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www.un i su l . b r capa_curvas.pdf 1 20/02/14 14:49 1 UnisulVirtual Palhoça, 2014 Universidade do Sul de Santa Catarina Liderança e Desenvolvimento de Equipes 2 Créditos Universidade do Sul de Santa Catarina – Unisul Reitor Sebastião Salésio Herdt Vice-Reitor Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de Extensão Mauri Luiz Heerdt Pró-Reitor de Desenvolvimento Institucional Luciano Rodrigues Marcelino Pró-Reitor de Operações e Serviços Acadêmicos Valter Alves Schmitz Neto Diretor do Campus Universitário de Tubarão Heitor Wensing Júnior Diretor do Campus Universitário da Grande Florianópolis Hércules Nunes de Araújo Diretor do Campus Universitário UnisulVirtual Fabiano Ceretta Campus Universitário UnisulVirtual Diretor Fabiano Ceretta Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) - Educação, Humanidades e Artes Marciel Evangelista Cataneo (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e Serviços Roberto Iunskovski (articulador) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e Agroindústria Diva Marília Flemming (articuladora) Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar Social Aureo dos Santos (articulador) Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir Heerdt Gerente de Ensino, Pesquisa e Extensão Roberto Iunskovski Gerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia Loch Gerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol 3 Livro didático 2ª edição Revisão e ampliação de conteúdo Alessandra de Oliveira Dâmaris de Oliveira Batista da Silva Viviane Bastos UnisulVirtual Palhoça, 2014 Designer instrucional Carmelita Schulze Liderança e Desenvolvimento de Equipes Desirée de Souza Freccia de Carvalho 4 Livro Didático Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2014 Professor conteudista Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e ampliação de conteúdo Alessandra de Oliveira Dâmaris de Oliveira Batista da Silva Viviane Bastos Designer instrucional Carmelita Schulze Projeto gráfico e capa Equipe UnisulVirtual Diagramador(a) Noemia Mesquita Revisor(a) Jaqueline Tartari, Perpétua Guimarães Prudêncio e Diane Dal Mago ISBN 978-85-7817-632-7 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. 658.314 C32 Carvalho, Desirée de Souza Freccia Liderança e desenvolvimento de equipes: livro didático / Desirée de Souza Freccia Carvalho ; design instrucional Carmelita Schulze. – 2. ed., rev. e ampl. / por Alessandra de Oliveira, Dâmaris de Oliveira Batista da Silva, Viviane Bastos – Palhoça : UnisulVirtual, 2014. 119 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-7817-632-7 1. Liderança. 2. Grupos de trabalho. 3. Comportamento organizacional. I. Schulze, Carmelita. II. Oliveira, Alessandra de. III. Silva, Dâmaris de Oliveira Batista da. IV. Bastos, Viviane. V. Título. 5 Sumário Introdução | 7 Capítulo 1 A liderança no contexto organizacional autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. | 9 Capítulo 2 O exercício da liderança autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. | 31 Capítulo 3 Trabalho em equipe autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Viviane Bastos. | 51 Capítulo 4 Temas contemporâneos em liderança e o desafio na formação de equipes autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Alessandra de Oliveira e Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. | 77 Considerações Finais | 109 Referências | 111 Sobre os Professores Conteudistas | 117 6 7 Introdução O fenômeno da liderança é bastante amplo, abarca muitas questões, por exemplo: qualquer um é capaz de se tornar líder? Existem diferentes tipos de líderes? Chefe é sinônimo de líder numa organização? Os líderes em organizações se assemelham aos líderes em outros âmbitos, como, por exemplo, líderes de guerra e políticos? Aprende-se a se ser líder? Como? Qualquer agrupamento de pessoas possui um líder? A liderança é uma atividade que é partilhada por todos os membros de um grupo que obtém sucesso nas atividades? Ou há sempre a necessidade da liderança ser individual? Qual a diferença entre grupo e equipe no que diz respeito à liderança? As mudanças sociais que ocorrem no decorrer da história humana também levam a mudanças no fenômeno da liderança? Como você pode observar, são muitas as perguntas que podemos fazer sobre liderança. Buscamos responder nesse livro algumas delas, pelo menos, as feitas acima. Claro, como afirmamos também em algumas passagens desse livro, em Administração não há fórmulas mágicas, isto é, receitas acabadas para cada um dos âmbitos de atuação dessa atividade. O que existem são estudos que demonstram a viabilidade de alguns caminhos para se alcançar os objetivos da atividade, no caso, da atividade de gestão de pessoas no que diz respeito à liderança. Assim, esse livro demonstra, com base em teorias acadêmicas científicas, caminhos para desenvolver a liderança, de modo a se formar equipes, já que, como veremos, equipes conseguem atingir resultados qualitativos muito superiores a grupos de trabalho. Assim, estudaremos aqui as diferenças entre líder e chefe, grupo e equipe, liderança compartilhada e liderança individual, os diferentes tipos de liderança e os desafios da liderança em nossos tempos, de modo a deixar claro os benefícios e os desafios de se trabalhar em equipe. Esperamos que esse livro contribua não apenas para sua compreensão do fenômeno da liderança, mas para que você consiga internalizar atitudes que lhe possibilitem trabalhar em equipe, algo essencial para seu constante desenvolvimento não só profissional, mas também pessoal. Bons estudos! As professores: Alessandra de Oliveira, Dâmaris de Oliveira Batista da Silva e Viviane Bastos. 9 Seções de estudo Habilidades Capítulo 1 A liderança no contexto organizacional autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. Seção 1: Desafios organizacionais contemporâneos Seção 2: Liderar para quê? Seção 3: O que é liderar? O fenômeno da liderança interessa a muitos, pois sabe-se que o novo perfil dos colaboradores e os complexos desafios organizacionais requerem novas práticas de gestão, o que inclui a liderança como fator primordial. A figura do líder emerge em importância com novos conceitos e práticas que aprenderemos ao longo desse capítulo. Focaremos, nesse momento, no desenvolvimento das habilidades de integrar e motivar pessoas para o trabalho exercendo as competências da liderança com ética profissional. 