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PARECER SÚMULA 231 STJ

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1- Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
Aluno: Diego Soares 
Matrícula: 201601450877 
Campus: NITERÓI III 
NPJ: Quinta-feira de 18:00 às 20:00 horas (Estágio 04) 
 
Parecer Jurídico nº 0002 
 
Interessado: Núcleo de Prática Jurídica da Universidade Estácio de Sá do Campus 
Niterói III 
 
ASSUNTO/EMENTA 
 
PENAL. PROCESSO PENAL. CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE. SÚMULA 231 STJ. 
REDUÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL. IMPOSSIBILIDADE. 
CONSTITUCIONALIDADE. 
 
RELATÓRIO 
 
No dia 26 de agosto de 2021, o NPJ da Universidade Estácio de Sá do Campus Niterói III, 
solicitou parecer jurídico com análise acerca da constitucionalidade da Súmula 231 do STJ, in 
verbis: 
“A incidência da circunstância atenuante não pode 
conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”. 
 
FUNDAMENTAÇÃO 
 
Inicialmente, cumpre esclarecer que o presente parecer fundamenta-se na aplicação da 
Constituição Federal de 1988 e dos Códigos Penal e Processo Penal, publicações doutrinárias, 
bem como pareceres e acórdãos de tribunais superiores. 
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rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
O Código Penal Brasileiro adotou o sistema Trifásico de Dosimetria da Pena, 
conforme o disposto no artigo 68 do diploma legal em comento. Deste modo, divide-se em 3 
(três fases) distintas e sucessivas. 
Cada fase de fixação da pena deverá ser fundamentada pelo órgão julgador, de modo a 
atender o Princípio da Fundamentação e Coerência, sob pena de nulidade, nos termos do 
artigo 93, inciso IX, da Carta Magna, garantindo o pleno exercício da ampla defesa ao 
réu/acusado, pois lhe concede o direito de acompanhar e impugnar cada estágio de aplicação 
da pena. 
Os Tribunais Superiores já fixaram entendimento a respeito da importância de 
fundamentação dos pronunciamentos judiciais referentes a fixação da pena. Vejamos: 
Ementa: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE 
ENTORPECENTES. LEI 11.343/2006. DOSIMETRIA 
DA PENA. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DA PENA. § 4º 
DO ART. 33 DA LEI 11.343/2006. DUPLA 
CONSIDERAÇÃO DA QUANTIDADE DE DROGA. 
ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. A 
necessidade de fundamentação dos pronunciamentos 
judiciais (inciso IX do art. 93 da Constituição Federal) 
tem na fixação da pena um dos seus momentos 
culminantes. Garantia constitucional que submete o 
magistrado a coordenadas objetivas de imparcialidade 
e propicia às partes conhecer os motivos que levaram o 
julgador a decidir neste ou naquele sentido. 2. O dever 
de motivação no trajeto da dosimetria da pena não passou 
despercebido à reforma penal de 1984. Tanto que a ele o 
legislador fez expressa referência na Exposição de Motivos 
da Nova Parte Geral do Código Penal, ao cuidar do sistema 
trifásico de aplicação da pena privativa de liberdade. 3. O 
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3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
