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Curso de Cadastro Ambiental Rural - Preenchimento do CAR 3 - UFV

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CapCAR
CURSO DE CAPACITAÇÃO PARA O CADASTRO AMBIENTAL RURAL
José Roberto Soares Scolforo
Samuel Campos
Luís Antônio Coimbra Borges
Sarita Soraia de Alcântara Laudares
Dalmo Arantes de Barros
Athila Leandro de Oliveira
Renata Carvalho do Nascimento
Luiz Otávio Moras Filho
Cleide Mirian Pereira
Universidade Federal de Lavras
Lavras - 2014
Curso de Extensão a Distância
Sequência III de preenchimento do CAR: 
Regularização Ambiental e Informações
Curso de capacitação para o Cadastro Ambiental Rural (CapCAR) : 
 sequência III de preenchimento do CAR (informações 
adicionais) 
 / Sarita Soraia de Alcântara Laudares ... [et al.]. – Lavras : 
 UFLA, 2014.
 17 p. : il. - (Textos temáticos).
 Uma publicação do Departamento de Ciências Florestais em 
parceria com o Centro de Educação a Distância da Universidade 
Federal de Lavras.
 Bibliografia.
 1. Cadastro ambiental rural. 2. Informações adicionais. 3. Adesão 
ao Programa de Regularização Ambiental. I. Laudares, Sarita Soraia 
de Alcântara. II. Universidade Federal de Lavras. III. Série. 
CDD – 333.76 
Ficha Catalográfica Elaborada pela Coordenadoria de Produtos e 
Serviços da Biblioteca Universitária da UFLA
Governo Federal
Presidente da República: Dilma Vana Rousseff
Ministra do Meio Ambiente: Izabella Teixeira
Ministro da Educação: José Henrique Paim Fernandes
Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável Gerência de Regularização Am-
biental: Gabriel Henrique Lui
Universidade Federal de Lavras
Reitor: José Roberto Soares Scolforo
Vice-Reitora: Édila Vilela Resende Von Pinho
Pró-Reitor de Extensão: José Roberto Pereira
Centro de Educação a Distância da UFLA
Coordenador Geral: Ronei Ximenes Martins
Coordenador Pedagógico: Warlley Ferreira Sahb
Coordenador de Tecnologia da Informação: André Pimenta Freire
Coordenador do Curso: Luís Antônio Coimbra Borges 
Equipe de produção do curso:
Gerente do Projeto: Samuel Campos
Subgerente do Projeto: Ewerton Carvalho
Supervisora Pedagógica e de Designer Instrucional: Cleide Mirian Pereira
Supervisor de Tecnologia da Informação: Alexandre José de Carvalho Silva
Produção do Material: Athila Leandro de Oliveira
 Dalmo Arantes de Barros
 Luiz Otávio Moras Filho
 Renata Carvalho do Nascimento
 Sarita Soraia de Alcântara Laudares
Designer de Jogos: Pedro Nogueira Crown Guimarães
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 Rodrigo Ferreira Fernandes
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5
Unidade 2 
2.5 - Sequência III de preenchimento do CAR: 
Regularização Ambiental e Informações
Sumário
INTRODUÇÃO ....................................................................................................7
1. ADESÃO AO PRA..........................................................................................12
2. DÉFICIT DE VEGETAÇÃO ...........................................................................12
2.1. Déficit de vegetação na Reserva Legal ......................................................13
2.1.1. Compensação da Reserva Legal ............................................................15
2.1.1.1. Aquisição de Cota de Reserva Ambiental (CRA) .................................16
2.1.1.2. Arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou 
 Reserva Legal ......................................................................................16
2.1.1.3. Cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, 
 em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, 
 com vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, 
 desde que localizada no mesmo bioma ...............................................17
2.1.1.4. Doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade 
 de Conservação (UC) de domínio público pendente de 
 regularização fundiária .........................................................................17
2.1.1.5. Compensação não realizada ................................................................18
2.1.2. Condução da regeneração natural na Reserva Legal .............................18
2.1.3. Recomposição da Reserva Legal............................................................19
2.2. Déficit de vegetação na APP ou AUR .........................................................20
2.2.1. Regularização de APPs hídricas .............................................................21
2.2.2. Regularização de APPs de relevo ...........................................................25
2.2.3. Regularização de outras APPs ................................................................26
2.2.4. Observações importantes a respeito da regularização de APPs ............28
2.2.5. Regularização de Áreas de Uso Restrito ................................................29
3. TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA (TAC) ..................................................30
4. PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS (PRAD) ........31
6
5. INFRAÇÕES ANTERIORES A 22/07/2008 (USO CONSOLIDADO).............32
6. EXCEDENTE DE VEGETAÇÃO NATIVA ......................................................33
6.1. Constituir servidão ambiental .....................................................................34
6.2. Disponibilizar para compensação de RL mediante arrendamento .............34
6.3. Emissão da Cota de Reserva Ambiental (CRA) .........................................34
6.4. Utilização em outro imóvel de mesma titularidade que possua déficit de 
 remanescente de vegetação nativa, desde que localizada 
 no mesmo bioma ........................................................................................35
6.5. Utilizar para outros fins ...............................................................................35
7. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL ...............................35
8. COTA DE RESERVA FLORESTAL (CRF) .....................................................36
9. TEMPORALIDADE DA RESERVA LEGAL ....................................................36
10. ALTERAÇÕES NO TAMANHO DO IMÓVEL ...............................................37
10.1. Desmembramento ou fracionamento .......................................................37
10.2. Remembramento ou agrupamento...........................................................38
CONCLUSÃO....................................................................................................39
REFERÊNCIAS..................................................................................................40
7
INTRODUÇÃO
O termo regularização ambiental é definido como “o conjunto de atividades 
desenvolvidas e implementadas no imóvel rural que visem atender ao disposto na 
legislação ambiental e, de forma prioritária, garantam a manutenção e recuperação 
de APPs, AURs e RLs e a compensação da RL, quando couber” (art. 2º, XV, Decreto 
nº 7.830/2012).