10 Capítulo 1 Seção 1 Desafios organizacionais contemporâneos Autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva Liderar pessoas é ação que transcende o contexto organizacional. Onde houver agrupamento de pessoas e objetivos em comum haverá ali o exercício da liderança. Ações exemplares podemos ver na Religião, nas Artes, nos Esportes, na Política e em tantos outros campos de interesse humano. Aqui deteremos os nossos estudos sobre a Liderança gerencial. Conceitos, princípios e teorias serão apresentados e debatidos com vistas a aprendermos sobre a liderança na gestão de pessoas. A administração transformou-se também em uma ciência. Como fenômeno histórico, cultural e social não tem receitas prontas e aplicáveis a todos os contextos; mas apesar da complexidadeque ela guarda em si, traz consigo muitos avanços no sentido de melhor analisar os motivos pelos quais algumas empresas obtêm êxito e outras, não. E, com certeza, o fenômeno da liderança bem disposta faz-se presente em organizações de êxito. Neste primeiro momento, estudaremos o porquê de a Liderança e as Equipes serem ferramentas organizacionais fundamentais na gestão de qualquer organização. Você já deve ter constatado que o diferencial competitivo das organizações está nas pessoas que as constituem. Estudos de caso de empresas que obtiveram sucesso atestam tal afirmação, como, por exemplo, Google, 3M, MacDonalds, para citar alguns. As pessoas são o polo da criatividade, inteligência e emoção – fenômenos cruciais para a invenção de novos produtos e serviços, motivação para bem atender o cliente e surpreender as metas propostas. Por outro lado, com o crescimento do grau de instrução e o maior acesso às informações, todos nós (colaboradores, clientes, executivos e líderes) estamos mais cientes dos nossos direitos e deveres. Mais atentos estamos às necessidades pessoais e coletivas. Isso requer novas práticas gerenciais, novas formas de nos relacionarmos com os colegas, com os superiores, com o mercado e com clientes. Profissionalizar a gestão, portanto, torna-se imprescindível. 11 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Profissionalizar significa conhecer e fazer uso dos conhecimentos, competências e habilidades já disponibilizadas pela Ciência da Administração com o objetivo de otimizar recursos e alcançar melhores resultados. Usar esses conteúdos faz-se entender que o líder é uma figura indispensável para realizar a articulação entre a missão, visão, valores e as pessoas de uma organização. Ele é elemento importante para a efetivação dos conteúdos que servem de norte a uma organização. Neste momento, vale lembrar alguns conceitos iniciais e importantes: a. Missão organizacional: define a razão de existir. Indica publicamente qual é a identidade da organização. Exemplo Vejamos um exemplo nesse sentido! Missão da UNISUL: Educação e gestão inovadoras e criativas no processo do ensino, da pesquisa e da extensão, para formar integralmente, ao longo da vida, cidadãos capazes de contribuir na construção de uma sociedade humanizada, em permanente sintonia com os avanços da ciência e da tecnologia. Observando a Missão, podemos apreender o que a organização faz, por que o faz, qual é sua particularidade e o que compartilha com as demais instituições. b. Visão organizacional: indica o foco da organização. Para onde vai, o que pretende ser e obter em um determinado período de tempo. Visão da UNISUL: Nesta permanente construção da Missão e na contínua prática dos Valores, até 2013, a UNISUL será reconhecida pela qualidade e excelência de suas ações e serviços. 12 Capítulo 1 Este reconhecimento, segundo a própria instituição, exigirá que ela assuma (UNISUL, 2014): 1 - Em relação ao Ensino: 1.1 - Consolide a posição de liderança em graduação entre as universidades catarinenses. 1.2 - Consolide posição de liderança em educação a distância e educação continuada, em nível nacional, alcançando a sua inserção plena no mundo virtual e globalizado, como provedora de ciência e tecnologia. 1.3 - Alcance posição de liderança entre as melhores universidades catarinenses no segmento de pós-graduação. 2 - Em relação à Pesquisa: 2.1 - Consolide a pesquisa científica como essencial à Universidade e parte integrante e indissociável do processo de ensino e aprendizagem. 2.2 - Promova áreas de pesquisa avançada reconhecida pela comunidade científica nacional. 3 - Em relação à Extensão: 3.1 - Consolide a extensão como mecanismo integrado e indissociável do processo de ensino e aprendizagem. 3.2 - Transforme a extensão em instrumento gerador de iniciativas comunitárias autossustentáveis e da educação continuada. 4 - Em relação à Gestão: 4.1 - Internalize práticas e processos modernos de gestão, adequados à dimensão da Universidade e coerentes com sua Missão, seus Valores e sua Visão. Conhecendo a Visão podemos saber quais são os objetivos principais daquela organização, e podemos antever algumas de suas ações. Sabemos o que pretende alcançar e quando. 13 Liderança e Desenvolvimento de Equipes c. Valores organizacionais: toda empresa tem princípios, formalizados ou não. Por meio deles todas as pessoas guiam os seus comportamentos enquanto trabalham. Os valores simbolizam as crenças e representam os meios pelos quais pretendem alcançar sua visão. Versão resumida dos valores da UNISUL: 1 - Sendo a missão da UNISUL a formação integral de cidadãos, a UNISUL assume: 1.1 - que o Aluno constitui seu valor essencial; 1.2 - que o Professor é o promotor, guia, orientador e facilitador por excelência desse processo; 1.3 - que o processo educativo prepare o aluno para o mercado e para a vida; 1.4 - que os relacionamentos acadêmicos e de gestão primam pela humanização e pela transparência; 1.5 - exercício permanente da participação, da solidariedade, da cooperação, da integração, do compartilhamento e da responsabilidade; 1.6 - direito ao crescimento contínuo e integral das pessoas e da coletividade. 2 - Sendo componente de sua Missão a prática da gestão inovadora e criativa no processo do ensino, da pesquisa e da extensão, a UNISUL assume: 2.1 - gestão humanizada; 2.2 - construção da sociedade mais humana, em permanente sintonia com os avanços da ciência e da tecnologia; 2.3 - promoção do desenvolvimento regional, integrado nos processos globais e interdependentes; 2.4 - permanente sintonia das pessoas e da Universidade com o meio e o mundo; 2.5 - que os processos de gestão sejam conduzidos com prudência, disciplina, transparência e eficácia. 3 - Enfim, a UNISUL assume que a busca permanente de construir sua Missão, e a consciência e a prática de seus Valores constituem seu compromisso e sua postura ética essencial, capaz de criar o ambiente propício ao exercício da ética individual, da satisfação pessoal e profissional e da construção da melhor qualidade de vida de toda a comunidade da Universidade e do meio em que ela atua. 14 Capítulo 1 Para criar, manter e gerenciar com eficiência uma organização, sabemos que estes 3 elementos (Missão, Visão e Valores) são extremamente importantes, visto que por meio deles a empresa define: • o que faz; • como faz; • para que faz; • quando faz; • como quer ser conhecida pelos outros (clientes, parceiros, concorrentes e colaboradores). Sem a Empresa conhecer a si mesma, seus limites e possibilidades, objetivos e crenças, a liderança das pessoas ficará mais difícil. Tais definições são o início da articulação dos integrantes, de todos que direta ou indiretamente fazem a organização existir e acontecer cotidianamente. Com essas primeiras linhas, podemos reafirmar que emerge a importância do líder a fim de que a articulação entre a missão, visão, valores e as pessoas seja uma constante rumo à real efetivação e ao alcance dos resultados esperados. Para explicitar isso, relacionando arte e vida, lembramos a seguinte fala de Lewis Carroll (2002) por meio dos seus personagens: “O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui? Isso depende muito de para onde você quer ir, respondeu o Gato. Não me importo muito para onde..., retrucou Alice. Então não importa o caminho que você escolha, disse o Gato.” (LEWIS, 2014. Disponível em http://www.ebooksbrasil.org/ eLibris/alicep.html, acesso em 02/10/2013). 