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Psicologia do Desenvolvimento

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RESUMO PARA A PROVA 
Aula 1: Perspectiva histórica da psicologia do desenvolvimento / O que é a psicologia 
do desenvolvimento. 
O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afetivas, cognitivas, 
sociais e biológicas em todo ciclo da vida. Desta forma faz interface com diversas áreas 
do conhecimento como: a biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina entre 
outras. 
Tradicionalmente o estudo do desenvolvimento humano focou o estudo da criança 
e do adolescente, ainda hoje muitos dos manuais de psicologia do desenvolvimento 
abordam apenas esta etapa da vida dos indivíduos (Bee, 1984; Cole & Cole, 2004). 
O interesse pelos anos iniciais de vida dos indivíduos tem origem na história do 
estudo científico do desenvolvimento humano, que se inicia com a preocupação com os 
cuidados e com a educação das crianças, e com o próprio conceito de infância como um 
período particular do desenvolvimento (Cairns, 1983; Cole & Cole, 2004; Mahoney, 
1998). 
No entanto, este enfoque vem mudando nas últimas décadas, e hoje há um 
consenso de que a psicologia do desenvolvimento humano deve focar o desenvolvimento 
dos indivíduos ao longo de todo o ciclo vital. Ao ampliar o escopo de estudo do 
desenvolvimento humano, para além da infância e adolescência, a psicologia do 
desenvolvimento acaba por fazer interface também com outras áreas da psicologia. Só 
para citar algumas áreas temos: a psicologia social, personalidade, educacional, cognitiva. 
Assim surge a necessidade de se delimitar esse campo de atuação, definindo o que 
há de específico a psicologia do desenvolvimento humano. A necessidade de se integrar 
ao estudo do desenvolvimento humano uma perspectiva interdisciplinar, que adote uma 
metodologia de pesquisa própria, faz com que alguns autores sugiram que o estudo 
desenvolvimento humano constitua um campo de atuação independente da Psicologia, 
que tem sido chamado de “ Ciência do Desenvolvimento Humano” (Aspesi, Dessen & 
Chagas, 2005; Bronfrenbrenner & Evans, 2000). 
Pesquisadores do desenvolvimento humano concordam que um dos objetos de 
estudo do psicólogo do desenvolvimento é o estudo das mudanças que ocorrem na vida 
dos indivíduos. Papalia e Olds (2000), por exemplo, definem desenvolvimento como “ o 
estudo científico de como as pessoas mudam ou como elas ficam iguais, desde a 
concepção até a morte” (Papalia & Olds, 2000, p.25). 
A definição destes autores salienta o fato de que psicólogos do desenvolvimento estudam 
as mudanças, mas não nos oferece nenhuma informação sobre questões fundamentais ao 
estudo do desenvolvimento humano. O que muda? Como muda? E quando muda? Estas 
são perguntas frequentes nas pesquisas sobre o desenvolvimento, e são frequentemente 
abordadas de forma distintas pelas diferentes abordagens teóricas que descrevem o 
desenvolvimento humano. 
Dizer que ao longo do tempo mudanças ocorrem na vida dos indivíduos não nos 
esclarece estas questões. O tempo é apenas uma escala, não é uma variável psicológica. 
Portanto, é preciso entender como as condições internas e externas ao indivíduo afetam e 
promovem essas mudanças (Biaggio, 1978). As mudanças no desenvolvimento são 
adaptativas, sistemáticas e organizadas, e refletem essas situações internas e externas ao 
indivíduo que tem que se adaptar a um mundo em que as mudanças são constantes 
(Papalia & Olds, 2000). 
Variáveis internas podem ser entendidas como aquelas ligadas à maturação orgânica do 
indivíduo, as bases genéticas do desenvolvimento. Recentemente, os processos inatos que 
promovem o desenvolvimento humano voltam a ser discutidos por teóricos do 
desenvolvimento humano (Cole & Cole, 2004). 
As variáveis externas são aquelas ligadas à influência do ambiente no desenvolvimento. 
As abordagens sistêmicas de investigação do desenvolvimento humano há muito chamam 
atenção para a importância de se entender as diversas interações que ocorrem nos 
múltiplos contextos em que o desenvolvimento se dá. Incluindo-se nesta discussão uma 
análise do momento histórico em que o indivíduo se desenvolve. 
Biaggio (1978) argumenta que a especificidade da psicologia do desenvolvimento 
humano está em estudar as variáveis externas e internas aos indivíduos que levam as 
mudanças no comportamento em períodos de transição rápida (infância, adolescência e 
envelhecimento). Teorias contemporâneas do desenvolvimento aceitam que as mudanças 
são mais marcadas em períodos de transição rápida, mas mudanças ocorrem ao longo de 
toda a vida do indivíduo, não só nestes períodos. Portanto, é preciso se ampliar o escopo 
do entendimento do que é o estudo do desenvolvimento humano. 
Evolução Histórica da psicologia do desenvolvimento 
 A evolução histórica da psicologia do desenvolvimento humano é comumente 
sistematizada em fases, cada fase engloba um período de cerca de 10 anos. A seguir segue 
a divisão de cada fase: 
1- Período formativo (1882-1912) 
O estabelecimento da data de nascimento da psicologia do desenvolvimento é motivo 
de alguma controvérsia. Em 1882, Preyers (1841-1897) publicou o livro “ The mind of 
the child” que segundo Cairns (1983) impulsionou as pesquisas na área de 
desenvolvimento. O autor considera essa publicação como um marco no nascimento da 
psicologia do desenvolvimento, mas ressalta que as primeiras sociedades para o estudo 
do desenvolvimento foram criadas também no final do século XIX, e quase ao mesmo 
tempo em que as primeiras publicações especializadas na área surgiram, tanto na França 
como nos Estados Unidos. Nos Estados Unidos, Stanley Hall funda o “ Child Research 
Institute at Clark” e o periódico “ Pedagogical Seminars” em 1891. Na França Binet 
funda em 1899 a “ Société Libre pour l`Étude de l´Énfant” e o periódico “ LÁnnée 
Psychologique” . Os interesses de pesquisa nesta época envolviam principalmente a 
psicobiologia, psicologia da personalidade e desenvolvimento cognitivo. 
