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<p>3ºAula</p><p>Gestão Escolar Democrática:</p><p>Aspectos Legais e Princípios</p><p>Objetivos de aprendizagem</p><p>Ao término desta aula, vocês serão capazes de:</p><p>•	 conhecer os caminhos históricos de formulação da gestão democrática na educação;</p><p>•	 identificar nas legislações os preceitos para implantação da gestão democrática;</p><p>•	 identificar os princípios orientadores de uma gestão escolar democrática.</p><p>Nas aulas anteriores, vimos os conceitos de Administração e de</p><p>Gestão no sentido geral. Vocês perceberam que os termos ora são</p><p>usados como sinônimos, ora não. Alguns teóricos optam por um e</p><p>fazem suas justificativas e outros os adotam como sinônimos.</p><p>Assim, a partir desta aula, vamos tratar especificamente da Gestão</p><p>Escolar, que é a temática central da nossa disciplina, e da sua vertente</p><p>democrática.</p><p>Nesta aula, faremos um breve histórico da gestão escolar que</p><p>caminha pelos mesmos processos e contextos da gestão educacional,</p><p>mostrada na aula anterior.</p><p>Enfatizaremos o conceito de gestão escolar, sob a ótica de alguns</p><p>estudiosos do assunto, e destacaremos os princípios da gestão escolar</p><p>democrática.</p><p>Desejo que a leitura seja esclarecedora.</p><p>Bom trabalho!</p><p>Bons estudos!</p><p>18Princípios e Métodos da Gestão Escolar</p><p>1 – Gestão Escolar: breve histórico</p><p>2 – Gestão Escolar Democrática: aspectos legais e</p><p>conceituais</p><p>3 – Princípios da Gestão Democrática</p><p>1 - Gestão Escolar: breve histórico</p><p>Desde o descobrimento do Brasil até os anos de 1930,</p><p>a administração escolar era um tanto quanto informal, com</p><p>características domésticas, pois ainda não se levava em conta</p><p>os princípios fundamentais e orientações formais da área</p><p>da Administração. Assim, a racionalidade administrativa</p><p>acontecia com base nos laços pessoais, ou seja, as relações</p><p>pessoais, no trabalho refletiam as relações familiares.</p><p>De 1930 até 1970, a administração escolar já assume</p><p>características da Administração Científica e passa a ter base</p><p>rígida, centralizada, burocrática, hierarquizada e formal. Era</p><p>um enfoque técnico e burocrático, também denominado</p><p>de tecnoburocrático. Os problemas escolares deveriam ser</p><p>resolvidos com emprego de técnicas administrativas, assim,</p><p>os aspectos humanos e os valores éticos eram secundarizados.</p><p>Nessa época, definia-se a administração escolar como:</p><p>[...] um complexo de processos técnicos,</p><p>cientificamente determináveis que, servindo</p><p>a certa filosofia e certa politicas de educação</p><p>em geral, e de escolarização em particular,</p><p>desenvolvem-se antes, durante e depois das</p><p>atividades básicas da escola, com o objetivo</p><p>de assegurar-lhes unidade, economia e</p><p>aperfeiçoamento. (QUERINO, 1952 apud</p><p>SANDER, 2007, p. 34).</p><p>Aplicar processos técnicos e científicos traduz uma</p><p>tendência conservadora para a administração da escola, cujas</p><p>raízes estão no modelo tradicional de organização escolar,</p><p>burocrática, hierarquizada, rígida e formal. Tendência que</p><p>busca manter um formato de organização escolar, decidido</p><p>fora da escola e imposto por meio de preceitos legalmente</p><p>instituídos e que devem ser fielmente observados por seus</p><p>profissionais.</p><p>Esse modelo cultiva a obediência às normas e ao</p><p>formalismo, valoriza o cumprimento do dever, o zelo no</p><p>desenvolvimento ao trabalho, mais que a competência e o</p><p>aperfeiçoamento profissional.</p><p>Talvez vocês se perguntem: mas manter o zelo e o</p><p>cumprimento do trabalho não é algo bom? A questão que os</p><p>estudiosos colocam é que, nessa perspectiva conservadora, o</p><p>zelo, o dever, a norma, a técnica se sobrepõem, isto é, passam</p><p>a ser mais importantes que os objetivos de formação do ser</p><p>humano.