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resenha_de_agroecologia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA 
CATARINA 
Campus Universitário de Curitibanos 
Curso de Ciências Rurais 
Rod. Municipal Ulisses Gaboardi, km 3 - CEP 89.520-000 
Curitibanos – Santa Catarina 
CRC 7509 - Agroecologia 
Profª Karine Louise dos Santos 
Alunos: José Lucas Safanelli 
Bruna Andriolli 
Resenha de Agroecologia – Agrossistemas 
 
 O título do texto é “Ecologia aplicada a agrossistemas com base para a 
sustentabilidade”, escrito pela Alice Maria Garcia, tratando-se da explicação dos 
conceitos ecológicos voltados para a agricultura, a fim de diminuir gastos energéticos, 
promover interações positivas, promover a biodiversidade e obter uma produção 
socioeconômica sustentável. 
 O texto inicia ressaltando a necessidade da agricultura para a população, onde 
houve muitas implicações da agricultura nestes últimos anos. Vale acrescentar que os 
impactos das atividades agrícolas não se restringem somente nas áreas de cultivo, mas 
também se difundem para locais distantes de origem, para outros ecossistemas, devido 
ao fato da mobilidade destes processos produtivos e a necessidade de recursos presentes 
em outras áreas. Houve então nestes últimos anos um reconhecimento por 
pesquisadores e aos poucos pela população, que o modelo atual da agricultura 
compromete os recursos naturais, a saúde humana e a alimentação. 
 Com base nestes contextos, cria-se a necessidade a adoção de novos paradigmas, 
com parâmetros ecológicos, para uma continuidade e sustentabilidade agrícola para as 
próximas gerações. Utilizando a ecologia para a compreensão da estrutura e 
funcionamento dos ecossistemas e outros conceitos mais amplos relacionados a 
componentes econômicos e sociais, pode-se buscar uma organização destinada ao 
agroecossistema. Essa interação de conceitos ocorre da mediação do agricultor, que 
produz um agroecossistema característico de acordo como é organizado o seu 
estabelecimento, de acordo com os objetivos a serem atingidos e como ocorre a 
disponibilidade de recursos para a produção, além do conhecimento empírico formado 
ao longo do tempo. Tudo isso acarreta na garantia de sua reprodução socioeconômica e 
da sua família. Isso nos implica que essa concepção de agroecossistema depende do 
acesso a terra, informação e adoção de tecnologias adequadas às condições ecológicas 
existentes. 
 Sendo assim, muitos estudos agroecológicos com diferentes enfoques têm 
contribuído para a compreensão do funcionamento dos agroecossistemas e elaboração 
de propostas para uma agricultura sustentável. Estes enfoques para a sustentabilidade 
são encontrados nas seguintes grandes áreas de investigação: energética, ciclagem, 
interações e papel da biodiversidade. 
 Na primeira grande área, sabe-se que o agroecossistema pode ser analisado com 
unidade de captar e tornar disponível a energia vital para a espécie humana. A luz do sol 
é a fonte principal de energia, que incorporada aos componentes bióticos do sistema, via 
fotossíntese, constituindo a base da sustentação energética da grande maioria dos 
sistemas vivos no planeta. A fotossíntese, porém, é limitada por fatores como 
temperatura, disponibilidade de água, gás carbônico e nutrientes, além de outros fatores 
bióticos como pragas e patógenos que consomem parte da biomassa produzida. Essa 
energia também não é totalmente aproveitada, pois existe o gasto energético com a 
respiração, ou seja, parte da energia se perde desde o primeiro até os seguintes níveis 
tróficos. Para contornar estas limitações causadas pelas condições ambientais físicas e 
bióticas, são utilizadas práticas e tecnologias que injetam no sistema agroecológico 
grande quantidade de energia, onde grande parte destes recursos comprometem em 
longo prazo as condições ambientais locais, necessitando ainda mais recursos de grande 
demanda energética ao passar do tempo, criando um ciclo vicioso. Ainda leva-se em 
conta que algumas destas práticas e tecnologias criam riscos a saúde humana, sem ao 
mesmo ter certeza dos possíveis efeitos. 
 Já um agroecossistema menos industrial, utilizando práticas mais ecológicas e 
sustentáveis, ocorre à incorporação da conservação da base de recursos naturais e 
aproveitamento dos serviços da biodiversidade, propiciando uma produtividade 
econômica aceitável, levando ainda a reconstituição de processos ecológicos 
importantes para manutenção da capacidade produtiva do ecossistema ao longo do 
tempo. Por isso a necessidade da análise energética do agroecossistema, pois o fluxo 
energético compreendendo o sol e outras fontes energéticas fósseis acabam 
comprometendo a sustentabilidade do agroecossistema, desde o uso dos recursos, 
conservação da biodiversidade e a qualidade de vida humana. 
