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Tratamento do Alzheimer 1 Tratamento do Alzheimer Risco de neurodegeneração Envelhecimento como maior fator de risco. Atualmente, há um aumento da expectativa de vida, o que torna esse problema mais importante. Mecanismos de morte celular 1. EXCITOXICIDADE DO GLUTAMATO (via NMDA) Estresse oxidativo, neuroinflamação e apoptose/necrose. Glutamato em excesso ativa receptores NMDA, que permitem influxo de Na+ (possui tampão de magnésio - só é ativado em excesso). Quando é muito ativado, o NMDA permite a entrada de Ca2+, o que pode ativar a via do NO (radical livre, quando em excesso), vias de produção de prostaglandinas (produz eicosanoides e causa peroxidação lipídica, desestabilizando membranas) e causar sinalização de apoptose (menor produção de energia, dano ao DNA, dano ao citoesqueleto, proteínas de apoptose) e morte celular. 2. AGREGAÇÃO PROTEICA ("MISFOLDING") Alterações conformacionais, agregação e toxicidade. Diminuição dos mecanismos de depuração (chaperonas e degradação). Proteínas com conformação alterada fomentam a formação de oligômeros e agregados insolúveis (imunogênicos), formando depósitos intra- e/ou extracelulares = neurotoxicidade. Doença de Alzheimer (DA) Primeira doença neurodegenerativa em frequência. 15% dos idosos no Brasil, em 2020. Tratamento do Alzheimer 2 Maior causa de demência (80%) com amnésia. Início abrupto, progressão rápida (incapacitação em 5-10 anos). Subdiagnóstico (subjetivo/associada ao envelhecimento) - ideal é fazer acompanhamento para verificar a progressão. Sintomas cognitivos e comportamentais (emocionais) AFETA → MEMÓRIA, LINGUAGEM, ORIENTAÇÃO E PENSAMENTO ABSTRATO ALTERAÇÕES NA PERSONALIDADE PERDA DE OBJETOS MUITO FREQUENTE PERDA DE INICIATIVA ESQUECIMENTO DE PALAVRAS PERDA DE MEMÓRIA FREQUENTE ANSIEDADE DEPRESSÃO, PSICOSES E AGITAÇÃO (comorbidades) Etiologia e hipóteses causais Genético e ambiental. 1. Origem genética ("precoce") em adultos jovens (5-10%) 2. Origem esporádica ("tardia") na população idosa (>50 anos) Incidência aumenta 10x a cada 10 anos. MARCADOR → agregados insolúveis de proteínas amiloides (Aβ) - geram neuroinflamação (só com biopsia) Componente genético e mutações PPA (cromossomo 21) → precursor da proteína amiloide; DA precoce; Em indivíduos com trissomia do crom. 21 =aumento da incidência de sintomas demenciais Presenelina 1 (crom. 14) e 2 (crom. 1) → DA precoce Apolipoproteína E4 (Apoε4; crom. 19) → aumento o risco de DA tardio (90% dos casos com cópia dupla); não é determinante, mas aumenta a incidência Alterações na via do precursor da proteína amiloide (PPA) Mutações na PPA (21) Mutações na gama-secretase → enzimas de processamento da amioloide; produzida pelos genes da presenelina 1 e 2 De acordo com o local de clivagem da PPA, pode-se gerar diferentes proteínas (proteína amioloide solúvel, Aβ) Tratamento do Alzheimer 3 Clivagem por: α-secretase → fragmento solúvel (PPA solúvel), com função fisiológica, atuando como fator de crescimento γ-secretase e β-secretase → peptídeo β-amiloide (Aβ), que não é solúvel (ativa via patológica amilodoigênica); mutações no PPA e nas prensenelinas aumentam a formação de Aβ, especificamente a Aβ-42 A via amilodoigênica surge por meio da clivagem do PPA em Aβ40 e Aβ42 (mutações no PPA e nas presenelinas aumentam a formação de Aβ, especialmente Aβ42), via γ-secretase e β-secretase. Os produtos restantes, Aβ40 e Aβ42, não são depuradas (mutações Apoε4 inibem a depuração Aβ) e se agregam, formando oligômeros, que formam placas amiloides. Placas amiloides geram inflamação, dano mitocondrial e estresse oxidativo = morte neuronal. Além disso, oligômeros por si só ativam cascatas proteicas que fosforilam componentes celulares, como a Tau, formando Tau-PPP, que se emaranha e forma agregados neurofibrilares = morte neuronal. obs.: para a DA acontecer, tem que haver diversas falhas/mutações. Acúmulo citotóxico PLACA SENIL (Aβ lipossolúvel; extracelular) + EMARANHADO NEUROFIBRILAR (tauP; intracelular) Tratamento do Alzheimer 4 Degeneração cortical disseminada Impacto em áreas cognitivas e límbicas. Degeneração colinérgica (núcleo basal prosencefálico comprometido por TauP). Diminuição da ACh afeta muito a memória, além de outras funções. Comprometimento por Aβ é mais generalizada. Há grau variável de atrofia cortical generalizada, com alargamento de sulcos e aumento ventricular. Perda evidente em regiões límbicas, como o hipocampo. Curso da neurodegeneração e surgimento de sintomas Sintomatologia tardia limita intervenções. FASES: Pré-sintomática → início da deposição amiloide; diagnóstico precoce poderia ocorrer nessa fase Pré-demencial → disfunções sinápticas e alteração na arborização neuronal; sintomas pré-demenciais Sintomas iniciais relacionados ao diagnóstico → momento de grande progressão da