eficaz? 2a – Podem suas operações ser reduzidas ou eliminadas de forma a liberar recursos para novas programações? 3a – Existem elementos que justifiquem a expansão de suas atividades? Dessa forma, pode-se afirmar que no OBZ as decisões são voltadas para a maximização da eficiência na alocação dos recursos públicos. A avaliação e a tomada de decisão ocupam papel primário no OBZ, enquanto o formato (apresentação e organização formal) ocupa um papel secundário. As principais características do orçamento base zero são: » análise, revisão e avaliação de todas as despesas propostas, e não apenas das solicitações que ultrapassam o nível de gasto já existente; » todos os programas devem ser justificados cada vez que se inicia um novo ciclo orçamentário; » revisão crítica dos gastos tradicionais de cada área e estimativa dos custos para o exercício seguinte, partindo de uma nova base, ou seja, base zero; » desvinculado de um plano anterior (porém, parte-se de um novo planejamento); » não gera direito adquirido por orçamentos anteriores; » processo oneroso e moroso. A técnica do OBZ não é utilizada no Brasil, pois é incompatível com o nosso atual modelo orçamentário: orçamento-programa. Porém, é possível que um dia o Brasil possa adotar o OBZ, mas com isso deixaria de ser orçamento-programa. 17 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I (CESPE/TCDF/Técnico/2014) A proposta orçamentária elaborada pelo Poder Executivo federal embasa-se no conceito de orçamento base-zero, segundo o qual a existência de determinada dotação na lei orçamentária do exercício anterior não constitui garantia para a sua inclusão no exercício seguinte. Comentário: Questão errada. Embora o item traga uma característica do OBZ, “[...] existência de determinada dotação na lei orçamentária do exercício anterior não constitui garantia [...]”, torna-se errado por afirmar que o Poder Executivo federal TEM por base a técnica do OBZ. Atualmente, o Brasil NÃO usa o OBZ. Esta técnica é incompatível com o orçamento programa. É possível que um dia o Brasil venha a usar a técnica do OBZ, mas isso seria um abandono do modelo orçamento-programa. Para reforçar, observe o tempo verbal da questão “a proposta orçamentária elaborada pelo P.E. federal EMBASA-SE [...]”, ou seja, a questão afirma que o P.E. federal USA (presente) o OBZ. (CESPE/ABIN/Cargo2/2010) Com relação a orçamento base-zero, julgue os itens a seguir. 1. Na elaboração do orçamento base-zero, é possível alterar a responsabilidade da carga de trabalho, a partir de uma base-zero, prescindindo-se da análise do custo-benefício de todos os projetos, processos e atividades. Comentário: item errado. A análise do custo-benefício de todos os projetos, processos e atividades é indispensável. Lembre-se: “prescindir” é sinônimo de “dispensar”. 2. No processo de implementação do orçamento base-zero, os pacotes de decisão, ordenados por critérios previamente fixados pela alta direção da organização, são informados por meio do planejamento estratégico. Comentário: item certo. O OBZ não se vincula a um planejamento anterior, mas, ao implementar o OBS, parte-se de um novo planejamento para a definição das novas diretrizes. 3. No processo de implementação do orçamento base-zero, os incrementos nos pacotes de decisão somente devem ser aprovados após o responsável pelo pacote, justificar os resultados do aumento dos gastos e enfatizar os benefícios para a organização. 18 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO Comentário: item certo. No OBZ, as decisões são tomadas após análise, revisão e avaliação dos custos e benefícios das ações que geram gastos. 4. De acordo com o princípio que rege o orçamento base-zero, todas as atividades devem ser justificadas antes de serem tomadas as decisões relativas aos recursos a serem alocadas em cada departamento ou setor. Comentário: item certo. Ver comentário da questão anterior. 5. Identificam-se duas vantagens na implementação do orçamento base-zero: a rapidez de elaboração e a facilidade de execução. Comentário: item errado. O OBZ é uma técnica morosa e onerosa. 6. A implementação do orçamento base-zero oferece vantagem a organizações sem fins lucrativos e inúmeras desvantagens a organizações com fins lucrativos. Comentário: item errado. O OBZ pode apresentar vantagens e desvantagens para os diferentes tipos de organizações. Deve-se avaliar os prós e os contras para a escolha dessa técnica. 7. Após a elaboração do orçamento-zero, os gastos devem ser aprovados com base em critério único, previamente definido para todas as atividades ou operações. Comentário: item errado. O OBZ não é baseado em apenas um critério. São critérios para aprovação do OBZ: » análise crítica de todas as demandas solicitadas pelos órgãos de governo; » questionamento acerca das reais necessidades de cada área envolvida, sem compromisso por dotações anteriormente concedidas; » justificativa detalhada das propostas apresentadas por cada gestor; » identificação e classificação de todas as atividades e operações por ordem de importância, mediante análise crítica e sistêmica. 8. O orçamento base-zero deve ser desenvolvido de forma isolada, com base nas peculiaridades de cada área a ser atendida. 19 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I Comentário: item errado. Uma organização que adote o OBZ deve analisar as peculiaridades de cada área, mas de forma integrada e não isolada. orçamento incremental Trata-se de uma forma de elaborar o orçamento por meio de ajustes marginais nos seus itens de receita e despesa, sem grandes mudanças significativas. É um contraponto (oposto) ao OBZ e suas principais características são: » linha de base: orçamento do ano anterior; » pequenos ajustes: acréscimos ou supressões nos itens das receitas e despesas, sem mudanças expressivas; » desvinculado de um planejamento; » resistente à mudança (alguns o chamam de orçamento inerte); » a técnica incremental está mais presente no orçamento tradicional ou clássico. Obs.: o orçamento incremental é contrário à integração entre planejamento e orçamento, pois sua base tende a se perpetuar, uma vez que sofre pequenos incrementos. (CESPE/Ministério da Previdência Social/Administrador/2010) Para os críticos da concepção do orçamento integrado ao planejamento, gera-se forte tendência à perpetuação de programas e à preservação dos recursos assegurados ao longo do tempo. Quanto mais intenso e acelerado for o incrementalismo orçamentário, mais essa tendência à inércia se acentua. Comentário: o orçamento que se integra ao planejamento é o programa. Nesse modelo, não há tendência à perpetuação de programas (primeira parte da questão é errada). A segunda parte da questão trata do orçamento incremental, que apresenta resistência à mudança e sua base tende à perpetuação. Porém, fazer incrementalismo é fazer ajustes marginais. Assim, quanto mais intenso e acelerado for o