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TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS

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Eu sei da importância e da necessidade de entender de uma vez esse conteúdo 
tão cobrado em concursos públicos para cargos do Magistério em todo o Brasil. 
Sei que às vezes se torna difícil a busca por materiais de estudos e aulas que 
realmente sanem suas dúvidas. 
Este material especificamente foi produzido em cima de muito estudo e carinho, 
pensando em tudo o que você precisa saber. Ele foi produzido em conjunto com 
uma série de aulas gratuitas no meu canal do Youtube sobre as Tendências 
Pedagógicas. 
Se você gostar e se ele te ajudar, peço que me envie um feedback assim que 
possível para eu continuar produzindo materiais com a mesma linha. Sempre em 
busca do melhor para você e seu processo de estudos rumo à aprovação em seu 
tão sonhado concurso público. 
Com o intuito de contribuir nos estudos de professores do todo o Brasil, vários 
canais de comunicação foram criados: canal no Youtube, página no Facebook, o 
Instagram, este blog e o canal no Telegram. Em todos esses lugares eu estou 
presente diariamente e semanalmente disponibilizando conteúdos exclusivos de 
conhecimentos pedagógicos para concurseiros de todo o Brasil. 
 
Professora Sara Filpo 
Pedagogia Descomplicada 
 
 
 
FILPO, Sara Silva. 
 Teorias e Tendências Pedagógicas para Concursos. Vitória, ES. 2020. 
 
Copyright © 2020 by Pedagogia Descomplicada 
 
 
 
Sumário 
Introdução aos autores ................................................................................................................................ 1 
Tendências Liberais e Teorias Não-Críticas ......................................................................................... 5 
Pedagogia Tradicional ............................................................................................................................................................................................................................ 5 
Pedagogias Renovadas e a Escola Nova ................................................................................................................................................................... 7 
Pedagogia Tecnicista ............................................................................................................................................................................................................................. 14 
Concursando ...................................................................................................................................................................................................................................................... 18 
Teorias Crítico-Reprodutivistas .............................................................................................................. 21 
Teoria do Sistema de Ensino Enquanto Violência Simbólica ..................................................................................................... 23 
Teoria da Escola Enquanto Aparelho Ideológico do Estado ...................................................................................................... 24 
Teoria da Escola Dualista ................................................................................................................................................................................................................ 25 
Concursando ..................................................................................................................................................................................................................................................... 27 
Tendências Progressistas e Teoria Crítica ........................................................................................... 31 
Pedagogia Libertadora ...................................................................................................................................................................................................................... 32 
Pedagogia Libertária ............................................................................................................................................................................................................................. 35 
Pedagogia Histórico-Crítica e Crítico-Social dos Conteúdos ................................................................................................. 37 
 Histórico-Crítica .............................................................................................................................................................................................................................. 45 
 Crítico-Social dos Conteúdos ................................................................................................................................................................................... 48 
Concursando .................................................................................................................................................................................................................................................... 50 
Referências Bibliográficas ........................................................................................................................ 53 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 1 
 
www.pedagogiadescomplicada.com @profsarafilpo Professora Sara Filpo 
 
1. Conceito de Tendência 
Antes de entrarmos no assunto sobre as Tendências Pedagógicas, é necessário ter em mente 
o que significa o termo “tendência”. Segundo o dicionário de Silveira (2007), define-se como 
tendência a “inclinação; propensão; força que determina o movimento de um corpo; 
disposição” (p. 749). Portanto, entendemos que quando se trata de “tendência” pedagógica, 
este termo se refere a um mesmo tipo de pensamento (força) que determinados grupos 
(corpo) adotaram em uma mesma época como concepção de educação (uma concepção 
pedagógica), pois eles se inclinaram a um mesmo tipo de pensamento. 
Alguns desses movimentos de pensamentos pedagógicos que eu posso citar nesta 
introdução é a da Escola Nova, que ganhou força no campo educacional brasileiro com o 
Manifesto dos Pioneiros em 1932. Outro movimento é o da Pedagogia Libertadora, que teve 
como seu maior precursor o educador Paulo Freire. Todos esses movimentos traziam consigo 
uma concepção de educação, de escola, de professor, de aluno, de metodologia de ensino. 
As tendências pedagógicas que estudaremos são as do Brasil, lembrando que as de outros 
países podem ter outras classificações e nomenclaturas e outra linha cronológica de 
acontecimentos. 
 
2. A classificação de José Carlos Libâneo 
Quando José Carlos Libâneo faz a classificação desses movimentos de concepção de 
educação, fica claro que as tendências pedagógicas não aparecem de forma pura na 
prática escolar, mas servem para dar um aporte teórico para que o professor analise a sua 
prática pedagógica. 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 2 
 
www.pedagogiadescomplicada.com @profsarafilpo Professora Sara Filpo 
José Carlos Libâneo vai denominar esses movimentos de concepção de educação 
construídas no Brasil durante toda a história da educação como Tendências Pedagógicas, 
classificando-as em dois grandes grupos: Liberal e Progressista. Essa é a classificação mais 
conhecida e mais cobrada em concursos públicos. Veja: 
Libâneo diz que a “educação brasileira, pelo menos nos últimos cinquenta anos, tem sido 
marcada pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada” (p. 6). 
O termo “liberal” das Tendências Liberais não tem o sentido de liberdade, mas vem no sentido 
de liberalismo econômico e social: uma educação que forma pessoas para atenderem as 
demandas da sociedade. Logo, está voltada para a adaptação do indivíduo a uma sociedade 
que já está posta, sem oferecer chances para a sua transformação. 
O termo“progressista” das Tendências Progressistas tem o sentido de progresso e de 
superação do tipo de educação proposto pelas Tendências Liberais. Concebe a educação 
como uma ferramenta para a criticização da realidade do educando e, assim, a sua 
superação. Ao contrário das Tendências Liberais, as Tendências Progressistas estão voltadas 
para a transformação do contexto educacional e social. 
 
3. Classificação de Dermeval Saviani 
A matriz filosófica de Dermeval Saviani tem como base o materialismo histórico-dialético de 
Karl Marx. Por esta razão, quando Saviani aborda sua classificação das Teorias de Educação, 
ele traz claramente em sua discussão os aspectos ideológicos e filosóficos. 
Quando Dermeval Saviani faz a classificação das concepções de educação desenvolvidas no 
contexto educacional brasileiro, ele vai levar em conta a questão da marginalidade. Para dar 
LIBERAL
Pedagogia 
Tradicional
Pedagogia Renovada 
Progressivista
Pedagogia Renovada 
Não-Diretiva
Tecnicista
PROGRESSISTA
Libertadora
Libertária
Crítico-social dos 
conteúdos
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 3 
 
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continuidade, acredito ser importante citar um trecho do livro “Escola e Democracia” em que 
Saviani introduz este assunto. Veja: 
De acordo com estimativas relativas a 1970, “cerca de 50% dos alunos das escolas 
primárias desertavam em condições de semianalfabetismo ou de analfabetismo 
potencial na maioria dos países da América Latina” (Tedesco, 1981, p. 67). Isso sem levar em 
conta o contingente de crianças em idade escolar que sequer têm acesso à escola e que, 
portanto, já se encontram a priori marginalizadas dela. 
O simples dado acima indicado lança de imediato em nossos rostos a realidade da 
marginalidade relativamente ao fenômeno da escolarização. Como interpretar esse 
dado? Como explica-lo? Como as teorias da educação se posicionam diante dessa 
situação? (p. 3). 
Em sua classificação, Dermeval Saviani leva em conta a questão da marginalidade referente 
ao fenômeno da escolarização, ou seja, os alunos que estão em condição inferior no processo 
de escolarização: aquelas que não conseguem acompanhar o mesmo desempenho dos 
demais alunos, aquelas que ficam à margem do processo de escolarização e evadem, 
abandonam, desistem da escola ou, quando permanecem, ficam subjugadas a certos tipos 
de profissões consideradas de menor prestígio. 
A seguir, Dermeval Saviani introduz sua classificação das teorias de Educação no livro Escola 
e Democracia. Este trecho já caiu em várias questões de concurso, por isso é muito importante 
sua leitura e compreensão. Veja: 
Grosso modo, podemos dizer que, no que diz respeito à questão da marginalidade, as 
teorias educacionais podem ser classificadas em dois grupos. No primeiro, temos aquelas 
teorias que entendem ser a educação um instrumento de equalização social, portanto, 
de superação da marginalidade. No segundo, estão as teorias que entendem ser a 
educação um instrumento de discriminação social, logo, um fator de marginalização 
(grifo nosso, p. 3). 
Então compreendemos que Saviani classifica as Teorias de Educação em dois grupos: 1) as 
teorias que compreendem a educação como instrumento de equalização social e superação 
da marginalidade e 2) as teorias que compreendem a educação como instrumento de 
discriminação social e um fator de marginalização, sendo reflexo de uma sociedade desigual. 
1) Teorias Não-Críticas: as primeiras teorias são as Teorias Não-Críticas que 
compreendem a sociedade como harmoniosa e a marginalidade como um fenômeno 
acidental que afeta individualmente um número maior ou menor de membros dessa 
sociedade, como um desvio que deve ser corrigido. Portanto, para elas, a educação é 
um instrumento de correção dessas distorções. 
2) Teorias Crítico-Reprodutivistas: as segundas são as Teorias Críticas-reprodutivas 
que compreendem marginalidade como uma consequência dessa estrutura. Estrutura 
em que a classe que detém maior força se torna a dominante e se apropria dos 
resultados da produção social dos demais, os quais são relegados à condição de 
marginalizados 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 4 
 