2- Primeira fase (1920-1939 aproximadamente) 
Os principais interesses de estudo nesta época foram: o desenvolvimento intelectual, 
maturação e crescimento. Começa-se a criticar os métodos existentes de pesquisa na área 
do desenvolvimento humano. Sendo que a maioria das pesquisas ainda usa métodos 
descritivos e normativos. Há um aumento do interesse por estudos longitudinais e 
começa-se a discutir a importância do uso deste tipo de metodologia para o estudo do 
desenvolvimento. Na prática o interesse por esse tipo de delineamento não se concretiza. 
3- Segunda fase (1940-1959 aproximadamente) 
Esta fase foi grandemente influenciada pela depressão de 30 e pelas Guerras que 
levam a uma escassez de investimentos em pesquisa. O interesse nesta época ainda se 
concentra no estudo da criança, especialmente no estabelecimento de relações entre 
variáveis que afetam o desenvolvimento (Cairns, 1983). Desta forma os principais 
métodos de pesquisa utilizados nesta fase foram os métodos correlacionais. Os avanços 
teóricos ficam limitados, pois como todos sabem métodos correlacionais não permitem 
que se estabeleçam relações de causa e efeito entre variáveis (Biaggio, 1978). 
4- Terceira fase (1960-1989 aproximadamente) 
Cairns (1983) afirma que nesta fase verificou-se uma re-emergência das pesquisas no 
campo do desenvolvimento. Até meados da década de 60 a psicologia do 
desenvolvimento sofre grande influência da Teoria Behaviorista e dos conceitos de 
Aprendizagem Social. Observa-se também a re-emergência da Teoria Piagetiana como 
arcabouço teórico das pesquisas neste campo o conhecimento (Biaggio & Monteiro, 
1998). A Revolução Cognitiva atinge a psicologia do desenvolvimento. Vários aspectos 
da cognição são investigados dentro da Abordagem do processamento de informação. Há 
um crescente interesse pela psicobiologia e pelas bases biológicas do comportamento. 
No que diz respeito à metodologia de pesquisa utilizada nesta fase busca-se o 
estabelecimento das causas do desenvolvimento. Há um aumentoda utilização do método 
experimental e do uso de técnicas correlacionais associadas a estudos longitudinais. 
5- Quarta fase (1990-dias atuais) 
Novos paradigmas na psicologia do desenvolvimento emergem. O caráter 
interdisciplinar da disciplina, a importância de se discutir e incorporar nas pesquisas os 
diversos contextos em que os indivíduos se desenvolvem, inclusive a dimensão histórica 
do desenvolvimento começa a ser discutida (Dessen & Costa Jr, 2006; Seidl de Moura & 
Moncorvo, 2006). 
Cada vez mais o desenvolvimento é estudado ao longo do ciclo vital, ao invés da 
tradicional ênfase na infância e adolescência. Magnusson e Cairns (1996 apud Aspesi, 
Dessen & Chagas, 2005) propõem que as mudanças de perspectivas de estudo no 
desenvolvimento humano constituem uma Ciência do Desenvolvimento Humano, uma 
disciplina independente que engloba conhecimentos não só da psicologia, mas de outras 
áreas afins. No Brasil funda-se em 1998 a “ Sociedade Brasileira de Psicologia do 
Desenvolvimento” . 
Os objetos de pesquisa anteriores permanecem, mas observa-se um maior interesse 
por estudos no curso da vida e por abordagens contextuais e sistêmicas como a teoria 
ecológica de Bronfrebrenner. Quanto aos métodos de pesquisa propõem-se novos 
paradigmas metodológicos, estudos sistêmicos, longitudinais, transculturais, 
transgeracionais e multimetodológicos. 
Vídeo sugerido: https://www.youtube.com/watch?v=XyiN7D9ioqA 
Aula 2: Infância, Juventude e Adultez enquanto categorias sociais e históricas / Aspectos 
históricos, sociais e políticos dos paradigmas de proteção de crianças e adolescentes no 
contexto brasileiro 
O conceito de infância variou, consideravelmente, ao longo da história universal. Os 
significados atribuídos a esta fase da vida foram distintos no decorrer do tempo e nas 
diferentes culturas. Consequentemente, as medidas tomadas em relação a este grupo 
populacional também assumiram muitas facetas. Já o conceito de adolescência surgiu 
apenas no século XX, denominado como o “século da adolescência” (ARIÈS, 1981). Por 
esta razão, a maior parte dos relatos históricos aborda a situação da infância, 
desconhecendo a especificidade da adolescência tal qual a conhecemos hoje. 
Como nos revela Áries (1981), em seu clássico livro História social da criança e 
da família, se na Grécia antiga havia um sentido de mediação entre a fase infantil e a fase 
adulta, na Idade Média não se observa mais esta passagem. Até o fim da Idade Média, os 
termos designativos de criança e adolescente eram empregados sem muito critério para 
meninos e meninas de diferentes idades. Não raro se via em textos da época rapazes de 
18 a 20 anos serem denominados de crianças. Para o autor, as concepções de criança e 
adolescência eram amalgamadas ao sentido de dependência e subalternidade. 