ajuste, MENOR a tendência à inércia (segunda parte da questão também errada). (CESPE/MT/Administrador/2008) O incrementalismo orçamentário desvirtua ou compromete a desejável integração entre o planejamento e o orçamento. De acordo com essa sistemática, a “base” formada pelos programas já 20 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO introduzidos no orçamento tende a perpetuar-se, com pequenos incrementos, compreendendo a maior parte dos recursos. Alguns autores denominam essa tendência de resistência à mudança, à revisão dos objetivos, diretrizes e metas, como inércia ou inercialidade. Comentário: quando adotado, o incrementalismo ou orçamento incremental não traz grandes alterações entre o orçamento de um período e o seguinte, pois trata apenas de pequenos ajustes marginais. Logo, questão correta. orçamento participativo (ou técnica da participação popular) Trata-se da participação popular no processo de elaboração e aprovação dasleis orçamentárias (PPA, LDO e LOA). A Lei Complementar no 131/2009, disponível no sítio <http://www.planalto.gov. br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp131.htm>, alterou o art. 48 da LRF e determinou que a participação popular seja incentivada. Veja a nova redação do parágrafo único do art. 48 da LRF: A transparência será assegurada também mediante: I – incentivo à participação popular e realização de audiências públicas, durante os processos de elaboração e discussão dos planos, lei de diretrizes orçamentárias e orçamentos; Veja ainda o que diz o art. 4o, da Lei no 12.593/2012, <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/_ato2011-2014/2012/Lei/L12593.htm> – PPA do Governo Federal: O PPA 2012-2015 terá como diretrizes: I – a garantia dos direitos humanos com redução das desigualdades sociais, regionais, étnico-raciais e de gênero; II – a ampliação da participação social; III – a promoção da sustentabilidade ambiental; IV – a valorização da diversidade cultural e da identidade nacional; V – a excelência na gestão para garantir o provimento de bens e serviços à sociedade; VI – a garantia da soberania nacional; 21 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I VII – o aumento da eficiência dos gastos públicos; VIII – o crescimento econômico sustentável; e IX – o estímulo e a valorização da educação, da ciência e da tecnologia. Observe ainda o que diz o art. 4o da Lei 13.249/2016 (PPA: 2016-2019 do Governo Federal): “Art. 4o Para o período 2016-2019, o PPA terá como diretrizes: I - O desenvolvimento sustentável orientado pela inclusão social; II - A melhoria contínua da qualidade dos serviços públicos; III - A garantia dos direitos humanos com redução das desigualdades sociais, regionais, étnico-raciais, geracionais e de gênero; IV - O estímulo e a valorização da educação, ciência, tecnologia e inovação e competitividade; V - A participação social como direito do cidadão; VI- A valorização e o respeito à diversidade cultural; VII - O aperfeiçoamento da gestão pública com foco no cidadão, na eficiência do gasto público, na transparência, e no enfrentamento à corrupção; e VIII - A garantia do equilíbrio das contas públicas.” A União já vem promovendo a participação popular no processo de elaboração e discussão das leis orçamentárias (PPA, LDO e LOA). Na elaboração do PPA 2016-2019, o Poder Executivo Federal já realizou um fórum com representantes da sociedade civil (acesse: <http://www.participa.br/>). O Governo do Distrito Federal também já promove o OP em seu âmbito. No âmbito municipal, a Lei no 10.257/2001, que trata das Diretrizes Gerais da Política Urbana nos Municípios, determina a gestão democrática participativa dos planos, programas e projetos da voltados para a política urbana. Nesse contexto, é considerado instrumento de planejamento municipal de política urbana a “gestão orçamentária participativa”, conforme art. 4o, alínea “f”, e art. 44 da citada lei. Dessa forma, no âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa sobre planos, programas e projetos voltados para a política urbana é condicionada à realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, 22 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual. Logo, pode-se afirmar que os municípios devem realizar o OP. 1. (CESPE/SUFRAMA/Cargo3/2014) O princípio da gestão orçamentária participativa é obrigatório para as administrações municipais, embora o governo federal esteja dispensado da observância desse princípio. Comentário: item correto. Conforme a Lei no 10.257/2001, art. 4o, alínea “f”, e art. 44, os municípios devem realizar a gestão orçamentária participativa sobre planos, programas e projetos voltados para a política urbana, mediante a realização de debates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e do orçamento anual. Como a Lei no 10.257/2001 é aplicada aos municípios, o CESPE entendeu que a União está dispensada do cumprimento desse princípio. Mas, é válido lembrar que o Governo Federal promove a participação popular, conforme explicado anteriormente. 2. (CESPE/ABIN/Agente Téc./cargo18/2010) No Brasil, vigora o orçamento do tipo participativo, visto que todos os poderes e órgãos da administração direta e alguns da administração indireta têm a prerrogativa de elaborar suas próprias propostas orçamentárias. Comentário: item errado. O conceito de orçamento participativo é dado pela participação da sociedade no processo orçamentário e não dos poderes. A participação dos poderes na elaboração de suas propostas é por força da autonomia e independência entre eles. 3. (CESPE/Ministério da Previdência Social/Administrador/2010) Uma das vantagens apontadas com a adoção do orçamento participativo é a sua maior legitimidade, com a substituição do Poder Legislativo pela participação direta da comunidade nas decisões sobre a alocação das dotações. Comentário: item errado. A participação da comunidade ocorre por meio de audiências públicas ou outros meios promovidos. Com isso, a sociedade tem a oportunidade de manifestar a sua opinião sobre as reais necessidades de gastos públicos em setores como saúde, educação etc. Apesar de não ser vinculante, a opinião pública orienta melhor a tomada de decisão dos poderes. Assim, tanto o Poder Executivo (na elaboração) quanto o Poder Legislativo (na 23 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I aprovação) ganham maior legitimidade para representar o interesse público. Entretanto, a participação da comunidade não substitui e tão pouco diminui a competência dos Poderes Executivo e Legislativo no processo orçamentário. 4. (CESPE/AGU/Procurador Federal/2010) Tratando-se de orçamento participativo, a iniciativa de apresentação do projeto de lei orçamentária cabe a parcela da sociedade, a qual o encaminha para o Poder Legislativo. Comentário: item errado. A participação da sociedade não chega a tanto. A iniciativa e a competência para o envio da proposta ao Poder Legislativo continua sendo do Poder Executivo (art. 84, caput, XXIII, e parágrafo único c/c art. 165, caput, I, II e III, da CF). 