</p><p>A década de 1970, época do regime militar, foi um</p><p>período em que o Estado brasileiro se reorganizava sob a</p><p>transposição da lógica privada e empresarial para dentro</p><p>Seções de estudo</p><p>do ajuste administrativo estatal. O Brasil se organizava</p><p>administrativamente conforme essa lógica da tecnoburocacia</p><p>e, consequentemente, era transposta para as formas de</p><p>organização de suas instituições sociais, como a educação.</p><p>Sendo assim, na área educacional, a Lei n°5692/71 – Lei</p><p>de Diretrizes e Bases da Educação – expressava essa tendência</p><p>administrativa bem como o contexto político-social que o</p><p>país vivenciava, ou seja, o do regime militar. Predominava o</p><p>modelo tecnicista na educação.</p><p>Em 1978, organizados em movimentos, professores,</p><p>alunos e sociedade civil exigiram novas práticas administrativas</p><p>para a educação, especialmente o abandono do autoritarismo</p><p>e do centralismo burocrático por parte do poder público.</p><p>Descentralização, autonomia e participação se tornaram</p><p>bandeiras de luta por uma administração democrática.</p><p>Em meados dos anos de 1980, tivemos o fim do regime</p><p>militar, porém não houve prontas mudanças na administração</p><p>do sistema escolar.</p><p>Em 1988, a Constituição Federal trouxe avanços, do</p><p>ponto de vista legal, ao prescrever a gestão democrática ou</p><p>participativa para a educação e seus sistemas escolares.</p><p>Nos anos de 1990, principalmente na segunda metade</p><p>da década, ocorreram muitas reformas políticas. O setor</p><p>educacional foi marcado por forte influência dos organismos</p><p>multilaterais, encarregados de disseminar novas técnicas de</p><p>gestão a fim de atender às necessidades e exigências geradas</p><p>pela reorganização produtiva no âmbito das instituições</p><p>capitalistas.</p><p>As reformas partiram da crise econômica do capitalismo</p><p>e, nesse contexto, a educação também passou a ser questionada</p><p>pelos seus péssimos resultados e pela forma de administração</p><p>escolar. Diante desse quadro, os administradores políticos</p><p>viam na administração empresarial as alternativas para a</p><p>melhoria da ineficiência e ineficácia da educação. Conforme</p><p>falamos na aula 02.</p><p>Em 1996, é promulgada a nova Lei de Diretrizes e</p><p>Bases da Educação – Lei 9394/96 ou LDBEN – que, dentre</p><p>outras coisas, reforça a Constituição Federal no que se refere</p><p>à prescrição da gestão democrática da educação. Veremos os</p><p>aspectos legais na próxima seção.</p><p>Dessa forma, as escolas de várias regiões do país</p><p>passaram a conviver com duas propostas de gestão, a</p><p>democrática e a empresarial. Diga-se de passagem, que, na</p><p>prática, o que prevalecia era o tipo de gestão burocrática e</p><p>autoritária na maioria das unidades escolares. Vocês irão</p><p>perceber no decorrer de seu trabalho profissional que as</p><p>práticas não mudam rapidamente a partir de uma lei ou</p><p>orientação governamental. Tanto as práticas levam tempo</p><p>para se estabelecerem como levam tempo para mudarem.</p><p>2 - Gestão Escolar Democrática:</p><p>aspectos legais e conceituais</p><p>A ideia de gestão democrática foi um marco importante</p><p>na legislação do país. Conforme vimos anteriormente, desde</p><p>o fim do regime militar, movimentos de educadores lutaram</p><p>por fazer valer a defesa de seus interesses e inscrever esses e</p><p>outros princípios nos documentos que passariam a orientar as</p><p>19</p><p>políticas de educação (VIEIRA, 2015).</p><p>A partir da instituição legal da gestão democrática pela</p><p>Constituição de 1988 e pela LDBEN, a mesma se tornou tema</p><p>de estudos e pesquisas transformados em artigos e livros e,</p><p>assim, o conhecimento sobre gestão democrática disseminou-</p><p>se no campo educacional.