É importante definir que para o Cadastro Ambiental Rural existe diferença 
entre os termos “regularidade ambiental” e “regularização ambiental”, o primeiro sig-
nifica que o proprietário ou possuidor detém um imóvel que está em conformidade 
com as leis ambientais. Observe que o ato de realizar o CAR garante a regularidade 
do imóvel para fins de obtenção de crédito rural. No entanto, isso não significa que 
o imóvel não está pendente de regularização, caso possua algum passivo ambiental 
em APP, AUR ou RL.
O termo “regularização ambiental”, associado aos imóveis rurais, está direta-
mente relacionado ao ordenamento do uso do solo, ou seja, à delimitação das áreas 
encontradas no interior de um imóvel, providas de tratamento diferenciado pelo Có-
digo Florestal.
Nesse contexto ressaltam-se as seguintes classes de uso do solo:
a) Área de Preservação Permanente: APP.
Figura 1. APP no entorno de curso d’água. Fonte: http://goo.gl/fPd1we.
8
b) Reserva Legal: RL (uso limitado).
Figura 2. Detalhe da Reserva Legal. Fonte: http://goo.gl/eDKQi5.
c) Área de Uso Restrito: AUR (Pantanais e planícies pantaneiras e áreas de incli-
nação entre 25o e 45o).
Figura 3. Área de Uso Restrito. http://goo.gl/s4kpQc.
9
d) Uso Antrópico Consolidado: área rural ribeirinha consolidada.
Figura 4. Área rural consolidada. Fonte: http://goo.gl/pZstrJ.
e) Uso alternativo do solo: plantios.
Figura 5. Plantio de milho safrinha em propriedades rurais, MS. Fonte: http://goo.
gl/7JoCMq.
10
f) Uso temporário: áreas de pousio e de atividades eventuais.
Figura 6. Área de Pousio. Fonte: http://goo.gl/xudFyI.
g) Servidões: servidão administrativa ou ambiental.
Figura 7. Servidão Ambiental: Reserva Particular do Patrimônio Natural. Fonte: http://
goo.gl/P6nzr8.
11
Dessa forma, após a elaboração da planta ou croqui de identificação do imó-
vel rural no CAR, durante a etapa GEO, é possível que a avaliação do regime de pro-
teção das APP, AUR e RL indique a existência de áreas antropizadas, degradadas e 
alteradas que necessitarão, obrigatoriamente, de regularização.
Com o objetivo de apoiar a regularização ambiental dos imóveis rurais, o Go-
verno Federal, por meio do Decreto nº 8.235/2014, criou o Programa Mais Ambiente 
Brasil; enquanto, os Estados e Distrito Federal ficaram responsáveis por implantar 
seus respectivos Programas de Regularização Ambiental – PRA.
Além de estabelecer normas de caráter geral para regularização dos imóveis 
rurais, o Programa Mais Ambiente Brasil foi instituído para apoiar, articular e integrar 
os PRAs dos Estados e do Distrito Federal. Possibilitando assim que a regularização 
ambiental se dê por meio da edição de normativas de caráter específico, respeitando 
peculiaridades territoriais, climáticas, históricas, culturais, econômicas e sociais.
O PRA busca assegurar o cumprimento de boas práticas agronômicas, ca-
pazes de promover a conservação do solo e da água, por meio de tecnologias de 
produção ambientalmente sustentáveis.
Esse programa é composto de 4 importantes instrumentos, que são:
I. Cadastro Ambiental Rural (CAR);
II. Termo de Compromisso (TC);
III. Projeto de Recomposição de Áreas Degradadas e Alteradas (PRADA);
IV. Cotas de Reserva Ambiental (CRA), quando couber.
Entenda que estes instrumentos se integram durante o cadastro. Assim, a 
inscrição do imóvel rural no CAR, instrumento I, é uma condição obrigatória para a 
adesão ao PRA, onde o cadastrante deve manifestar esse interesse na etapa “Infor-
mações” no Módulo de Cadastro.
Após análise do CAR e identificação da necessidade de regularização, o ór-
gão competente integrante do SISNAMA convocará o proprietário ou possuidor para 
assinar o Termo de Compromisso (instrumento II), que se constituirá como um título 
executivo extrajudicial, a partir do qual, se comprova a regularidade do imóvel rural.
Ao aderir ao PRA, os proprietários ou possuidores deverão apresentar, junto 
ao órgão ambiental competente, propostas para regularização do passivo ambiental 
de seus imóveis, através do PRADA (instrumento III).
Este projeto deve conter os parâmetros para a recomposição ou regeneração 
das APP, AUR e RL, ou ainda a compensação da RL (quando couber). Uma das for-
mas de compensação da RL consiste na aquisição de Cotas de Reserva Ambiental 
– CRA (instrumento IV).
A adesão ao PRA é opcional, ou seja, caso o proprietário ou possuidor não 
12
queira aderir a esse programa, ele poderá regularizar seu imóvel por meios próprios, 
no entanto, mesmo nesses casos, a proposta de regularização deverá ser pactuada 
junto ao órgão competente e formalizada por meio do Termo de Compromisso. Vale 
ressaltar que, feita a adesão e assinatura do Termo de Compromisso, o proprietário 
ou possuidor não poderá ser autuado por infrações associadas à supressão irregular 
de vegetação nativa em APP, AUR e RL cometidas até 22 de julho de 2008, podendo 
serem suspensas as sanções aplicadas decorrentes destas infrações.
A seguir serão apresentados os conceitos e orientações relacionados às per-
guntas que deverão ser respondidas na etapa “Informações” do CAR, associadas à 
regularização ambiental do imóvel rural.
1. ADESÃO AO PRA
Figura 1.1. Adesão ao PRA.
