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A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura Ao longo do texto, Pierre Bourdieu considera a educação como um fator de reprodução social, o qual legitima as desigualdades sociais e culturais. Ele faz uma análise de como o capital cultural herdado dos pais e dos avôs vai contribuir para o fato de ter melhor desenvolvimento escolar, e, assim ter ou não sucesso na escola. Para isso ele vai afirma que, “a ação do meio familiar sobre o êxito escolar é quase exclusivamente cultural” p. 42. Deste modo, um filho de uma camada superior, que teve acesso aos museus, teatro, peças musicais etc. tem um capital cultural maior do que aquele que filho de um operário de uma camada menos favorecida que seu acesso aos museus, arte, musica clássica e todas as manifestações culturais “cultas” foi limitado. Por tanto, o primeiro vai ter maior possibilidades de responder às exigências que a escola cobra, por isso, maior sucesso. O autor vai dizer que, a escola é reprodutora de essas diferencias culturais e sociais, o seja, a escola é injusta, pois ela cobra a todos os estudantes o mesmo conhecimento sem levar em conta suas diferencias culturais, sociais, econômicas, etc. Nesse sentido, os ideais democráticos aos que a escola obedece faz que se proteja melhor as camadas altas, como ele afirma, “tratando todos os educandos, por mais desiguais que sejam eles de fato, como iguais em direitos e deveres, o sistema escolar é levado a dar sua sanção às desigualdades iniciais diante da cultura” p. 53 Por fim, Bourdieu atribui à herança cultural o êxito dos estudantes na escola e as suas diferentes vivencias nela, o qual faz que a escola seja uma instituição reprodutora e conservadora. A questão que fica então é: Será que, de fato a educação não serve para libertar ao ser humano na busca de seus avances e melhoramentos tanto de sua condição social e política quanto cultural e econômica? Referências BOURDIEU, Pierre. A escola conservadora. In: BOURDIEU, P. Escritos da educação. NOGUEIRA, M.A. CATANI, (Orgs). Petropólis-RJ: Editora Vozes, 1998, pp.39-64. Aula 04/10/2021 A Escola conservadora e as desigualdades frente à escola e à cultura<1> <1> BOURDIEU, P. A Escola conservadora e as desigualdades frente à escola e à cultura. In: CATANI, A. (org). Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 1998. Nesse artigo, Bourdieu procura identificar e detalhar a ação dos mecanismos objetivos de seleção cultural e social utilizados pela escola, instituição vista como uma instância cuja finalidade implícita seria a de manter o "status quorum" e legitimar as desigualdades sociais e culturais existentes fora dela. Tal legitimação se daria mediante um processo no qual as desigualdades sociais e culturais entre as classes viriam a ser convertidas na escola em desigualdades de desempenho escolar. Segundo o autor, a herança cultural dos alunos oriundos das classes sociais dominantes teria um papel preponderante no que tange a seu "sucesso escolar", na medida em que suas práticas ("habitus") e concepções ("ethos") a respeito da cultura escolar (as quais incluiriam também um conhecimento privilegiado a respeito dos rituais e da dinâmica de funcionamento da escola) viriam a constituir um "capital cultural" específico (escolar), o qual, mediante o contato com a cultura escolar viria a aumentar progressivamente em função do tempo de permanência na escola, pois tais alunos seriam submetidos a uma "dupla imersão" (nos âmbitos familiar e escolar) em sua própria cultura, considerada legítima pela escola dada a afinidade entre sua cultura e a cultura das classes dominantes. De maneira inversa, os alunos oriundos de classes sociais não-dominantes encontrariam vários obstáculos as eu sucesso escolar (chegando em alguns casos até a se constituírem em impedimentos), pois devido ao fato de não terem familiaridade com a cultura escolar em seu contexto familiar e não possuírem o "habitus" valorizado pela escola, teriam muito menos possibilidades de obter tal sucesso na medida em que a escola viria a selecionar justamente os alunos detentores de maior similaridade com sua cultura. Todo esse processo contaria com a adesão (nem sempre tácita) dos educadores à cultura aristocrática, na medida em que estes elaborariam e implementariam métodos pedagógicos voltados para "o desenvolvimento dos dons" (dons estes que consistiriam numa combinação entre o "ethos" da valorização da prática escolar e o "habitus" condizente com as práticas culturais escolares encontrado nas classes dominantes), tornando assim possível o reconhecimento dos "mais aptos", os quais devido às vantagens anteriormente mencionadas, geralmente pertenceriam às classes dominantes. Tensionando essa questão no sentido da avaliação escolar, Bourdieu entende os procedimentos avaliativos como sendo estruturados em torno de: "(...)uma cultura aristocrática e sobretudo uma relação aristocrática com a cultura, que o sistema de ensino transmite e exige (p. 55)". Concluindo, com base nos elementos indicados ao longo do artigo, o autor indica que a escola, ao contrário do que é afirmado pelas ideologias defensoras da igualdade de oportunidades mediada pela escola, essa instituição teria na realidade um papel de suma importância na manutenção das desigualdades sociais e culturais, na medida em que, mesmo ampliando o acesso das classes não-dominantes à escola, devido aos mecanismos de seleção social e cultural contidos em seu interior, esta continuaria a frustrar o êxito desse alunos, enquanto consagraria os esforços daqueles pertencentes às classes dominantes. Para Bourdieu, a escola é um fator de reprodução social, legitimando as desigualdades sociais e culturais. Ele atribui à herança cultural o êxito dos estudantes na escola e as suas diferentes vivencias nela, o qual faz que a escola seja uma instituição reprodutora e conservadora. A instituição escola teria na realidade um papel de suma importância na manutenção das desigualdades sociais e culturais, na medida em que, mesmo ampliando o acesso das classes não-dominantes à escola, devido aos mecanismos de seleção social e cultural contidos em seu interior, esta continuaria a frustrar o êxito desse alunos, enquanto consagraria os esforços daqueles pertencentes às classes dominantes. Bourdieu- O ensino não é transmitido da mesma forma para todos os alunos, como a escola conservadora defende; todavia, ele afirma que os problemas enfrentados pelas escolas revelam um reflexo dos resultados advindos das desigualdades sociais ou a um “sofrimento social” enfrentado pelas famílias em sua origem, em relevância ao desempenho do aluno moldado pelo meio em que vive. Esse aspecto manifestou-se veladamente no sistema educacional brasileiro em tempos de isolamento social devido à pandemia de covid-19. Ideia de escola liberal. Meritocrática- democratização da escola brasileira – um promessa falsa. Muitos entram, mas poucos saem da escola- ideia de capital cultural, capital social, efeitos sociais, de construção que dão legitimidade para que você seja “superior” ao outro. A cultura- você entra em contato com ela e se modifica. Cultura legítima- arte. O capital cultural não está a disposição de todos, com alterações mentais legitimando esse acesso como natural. O próprio vocabulário. A escola espera que o aluno tenha capital cultural, que ele não tem. Se a escola e prof estão cientes dessa diferença, é difícil de perceber, porque é natural, óbvio se preparar para uma lição. A vivência dela com o capital cultural se sentem bem. Reprodução. Promessa: identificar potenciais, motivação. Identifica quem tem maior capital cultural e o avaliar melhor. Esse aluno não é brilhante e sim dá conta daquilo que foi pedido, há quem tem essa distância entre o que trás e o que a escola pede. Escola- promessa e fazer . Alunos medíocres, não recebem prêmios. Professor- dilema, faz parte do sistema, neutraliza esse feito social porque ele é inteligente e se deu bem na vida, reprodução das desigualdes.