5. (CESPE/TCE-RN/ICE/2009) O orçamento participativo, que apresenta vantagens inegáveis do ponto de vista da alocação de recursos segundo as demandas sociais existentes, não é utilizado no âmbito do governo federal. Comentário: Em 2009, o gabarito foi dado como certo, pois naquela época a União não promovia o OP. Porém, a partir da alteração da LRF, com a LC no 131/2009, a União vem promovendo a participação popular. 6. (CESPE/SAD-PE/Analista/2009) O orçamento participativo é, atualmente, a técnica orçamentária adotada pela União. Comentário: Em 2009 o gabarito foi dado como errado. Porém, mesmo sem obrigação legal, a União vem promovendo a participação popular no processo orçamentário. 7. (CESPE/TCU/ACE/2008) Entre as maiores restrições apontadas em relação ao chamado orçamento participativo, destacam-se a pouca legitimidade, haja vista a perda de participação do Poder Legislativo, e a maior flexibilidade na programação dos investimentos. Comentário: item errado. Com o OP, há maior legitimidade do Poder Legislativo. Outro erro é dizer que há maior flexibilidade na programação dos investimentos. A opinião pública direcionará melhor a programação dos investimentos, tornando-a menos flexível. 24 UNIDADE I │ ORÇAMENTO PÚBLICO 8. (CESPE/TJ-CE/Analista/2008) A proposta orçamentária para 2009, em tramitação no Congresso, poderá servir de experimento para uma iniciativa que a Comissão Mista de Orçamento quer adotar nos próximos anos: o orçamento federal participativo. A principal característica desse tipo de orçamento é a participação direta da população na definição das prioridades para a obtenção da receita e para as despesas correntes obrigatórias. Comentário: item errado. A primeira parte da questão está correta,pois na época (2008/2009) estava em discussão a possibilidade de o Orçamento Federal ser Participativo. Porém, a participação da sociedade é na definição das prioridades para a ALOCAÇÃO da receita (e não obtenção) e também para as despesas com INVESTIMENTOS em áreas prioritárias da saúde, educação, segurança etc. (e não para despesas correntes obrigatórias). 9. (CESPE/MJ/Administrador/2013) O processo de apreciação do projeto de Lei Orçamentária Anual na Comissão Mista de Orçamento inicia-se com a realização de audiências públicas. Comentário: item certo. Embora não tão divulgado, nos últimos anos a CMO do Congresso Nacional vem promovendo audiências públicas. Essas audiências têm por objetivo a participação popular na discussão das propostas das leis orçamentárias e melhor direcionamento dos parlamentares quanto à formulação de suas emendas. orçamento com teto fixo Embora pouco frequente em provas de concurso público, dentre os tipos/técnicas orçamentárias há também o chamado “orçamento com teto fixo”. No teto fixo, o critério de alocação de recursos consiste em estabelecer um quantitativo financeiro fixo, geralmente obtido mediante a aplicação de percentual único sobre as despesas realizadas em determinado período, com base em quais órgãos/unidades deverão elaborar suas propostas orçamentárias parciais. Também conhecido, na gíria orçamentária, como “teto burro”. orçamento na Constituição federal de 1988 A Constituição Federal de 1988, cumprindo com a tradição das constituições anteriores, ocupou-se profusamente da matéria orçamentária, chegando a definir 25 ORÇAMENTO PÚBLICO │ UNIDADE I instrumentos de planejamento e orçamento com detalhes. A base orçamentária encontra-se principalmente no Capítulo II, que trata das normas gerais das finanças públicas – art. 163 a 169 (acesse: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ ConstituicaoCompilado.htm>). Porém, ao fazer a leitura dos artigos mencionados, é frequente a citação referencial a diversos outros artigos espalhados na Constituição. A falta de uma sequência didática dificulta o entendimento da matéria orçamentária pelo estudante. Diante dessa dificuldade, vamos, a seguir, organizar a matéria de forma compreensiva. - Mas antes, recomendo a leitura desses artigos constitucionais. 26 unidAdE ii dA PoLÍtiCA EConÔMiCo- orçAMEntÁriA E SEuS oBJEtiVoS CAPÍtuLo 1 introdução e funções econômicas Visando ao cumprimento do art. 3o da nossa Constituição Federal de 1988, temos, de forma doutrinária, os seguintes objetivos da política orçamentária: » corrigir as falhas de mercado e as distorções, visando a manter a estabilidade, melhorar a distribuição de renda e alocar os recursos com mais eficiência nos gastos; » regular o mercado e coibir abusos; » reduzir as falhas de mercado e externalidades negativas; » proporcionar o acesso de todos aos produtos; » construir obras públicas; » assegurar o cumprimento das funções elementares do Estado, tais como: justiça, segurança, educação, saneamento básico etc. O Governo intervém de várias formas no mercado. Por intermédio da política fiscal e da política monetária, por exemplo, é possível controlar preços, salários, inflação, impor choques na oferta ou restringir a demanda. Instrumentos e recursos utilizados pelo Governo para intervir na Economia: » Política Fiscal – é a coordenação da tributação, dívida pública e despesas governamentais, com o objetivo de promover o desenvolvimento e a estabilização da economia. Opera, basicamente, por meio de três esquemas: via tributo sobre a renda e produção, por incentivos e, também, por abatimentos fiscais. Essa política é evidenciada na função 27 DA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E SEUS OBJETIVOS │ UNIDADE II estabilizadora do Estado. Sua função é relacionada à manutenção de um nível sustentável de empregos na economia, para a qual concorrem vários mecanismos. » Política Regulatória – envolve o uso de medidas legais, como decretos, leis, portarias etc., expedidos como alternativa para se alocar, distribuir os recursos e estabilizar a economia. Com o uso das normas, diversas condutas podem ser combatidas, como a criação de monopólios, cartéis, práticas abusivas, poluição etc. » Política Monetária e Creditícia – é o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do crédito em geral para efeito de estabilização da economia e influência na decisão de produtores e consumidores. Com a política monetária e creditícia, pode-se controlar a inflação e os preços, restringir a demanda, etc. O orçamento público funciona como um balizador na Economia. Com elevados investimentos governamentais no orçamento, provavelmente o número de empregos aumentará, assim como a renda agregada melhorará. Em compensação, um orçamento restrito em investimentos, provocará desemprego, desaceleração da economia e decréscimo no produto interno bruto. Conforme for o cenário econômico, a política econômica do governo poderá resultar em um orçamento expansionista (com elevado investimento) ou contracionista. Em um orçamento