A concepção de criança era, portanto, bem diferente da atual. Até meados do 
século XII, por exemplo, as crianças eram representadas nas pinturas e obras de artes 
como homens em miniatura, com corpos e faces pouco infantis e musculatura adulta. 
Durante a Idade Média, a criança, tão logo não precisasse mais dos cuidados vitais da 
mãe ou ama, era incorporada ao universo adulto. Certamente isto não pode ser traduzido 
como falta de afeição, mas como uma forma de socialização considerada normal para os 
padrões da época. 
Como pontua outro historiador da infância, Heywood (2004), houve várias 
“descobertas” sobre a infância que atribuíram um sentido peculiar a essa fase da vida, 
como “ondas” de diferenciação social (séculos VI a VII, XII a XIV, XVII ao XX). No 
embate entre as concepções religiosas e laicas ocorridas ao longo desses séculos, a criança 
ora foi considerada símbolo da pureza (há um sem-número de representações artísticas 
nas quais os anjos são caracterizados como crianças gorduchas e rosadas), ou considerada 
naturalmente inocente, ora vista como fruto do pecado ou potencialmente impura, 
necessitando ser socializada com rigor e constantemente vigiada em seu desenvolvimento 
moral. 
Até mesmo o valor de sua vida era relativo. Ao longo de muitos séculos, e em 
épocas de altíssima mortalidade infantil, a morte de crianças muito pequenas não era fato 
inusitado ou mobilizador. As crianças menores “não contavam”, isto é, não eram 
consideradas, devido ao fato de ser muito provável que morressem. 
É apenas a partir do século XVII que, nas famílias abastadas francesas e em outros 
países europeus, com a valorização da vida nas cidades e seus modos corteses, a criança 
passa a ter um status diferenciado, sendo considerada como “distração” da família. Suas 
gracinhas, gestos e balbucios seriam vistos como fonte de entretenimento e valorizados 
por amas e familiares. Entretanto, esta fase era curta, aproximadamente até entre cinco e 
https://www.youtube.com/watch?v=XyiN7D9ioqA
sete anos de idade; logo em seguida, a criança era incorporada ao mundo adulto. As 
meninas, por exemplo, tinham pouca ou nenhuma educação escolar e, desde muito cedo, 
eram treinadas para serem esposas, casando-se a partir dos 11 ou 12 anos de idade. Na 
Idade Média, era comum enviar crianças após os sete anos para serem aprendizes, quando 
serviriam em casas estranhas, realizando tarefas domésticas e demais afazeres. 
No que diz respeito à infância, o diferenciador da Modernidade foi a revalorização 
da educação. O projeto escolar se confundia, em boa parte, com o projeto da reforma 
religiosa e seus preceitos moralistas. Algumas ordens católicas passaram, também, a se 
dedicar exclusivamente à missão do ensino. A escola, a partir do final do século XVII, 
incorporou a disciplina como eixo central da interlocução com os educandos e como 
mecanismo de adesão das famílias ao projeto escolar, cujo ciclo envolveria cerca de 
quatro anos. Dessa maneira, a infância seria agora prolongada enquanto durasse tal ciclo. 
Na Linha do tempo, anexada ao final deste capítulo, detalhamos, com base na trajetória 
histórica da criança e do adolescente no Brasil, os caminhos traçados e as mudanças de 
paradigmas que hoje se manifestam na proteção e na garantia dos direitos infanto-juvenis. 
Como vemos, inegáveis avanços são hoje notados e garantidos em tratados e leis 
de abrangência internacional. Porém, tais avanços convivem com inúmeras formas de 
violação da infância e da adolescência, que são banalizadas e reproduzidas no cotidiano 
de muitas sociedades. Portanto, não podemos pensar no passado como se fosse uma fase 
superada e extinta. A depender da cultura ou de determinado grupo social, tradições 
seculares são ainda hoje mantidas, mesmo à revelia dos padrões contemporâneos 
ocidentais de proteção à infância e à adolescência. Uma vez que a noção sobre a infância 
tem variado profundamente ao longo dos séculos e nas diferentes culturas, e que a 
concepção de adolescência só foi elaborada mais recentemente, as maneiras de atender às 
necessidades e demandas sociais relacionadas a essas fases da vida também têm sido 
variáveis. 
Video sugerido: https://www.youtube.com/watch?v=c0L82N1C7AQ 
Aula 3: Introdução à Psicologia do Desenvolvimento 
Esta área de conhecimento da Psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano 
em todos os seus aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social — desde 
o nascimento até a idade adulta, isto é, a idade em que todos estes aspectos atingem o seu 
mais completo grau de maturidade e estabilidade. 
Existem várias teorias do desenvolvimento humano em Psicologia. Elas foram 
construídas a partir de observações, pesquisas com grupos de indivíduos em diferentes 
faixas etárias ou em diferentes culturas, estudos de casos clínicos, acompanhamento de 
indivíduos desde o nascimento até a idade adulta. Dentre essas teorias, destaca-se a do 
psicólogo e biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), pela sua produção contínua de 
pesquisas, pelo rigor científico de sua produção teórica e pelas implicações práticas de 
sua teoria,principalmente no campo da Educação. A teoria deste cientista será a 
referência, neste capítulo, para compreendermos o desenvolvimento humano, para 
respondermos às perguntas como e por que o indivíduo se comporta de determinada 
forma, em determinada situação, neste momento de sua vida. 
https://www.youtube.com/watch?v=c0L82N1C7AQ
O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao 
crescimento orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se 
caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de 
organização da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento 
em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de 
equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações sociais. 