A primeira pergunta dessa etapa consiste na possibilidade de o proprietário 
ou possuidor rural aderir ao PRA. Para tanto, caso seja essa a vontade, deve-se 
informar que “sim”, no campo disponível, conforme Figura 1.1.
2. DÉFICIT DE VEGETAÇÃO
Para regularizar os passivos ambientais de um imóvel rural, deverão ser rea-
lizadas ações para recompor ou promover a regeneração natural nas APPs, AURs e 
RL, além da compensação da Reserva Legal. Esses assuntos serão detalhados nos 
itens a seguir.
13
2.1. Déficit de vegetação na reserva legal
Figura 2.1.1. Déficit de vegetação nativa na RL.
A Reserva Legal deve ser conservada com cobertura de vegetação nativa 
pelo proprietário do imóvel rural, possuidor ou ocupante a qualquer título, seja pes-
soa física ou jurídica, de direito público ou privado. Nessa etapa, o proprietário/pos-
suidor deverá informar se há déficit de vegetação nativa na RL do imóvel cadastrado, 
em relação aos parâmetros definidos no art. 12 do Código Florestal. Caso negativo 
deve-se seguir para a próxima pergunta. Caso positivo deve-se atentar a dois novos 
campos a serem preenchidos:
I. “Qual alternativa você prefere adotar, isolada ou conjuntamente, para regularizar 
o déficit?”.
II. “Caso realize compensação, como deseja compensar a área com déficit?”.
Cabe relembrar, que o proprietário ou possuidor deverá manter área com co-
bertura de vegetação nativa a título de RL no imóvel, conforme os percentuais repre-
sentados na Figura 2.1.2.
14
Figura 2.1.2. Percentuais de RL estabelecidos no Código Florestal.
Para compor a RL é permitido o cômputo das APPs existentes no imóvel. 
Nesse caso, o proprietário ou possuidor não poderá suprimir qualquer remanescente 
de vegetação nativa no seu imóvel para uso alternativo do solo. Também é necessá-
rio que a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação 
e que o beneficiado tenha realizado o CAR. Observe que ao detectar que o imóvel 
possui déficit de vegetação nativa remanescente para compor a RL, o proprietá-
rio ou possuidor poderá utilizar parte da vegetação nativa localizada em APP para 
complementar os remanescentes de vegetação da RL, e assim, sanar seu déficit de 
remanescente em RL.
A RL também poderá ser instituídaem regime de condomínio (área de 
vegetação nativa que tem como dono um grupo de proprietários/possuidores) ou 
coletiva (único dono que abriga RL de outros imóveis), inclusive no caso de parcela-
mento do imóvel, onde a área de RL poderá ser agrupada em regime de condomínio 
entre os adquirentes.
Além disso, nos imóveis rurais que detinham, em 22 de julho de 2008, área 
de até 4 módulos fiscais (pequeno imóvel), e que possuíam remanescente de vege-
tação nativa em percentuais inferiores ao previsto em lei, a RL pode ser constituída 
pela área ocupada com a vegetação nativa existente até essa data. Nesse caso, o 
proprietário ou possuidor não poderá suprimir qualquer remanescente de vegetação 
nativa no seu imóvel para uso alternativo do solo.
A flexibilização descrita anteriormente consiste na simplificação do processo 
de regularização ambiental para pequenos imóveis rurais, política pública explícita 
no Código Florestal, que beneficia o pequeno imóvel de agricultura familiar.
Contudo, o proprietário ou possuidor contará com alternativas para regulari-
zar sua situação, que estão descritas a seguir.
15
2.1.1. Compensação da Reserva Legal
A compensação da Reserva Legal é um mecanismo pelo qual o proprietário 
ou possuidor pode regularizar sua RL, adquirindo áreas equivalentes em outro imóvel 
rural, em vez de destinar áreas de uso produtivo para regeneração natural ou recom-
posição.
As áreas a serem utilizadas para compensação deverão atender aos seguintes 
requisitos:
I. serem equivalentes em extensão à área da RL a ser compensada;
II. estar localizada no mesmo bioma da área de RL a ser compensada;
III. se fora do Estado, estar localizada em áreas identificadas como prioritárias para 
conservação, pela União ou pelos Estados, buscando favorecer a recuperação de 
bacias hidrográficas excessivamente desmatadas, o estabelecimento de corredores 
ecológicos, a conservação de grandes áreas protegidas e a conservação ou recupe-
ração de ecossistemas ou espécies ameaçadas.
Ressalta-se que as medidas de compensação não poderão ser utilizadas como 
forma de viabilizar a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo, ou seja, 
caso exista remanescente de vegetação nativa no imóvel que solicitou a compensa-
ção, este remanescente deverá ser mantido conservado, não podendo ser desmatado.
Assim, conforme visto na Figura 2.1.1, o preenchimento referente à compensa-
ção poderá ser feita assinalando:
a) aquisição de cota de reserva ambiental (CRA);
b) arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou Reserva Legal;
c) cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Legal, em imóvel 
de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com vegetação nativa esta-
belecida, em regeneração ou recomposição, desde que localizada no mesmo bioma;
d) doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade de Conservação 
(UC) de domínio público pendente de regularização fundiária;
e) compensação não realizada.
Vale ressaltar que é obrigatória a suspensão imediata das atividades em área 
de Reserva Legal desmatada irregularmente após 22 de julho de 2008. Nesses casos, 
não se admite a compensação, devendo o processo de recomposição da Reserva 
Legal ser iniciado em até 2 (dois) anos, contados a partir da publicação da Lei nº 
12.651/2012, e concluído nos prazos estabelecidos pelo Programa de Regularização 
Ambiental – PRA, sem prejuízo das sanções administrativas, cíveis e penais cabíveis.
16
2.1.1.1. Aquisição de Cota de Reserva Ambiental (CRA)
Figura 2.1.1.1.1. Cota de Reserva Ambiental.