Supremo Tribunal Federal circunscreve a legalidade da 
pena ao motivado exame judicial das circunstâncias do 
delito. Exame revelador de um exercício racional de 
fundamentação e ponderação dos efeitos éticos e sociais da 
sanção, embasado nas peculiaridades do caso concreto e no 
senso de realidade do órgão sentenciante. O artigo 59 do 
Código Penal confere ao Juízo sentenciante o poder-dever 
de estabelecer uma reprimenda apta à prevenção e 
simultaneamente à reprovação do delito, sempre atento o 
magistrado à concretude da causa. 4. As instâncias de 
origem consideraram a quantidade de droga encontrada em 
poder do paciente tanto para fixar a pena-base em patamar 
acima do mínimo legal quanto para recusar a aplicação do 
grau máximo de que trata o § 4º do art. 33 da Lei 
11.343/2006. Dupla consideração indevida (“bis in idem”). 
Precedente: HC 106.313, da relatoria do ministro Gilmar 
Mendes. 5. Ordem parcialmente concedida. 
(HC 106965, Relator(a): AYRES BRITTO, Segunda 
Turma, julgado em 19/04/2011, PROCESSO 
ELETRÔNICO DJe-190 DIVULG 03-10-2011 PUBLIC 
04-10-2011) 
* * * 
HABEAS CORPUS. TENTATIVA DE HOMICÍDIO 
PRIVILEGIADO. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. 
INEXISTÊNCIA DE RELAÇÃO COM 
CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS. APLICAÇÃO NO 
PATAMAR MÍNIMO. FALTA DE 
FUNDAMENTAÇÃO. CONSTRANGIMENTO 
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3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
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2015. 
ILEGAL. PRESENÇA DE ATENUANTES. PENA-
BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. REDUÇÃO. 
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 231. ORDEM 
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 
1. A aplicação da redução referente à causa de diminuição 
de pena decorrente do homicídio privilegiado não guarda 
relação com as circunstâncias judiciais. 
2. Em homenagem ao princípio do livre convencimento, 
o patamar de redução fica a cargo do Juiz sentenciante. 
Entretanto a escolha do quantum da diminuição deve 
ser devidamente fundamentado. 
3. No caso presente, o Magistrado aplicou a causa de 
diminuição no patamar mínimo (1/6) sem, contudo, 
fundamentar tal escolha, o que configura constrangimento 
ilegal. 
4. A existência de circunstâncias atenuantes não pode 
conduzir a pena abaixo do mínimo legal. Inteligência da 
Súmula 231/STJ. 
5. Ordem parcialmente concedida para reduzir a pena 
recaída sobre o paciente com base na aplicação de 1/3 (um 
terço) da causa de diminuição decorrente da privilegiadora. 
(HC 95.577/MS, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA 
TURMA, julgado em 20/11/2008, DJe 09/12/2008) 
Após o julgador ter concluído, em sua sentença, pela prática do delito, afirmando que 
o fato praticado pelo réu era típico, ilícito e culpável, a etapa seguinte consiste na aplicação da 
pena. Como já vimos, adotado o critério trifásico pelo art. 68 do Código Penal, o julgador 
fixará a pena-base atendendo aos critérios do art. 59 do mesmo diploma repressivo; em 
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3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