</p><p>A Constituição Federal (CF) de 1988 define a “gestão</p><p>democrática” como um dos princípios orientadores “do</p><p>ensino público” e “na forma da lei” (Art. 206, VI), mas deixou</p><p>a cargo dos estados definirem a sua forma de aplicação.</p><p>Assim, ao longo do período pós-1988, estados e municípios</p><p>brasileiros mantiveram entendimentos próprios e, por vezes,</p><p>muito diferenciados acerca da gestão democrática.</p><p>A Lei nº 9.394/96, LDBEN, reforça a gestão democrática</p><p>entre os princípios da educação brasileira ao afirmar, no art.</p><p>3º, inciso VIII, a “gestão democrática do ensino público, na</p><p>forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino”, e no</p><p>art., 14 da seguinte forma:</p><p>Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as</p><p>normas da gestão democrática do ensino</p><p>público na educação básica, de acordo com as</p><p>suas peculiaridades e conforme os seguintes</p><p>princípios:</p><p>I - participação dos profissionais da educação</p><p>na elaboração</p><p>do projeto pedagógico da</p><p>escola;</p><p>II - participação das comunidades escolar e</p><p>local em conselhos escolares ou equivalentes.</p><p>(BRASIL, 2017, p. 7).</p><p>Desse modo, a LDBEN, ao encaminhar para os sistemas</p><p>de ensino as normas para a gestão democrática, indica</p><p>dois instrumentos ou mecanismos fundamentais para sua</p><p>realização: a elaboração do Projeto Pedagógico da escola e a</p><p>formação dos Conselhos Escolares. Também, os estudiosos</p><p>do assunto acrescentam como terceiro mecanismo a Eleição</p><p>de diretores. Abordaremos cada um deles, na aula 04.</p><p>O Plano Nacional de Educação (PNE/2014-2024)</p><p>também define a “promoção do princípio da gestão</p><p>democrática da educação pública” (BRASIL, 2014, p. 77)</p><p>como uma das suas diretrizes (Art. 2o, VI). No PNE, na meta</p><p>19 consta:</p><p>Meta 19: assegurar condições, no prazo de</p><p>2 (dois) anos, para a efetivação da gestão</p><p>democrática da educação, associada a critérios</p><p>técnicos de mérito e desempenho e à consulta</p><p>pública à comunidade escolar, no âmbito das</p><p>escolas públicas, prevendo recursos e apoio</p><p>técnico da União para tanto.(BRASIL, 2014,</p><p>p. 52).</p><p>Importante observar que a meta, ao mesmo tempo</p><p>em que propõe efetivar a gestão democrática, estabelece o</p><p>uso de critérios técnicos de mérito e desempenho, que são</p><p>características do setor privado. Isso mostra a dualidade no</p><p>sentido da gestão proposta para o país.</p><p>Na sequência, vamos conhecer as estratégias</p><p>colocadas para a viabilização da meta:</p><p>19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da União na</p><p>área da educação para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios</p><p>que tenham aprovado legislação específica que regulamente a matéria</p><p>na área de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e que</p><p>considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e diretoras</p><p>de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, bem como a</p><p>participação da comunidade escolar;</p><p>19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos/às conselheiros/</p><p>as dos conselhos de acompanhamento e controle social do Fundeb,</p><p>dos conselhos de alimentação escolar, dos conselhos regionais e de</p><p>outros e aos/às representantes educacionais em demais conselhos de</p><p>acompanhamento de políticas públicas;</p><p>19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios a</p><p>constituírem Fóruns Permanentes de Educação, com o intuito de</p><p>coordenar as conferências municipais, estaduais e distrital bem como</p><p>efetuar o acompanhamento da