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Nesse contexto de análise, pode-se compreender que as teorias críticas de Educação 
possuem as mesmas concepções de educação das pedagogias progressistas classificadas 
por José Carlos Libâneo. Contudo, na classificação formulada por Dermeval Saviani, é a 
pedagogia histórico-crítica que vai ser considerada como uma teoria “verdadeiramente 
crítica e revolucionária”. Por este motivo, no livro “Escola e Democracia” Saviani vai se referir 
somente à pedagogia histórico-crítica como uma teoria crítica. 
 PARA ENTENDER MELHOR: leia o capítulo “Teorias Crítico-Reprodutivistas” e “Tendências 
Progressistas e Teoria Crítica”. 
Nesse sentido, a educação, dependente que é da estrutura social vigente, cumpre a função 
de reforçar a dominação da classe dominante e legitimar a marginalização, já que “sua forma 
específica de produzir a marginalidade social é a produção da marginalidade cultural e, 
especificamente, escolar” (SAVIANI, 2012, p.5). 
Alguns profissionais da área de concursos públicos vão correlacionar o termo “tendência 
pedagógica” ao termo “teoria pedagógica” de Dermeval Saviani, mas ressalto que eu não vou 
correlacionar esses termos porque nas obras de Saviani ele não se refere a sua classificação 
como tendências, mas sim como teorias. Isso vai ser melhor tratado no capítulo sobre as 
Teorias Crítico-Reprodutivistas. 
O concurseiro só precisa ficar atento sobre qual movimento de pensamento que cada autor se 
refere em suas classificações, porque apesar de possuírem nomenclaturas diferentes a depender 
de cada autor, todos eles se referem aos mesmos movimentos de pensamento. Nada é inventado. A 
Pedagogia Tradicional possui suas características e marcos históricos específicos e a Pedagogia 
Nova também possui suas características e marcos históricos específicos também. Entretanto, cada 
autor pode trazer uma nomenclatura diferente para cada um desses movimentos. 
 
NÃO-CRÍTICAS
Tradicional
Escola Nova
Tecnicista
CRÍTICAS-
REPRODUTIVAS
Violência 
simbólica
Aparelho Ideológico 
do Estado
Dualista
CRÍTICAS
Libertadora
Libertária
Crítico-social dos 
conteúdos
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 5 
 
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Neste capítulo iremos abordar as características das concepções históricas de educação 
classificadas pelas Tendências Liberais de Libâneo e Teorias Não-Críticas de Saviani. Como 
vimos, ambas classificações correspondem às pedagogias: Tradicional, Renovadas e 
Tecnicista. 
 
1. PEDAGOGIA TRADICIONAL 
Libâneo e Saviani vão concordar ao dizer que a Pedagogia Tradicional foi a primeira tendência 
pedagógica no Brasil. No livro “História das Ideias Pedagógicas no Brasil”, Saviani diz que há um 
consenso entre os pesquisadores de que a vinda dos jesuítas ao Brasil no ano de 1549 marca 
o início da educação formal brasileira. 
Com as Reformas Pombalinas e a expulsão dos jesuítas em 1759, abriu-se espaço para novas 
ideias pedagógicas com base no laicismo com visão iluminista. Então, o ensino que era 
predominantemente religioso, passa a possuir novas vertentes, embora tenha continuado 
tradicional. 
Jesuítas em contato com os índios. 
Fonte: Coleção Hariberto de Miranda 
Jordão. 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 6 
 
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Na Idade Moderna, Comenius (1592-1670) foi considerado o Pai da Didática Magna. Na Idade 
Contemporânea, Herbert (1766-1841) foi considerado o pai da Pedagogia Tradicional, ele e 
Comenius são os principais representantes do modelo tradicional de ensino. 
Na PedagogiaTradicional, o ensino é centrado no professor e é ele quem expõe e interpreta a 
matéria. Exige-se que o aluno preste atenção e é censurada qualquer forma de comunicação 
entre os alunos no decorrer da aula. Acreditava-se que pela exposição oral e/ou 
demonstração e por exercícios repetitivos, o aluno gravaria a matéria e conseguiria reproduzi-
la. Por isso há uma ênfase na repetição de exercícios sistemáticos e na recapitulação da 
matéria, semelhante a um treino para que o aluno se torne capaz de responder às perguntas 
do professor de forma semelhante às respostas pré-determinadas pelo próprio professor. 
Logo, o aluno é visto como um receptor passivo do conhecimento e a sua função é 
decorar/gravar o que o professor transmite. Assim, a aprendizagem é passiva e mecânica, 
onde o professor recorre frequentemente à coerção para manter a disciplina na aula. 
O caminho cultural em direção ao saber é o mesmo para todos os alunos, desde que se 
esforcem. Assim, os menos capazes devem lutar para superar suas dificuldades e 
conquistar seu lugar junto aos mais capazes (LIBÂNEO, 2014, p. 24) 
De acordo com Libâneo, nessa tendência o professor tende a encaixar o aluno em um modelo 
idealizado de homem e a matéria é tratada de forma isolada, totalmente desvinculada dos 
interesses e das experiências dos alunos, das realidades sociais e dos problemas reais da 
sociedade e da vida, sem qualquer questionamento. 
Nessa perspectiva, acreditava-se que a criança aprendia da mesma forma que o adulto, 
apenas menos desenvolvida. Por isso, os programas eram desenvolvidos com base numa 
progressão lógica estabelecida pelo adulto sem levar em conta as características próprias 
de cada idade da criança. 
Veja quais são suas principais características: 
• A figura central é o professor; 
• O professor é o detentor do conhecimento e as aulas são expositivas; 
• O aluno é um receptor passivo e a aprendizagem é mecânica, sem considerar as 
especificidades de cada idade do aluno; 
• O conhecimento (acervo cultural) é transmitido; 
• A relação professor-aluno é vertical; 
• Os conteúdos são separados da experiência real dos alunos; 
• Ênfase na repetição e memorização dos conteúdos; 
• A avaliação é feita por verificação (exercícios, provas escritas, provas orais, trabalhos 
de casa). 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 7 
 
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No livro “Escola e Democracia” de Dermeval Saviani, ao abordar a Pedagogia Tradicional, ele 
traz uma fala que eu acredito que pode contribuir muito em seus estudos: 
Seu papel é difundir a instrução, transmitir os conhecimentos acumulados pela 
humanidade e sistematizados logicamente. A escola organiza-se como uma agência 
centrada no professor, o qual transmite, segundo uma gradação lógica, o acervo cultural 
aos alunos. A estes cabe assimilar os conhecimentos que lhe são transmitidos. [...] Como 
as iniciativas cabiam ao professor, o essencial era contar com um professor 
razoavelmente bem preparado. Assim, as escolas eram organizadas na forma de classes, 
cada um contando com um professor que expunha as lições, que os alunos seguiam 
atentamente, e aplicava os exercícios, que os alunos deveriam realizar disciplinadamente 
(p.6). 
O papel da pedagogia tradicional é difundir e transmitir o conhecimento aos alunos, seguindo 
uma gradação lógica. Para tanto, a escola deveria contar com professores bem preparados 
e organizava as crianças em classes. Há um enfoque na disciplina na sala de aula, onde o 
professor deveria recorrer até mesmo à coerção e castigos para garantir a ordem em sala. 
De acordo com Libâneo, essa pedagogia tradicional ainda é viva e atuante em nossas escolas, 
presente em escolas religiosas ou leigas que se orientam pelo clássico-humanista ou 
humano-científica, sendo esta a que mais se aproxima do modelo de escola predominante 
em nossa história educacional. 
 
2. PEDAGOGIAS RENOVADAS E ESCOLA NOVA 
De acordo com Saviani (2012), as críticas relativas ao modelo de educação da Pedagogia 
Tradicional contribuíram para a origem de uma nova teoria da educação com uma 
concepção de reforma: o “escolanovismo”. Entendiam que se a escola não cumpria seu papel 
na correção das distorções (lembre-se da questão da marginalidade tratada no início deste 
livro), era porque o tipo de escola implantado era inadequado. Portanto, um novo modelo de 
educação deveria ser instaurado, numa perspectiva de renovação da educação e, por isto, o 
termo Pedagogias “Renovadas”. 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 8 
 