 Já na ciclagem de nutrientes, os ciclos biogeoquímicos representam sistemas 
dinâmicos de transferência de nutrientes entre diferentes compartilhamentos formados 
por organismos (vivos e mortos) e a porção abiótica da natureza. Isto ocorre 
normalmente em ambientes naturais, estabelecendo uma reciclagem de nutrientes 
essenciais para a manutenção do ecossistema. Infelizmente a agricultura convencional 
compromete com a estrutura e organização destes sistemas, onde poderia facilmente ser 
promovida e utilizada para minimizar impactos e levar a melhor utilização e 
conservação de nutrientes. Vale ressaltar ainda que a colheita representa um dreno de 
nutrientes dos agroecossistemas, porém é inevitável e razão da própria agricultura. O 
seu impacto sobre a ciclagem varia consideravelmente com os objetivos da produção. 
Aonde ocorre a retirada de nutrientes pela colheita de determinada cultura e a 
exportação dessa biomassa para outros locais, as reservas e os processos de formação 
dos solos não são suficientes para a reposição, levando então a degradação das 
condições de produção. Daí a importância de conhecer, conservar e favorecer os 
mecanismos ecológicos de retenção de nutrientes e da manutenção de ciclos localizados. 
 O nitrogênio, por exemplo, é um nutriente que seu ciclo pode ser otimizado ou 
conservado por algumas práticas como: a manutenção da cobertura vegetal ao ano todo, 
manutenção da matéria orgânica no solo, compatibilização de práticas agrícolas e uso de 
espécies fixadoras de nitrogênio (leguminosas). Estas práticas são utilizadas por alguns 
agricultores, e é importante devido o fato que o controle da ciclagem deste nutriente em 
agroecossistemas ilustra processos eficientes também para a conservação de outros 
nutrientes do solo. Nos ecossistemas, os organismos e suas interações são os principais 
responsáveis por mecanismos de conservação da maioria dos nutrientes e não apenas do 
nitrogênio. Assim, práticas de manejo orientadas à maior sustentabilidade em 
agroecossistemas devem considerar o papel das interações e da biodiversidade nos 
processos de ciclagem. 
 Processos básicos como ciclagem de nutrientes e fluxo de energia e de regulação 
de populações pragas viabilizam-se através de interações ou sofrem interferência direta 
destas. Plantas, animais, microrganismos e componentes abióticos do solo se 
interconectam via mecanismos interativos. O estudo de interações procura avaliar a 
importância relativa do recurso alimentar, como plantas, por exemplo, para herbívoros; 
hospedeiros para parasitas; o papel da competição, da predação, dos mutualismos, das 
interações múltiplas sobre a evolução; a dinâmica populacional das espécies sobre a 
forma como as espécies utilizam esses recursos, como se distribuem no habitat e seus 
papéis na comunidade. Analisar o papel dos organismo no seu habitat é um aspecto 
promissor para a ecologia de interações aplicada a agroecossistemas. Dados 
comparativos são necessários, para caracterizá-la como engenheira no ambiente físico 
com efeitos positivos no agroecossistema. Além disso, estudar também o papel indireto 
dos organismos sobre o ambiente físico e suas consequências sobre a comunidade 
biótica. Um dos desafiosda Agroecologia é trabalhar com a produção e difusão de 
conhecimentos sobre a relevância de outras interações, em especial as interações 
positivas. Essas interações podem ser favorecidas em sistemas de média complexidade e 
heterogeneidade, onde podem ser estudadas e modeladas. 
 Relacionando o papel da biodiversidade nos sistemas agroecológicos, durante 
muito tempo se argumentou se sistemas complexos, com maior número de espécies, são 
mais estáveis, referindo-se principalmente a espécies-pragas de cultivo, que não sofriam 
explosões populacionais, e, portanto não causariam problemas. Isto é explicado pela 
variação de importância relativa e de substituição de atores principais nas diferentes 
funções e interações no agroecossistema. Há um limite, porém para a diversificação 
nestes sistemas, pois a partir de certo limiar, torna-se impossível administrar sistemas 
complexos. 
 Assim sendo, agroecossistemas manejados ecologicamente implica na redução 
de demanda de energia necessária para seu controle, maior conservação de recursos, da 
biodiversidade e aproveitamento mais eficiente dos serviços da natureza. A partir da 
ecologia básica e de seu desenvolvimento, e especialmente, de compreensão de como as 
diferentes teorias ecológicas podem ser aplicadas na agricultura, que é possível uma 
nova concepção de organização de sistemas agrícolas produtivos e sustentáveis para 
esta e para gerações vindouras. É, portanto, indispensável levar em conta que a estrutura 
do agroecossistema é também determinada por um grande conjunto de fatores do 
ambiente socioeconômico, cultural e histórico. 
 Nós, alunos de Ciências Rurais, a partir da análise deste texto, compreendemos a 
importância dos agroecossistemas voltados a práticas ecológicas, e que com certeza, há 
a necessidade da introdução deste sistema nas mais diversas áreas da agricultura, pois 
pensando em longo prazo na parte da conservação da biodiversidade e na produção de 
alimentos, este sistema é o que mais se adequa e que garantirá parte destes objetivos 
propostos pela agroecologia. Dentro destes objetivos está a produção líquida que é 
aceitável ecologicamente, socialmente e economicamente, promovendo os enfoques das 
teorias ecológicas citadas anteriormente, no qual é pouco notável e/ou não presente nos 
agroecossistemas convencionais.

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