Algumas dessas estruturas mentais permanecem ao longo de toda a vida. Por 
exemplo, a motivação está sempre presente como desencadeadora da ação, seja por 
necessidades fisiológicas, seja por necessidades afetivas ou intelectuais. Essas estruturas 
mentais que permanecem garantem a continuidade do desenvolvimento. Outras estruturas 
são substituídas a cada nova fase da vida do indivíduo. Por exemplo, a moral da 
obediência da criança pequena é substituída pela autonomia moral do adolescente ou, 
outro exemplo, a noção de que o objeto existe só quando a criança o vê (antes dos 2 anos) 
é substituída, posteriormente, pela capacidade de atribuir ao objeto sua conservação, 
mesmo quando ele não está presente no seu campo visual. 
- A importância do estudo do desenvolvimento humano 
A criança não é um adulto em miniatura. Ao contrário, apresenta características 
próprias de sua idade. Compreender isso é compreender a importância do estudo do 
desenvolvimento humano. Estudos e pesquisas de Piaget demonstraram que existem 
formas de perceber, compreender e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa 
etária, isto é, existe uma assimilação progressiva do meio ambiente, que implica uma 
acomodação das estruturas mentais a este novo dado do mundo exterior. 
Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns 
de uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais 
aptos para a observação e interpretação dos comportamentos. Todos esses aspectos 
levantados têm importância para a Educação. Planejar o que e como ensinar implica saber 
quem é o educando. Por exemplo, a linguagem que usamos com a criança de 4 anos não 
é a mesma que usamos com um jovem de 14 anos. 
- Fatores que influenciam o desenvolvimento humano 
Hereditariedade — a carga genética estabelece o potencial do indivíduo, que pode ou não 
se desenvolver. Existem pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. 
No entanto, a inteligência pode desenvolver-se aquém ou além do seu potencial, 
dependendo das condições do meio que encontra. 
Crescimento orgânico — refere-se ao aspecto físico. O aumento de altura e a estabilização 
do esqueleto permitem ao indivíduo comportamentos e um domínio do mundo que antes 
não existiam. Pense nas possibilidades de descobertas de uma criança, quando começa a 
engatinhar e depois a andar, em relação a quando esta criança estava no berço com alguns 
dias de vida. 
Maturação neurofisiológica — é o que torna possível determinado padrão de 
comportamento. A alfabetização das crianças, por exemplo, depende dessa maturação. 
Para segurar o lápis e manejá-lo como nós, é necessário um desenvolvimento neurológico 
que a criança de 2, 3 anos não tem. 
Meio — o conjunto de influências e estimulações ambientais altera os padrões de 
comportamento do indivíduo. Por exemplo, se a estimulação verbal for muito intensa, 
uma criança de 3 anos pode ter um repertório verbal muito maior do que a média das 
crianças de sua idade, mas, ao mesmo tempo, pode não subir e descer com facilidade uma 
escada, porque esta situação pode não ter feito parte de sua experiência de vida. 
- Aspectos do desenvolvimento humano 
Aspecto físico-motor — refere-se ao crescimento orgânico, à maturação neurofisiológica, 
à capacidade de manipulação de objetos e de exercício do próprio corpo. Exemplo: a 
criança leva a Chupeta à boca ou consegue tomar a mamadeira sozinha, por volta dos 7 
meses, porque já coordena os movimentos das mãos. 
Aspecto intelectual — é a capacidade de pensamento, raciocínio. Por exemplo, a criança 
de 2 anos que usa um cabo de vassoura para puxar um brinquedo que está embaixo de um 
móvel ou o jovem que planeja seus gastos a partir de sua mesada ou salário. 
Aspecto afetivo-emocional — é o modo particular de o indivíduo integrar as suas 
experiências. É o sentir. A sexualidade faz parte desse aspecto. Exemplos: a vergonha 
que sentimos em algumas situações, o medo em outras, a alegria de rever um amigo 
querido. 
Aspecto social — é a maneira como o indivíduo reage diante das situações que envolvem 
outras pessoas. Por exemplo, em um grupo de crianças, no parque, é possível observar 
algumas que espontaneamente buscam outras para brincar, e algumas que permanecem 
sozinhas. 
Se analisarmos melhor cada um desses exemplos, vamos descobrir que todos os outros 
aspectos estão presentes em cada um dos casos. E é sempre assim. Não é possível 
encontrar um exemplo “puro”, porque todos estes aspectos relacionam-se 
permanentemente. Por exemplo, uma criança tem dificuldades de aprendizagem, repete o 
ano, vai-se tornando cada vez mais “tímida” ou “agressiva”, com poucos amigos e, um 
dia, descobre-se que as dificuldades tinham origem em uma deficiência auditiva. Quando 
isso é corrigido, todo o quadro reverte- se. A história pode, também, não ter um final feliz, 
se os danos forem graves. 
Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses quatro 
aspectos são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes, isto é, estudar 
o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A Psicanálise, por 
exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo- emocional, isto é, do 
desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o desenvolvimento intelectual. 
Vídeo sugerido: https://youtu.be/7GEV7HOsETM 
 
Aula 4: Sigmund Freud e o desenvolvimento da Psicanálise 
Sigmund Freud é conhecido como o “pai da psicanálise”, por conta da sua extensa 
contribuição para o surgimento desse campo clínico que tem enfoque na psique humana. 
Formulou teorias como a do “id, ego e superego” e a do “complexo de Édipo”, que até 
hoje possuem enorme importância e são extensamente debatidas pelos psicanalistas. 
https://youtu.be/7GEV7HOsETM
As contribuições de Freud, porém, não se resumem ao campo da psicanálise, uma 
vez que suas teorias repercutiram bastante no campo científico e influenciaram 
diretamente áreas como a psicoterapia. A obra de Freud também repercutiu até em 
campos como a filosofia e a literatura. Até hoje alguns dos métodos de tratamento criados 
por Freud são utilizados por psiquiatras. 