doença, com atrofia encefálica e alterações cognitivas Tratamento do Alzheimer 5 Diagnóstico Diagnóstico definitivo só acontece com necrópsia. Diagnóstico provável clínico (descarte de outras causas de demência) Técnicas de imagem (ressonância, TC) PET scan → diminuição do metabolismo da glicose, diminuição da ligação nicotínica (perda colinérgica), aumento do acúmulo amiloide, Técnicas de detecção imunológicas de Aβ e tauP (algumas pessoas possuem acúmulo de Aβ e não tem DA). LIMITES DIANGÓSTICOS: Diferenciar atrofia normal ou patológica Aβ presente no envelhecimento normal Verificar se a tauP é relacionada com a DA (encefalopatia traumática) Diferenciar outras demências Confirmação post-mortem - biópsia não é viável Verificar componente imune e inflamatório (alta) Verificar marcadores biológicos Terapia farmacológica LIMITAÇÕES: Paliativo e sintomático Não cura ou evita progressão Eficácia variável Efeitos indesejados vastos (idosos) Polifármacia (idosos) Racional terapêutico 1. Aumento da função/atividade colinérgica (aumento da cognição) 2. Antagonismo glutamatérgicos (diminuição da excitoxicidade) Aumento da função/atividade colinérgica Donepezil, rivastigmina, galantamina. Inibidores da acetilcolinesterase (AChE). obs.: AChE possui isoformas presentes no plasma (BuAChE), as quais, se inibida, há ativação do SNA (náusea, vômito, tontura, diminuição da FC etc) obs.: donepezil → inibidor seletivo da AChE das sinapses; alta biodisponibilidade, maior meia-vida (maior adesão), inibição reversível, sem efeitos colinérgicos (pouquíssima afinidade com BuAChE) obs.: vantagem da galantamina → agonista de receptores nicotínicos no cérebro, mas também periférico Tratamento do Alzheimer 6 Eficaz em estágios leves/iniciais Memória, atenção, orientação Náusea, vômito, tontura Anorexia, diarreia Vasodilatação, diminuição da FC Fadiga, insônia, mialgia, tremores, alteração na fome Redução da excitoxicidade glutamatérgica (reduz entrada de Ca2+) Memantina. Antagonista não-competitivo NMDA. Adotado em estágios moderados/severos Pode reduzir a progressão (não impede, atrasa) Sonolência, tontura, dor de cabeça Alucinações, delírios Pode ser associada à donezepila. obs.: ativação NMDA é importante para formação da memória, porém sua inibição na DA é devido a sua ativação em excesso = excitoxicidade Risco e prevenção FATORES DE RISCO: Alelo ε4 ApoE Tabagismo Aumento do colesterol Hipertensão Gene G5K3-β AVE/TCE Depressão Sedentarismo Obesidade DM PREVENÇÃO: Reserva cognitiva Atividade física Consumo de etanol moderado (vinho) Alternativas recentes Novas estratégias e fármacos em potencial: Fatores neuroprotetores (antioxidantes) Exercícios físicos regulares Reserva cognitiva FÁRMACOS: Anti-inflamatórios (neuroinflamação) Inibidores da β e γ-secretase Inibidores de proteínas da via de apoptose (caspases) Modificação da microbiota (transplante fecal) Imunização contra proteína Aβ EM ESTUDO → cafeína, nabilona, aducanumab (anticorpos se ligam aos peptídeos amiloides e limpam placas amiloides) Tratamento do Alzheimer 7 Aumento do risco de DA com uso de fármacosanticolinérgicos (memória). AVE Isquêmico (85%) ou hemorrágico (15%). Sintomas sítio-específicos. PREVENÇÃO PRIMÁRIA → HA, arritmias, AAS PREVENÇÃO SECUNDÁRIA → estatinas, anticoagulantes Fisiopatologia O equilíbrio de vias pró-coagulantes e anti-coagulantes gera polimerização da fibrina e formação de um coágulo e fibrinólise, com degradação do coágulo (plasminogênio —ativador do plasminogênio tecidual→ plasmina). Racional terapêutico FIBRINÓLISE → ativador de plasminogênio tecidual recombinantes, rt-PA Ativação exógena da fibrinólise. Terapia fibrinolítica Alteplase Tratamento do Alzheimer 8 Ativador de plasminogênio tecidual recombinante. Ativação de plasminogênio ligado à fibrina Prevenção de sequelas (não altera mortalidade) Ocorrência <4,5h, AVE hemorrágico descartado 4,5h<x<6h = diminuição da chance de sequelas, aumento de chance de hemorragia e morte Lise de trombos hemostáricos (protetores) = hemorragias - não usar em pacientes com AVE isquêmico <3 meses, com hemorragia intracraniana anterior etc obs.: ácido tranexâmico → prevenção da fibrinólise - contraposição em casos de hemorragia por alteplase (mas pode piorar o AVE) OUTROS ATIVADORES DE PLASMINOGÊNIO TECIDUAL: Alteplase → tempo de meia-vida = 5min; embolia pulmonar, AVE isquêmico, IAM Reteplase → tempo de meia-vida = 15min; baixa potência; IAM Tenecteplase → tempo de meia-vida = 30min; alta afinidade pela fibrina e alta potência; AVE, IAM AVE: Alteplase → administração inicial em bolo de 10% da dose, inicialmente, e, depois, 0,9mg/kg (até 90mg) por 60 min (infusão contínua) Reteplase → não precisa fazer infusão contínua Tenecteplase → uma dose só Prevenção e tratamento do AVE Tratamento do Alzheimer 9
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