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1 AV1 – Prática Médica 3 – Prof.ª Márcia Ney – Fernanda Pereira – 5º período Abordagem da prática clínica em medicina de família AULA 3 AULA 1 → Apresentação da disciplina AULA 2 → Caso da Danrley - https://www.youtube.com/watch?v=VcV37e1cSvw Qual deve ser o foco do cuidado: a doença ou a pessoa? Medicina centrada na pessoa. Visão holística. Verificar existência de rede de apoio. A entrevista clínica centrada na pessoa Foge à tradicional forma de construção clínica médica, focada exclusivamente no diagnóstico e na conduta, ou seja, em perguntas direcionadas à identificação da doença e ao posterior esclarecimento acerca do tratamento. Essa abordagem visa a um encontro menor diretivo, permitindo que o paciente tome parte na condução da entrevista e na escolha do tratamento. Prioriza-se a pessoa, não a doença. Proposta para romper com o processo de luto: escrever uma carta para o ente querido. Apoio psicológico é muito necessário. A medicina centrada na pessoa exige o entendimento do que o paciente sofre e sente, por isso é importante a equipe multidisciplinar. É necessário que o profissional de saúde se aproxime da pessoa e não da doença. Profissionais com menor reclamações: são os que orientam melhor os pacientes, utilizam o humor, escutam mais, facilitam para o paciente falar, pacientes apresentavam resultados de saúde mais positivos. Pacientes: diminuíram o uso dos serviços de saúde, melhoraram a aderência aos tratamentos reduziram as preocupações, melhoraram a saúde mental, reduziram os sintomas, melhoraram da recuperação de problemas recorrentes. Profissionais: ofereciam informações com mais facilidade e qualidade, diagnóstico mais preciso, tem melhores resultados de tratamento, são mais seguros, cometem menos erros clínicos, melhores relações de trabalho em equipe, aumento de satisfação no trabalho e diminuição do estresse (prevenção do burnout). - Menos reclamações por negligencia médica - Maior satisfação do médico - Maior satisfação dos que se sentem ou estão doentes - Maior adesão ao tratamento - Redução das preocupações - Melhor autoavaliação de saúde - Melhores condições fisiológicas No momento da entrevista deve-se permitir ao paciente a livre expressão de suas preocupações mais importantes; buscar que sejam verbalizadas perguntas concretas; favorecer e motivar que os pacientes expliquem suas crenças e expectativas sobre a sua enfermidade; facilitar a expressão emocional do paciente; proporcionar informações ao paciente e esclarecer suas dúvidas; envolver o paciente na construção do tratamento buscando entrar em acordo quanto à forma como ele acontecerá. Com o paciente idoso, as vezes é mais difícil fazer essa entrevista clínica, porque ele chega querendo contar todas as histórias já vivenciadas, então temos que ir conduzindo a entrevista de maneira sutil, para que as informações mais importantes para a consulta realmente sejam verbalizadas. [...] uma atuação centrada na pessoa apresenta resultados positivos comparada aos modelos tradicionais de abordagem, pois: diminui a utilização dos serviços de saúde, aumenta sua satisfação, diminui queixas por má prática, melhora a aderência aos tratamentos, reduz preocupações, melhora a saúde mental, reduz sintomas e melhora a recuperação de problemas recorrentes (STEWART et al. 1995) O método clínico centrado na pessoa Figura 1: O método clínico centrado na pessoa: quatro componentes interativos (STEWART, 2017). 1º momento: O que o paciente trás para a consulta? Quais são os sinais, sintomas, experiências, há quanto tempo ele convive com aquilo (?), o que está angustiando-o (?), o que está errado (?). Será que o https://www.youtube.com/watch?v=VcV37e1cSvw 2 AV1 – Prática Médica 3 – Prof.ª Márcia Ney – Fernanda Pereira – 5º período paciente já tem alguns exames que ele pode trazer/ter trazido? 2º momento: Entender a pessoa. Quem é essa pessoa? Como ela vive? Quem está junto com ela? Como ela se sente? Quais as características? Tem rede de apoio? Tentar entender o contexto do paciente. Entendimento pessoal. 