expansionista, impera a função do planejamento, uma vez que viabilizará a realização de mais despesas. No contracionista, deverá ser reforçada a função controle, para evitar gastos desnecessários e o desequilíbrio. (CESPE/STF/Analista Adm./2013) A utilização, pela autoridade governamental, do orçamento público, instrumento para o controle político ou planejamento administrativo, depende da fase por que passe a economia. Se a política econômica em curso convergir para o expansionismo, deverá imperar a função controle, se ela estiver em momento contracionista, no entanto, deverá ser reforçada a função planejamento. Comentário: È o contrário. Na política econômica expansionista impera a função planejamento, pois há tendência de crescimento, superávits e melhores condições para o gasto público. Já na política contracionista, há maior preocupação quanto ao gasto público, pois as expectativas na economia são negativas (inflação elevada, falta de crescimento ou recessão, desvalorização da moeda etc.). Logo, na contracionista, deve imperar a função controle. Item errado. 28 UNIDADE II │ DA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E SEUS OBJETIVOS funções econômicas As funções econômicas ligadas ao orçamento público são: FUNÇÃO ALOCATIVA Relaciona-se à alocação de recursos por parte do governo a fim de oferecer bens públicos, bens semipúblicos (ou meritórios) e de desenvolvimento. Dada a incapacidade do mercado de suprir a sociedade, o orçamento público destinará recursos para a produção desses bens e serviços necessários à sociedade. Exemplos: » - bens públicos: rodovias, aeroportos etc.; » - semipúblicos ou meritórios: educação, saúde, segurança etc.; » - de desenvolvimento: construção de usinas etc. Atenção: a junção desses bens resultará em “bens mistos”. DICA! Os “termos-chave” da função alocativa são: “bens e serviços”, “falhas de mercado”, “infraestrutura” e outros relacionados. FUNÇÃO DISTRIBUTIVA Visa a tornar a sociedade menos desigual em termos de renda e riqueza por meio da tributação e de transferências financeiras, subsídios, incentivos fiscais, alocação de recursos em camadas mais pobres da população etc. Promove o ajustamento da distribuição de renda visando ao chamado ideal de Pareto, que preconiza a melhoria do indivíduo sem que a situação dos demais seja deteriorada. Exemplo: destinação de recursos tributários para as áreas da saúde e educação, “Programa bolsa família” etc. DICA! Os “termos-chave” são: “igualdade social”, “melhor distribuição da renda”, “imposto progressivo”, “programas sociais” etc. FUNÇÃO ESTABILIZADORA Trata do ajustamento do nível geral de preços, do emprego, da demanda e da estabilidaded a moeda mediante instrumentos da política monetária, cambial e fiscal, ou outras medidas de intervenção econômica (controles por leis, limites etc.). Para o exercício da função estabilizadora, o governo tem à disposiçãodois principais instrumentos macroeconômicos: a política fiscal e a política monetária. DICA! É uma função mais ligada à intervenção do Estado na economia. Palavras-chave: “economia”, “demanda agregada”, “políticas fiscal, monetária ou cambial” etc. fonte: Prof. Anderson ferreira (CESPE/TCU/ACE/2008) A teoria de finanças públicas consagra ao Estado o desempenho de três funções primordiais: alocativa, distributiva e estabilizadora. A função distributiva deriva da incapacidade do mercado de suprir a sociedade de bens e serviços de consumo coletivo. Como esses bens e serviços são indispensáveis para a sociedade, cabe ao Estado destinar recursos de seu orçamento para produzi-los e satisfazer sua demanda. Comentário: a função que deriva da incapacidade do mercado de suprir a sociedade de bens e serviços de consumo comum é a ALOCATIVA e não a DISTRIBUTIVA, como afirma o item. Questão errada. (CESPE/TRT-10a-R/Analista/2012-Prova Anulada) O investimento na infraestrutura econômica configura um dos campos exclusivos da função distributiva do orçamento. Comentário: Embora a prova tenha sido anulada e não tenhamos o seu gabarito oficial publicado pela banca, a questão é errada, pois o investimento na INFRAESTRUTURA é função ALOCATIVA e não distributiva. Exemplo: construção de escolas, hospitais etc. para suprir a incapacidade do mercado de gerar esses bens/serviços em nível suficiente para as demandas sociais. 29 DA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E SEUS OBJETIVOS │ UNIDADE II (CESPE/MI/Anal.Téc.Adm./2013) Com a evolução do orçamento como instrumento de planejamento, ampliaram-se as atribuições econômicas governamentais voltadas para a promoção de ajustamentos na alocação de recursos, na distribuição de renda e na manutenção da estabilidade econômica. Comentário: apesar de não mencionar expressamente o nome das funções, temos as seguintes relações: » “promoção de ajustamentos na alocação de recursos” = função ALOCATIVA; » “distribuição de renda” = função DISTRIBUTIVA; » “manutenção da estabilidade econômica” = função ESTABILIZADORA. Portanto, questão correta. (ESAF/CGU/AFC/2004) A necessidade de atuação econômica do setor público prende-se à constatação de que o sistema de preços não consegue cumprir adequadamente algumas tarefas ou funções. Assim, é correto afirmar que a. a função distributiva do governo está associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos eficientemente pelo sistema de mercado. b. a função alocativa do governo está relacionada com a intervenção do Estado na economia para alterar o comportamento dos níveis de preços e emprego. c. o governo funciona como agente redistribuidor de renda através da tributação, retirando recursos dos segmentos mais ricos da sociedade e transferindo-os para os segmentos menos favorecidos. d. a função estabilizadora do governo está relacionada ao fato de que o sistema de preços não leva a uma justa distribuição de renda. e. a distribuição pessoal de renda pode ser implementada por meio de uma estrutura tarifária regressiva. Comentário: a. Falso. Associada ao fornecimento de bens e serviços não oferecidos eficientemente pelo estado está a função ALOCATIVA, e não a distributiva. 