Nesse caso, o proprietário ou possuidor que não tem área de RL suficiente 
em seu imóvel pode adquirir uma Cota em outro imóvel. No entanto, é importante 
lembrar que um segundo proprietário (nesse caso é somente o proprietário), apenas 
pode dispor de parte da RL de seu imóvel para constituir uma CRA, se ele tiver mais 
remanescente que o necessário para sua propriedade.
2.1.1.2. Arrendamento de área sob regime de servidão ambiental ou Reserva 
Legal
Figura 2.1.1.2.1. Arrendamento de área sob regime de servidão ambiental
Nessa situação outro imóvel que possua cobertura de vegetação nativa é 
arrendado pelo proprietário ou possuidor para compensar sua respectiva RL. Essa 
situação geralmente ocorre quando não há remanescente, ou quando o modo de 
ocupação do solo não permite mudanças de uso.
17
2.1.1.3. Cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva Le-
gal, em imóvel de mesma titularidade ou adquirida em imóvel de terceiro, com 
vegetação nativa estabelecida, em regeneração ou recomposição, desde que 
localizada no mesmo bioma
Figura 2.1.1.3.1. Cadastramento de outra área equivalente e excedente à Reserva 
Legal em imóvel de mesma titularidade.
Nessa situação a compensação é feita em outro imóvel de mesma titularidade 
que possua excedente de vegetação nativa. Sendo assim, o imóvel que possui esse 
tipo de cobertura vegetal irá destinar essa área para a composição das duas RLs 
(das duas propriedades).
2.1.1.4. Doação ao poder público de área localizada no interior de Unidade de 
Conservação (UC) de domínio público pendente de regularização fundiária
Figura 2.1.1.4.1. Doação de área no interior de UC.
18
No interior das UCs podem existir áreas ocupadas irregularmente, pendentes 
de regularização fundiária. Nesse caso o proprietário ou possuidor do imóvel irá dis-
ponibilizar uma área pendente de regularização dentro de uma UC e doá-la ao poder 
público, em regime de servidão ambiental.
2.1.1.5. Compensação não realizada
O cadastrante também poderá assinalar a opção “Não irei realizar compensa-
ção”. Isso se deve aos processos simplificados de regularização da RL dos peque-
nos imóveis rurais da agricultura familiar. Nesse caso, eles poderão instituir sua RL 
sobre o percentual de vegetação existente antes de 22 de julho de 2008; ou para os 
casos onde o cadastrante optou por recompor ou regenerar a área no imóvel.
2.1.2. Condução da regeneração natural na Reserva Legal
A regeneração natural consiste na recuperação de uma área por meio da su-
cessão natural, necessitando apenas do isolamento da área a ser recuperada para 
que esta se desenvolva (ENGEL; PARROTTA, 2003).
Ao cercar uma área onde o solo se encontra exposto, impedindo a passagem 
de máquinas e animais, o proprietário ou possuídor está facilitando a regeneração 
natural dessa área, desde que existam condições ambientais e ecológicas favorá-
veis para isso.
Atualmente, este método é um dos indicados para restauração florestal em 
APP de acordo com as diretrizes do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONA-
MA). Para o sucesso da condução da regeneração natural é necessária a proximi-
dade a remanescentes de vegetação nativa, devido à disponibilidade de propágulos 
(sementes) a serem dispersados. Para mais informações acesse: http://www.mma.
gov.br/port/conama/.
19
Figura 2.1.2.1. Cercamento da área destinada à condução de regeneração natural. 
Fonte: http://goo.gl/XT5nTC.
2.1.3. Recomposição da Reserva Legal
Recomposição, segundo o art. 2º, VIII do Decreto nº 7.830/2012, significa 
“restituir um ecossistema ou comunidade biológica nativa degradada ou alterada a 
condição não degradada, que pode ser diferente de sua condição original”.
É permitido que a recomposição da RL seja realizada, pelo proprietário ou 
possuidor, mediante o plantio intercalado de espécies nativas de ocorrência regional 
com espécies exóticas ou frutíferas (até 50%), em sistema agroflorestal. De acordo 
com o Código Florestal, é admitido, para aqueles que optarem por recompor a RL, a 
exploração econômica dessa área desde que sejam adotadas boas práticas agro-
nômicas com vistas à conservação do solo e da água
A recomposição deverá atender aos critérios estipulados pelo órgão ambien-
tal competente do SISNAMA, abrangendo a cada 2 anos, no mínimo 1/10 da área 
total. Sendo assim, a recomposição deve ser concluída em até 20 anos.
20
Figura 2.1.3.1. Possibilidade de recomposição da RL. Fonte:http://goo.gl/hqg38t.
2.2. Déficit de vegetação na APP ou AUR
A regularização das APPs e AURs, conforme os limites de proteção previstos 
no Código Florestal, considera as atividades agrossilvipastoris em locais onde houve 
conversão do uso do solo até 22 de julho de 2008.
Para isso, o Decreto nº 7.830/2012 estabelece, no art. 19, que as faixas míni-
mas de regularização das APPs, os métodos e alternativas que podem ser adotados, 
isolada ou conjuntamente, para regularização são:
I. condução de regeneração natural de espécies nativas;
II. plantio de espécies nativas;
III. plantio de espécies nativas conjugado com a condução da regeneração natural 
de espécies nativas;
IV. plantio intercalado de espécies lenhosas, perenes ou de ciclo longo, nativas de 
ocorrência regional ou exóticas, em até 50% da área total a ser regularizada, no 
caso da pequena propriedade ou posse rural familiar.
21
2.2.1. Regularização de APPs hídricas
Quanto às faixas mínimas de regularização das APPs, foram estabelecidos 
no art. 61-A do Código Florestal, limites mínimos, os quais se encontram represen-
tados na Figura 2.2.1.1. Essa forma de regularização ficou também conhecida como 
“regra da “escadinha”.