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Na classificação das Tendências Liberais a partir de Libâneo (1994) estão as Pedagogias 
Renovadas, classificadas em duas versões no cenário brasileiro: a Pedagogia Liberal 
Renovada Progressivista e a Pedagogia Liberal Renovada Não-Diretiva. Pode-se dizer que 
ambas as tendências renovadas possuem a mesma raiz na Pedagogia Nova, mas cada uma 
traz uma “pegada” diferente, um direcionamento distinto com influências de teóricos distintos. 
Mas por terem a mesma matriz, Saviani vai juntar estas duas tendências em uma só: a Escola 
Nova ou Pedagogia Nova ou escolanovista, dentro sua classificação das Teorias Não-Críticas. 
Embasada na perspectiva da Psicologia do Desenvolvimento, as pedagogias renovadas 
compreendem que o papel da escola é o de atender as diferenças individuais, as 
necessidades e interesses dos alunos, com ênfase nos processos mentais e nas habilidades 
cognitivas necessárias à adaptação do homem ao meio social. 
Segundo Gadotti (2003), a Escola Nova foi o movimento mais vigoroso de renovação da 
educação no Brasil e sua teoria e prática se disseminou em muitas partes do mundo, fruto de 
uma renovação geral que valorizava a autoformação e a atividade espontâneo da criança. 
A partir dessa concepção de educação, foram implementadas diversas reformas 
educacionais no país. No livro “História das Ideias Pedagógicas no Brasil”, por exemplo, Saviani 
relata a reforma educacional promovida por Fernando de Azevedo, explicitamente de 
ideologia escolanovista. 
➢ A Pedagogia Progressivista ou Pragmatista 
 
Sua concepção de educação foi principalmente difundida pelos pioneiros da Educação Nova. 
No campo internacional, teve por influência autores como John Dewey, William Kilpatrick e 
Paschoal Leme. No campo nacional, teve por influência e disseminação por Anísio Teixeira, 
Fernando de Azevedo e Lourenço Filho. Também sofreu influências do campo da Psicologia a 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 9 
 
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partir dos estudos e ideias de Maria Montessori, Decroly e da Psicologia do Desenvolvimento 
de Jean Piaget. 
De acordo com Gadotti (2003), um dos pioneiros da Escola Nova é certamente Adolphe 
Ferriere (1879-1960), sendo talvez o mais ardente divulgador da escola ativa e da educação 
nova na Europa. Ele “criticava a escola tradicional, dizendo que ela havia substituído a alegria 
de viver pela inquietude, o regozijo pela gravidade, o movimento espontâneo pela imobilidade, 
as risadas pelo silêncio” (p.143). 
Mas foram as ideias do educador norte-americano John Dewey (1859-1952) que influenciaram 
o cenário educacional brasileiro. Para ele, o ensino deveria ser pela a ação e não pela 
instrução, devendo a escola reconstruir a experiência concreta, ativa e produtiva de cada um. 
Nesta concepção, o aluno é o centro do processo de aprendizagem, não mais o professor 
como era na Pedagogia Tradicional. Valoriza-se o trabalho coletivo, da troca, da ação ativa 
da criança sobre o conhecimento a ser construído, crendo que a criança se desenvolve em 
etapas gradativas, mantendo-se o respeito ao ritmo individual dos alunos. 
Por se tratar de uma Tendência Liberal, Libânio vai dizer que a Pedagogia Progressivista 
acentuou o sentido da cultura como desenvolvimentodas aptidões individuais, por meio da 
educação. Portanto, ela ainda busca a adaptação do indivíduo aos moldes da sociedade. 
Pode-se dizer que Gadotti (2003) vai concordar com Libâneo, quando diz que este tipo de 
educação preconizada por Dewey era essencialmente pragmática e instrumentalista. Isto 
porque ela buscava a democracia sem pôr em questão a sociedade de classes e que “poucos 
foram os pedagogos escolanovistas que ultrapassaram o pensamento burguês para 
evidenciar a exploração do trabalho e a dominação política próprias da sociedade de 
classes” (p. 144). 
Por compreender que a educação é um processo interno, que ocorre dentro do indivíduo, a 
Pedagogia Renovada Progressivista parte das necessidades e interesses individuais do aluno 
para a adaptação ao meio. Propõe, portanto, um ensino que valoriza a “autoeducação” em 
que o aluno é o sujeito do conhecimento e o centro do processo. Logo, os conteúdos são 
estabelecidos em função de experiências que o aluno vivencia diante de desafios cognitivos 
e situações problemáticas, priorizando o “aprender a aprender” em que é mais importante o 
processo de aquisição do saber do que o saber em si. 
A ideia de “aprender fazendo” também está sempre presente, valorizando as tentativas 
experimentais, a pesquisa, a descoberta, o estudo do meio natural e social, o método de 
solução de problemas. Mesmo que os métodos de ensino sejam diferentes, todos vão propor 
atividades adequadas à natureza do aluno e às etapas do seu desenvolvimento. Valoriza-se 
também os trabalhos em grupo como condição básica do desenvolvimento mental do aluno. 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 10 
 
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Na pedagogia renovada progressivista, professor é um facilitador e seu papel é auxiliar o 
desenvolvimento livre e espontâneo da criança. Ao contrário da pedagogia tradicional que 
usa da coerção para disciplinar os alunos, na pedagogia progressivista o aluno disciplinado é 
aquele que é solidário, participante e respeitador das regras do grupo. E para garantir um 
clima harmonioso na sala de aula, é indispensável um relacionamento positivo entre 
professores e alunos, direcionando um relacionamento positivo entre professores e alunos 
rumo a uma vivência democrática. 
Alguns métodos inspirados nessa pedagogia são adotados em escolas particulares, como o 
método Montessori, o método dos centros de interesse de Decroly e o método de projetos de 
Dewey. 
Veja quais são suas principais características: 
• Aprender a aprender e aprender fazendo; 
• O aluno é o centro do processo; 
• A cultura como potencial no desenvolvimento das aptidões individuais; 
• Auto realização e auto desenvolvimento; 
• Valorização das tentativas experimentais, a pesquisa, a descoberta, solução de 
problemas; 
• O conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades do aluno; 
• Aprender como uma atividade de descoberta → autoaprendizagem; 
• Ambiente como meio estimulador; 
• Ensino pela ação e não pela instrução (como na Pedagogia Tradicional).
➢ Pedagogia Renovada Não-Diretiva 
 
De cunho Humanista, a Pedagogia Renovada Não-Diretiva foi inspirada nas ideias do 
psicólogo Carl Ransom Rogers. Ela tem por objetivo o desenvolvimento pessoal e as relações 
TEORIAS E TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS PARA CONCURSOS Sara Filpo 11 
 
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interpessoais. Portanto, mais uma vez traz aspectos dos estudos da Psicologia para o campo 
educacional. 
Carl Rogers não traz um método de ensino, mas sim uma concepção de educação. As suas 
ideias para a educação são uma extensão da sua teoria como psicólogo, em que o psicólogo, 
e, portanto, o educador, trabalha de forma não-diretiva, pois o sucesso estaria na centralidade 
no paciente e, neste caso, no aluno. Nesse sentido, a preocupação não está em ensinar, mas 
sim em criar condições que promovam a aprendizagem, por isso o professor se torna um 
facilitador neste processo de aprendizagem. Além disso, considera-se que a atmosfera afetiva 
do ambiente favorece ou prejudica a aprendizagem. 
Nesta tendência, acentua-se o papel da escola na formação de atitudes dos educandos. Por 
isso sua preocupação está mais voltada aos problemas psicológicos do que aos 
pedagógicos ou sociais. Nesse sentido, todo o esforço educacional deve estar voltado para a 
mudança de dentro do indivíduo, para que ele atenda às solicitações do ambiente. O 
processo educativo deve despertar o potencial do estudante, logo, a escola deve dar 
assistência para que os alunos se tornem independentes e que saibam buscar o seu próprio 
crescimento. 
Aprender significa modificar suas próprias percepções, só se aprende o que estiver 
significativamente relacionado ao interesse do aluno, portanto, a motivação do educando 
resulta do desejo de autorrealização e autodesenvolvimento. Os conteúdos de ensino têm 
ênfase no desenvolvimento de relações interpessoais. A retenção do conhecimento acontece 
quando ele é relevante para o educando. Portanto, a avaliação escolar tradicional não faz 
sentido, dando-se lugar para a autoavaliação. 
De acordo com Libâneo (2014), nesta pedagogia, o enfoque no ensino por meio da matéria, 
aulas ou livros tem muito pouca importância, o grande propósito está em favorecer ao aluno 
um clima de autodesenvolvimento e realização pessoal. Por isso, o resultado de uma boa 
educação é muito semelhante ao de uma boa terapia. A transmissão de conteúdos se torna 
secundária. Tudo gira em torno do aluno e a busca pela facilitação de sua aprendizagem, o 
professor é restringido a ajudar o aluno a se organizar utilizando técnicas de sensibilização em 
que os sentimentos de cada um possam ser expostos, sem ameaças. Logo, o objetivo do 
trabalho escolar está centrado em processos de melhor relacionamento interpessoal, como 
condição para crescimento pessoal. 
Como tem a mesma raiz na Pedagogia Escolanovista, o foco da aprendizagem está no aluno 
e o professor é visto como um facilitador e especialista em relações humanas, visando um 
método de ensino que facilite a aprendizagem do aluno. 
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A motivação resulta do desejo de adequação pessoal na busca da autorrealização; é 
portanto um ato interno. A motivação aumenta quando o sujeito desenvolve o sentimento 
de que é capaz de agir em termos de atingir suas metas pessoais, isto é, desenvolve a 
valorização do “eu”. Aprender, portanto, é modificar suas próprias percepções; daí que 
apenas se aprende o que estiver significantemente relacionado com essas percepções. 
Resulta que a retenção se dá pela relevância do aprendido em relação ao “eu”, ou seja, o 
que não está envolvido com o “eu” não é retido e nem transferido. Portanto, a avaliação 
escolar perde inteiramente o sentido, privilegiando-se a autoavaliação (LIBÂNEO, 2014, 
p.29). 
Veja quais são suas principais características: 
• O aluno é o centro do processo; 
• Formação de atitudes; 
• Autodesenvolvimento e realização pessoal; 
• Visa a formação da personalidade por meio da vivência de experiências; 
• O pressuposto da aprendizagem é a motivação, que resulta no desejo de 
autorrealização e desenvolvimento pessoal; 
• Preocupação maior com os problemas psicológicos do que os pedagógicos e sociais; 
• Valorização das relações interpessoais; 
• Autoavaliação; 
• Transmissão de conteúdos é secundária; 
• Uma boa educação é como uma boa terapia. 
 