15 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Seção 2 Liderar para quê? A liderança não é fenômeno atual. Registros históricos apontam o exercício do liderar a milênios. Percebemos diferenças no conceito, nametodologia, no objetivo e nas técnicas, mas a presença de uma figura frente a uma equipe, e conduzindo-a a um objetivo, é prática humana antiga. O que temos, desde o final do século XX, é a indicação de que o tema cresce de importância. Tal fato é atestado pelo crescimento das publicações sobre o tema. Livros, artigos científicos e textos em revistas temáticas – todos apontam para um incremento da importância do papel do líder. Alguns autores destacam o fenômeno da Globalização para esse aumento da importância do líder. A competição pelo mercado alargou seus horizontes e graças às tecnologias e novas formas, leis e práticas de comércio internacional temos acesso a ideias, produtos e serviços que incrementam tanto o padrão de consumo e grau de exigência quanto a forma de pensar, agir e querer. Novas necessidades, desejos e comportamentos são criados pelo contato intensificado com outros padrões culturais. Toda essa realidade resultou em uma busca acirrada por melhores índices de qualidade e produtividade nas organizações. Nunca antes se competiu tanto; afinal novos (e muitos) atores passam a participar da trama das relações. Nunca nós, os clientes, recebemos tantas ofertas de produtos e serviços, e estas ofertas nunca foram tão rapidamente copiadas. Os nascidos antes da década de 80 lembram quando para cada produto havia 1 ou 2 marcas disponíveis no mercado. Com a quebra das barreiras comunicacionais, relacionais e a expansão das interações internacionais, as opções são infinitas. Com a variedade de produtos e serviços no mercado, podemos escolher mais, e, com isso, aprender e ser pessoas com outros níveis de exigência por produtos, serviços. Do ponto de vista dos consumidores, o processo informacional reconfigura a idéia de mercado consumidor, na medida em que o lugar geográfico não se constitui mais como fator preponderante. Ao mesmo tempo, o consumidor, do escritório de sua casa, tem à sua disposição todo um conjunto de empresas a lhe oferecer bens e serviços com detalhamento de preço e qualidade jamais vistos. Portanto, a delimitação do mercado consumidor potencial hoje é significativamente complexa, tanto em termos de perfil quanto de quantificação. (SIQUEIRA; SPERS, 2013, p. 166) 16 Capítulo 1 Isso, no entanto, trouxe novas necessidades e estilos de liderança. Pois, conhecer o mercado e suas potencialidades exige alta capacidade de aprendizagem e mudança de todas as organizações. Tudo isso em um intenso ritmo que só é possível se as pessoas estiverem envolvidas com os objetivos organizacionais. Pessoas aqui entendidas como todos os que direta e indiretamente integram a rede de relações da organização: colaboradores, gestores, líderes, clientes, fornecedores, parceiros, competidores, para citar alguns exemplos. Ainda sobre o cenário competitivo e a forma de as organizações posicionarem-se frente ao mesmo, Cunha e Corrêa (2013) realizaram um estudo teórico-histórico sobre como as organizações têm monitorado seu próprio desempenho e quais elementos têm sido priorizados na gestão nos últimos anos. Trata-se de algo que não pode ser desconsiderado pela liderança em uma organização. Modelos de avaliação de desempenho e eficiência: uma perspectiva histórica [...] A concepção de avaliar desempenho e produtividade (eficiência) nas organizações surgiu dos ideais positivistas, numa revolução científica em que a matemática servira de respaldo para as experimentações e validações dos processos operacionais. Essas ideias influenciaram posteriores estudiosos da Administração, por exemplo, os clássicos Taylor e Fayol, que se apoiavam na medição de tempos e cálculos de posicionamento para a busca de melhor produtividade das atividades operacionais. Assim, os primeiros esforços para se mensurar desempenho e eficiência em formas estruturadas datam do século XIX, ainda que sob objetivos pontuais e descentralizados de algumas áreas ou setores (TEZZA, BORNIA, VEY, 2010). Com a maior estruturação do campo acadêmico das pesquisas em Administração, alguns estudos diretamente relacionados com a mensuração de desempenho surgiram na década de 1950. Nessa época, Martindell (1950) já prescrevia um padrão de avaliação de desempenho mensurável, entretanto ainda com pouca maturidade conceitual, porque havia muita subjetividade no estabelecimento de ponderações e formulação de indicadores (CORRÊA, 1986). Buscava-se, nesse momento, quantificar medidas operacionais para que o gestor pudesse melhor monitorar o desempenho das atividades. (RIDGWAY, 1956). Outro conceito amplamente difundido nessa época foi a administração por objetivos preconizada por Drucker (1954), pela qual a organização deveria conter indicadores de desempenho de diversas áreas da organização, e sua mensuração deveria ocorrer por meio de um conjunto de indicadores provenientes dessas diferentes áreas. Esse conceito sustentava-se na ideia de integrar diferentes unidades e departamentos num mesmo plano de controle para se atingir a estratégia organizacional, tal como previam os primeiros modelos, por exemplo, o francês Tableau de Bord. (EPSTEIN e MANZONI, 1998). 17 Liderança e Desenvolvimento de Equipes O grande desafio é que, até a década de 1960, grande parte das empresas realizava suas avaliações de desempenho exclusivamente por meio de indicadores financeiros e contábeis (JOHNSON e KAPLAN, 1987), o que trouxe insatisfação aos estudiosos e práticos da área, por dois grandes motivos. Primeiro, porque indicadores financeiros eram voltados ao curto prazo, num momento em que emergia a ideia de que o desempenho deveria ser fruto de uma análise das capacidades futuras da organização. (BUCHELE, 1962). Essas limitações foram superadas, principalmente, com o advento da Administração da Qualidade Total. Ela trouxe uma filosofia cuja perspectiva era de longo prazo e que considerava a temporalidade para as medidas de desempenho, além de direcionar-se com maior ênfase à eficiência, por meio da utilização de medidas que mensuravam as atividades em relação à qualidade e padronização dos produtos e processos. (JURAN, 1969). Não obstante isso, muitos indicadores relevantes para atender às novas expectativas gerenciais não vinham sendo considerados nas medidas contábeis e financeiras, como os de qualidade, satisfação do consumidor, satisfação do empregado e inovação. (ITTNER e LARCKER, 1998). Dessa forma, no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, houve uma exacerbada busca sobre o que exatamente mensurar (NEELY e outros, 2000), gerando o levantamento de possíveis dimensões de análise a serem consideradas nesse processo de avaliação. Culminou-se no desenvolvimento de modelos de avaliação balanceados entre as multidimensões da