Tabela 2.2.1.1 Representação da regularização de área consolidada em APPs 
hídricas (regra da “escadinha”).
Deve-se ressaltar que, de acordo com o art. 61-B do Código Florestal, aos 
imóveis rurais que, em 22 de julho de 2008, detinham até 10 módulos fiscais (MF) e 
desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em APP é garan-
tido que a exigência de recomposição, somadas todas as APPs do imóvel, é obriga-
tória somente até os limites:
I. 10% da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de até 2 MFs;
II. 20% da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de 2 a 4 MFs.
a) Cursos d’água, Lagos e Lagoas naturais
Devem ser regularizadas as faixas mínimas às margens dessas APPs, como 
caracterizado na Figura 2.2.1.1, de acordo com o tamanho do imóvel. Para a peque-
na propriedade ou posse rural familiar é admitido o plantio de culturas temporárias 
e sazonais de vazante de ciclo curto (como hortaliças, grãos e cereais) na faixa de 
terra que fica exposta no período de vazante dos rios e lagos. Isso é possível desde 
que não implique na supressão de novas áreas de vegetação nativa, sendo conser-
vada a qualidade da água e do solo e protegida a fauna silvestre.
22
Figura 2.2.1.1. Regularização de APP de cursos d’água.
Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais admite-se a prática da 
aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que sejam 
utilizadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos.
Vale ressaltar também que, para as acumulações naturais de água, como 
lagos e lagoas naturais, com lâmina d’água menor que 1 (um) hectare, fica dispen-
sada a APP, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa, salvo aquelas 
autorizadas pelo órgão ambiental competente do SISNAMA (Figura 2.2.1.2).
Figura 2.2.1.2. Regularização de APP em lagos ou lagoas naturais.
b) Reservatórios artificiais
Para as acumulações artificiais de água (assim como os naturais), com lâmi-
na d’água menor que 1 (um) hectare, fica dispensada a APP, sendo vedada nova 
supressão de áreas de vegetação nativa, exceto quando autorizadas pelo órgão 
ambiental competente do SISNAMA.
23
Já na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração de 
energia ou abastecimento público é obrigatória a aquisição, desapropriação ou ins-
tituição de servidão administrativa pelo empreendedor das APPs criadas em seu 
entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental. Deve-se observar que 
a faixa mínima é de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, 
e que a faixa mínima é de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros, em 
área urbana, além de outras limitações descritas no parágrafo 1º e 2º do art. 5º do 
Código Florestal.
Figura 2.2.1.3. Regularização de APP reservatórios artificiais. Fonte: Pereira (2012).
c) Nascentes
Para regularização de APPs de nascentes, onde a vegetação nativa foi supri-
mida, deve-se obedecer a um mínimo de 15 m no entorno de suas margens, confor-
me descrito na Tabela 2.2.1.1. Serão admitidas que essas nascentes permaneçam 
sem vegetação nativa somente em caso de utilidade pública, caso para o qual, tam-
bém é permitida que, caso haja vegetação, essa seja suprimida (Figura 2.2.1.4).
24
Figura 2.2.1.4. Regularização de APP em nascentes.
d) Veredas
As áreas a serem regularizadas no entorno dessas APPs devem ser de no 
mínimo 30 m (para imóveis de até 4 MFs) ou 50 m (para imóveis maiores de 4 MFs), 
conforme descritas nas Figuras 2.2.1.5 e 2.2.1.6.
Figura 2.2.1.5. Regularização de APP em veredas para pequeno imóvel.
25
Figura 2.2.1.6. Regularização de APP em veredas para médios e grandes imóveis.
2.2.2. Regularização de APPs de relevo
Nas áreas rurais consolidadas, em APPs de encostas, bordas de tabuleiro ou 
chapadas, topos de morro e áreas com altitude superior a 1.800 m, fica permitida a 
manutenção de atividades florestais, culturas de espécies lenhosas, perenes ou de 
ciclo longo, bem como da infraestrutura física associada ao desenvolvimento de ati-
vidades agrossilvipastoris, vedada a conversão de novas áreas para uso alternativo 
do solo (art. 63 da Lei nº 12.651/2012).
Além disso, o pastoreio extensivo, nesses casos, deverá ficar restrito às áreas 
de vegetação campestre natural ou já convertidas; admitindo-se o consórcio com 
vegetação lenhosa perene ou de ciclo longo.
A manutenção das culturas e da infraestrutura de que trata essas áreas está 
condicionada à adoção de práticas conservacionistas do solo e da água indicadas 
pelos órgãos de assistência técnica rural.
No âmbito do PRA, admite-se também, nas bordas dos tabuleiros ou chapa-
das dos imóveis rurais com até 4 MFs, a consolidação de outras atividades agros-
silvipastoris, desde que adotadas boas práticas agronômicas e de conservação do 
solo e da água; e ainda que haja deliberação dos Conselhos Estaduais de Meio 
Ambiente ou órgãos colegiados estaduais equivalentes.
26
Figura 2.2.2.1. Regularização de APPs de relevo.
2.2.3. Regularização de outras APPs
a) Restingas
Será admitida a supressão de vegetação nativa protetora de restingas, em 
caso de utilidade pública e, excepcionalmente, para execução de obras habitacio-
nais e de urbanização, inseridas em projetos de regularização fundiária de interesse 
social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por população de baixa renda (§§ 
1º e 2º do art. 8º da Lei nº 12.651/2012).
27
Figura 2.2.3.1. Regularização de APPs de restinga. Fonte: http://goo.gl/eTeueU.
b) Manguezais
De acordo com o § 2º, art. 7º da Lei nº 12.651/2012:
§ 2º [...] poderá ser autorizada supressão, excepcionalmente, 
em locais onde a função ecológica do manguezal esteja com-
prometida, para execução de obras habitacionais e de urba-
nização, inseridas em projetos de regularização fundiária de 
interesse social, em áreas urbanas consolidadas ocupadas por 
população de baixa renda.