Manifestação dessa tendência: Summerhill School 
 
 
 
 
Fonte: imagem disponível na internet pelo twitter de 
@MrGuestCompSci 
Em 1921, Alexander Sutherland Neil fundou a Summerhill School no condado de Suffolk na 
Inglaterra, atualmente dirigido por sua filha, Zoe Nill Readhead. Considerada um modelo 
influente para a educação progressiva e democrática em todo o mundo e a democracia 
infantilmais antiga do mundo, Summerhill é uma escola democrática e autônoma em que 
adultos e crianças têm status igual, mas com papéis e responsabilidades diferentes. 
Ela permite a liberdade do indivíduo de escolher e decidir o que quer aprender e, assim, 
desenvolver-se em seu próprio ritmo. Além de, caso não queira, as crianças não são obrigadas 
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a assistir as aulas e as decisões da escola são tomadas em assembleias participativas. Para 
saber mais, visite o site da Summerhill School
➢ Críticas De Dermeval Saviani 
Saviani vai notar que os principais representantes da pedagogia nova se voltaram para a 
Pedagogia a partir de suas preocupações e experiências com crianças especiais, como 
Decroly e Montessori. E dessas experiências, constataram as deficiências neurofisiológicas 
detectadas por testes de inteligência, de personalidade e etc. Portanto, a questão da 
marginalidade está relacionada ao sujeito deficiente e o marginalizado não é mais o 
ignorante, mas sim aquele que não é aceito por causa de sua diferença. Então o papel da 
escola é o de promover a correção, o ajuste, a adaptação destes indivíduos à sociedade e, 
consequentemente, a sua aceitação e o respeito mútuo a suas individualidades. 
Compreende-se, então, que essa maneira de entender a educação, por referência à 
pedagogia tradicional, tenha descolado o eixo da questão pedagógica do intelecto para 
o sentimento; do aspecto lógico para o psicológico; dos conteúdos cognitivos para os 
métodos ou processos pedagógicos; do professor para o aluno; do esforço para o 
interesse; da disciplina para a espontaneidade; do diretivismo para o não diretivismo; da 
quantidade para a qualidade; de uma pedagogia de inspiração experimental baseada 
principalmente nas contribuições da biologia e da psicologia. Em suma, trata-se de uma 
teoria pedagógica que considera que o importante não é aprender, mas aprender a 
aprender (p. 9). 
A partir desta citação de Saviani, compreendemos um pouco melhor a sua crítica à 
Pedagogia Nova. 
Para este novo modelo de educação, fez-se necessário mudanças estruturais nas escolas. Em 
lugar de classes confiadas a professores que dominavam os conhecimentos, a escola deveria 
agrupar os alunos segundo suas áreas de interesses decorrentes de sua atividade livre. O 
professor passou de transmissor para estimulador e orientador da aprendizagem, cuja 
iniciativa deveria ser dos próprios alunos. Portanto, o papel central deslocou-se para o aluno. 
A aprendizagem deveria ser espontânea decorrente do ambiente estimulante rico em 
materiais didáticos e da relação viva estabelecida entre alunos e professores. Para Saviani, a 
escola mudaria seu aspecto sombrio e silencioso para um ambiente alegre e movimentado. 
Entretanto, os custos para sua implementação eram mais elevados do que as das escolas 
tradicionais, tornando possível o desenvolvimento da concepção essencialmente 
escolanovista em escolas voltadas para grupos de elite, aprimorando a qualidade do ensino 
à estes grupos. O que resultou em efeitos negativos para as escolas de periferia, porque o 
pensamento escolanovista que impregnou o pensamento dos professores da época não 
condizia com as condições físicas das escolas de periferia somado à secundarização da 
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responsabilidade do professor no processo de aprendizagem do aluno levou ao 
afrouxamento da disciplina e do comprometimento com os conhecimentos historicamente 
sistematizados. 
É interessante mencionar um trecho do livro “História das Ideias Pedagógicas no Brasil”, em que 
Saviani diz que o primeiro livro empenhado em divulgar o ideário renovador no Brasil foi a obra 
“Introdução ao estudo da Escola Nova” de Lourenço Filho. No entanto, Saviani diz que o escopo 
da obra foi difundir o ideário escolanovista, trazendo as principais manifestações surgidas na 
Europa e nos Estados Unidos e, quando traz os “ensaios brasileiros”, Lourenço Filho aborda os 
reflexos do movimento escolanovista nos colégios particulares de origem norte-americana: 
Colégio Progresso – RJ, Escola Americana – SP e Colégio Piracicabano – Piracicaba, do final do 
século XIX, além de citar outras escolas inspiradas nas ideias de Montessori e Decroly. Mas o 
fato interessante está no seguinte: Lourenço Filho traz os exemplos das experiências em 
escolas de iniciativa privada, quando que no Brasil o movimento da Escola Nova teve como 
foco principalmente a reconstrução educacional dos sistemas públicos. 
Concluindo essa discussão, Saviani vai dizer que o pensamento escolanovista não abalou a 
disseminação de escolas tradicionais, porque ao mesmo tempo que evidenciava os 
problemas da Pedagogia Tradicional, na prática ela também afirmada que era melhor uma 
boa escola para poucos do que uma escola deficiente para muitos. 
3. PEDAGOGIA TECNICISTA 
 
A pedagogia tecnicista tomou forma no Brasil durante a segunda metade da década de 1960, 
período em que os laços com o governo estadunidense foram estreitados durante o Regime 
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Militar. A partir desse estreitamento entre o Brasil e os Estados Unidos, empresas internacionais 
entraram no Brasil e, com elas, um novo modelo organizacional. 
De acordo com Saviani (2013), foi com o lema “segurança e desenvolvimento” que os militares 
começaram a se atentar também ao campo educacional, considerando que naquela época 
havia um número reduzido de atendimento da população em idade escolar, altos índices de 
evasão e repetência escolar, o que evidenciava a baixa produtividade do sistema de ensino. 
A necessidade de produção de mão de obra para essas novas empresas e a meta de 
elevação geral da produtividade do sistema escolar levou a adoção do modelo de 
organização fabril também no campo educacional. 
No modelo de produção fabril, o trabalhador devia se adaptar ao ritmo do trabalho, que era 
organizado de forma parcelada, cabendo ao trabalhador ocupar seu posto na linha de 
montagem, executando sempre uma mesma função. Logo, entende-se que o produto do 
trabalho (resultado final) depende de como é organizado o processo. 
Semelhantemente ao que ocorreu no trabalho fabril, na educação visou-se a objetivação do 
trabalho pedagógico, a partir de esquemas de planejamento previamente formulados por 
especialistas, aos quais deviam se ajustar as diferentes disciplinas e práticas pedagógicas 
(SAVIANI, 2012). 
Pressupostos teóricos e ideários 
Nesse sentido, a pedagogia tecnicista embasou-se nos pressupostos da neutralidade 
científica, inspirada nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, advogando a 
reordenação do processo educativo a fim de torná-lo objetivo e operacional. 
Aderiu a ideias relacionadas à organização racional do trabalho (taylorismo, fordismo), o 
enfoque sistêmico que traz como verdade absoluta a neutralidade científica e o controle do 
comportamento ou engenharia comportamental da psicologia behaviorista de Skinner, além 
também da ergonomia, informática, cibernética, que têm em comum a inspiração filosófica 
neopositivista e o método funcionalista. Nesse sentido, a escola funcionaria como 
“modeladora do comportamento humano, através de técnicas específicas” (LIBÂNEO, p. 29). 
Relação professor x aluno e a prática educativa 
Se na pedagogia tradicional a centralidade está no professor e na pedagogia nova a 
centralidade está no aluno, já na pedagogia tecnicista a centralidade está no processo ou 
na organização racional dos meios. E quem vai definir como será o processo são os 
especialistas, os quais são os pesquisadores, cientistas, estudiosos, à eles cabe a atividade de 
“descoberta”, cabendo somente a “aplicação”ao processo educacional comum. Nesse 
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sentido, professor e aluno exercem posições secundárias, são como espectadores: o professor 
administra as condições de transmissão da matéria, de acordo com um sistema instrucional 
previamente eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem previamente 
estabelecido; o aluno recebe, aprende e fixa essas informações. O professor é apenas um elo 
de ligação entre a verdade científica e o aluno (SAVIANI, 2012; LIBÂNEO, 2014). 
O processo deve ser eficiente para definir a qualidade do produto – o produto neste sentido é 
a aprendizagem –, tornando necessário operacionalizar os objetivos e mecanizar o processo 
em certos aspectos, compensando e corrigindo possíveis deficiências do professor e 
diminuindo sua intervenção. 
 