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seguida, serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas 
de diminuição e de aumento. 
Nas palavras do conceituado doutrinador Cleber Masson, o critério trifásico pode ser 
entendido da seguinte forma: 
a) na pena-base o juiz deve navegar dentro dos limites legais cominados à infração 
penal, isto é, não pode ultrapassar o patamar mínimo nem o patamar máximo 
correspondente ao crime ou à contravenção penal pelo qual o réu foi condenado. 
b) se estiverem presentes agravantes ou atenuantes genéricas, a pena não pode ser 
elevada além do máximo abstratamente cominado nem reduzida aquém do mínimo 
legal. 
c) as causas de aumento e de diminuição são aplicáveis em relação à reprimenda 
resultante da segunda fase, e não sobre a pena-base. E, se existirem causas de 
aumento ou de diminuição, a pena pode ser definitivamente fixada acima ou 
abaixo dos limites máximo e mínimo abstratamente definidos pelo legislador. 
d) na ausência de agravantes e/ou atenuantes genéricas, e também de causas de 
aumento e/ou de diminuição da pena, a pena-base resultará como definitiva.1 
As circunstâncias atenuantes não integram a estrutura do tipo penal, e não tiveram o 
percentual de redução previsto expressamente pelo legislador, a aplicação da pena fora dos 
parâmetros legais representaria intromissão indevida do Poder Judiciário na função 
legiferante. Deste modo, a Súmula 231 do e. Superior Tribunal de Justiça, publicada em 15 de 
outubro de 1999, alerta que “a incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à 
redução da pena abaixo do mínimo legal”. Deste modo, a discussão concentra-se na segunda 
fase da aplicação da pena, posto que o STJ assentou sobre a possibilidade da pena transpor os 
limites legais estabelecidos em abstrato pelo legislador quando do momento de sua aplicação. 
A Súmula em questão, embora não tenha o viés vinculante, vem sendo aplicada em 
toda jurisdição deste país, impedindo que a pena em concreto, aplicada aos sentenciados em 
processo criminal, seja inferior ao limite mínimo estabelecido pela lei. 
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rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
Um quesito que vale ser evidenciado é a total incompatibilidade da Súmula com o 
critério trifásico da dosimetria da pena, teoria defendida por Nelson Hungria, sendo esta a que 
foi aceita. Porque o Código Penal de fato veda a redução aquém do mínimo no cálculo da 
pena-base, porém é apenas no critério bifásico em que as circunstâncias legais são analisadas 
junto com as circunstâncias judiciais na primeira fase do cálculo da pena, caso esse critério 
tivesse sido adotado a Súmula teria sentido. Em vista disso, a aplicação da Súmula contraria o 
próprio sistema de cálculo da pena adotado. (SCHMITT, 2008).2 
No entanto, a Súmula acabou por manifestar clara afronta à Constituição Federal de 
1988, na medida em que fere os princípios da individualização da pena, da isonomia e da 
proporcionalidade, além de estar manifestando uma orientação contra legem. 
 