28
Figura 2.2.3.2. Regularização de APPs de mangue. Fonte: http://goo.gl/LWcb5C.
2.2.4. Observações importantes a respeito da regularização de APPs
a) A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em APP, somente ocorrerá nas 
hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental, 
previstos no Código Florestal, salvo em restingas e manguezais, onde só é admitida 
supressão em caso de utilidade pública.
b) Não haverá, em qualquer hipótese, direito à regularização de futuras intervenções 
ou supressões de vegetação nativa, além daquelas previstas no Código Florestal.
c) As APPs localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conserva-
ção de Proteção Integral, criadas por ato do poder público até a data de publicação 
da Lei nº 12.651/2012, não são passíveis de quaisquer usos considerados como 
consolidados, ou seja, estas APPs queforam degradadas deverão ser recuperadas 
em sua totalidade.
d) Antes mesmo da disponibilização do CAR, no caso das intervenções já existentes, 
o proprietário ou possuidor rural é responsável pela conservação do solo e da água, 
por meio de adoção de boas práticas agronômicas.
e) A realização das atividades em APP deve observar os critérios técnicos de con-
servação do solo e da água indicados no PRA, sendo vedada a conversão de novas 
áreas para uso alternativo do solo nestes locais.
f) Será admitida a manutenção de residências e da infraestrutura associada às ati-
vidades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, inclusive seus acessos, 
desde que não estejam em área que ofereça risco à vida ou à integridade física das 
pessoas.
http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fgoo.gl%2FLWcb5C&h=zAQF5_UeD
29
2.2.5. Regularização de Áreas de Uso Restrito
Áreas de uso restrito - AUR (pantanais ou planícies pantaneiras e áreas de 
inclinação entre 25º e 45º) são áreas que, embora passíveis de exploração econô-
mica, se submetem a um regime específico, teoricamente, mais rigoroso quanto a 
utilização de seus recursos ambientais.
a) Pantanais e planícies pantaneiras
O art. 10 da Lei nº12.651/2012 descreve que nessas AURs, será permitido 
seu uso, desde que se atente à exploração ecologicamente sustentável, conside-
rando-se as recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa. As novas su-
pressões de vegetação nativa, para uso alternativo do solo, ficam condicionadas à 
autorização do órgão estadual do meio ambiente.
Figura 2.2.5.1. Regularização de AURs de pantanais e planícies pantaneiras. Fonte: 
http://goo.gl/K5C32F.
b) Áreas de inclinação entre 25° e 45°
O art. 11 da Lei nº 12.651/2012 descreve que nessas APPs são permitidos: 
o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem 
como a manutenção da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das ativi-
dades. Devendo ser observadas as boas práticas agronômicas. É importante atentar 
que é vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade 
pública e interesse social.
30
Figura 2.2.5.2. Regularização de AURs de área de inclinação entre 25° e 45°. Fonte: 
Pereira (2012).
3. TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA (TAC)
Figura 3.1. Termo de Ajuste de Conduta (TAC).
O Termo de Ajuste de Conduta (TAC) é um documento pelo qual a pessoa 
interessada em prevenir um conflito ou reconhecendo que sua conduta ofende ou 
possa vir a ofender interesses difusos ou coletivos, assume perante o Ministério Pú-
blico, o IBAMA e/ou os órgãos ambientais competentes, o compromisso de mitigar, 
reparar, eliminar, reduzir ou mesmo compensar uma área onde houve supressão de 
vegetação em desconformidade com a lei. Isto pode ser feito por meio da adequação 
de seu comportamento às exigências legais, mediante a formalização do termo com 
força de título executivo extrajudicial (PEDRO, 2013).
31
O PRA trouxe o Termo de Compromisso (TC) como instrumento de regulari-
zação ambiental análogo ao TAC.
Caso exista um TAC formalizado referente à regularização de APP, AUR e RL 
do imóvel, o cadastrante deverá assinalar positivamente a pergunta e preencher os 
novos campos que serão exibidos: “Qual o órgão emitente?”, “Qual a data de assi-
natura?” e “Qual a data de encerramento?” (Figura 3.1). Em seguida, o proprietário 
ou posseiro deverá “Adicionar o TAC”. Caso tenha sido firmado mais de um TAC 
nesse mesmo imóvel, o cadastrante poderá incluí-los adicionando as respectivas 
informações.
Os TACs, termos de compromissos ou instrumentos similares para a regu-
larização ambiental do imóvel rural referentes às APPs, RL e AUR, firmados sob a 
vigência da legislação anterior, deverão ser revistos para se adequarem ao disposto 
na Lei no 12.651/2012, caso o proprietário ou o possuidor do imóvel rural assim so-
licite.
4. PROJETO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS (PRAD)
Figura 4.1. Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas.
O PRAD é um projeto que pode ser solicitado pelos órgãos ambientais como 
parte integrante do processo de licenciamento de atividades degradadoras ou modi-
ficadoras do meio ambiente e, também, após o empreendimento ter sofrido sanção 
administrativa por causar degradação ambiental.
Tecnicamente, o PRAD refere-se ao conjunto de medidas que propiciarão à 
área degradada, condições de estabelecer um novo equilíbrio dinâmico para uso fu-
turo e para o estabelecimento de paisagem esteticamente harmoniosa (IMA, 2014). 
No novo Código Florestal esse projeto pode ser denominado Projeto de Recomposi-
ção de Áreas Degradadas e Alteradas (PRADA), de forma análoga ao PRAD.
32
Sendo assim, caso exista um PRAD referente ao imóvel que está sendo ca-
dastrado, o cadastrante deverá assinalar positivamente e novos campos serão exi-
bidos para preenchimento: “Qual o órgão emitente?”, “Qual a data de assinatura?” 
e “Qual a data de encerramento?”. Em seguida, o proprietário ou posseiro deverá 
“Adicionar PRAD”. Caso tenha sido firmado mais de um PRAD nesse mesmo imóvel, 
o cadastrante poderá incluí-los.