organização. (BOURNE e outros, 2000). Consequentemente, outro conceito que ganhou considerável relevância na área foi a ideia de se ter um modelo capaz de integrar as diferentes medidas de desempenho. (BITITCI e outros, 1998). A utilização de indicadores não financeiros em conjunto com os financeiros passou a oferecer maior sustentação para o controle administrativo das organizações, que entendiam que os indicadores financeiros eram limitados diante das incertezas, principalmente, do ambiente externo. (VAIVIO, 1999). A década de 1990 caracterizou-se, portanto, pelo advento de diversos modelos direcionados às tendências da época, resultando no estabelecimento de indicadores no formato de scorecards que abrangiam diversas informações (LOHMAN, FORTUIN, WOUTERS, 2004) de múltiplas perspectivas da organização. Por exemplo, Fitzgerald e outros (1991) sugeriram um modelo de avaliação de desempenho com seis perspectivas (qualidade, flexibilidade, utilização de recursos e inovação que geram competitividade e desempenho financeiro). Essa mesma ideia guiou modelos posteriores, como o popular BSC de Kaplan e Norton(1992), no qual as perspectivas financeiras e de clientes seriam determinadas pelas perspectivas de inovação e processos internos da organização. Essa concepção deixa clara não somente a integração de indicadores financeiros e não financeiros, mas também a importância da concepção de causa-efeito para os modelos de avaliação de desempenho e eficiência organizacional. Essas relações foram mais bem representadas pelos mapas estratégicos, amplamente divulgados por Kaplan e Norton. (2004). 18 Capítulo 1 Como as medidas de desempenho devem ser desenvolvidas com base no estabelecimento de uma estratégia que determina os objetivos da organização (KAPLAN e NORTON, 1992), considerar que as medidas de desempenho derivam da estratégia global da organização garante que se estabeleça uma relação entre a operacionalização e a estratégia da organização. Dentro desse conceito, o sistema de avaliação de desempenho das organizações é uma forma pela qual os administradores têm melhor controle gerencial da organização e, assim, podem operacionalizar a estratégia estabelecida (KAPLAN e NORTON, 2008), assegurando que as ações das organizações estejam alinhadas com seus objetivos e estratégias traçados. (LYNCH e CROSS, 1991). Com isso, ter-se-ia o que Kaplan e Norton (2006) denominaram alinhamento estratégico. Pode-se notar, todavia, que os modelos existentes eram desenvolvidos focando-se exacerbadamente no aspecto interno da organização. Diante dessa limitação, os modelos, principalmente do início dos anos 2000, caracterizavam-se por buscar atender aos interesses dos stakeholders como objetivos centrais da organização, e estabelecer, consequentemente, a estratégia organizacional. Destacam-se como modelos atentos aos stakeholders o Prisma de Desempenho desenvolvido por Neely, Kennerley e Adams (2000) e o Integrated Performance Measurement System apresentado por Bititci e outros (1998). Ainda nessa perspectiva externa, pôde-se destacar a preocupação com o âmbito social e ambiental trazido pelo Sigma Sustainability Scorecard (THE SIGMA PROJECT, 2003) e a corrente atualmente mais popular, que é a orientação aos consumidores. (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). O que se pode perceber nessa evolução cronológica dos modelos e conceitos sobre avaliação e desempenho é que cada modelo desenvolvido trouxe consigo um viés voltado especificamente ao elemento novo que ele trazia. Isso não somente coloca o balanceamento de indicadores em risco, como também coloca a incapacidade de modelos prontos serem aplicados em organizações e poderem contar com todas essas variáveis relevantes para uma avaliação e desempenho. Além dessa diversidade de modelos e conceitos, há, ainda, um movimento dialético da área em elementos centrais, como: o foco de atuação dos modelos (mensuração de desempenho versus gestão de desempenho); a perspectiva estratégica do modelo (operacional versus estratégico); a orientação de usuário das informações (executivos versus stakeholders e clientes); a abordagem de uso (interna e transacional versus externa relacional). Essas mudanças alteraram a perspectiva de definições essenciais estáticas para os modelos. Depara- se, portanto, com um cenário que torna irrefutável a necessidade de se terem modelos específicos para atenderem os diferentes objetivos estratégicos de cada setor ou tipo de organização e orientarem-se aos seus reais usuários e finalidades de uso. Fonte: Adaptado de CUNHA, J. A. C.; CORRÊA, H. L. Avaliação de desempenho organizacional: um estudo aplicado em hospitais filantrópicos. Revista de Administração de Empresas – RAE, São Paulo. 2013, vol. 53, n.5, pp.485-499. 19 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Diante disso, observamos que, conforme o contexto histórico-cultural e ainda de acordo com o ramo de negócio e os objetivos da organização, o foco no monitoramento do desempenho frente à competição do mercado pode variar de monitoramento econômico, financeiro e contábil, para avaliação estratégica dos processos, produtos, serviços e/ou, ainda, mais recentemente, para o acompanhamento também de questões mais subjetivas e focadas nas pessoas, tais como qualidade, satisfação, capacidades, condição à inovação, por exemplo. Sobreviver integra os principais objetivos de pessoas e organizações, e estar no mercado com competência, qualidade e produtividade pode ser considerado a razão de ser do líder. No cenário organizacional atual, a partir da reflexão de Cordeiro e Ribeiro (2013), podemos inferir que a necessidade da liderança pode sustentar-se nos seguintes pilares: • Foco Estratégico: atribui-se ao líder a necessidade de conhecer o mercado, parceiros e competidores; desenvolver técnicas de pesquisa para planejar respostas e ações inovadoras. • Foco Participativo: vive-se em um mundo com pessoas melhor informadas e mais conscientes de seus direitos e deveres. O incremento educacional e as novas formas de relação exigem outras formas de gestão. O modelo participativo impulsiona o exercício de uma liderança democrática, atenta às experiências, ideias e sugestões dos demais; tem-se, com esse foco, uma liderança que coopera. • Foco Holístico: as incertezas quanto ao futuro põem o ser humano em uma sensação de ameaça. Esta exige um pensar mais abrangente, que considere necessidades sem esgotar as fontes que as suprem. A noção de que o todo é maior do que as partes que o compõem exige das organizações um pensar ecologicamente responsável. O líder, a partir desse foco, também deve estar focado no contexto ambiental. • Foco Empreendedor: tem uma conotação mais inovadora e, para isso, requer alto conhecimento do mercado e a manifestação de habilidades e competências que mobilizem a equipe em direção à construção de novos produtos e serviços. O líder empreendedor transforma a crise em uma oportunidade. Sejam por motivos econômico-financeiros, culturais e sociais, a Liderança é fenômeno que requer estudo constante porque está inserida na trama das relações humanas. Como mudamos, novos padrões para o exercício da mesma são exigidos a cada fase/contexto do viver em sociedade. Saber identificar o foco a adotar e, por conseguinte, quais ações tomar é mais um desafio que se apresenta às organizações e justifica a necessidade de um líder. 