- Psicanálise 
 Depois de ter contato com a hipnose como forma de tratamento, Freud procurou 
utilizá-la em seus pacientes. Isso aconteceu depois de ter aberto um consultório em Viena 
para tratar de “doenças nervosas”. O contato com a hipnose levou Freud a concluir, 
tempos depois, que as doenças mentais eram, de fato, causadas por distúrbios em uma 
parte que ele chamou de inconsciente. 
 
Freud passou a defender a ideia de que a forma de tratar essas doenças deveria 
acontecer por meio das palavras. Inicialmente, Freud hipnotizava seus pacientes e os 
incentivava a falar sobre todos os seus traumas. Esse procedimento ficou conhecido como 
“cura pela palavra” e foi resultado da influência de um neurologista chamado Josef 
Breuer. 
Breuer era um dos mais importantes neurologistas de Viena, e o relato dele a 
respeito de uma de suas pacientes teve grande impacto em Freud. Essa paciente, que sofriade depressão, era Bertha Pappenheim, também conhecida como Anna O. Breuer 
hipnotizava sua paciente e a orientava a falar sobre os seus sintomas e traumas, tendo 
como resultado a melhora do quadro de Anna O. 
Após esse caso, Freud passou a aplicar a “cura pela palavra” em seus próprios 
pacientes. Ele os incentivava a falar sobre os traumas e anotava tudo o que era dito pelos 
seus pacientes. Com o tempo, começou a identificar que a parte consciente da mente 
humana não tinha acesso a todas as lembranças e grande parte dos pensamentos ficava 
reprimida no “inconsciente”. Assim, o tratamento por meio da psicanálise só seria de fato 
eficaz se fosse possível acessar os pensamentos e traumas do inconsciente, levando-os 
para a consciência do paciente. 
Os atendimentos realizados por Freud aconteciam em um apartamento localizado 
no mesmo prédio (Berggasse 19) que ficava sua casa. Freud colocava seus pacientes em 
um sofá (chamado de divã), em uma posição em que não havia contato visual com os 
pacientes. Os resultados foram mostrando-se satisfatórios, e Freud começou a ganhar 
popularidade. Esses resultados foram importantes porque conseguiram provar a teoria de 
Freud a respeito da existência do inconsciente na mente humana. 
- Teoria do desenvolvimento psicossexual 
- Fase Oral (nascimento até 1 ano de vida): 
No primeiro estágio do desenvolvimento da personalidade, a libido é centrada na 
boca do bebê. Ele fica muito satisfeito ao colocar todo tipo de coisa em sua boca para 
satisfazer a libido. Isso significa que nesta fase da vida, seus prazeres são orais ou 
orientados para a boca, como sucção, mordida e amamentação. 
Como vimos, Freud disse que a frustração em obter esta satisfação, ou a 
estimulação oral exagerada pode levar a uma fixação oral mais tarde na vida. As pessoas 
que podem ter esta “personalidade oral” seriam os fumantes, os roedores de unhas e 
chupadores de polegar. Estas pessoas se envolvem em tais comportamentos orais, 
principalmente quando estão sob estresse. 
- Fase anal (1 à 3 anos): 
Segundo Freud, nesta fase a libido se concentra no ânus, e a criança sente grande 
prazer em defecar. 
A criança agora está plenamente consciente de que é uma pessoa por si só, e que 
seus desejos podem colocá-la em conflito com as demandas do mundo exterior (ou seja, 
seu ego se desenvolveu). Freud acreditava que esse tipo de conflito tende a surgir no 
treinamento do uso do vaso sanitário, no qual os adultos impõem restrições sobre quando 
e onde a criança pode defecar. 
A natureza desse primeiro conflito com a autoridade pode determinar o futuro 
relacionamento da criança com todas as formas de autoridade. O treinamento precoce ou 
rigoroso com o vaso sanitário pode levar a criança a se tornar uma personalidade anal-
retentiva. Este tipo de personalidade é a que odeia a bagunça, é obsessivamente arrumada, 
pontual e respeitosa da autoridade. Eles podem ser teimosos e rígidos no trato com o 
dinheiro e suas posses. 
 
Tudo isso está relacionado ao prazer de segurar as fezes quando crianças. A mãe 
então insiste que a criança se livre dessas fezes de modo adequado, colocando-a no vaso 
sanitário até que se aliviem! 
Perceba que este conceito não é tão tolo quanto parece. 
A personalidade anal-expulsiva, por outro lado, passou por um regime liberal de 
treinamento do banheiro durante o estágio anal. Na idade adulta, o anal expulsivo é a 
pessoa que deseja compartilhar as coisas com você. Eles gostam de doar coisas. Em 
essência, eles não estão retendo de si, mas expulsando e ‘compartilhando’ de si com o 
mundo. Interessante notar que, se essa liberalidade for demasiada, esta pessoa anal-
expulsiva pode se tornar confusa, desorganizada e rebelde. 
- Fase fálica (3 à 6 anos): 
A sensibilidade agora na fase fálica se concentra nos órgãos genitais, e a 
masturbação (em ambos os sexos) se torna uma nova fonte de prazer. A criança toma 
consciência das diferenças anatômicas sexuais, que desencadeiam o conflito entre atração 
erótica, ressentimento, rivalidade, ciúme e medo. Freud chamou isso de complexo de 
Édipo nos meninos, e complexo de Electra nas meninas. Esse conflito é resolvido através 
do processo de identificação, no qual a criança adota as características dos pais do mesmo 
sexo. 