Vale ressaltar que, com a aprovação dos órgãos ambientais competentes, o 
proprietário ou possuidor poderá solicitar revisão do PRAD, inclusive por razão do 
desenvolvimento de tecnologia relacionada à regularização ambiental, e firmar um 
PRADA.
5. INFRAÇÕES ANTERIORES A 22/07/2008 (USO CONSOLIDADO)
Figura 5.1. Infrações anteriores a 22 de julho de 2008.
Vale reafirmar que “Área consolidada” é a área de um imóvel rural que, na 
data de 22 de julho de 2008, estava sendo utilizada e ocupada com atividades agro-
silvipastoris. Este detalhe da data é muito importante, pois, caso uma área de vege-
tação nativa tenha sido convertida após essa data, ela não é classificada como área 
consolidada.
A determinação desse marco temporal tem como base uma questão de or-
dem jurídica, pois nesse dia foi publicado o Decreto Federal nº 6.514/2008, que 
regulamenta condutas infracionais referentes ao meio ambiente. Por isso, esta é a 
data de referência para comparar o uso e a ocupação do imóvel rural com as exigên-
cias do Novo Código Florestal, uma vez que os direitos e deveres do proprietário ou 
possuidor dependem de como as suas terras estavam sendo utilizadas e ocupadas 
naquela data e não na data atual.
É de suma importância que o proprietário ou possuidor rural responda cor-
retamente a esta questão, pois as áreas consolidadas têm tratamento diferenciado 
quanto a sua regularização ambiental.
A partir da assinatura do Termo de Compromisso, serão suspensas as san-
ções decorrentes das infrações cometidas antes de 22 de julho de 2008, relativas 
à supressão irregular de vegetação em APP, RL e AUR; devendo ser cumpridas 
33
as obrigações estabelecidas para regularização ambiental (§ 5° do art 59 da Lei 
n°12.651/2012).
As multas referidas neste artigo serão convertidas em serviços de preserva-
ção, melhoria e recuperação da qualidade do meio ambiente, regularizando o uso 
de áreas rurais consolidadas conforme definido no PRA. Dessa forma, os autos de 
infração já formalizados deverão ser declarados para que as sanções aplicadas pos-
sam ser suspensas.
6. EXCEDENTE DE VEGETAÇÃO NATIVA
Figura 6.1. Excedente de vegetação nativa.
Na condição de excedente de vegetação nativa, novos campos serão dispo-
nibilizados para que o proprietário ou possuidor informe o que desejará fazer com as 
áreas excedentes:
a) Constituir servidão ambiental;
b) Disponibilizar para compensação da Reserva Legal mediante arrendamento;
c) Emitir Cota de Reserva Ambeintal – CRA;
d) Utilizar em outro imóvel da mesma titularidade que possua déficit de remanescente 
de vegetação nativa, desde que localizada no mesmo bioma;
e) Utilizar para outros fins.
 Essas opções estão mais bem detalhadas a seguir.
34
6.1. Constituir servidão ambiental
A servidão ambiental ocorre quando o proprietário ou possuidor deseja limitar 
o uso de todo seu imóvel ou de parte dele para preservar, conservar ou recuperar os 
recursos ambientaisexistentes. Ressalta-se que a servidão ambiental não se aplica 
às APPs e à RL mínima exigida, apenas ao excedente de vegetação nativa.
Essa área pode inclusive ser instituída sobre regime de Reserva Particular 
do Patrimônio Natural (RPPN), que é uma modalidade de Unidade de Conservação, 
criada em área privada, gravada em caráter de perpetuidade, com o objetivo de con-
servar a diversidade biológica.
6.2. Disponibilizar para compensação de RL mediante arrendamento
O proprietário ou possuidor poderá utilizar o excedente de vegetação do imó-
vel que está sendo cadastrado, para compensação da RL do imóvel de outra pessoa 
que possua passivo de RL, por meio do arrendamento dessa área.
6.3. Emissão da Cota de Reserva Ambiental (CRA)
A CRA permite que a compensação, a que se obriga o proprietário de deter-
minada gleba de terra, seja realizada pela aquisição de título obtido por medidas 
ambientais tomadas em outra área particular de terceiro, desde que disponível e 
negociável no mercado imobiliário.
O Código Florestal (Lei nº 12.671/2012) instituiu, em seu art. 44, a CRA como 
um título representativo de áreas de vegetação nativa existente, ou em processo 
de regularização, substituindo a antiga Cota de Reserva Florestal (CRF). O objetivo 
da CRA é servir como título que poderá ser negociado no mercado, para atender a 
compensação de Reserva Legal exigida em lei.
O raciocínio é simples: a pessoa que optar em beneficiar ao meio ambiente, 
recebe um título que lhe concede um “crédito ambiental” pelo seu excedente. Por ou-
tro lado, o proprietário ou possuidor rural, ou mesmo o empreendedor, quando incor-
rer em algum “débito ambiental” como, por exemplo, o não atendimento ao mínimo 
exigido de área de RL em seus imóveis, pode adquirir um título daquele proprietário 
ou possuidor rural para compensar o prejuízo causado.
Em outros termos, segundo Lehfeld et al (2013), a cota permite que a com-
pensação a que se obriga o proprietário de determinada gleba de terra, seja reali-
zada pela aquisição de título obtido por medidas ambientais tomadas em outra área 
particular (de terceiro), disponibilizada em mercado negociável.
35
6.4. Utilização em outro imóvel de mesma titularidade que possua déficit de 
remanescente de vegetação nativa, desde que localizada no mesmo bioma
O proprietário ou possuidor poderá, mediante o CAR, utilizar o excedente de 
RL do imóvel que está sendo cadastrado, para fins de compensação da RL de outro 
imóvel, próprio ou de terceiros, que possua um passivo de RL, desde que ambos 
estejam localizados no mesmo bioma.