30 UNIDADE II │ DA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E SEUS OBJETIVOS b. Falso. É a função ESTABILIZADORA que está relacionada com a intervenção do Estado na economia para regular os níveis de preços e empregos, e não a alocativa. c. Verdadeiro. A função distributiva visa ao equilíbrio da renda (associe a distribuir de forma “justa”). Para isso, serão utilizados mecanismos, como tributação, incentivos fiscais, subsídios etc. Ser agente redistribuidor é exercer a função distributiva. d. Falso. Distribuição de renda é preocupação da função distributiva. e. Falso. A tarifação regressiva não é mecanismo para distribuição pessoal de renda. O certo seria a tarifa progressiva, na qual quem ganha mais paga mais e, consequentemente, contribui mais para o cofre público. (ESAF/CGU/AFC/2008) O Orçamento é um dos principais instrumentos da política fiscal do governo e traz consigo estratégias para o alcance dos objetivos das políticas. Das afirmações a seguir, assinale a que não se enquadra nos objetivos da política orçamentária ou nas funções clássicas do orçamento. a. Assegurar a disponibilização para a sociedade dos bens públicos, entre os quais aqueles relacionados com o cumprimento das funções elementares do Estado, como justiça e segurança. b. Utilizar mecanismos visando à universalização do acesso aos bens e serviços produzidos pelo setor privado ou pelo setor público, este último principalmente nas situações em que os bens não são providos pelo setor privado. c. Adotar ações que visem fomentar o crescimento econômico. d. Destinar recursos para corrigir as imperfeições do mercado ou atenuar os seus efeitos. e. Cumprir a meta de superávit primário exigida pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Comentário: a. Refere-se à função ALOCATIVA do orçamento. b. Refere-se também à função ALOCATIVA do orçamento. 31 DA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E SEUS OBJETIVOS │ UNIDADE II c. Refere-se à função ESTABILIZADORA do orçamento. d. Falhas de mercado são referentes à função ALOCATIVA do orçamento. e. Não se enquadra diretamente nas funções clássicas do orçamento. Em linhas gerais, atingir uma meta de resultado entre a receita primária e despesa primária para o pagamento de juros da dívida é uma meta fiscal tratada na Lei de Responsabilidade Fiscal. Logo, é uma meta fiscal e não uma função clássica do governo. Gabarito correto: letra “e”. (CESPE/TRE-MS/Analista Jud.-Adm/2013) Tendo em vista que as funções econômicas do Estado são os principais instrumentos de ação estatal na economia, assinale a opção correta. a. A função estabilizadora ocorre, principalmente, nas situações em que o governo se utiliza do orçamento para a provisão de bens mistos. b. Para o exercício da função estabilizadora, o governo tem à disposição dois instrumentos macroeconômicos: a política fiscal e a política monetária. c. A função alocativa do governo justifica-se nos casos em que existe eficiência por parte do mecanismo de ação privada (sistema de mercado). d. A função estabilizadora, que promove o ajustamento da distribuição de renda, visa o chamado ideal de Pareto, que preconiza a melhoria do indivíduo sem que a situação dos demais seja deteriorada. e. Para o exercício da função distributiva, o governo tem um único instrumento, denominado imposto de renda progressivo por faixas de renda. Comentário: a. Refere-se à função ALOCATIVA do orçamento e não ESTABILIZADORA. b. Refere-se à função ESTABILIZADORA do orçamento. Logo, item correto. 32 UNIDADE II │ DA POLÍTICA ECONÔMICO-ORÇAMENTÁRIA E SEUS OBJETIVOS c. A função ALOCATIVA é justificada pela INEFICIÊNCIA do mercado, e não “eficiência”. d. Refere-se à função DISTRIBUTIVA do orçamento. e. O imposto de renda não é o único instrumento do governo para a função distributiva. Há também outros impostos e fundos especiais específicos. Ex.: IPVA, IPTU, FAT, FNDE etc. 33 unidAdE iiiPLAnEJAMEnto E orçAMEnto CAPÍtuLo 1 introdução e ciclo/processo orçamentário O planejamento é um processo de análise e decisão que precede, preside e segue a ação individual ou coletiva dos agentes na procura da solução de seus problemas com eficiência, eficácia e constância. Assim, planejar é agir com prevenção (pensar antes de fazer). Trata-se de colocar as ideias sobre um plano (papel) e somente depois colocá-las em prática. Em sala de aula, gosto de exemplificar uma ação planejada numa simples ida ao supermercado. Você já foi ao mercado fazer compras sem aquela “listinha de compras”? Se a resposta for sim, provavelmente você gastou além do necessário e, ainda, ao chegar em casa, se deu conta de ter esquecido de comprar algum item básico e essencial. Essa “listinha” que se leva ao supermercadoseria o seu planejamento de compras. Com ela, você gastaria menos e não esqueceria itens necessários. Todo planejamento tem como foco atingir plenamente os objetivos previamente determinados, sendo o pilar sobre o qual será desenvolvida a previsão orçamentária. A nossa Constituição Federal de 1988, quanto ao planejamento na administração pública, teve clara preocupação de institucionalizar a integração entre os processos de planejamento e orçamento, ao tornar compulsória a elaboração dos três instrumentos básicos para esse fim: o PPA, a LDO e a LOA. O PPA e a LDO são novidades da CF/1988. O PPA é destinado às ações de médio prazo (no contexto orçamentário), com a definição clara dos programas do governo. A Lei de Diretrizes Orçamentárias – LDO, com o papel de estabelecer as metas e prioridades, além de nortear a Lei Orçamentária Anual – LOA, sendo esta última a responsável por discriminar os gastos públicos para um exercício financeiro, estimando as receitas e fixando as despesas. 34 UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO De acordo com o art. 6o do Decreto-Lei no 200/1967, o processo administrativo deverá cumprir as seguintes fases ou princípios fundamentais, sendo regulamentados em toda e qualquer atividade da Administração Pública Federal: » planejamento; » coordenação; » descentralização; » delegação de competência » controle. O planejamento obedecerá ao disposto no art. 7o do mesmo decreto, que diz: Art. 7o A ação governamental obedecerá a planejamento que vise a promover o desenvolvimento econômico-social do País e a segurança nacional, norteando-se segundo planos e programas elaborados, na forma do Título III, e compreenderá a elaboração e atualização dos seguintes instrumentos básicos: a) plano geral de governo; b) programas gerais, setoriais e regionais, de duração plurianual; c) orçamento-programa anual; d) programação financeira de desembolso. Os instrumentos a que se refere tal artigo foram definidos no art. 165o da nossa CF/1988, a saber: Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes orçamentárias; III – os orçamentos anuais. A seguir, estudaremos detalhadamente cada um desses instrumentos orçamentários: PPA, LDO e LOA. ATENÇÃO: O vínculo do Planejamento ao Orçamento é a principal característica do nosso atual modelo orçamentário: o orçamento-programa ou moderno. 35 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO │ UNIDADE III 1. (CESPE/SECONT-ES/Auditor/2009) Uma das vantagens do orçamento- programa em relação ao orçamento tradicional é a possibilidade de se conjugar a formulação do orçamento ao planejamento governamental. 