“Complexo de Édipo” 
O aspecto mais importante da fase fálica é o complexo de Édipo. O nome do 
complexo de Édipo deriva do mito grego em que Édipo, um jovem, mata seu pai e se casa 
com sua mãe. Ao descobrir isso, ele abre os olhos e fica cego. Este Édipo é o termo 
genérico (isto é, geral) para os complexos Édipo e Electra. 
No menino, o conflito de Édipo surge porque ele desenvolve desejos sexuais 
(agradáveis) para com sua mãe. Ele quer “possuir” sua mãe exclusivamente. Para isso, 
ele deseja (irracionalmente) se livrar do pai para que possa atender a esse desejo. 
O garoto então (inconscientemente) entende que, se o pai descobrisse tudo isso, o 
pai levaria o que mais ama. Durante a fase fálica, o que o garoto mais ama é o pênis. 
Portanto, o menino desenvolve ansiedade de castração. 
O menino então decide resolver esse problema imitando, copiando e participando 
de comportamentos masculinos do pai. Isso se chama identificação, e é assim que o 
menino de três a cinco anos resolve seu complexo de Édipo. 
Identificação significa adotar internamente os valores, atitudes e comportamentos 
de outra pessoa. A consequência disso é que o menino assume o papel de gênero 
masculino e adota um ideal e valores do ego que se tornam o superego. Freud ofereceu o 
estudo de caso Little Hans como evidência do complexo de Édipo. 
- Período de latência (6 a 11 anos): 
Latente significa “oculto”. Isso significa que nesta fase não há mais 
desenvolvimento psicossexual. A libido está adormecida. 
Freud pensou que a maioria dos impulsos sexuais é reprimida durante o estágio 
latente. Assim, a energia sexual é sublimada. Isso quer dizer que grande parte da energia 
da criança é canalizada para o desenvolvimento de novas habilidades e a aquisição de 
novos conhecimentos. E nesta fase, as brincadeiras são feitas em sua maioria com outras 
crianças do mesmo sexo. 
- Fase genital (puberdade para adulto): 
Este é a última fase da teoria do desenvolvimento psicossexual de Freud e começa 
na puberdade. É um momento de experimentação sexual adolescente, cuja resolução bem-
sucedida é estabelecer um relacionamento amoroso com outra pessoa nos nossos 20 anos. 
O instinto sexual é direcionado ao prazer heterossexual, ao invés do prazer 
próprio, como no estágio fálico. 
Para Freud, a saída apropriada do instinto sexual em adultos era por meio de 
relações heterossexuais. Fixação e conflito podem impedir isso, tendo como consequência 
as perversões sexuais. Por exemplo, a fixação no estágio oral pode resultar em uma pessoa 
obtendo prazer sexual principalmente por beijos e sexo oral, em vez de relações sexuais. 
Vídeo Sugerido: https://www.youtube.com/watch?v=uJcEEdD1g4c / 
https://www.youtube.com/watch?v=faalNbchEos 
 
Aula 5: Erik Erikson: Teoria do desenvolvimento psicossocial 
https://www.youtube.com/watch?v=uJcEEdD1g4c
https://www.youtube.com/watch?v=faalNbchEos
A Teoria Psicossocial surgiu no seio da corrente psicanalítica, compartilhando 
importantes conceitos e fundamentos psicanalíticos, sendo apresentada nos livros de Bee 
(2003) e Papalia e Feldman (2013) em capítulos que tratam da Teoria Psicanalítica. Essa 
proximidade com a teoria freudiana é inegável, sendo necessário retornarmos a ela para 
avançarmos na compreensão da teoria eriksoniana. A tradição psicanalítica compreende 
o comportamento como processos subjacentes a psique (termo grego que pode significar 
alma, espírito ou mente), tendo Sigmund Freud como principal referência.O pensamento 
chave dessa tradição é que “o comportamento é governado por processos tanto 
inconscientes como conscientes. Segundo Bee (2003, p. 46): “alguns desses processos 
inconscientesestão presentes no nascimento, outros se desenvolvem ao longo do tempo”. 
Nessa tradição, a personalidade tem uma estrutura psíquica que se desenvolve, segundo 
o referido autor (idem), ao longo do tempo, dividida em três partes: 
[...] o id, que é o centro da libido [impulso sexual instintivo]; o ego, elemento mais 
consciente, o executivo da personalidade; e o superego, que é o centro da consciência e 
da moralidade, uma vez que incorpora as normas e as limitações morais da família e 
sociedade. Essas três partes estão presentes desde o nascimento, contudo, se manifestam 
à medida que o corpo passa por um processo natural de maturação do sistema nervoso 
central (à medida que crescemos). Ao nascer somos puramente id, guiados pelos instintos 
básicos de sobrevivência; por volta dos dois anos começamos a desenvolver o ego, 
quando começamos a nos diferenciar do restante do mundo; posteriormente 
desenvolvemos o superego, à medida que internalizamos as regras, valores e costumes da 
nossa sociedade. Esse desenvolvimento se dá em fases, sendo caracterizadas pelo desvio 
da libido para regiões diferentes do corpo mais estimuladas em idades específicas (oral, 
anal, fálica, latência e genital) (BEE, 2003). 
Para reforçar a proximidade do pensamento eriksoniano com a psicanálise Bee (2003, p. 