Objetivo da escola e da educação 
Por compor a Tendência Liberal, a pedagogia tecnicista não tem propostas de transformação, 
mas sim de adaptação do indivíduo à ordem social vigente, que é o capitalismo. Seu interesse 
principal é o de produzir indivíduos “competentes” para o mercado de trabalho ao transmitir 
informações precisas, objetivas e rápidas. 
Portanto, para ela a equalização social se associa ao equilíbrio do sistema social, 
compreendendo que em um sistema há múltiplas funções às quais demandam e 
correspondem a determinadas ocupações. Todas essas funções são interdependentes, “de 
modo que a ineficiência no desempenho de uma delas afeta as demais e, em consequência, 
todo o sistema; então, cabe à educação proporcionar um eficiente treinamento para a 
execução das múltiplas tarefas demandadas continuamente pelo sistema social” (SAVIANI, 
2013, p. 383). Portanto, cabe à educação escolar organizar “o processo de aquisição de 
habilidades, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que os indivíduos 
se integrem na máquina do sistema social global” (LIBÂNEO, 2014, p. 29). 
Nesse sentido, a educação é entendida como um subsistema de um sistema maior, que é o 
sistema social, cujo seu funcionamento eficaz é essencial para o equilíbrio do sistema social 
de que faz parte. 
Veja quais são as principais características desta tendência: 
• O elemento principal é a organização racional dos meios; 
• O processo deve ser eficiente; 
• Enfoque no planejamento e objetivos; 
• Os especialistas que elaboram o planejamento, coordenação e controle; 
• O processo define o que professor e aluno farão e como farão; 
• Aprender a fazer; 
• Eficiência e eficácia; 
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• Enfoque sistêmico; 
• Psicologia behaviorista e engenharia comportamental; 
• Formação de mão de obra para o mercado de trabalho; 
• Maximização da produção; 
• Preparação de recursos humanos; 
• Método instrucional. 
A questão da marginalidade 
Levando em consideração a questão da marginalidade a partir da análise de Saviani (2012), 
nesta pedagogia o marginal é o incompetente (no sentido técnico), o ineficiente e 
improdutivo. Então a educação deverá superar a marginalidade na medida em que contribuir 
para a formação de indivíduos competentes e produtivos para a manutenção da 
produtividade da sociedade. Portanto, a equalização social se associa ao equilíbrio do sistema: 
a educação deve proporcionar um treinamento eficiente para que os indivíduos aprendam a 
executar as múltiplas tarefas dentro de uma sociedade, ou seja, deve formar trabalhadores 
que irão compor o mercado de trabalho. 
Saviani (2013) critica esta pedagogia porque ela acabou por fragmentar a prática 
pedagógica, dividindo o trabalho educativo em inúmeras funções. Vale ressaltar as reformas 
educacionais durante o período do regime militar, em que o trabalho pedagógico foi dividido 
em especializações, a reforma do ensino primário e secundário, a criação de cursos de curta 
duração, o enfoque no planejamento, a reforma universitária, entre outros aspectos históricos. 
Assim, perdeu-se de vista a especificidade da educação, das relações entre professor-aluno 
e a subjetividade que é a aprendizagem. 
A comunicação entre professor e aluno tomou sentido meramente técnico, que era o de 
garantir a eficiência da transmissão do conhecimento apenas. Sendo assim, debates, 
discussões e questionamento eram desnecessários, pouco importando as relações afetivas e 
pessoais dos sujeitos do processo de ensino e aprendizagem (LIBÂNEO, 2014). Levando a 
consequências negativas, porque essa mecanização do processo educativo tornou o 
conteúdo do ensino mais rarefeito e altos índices de evasão escolar e repetência. 
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#Concursando 
QUESTÃO 1: (GUALIMP, PROFESSOR, 2019) “A __________________ enfatiza que o aluno 
deve ser educado para atingir sua plena realização através de seu próprio esforço, de modo 
que as diferenças entre classes sociais não devem ser levadas em consideração. 
Juntamente com a afirmação que a escola deve transmitir conhecimentos, predomina a 
assertiva de que não há diferenciação entre a capacidade de aprendizagem de crianças e 
adultos.” A lacuna acima deve ser preenchida pela seguinte alternativa: 
A) Tendência liberal tradicional. 
B) Tendência liberal renovada e progressista. 
C) Tendência liberal não diretiva. 
D) Tendência progressista tecnicista. 
 
QUESTÃO 2: (FUNDATEC, PROFESSOR, 2019) A concepção pedagógica em que a 
aprendizagem é receptiva e mecânica, sem considerar as características próprias de cada 
idade, chama-se: 
A) Tendência Liberal Renovadora Não Diretiva. 
B) Tendência Liberal Tecnicista. 
C) Pedagogia Liberal Tradicional. 
D) Tendência Liberal Renovadora Progressista. 
E) Tendência Progressista Libertadora. 
 
QUESTÃO 3: (IF-SP, 2019) Ao caracterizar a relação entre educação e sociedade para as 
teorias não-críticas, Saviani (2018, p. 4) afirma que concebem “a educação com uma ampla 
margem de autonomia em face da sociedade”, cabendo-lhe “um papel decisivo na 
conformação da sociedade evitando sua desagregação e, mais do que isso, garantindo a 
construção de uma sociedade igualitária”. 
Assinale a alternativa que apresenta corretamente as pedagogias que Saviani (2018) define 
como teorias não-críticas. 
A) Pedagogia Nova e Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Estado (AIE). 
B) Pedagogia Tradicional, Pedagogia Tecnicista e Teoria da Escola Dualista. 
C) Pedagogia Tradicional, Pedagogia Nova e Pedagogia Tecnicista. 
D) Pedagogia Tecnicista e Teoria da Escola como Aparelho Ideológico de Estado (AIE). 
 
 
 
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QUESTÃO 4: (CEPERJ, PROFESSOR, 2013) Conforme Dermeval Saviani esclarece em “Escola 
e Democracia”, constitui uma teoria não crítica da Educação: 
A) teoria da Escola Nova 
B) teoria da Escola Dualista 
C) teoria Crítico-reprodutivista 
D) teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado 
E) teoria Progressista Libertária 
 
QUESTÃO 5: (CESPE, PROFESSOR, 2013) Acerca da relação professor-aluno no processo 
educativo, julgue o próximo item. Para a tendência pedagógica liberal renovada não 
diretiva, é relevante que, na relação pedagógica, o professor seja um facilitador da 
aprendizagem capaz de aceitar o aluno em sua totalidade. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
QUESTÃO 6: (INSTITUTO AOCP, PROFESSOR DE ENSINO FUNDAMENTAL, 2013) Sobre a 
pedagogia renovada, assinale a alternativa correta. 
A) Caracteriza-se por sobrecarga de informações que são veiculadas aos alunos. 
B) Destaca o princípio da aprendizagem por descoberta e estabelece que a atitude de 
aprendizagem parte do interesse dos alunos, que, por sua vez, aprendem fundamentalmente 
pelaexperiência, pelo que descobrem por si mesmos. 
C) No ensino dos conteúdos, o que orienta é a organização lógica das disciplinas, o 
aprendizado moral, disciplinado e esforçado. 
D) Inspirada nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem sistêmica do ensino, 
que definiu uma prática pedagógica altamente controlada e dirigida pelo professor. 
E) A atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e políticos e em ações sobre 
a realidade social imediata. 
 
QUESTÃO 7: (CESPE, ANALISTA JUDICIÁRIO – PEDAGOGIA, 2012) A aprendizagem, de 
acordo com a concepção pedagógica liberal renovadora não diretiva, 
A) consiste em modificar as percepções da realidade. 
B) baseia-se na motivação e na estimulação de problemas. 
C) baseia-se no desempenho do aluno. 
D) prioriza a resolução de situações-problema a partir de temas geradores. 
E) ocorre a partir da interação social, da construção de conhecimento em grupo. 
 
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QUESTÃO 8: (IBADE, PROFESSOR NÍVEL II, 2018) Na Tendência Liberal Tecnicista, a(o): 
A) educação é centralizada no aluno; o professor deve garantir um clima de relacionamento 
pessoal e autêntico, baseado no respeito. 
B) a relação professor/aluno é de igual para igual, horizontalmente. 
C) autoridade é do professor que exige atitude receptiva do aluno. 
D) relação docente/discente é objetiva em que o professor transmite informações e 
o aluno deve fixá-las. 
E) papel do aluno é de participador e o do professor de mediador entre o saber e o aluno. 
 
QUESTÃO 9: (FAFIPA, PEDAGOGO, 2014) Sobre o “tecnicismo educacional", assinale a 
alternativa correta. 
A) É uma proposta de educação centrada no professor, cuja função se define como a de vigiar 
e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a matéria. 
B) A atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e políticos e em ações sobre 
a realidade social imediata. 
C) Assegura a função social e política da escola mediante o trabalho com conhecimentos 
sistematizados. 
D) Foi inspirado nas teorias behavioristas da aprendizagem e da abordagem 
sistêmica do ensino. 
 