1- INTERPRETAÇÃO CONTRA LEGEM 
 
Não bastante, o CPP disciplina, em seu artigo 65, que as circunstâncias ali delineadas, 
sempre atenuam a pena. 
Tendo em vista que a pena só poderá ser verificada em conforme a legislação, ao 
diminuir a pena abaixo do mínimo legal, o julgador estaria confrontando a norma jurídica 
estampada pelo legislador, onde estabeleceu limites, mínimos e máximos, para cada infração 
penal, o que poderia ferir o princípio da reserva legal (Art. 5°, inc. XXXIX da CF). 
Inobstante, ao julgar supostamente contra legem, o magistrado estaria contrariando o 
legislador, fazendo com o que houvesse uma suposta interferência do judiciário no legislativo, 
o que feriria o princípio da separação dos poderes. Tais entendimentos não merecem prosperar. 
No presente momento, temos um ordenamento constitucional garantista, o qual deve 
ser tomado como base para se interpretar a legislação penal. Deste modo, toda exposição, seja 
para instituir leis ou entendimentos sumulados, devem estar baseada na Constituição Federal e 
em sua finalidade maior, não o contrário. Na lição de Cappelleti “a conformidade da lei com a 
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rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
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Constituição é o lastro causal que a torna válida perante todas” (citado por JOSÉ FREDERICO 
MARQUES, 1998). 
Em uma análise teleológica do Art. 5°, inc., XXXIX da CF, extraímos que o princípio 
da reserva legal surge como uma forma de limitar o poder punitivo do Estado, ou seja, de 
proteger o cidadão, de modo que qualquer interpretação do princípio da legalidade que não seja 
in bonan partem ao indivíduo protegido não é recomendada. 
Em desarmonia com o entendimento exposto, confira-se o julgado do e. Supremo 
Tribunal Federal, onde reforça a Súmula 231 do STJ: 
EMENTA: AÇÃO PENAL. Sentença. Condenação. Pena 
privativa de liberdade. Fixação abaixo do mínimo legal. 
Inadmissibilidade. Existência apenas de atenuante ou 
atenuantes genéricas, não de causa especial de redução. 
Aplicação da pena mínima. Jurisprudência reafirmada, 
repercussão geral reconhecida e recurso extraordinário 
improvido. Aplicação do art. 543-B, § 3º, do CPC. 
Circunstância atenuante genérica não pode conduzir à 
redução da pena abaixo do mínimo legal. 
(RE 597270 QO-RG, Relator(a): CEZAR PELUSO, 
Tribunal Pleno, julgado em 26/03/2009, REPERCUSSÃO 
GERAL - MÉRITO DJe-104 DIVULG 04-06-2009 
PUBLIC 05-06-2009 EMENT VOL-02363-11 PP-02257 
LEXSTF v. 31, n. 366, 2009, p. 445-458) 
Entretanto, o entendimento antagônico à redução da pena aquém do mínimo legal parte 
de princípios equivocados, que não são abarcados pela norma vigente. Na verdade, a formação 
da Súmula ocorreu a partir de uma interpretação formada sob a égide de uma legislação que 
hoje não é mais vigente, através de julgamentos influenciados pelos precedentes judiciais do 
período que antecedeu a reforma do Código Penal em 1984. Com a revogação do artigo 48 do 
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Código Penal, não existe mais qualquer proibição legal à atenuação da pena de modo a fixá-la 
aquém do limite mínimo legal. 
O indivíduo protegido não é recomendada. É fato que os limites da pena encontram-se 
fixados pelo legislador de forma categórica e que isso foi posto para proteger o indivíduo. 
Todavia, quando a própria norma que existe para proteger o cidadão, em outro aspecto acaba 
por prejudicá-lo, deve-se buscar a interpretação mais benéfica e em consonância ao Estado 
Democrático de Direitos.Assim, quando se propõe a inconstitucionalidade da Súmula 231 do STJ não está a se 
falar em desrespeito ao princípio da legalidade, eis que, rediga-se “o direito não se esgota na 
lei”, de modo que acreditamos ser possível transpor a pena abaixo do mínimo legal nos casos 
em que necessite adaptar pena ao merecimento do agente delituoso. 
Noutro pórtico, não há que se falar em ofensa ao princípio da tripartição dos poderes eis 
que, repita-se “o legislador trabalha com o gênero, da espécie cuida o magistrado”. 
Vale ressaltar que, o legislador, no momento de edição da norma, se vê impossibilitado 
de abarcar todas as situações previstas no mundo factual. No entanto, o magistrado, por ter 
contato com casos em concreto, por poder olhar para sua figura e aproximar-se de sua realidade, 
torna-se mais apto a puni-lo, com mais sensibilidade ao seu merecimento, ainda que tenha que 
transpor o gesso da interpretação estática que se dá aos princípios da legalidade e separação dos 
poderes para fundamentar a equivocada súmula 231 do STJ. 
 