2. (CESPE/CPRM/Analista-Economia/2013) O processo que integra o planejamento e o orçamento exclui a elaboração e a aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias. 3. (CESPE/DPF/Ag. Adm./2014) Dada a importância da integração entre planejamento e orçamento para o bom funcionamento da administração pública, é previsto na CF um ciclo de planejamento e execução do plano orçamentário integralmente constituído pelo PPA e pela LDO. 4. (CESPE/MTE/AFT/2013) O planejamento na administração pública está estruturado de forma a atender aos instrumentos de planejamento, como o plano plurianual, a lei de diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária anual, que se desdobram em um conjunto de elementos que dão sustentação ao processo de tomada de decisão e alocação de recursos. 5. (CESPE/CNJ/Técnico-Cargo13/2013) O PPA é adotado como referência para a elaboração dos demais planos previstos na Constituição Federal, a fim de garantir a coerência do planejamento orçamentário. 6. (CESPE/ANTT/Administração/2013) Para que o governo consiga atuar com eficiência e eficácia, faz-se necessária uma boa integração entre os diversos programas e projetos por ele desenvolvidos. Nesse sentido, o tripé planejamento, programação e orçamentação atua como elo fundamental para a obtenção de coerência das diversas ações desenvolvidas pelo governo. 7. (CESPE/TCE-RO/Ag. Adm./2013) O orçamento-programa, que passou a integrar a legislação a partir da Constituição Federal de 1988 (CF), consolidou a vinculação do orçamento ao planejamento constante do plano plurianual. 8. (CESPE/TCE-RO/ACE/Contábil/2013) O orçamento-programa fornece subsídios ao planejamento, visto que possibilita a ligação entre o controle da execução orçamentária e a elaboração orçamentária. 36 UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO Gabarito comentado: 1. O orçamento-programa tem como principal característica a vinculação ao planejamento. Item certo. 2. Segundo o art. 165 da CF/1988, o sistema de planejamento orçamentário inclui o PPA, a LDO e a LOA. Item errado. 3. O tripé do planejamento orçamentário inclui o PPA, a LDO e a LOA. Logo, a execução do plano orçamentário NÃO é integralmente constituída pelo PPA e pela LDO. Item errado por excluir a LOA. 4. Item correto. Ver comentário dos itens 2 e 3. 5. O PPA é o instrumento de médio prazo utilizado para orientar a elaboração da LDO e da LOA, bem como dos demais planos e programas previsto da CF (ver art. 165, §4o, da CF/1988). Item correto. 6. Item correto. Ver comentário dos itens 2 e 3. 7. Errado. O orçamento-programa integrou a legislação brasileira a partir da Lei no 4.320/1964, e não da CF/1988. 8. Certo. A principal característica do orçamento-programa é a vinculação entre o plano e o orçamento. Ciclo/processo orçamentário O ciclo ou processo orçamentário pode ser conceituado como um processo contínuo, flexível e dinâmico para a elaboração, aprovação, execução, controle e avaliação dos instrumentos de planejamento orçamentário: PPA, LDO e LOA. Para James Giacomoni, assim como para a maioria dos autores, o ciclo orçamentário é dividido em 4 (quatro) etapas: elaboração(1), autorização(2), execução(3) e controle/ avaliação(4). A Secretaria de Orçamento Federal – SOF, no glossário de seu site oficial, conceitua o ciclo orçamentário como sendo a: sequência de fases ou etapas que devem ser cumpridas, como parte do processo orçamentário. A maioria dos autores adota como fases do ciclo orçamentário as seguintes: elaboração(1), apreciação legislativa(2), execução(3) e acompanhamento(3), controle(4) e avaliação(4). 37 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO │ UNIDADE III A Secretaria do Tesouro Nacional – STN, no glossário do seu site oficial, traz dois conceitos para o ciclo orçamentário: 1- Período compreendido entre a elaboração da proposta orçamentária e o encerramento do orçamento; 2 – Período de tempo necessário para que o orçamento esgote suas quatro fases: elaboração, aprovação, execução e controle. Dessa forma, tanto a SOF quanto a STN entendem que o ciclo orçamentário compreende 4 (quatro) fases. Como a banca FCC já cobrou o conceito de ciclo orçamentário? 1. (FCC/METRÔ-SP/Economista/2014) O Ciclo Orçamentário é o período necessário para que o Orçamento Público percorra suas quatro fases: elaboração, aprovação, execução e controle. 2. (FCC/SEFAZ-PI/ATE/2015)O orçamento é uma das principais peças de planejamento de políticas públicas. A sequência das etapas para a elaboração e execução do orçamento é denominada a. técnica orçamentária. b. contabilidade orçamentária. c. ciclo orçamentário. d. desenvolvimento orçamentário. e. orçamento programa. Gabarito: 1- Certo; 2- letra “C”. Porém, em uma prova recente do CESPE (STF/2013), a banca cobrou a visão ampliada do ciclo orçamentário, que compreende 8 (oito) fases. Segundo Sanches, retirado de “SANCHES, Osvaldo Maldonado: O ciclo orçamentário: uma reavaliação à luz da Constituição de 1988: Revista de Administração Pública, Rio de Janeiro: FGV, v. 27, no 4, pp. 54-76, out./dez. 1993”, o ciclo orçamentário ampliado compreende as seguintes fases: 1a) formulação do planejamento plurianual, pelo Executivo; 2a) apreciação e adequação do plano, pelo Legislativo; 38 UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO 3a) proposiçãode metas e prioridades para a administração e da política de alocação de recursos pelo Executivo; 4a) apreciação e adequação da LDO, pelo Legislativo; 5a) elaboração da proposta de orçamento, pelo Executivo; 6a) apreciação, adequação e autorização legislativa; 7a) execução dos orçamentos aprovados; 8a) avaliação da execução e julgamento das contas. Assim, a banca examinadora pode cobrar questões sobre o ciclo orçamentário na visão clássica de 4 (quatro) fases ou na visão ampliada de 8 (oito) fases. Deve-se ficar atento ao comando da questão. Não confundir o conceito de “ciclo orçamentário” com o de “exercício financeiro”. O exercício financeiro é o período de tempo equivalente ao ano civil, ou seja, de 1o de janeiro a 31 de dezembro (art. 34, da Lei no 4.320/1964), que corresponde ao tempo de vigência da LOA. Logo, o ciclo orçamentário compreenderá mais de um exercício financeiro. 1. (CESPE/TRE-MS/Analista Jud.-Adm./2013) O exercício financeiro, no Brasil, não coincide com o ano civil: os orçamentos anuais são executados no período de 1o de fevereiro a 31 de dezembro de cada ano. 2. (CESPE/ABIN/Agente Téc./cargo18/2010) A legislação brasileira permite que o exercício financeiro dos órgãos públicos não se inicie no primeiro dia de janeiro, desde que o período total do exercício corresponda a doze meses. 3. (CESPE/TELEBRAS/Analista-Cargo6/2013) As etapas do processo orçamentário incluem a fixação das metas de resultado fiscal, a estimativa da receita, o cálculo da necessidade de financiamento do governo central e a fixação dos valores para despesas obrigatórias. 4. (CESPE/ANP/Analista-Perfil4/2013) O processo orçamentário, com duração de um exercício financeiro, evidencia as etapas de elaboração, discussão e aprovação da Lei Orçamentária Anual. 39 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO │ UNIDADE III 5. (CESPE/MCT/Analista/2008) O ciclo orçamentário está restrito ao exercício financeiro, ou seja, do período de 1o de janeiro a 31 de dezembro de cada ano. O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação final. Com relação ao processo do ciclo orçamentário, julgue o item a seguir. 