QUESTÃO 10: (CESPE, TÉCNICO EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS, 2013) No que se refere à 
relação professor-aluno, às práticas e tendências pedagógicas, julgue o próximo item. 
A busca do professor por formação acadêmica, para desenvolver competência técnica que 
lhe possibilite compreender os vínculos de sua prática pedagógica com 
a prática social global, evidencia postura afinada com a pedagogia liberal tecnicista. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
GABARITO 
1 A 6 B 
2 B 7 A 
3 C 8 D 
4 A 9 D 
5 Certo 10 Errado 
 
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Dermeval Saviani (2012) vai analisar as teorias da educação tendo como consideração a 
questão da marginalidade e com base nisso ele vai classificar as teorias educacionais em 
dois grupos: as não-críticas e as crítico-reprodutivistas. Na primeira teoria a educação é vista 
como um instrumento de equalização social, portanto, de superação da marginalidade. E na 
segunda, a educação é vista como instrumento de discriminação social e reforçadora da 
marginalidade. 
As teorias críticas da educação ou pedagogias contra hegemônicas ou pedagogias de 
esquerda, são teorias que foram formuladas a partir do ponto de vista dos interesses das 
classes dominadas. 
1. Pressupostos históricos 
Historicamente, as teorias crítico-reprodutivistas surgiram em paralelo à pedagogia tecnicista 
na década de 1970. Os estudos com base nesse pensamento teórico e a circulação desses 
estudos se deram dentro dos cursos de pós-graduação. 
Ainda com o lema “segurança e desenvolvimento” do Regime Militar, a pós-graduação foi 
pensada como um instrumento estratégico para a viabilização das metas traçadas pelos 
militares no Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), constituindo-se como um espaço de 
formação dos quadros de alto nível no campo científico e tecnológico, a fim de impulsionar o 
desenvolvimento do país. 
Para isso, foi arquitetado o Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) articulado ao Plano 
Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PBDCT) e ao Plano Setorial de Educação 
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e Cultura (Psec). Mas por se tratar ainda de um período militar, os programas de pós-
graduação foram fortemente marcados pela orientação tecnicista. 
Contudo, Saviani (2013) vai nos mostrar que, apesar da estrutura organizacional da pós-
graduação se inspirar no modelo americano (no tecnicismo), a maioria dos docentes desses 
cursos tiveram uma influência europeia em sua formação. Resumindo, a experiência norte-
americana dava ênfase no aspecto técnico-operativo, enquanto que a experiência europeia 
dava ênfase principal no aspecto teórico. Resultando em um novo modelo de pós-graduação 
que Saviani diz que foi decerto superior aos modelos que lhe deram origem. E, portanto, 
geraram profissionais mais consciente da situação sócio-político-econômico-cultural do 
Brasil com uma postura crítico-reflexiva, resultado que não era desejado porque a visão do 
regime militar era tecnocrática. 
Foi nesse contexto que as teorias crítico-reprodutivistas influenciaram os estudos no campo 
educacional, como resultado de uma pós-graduação que refletia as contradições da 
sociedade brasileira. Embora não tenha sido predominante, essa nova tendência crítica gerou 
estudos consistentes e significativos sobre a educação (idem). 
Teorias crítico-reprodutivista: Violência simbólica (a escola propõe modelos, e a cultura dos 
guetos? Não é cultura? Violenta impondo o que é padrão), Aparelho Ideológico do Estado 
(quando o Estado quer colocar uma ideia na sua cabeça, ele impõe – como no currículo 
escolar) e Escola Dualista (uma escola de elite e uma escola do gueto, separação entre o fazer 
e a teoria e a prática; ainda hoje as universidades são para a elite, quantas pessoas 
conseguem uma vaga? O pobre vai para uma escola técnica). 
2. Definição 
Para as Teorias Crítico-Reprodutivistas, não é possível compreender a educação sem levar 
em consideração seus condicionantes sociais. Logo, buscam explicar a problemática 
educacional relacionando-a a seus determinantes objetivos, ou seja, à estrutura 
socioeconômica que condiciona a forma de manifestação do fenômeno educativo. Mas é 
reprodutivista porque suas análises chegam à conclusão de que a função básica da escola 
é de reproduzir as condições sociais vigentes, sem propor uma transformação ou mudança. 
Resumindo » entendem que é impossível analisar os problemas da educação sem levar 
em consideração os aspectos sociais e econômicos, porque estes aspectos influenciam e 
condicionam a prática educativa nas escolas, mas são reprodutivistas porque concluem 
que a função da escola é simplesmente a de reproduzir essa sociedade. 
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Diferente das teorias não-críticas, esta teoria não tem proposta pedagógica, pois 
empenham-se somente em explicar o mecanismo de funcionamento da escola. Para ela, a 
escola não poderia ser diferente do que é. 
As teorias crítico-reprodutivistas explicam a razão do suposto fracasso da escola, fracasso 
este que seria na verdade o sucesso das classes dominantes. Pois, como um instrumento de 
reprodução das relações de produção, a escola na sociedade capitalista acabaria por 
reproduzir a dominação e exploração. Resultando em um sentimento de impotência. 
Saviani (2013) diz que a teoria crítico-reprodutivista conta com um razoável número de 
manifestações em diferentes versões, mas ele considera serem as teorias quetiveram maior 
repercussão e que alcançaram maior nível de elaboração, são elas: 
» Teoria do Sistema de ensino como Violência Simbólica; 
» Teoria da escola como aparelho ideológico do Estado (AIE); 
» Teoria da Escola Dualista. 
1. TEORIA DO SISTEMA DE ENSINO ENQUANTO VIOLÊNCIA SIMBÓLICA 
Esta teoria foi desenvolvida na obra de Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passaron em 1975 
intitulada “A Reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino”. A obra é 
constituída de dois livros, o primeiro é “Fundamentos de uma teoria da violência simbólica” e 
o segundo expõe os resultados de uma pesquisa empírica realizada pelos autores em um 
sistema escola francês. 
A Violência Simbólica manifesta-se de múltiplas formas: formação de opinião pública pelos 
meios de comunicação de massa, jornais, atividade artística e literária, propaganda e moda, 
educação familiar e etc. Contudo, o foco dessa teoria está na análise da ação pedagógica 
institucionalizada, ou seja, o sistema escolar, considerando que o sistema de ensino é definido 
como uma modalidade específica de violência simbólica. 
A ideia central contida na teoria é que em toda e qualquer sociedade existe um sistema de 
relações de força material (econômica) entre grupos ou classes. Em outras palavras, há uma 
relação de poder hierárquico. E o sistema de força simbólica tem o papel de reforçar essa 
relação de força material, de forma dissimulada, indireta, arbitrária. Então há duas forças: a 
material e a simbólica. A material está no plano material, na realidade, por exemplo: os ricos e 
os pobres. A simbólica está no plano imaterial, simbólico, das ideias, por exemplo: a cultura 
sistematizada no saber científico das elites imposto como currículo escolar nas escolas, a 
música clássica como superior e a música popular como inferior àquela. Acredito que valha a 
pena citar a exposição de Saviani: 
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Vê-se que o reforço da violência material se dá pela sua conversão ao plano simbólico 
em que se produz e reproduz o reconhecimento da dominação e de sua legitimidade 
pelo desconhecimento (dissimulação) de seu caráter de violência explícita. Assim, à 
violência material (dominação econômica) exercida pelos grupos ou classes dominantes 
sobre os grupos ou classes dominados corresponde a violência simbólica (dominação 
cultural) (p. 18). 
Portanto, a ação pedagógica (AP) impõe arbitrariamente a cultura dos grupos ou classes 
dominantes aos grupos ou classes dominadas. E para essa imposição acontecer, essa ação 
implica Autoridade Pedagógica (AuP) realizada mediante o Trabalho Pedagógico (TP). Esse 
Trabalho Pedagógico (TP) que se institucionaliza no Sistema de Ensino (SE) como Trabalho 
Escolar (TE) contribui para a reprodução da estrutura das relações de força sociais mediante 
a reprodução da cultura dominante. E essa autoridade pedagógica é legítima pela posição 
de importância no contexto escolar e por ser desconhecido como um poder arbitrário de 
imposição, sendo reconhecido como autoridade legítima. 
Nesse sentido, a função da educação é a de reproduzir as desigualdades sociais por meio da 
reprodução cultural, contribuindo para a reprodução social. Logo, os marginalizados são os 
grupos ou classes dominados, são marginalizados socialmente por não possuírem força 
material (capital econômico) e marginalizados culturalmente por não possuírem força 
simbólica (capital cultural). Nesse sentido, a escola se torna um elemento reforçador da 
marginalidade. 
Entretanto, à luz da teoria da violência simbólica, entende-se que a classe dominante exerce 
um poder absoluto de forma que se torna impossível qualquer reação por parte da classe 
dominada. Portanto, a luta de classes se torna impossível. 
 