3º momento: Elaborar um plano conjunto para tentar manejar os problemas que o paciente apresenta. Família, casal, filhos, saúde. Tomar decisões conjuntas com o paciente. Para tudo isso é necessário estabelecer metas. Verificar o que será priorizado no atendimento. Precisa referenciar o paciente para acompanhamento com outros profissionais, com psicólogo? 4º momento: Intensificar a relação médico paciente. Lembrar que o paciente não é uma figura passiva. Ele tem que ser proativo, ele tem que participar da consulta e do seu próprio tratamento. Devemos lembrar que os pacientes sempre buscam no profissional de saúde mais do que um diagnóstico e uma orientação. Eles esperam escuta, acolhimento, suporte e esclarecimento. Prover isso é extremamente terapêutico e benéfico à clínica da atenção primária, que acompanha as famílias em todos os ciclos de vida e visa vinculá-las aos serviços de saúde. ➢ Dar ao paciente tempo para pensar ➢ Exercitar a boa comunicação sem uso abusivo da linguagem técnica ➢ Exercitar a habilidade de empatia ➢ Lembrar-se de escutar ➢ Oferecer suporte na medida certa ➢ Reconhecer os modelos de entendimento do paciente ➢ Acolher o paciente com calor humano, respeito e cordialidade ➢ Exercitar a empatia junto com a disciplina emocional de não ter de dar soluções a tudo ➢ Potencializar a assertividade ➢ Escutar o paciente em todas as dimensões (verbais e não verbal). Ser atento ao paciente. ➢ Distinguir a demanda aparente (queixa) da demanda real (causa dos problemas), buscando formular um plano terapêutico ampliado e em conjunto com o paciente; ➢ Utilizar-se de habilidades de escuta ativa. Consulta em si, como fazer? Tentar coletar as informações, as próprias emoções do paciente. Utilizar de marcadores de cordialidade (contato visual, cumprimento, nome, sorriso, demonstração de atenção). 3 AV1 – Prática Médica 3 – Prof.ª Márcia Ney – Fernanda Pereira – 5º período Lei do eco emocional: paciente se cala. Escuta ativa. Importância do 1º minuto de consulta Alta reatividade: muitas interrupções na fala do outro. Tempo entre a fala do paciente e a fala do profissional. Cuidado com “etiquetas” Quando escutar nos dói Silêncio funcional X disfuncional Escuta social x profissional Exploração das intenções de consulta Agenda do paciente X agenda do médico Agenda oculta – Quais os medos? Preocupações? Prevenção de demandas aditivas. Ex.: algo mais? IPES: ideias, perspectivas e expectativas. PSOS: psicológico, social, ocupacional. O que o paciente fazia antes desse “problema”? Ele gostaria de ter feito alguma coisa? O médico pode recomendar para o paciente fazer um diário para a próxima consulta sobre as coisas que o paciente julga importante. Fase exploratória de perguntas abertas e fechadas. Está tomando o captopril duas vezes ao dia? Exploração das ideias do paciente. Expectativas. O que te preocupa? O profissional de saúde tem que explorar o motivo. Clarificação: “Deixa eu ver se entendi bem o que você está sentindo: sente frustração porque já não pode fazer as coisas como antes, é isso?” Fazer resumo: “Parece que o Sr. está preocupado com essa dor nas costas e tem medo que seja parecido com o que sofreu seu pai quando teve que operar, certo?” Sinalizar: “Percebo que o senhor está triste hoje.” Explicações do profissional Evitar a linguagem científica – adaptar linguagem à idade, nível intelectual e educação do paciente. Comprovar se o paciente compreender as informações. Ex.: “Hoje falamos de várias coisas. Me diga, à sua maneira, o que fará até o próximo atendimento.” Instruções por escrito e material educativo. A decisão deve ser compartilhada. Modelos de relaçãomédico-paciente: paternalista, informativo e/ou compartilhado. Acordar e negociar prioridades e planos. Oferecer opções de tratamento, tentar envolver o paciente na decisão e saber o que ele pensa do plano. Princípio ético de respeito à autonomia. Assim, se terá o entendimento integrado que á síntese única para cada pessoa. 4 AV1 – Prática Médica 3 – Prof.