6. (CESPE/ANTT/Técnico Adm./2013) No Brasil, o ciclo orçamentário se divide em duas etapas: a elaboração/planejamento da proposta orçamentária e a execução orçamentária/financeira. 7. (CESPE/UNIPAMPA/ADM./2013) O ciclo orçamentário corresponde ao período de tempo em que se processam as atividades típicas do orçamento público, desde sua concepção até a apreciação final. 8. (CESPE/MDIC/Ag. Adm./2014) A duração do ciclo orçamentário é superior a um exercício financeiro, ou seja, o ciclo orçamentário não coincide com o ano civil. 9. (CESPE/STF/Analista Adm./2013) Nos termos da CF, o ciclo orçamentário desdobra-se em oito fases, cada uma com ritmo próprio, finalidade distinta e periodicidade definida. 10. (CESPE/DPF/Ag. Adm./2014) No Brasil, o ciclo orçamentário é definido como processo contínuo, dinâmico e flexível, em que são avaliados os aspectos físicos e financeiros dos programas do setor público. Gabarito comentado: 1. No Brasil, o exercício financeiro coincide com o ano civil, nos termos do art. 34 da Lei no 4.320/1964. Questão errada. 2. O exercício financeiro começa em 1o de janeiro e termina em 31 de dezembro, coincidindo com o ano civil, conforme art. 34 da Lei no 4.320/1964. Questão errada. 3. De fato o ciclo orçamentário compreende a fixação das metas de resultado fiscal (art. 4o da LRF, no anexo de metas fiscais da LDO), a estimativa da receita (art. 12 da LRF), o cálculo da necessidade de 40 UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO financiamento do governo central (quando a LOA, excepcionalmente, autoriza operações de crédito, art. 165, § 8o, da CF/1988) e a fixação dos valores para despesas obrigatórias (art. 17 da LRF). Portanto, item correto. 4. O processo orçamentário (ou ciclo orçamentário) não tem duração restrita a um exercício financeiro, pois compreende etapas que levam um tempo superior a um único exercício financeiro. Questão errada. 5. O ciclo orçamentário não se restringe a um exercício financeiro. Questão errada. 6. O ciclo orçamentário se divide em, no mínimo, 4 (quatro) etapas ou fases: elaboração (ou planejamento), aprovação (ou autorização), execução (ou vigência) e controle/avaliação (ou fiscalização). Por restringir a divisão do ciclo a apenas duas etapas o item fica errado. 7. As atividades típicas do orçamento público podem ser divididas em: elaboração, aprovação, execução e controle/avaliação. Logo, o ciclo orçamentário compreende atividades desde a concepção (elaboração) até a apreciação final (avaliação) do orçamento. Questão correta. 8. Por compreender as atividades típicas do orçamento público, o ciclo orçamentário é um período contínuo, e por isso não coincide com o exercício financeiro. Questão correta. 9. Segundo Sanches, o ciclo orçamentário ampliado compreende 8 (oito) fases: elaboração do PPA(1), aprovação do PPA(2), elaboração da LDO(3), aprovação da LDO(4), elaboração da LOA(5), aprovação da LOA(6), execução do PPA, LDO e LOA(7) e avaliação da execução desses instrumentos(8). O Cespe considerou o item correto, mesmo a questão fazendo referência à CF. Logo, o gabarito desse item é questionável, pois, nos termos da CF, não há uma quantificação numérica das etapas do ciclo orçamentário. 10. De acordo com o MTO/2015, o ciclo orçamentário é um processo contínuo, dinâmico e flexível em que se avaliam os programas do setor público. Tal ciclo se dá desde a concepção do orçamento até o final de seu período de vigência. Questão correta. 41 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO │ UNIDADE III Outro aspecto importante sobre o ciclo orçamentário e o exercício financeiro é a falta de regulamentação de uma lei complementar citada pela CF/1988. De acordo com o art. 165, § 9o: Cabe à lei complementar: I – dispor sobre o exercício financeiro, a vigência, os prazos, a elaboração e a organização do plano plurianual, da lei de diretrizes orçamentárias e da lei orçamentária anual; II – estabelecer normas de gestão financeira e patrimonial da administração direta e indireta bem como condições para a instituição e funcionamento de fundos. A Constituição reservou à lei complementar o tratamento sobre as matérias referidas, mas, até hoje, o Congresso não aprovou essa lei, embora já exista o seu projeto (PLC no 135/1996). As matérias discriminadas no inciso anterior encontram-se, em parte, na Lei no 4.320/1964, como é o caso do conceito de “exercício financeiro”, no art. 34, e “elaboração e organização da lei orçamentária anual”, em vários dispositivos. Porém, enquanto não for aprovado o PLC no 135/1996, a Lei no 4.320/1964 vem preenchendo a lacuna do art. 165, §9o, da CF de forma parcial, pois em 1964 não existiam o PPA e a LDO. Logo, a Lei no 4.320/1964 nada dispõe sobre as normas e os prazos para a elaboração do PPA e da LDO. Embora aprovada formalmente como lei ordinária, a Lei no 4.320/1964 foi recepcionada pela CF/1988 como lei complementar material, para tratar de matéria de lei complementar, nos termos do art. 165, § 9o, da CF. Por enquanto, não havendo a lei relativa ao disposto no art. 165, § 9o, são seguidas regras transitórias sobre prazos das leis de matéria orçamentária. Essas regras estão no art. 35, § 2o, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias – ADCT da CF/1988: ADCT, Art. 35, § 2o – Até a entrada em vigor da lei complementar a que se refere o art. 165, § 9o, I e II, serão obedecidas as seguintes normas: I – o projeto do plano plurianual, para vigência até o final do primeiro exercício financeiro do mandato presidencial subsequente, será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do primeiro exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa; 42 UNIDADEIII │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO II – o projeto de lei de diretrizes orçamentárias será encaminhado até oito meses e meio antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento do primeiro período da sessão legislativa; III – o projeto de lei orçamentária da União será encaminhado até quatro meses antes do encerramento do exercício financeiro e devolvido para sanção até o encerramento da sessão legislativa. 