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CAPÍTULO 6. Álgebra e Análise Tensoriais 275
Tensores ou pseudotensores. As propriedades de transformação de tensores de posto N arbi-
trário podem ser deduzidas facilmente se estes são puderem ser construídos a partir de
produtos de vetores polares e/ou axiais. Se for realizada uma transformação de paridade
sobre um tensor de posto N e este se transformar com o fator (−1)
N , então este é denomi-
nado um tensor verdadeiro ou simplesmente tensor. Contudo, se a inversão espacial levar
ao fator (−1)
N+1, então este é denominado de pseudotensor de posto N .
6.2.3 REVERSÃO TEMPORAL
Um outro tipo de transformação relevante aos sistemas físicos é a transformação de reversão
temporal t → t′ = −t. Embora esta transformação não se aplica a sistemas descritos pela
mecânica newtoniana, na qual a dependência temporal no comportamento do sistema físico é
considerada de forma distinta da sua dependência espacial, mesmo assim é importante que esta
seja discutida.
As leis básicas da física comportam-se de maneira bem determinada frente a inversão no
sentido de evolução do tempo, e esse comportamento permite classificar as quantidades físicas
como pares ou ímpares frente a uma reversão temporal.
Transformação par. Uma determinada quantidade física é par frente a uma reversão temporal
se a lei física que a determina não muda de sinal frente à transformação t→ t′ = −t.
Um exemplo simples de uma quantidade par é o vetor posição, r t→−t−−−→ r. Um outro vetor
par é a aceleração de uma partícula, pois
a =
d2r
dt2
t→−t−−−→ d2r
dt2
= a.
Transformação ímpar. Uma quantidade física é ímpar frente a uma reversão temporal se a lei
física que a determina muda de sinal frente a esta transformação.
Um exemplo de quantidade ímpar é o momentum de uma partícula, pois (para massa
constante)
p = m
dr
dt
t→−t−−−→ −mdr
dt
= −p.
As propriedades de algumas quantidades fundamentais na mecânica clássica e no eletro-
magnetismo frente às transformações discutidas nas seções 6.2.1 – 6.2.3 são apresentadas na
tabela 6.1.
As definições e o comportamento das quantidades físicas frente a transformações passivas
do sistema de coordenadas, discutidos nesta seção, serão desenvolvidos em maiores detalhes
nas seções posteriores. Para esta discussão aprofundada acerca dos tensores Cartesianos, será
considerada de forma preponderante a transformação de rotação (própria) do sistema de refe-
rência.
6.3 TENSORES CARTESIANOS
Nesta seção serão realizadas definições um pouco mais rigorosas dos campos escalares, ve-
toriais e tensoriais e suas propriedades sob tranformações em geral. A discussão ainda estará
restrita aos chamados tensores Cartesianos. Esta restrição será posteriormente eliminada na
seção 6.7.
Uma vez que os campos de interesse na física dependem de forma contínua nas coordenadas
do vetor posição, será realizada inicialmente uma breve discussão a respeito de espaços funci-
onais e suas classes. Essa discussão servirá como uma continuação à definição 3.22 de uma
função.
6.3.1 ESPAÇOS FUNCIONAIS
Um espaço funcional é formado por um conjunto de funções f : X 7→ Y (definição 3.22) de
um determinado tipo ou classe, que estabelecem um mapeamento do conjunto X ao conjunto
Y .
Autor: Rudi Gaelzer – IF/UFRGS Início: 01/2013 Impresso: 8 DE DEZEMBRO DE 2022
276 6.3. Tensores Cartesianos
Tabela 6.1: Propriedades de transformação de algumas quantidades físicas na mecânica clássica e no eletro-
magnetismo.
Quantidade Física Rotação (posto
do tensor)
Inversão
Espacial
Reversão
Temporal
Mecânica Clássica
Posição r 1 Polar Par
Momentum linear p 1 Polar Ímpar
Momentum angular L = r × p 1 Axial Ímpar
Força F 1 Polar Par
Torque τ = r × F 1 Axial Par
Energia Cinética p2/2m 0 Escalar Par
Energia potencial U (r) 0 Escalar Par
Eletromagnetismo
Densidade de carga ρ (r) 0 Escalar Par
Densidade de corrente J (r) 1 Polar Ímpar
Campo elétrico E (r) 1 Polar Par
Deslocamento elétrico D (r) 1 Polar Par
Polarização P (r) 1 Polar Par
Indução magnética B (r) 1 Axial Ímpar
Campo magnético H (r) 1 Axial Ímpar
Vetor de Poynting S = E ×B 1 Polar Ímpar
Tensor de stress Tij 2 Tensor Par
Este conjunto de funções é denominado um espaço porque em muitas aplicações de inte-
resse para a física esse conjunto forma um espaço topológico4 (incluindo espaços métricos5), um
espaço vetorial,6 ou ambos. Por exemplo, o conjunto de todas as transformações lineares7 (ou
funções) do espaço vetorial V ao espaço vetorial W sobre o mesmo corpo K é, em si mesmo, um
espaço vetorial sobre o corpo K.
Alguns exemplos relevantes destes espaços funcionais são:
• C [a, b], o conjunto de todas as funções reais f : R 7→ R contínuas no intervalo (fechado)
[a, b] ⊂ R.
• Cr [a, b], o conjunto de todas as funções reais que são contínuas até a derivada de ordem r
no intervalo [a, b] ⊂ R.
• C0 (R), o conjunto de todas as funções reais contínuas que são nulas no infinito.
• Cr (R), o conjunto de todas as funções reais que são contínuas até a derivada de ordem r.
• C∞ (R), o conjunto de todas as funções reais que possuem derivadas em todas as ordens.
Estas funções também são denominadas de funções suaves.
• L1 [a, b], o conjunto de todas as funções reais cujo valor absoluto é integravel no intervalo
[a, b] ⊂ R.
• L2 [a, b], o conjunto de todas as funções reais quadraticamente integráveis no intervalo
[a, b] ⊂ R.
A partir desta definição de espaços funcionais é possível prosseguir com a definição de cam-
pos tensoriais em geral. Inicialmente serão tratados os campos escalares e vetoriais, os quais
serão em seguida generalizados.
6.3.2 TENSORES CARTESIANOS DE POSTOS ZERO E UM
Nesta seção serão apresentadas as definições dos campos escalares e vetoriais, bem como
suas propriedades de transformação.
4Definição 4.39.
5Definição 4.35.
6Capítulo 4.
7Seção 4.4.
Autor: Rudi Gaelzer – IF/UFRGS Início: 01/2013 Impresso: 8 DE DEZEMBRO DE 2022
	1 Sistemas de Coordenadas Curvilíneas Ortogonais 
	6 Álgebra e Análise Tensoriais
	6.2 Propriedades de transformação de escalares, vetores e tensores
	6.2.3 Reversão temporal
	6.3 Tensores Cartesianos
	6.3.1 Espaços funcionais
	6.3.2 Tensores Cartesianos de postos zero e um