2- DA OFENSA AOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS 
 
a) Princípio da Individualização da Pena 
 
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Saraiva, 2007. 
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Ao contrário do princípio da proporcionalidade das penas, princípio esse implícito nas 
normas na C.F/88, a individualização da pena mostra-se explícita no Art. 5°, inciso XLVI da 
CF, bem como, nas orientações do Art. 59 e 68 do CP. 
É, contudo, desdobramento do princípio da proporcionalidade concreta das penas, na 
medida em que é tarefa do julgador observar e individualizar a punição ao indivíduo 
considerando o caso concreto e as inúmeras variáveis que o circundam. 
Historicamente, a individualização da pena surge como orientação a um maniqueísmo 
formado após a superação da tirania punitiva da idade média, na qual o poder de punir era 
excessivo e arbitrário. 
Passou-se, então, de um modelo onde o Estado, através da figura do Rei, não possuía 
limites na aplicação da pena – o que resultava em excessos e afrontas aos direitos individuais 
dos indivíduos – para um modelo rígido e mecânico, onde ao julgador cabia única e 
exclusivamente aplicar a lei pura, sem olhar para as circunstâncias do fato e do indivíduo - o 
que no final também resultava em afronta aos direitos individuais dos transgressores. 
Ocorre que o princípio da individualização das penas possui uma tríplice dimensão, 
quais sejam: a individualização legislativa, que é aplicada quando do momento da criação da 
lei penal; a individualização judicial, que é aplicada quando do momento da aplicação da 
punição pelo magistrado; e a individualização executória, que é aplicada pelo magistrado da 
execução penal. 
Objetivando a discussão para entrar no mérito do nosso objeto de estudo, registre-se que 
nos interessa especificamente a individualização judicial da pena. 
Isto porque é exatamente na aplicação da punição, precisamente na segunda fase de 
fixação da pena – momento em que são analisadas as circunstâncias atenuantes – que reside a 
ofensa da Súmula 231 do STJ ao princípio da individualização da pena. 
Isso acontece porque a Súmula 231 condiciona a aplicação de determinada circunstância 
atenuante ao limite mínimo legal da pena. Isto significa que, se um indivíduo tiver sua pena 
base estabelecida no mínimo legal na primeira fase da dosimetria, momento em que são 
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analisadas as circunstâncias judiciais do Art. 59 do CP, as circunstâncias atenuantes do Art. 65 
também do CP não poderão ser aplicadas para abrandar da punição do indivíduo na segunda 
fase, ainda que este faça jus a alguma dela. 
Ao fazer isso, a Súmula está impedindo que o julgador individualize a conduta do agente 
delituoso, mitigando, assim, o sistema trifásico das penas previsto no Artigo 68 do Código 
Penal, transformando-o em um sistema bifásico. 
É pacífico que a individualização, como garantia constitucional, ordena dever de 
respeito às singularidades e características do indivíduo, bem como, do fato a ele imputado. 
Logo, o que a Súmula ordena constitui flagrante desrespeito à garantia da 
individualização da pena na medida em que impede que o julgador observe a particularidade 
do caso e adeque a pena ao merecimento do agente, contribuindo, assim, para uma punição 
desproporcional à lesão causada ao bem jurídico protegido e mais gravosa do que a 
efetivamente merecida. 
A aplicação da pena não pode seguir critérios exclusivamente matemáticos, onde a 
culpabilidade está condicionada a limites mínimos ou máximos, e sim, ser guiada pelo princípio 
da individualização da pena, onde a análise do fato e do indivíduo é observada com base em 
suas peculiaridades para que, no final, a pena reflita única e exclusivamente o merecimento do 
criminoso. 
Não obstante, a redação do Artigo 65 do CP aduz claramente que são circunstancias que 
“sempre” atenuam a pena, não condicionando sua aplicação a qualquer tipo de regra. 
Registre-se que o artigo 65 do Código Penal trata-se de norma cogente, ou seja, norma 
de ordem pública, revestida de imperatividade, o que significa que deve ser integralmente 
cumprida. 
Desse modo, é importante fazer uma análise teleológica do Art. 5°, inc. XLVI da CF 
para perceber que, embora o legislador tenha manifestado sua intenção de regular a 
individualização da pena através da lei, quis ele proteger o indivíduo de excessos, e não o 
contrário. 
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3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
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b) Princípio da Isonomia 
 