execução deste PNE e dos seus planos</p><p>de educação;</p><p>19.4) estimular a constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis</p><p>e de associações de pais e mestres, assegurando-se, inclusive, espaço</p><p>adequado e condições de funcionamento na instituição escolar;</p><p>19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos escolares</p><p>e conselhos municipais de educação, como instrumentos de participação</p><p>e fiscalização na gestão escolar e educacional, inclusive por meio de</p><p>programas de formação de conselheiros, assegurando-se condições de</p><p>funcionamento autônomo;</p><p>19.6) estimular a participação e a consulta na formulação dos projetos</p><p>político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão escolar</p><p>e regimentos escolares por profissionais da educação, alunos/as e</p><p>familiares;</p><p>19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, administrativa e de</p><p>gestão financeira;</p><p>19.8) aplicar prova nacional específica, a fim de subsidiar a definição de</p><p>critérios objetivos para o provimento dos cargos de diretores escolares.</p><p>(BRASIL, 2014, p. 53).</p><p>Conhecer essas metas e também as legislações</p><p>apresentadas até aqui, são importantes para o futuro gestor.</p><p>Como já comentamos anteriormente, as oportunidades</p><p>para ser um gestor no âmbito escolar ou outra instância</p><p>administrativa é bem viável. Claro que as leis e os documentos</p><p>vão sofrendo alterações no decorrer do tempo. Mas, uma</p><p>vez que se entende o contexto e os processos, as demais</p><p>informações vocês saberão buscar.</p><p>2.1 - Conceitos de Gestão Escolar</p><p>Vamos apresentar os conceitos de alguns teóricos da</p><p>área, seguindo a sistemática de colocar a imagem para sua</p><p>familiarização com a o autor que conceitua.</p><p>LUIZ FERNANDES DOURADO</p><p>20Princípios e Métodos da Gestão Escolar</p><p>Forma de organizar o trabalho pedagógico, que implica visibilidade de</p><p>objetivos e metas dentro da instituição escolar; Implica gestão colegiada</p><p>de recursos materiais e humanos, planejamento de suas atividades,</p><p>distribuição de funções e atribuições, na relação interpessoal de trabalho,</p><p>e partilha do poder; (DOURADO, 2012, p. 61).</p><p>Fonte: Disponível em: http://reditec.vhost.ifpb.edu.br/evento/palestrantes/.</p><p>Acesso em: 27 jul. 2020.</p><p>CARLOS ROBERTO JAMIL CURY</p><p>A gestão implica um ou mais interlocutores com os quais se dialoga pela</p><p>arte de interrogar e pela paciência em buscar respostas que possam</p><p>auxiliar no governo da educação, segundo a justiça. Nesta perspectiva,</p><p>a gestão implica o diálogo como forma superior de encontro das</p><p>pessoas e solução dos conflitos. [...] A gestão, dentro de tais parâmetros,</p><p>é a geração de um novo modo de administrar uma realidade e é, em</p><p>si mesma, democrática, já que se traduz pela comunicação, pelo</p><p>envolvimento coletivo e pelo diálogo. (CURY, 2002, p. 165).</p><p>Fonte: Disponível em: http://www.anped.org.br/news/entrevista-com-carlos-</p><p>roberto-jamil-cury-vice-presidente-da-sbpc. Acesso em: 27 jul. 2020.</p><p>VITOR HENRIQUE PARO</p><p>Paro (2008) considera gestão e administração como sinônimas, pois</p><p>ambas devem utilizar os recursos da forma mais adequada possível para</p><p>atingir determinados fins. A boa gestão escolar é aquela que utiliza os</p><p>meios da forma mais adequada para chegar aos fins e todos precisam se</p><p>envolver em busca do alcance dos objetivos escolares.</p><p>Portanto, o caráter mediador da administração deve acontecer de</p><p>forma que tanto as atividades-meio (direção, serviços de secretaria,</p><p>assistência ao escolar e atividades complementares, como zeladoria,</p><p>vigilância, atendimento de alunos e pais) quanto a própria atividade-</p><p>fim (representada pela relação ensino-aprendizagem) estejam</p><p>permanentemente impregnadas dos fins da educação.