20 Capítulo 1 Seção 3 O que é liderar? O início desta seção de estudo propõe-lhe uma reflexão. Resgate em sua memória nomes de líderes que marcaram a história da humanidade em diferentes contextos. Utilize o quadro a seguir para registrar suas anotações. Contexto Exemplos Político Religioso Esportivo Científico Artístico Profissional Empresarial Social Na busca por conhecer e aprender sobre o exercício da liderança, o Jornalista Anaz publicou sua seleção com líderes que marcaram a história da humanidade. Esse autor destaca a interação pessoal como aspecto que sustenta o nascimento e a manutenção da liderança. Em sua percepção, além dos grandes líderes religiosos como Jesus, Moisés, Buda e Maomé, os campos militar e político são profícuos locus para a aprendizagem sobre mobilização de pessoas. Vejamos sua listagem (Fonte: ANAZ, 2013). • Péricles (495 a.C. - 429 a.C.) Ele foi o mais brilhante político da Grécia antiga. Excepcional orador e estrategista,foi seguidamente eleito pelos cidadãos atenienses como chefe de Estado. Sob sua liderança, Atenas tornou-se a mais rica e poderosa cidade-estado grega. O apogeu ateniense resultou também no período de maior produção artística e intelectual da Grécia. Foram tempos do nascimento da filosofia e da construção dos templos de mármore, como os que compuseram a Acrópole. A beleza e a sabedoria desenvolvidas sob o comando de Péricles constituíram um conjunto de pensamentos e manifestações artísticas que formaram o berço da civilização ocidental.Figura 1.1 - Péricles. Fonte: Pressfield (2014). 21 Liderança e Desenvolvimento de Equipes • Alexandre, o Grande (356 a.C. - 323 a.C.) Os ensinamentos da Grécia antiga fariam surgir um dos mais impressionantes e ambiciosos líderes de todos os tempos: Alexandre, o Grande. Tendo Aristóteles como tutor, o macedônio Alexandre tornou-se aos 20 anos de idade rei da Macedônia e da Grécia. Guerreiro corajoso, excepcional cavaleiro, estrategista brilhante e líder carismático, ele iniciou suas conquistas militares contra os persas e não parou até dominar todo o mundo conhecido. Seu império englobou a Grécia, o Egito, a Fenícia, a Babilônia e a Ásia Menor. Em uma época da história, do rio Nilo até a Sibéria todos estavam sob o julgo de Alexandre. Mas o mundo conhecido não lhe bastava e ele partiu para conquistar a Índia, realizando uma de suas maiores proezas militares. • Júlio César (100 a.C. - 44 a.C.) Roma tornou-se o maior e mais poderoso império da Antiguidade. O principal responsável por isso foi Caio Júlio César, um excepcional chefe do exército romano que obtinha suas vitórias militares de forma tão rápida que cunhou a famosa expressão “vini, vidi, vinci” (vim, vi e venci). Ele foi responsável por uma das mais difíceis e importantes conquistas romanas: a Gália (atual França). Após, seduziu Cleópatra e reuniu o antigo Egito ao Império Romano. Assim como suas habilidades militares, ele também tinha um senso administrativo excepcional e graças a isso colocou ordem num Império que necessitava muito de tal ordem dado o seu tamanho e poder. Figura 1.2 – Alexandre, o Grande. Fonte: Obvious (2014). Fonte: Roma (2014). Figura 1.3 – Júlio César. 22 Capítulo 1 • Átila, o Huno (406 - 453) A Idade Média começou quando o caos tomou conta e o Império Romano começou a ser varrido do mapa. Entre os responsáveis por isso estavam os hunos, guerreiros de baixa estatura, de pele amarela, olhos puxados e inseparáveis de seus cavalos. Átila foi o poderoso rei desse povo. Ele liderou hordas de hunos em ataques devastadores, nos quais pilhavam e incendiavam tudo que encontravam em seu caminho. Após não terem mais o que saquear no Oriente, os hunos voltaram-se para um enfraquecido Império Romano. Átila liderou um exército gigantesco que conquistou metade do mundo conhecido. Era um homem simples, mas inteligente e temido a ponto de seu nome tornar-se sinônimo de crueldade e barbárie por séculos. • Carlos Magno (747-814) Poucos líderes souberam realizar conquistas militares e governar ao mesmo tempo. Um deles, e talvez o mais impressionante nesse sentido, foi Carlos Magno, rei dos Francos, dos Lombardos e primeiro Imperador do Império Romano do Ocidente, cuja restauração ele conduziu com suas conquistas militares e habilidades políticas e administrativas. Rei dos Francos, um dos mais poderosos ducados da Alemanha, ele começou suas conquistas militares pela França, depois avançou para a Itália, onde deu terras ao Papa, foi para a Espanha, de onde expulsou os árabes, rumou para a Áustria, derrotando os bárbaros que a haviam invadido, e conquistou o restante da Alemanha. Acreditando ser o guia supremo de todos os cristãos, Carlos Magno mostrou-se um monarca poderoso e sábio. Valorizava a educação do povo, apoiava as artes e as ciências. Seu reinado foi um dos poucos momentos de prosperidade na Europa da Idade Média. 1.4 – Átila, o Huno. Fonte: Anaz (2014). Fonte: Wikimedia Commons (2014). 1.5 – Carlos Magno. 23 Liderança e Desenvolvimento de Equipes • Napoleão Bonaparte (1769-1821) Pode-se dizer que ele foi o último grande conquistador da história. Nascido na ilha de Córsega, que acabara de ser vendida aos franceses pelos genoveses, Napoleão Bonaparte formou-se em uma escola militar em Paris e quando eclodiu a Revolução Francesa tornou-se oficial superior em um destacamento contra as reações contrarrevolucionárias. Nomeado general, liderou uma improvável conquista da Itália, liderando um exército sem recursos. Após a Itália, pressionou o Império Austríaco a ceder para a França boa parte da Alemanha. Estrategista fora do comum, era amado por seus soldados e pelo povo francês. Com um golpe de estado, assumiu o poder na França e iniciou uma campanha expansionista que o fez dominar quase toda a Europa no começo do século 19. Seu império chegou a ser maior do que o de Carlos Magno. • Franklin Delano Roosevelt (1882-1945) Ele foi o único a ser eleito presidente dos Estados Unidos por quatro mandatos (1933-1945) e teve que lidar com duas das maiores crises do século 20: a Grande Depressão nos anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Num século em que a democracia passou por seus principais testes, Roosevelt foi um líder excepcional, que colocou os Estados Unidos na condição de maior potência econômica e militar do mundo e fez a democracia vencer a ameaça do nazismo, tornando-a o sistema político mais admirado do planeta. Graças à liderança de Roosevelt, o sistema democrático mostrou que pode ser a melhor resposta em momentos de graves crises econômicas e políticas, quando a tentação totalitária ilude nações inteiras. 1.6 – Napoleão Bonaparte. Fonte: Wikipédia (2014). 1.7 – Franklin Delano Roosevelt. Fonte: WIKIPEDIA (2014). 