6.5. Utilizar para outros fins
Caso o proprietário ou possuidor não tenha interesse em utilizar o excedente 
de vegetação nativa para os fins descritos nos itens anteriores, ele deverá selecionar 
a opção “Utilizar para outros fins”. É o caso dos remanescentes de vegetação que se 
pretende suprimir com autorização do órgão competente do SISNAMA.
7. RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL
Figura 7.1. Reserva Particular do Patrimônio Natural.
A RPPN, como já foi dito, é uma categoria de Unidade de Conservação (UC) 
de uso sustentável criada pela iniciativa de proprietários ou possuidores rurais, ten-
do como principal característica a conservação da diversidade biológica.
Essa UC confere benefícios ao detentor do imóvel rural tais como: isenção do 
Imposto Territorial Rural (ITR); prioridade na análise de concessão de recursos do 
Fundo Nacional do Meio Ambiente, e preferência na análise do pedido de concessão 
de crédito agrícola. É permitida inclusive a comercialização de CRA na RPPN, incen-
tivando a proteção e conservação da vegetação nativa.
Caso exista uma RPPN dentro do imóvel, o cadastrante deverá informar a 
área, a data de publicação e o número do Decreto ou Portaria de reconhecimento 
desta UC.
36
8. COTA DE RESERVA FLORESTAL (CRF)
Figura 8.1. Cota de Reserva Florestal.
A CRF era um instrumento análogo à atual CRA do atual Código Florestal, 
possuindo as mesmas finalidades. Sobre a CRF aplica-se a regra de mesma equi-
valência entre ela e o CRA, devendo o cadastrante informar apenas se possui uma 
CRF.
9. TEMPORALIDADE DA RESERVA LEGAL
Figura 9.1. Temporalidade da Reserva Legal.
De acordo com o art. 68 do Código Florestal, os proprietários ou possuidores 
de imóveis rurais que realizarem supressão da vegetação nativa respeitando os per-
centuais de RL, previstos pela legislação em vigor à época em que isso ocorreu, são 
dispensados de promover a recomposição, compensação ou regeneração para os 
percentuais exigidos nesta lei.
37
Dessa forma, o cadastrante deverá responder este item, com base na supres-
são da vegetação nativa, nos documentos que possui comprovando a regularidade 
dessa supressão e na exigência de Reserva Legal do período. 
Assim, se o proprietário ou possuidor suprimiu toda a vegetação de seu imó-
vel rural, por exemplo, anteriormente a 1934 (época que não havia exigência de 
Reserva Legal) e apresentar documentos que comprovem esta situação, ele poderá 
marcar a última opção deste item (“Anterior a 23/01/1934’) e estará dispensado de 
promover a recomposição, compensação ou regeneração.
10. ALTERAÇÕES NO TAMANHO DO IMÓVEL
Figura 10.1. Alterações no tamanho do imóvel.
Nesse momento, o cadastrante deverá informar se houve alteração no ta-
manho da área do imóvel após 22/07/2008, que pode ter ocorrido mediante des-
membramento ou fracionamento, remembramento ou agrupamento. Caso responda 
que houve alteração na área detida pelo imóvel, deverá ser informada a área em 
22/07/2008. Esta será utilizada como parâmetro para fins de definição dos compro-
missos e benefícios de regularização do imóvel rural. Caso responda não, a área 
cadastrada na etapa GEO será utilizada como parâmetro.
10.1. Desmembramento ou fracionamento
Diante do desmembramento ou fracionamento de imóvel rural já cadastrado 
no CAR, o proprietário ou possuidor responsável deverá promover a atualização do 
cadastro realizado. Já para o imóvel rural originado desse processo, o proprietário 
ou possuidor deverá realizar nova inscrição.
Vale ressaltar que os proprietários não poderão alterar a localização da RL e 
devem manter a proporcionalidade da RL instituída nos imóveis rurais decorrentes 
desse processo.
38
10.2. Remembramento ou agrupamento
Os imóveis rurais já inscritos no CAR que forem agrupados ou remembrados 
também deverão refazer a inscrição, indicando os compromissos quanto ao cumpri-
mento dos percentuais da RL, descritos na primeira inscrição.
Salienta-se que essas obrigações têm natureza real e são transmitidas ao 
sucessor, no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural.
39
CONCLUSÃO
Vimos que as dez perguntas da etapa “Informações” são diretamente relacio-
nadas à regularização ambiental do imóvel rural que está sendo cadastrado, permi-
tindo, inclusive, que o proprietário ou possuidor faça a adesão ao PRA, regularizan-
do seus passivos ambientais de diversas formas.
Terminado o preenchimento dessa etapa, o cadastrante deverá clicar no íco-
ne “Finalizar” ( ), onde ele poderá gravar o CAR e enviar para o módulo de 
análise do SICAR. Essa etapa será melhor descrita em outro material.
.
40
REFERÊNCIAS
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Cadastro Ambiental Rural, o Cadastro Ambiental Rural, estabelece normas de caráter 
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br/ccivil_03/_Ato20112014/2012/Decreto/D7830.htm>. Acesso em: 19 set. 2014.
BRASIL. Decreto nº 8.235, de 05 de maio de 2014. Estabelece normas gerais com-
plementares aos Programas de Regularização Ambiental dos Estados e do Distrito 
Federal, de que trata o Decreto nº 7.830, de 17 de outubro de 2012, institui o Pro-
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2014.
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arts. 1°, 4°, 14, 16 e 44 e acresce dispositivos à Lei no 4.771, de 15 de setembro de 
1965, que institui o Código Florestal, bem como altera o art. 10 da Lei no 9.393, de 
19 de dezembro de 1996, que dispõe sobre o Imposto sobre a Propriedade Territorial 
Rural - ITR, e dá outras providências. Disponível em: <http://goo.gl/pkB2Vh>. Acesso 
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