</p><p>Fonte: Disponível em: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/conteudoJornal.</p><p>html?idConteudo=3770. Acesso em: 28 jul. 2020.</p><p>3 - Princípios da Gestão Democrática</p><p>Os princípios para a gestão de a escola pública ser</p><p>democrática estão garantidos na legislação brasileira,</p><p>conforme vimos na seção 2, desta aula.</p><p>Pretendemos agora destacar como esses princípios</p><p>podem ser organizados para que possam subsidiar a prática</p><p>cotidiana da gestão escolar e tornarem-se ações reais.</p><p>Para tanto vamos lançar mão das colocações de João Antônio</p><p>Cabral de Monlevade – Doutor em Educação – em seu trabalho sobre</p><p>Conselhos Escolares.</p><p>Fonte: Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/</p><p>profun_mod1.pdf. Acesso em: 28 jul. 2020.</p><p>O autor enumera cinco princípios que considera</p><p>fundamental para a construção legal e existencial da</p><p>democracia na vida escolar, e avaliamos ser oportunos para</p><p>nosso estudo. Vejamos!</p><p>Primeiramente, indica a ruptura com as práticas</p><p>autoritárias, assim afirmando:</p><p>1) Gestão Democrática supõe ruptura com práticas</p><p>autoritárias, hierárquicas e clientelísticas. Por isto,</p><p>a eleição de diretores, embora não constitua a</p><p>essência da gestão democrática, tem sido o sinal</p><p>histórico para distinguir o “tempo autoritário”</p><p>do “tempo democrático”. Mas não é a eleição</p><p>eivada de populismo e de outros vícios que ajuda</p><p>a democracia. Ela precisa ser disciplinada, para ser</p><p>uma prática pedagógica de aprendizado da cidadania</p><p>democrática. E tem que ser acompanhada de</p><p>práticas administrativas do sistema que se adequem</p><p>a uma nova forma – democrática – de decidir, de</p><p>governar, de ordenar, de avaliar. (MONLEVADE,</p><p>2005, p. 29).</p><p>O autor indica a eleição de diretores, em moldes</p><p>democráticos, para romper com práticas autoritárias. Porém</p><p>sabemos que a eleição não tem garantido integralmente essa</p><p>mudança.</p><p>Em segundo lugar, o autor destaca a participação das</p><p>pessoas e reforça a importância do Conselho Escolar para</p><p>viabilizar</p><p>essa participação.</p><p>2) Gestão Democrática é participação dos atores</p><p>em decisões e na avaliação. Talvez o ideal fosse</p><p>fazer da assembleia geral escolar o órgão máximo</p><p>deliberativo. Mas, no dia-a-dia, temos que construir</p><p>21</p><p>um Conselho Escolar competente e viável, onde</p><p>todos os segmentos estejam presentes e operantes,</p><p>gerando e acumulando um novo e influente poder: o</p><p>poder escolar. Professores, funcionários, alunos, pais</p><p>e direção passam a ser um colegiado que se reúne</p><p>ordinariamente e vai propondo e avaliando o Projeto</p><p>Político-Pedagógico da escola, que na nova LDB</p><p>ganhou substancial importância. (MONLEVADE,</p><p>2005, p. 29).</p><p>Como a participação de todas as pessoas na tomada</p><p>de decisões nem sempre é possível, o autor destaca a</p><p>representatividade como o terceiro princípio.</p><p>3) Gestão Democrática supõe representação</p><p>legítima dos segmentos. A direção, embora</p><p>eleita, representa o Estado. Os pais representam,</p><p>autenticamente, os pais e mães, superando aquela</p><p>ambiguidade das Associações de Pais e Mestres.</p><p>Professores e funcionários representam seus pares</p><p>na escola, levando as posições de suas entidades</p><p>de trabalhadores da educação. E os alunos? A</p><p>representatividade dos alunos deve somar à sua</p><p>condição de “educandos”, enturmados na base da</p><p>escola, liderados por “representantes de classe”, a</p><p>prática de uma organização política mais ampla, em</p><p>grêmios livres e associações municipais e estaduais,</p><p>nem sectárias, nem partidarizadas. (MONLEVADE,</p><p>2005, p. 29).