24 Capítulo 1 • Adolf Hitler (1889-1945) Ele liderou uma nação inteira numa das mais pavorosas aventuras da história (estima-se que a Segunda Guerra Mundial teve como saldo quase 60 milhões de mortos). Sua enorme capacidade de liderar de forma demagógica e de insuflar ódio e radicalismo no povo alemão fez de Hitler um símbolo da pura maldade dos tempos modernos. Inimigo de todos os ideais democráticos, ele ironicamente ascendeu ao poder a partir de eleições e coligações partidárias num dos períodos mais democráticos da história alemã. A grave crise econômica na Alemanha nos anos 30 fomentou a revolta suficiente na população para que visse a guerra como uma saída. Hitler soube ser carismático e ambicioso o suficiente para aproveitar-se disso e fazer da Alemanha nazista um dos mais poderosos impérios militares da história. • Mahatma Gandhi (1869-1948) Lutar sem armas contra aquele que tinha sido um dos maiores impérios do mundo foi a missão de Mahatma Gandhi. Com sua filosofia da não-violência e sua paixão pela liberdade, ele foi um ícone do fim do colonialismo. Gandhi tornou-se o mais proeminente líder do movimento de independência da Índia em relação ao domínio britânico ao promover uma crescente campanha de desobediência civil. Entre os protestos que liderou estavam o boicote aos produtos britânicos e a luta contra o tratamento injusto destinado aos que estavam nas castas mais baixas no sistema social indiano. Um dos mais frequentes métodos de protesto de Gandhi era a greve de fome, que se mostrou uma arma eficaz à medida que o governo britânico tinha muito receio de que a sua morte levasse a um violento levante popular. 1.8 – Adolf Hitler. Fonte: News Magazine (2013). 1.9 - Mahatma Gandhi. Fonte: Filosofia esoterica (2014). 25 Liderança e Desenvolvimento de Equipes • Martin Luther King (1929-1968) Sua campanha contra a segregação racial e sua luta pelos direitos civis transformou os Estados Unidos e serviu de exemplo para outras lutas pela igualdade racial no mundo inteiro. Da mesma forma que Gandhi, Martin Luther King usava da filosofia da não-violência para lutar pelos direitos civis dos negros nos Estados Unidos, um país então com uma série de leis segregacionistas. Sua prisão durante um protesto em 1960, que resultou na intervenção para que ele fosse solto, feita pelo então candidato à presidência John F. Kennedy, deu a King ea sua luta uma projeção nacional. Três anos depois ele liderou o que foi a mais impactante manifestação pelos direitos civis na história dos Estados Unidos: a marcha sobre Washington que reuniu mais de 200 mil pessoas, entre elas Bob Dylan e vários artistas, líderes políticos, sindicais e religiosos. Foi durante essa manifestação de protesto que King fez seu famoso discurso “Eu tenho um sonho”. Provavelmente em sua lista particular de líderes, a qual foi solicitada aqui no início desta seção, o critério utilizado por você para escolher os nomes que ali você apresentou seja o mesmo que sustenta a escolha de Anaz nesta lista que acabamos de apresentar. Isto é, podemos depreender dessa lista de Anaz que ser Líder é ser uma pessoa que tem poder e exerce autoridade sob um agrupamento de pessoas e com elas constrói e/ou realiza um projeto. Algo é feito ou transformado pela ação de um líder com sua equipe. Líderes, portanto, planejam, sonham, mobilizam e executam. A pergunta que provavelmente lhe veio agora é: - tais habilidades e competências de um líder são inatas ou construídas? Nascemos líderes ou podemos aprender a ser líderes? 1.10 - Martin Luther King. Fonte: MAILONLINE (2014). 26 Capítulo 1 Para refletirmos sobre tal questão, recorreremos às contribuições da Psicologia, ciência que estuda e intervém sobre a subjetividade, pensamentos, sentimentos e comportamento. Encontraremos três vertentes que explicam o fenômeno da liderança: • inatista; • ambientalista; • sociointeracionista. Acompanhe a seguir uma breve definição de cada uma dessas teorias psicológicas que podem ser levantadas para explicar a questão da liderança. 3.1 Inatista Para os inatistas, existiriam manifestações e possibilidades humanas que são anteriores a qualquer experiência. O ser humano, portanto, insere-se em um dado contexto impactando-o com suas características que independem da relação objetiva e prática. A partir dessa forma de pensar, estudaríamos os líderes a partir do que eles têm de singular e específico em suas histórias individuais. Veremos, a seguir, teorias acerca da liderança, as quais têm a perspectiva de estudar e desenvolver líderes a partir de suas competências de habilidades individuais sem considerar o contexto e suas interferências. A lógica dessa compreensão pode ser representada assim: S = sujeito da relação. O = objeto da relação, que poderá ser outra pessoa, um objeto, um agrupamento, o meio ambiente. A relação entre esses dois elementos é representada por: Como você pode observar, o sujeito é quem determina as suas relações com o objeto. Este último não determina o sujeito, nem o influencia. A flecha representa a direção do impacto na relação. A liderança compreendendo esse tipo de compreensão de como se dá a relação psicológica do sujeito (o líder) com o objeto (liderados) é aquela que diz que, por natureza, o líder se faz. Isto é, que o líder possui atributos que lhe pertencem naturalmente e que lhe fazem conseguir liderar. S O 27 Liderança e Desenvolvimento de Equipes 3.2 Ambientalistas Os ambientalistas, que têm a Teoria Comportamental (também conhecida como Behaviorismo) como exemplo, consideram que a mente humana é como uma tábua rasa. O que isso significa? Tudo o que pensamos, sentimos, desejamos e fazemos é resultado de nossas experiências com o mundo e com as demais pessoas. Trazendo tal linha de reflexão para o nosso tema, podemos inferir que as habilidades de liderança seriam totalmente possibilitadas pelo contexto onde a pessoa foi criada, as experiências de vida às quais se submeteu, aos treinamentos que vivenciou. Para essa proposição, a relação entre a pessoa e o outro seria assim representada. Assim, a relação entre sujeito e objeto considerando os símbolos que antes atribuímos a esses elementos, pode aqui ser representada da seguinte forma: S O 3.3 Sociointeracionismo Já para a vertente sociointeracionista, o mundo, a forma de viver e as relações sociais experienciadas impactuam o sujeito de forma a lhe proporcionar certas formas de ser, pensar, viver. Essas experiências constroem o sujeito que, por sua vez, também tem características e possibilidades próprias, pelo fato de ser um ser humano singular. Refletindo sobre essa proposta e trazendo-a ao nosso tema, as experiências de vida do sujeito constroem possibilidades para que ele aprenda certas habilidades. Ele se apropria destas, mas não apenas as repete. Integra com outras aprendizagens já vividas, incrementa, amplia, refaz e devolve ao mundo em forma de comportamentos novos. Ele transforma o que o mundo lhe proporciona criando, assim, uma relação de mútua interferência. Uma relação dialética que poderá ser assim representada: S O 28 Capítulo 1 Para esta corrente do pensamento, portanto, a liderança parte do contato, da aprendizagem e da experiência em um contexto de liderar e de ser liderado. Independentemente de qual dessas três vertentes da psicologia se segue para entender a origem da liderança, a literatura especializada sobre o tema apresenta o líder como aquele que, por meio do conhecimento, de habilidades e competências, poderá: • influenciar atitudes; • criar ou