Não obstante a Súmula 231 ofender os princípios da individualização e 
proporcionalidade das penas, em determinado aspecto, a Súmula contribui para manutenção de 
desigualdades entre condenados. 
Exemplo clássico na doutrina defensora da inconstitucionalidade da Súmula diz respeito 
ao tratamento desigual dado por ela a condenados em situações distintas. 
Concretamente, trazemos o exemplo de dois sentenciados, ambos não possuindo 
qualquer circunstância judicial desfavorável, porém, apenas um deles confessa o delito. Com a 
aplicação da Súmula 231 do STJ, a confissão será tida por irrelevante para fins de 
individualização da pena. 
Destarte, caso a pena não fosse diminuída além do mínimo legal, não teria nenhum 
benefício o acusado que confessa o delito, equiparando-o ao denunciado que não colabora com 
o Poder Judiciário, ou seja, estabelecer-se-ia uma punição maior, ferindo o primado da isonomia 
Diante do exemplo, indaga-se: merece o indivíduo que confessou o fato, receber a 
mesma pena que o indivíduo quenão faz jus a nenhuma circunstância atenuante? 
Ora, tem-se o princípio da isonomia como um dos pilares que fundamentam toda a 
ordem constitucional brasileira. 
Em síntese, não há lei proibindo que, em decorrência do reconhecimento de 
circunstância atenuante, possa ficar aquém do mínimo cominado. Pelo contrário, há lei que 
determina (art. 65), peremptoriamente, a atenuação da pena em razão de um atenuante, sem 
condicionar seu reconhecimento a nenhum limite; e, por outro lado, reconhecê-la na decisão 
condenatória (sentença ou acórdão), mas deixar de efetuar sua atenuação, é uma farsa, para não 
dizer fraude, que viola o princípio da reserva legal.” (BITENCOURT, p. 588/589).3 
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3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
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2015. 
Isonomia diz respeito à igualdade ou condição de igual que determinado indivíduo 
possui dentro de uma sociedade. Em nosso caso, uma sociedade baseada no Estado 
Democrático de Direitos, onde todos os cidadãos são tratados como semelhantes 
independentemente de qualquer que seja sua condição social. 
É bem verdade que a Súmula se ancora na igualdade formal, eis que a regra de legalidade 
do qual se ancora o verbete sumular vale para todos, sem distinção. Todavia, no campo da 
igualdade material a Súmula gera injustiça na medida em que não concretiza o direito do 
indivíduo possuidor de circunstâncias atenuantes ter a sua pena minorada e adequada ao que 
crime que cometeu. 
Com efeito, o próprio STJ já se manifestou nesse sentido, conforme aresto abaixo 
colacionado: 
“PENAL. PENA. INDIVIDUALIZAÇÃO. PENA-BASE. 
GRAU MÍNIMO. CIRCUNSTÂNCIA ATENUANTE. 
INCIDÊNCIA. REDUÇÃO ABAIXO DO MÍNIMO 
LEGAL. – No processo trifásico de individualização da 
pena é possível a sua fixação definitiva abaixo do mínimo 
legal na hipótese em que a pena-base é fixada no mínimo e 
se reconhece a presença de circunstância atenuante, em face 
da regra imperativa do art. 65, do Código Penal, que se 
expressa no comando literal de que tais 
circunstâncias sempre atenuam a pena.– Habeas corpus 
concedido.” (HC 9.719-SP, STJ, 6ª Turma, Rel. Min. F. 
Gonçalves, Rel. p/acórdão Min. Vicente Leal, DJ 25/10/99) 
Portanto, a Súmula 231 fere o princípio da isonomia na medida em que dá tratamento 
igual a indivíduos em situações diferentes, acarretando neste caso, penas iguais para indivíduos 
que merecem penas diferentes. 
 
1- Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
c) Princípio da Proporcionalidade 
 