305) destaca quatro proposições que são comuns às duas teorias: 
 
 
 
 
 
 
Para Carpigiani (2010), o desenvolvimento, segundo Erikson, ocorre como 
resultado da integração de três dimensões inerentes ao homem: a dimensão biológica; a 
dimensão social e a dimensão individual. A dimensão biológica é a base para o 
desenvolvimento, é ela que alicerça o desenvolvimento de qualquer ser vivo, é sobre essa 
base que ocorre o desenvolvimento das demais dimensões, em um processo chamado por 
ele de Principio Epigenético, afirma Carpigiani (2010, p. 4): 
 
 
[a] o comportamento é governado por processos conscientes e 
inconscientes [...]; [b] a estrutura da personalidade se desenvolve ao 
longo do tempo, como resultado da interação entre 
impulsos/necessidades inatas da criança e respostas das pessoas 
essenciais ao seu mundo [...]; [c] o desenvolvimento da personalidade se 
dá fundamentalmente em estágios [...]; e [d] a personalidade que uma 
criança desenvolve depende do grau de sucesso que alcança ao avançar 
esses vários estágios. 
 
[...] Epigênese significa que algo se desenvolve sobre outra 
coisa no espaço e no tempo. [...]Significa dizer que todo ser 
vivo está apoiado sobre uma base que proporciona 
potencialmente o desenvolvimento de funções determinadas. É 
o suporte biológico que sustenta o plano psicológico. 
 
 
 
A dimensão social se desenvolve nas relações culturais em que o bebê está 
inserido. A satisfação de suas necessidades iniciais, seus instintos se dará na relação com 
o outro. Conforme o referido autor (idem, p. 5): “esse processo de organização das pulsões 
se dá de diferentes formas de acordo com a família, sociedade e cultura”. A dimensão 
individual é responsável por articular os elementos que constituem a dimensão biológica 
e a dimensão social, é essa articulação pessoal que garantirá ao sujeito a sua identidade. 
Essa dimensão está ligada ao conceito de ego, indispensável para a fundamentação da 
teoria eriksoniana. Para Carpigiani (ibidem), a ideia das três dimensões [...] nos ajuda a 
compreender o desenvolvimento psicológico saudável e a explicação para a infinita 
capacidade de adaptabilidade do ser humano. [...] O homem evolui porque precisa 
manter-se em equilíbrio, portanto, deve estabelecer continuidade e sentido para os 
conflitos que experimenta ao longo de sua vida. 
O ego assumiu uma posição central na teoria psicossocial. Erikson compreende 
que ele se desenvolve na relação de interdependência entre a organização interna e a 
social, integrando a história vivenciada e estabelecendo continuidade nas experiências 
afetivas desde muito cedo, caracterizando a capacidade do homem de unificar de modo 
adaptativo sua experiência e sua ação. 
Para Rabello e Passos (2001), o principal avanço apresentado por Erikson foi a 
compreensão do ser humano como um ser social, antes de tudo, que vive em grupo, sofre 
pressão e influência deste. Ele desviou o foco da sexualidade para as relações sociais, 
propondo que o desenvolvimento ocorre em estágios psicossociais que vão além da 
infância, pois a personalidade não é totalmente desenvolvida nessa etapa, sendo 
modificada em etapas posteriores 
Eles acrescentam que para Erikson o indivíduo cresce articulando exigências 
internas do ego com existências externas do meio em que vive. Em cada estágio, o ego 
passa por uma crise que nomeia esse estágio. Quando o desfecho é positivo ocorre uma 
ritualização do comportamento, gerando um ego mais forte e rico, pronto para encarar 
situações de crise semelhantes, quando o desfecho é negativo ocorre um ritualismo, 
fragilizando o ego, tornando-o pouco apto para situações de crise. A personalidade se 
forma no decorrer das crises, reformulando-se de acordo com as experiências vividas. 
- Estágios do Desenvolvimento de Erik Erikson: 
O primeiro estágio – Confiança básica versus Desconfiança básica – psicossocial 
corresponde ao período entre o nascimento e os primeiros 18 meses de vida do bebê. A 
atenção dele está voltada para a mãe, que satisfaz suas necessidades e desejos em uma 
margem de tempo suportável fazendo-o compreender que não está abandonado à própria 
sorte (em alguns casos outra pessoa assume esse papel). Quando o bebê vivencia essa fase 
de forma harmoniosa, recebendo carinho e atenção dos seus provedores ele desenvolve o 
sentimento de confiança básica, quando esses anseios não são correspondidos de maneira 
satisfatória o sentimento desenvolvido é o da desconfiança básica. 
O segundo estágio – Autonomia versus Vergonha, dúvida – psicossocial ocorre 
entre os primeiros 18 meses de vida e os 03 anos de idade. Nessa fase, a criança está com 
maior mobilidade, iniciando o desenvolvimento do senso de independência e/ou 
autonomia. Esse período necessita de orientação dos pais para evitar que a criança 
vivencie sucessivos fracassos gerando um sentimento de vergonha (raiva de si mesmo) e 
dúvida ao invés do autocontrole e autovalor (BEE, 2003). Rabello e Passos (2001) 
acrescentam que nessa etapa a criança começa a assimilar regras sociais compreendendo 
alguns privilégios, obrigações e limitações, aprendendo a se controlar. Novamente os 
autores reforçam a importância do equilíbrio entre experimentações positivas e negativas 
para o desenvolvimento saudável do ego. É esperado que nessa etapa a criança desenvolva 
a força básica da vontade. 
O terceiro estágio – Iniciativa versus Culpa – se dá entre os 03 e 06 anos de idade, 
quando a crianças ingressa na escola. Nessa etapa, é esperado que a criança tenha 
desenvolvido a confiança, o controle e a autonomia, presentes nas etapas anteriores. 
Unindo confiança e autonomia a criança desenvolve a determinação, imprescindível para 
o senso de iniciativa. De acordo com Rabello e Passos (2001), a criança tem um 
crescimento intelectual, reflexo do seu ingresso na escola, que é essencial para a sua 
capacidade de planejamento e organização, desenvolvendo como virtude o propósito. 