modificar comportamentos; • mobilizar, inflamar e inspirar; • ir à frente e mostrar o caminho; • dirigir pessoas. (Maximiano, 1986; Goleman, 2002; Drucker, 1997; Hersey & Blanchard, 1986; WEBSTER`S, 1999; Newstrom & Keith, 1992). Líder, portanto, difere-se muitas vezes do chefe. Afinal, este último pode não ter a característica de realizar ações cooperativas e não coercitivas, algo que é típico dos comportamentos elencados no parágrafo anterior. Mas, claro, isso não quer dizer que não se possa ter um chefe que é líder. E, para ver exemplos de indivíduos que possuem esses comportamentos, é um ótimo recurso recorrer ao cinema. Assim, para você aprender mais sobre o que é e para que ser líder, seguem as seguintes sugestões de filmes com suas respectivas sinopses: • Spartacus. Spartacus (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Ele, por sua vez, não tem muito com o que sonhar, pois foi condenado à morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Mas seu destino foi mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o comprou para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador. Até que um dia, dois poderosos patrícios chegam de Roma, um com a esposa e o outro com a noiva. As mulheres pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus escolhido para enfrentar um gladiador negro, que vence a luta mas se recusa a matar seu opositor, atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos. 29 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália. Inicialmente as legiões romanas subestimaram seus adversários e foram todas massacradas, por homens que não queriam nada de Roma, além de sua própria liberdade. Até que, quando o Senado Romano toma consciência da gravidade da situação, decide reagir com todo o seu poderio militar. (Fonte: Adoro Cinema. Disponível em http://www. adorocinema.com/filmes/filme-5370/. Acesso 02/10/2013.) • Duelo de Titãs: Herman Boone (Denzel Washington), um técnico de futebol americano contratado para trabalhar no comando de um time universitário dividido pelo racismo, os Titans. Inicialmente, Boone sofre preconceitos raciais por parte dos demais técnicos e até mesmo de jogadores do seu time, mas aos poucos ele conquista o respeito de todos e torna-se um grande exemplo para o time e também para a pequena cidade em que vive.(Fonte: Adoro Cinema. Disponível em http://www.adorocinema.com/filmes/filme-27445/ Acesso em 02/10/2013.) Esses filmes, baseados em fatos reais, demonstram, cada um com seu estilo, o nascimento, a metodologia e os resultados de diferentes estilos de liderança. 31 Seções de estudo Habilidades Capítulo 2 O exercício da liderança autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. Seção 1: O papel da liderança na organização Seção 2: Teorias sobre desenvolvimento da liderança Com este capítulo você poderá compreender o exercício da liderança em uma perspectiva histórica. Também poderá conhecer as principais contribuições das teorias acerca do desenvolvimento da liderança. A partir disso, estudaremos como a ciência tem compreendido a liderança, quais variáveis afetam a formação das competências de um líder, como o líder age, como ele influencia as pessoas, dentre outros aspectos que ganham importância à medida que a partir da compreensão dos fatos podemos intervir sobre eles, inclusive sobre a perspectiva do autodesenvolvimento. 32 Capítulo 2 Seção 1 O papel da liderança na organização Sequer é preciso fazer pesquisa apurada para constatar o interesse contínuo pelo tema liderança. Programas de Pós-Graduação, publicações científicas e outras do cotidiano estampam em seus títulos tal intenção. Já no senso comum observamos que há uma crença na diferença entre gestor e líder. O que é ser um líder? Quem precisa de líder? São perguntas que ecoam em diversas instâncias, inclusive já foram muito debatidas no âmbito acadêmico. Ao final do séc. XX Warren Bennis falou que: O gerente administra, o líder inova; o gerente é uma cópia, o líder é original; o gerente focaliza-se em sistemas e estruturas, o líder focaliza-se nas pessoas; o gerente tem uma visão a curto prazo, líder tem a perspectiva do longo prazo; o gerente pergunta como e quando, o líder pergunta o que e por quê; o gerente tem seus olhos sempre nos limites, o líder tem seus olhos sempre nos horizontes; o gerente limita, o líder dá origem; o gerente aceita o status quo, o líder desafia; o gerente é o clássico bom soldado, o líder é a própria pessoa; o gerente faz certo as coisas, o líder faz as coisas certas. (BENNIS apud Bergamini, 1994, p.108). Nesta lógica, Bergamini (1994) prosseguia sua reflexão pontuando que o gestor faz mais uso dos conhecimentos técnico-administrativos, enquanto que o líder parte do próprio autoconhecimento, aspecto que o habilita a ser menos controlador das pessoas que compõem sua equipe. O relacionamento do líder é devotado às pessoas; seus objetivos, crenças e valores direcionam-se a isso. O gestor seria mais focado na tarefa; e o líder, nas pessoas. Destaca a autora que ser gestor não significa, necessariamente, ser líder, e vice-versa. O sujeito líder pode saber trabalhar com a equipe, mobilizá-la para o alcance dos objetivos, mas ser desprovido de conhecimentos técnicos, operacionais, dentre outros – algo que, via de regra, deve ou, pelo menos, deveria pertencer ao gestor. Em tempos de crescimento do acesso à informação e dos índices educacionais, parece emergir a necessidade de novas formas de relacionamento com os subordinados. O papel de chefe, o discurso que apela ao cargo (faça por que estou mandando) parecem cair em desuso e novas formas de relação superior subordinada são exigidas. Novas condições educacionais, culturais e sociais demandam por novas formas de se administrarem recursos, pessoas e objetivos organizacionais. 33 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Outros autores, por sua vez, concordam que as duas figuras são importantes à organização. Gestor e líder, cada qual com sua função e importância, são indispensáveis à organização. Vejamos o quadro em destaque a seguir para entender uma explicação para isso. A mudança do paradigma da liderança A palavra chefe mudou completamente de sentido nos últimos tempos. Como afirma Jay A. Conger, presidente do Instituto de Liderança da Universidade do Sul da Califórnia (USC), ela não mais significa realização e autoridade. Agora a palavra simboliza distância dos outros, dureza irracional e outras conotações não muito atraentes. É interessante observar que as organizações estão substituindo o título de gerente pelo de líder de equipe, coordenador de processo, facilitador, etc. Isso significa que não haverá mais líderes? Não. Significa que o estilo antigo de liderança se desgastou. Atingiu seus sucessos e esbarrou em seus obstáculos. Pelas peculiaridades da economia moderna e pelas necessidades da empresa do futuro (a virtualidade, a flexibilidade, a rapidez, a inovação, a consciência, o funcionamento em rede, a emoção), a liderança salvadora, quase religiosa, tem poucas chances de sobreviver. Segundo Edgar H. Schein, professor de gestão da Sloan School, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o papel da liderança depende