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237 a) manteve-se inalterada até o século XIX, quando a pre- sença colonial europeia deu complexidade política ao con- tinente; b) inspirou-se no modelo das cidades-Estado gregas, ao definir um ordenamento social igualitário e marcada pela fragmentação política; c) representa uma experiência de enfrentamento ao modelo sócio-político dos padrões ocidentais considerados referen- ciais à humanidade; d) atendeu às necessidades materiais e significações espi- rituais daquelas comunidades, associadas às condições na- turais das regiões que ocuparam; e) confirma a limitação das populações africanas em cons- tituir formas sofisticadas de representação de Estado que privilegiem a sociedade em detrimento do indivíduo. 963. (Mackenzie SP/2017) Leia os textos a seguir: “De Tarkala à cidade de Gana, gastam-se três meses de marcha um deserto árido. No país de Gana, o ouro nasce como plantas na areia, do mesmo modo que as cenouras. É colhido ao nascer do sol”. Ibn al-Fakih. Citado em: Alberto da Costa e Silva. Imagens da África: da Antiguidade ao século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.32 “[Gana] é a terra do ouro. (...) Toda a gente do Magreb sabe, e ninguém disto discrepa, que o rei de Gana pos- sui em seu palácio um bloco de ouro pesando 30 arra- téis (cerca de 14 kg). Esse bloco de ouro foi criado por Deus, sem ter sido fundido ao fogo ou trabalhado por instrumento. Foi, porém, furado de um lado ao outro, a fim de que nele pudesse ser amarrado o cavalo do rei. É algo curioso que não se encontra em nenhum outro lugar do mundo e que ninguém possui a não ser o rei, que disso se vangloria diante de todos os soberanos do Sudão”. Al-Idrisi. Citado em: Alberto da Costa e Silva. Imagens da África: da Antiguidade ao século XIX. São Paulo: Companhia das Letras, 2012, p.37 Os textos foram escritos por viajantes árabes ao obser- varem aspectos sobre o Reino de Gana, na África, du- rante a Idade Média europeia. Pela análise dos excertos, é correto afirmar que tal Reino a) causava espanto e admiração, tanto pelo desenvolvi- mento econômico como pelo poder teocrático politeísta de governante. b) causava estranhamento em seus visitantes, tanto pela quantidade exagerada de metais preciosos disponíveis como pelo poder autoritário do governante. c) provocava perplexidade nos viajantes, pois não compre- endiam seu desenvolvimento em meio a um continente marcado pela inexistência de civilizações. d) desenvolveu-se sustentado pela riqueza do ouro e pela crença monoteísta, fator que o desqualificava perante os vi- ajantes que ali passavam. e) impressionava seus visitantes, tanto pela opulência tra- zida pelo ouro como pela sua complexa organização polí- tica e social. 964. (UFRGS/2017) Assinale a alternativa correta sobre a história das diferentes sociedades africanas até o sé- culo XVI. a) O império Songhai, situado às margens do rio Níger, teve em sua capital Gao um importante polo mercantil que reunia mercadores oriundos da Líbia, do Egito e do Magreb. b) As sociedades da África equatorial, em função das con- dições geográficas e climáticas pouco propícias, eram for- madas predominantemente por pastores de animais de pe- queno porte, sendo praticamente inexistente na região o cultivo de produtos agrícolas. c) As sociedades de origem Bantu, localizadas na região da África meridional entre os séculos XII e XV, eram predomi- nantemente nômades e coletoras, não organizadas em al- deias e com escasso desenvolvimento tecnológico. d) A África, marcada pela intensa difusão do cristianismo durante as Cruzadas, contou, entre os século XI e XV, com reduzida presença de elementos islâmicos na definição das variadas culturas existentes no continente. e) O estabelecimento da colônia portuguesa em Moçambi- que, no século XVI, definiu o início das rotas comerciais li- gando a região oriental do continente africano, entre Mada- gascar e o Chifre da África, com a Europa e a Ásia. 965. (FGV/2017) [Desde o início do século XIV], no reino do Congo (...) moravam povos agricultores que, quando convocados pelo mani Congo, partiam em sua defesa contra inimigos de fora ou para controlar rebeliões de aldeias que queriam se desligar do reino. Aldeias (luba- tas) e cidades (banzas) pagavam tributos ao mani Congo, geralmente com o que produziam: alimentos, tecidos de ráfia vindos do nordeste, sal vindo da costa, cobre vindo do sudeste e zimbos (pequenos búzios afu- nilados colhidos na região de Luanda que serviam de moeda). (...) o mani Congo, cercado de seus conselhei- ros, controlava o comércio, o trânsito de pessoas, rece- bia os impostos, exercia a justiça, buscava garantir a harmonia da vida do reino e das pessoas que viviam nele. Os limites do reino eram traçados pelo conjunto de aldeias que pagavam tributos ao poder central, de- vendo fidelidade a ele e recebendo proteção, tanto para os assuntos deste mundo como para os assuntos do além, pois o mani Congo também era responsável pelas boas relações com os espíritos e os ancestrais. (...) O mani Congo vivia em construções que se destacavam das outras pelo tamanho, pelos muros que a cercavam, pelo labirinto de passagens que levavam de um edifício a outro e pelos aposentos reais que ficavam no centro desse conjunto e eram decorados de tapetes e tecidos de ráfia. Ali o mani vivia com suas mulheres, filhos, pa- rentes, conselheiros, escravos, e só recebia os que ti- vessem nobreza suficiente para gozar desse privilégio. (Marina de Mello e Souza. África e Brasil africano, 2006) A partir da descrição do reino do Congo, é correto afir- mar que, nesse reino, a) toda a organização administrativa estava voltada para a acumulação de riquezas nas mãos do soberano, que as re- distribuía entre as aldeias mais leais e com maior potencia- lidade econômica. b) o político e o sobrenatural estavam intimamente relacio- nados, além das semelhanças entre uma corte europeia e uma de um reino na África, porque ambas eram caracteri- zadas por hierarquias rígidas.