 
2. TEORIA DA ESCOLA ENQUANTO APARELHO IDEOLÓGICO DO ESTADO 
Esta teoria foi desenvolvida por Louis Althusser em seu texto intitulado “Ideologia e aparelhos 
ideológicos de Estado” publicado na revista La penseé de julho de 1970. 
O conceito “Aparelho Ideológico de Estado” vem da compreensão de que a ideologia tem uma 
existência material, portanto, a ideologia se materializa em “aparelhos”: os Aparelhos 
Ideológicos de Estado”. 
Ao analisar a reprodução das condições de produção que implica a reprodução de forças 
produtivas e das relações de produção existentes, Althusser distingue no Estado os aparelhos 
repressivos e os aparelhos ideológicos. Os repressivos são os Aparelhos Repressivos de Estado 
e funcionam de forma massivamente violenta e segundamente ideológica: o governo, a 
administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões e etc. E os aparelhos ideológicos de 
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Estado (AIE) são simbólicos e funcionam pela ideologia e segundamente pela repressão: 
escolar, familiar, jurídico, político, sindical, cultural e etc. 
É nesse sentido que Althusser vai concluir que o aparelho ideológico de Estado escolar se 
converteu em um aparelho dominante no sistema capitalista, tornando-se o instrumento 
mais acabado de reprodução das relações de produção capitalistas (SAVIANI, 2013). Em outras 
palavras, a escola se tornou o maior e melhor instrumento de reprodução do sistema 
capitalista, pois ela agrupa todas as crianças de todas as classes sociais e impõe a elas 
durante anos os saberes práticos envolvidos na ideologia dominante (idem; Althusser, s.d., p. 
64). Sendo que nesta mesma escola, à depender de como vai se dar o processo de 
escolarização individual de cada aluno, vão sair as pessoas que vão ocupar as classes 
trabalhadoras de menor prestígio e as pessoas que vão ocupar os postos próprios dos 
agentes da exploração, repressão ou da ideologia; reproduzindo, assim, as relações de 
exploração capitalista. Em suma, vai formar os exploradores e os explorados (idem). 
Nessa perspectiva, como fica o fenômeno da marginalidade? Nesta teoria, o marginal é a 
classe trabalhadora, os que foram expropriados pelos capitalistas. E a escola, como 
Aparelho Ideológico do Estado, constitui-se como um mecanismo burguês para garantir e 
perpetuar seus interesses. 
Diferente de Bourdieu e Passeron, Althusser não nega a luta de classes, mas ela fica 
praticamente diluída diante do peso que a dominação burguesa possui. Saviani vai dizer que 
a luta de classes resultaria em um caso heroico, mas sem glória por não haver nenhuma 
chance de êxito. 
3. TEORIA DA ESCOLA DUALISTA 
Esta teoria foi desenvolvida por Christian Baudelot e Roger Establet, sendo exposta no livro 
L’École Capitaliste em France (1971). Essa denominação de “Teoria da Escola Dualista” foi dada 
por Saviani porque, segundo ele, os autores se empenham em mostrar que a escola é dividida 
em duas grandes redes, as quais correspondem à divisão da sociedade capitalista: a 
burguesia e o proletariado. 
Para Baudelot e Establet existem apenas duas redes de escolarização: as redes PP (primária-
profissional) e SS (secundária-superior). E, apesar da aparência unificadora e unitária, essa 
divisão existe. Logo, o aparelho escolar contribui para a reprodução das relações sociais de 
produção capitalista. E essas duas redes juntas constituem o aparelho escolar capitalista, esse 
aparelho é um aparelho ideológico do Estado capitalista, voltando-se o conceito de AIE em 
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Althusser. Define-se o aparelho escolar como uma unidade contraditória de duas redes de 
escolarização (SAVIANI, 2013). 
Segundo Saviani, enquanto aparelho ideológico, a escola nesta teoria possui duas funções 
indissociáveis: 1) contribuir para a formação da força de trabalho e 2) contribuir para a 
inculcação da ideologia burguesa. Essas duas funções se desenvolvem juntas porque a 
formaçãoda força de trabalho se dá no próprio processo de inculcação ideológica. Para os 
autores desta teoria, todas as práticas escolares são práticas de inculcação ideológica. E isso 
ocorre de duas formas concomitantes: primeiro, a inculcação explícita da ideologia burguesa; 
segundo, o recalcamento, a sujeição e o disfarce da ideologia proletária. Em outras palavras, 
ao representar universalmente uma cultura e dispor de um padrão de conhecimento e 
realidade, ela recalca a outra. 
Nesse sentido, de forma velada e ideológica, a escola põe de escanteio o proletariado pela 
falta de crédito e representatividade. A própria escola se torna um fator de marginalização: 
“converte os trabalhadores em marginais, não apenas por referência à cultura burguesa. Mas 
também em relação ao próprio movimento proletário, buscando arrancar do seio desse 
movimento (colocar à margem dele) todos aqueles que ingressam no sistema de ensino” (p. 
28). 
Logo, vê-se a diferença desta teoria para as anteriores, porque esta admite a existência da 
ideologia do proletariado, a qual tem origem e existência fora da escola, dentro das massas 
operárias e em suas organizações. Já que a escola é um aparelho ideológico da burguesia e 
serve a seus interesses. Portanto, Baudelot e Establet compreendem a escola no quadro da 
luta de classes, em que a escola é um instrumento da burguesia na luta ideológica contra o 
proletariado. 
Da mesma forma que a burguesia elabora sua própria ideologia com auxílio da escola, o 
proletariado também desenvolve e elabora sua própria ideologia independente da escola. 
Logo, a luta de classes dentro da escola se torna inútil, pois ela já é um aparelho da classe 
dominante, não se cogitando a utilização da escola como meio de elaborar e difundir a 
ideologia do proletariado. 
 
 
 
 
 
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#Concursando 
QUESTÃO 1: (UFLA, TÉCNICO EM ASSUNTOS EDUCACIONAIS, 2018) Saviani (1985), na obra “Escola 
e Democracia”, apresenta as principais teorias pedagógicas existentes na educação 
brasileira, as contribuições e limites de cada uma delas. Propõe o desenvolvimento de uma 
teoria crítica que possa captar a natureza específica da educação e a busca pela 
compreensão das complexas mediações pelas quais se dá sua inserção contraditória na 
sociedade capitalista. 
Considerando as ideias expressas nessa obra, assinale a alternativa INCORRETA. 
A) Compreende-se que a Escola Nova traz a perspectiva de democracia e renovação em 
contraposição à escola tradicional, configurando-se como uma teoria de igualdade e justiça. 
B) As teorias pedagógicas brasileiras, a partir da análise feita pelo autor, podem ser 
classificadas em dois grandes grupos: as teorias não críticas e as teorias crítico-
reprodutivistas. 
C) A Pedagogia Histórico-Crítica é proposta como uma teoria dialética, cujo intuito é o de 
manter continuamente a vinculação entre educação e sociedade, tomando professores e 
alunos como agentes sociais, a serviço da transformação social. 
D) A educação, numa perspectiva crítica, é compreendida como uma atividade mediadora 
no seio da prática social global, e busca, de forma dialética, a transformação do sujeito e das 
relações sociais numa proposta de emancipação e mudança da realidade. 
 
QUESTÃO 2: (IMA, 2016) As teorias crítico-reprodutivistas em muito influenciaram o 
pensamento pedagógico brasileiro. Defendem que a escola exerce o papel de reprodutora 
da sociedade de classes, que reforça o modo de produção capitalista e que repassa a 
ideologia dominante. São representantes das teorias críticos-reprodutivistas, EXCETO: 
A) Pierre Bourdien 
B) Jean-Claude Passerom 
C) Louis Althusser 
D) George Suyders 
 
QUESTÃO 3: (QUADRIX, PROFESSOR, 2017) A prática educativa é tudo isso: afetividade, alegria, 
capacidade científica, domínio técnico a serviço da mudança ou, lamentavelmente, da 
permanência do hoje. Daí sua politicidade, ou seja, a impossibilidade de se separar 
educação e política. Aliás, uma tal separação entre educação e política ingênua ou 
astutamente feita, enfatizemos, não apenas é irreal, mas perigosa. (Paulo Freire. Ação 
cultural para a liberdade e outros escritos. 9.ª ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001b.) 
 
 
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Com base no texto, julgue o item subsequente. 
No Brasil, a visão crítico-reprodutivista desempenhou um importante papel nos anos 1970, pois 
suas análises constituíram-se em armas teóricas contra a política educacional do regime 
militar. 
( ) Certo 
( ) Errado 
 
QUESTÃO 4: (FUNDEP, INSPETOR ESCOLAR, 2019) Segundo Saviani (2018), podem-se classificar 
as teorias educacionais em dois grupos. No primeiro grupo, ao qual denominou teorias não 
críticas, a educação é compreendida como autônoma e um instrumento de discriminação 
social. No segundo grupo, estão alocadas as teorias crítico-reprodutivistas que, ao remeter 
a educação a seus determinantes sociais, entendem ser ela fator de equalização social, não 
obstante afirmarem que a sua função básica é a reprodução da sociedade. 
No livro Escola e democracia, são classificadas por esse autor como teorias não críticas, 
exceto: 
A) Pedagogia Tradicional. 
B) Pedagogia Nova. 
C) Pedagogia Tecnicista. 
D) Pedagogia da Escola como Aparelho Ideológico do Estado. 
 
QUESTÃO 5: (IF-PR, PEDAGOGO, 2010) A década de 70 do século XX foi marcada por 
concepções educacionais nas quais se afirmava que a escola e a educação reproduzem a 
sociedade de classe e reforçam o modo de produção capitalista, as chamadas Teorias 
Crítico- Reprodutivistas. Assinale a alternativa em que todos os nomes são representantes 
dessas teorias. 
A) John Dewey, Paulo Freire, Herbart, Althusser e Ivan Illicht. 
B) Bourdieu, Passeron, Althusser, Baudelot e Establet. 
C) Saviani, Paulo Freire, Moacir Gadoti, Baudelot e Establet. 
D) Ivan Illicht, Paulo Freire, John Dewey, Herbart e Saviani. 
E) Maurício Tratenberg, Jean Piaget, Althusser, Vygotsky e Arnold Gessel. 
 