Alberto Silva Franco, dissertando sobre o princípio em tela, aduz: "O princípio da 
proporcionalidade exige que se faça um juízo de ponderação sobre a relação existente entre o 
bem que é lesionado ou posto em perigo (gravidade do fato) e o bem de que pode alguém ser 
privado (gravidade da pena) . Toda vez que, nessa relação, houver um desequilíbrio acentuado, 
estabelece -se, em consequência, inaceitável desproporção. O princípio da proporcionalidade 
rechaça, portanto, o estabelecimento de cominações legais (proporcionalidade em abstrato) e a 
imposição de penas (proporcionalidade em concreto) que careçam de relação valorativa com o 
fato cometido considerado em seu significado global. Tem, em consequência, um duplo 
destinatário: o poder legislativo (que tem de estabelecer penas proporcionadas, em abstrato, à 
gravidade do delito) e o juiz (as penas que os juízes impõem ao autor do delito têm de ser 
proporcionadas à sua concreta gravidade ).'' 
Assim, inicialmente, e no plano abstrato, deve o legislador, atento a tal princípio, 
procurar alcançar a tão almejada proporcionalidade. Sabemos que a tarefa não é fácil, pois, em 
virtude do grande número de infrações penais existentes em nosso ordenamento jurídico penal, 
cada vez fica mais complicado o raciocínio da proporcionalidade. A quase proporção, é 
inegável, encontra-se no talião, isto é, no olho por olho, dente por dente. Contudo, embora 
aparentemente proporcional, o talião ofende o princípio da humanidade, pilar indispensável em 
uma sociedade na qual se tem em mira a dignidade da pessoa humana. Por essa razão é que o 
legislador constituinte preocupou-se em consignar a dignidade da pessoa humana como um dos 
fundamentos do nosso Estado Social e Democrático de Direito (inciso III do art. 1º da CF). 
A dignidade da pessoa humana, consagrada no artigo 1º, inciso III, da Constituição 
Federal de 1988, apregoa a inconstitucionalidade da criação de tipos penais ou a cominação de 
penas que violam a incolumidade física ou moral de alguém. Dele resulta a impossibilidade de 
a pena passar da pessoa do condenado, com exceção de alguns efeitos extrapenais da 
condenação, como a obrigação de reparar o dano na esfera civil (CF, art. 5.º, XLV). 
1- Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
A dignidade da pessoa humana deve ser entendida como corolário da natureza humana, 
pois o ser humano deve ser sempre tratado de modo diferenciado em face da sua natureza 
racional. Manifesta-se em todas as pessoas, já que cada um, ao respeitar o outro, tem a visão do 
outro. A dignidade humana existe em todos os indivíduos e impõe o respeito mútuo entre as 
pessoas. 
Segundo o entendimento de Rogério Greco: “Embora não tenha sido adotado 
expressamente, o princípio da proporcionalidade se dessume de outros que passaram a integrar 
o texto de nossa Constituição, a exemplo do princípio da individualização da pena, já analisado. 
Com a individualização da pena, seja no plano abstrato, pela cominação prevista para as 
infrações penais, seja no plano concreto, com sua aplicação pelo juiz, visualiza-se, com clareza, 
a obediência ou mesmo a ofensa ao princípio em estudo, mesmo que, como já dissemos, não 
seja um mecanismo de verificação tão simples.”4 
No entanto, é no terceiro fator da proporcionalidade, qual seja, a proporcionalidade 
stricto sensu, que reside a intervenção flagrante da Súmula 231 do STJ. Isto porque a 
proporcionalidade stricto sensu possui três dimensões, quais sejam: a) a proporcionalidade 
legislativa; b) a proporcionalidade concreta; c) a proporcionalidade executória. 
A proporcionalidade legislativa ocorre quando do momento da edificação da lei penal, 
ou seja, no momento da edição da normal penal após observados os aspectos sociais e o bem 
jurídico que o legislador visou proteger. A proporcionalidade concreta, por sua vez, é 
considerada no momento de aplicação da pena, ou seja, é observada pelo julgador diante do 
fato concreto. A executória corresponde a observação da proporção na fase de 
execução/cumprimento da pena. 
Percebe-se, portanto que o princípioda proporcionalidade possui tríplice destinatário: o 
legislador, o julgador do fato e o juiz dos órgãos de execução penal. 