Quando seus planos não se concretizam a criança tende a direcionar sua energia para a 
fantasia, tentando compensar, de algum modo, a culpa por não os realizar. Normalmente, 
tais objetivos se dão no plano sexual e na fase adulta essa frustração pode resultar em 
patologias ou ser expressa pela somatização dos conflitos. A criança, ao se sentir culpada 
pode também desenvolver ansiedade por atividades futuras. Assim, Rabello e Passos 
destacam a importância de os pais explicarem às crianças que algumas atividades não 
podem ser desenvolvidas por elas, ainda, estimulando o treino dessas atividades na 
infância para quando estiverem aptas. 
O quarto estágio– Diligência versus Inferioridade – ocorre entre os 06 anos de 
idade e a puberdade. Nesta etapa do desenvolvimento, a criança começa a desenvolver o 
controle pela atividade, tanto física quanto intelectual, adaptando-se às regras e métodos 
do sistema formal de ensino, tendo suas principais relações sociais na escola. Ela aprende 
o que é valorizado no mundo adulto, e tenta se adaptar a ele, projetando-se no futuro. 
Assim, ela desenvolve a ideia de perseverança, compreendendo que podem existir 
recompensas em longo prazo. Nesse contexto, ele começa a se interessar pelo trabalho, 
realizando diferentes tarefas e sentindo que adquiriu habilidade quando consegue fazer 
com competência e sentindo prazer por tal. É essa sensação de prazer que impede o ego 
de regredir ou se sentir inferior. 
O quinto estágio – Identidade versus Confusão de Papéis – aborda a crise de 
identidade vivenciada durante a adolescência. Essa etapa é marcada por transformações 
físicas e psicológicas requerendo do adolescente segurança para passar por todas elas 
(RABELLO e PASSOS, 2001). Essa segurança vem da integração realizada pelo ego na 
forma da identidade do ego, que é mais que a soma das identificações da infância e diz 
respeito, segundo Carpigiani (2010, p. 16): “à experiência acumulada da capacidade do 
ego para integrar todas as identificações realizadas mais as aptidões naturais da pessoa 
mais as oportunidades oferecidas pelas funções sociais”. Rabello e Passos (2001) 
concordam com Bee (2003) ao afirmar que a confusão de identidade tem início com a 
necessidade de encontrar um papel social, o que faz o adolescente mudar sua atitude 
muitas vezes e remodelar sua personalidade em um curto período de tempo, buscando 
integração em algum grupo de seu interesse. Durante essa etapa, ele pode se sentir vazio, 
isolado, ansioso, o que pode levá-lo a uma regressão, ou fazê-lo projetar suas tendências 
em outras pessoas por não suportar sua identidade. Quanto melhor ele tiver passado pelas 
etapas anteriores, maior a possibilidade de estabilização da sua identidade. 
No sexto estágio – Intimidade versus Isolamento – o indivíduo, agora um adulto 
jovem, deve estar pronto para unir a sua identidade a de outra pessoa sem se sentir 
ameaçado. Para isso, é preciso que ele tenha vivenciado as fases anteriores de forma 
positiva, construindo um ego forte, saudável e autônomo que aceite conviver com outro 
ego sem se sentir anulado ou ameaçado. Quando o ego não está suficientemente seguro, 
o indivíduo pode preferir o isolamento em detrimento da intimidade. O risco nessa etapa 
é o adulto jovem desenvolver o elitismo, restringindo seus contatos sociais a indivíduos 
com personalidades parecidas. 
Para Carpigiani (2010), Erikson compreendia que o adulto jovem precisava estar 
preparado para a intimidade, estabelecendo ligações afetivas duradouras e com força ética 
suficiente para ser fiel a essas ligações, mesmo que elas imponham compromissos 
significativos, desenvolvendo a virtude do amor. Ela salienta que o isolamento é 
importante, o adulto jovem precisa suportar estar sozinho, assim como estar em um 
relacionamento. 
 O sétimo estágio – Generatividade versus Estagnação – diz respeito à vida adulta 
intermediária sendo, talvez, o período mais longo entre os oito estágios. Nessa etapa, o 
dilema existente é entre generatividade e estagnação. De acordo com Carpigiani (2010, 
p. 17), quando o desenvolvimento do ego se deu de forma saudável nas etapas anteriores 
o indivíduo deve estar apto para “enfrentar desafios, cuidar dos bens conquistados e fazer 
a manutenção das relações afetivas”. É nessa etapa que ocorre a construção da família, a 
expansão profissional e o envolvimento e cuidado com uma nova geração (definido como 
generatividade). Contudo, à medida que o indivíduo envelhece o seu envolvimento com 
as novas gerações pode se perder, o que gera o sentimento de estagnação, por não se 
sentirem mais necessários. 
O oitavo e último estágio – Integridade do Ego versus Desespero – corresponde à 
vida adulta tardia. Nesse momento da vida Erikson compreendia que o ser humano refletia 
sobre sua vida, o que fez e o que deixou de fazer. Rabello e Passos (2001) escrevem que 
esse processo se dá de duas formas: a pessoa pode entrar em desespero ao ver que a morte 
está mais próxima, compreendendo que seu tempo acabou que não pode fazer mais nada 
pela família e pela sociedade, vivenciando a velhice em eterna nostalgia e tristeza; ou, a 
pessoa sente que cumpriu com seu dever, experimentando os sentimentos de dignidade e 
integridade. Carpigiani (2010) salienta que esses sentimentos podem ser maximizados ou 
minimizados pela cultura, dependendo do papel que o velho ocupa em cada sociedade e 
sua importância. A virtude desenvolvida nessa etapa é a sabedoria. 
Vídeo Sugerido: https://www.youtube.com/watch?v=0QsY7Pf8v8Q 
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