43 CAPÍtuLo 2 Plano Plurianual (PPA) De acordo com o art. 165, § 1o da Constituição Federal de 1988 (CF/1988) e com o Manual Técnico de Orçamento (MTO/2016), o PPA é o instrumento de planejamento de médio prazo do Governo Federal que estabelece, de forma regionalizada, as diretrizes, objetivos e metas da Administração Pública Federal para as despesas de capital e outras delas decorrentes e para as relativas aos programas de duração continuada. Conforme o MTO/2016, o PPA é um instrumento de médio prazo. Porém, estabelece a ligação entre as prioridades de longo prazo e a LDO/LOA. Ex.: O Presidente ao elaborar o seu projeto de PPA, em 2015, vigência 2016 a 2019, teve que analisar as necessidades do Brasil para o longo prazo (cerca de 10 anos) e priorizar o que era mais importante. Logo, o PPA liga essas prioridades à LOA por intermédio da LDO. Conclusão: apesar de ser o nível de planejamento estratégico, o PPA é de médio prazo e estabelece a ligação entre as prioridades de longo prazo e a LDO/LOA. O PPA é o plano estratégico para a execução das ações orçamentárias do governo. Os4 anos de sua vigência, embora equivalentes, não coincidem com os 4 anos do período de mandato presidencial. Sua vigência é contada do 2o ano do mandato atual ao término do 1o ano do mandatário seguinte (ver esquema a seguir). O PPA tem o propósito de viabilizar a implementação e a gestão das políticas públicas, orientar a definição de prioridades e auxiliar na promoção do desenvolvimento sustentável, por meio de Programas Temáticos e de Gestão, Manutenção e Serviços ao Estado. Exemplos de programas no PPA: Educação de qualidade para todos; Fortalecimento do Sistema Único de Saúde; Inclusão social por meio do Bolsa Família, do Cadastro Único e da articulação de políticas sociais; Moradia Digna e outros. Além dos programas, o PPA estabelecerá também as Diretrizes, os Objetivos e as Metas (mnemônico: DOM do PPA). Diretrizes são caminhos que o governo deseja trilhar. Exemplo: quando falamos em um governo que trilhou um caminho desestatizador, privatizando alguns serviços públicos, nos lembramos do governo de Fernando Henrique Cardoso – FHC. Por outro lado, se falamos em um governo estatizador, que priorizou a realização de concursos públicos e o fim da terceirização dos serviços públicos, pensamos no governo Lula. Objetivos são resultados a serem alcançados (ex.: o governo estabelece um programa para melhorar a malha rodoviária brasileira, com 44 UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO o objetivo de melhoria de 20 mil Km nos próximos quatro anos de vigência do PPA). Metas são parcelas quantitativas estabelecidas para o alcance do objetivo (considerando o exemplo anterior, se o objetivo é melhorar 20 mil Km de rodovias, serão definidas metas anuais de 5mil Km). O PPA da União tem abrangência nacional. Dessa forma, envolverá diretrizes, objetivos e metas para todos os entes da federação. Como cada Estado, Município e o Distrito Federal possuem necessidades distintas, a CF impôs a regionalização do PPA. Por exemplo, o Estado do Rio Grande do Sul não tem as mesmas demandas orçamentárias do Estado do Rio Grande do Norte. Dessa forma, o PPA estabelecerá as Diretrizes, os Objetivos e as Metas de forma regionalizada, dentro da real necessidade de cada região, para atender as despesas de capital, outras delas decorrentes e as despesas com programas de duração continuada. Embora a CF tenha determinado a regionalização do PPA, falta lei complementar que regulamente o critério a ser utilizado para a regionalização do PPA. Porém, mesmo sem regulamentação, o PPA vem sendo apresentado de forma regionalizada. Atualmente, e de forma discricionária, usam-se como critérios para regionalização a divisão macrorregional, o critério populacional, aspectos econômicos, geográficos, internacionais etc. (CESPE/CNJ/Técnico-Cargo13/2013) No PPA, as diretrizes, metas e objetivos dos programas de duração continuada são apresentados de forma regionalizada. Comentário: embora o item não esteja completo, por ter mencionado apenas os programas de duração continuada, é correto, pois, de acordo com o art. 165, § 1o, da CF/1988, o PPA traz o DOM de forma regionalizada. Despesas de Capital, o que significa? São aquelas realizadas com o propósito de formar e/ou adquirir ativos reais, abrangendo, entre outras ações, o planejamento e a execução de obras, a compra de instalações, equipamentos, material permanente, títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer natureza, bem como as amortizações de dívida, inversões financeiras e concessões de empréstimos (conceitos a serem detalhados no tópico sobre “despesa pública”). Em geral, as despesas de capital tratadas no PPA são as referentes a investimento (embora não se limitem aos investimentos). Um exemplo de despesa de capital mais próximo da nossa realidade seria a compra de um imóvel (casa ou apartamento), de um carro, de equipamentos (eletrônicos, eletrodomésticos etc). Outras delas decorrentes? Geralmente, as despesas de capital trazem outras despesas decorrentes. Por exemplo, a construção de uma ponte é uma despesa de capital. Depois de pronta, essa ponte trará novas despesas para a sua assistência e manutenção 45 PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO │ UNIDADE III (iluminação, sinalização, reforma etc). As despesas com assistência e manutenção da ponte serão consideradas decorrentes da de capital. Logo, as decorrentes são despesas correntes que derivam da de capital. Despesas com programas de duração continuada? Não há um conceito específico na lei sobre quanto tempo é “duração continuada”. No geral, são consideradas despesas com programas de duração continuada aquelas relativas aos programas que ultrapassam um exercício financeiro. Os investimentos (despesas de capital), que ultrapassarem um exercício financeiro, só serão iniciados se estiverem previstos inicialmente no PPA ou em lei que autorize a sua inclusão no PPA. Veja o que diz o art. 167, § 1o, da CF/1988: “Nenhum investimento cuja execução ultrapasse um exercício financeiro poderá ser iniciado sem prévia inclusão no plano plurianual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob pena de crime de responsabilidade”. CONCLUSÃO: uma lei (projeto de iniciativa do Poder Executivo) pode autorizar a inserção de novos investimentos no PPA já vigente. De forma esquematizada, temos: PPA: Plano Estratégico para 4 anos Estabelecerá PROGRAMAS: Hoje, são 54 Temáticos e 46 de Gestão... Diretrizes: caminhos a serem seguidos. (ex.: gov. FHC caminho desestatizador, de privatização) Objetivos: finalidade, resultado a ser alcançado. (ex.: diminuir em 40% o índice de analfabetismo) Metas: parcelas quantitativas do objetivo. (ex.: diminuir 10% por ano o índice de analfabetismo) De forma regionalizada, para atender as despesas: • de capital e outras delas decorrentes; • com programas de duração continuada. fonte: Prof. Anderson ferreira O envio do projeto de lei do PPA ao Legislativo é de competência privativa do chefe do Poder Executivo, conforme art. 84, XXIII, c/c art. 165, I, da CF/1988: Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República: [...] XXIII – enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei dediretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição; 46 UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E ORÇAMENTO Art. 165. Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: I – o plano plurianual; II – as diretrizes
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