É, porém na atribuição do julgador do fato, precisamente na segunda fase da dosimetria 
da pena que a famigerada Súmula 231 do STJ atinge frontalmente a proporcionalidade concreta. 
1- Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
Ao impedir que o juiz aplique uma circunstância atenuante quando cabível estar-se-ia 
contribuindo para a aplicação de uma punição desproporcional, dadas as circunstâncias que o 
próprio legislador estabeleceu no Artigo 65 e seus incisos do CP para individualizar o delito 
cometido 
A própria legislação criou mecanismos para dar proporção à punição a determinado 
indivíduo. Essa é a razão de existir das circunstâncias atenuantes, elas fazem parte do arcabouço 
de normas que visa adequar a pena ao caso concreto, considerando características importantes 
sobre o próprio agente delituoso. 
Desse modo, não faz sentido que a Súmula, embora ancorada no princípio da legalidade, 
limite a incidência das circunstâncias atenuantes ao patamar mínimo, eis que mitigar uma norma 
que busque adequar a pena ao caso concreto significa, objetivamente, contribuir para aplicação 
de uma pena desproporcional, o que acarreta, enfim, na fixação de punições excessivas e 
consequentemente injustas e o que dá a Súmula 231 do STJ um caráter de inconstitucionalidade 
nesse aspecto. 
Infelizmente, quando se discute punição, a Súmula 231 do STJ não segue na mesma 
direção dos filósofos iluministas. Ancorada num argumento de legalidade e com resquícios de 
ideias conservadoras de um Código Penal já ultrapassado, a Súmula 231 do STJ acaba por 
propagar tão somente a pena exacerbada e desproporcional ao delito. 
Assim, conforme foi demonstrado no desenvolvimento deste artigo, ao impedir que as 
circunstâncias atenuantes não ultrapassem o mínimo legal, está a Súmula 231 contribuindo para 
aplicação de penas desproporcionais e excessivas, na medida em que é o compromisso do 
julgador aplicar uma pena justa e proporcional ao delito conforme as múltiplas variáveis que o 
envolvem. 
Na mesma esteira, a Súmula 231 do STJ fere o princípio da individualização da pena, 
eis que mitiga a segunda fase da dosimetria, não dando oportunidade ao julgador de 
individualizar a pena ante a gravidade do fato e a culpabilidade do agente delituoso, 
acarretando, assim, em punição exacerbada. 
1- Masson, Cleber Direito penal esquematizado – Parte geral – vol.1 / Cleber Masson. – 9.ª ed. 
rev., atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2015. 
2- SCHMITT, Ricardo A. Sentença penal condenatória: aspectos práticos e teóricos à elaboração. 
3.ed. Salvador: Editora JusPODIVM, 2008 
3- BITENCOURT, Cézar Roberto. Tratado de Direito Pebal. vol. 1. 11. ed. São Paulo: Editora 
Saraiva, 2007. 
4- Greco, Rogério. Curso de Direito Penal / Rogério Greco. - 1 7. ed. Rio de j aneiro : l mpetus, 
2015. 
Não obstante, a Súmula desobedece a melhor interpretação do princípio da isonomia, 
ocasionando uma situação em que dá tratamento igual a indivíduos em situações diferentes, a 
exemplo do agente que pode ser punido com uma pena idêntica ao outro que possui várias 
circunstâncias atenuantes, mas não pôde ser beneficiado em razão da proibição da Súmula. 
 
CONCLUSÃO 
 
Ante ao exposto, conclui-se que a Súmula 231 do Superior Tribunal de Justiça é 
inconstitucional à luz dos princípios da individualização das penas, da proporcionalidade das 
penas e da isonomia. Necessita, portanto, ser revista, uma vez que vem contribuindo para a 
aplicação de punições desproporcionais. 
Por ser fonte do direito e por nortear a interpretação jurídica, em se tratando de súmulas, 
que não as vinculantes, a primeira medida óbvia que se aponta como solução para retirar do 
ordenamento jurídico esse entendimento equivocado e totalmente incompatível com a 
legislação, é o cancelamento da referida súmula pelo próprio STJ, o qual não observou (ou 
simplesmente não se importa) que a interpretação ali contida entra em conflito com múltiplos 
princípios constitucionais ligados ao Direito Penal, além de contrariar todo o sistema de cálculo 
e aplicação da pena prevista do Código Penal. Dessa forma, essa seria a medida mais simples, 
sensata e necessária. 
 
É o parecer. 
 
 
 
Local e Data 
Nome do Advogado 
OAB nº...

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