</p><p>O quarto princípio reside na necessidade de</p><p>planejamento das ações escolares, que na perspectiva</p><p>democrática denomina-se Projeto Político Pedagógico.</p><p>Vejamos:</p><p>4) A Gestão Democrática da escola se baliza pelo</p><p>Projeto Político-Pedagógico da Escola. São os</p><p>objetivos e metas da escola, referenciada à sociedade</p><p>do conhecimento, que unem o Conselho, que</p><p>presidem as eleições, que direcionam as decisões e</p><p>práticas de seus atores. O professor e o funcionário</p><p>precisam abdicar de seu corporativismo; os pais</p><p>precisam superar seu comodismo; os alunos precisam</p><p>conquistar o exercício de sua liberdade de aprender:</p><p>de aprender ciência, de cultivar a arte, de praticar</p><p>a ética. Não abrir mão de seus dias e horas letivos,</p><p>que lhes garantem o direito de crescer na cultura e</p><p>no saber. Embora a Proposta Pedagógica deva ser</p><p>cientificamente assessorada pelos profissionais da</p><p>educação, ela deve ser elaborada e avaliada por toda</p><p>a comunidade escolar, presidida pelo Conselho.</p><p>(MONLEVADE, 2005, p. 29).</p><p>O quinto princípio está na necessidade da articulação</p><p>entre a gestão escolar e o sistema de ensino, e vice versa, ou</p><p>seja:</p><p>5) Gestão Democrática da escola se articula com</p><p>administração democrática do sistema de ensino.</p><p>Enquanto a Divisão Regional ou outros órgãos</p><p>intermediários continuarem vivendo de práticas</p><p>burocráticas, a Secretaria de Educação de atitudes</p><p>baseadas em hierarquias com mais ou menos poder,</p><p>o MEC de resoluções olímpicas e desencarnadas, a</p><p>gestão democrática nas escolas estará asfixiada. E,</p><p>acima de tudo, a transparência e disponibilização</p><p>de recursos financeiros deve ser o combustível</p><p>do cotidiano da democracia na escola. O foco de</p><p>qualquer descentralização de verbas –para merenda,</p><p>para livros didáticos, para manutenção e outros</p><p>gastos – deve ser a escola (não o diretor ou diretora),</p><p>alimentando o Conselho Escolar na viabilização</p><p>de suas ideias e decisões. Só assim se chegará ao</p><p>exercício final da democracia escolar: a autonomia,</p><p>pela qual a escola pública alcançará sua maioridade</p><p>política e pedagógica. (MONLEVADE, 2005, p. 30).</p><p>Trataremos com mais detalhes na próxima aula sobre</p><p>os mecanismos destacados nos princípios, como a eleição</p><p>de diretores, os conselhos escolares e o projeto político</p><p>pedagógico.</p><p>Chegamos ao final de nossa terceira aula. Espera-se</p><p>que o conceito de gestão escolar tenha ficado mais</p><p>evidente para vocês e, principalmente, a sua forma</p><p>de ser na perspectiva democrática. Vamos, então,</p><p>recordar:</p><p>Retomando a aula</p><p>1 – Gestão Escolar: breve histórico</p><p>Na seção, ao discorrer sobre o processo histórico</p><p>das formas de se administrar a escola pública brasileira,</p><p>demonstramos que atualmente a gestão escolar convive com</p><p>duas propostas, ou seja, a democrática e a empresarial.</p><p>2 – Gestão Escolar Democrática: aspectos legais e</p><p>conceituais</p><p>Vocês viram em quais legislações da educação brasileira</p><p>estão contempladas as normativas para que a gestão da</p><p>educação e da escola tomem os caminhos da democracia.</p><p>3 – Princípios da Gestão Democrática</p><p>Na seção 3, buscamos demonstrar os princípios</p><p>fundamentais para a gestão ser democrática e alguns</p><p>indicativos para sua concretização.</p><p>Vídeo com Vitor Henrique Paro, no qual ele fala sobre</p><p>sua conceituação de administração e gestão escolar.</p><p>Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-</p><p>TG1rfDVq_A Acesso em: 29 jul. 2020</p><p>Vale a pena ler</p><p>Vale a pena</p>