ª Márcia Ney – Fernanda Pereira – 5º período Projeto terapêutico singular e a medicina centrada na pessoa devem caminhar juntos para melhores resultados, fazendo reuniões de equipe com atualizações semanais. Recomendações... Seguir as fases do SOAP. Evitar dar certezas prematuras. Recomendações personalizadas. Flexibilidade/assertividade. Verificar se o paciente entendeu tudo que lhe foi passado, se há alguma dúvida. Ter a consciência que há vínculo do acompanhamento do médico e do paciente. O SOAP – registro clínico “S” de subjetivo registra o ponto de vista do doente para além das queixas e sentimentos. 5 AV1 – Prática Médica 3 – Prof.ª Márcia Ney – Fernanda Pereira – 5º período “O” de objetivo traduz o ponto de vista do médico, com dados registrados sem viés, incluindo os resultados de testes de diagnóstico. “A” de avaliação identifica o problema e o seu grau de resolução à data. Mais difícil. “P” de plano propõe as medidas terapêuticas, os pedidos de exames complementares de diagnóstico (ECD), a referenciação e o aconselhamento feito, e agenda a próxima consulta de reavaliação. O problema deve constituir um “fato clínico”, excluindo duvidas, interrogações ou negações, porque uma hipótese reduz a amplitude da investigação clínica. A hipótese diz respeito ao médico que a coloca e não ao doente. É o “A” que alimenta a lista de problemas, exclusão feita às situações agudas autolimitadas e que não apresentam relevância para o seguimento futuro do doente. O plano deve questionar a importância do problema para o doente, para além das investigações a empreender. Temos que observar o estilo emocional do paciente. Pode ser: - Reativo: reage de maneira similar ao estímulo que recebe. - Pró ativo: busca estratégias recondução. Distância terapêutica - Não reagir de maneira imediata - Nos dar oportunidades para pensar - Reconhecer emoções - Poderia responder de outra maneira? - Elaborar – redefinir e reenquadrar o Autopercepção do profissional. o Transferência e contratransferência. o Observar a si mesmo. Identificar situações que nos irritam e o porquê (suas zonas de irritabilidade). o Melhor uso terapêutico da relação médico- paciente. o Possibilidades de aperfeiçoamento (ensino- aprendizagem-avaliação). o Vídeo gravação de consultas (padrão ouro). o Grupo Balint – rede de troca de experiências. o Rede de estudo e pesquisa. o Trocas de experiências. Grupo Balint O grupo Balint criado por Michael Balint na década de 50 vem sido reconhecido mundialmente como uma prática eficiente e eficaz para desenvolver relações médico-paciente de qualidade, preocupação essencial na especialidade de Medicina de Família e Comunidade. O Grupo Balint, que leva o nome de seu criador, é um grupo que tem como objetivo o aprimoramento da relação profissional de saúde-paciente. As relações humanas de qualquer tipo se dão em processos conscientes e inconscientes. A experiência a literatura mostra que ao ampliar a nossa consciência sobre esses processos transferenciais amplia a nossa capacidade de lidar com a emoções que surgem no encontro clínico. Emoções que se intensas ou inconscientes podem trazer impasses e rupturas nas relações de profissionais de saúde com seus pacientes. Em situações repetitivas e mais graves pode-se chegar ao “burnout”, que a participação no grupo pode prevenir. Um cenário indesejado para qualquer médico de família. “O médico, seu paciente e a doença” (1954) é a sua mais importante obra. Versa sobre a relação médico-paciente. Seus grupos de discussão acerca das experiências na prática clínica (grupos Balint) tornaram-se referência no meio acadêmico. Segundo Balint, a personalidade do médico é o primeiro “medicamento” que se administra aos pacientes. Afirmava a necessidade de realizar um diagnóstico amplo do que estava acontecendo com o paciente, levando em conta inclusiva os sentimentos e pensamentos do mesmo para a criação de um plano de cuidado da sua saúde. Assistir ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=ti2-wH3msrM https://www.youtube.com/watch?v=ti2-wH3msrM 6 AV1 – Prática Médica 3 – Prof.ª Márcia Ney – Fernanda Pereira – 5º período Cronograma disciplina
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