QUESTÃO 6: (FUNDEP, PEDAGOGO, 2014) Tendo em vista as ideias de Saviani (1983) sobre o 
problema da marginalidade frente à escolarização e às teorias da educação, analise as 
seguintes afirmativas. 
I. Para as teorias não críticas, a marginalidade é vista como um fenômeno acidental que 
afeta individualmente um número de membros da sociedade, sendo uma distorção que 
pode e deve ser corrigida pela educação. 
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II. As teorias crítico-reprodutivistas compreendem a educação como um instrumento de 
discriminação social, sendo, portanto, um fator de marginalização. 
III. A luta contra a marginalidade através da escola representa engajar-se no esforço para 
garantir aos trabalhadores um ensino de melhor qualidade possível nas condições 
históricas atuais. 
A partir dessa análise, conclui-se que estão CORRETAS as afirmativas 
A) I e II apenas. 
B) I e III apenas. 
C) II e III apenas 
D) I, II e III. 
 
 
GABARITO 
1 A 4 D 
2 D 5 B 
3 Certo 6 D 
 
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De Acordo com José Carlos Libâneo, as pedagogias progressistas são aquelas que partem de 
uma análise crítica das realidades sociais, problematizando as finalidades sociopolíticas da 
educação. Por este caráter dialógico, a pedagogia progressista não pode se institucionalizar 
dentro de uma sociedade capitalista, mas se configura como instrumento de luta de 
professores ao lado de outras práticas sociais. 
Para Libâneo(2014), a pedagogia progressista se manifesta em três tendências: a libertadora, 
a libertária e a crítico-social dos conteúdos. 
De imediato podemos já elencar algumas características trazida por Libâneo. A libertadora e 
a libertária possuem aspectos em comum como o antiautoritarismo, a valorização da 
experiência vivida como base da relação educativa, princípios de autogestão pedagógica, 
dão mais ênfase no processo de aprendizagem grupal do que aos conteúdos de ensino, a 
concepção de que a prática educativa só faz sentido numa prática social junto ao povo, razão 
pela qual ambas preferem as modalidades de educação popular “não-formal”. 
Já a Pedagogia Crítico-Social dos Conteúdos valoriza a ação pedagógica na prática social, 
estabelecendo uma mediação entre o individual e o social e uma articulação entre a 
transmissão dos conteúdos e a assimilação ativa do aluno, o que deverá resultar no saber 
criticamente reelaborado. 
 
1. Contexto histórico 
Quanto aos aspectos históricos, Saviani (2013) vai dizer que vários fatores contribuíram para a 
emergência de Pedagogias Contra-Hegemônicas na década de 1980. Foram elas: “processo 
de abertura democrática; a ascensão às prefeituras e aos governos estaduais de candidatos 
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pertencentes a partidos de oposição ao governo militar; a campanha reivindicando eleições 
diretas para presidente da República; a transição para um governo civil em nível federal; a 
organização e mobilização dos educadores; as conferências brasileiras de educação; a 
produção científica crítica desenvolvida nos programas de pós-graduação em educação; o 
incremento da circulação de ideias pedagógicas propiciado ela criação de novos veículos” 
(p. 413). 
Dermeval Saviani considera ser possível agrupar as propostas pedagógicas contra-
hegemônicas em duas modalidades: a primeira centrada no saber do povo e na autonomia 
das organizações, propondo uma educação autônoma e, até certo ponto, à margem da 
estrutura escolar, devido a ênfase na educação não formal, mas quando dirigida às escolas 
formais buscava-se a transformação destes espaços em espaços de expressão de ideias 
populares e de exercício da autonomia popular (pedagogia libertadora e libertária); a 
segunda centrada na educação escolar, valorizando o acesso das camadas populares ao 
conhecimento sistematizado (pedagogia histórico-crítica). 
Nesse sentido, as pedagogias progressistas ou contra-hegemônicas trazem a ideia de 
progresso ao propor uma visão crítica da sociedade e da realidade do educando, 
promovendo condições de modificar o meio onde ele vive. O principal objetivo é a 
transformação do sujeito, não mais sua adaptação, para que ele possa transformar a 
sociedade. 
A respeito da Teoria Crítica de Educação que Saviani propõe em contraposição às teorias 
Não-Críticas e Crítico-Reprodutivista, ele vai se referir a Pedagogia Histórico-Crítica. As 
pedagogias Libertadora e Libertária compõem as pedagogias contra-hegemônicas 
explicadas anteriormente e que também são denominadas de teorias críticas por algumas 
bancas. Contudo, quando Saviani contesta as teorias anteriores no livro “Escola e Democracia”, 
ele diz que é preciso uma teoria de educação crítica e não reprodutivista. Essa teoria crítica é 
a Histórico-Crítica, considerada verdadeiramente crítica e revolucionária. No item 3 sobre as 
Pedagogias Histórico-Crítica e Crítico-Social dos Conteúdos e na aula 06 da Série Teorias e 
Tendências Pedagógicas você entenderá melhor! 
 
1. PEDAGOGIA LIBERTADORA 
A Pedagogia Libertadora também pode ser denominada como Pedagogia da Libertação, 
Pedagogia Freireana, Pedagogia Problematizadora e ainda Pedagogia da “Educação Popular”. 
Ela tem como seu autor exponencial o educador Paulo Reglus Neves Freire a partir de todas 
suas obras, sendo a primeira “Educação como Prática de Liberdade” datada sua 1ª edição em 
1974. 
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A Tendência Pedagógica Libertadora volta-se para a Educação Popular, advogando por uma 
educação do Povo para o Povo, feita com o povo e pelo povo, em contraposição ao modelo 
de educação organizado até então construído pela classe dominante para a classe 
dominada. Ela, por si só, não defende uma prática libertadora no ambiente escolar (educação 
formal), pois defende a autonomia pedagógica dos movimentos populares e organizações 
trabalhadoras e sindicais (no âmbito da educação não-formal), postulando que uma 
educação verdadeiramente libertadora se daria fora das instituições escolares. 
No entanto, quando o Partido dos Trabalhadores assumiu o governo de algumas prefeituras, 
esta concepção de educação transladou-se para a esfera estatal e escolar. Pois, segundo 
Saviani (2013), em termos de conjuntura política, a pedagogia libertadora vinculava-se ao 
Partido dos Trabalhadores (PT). Mas sem tratar desse aspecto, Libâneo e Saviani vão 
concordar que muitos educadores e professores se engajaram com essa concepção 
libertadora e assumiram alguns de seus preceitos em sua prática educativa nas instituições 
escolares. 
 
Pressupostos teóricos e filosóficos 
Julgo ser necessário deixar claro que Paulo Freire não pode ser considerado marxista e nem 
sua visão teórica de análise como perspectiva marxista. Apesar de citar autores marxistas em 
suas obras, ele faz isso apenas para reforçar os aspectos de sua abordagem, mas sem possuir 
compromisso a perspectiva teórica marxista. Por exemplo, no livro Pedagogia do Oprimido, 
Paulo Freire traz conceitos antagônicos como o opressor x oprimido, que tem base dialética 
do senhor e do escravo de Hegel. 
Segundo Saviani, Paulo Freire assume a versão política do solidarismo cristão, como em 
Pedagogia do Oprimido ainda, quando estabelece condições para que o opressor possa se 
solidarizar-se com os oprimidos: “o opressor só se solidariza com os oprimidos quando seu 
gesto deixa de ser um gesto ingênuo e sentimental de caráter individual, e passa a ser um ato 
de amor para com eles” (p. 46-47). É nesse sentido que entendemos que a matriz filosófica de 
Paulo Freire não está em Marx, mas no existencialismo (personalismo) cristão, voltado para o 
solidarismo cristão de modo radical desembocando na “teologia da libertação”. Saviani diz 
que “poderíamos mesmo considerar que a pedagogia libertadora de Freire é o correlato, em 
educação, da ‘teologia da libertação’” (p. 333). 
Paulo Freire, no bojo de toda sua obra, principalmente no livro “Pedagogia do Oprimido”, critica 
a Educação Bancária, modelo de educação tradicional em que o aluno passivamente 
armazena todo o conhecimento depositado pelo professor de forma engessada e sem uma 
reflexão crítica ou contextualização de todo aquele saber. 
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Ao criticar o modelo de educação dominante vigente até então marcado pelo “gosto da 
palavra oca”, Freire (1974) chega à conclusão de que uma educação que proporcione ao 
homem meios para superar suas atitudes ingênuas e mágicas diante da sua realidade estaria 
baseada em: “A) num método ativo, dialogal, crítico e criticizador; B) na modificação do 
conteúdo programático da educação; C) no uso de técnicas como a da Redução e da 
Codificação” (p. 107). Seria possível a partir de um método ativo, dialogal e participante. Vamos 
abordar cada item citado a seguir. 
A) Uma das marcas principais da Pedagogia Libertadora é a relação dialógica entre 
educador e educando mediante uma relação horizontal, em que ambos se tornam sujeitos 
do ato do conhecimento. Para Freire o diálogo se nutre o amor, humildade, esperança, fé e 
confiança e, por isso, somente o diálogo comunica e pode gerar a criticidade. O diálogo é 
contrário ao “antidiálogo”.

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