da situação particular, da tarefa e das características dos subordinados. Nós tendemos a tratar a liderança como um vácuo, em vez de especificar a relação do líder com a organização, num dado período, diz Schein. O que ele quer dizer é que não faz sentido traçar o perfil do líder, se não se levar em conta a organização que vai ser liderada. Não existe a figura do líder ideal, aplicável a qualquer caso. Como diz o guru da administração, Peter Drucker: A única definição de líder é alguém que tem seguidores. Dessa forma, cada empresa terá de encontrar sua própria fórmula de liderança, adequada à sua cultura, ao seu negócio, ao seu mercado. Mas, assim como a nova economia dita algumas tendências para as organizações, e as que se adaptarem melhor terão mais sucesso - também os líderes mais aptos a lidar com essas tendências farão um trabalho melhor. A lógica de frisar as diferenças entre chefe e subordinados está ultrapassada, diz Rosabeth Moss Kanter, professora de gestão da Harvard Business School. Segundo ela, líderes do futuro deverão ter as qualidades de líderes de sempre: um olho para a mudança e uma mão firme para dar a visão e a segurança de que a mudança pode ser administrada. Trata-se de uma voz que articula a vontade do grupo e a molda para fins construtivos e uma habilidade para inspirar pela força da personalidade. 34 Capítulo 2 Segundo Dave Ulrich, professor de administração da Escola de Negócios da Universidade de Michigan, apontado pela revista Business Week como o maior educador sobre recursos humanos no EUA, os líderes do futuro serão conhecidos mais pelo que entregam do que pelo que dizem, mais pelo que moldam do que pelo que controlam. Se há uma característica imprescindível nos líderes, ela é simplesmente esta: a inteligência. Como diz Rosabeth Moss Kanter, da Harvard Business School: ”A função intelectual dos líderes tem sido frequentemente negligenciada nas discussões sobre liderança. Carisma, força de personalidade, habilidades interpessoais têm sido mais faladas que o poder do cérebro requerido de líderes para pensar nos problemas e achar novas soluções”. Numa economia em que o principal produto é o conhecimento, o ideal é que a liderança seja uma espécie de destaque entre pares. Essa situação faz com que o líder tenha necessidade de um novo leque de qualidades. Entre essas qualidades, o guru da administração C. K. Prahalad, professor da Universidade de Michigan destaca: • Pensamento sistêmico - a capacidade de considerar as várias áreas da empresa e suas relações com as outras; • Competência intercultural - a capacidade de compreender diferenças; • Treinamento contínuo e extensivo; • Padrões pessoais e de comportamento. Fonte: (RUGGIERO, A. Disponível em http://rh.com.br/Portal/Geral/Blog_Alberto_Ruggiero/5490/a- mudanca-do-paradigma-da-lideranca.htmlAcesso em 30/10/2013. De chefe à líder, de líder à autonomia, é a proposta de Mintzberg (2007). Segundo o autor, nas últimas décadas, a academia e as organizações devotaram interesse supremo ao papel do líder e este desvinculado do seu entorno, do contexto e das pessoas com as quais se relaciona. Por anos teorias e discursos enalteceram, deificaram e singularizaram a figura do líder. Vejamos aqui uma crítica a isso apresentada no jornal Época Negócios: 35 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Quem precisa de líder? “É claro que liderança pode fazer diferença”, escreveu num artigo para o jornal Financial Times. Mas é frequente que ela se torne uma tautologia: mostre à imprensa uma companhia de sucesso e ela lhe mostrará um grande líder. É tão mais fácil do que tentar entender o que realmente aconteceu. O exemplo de Mintzberg é o mítico renascimento da IBM, nos anos 90. Quando a liderança importa, como foi provavelmente o caso de Lou Gerstner, então executivo- chefe da IBM, que liderança é essa? De acordo com relatos internos, a IBM entrou no negócio eletrônico porque um programador levou a ideia a um gerente, e este juntou um grupo que a implementou. “Qual o papel de Gerstner?”, escreveu Mintzberg. “Quando ele finalmente ouviu sobre a iniciativa, encorajou-a. Isso foi tudo. Em vez de dar direção, apoiou a direção de outros.” Algo semelhante aconteceu com Steve Jobs. Talvez não na Apple, mas seguramente na Pixar. A Pixar fazia aparelhos de imagem. Jobs a comprou porque pretendia usar a tecnologia em seu próximo computador. Mas alguns funcionários gostavam de desenhos animados – e conseguiram fazer alguns curta-metragens com a desculpa de promover o maquinário em congressos. Conforme os desenhos foram fazendo mais sucesso, o papel de Jobs foi similar ao de Gerstner: deixou a turma trabalhar. (Por essa permissão, é frequente ouvirmos que Jobs revolucionou a indústria do cinema.) Nenhum desses relatos significa que o líder seja desnecessário. Apenas que se atribui a ele uma visão e um protagonismo irreais, e isso provoca distorções na maneira como encaramos o trabalho. Como diz Mintzberg: “Toda vez que usamos a palavra liderança, temos de lembrar que ela isola um indivíduo e trata os demais como seguidores. É esse o mundo que queremos? De seguidores? Isso tornará melhores nossas instituições e nossas sociedades?”. A mistificação do líder pode surpreender o próprio líder. Luiz Ernesto Gemignani, ex- presidente e atual presidente do conselho da Promon, afirma: “A glamourização me incomodava. Me sentia até um pouco envergonhado. Mas, às vezes, por interesse da empresa ou por vaidade, eu aceitava”. Segundo ele, a melhor metáfora para o líder atual é do jardineiro. “O trabalho é resultado de esforços coletivos. O líder cumpre um papel importante, talvez um pouquinho mais importante que os outros. É o maestro da orquestra. Mas é exaltado, as pessoas o aplaudem de pé.” Fonte: (COHEN ET AL, 2013. Disponível em <http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Visao/ noticia/2013/03/quem-precisa-de-lider.html>Acesso em 5 de jan de 2013). 36 Capítulo 2 O que percebemos nos argumentos da crítica à ênfase na liderança não é propriamente na existência do líder em si, mas no papel, valor e estilo que lhe é atribuído. Os exemplos fundamentados no quadro apresentado mostram a existência de alguém frente ou junto com a equipe. Destacamos, no entanto, que de nada adianta trocarmos o verbete de chefe para líder se na prática as formas de exercício do comando não acompanharem a evidente evolução política, cultural e social em diversas organizações e formas de trabalho. Nos exemplos em destaque, houve uma pessoa que articulou os objetivos, que integrou o objetivo da tarefa e mobilizou pessoas criando e/ou possibilitando as condições necessárias para a execução eficiente. Partimos da perspectiva, portanto, de que o líder é necessário no contexto organizacional por ser ele o porta-voz de toda uma cultura organizacional e o mediador entre a organização e os colaboradores. Com ele pode-se deflagrar o processo de construção de objetivos e metodologias para o alcance dos resultados estratégicos da tarefa. Veremos, na próxima seção, que ao longo dos tempos o conceito e demais aspectos teóricos acerca do tema variaram. Seção 2 Teorias sobre Liderança De acordo com as características culturais, históricas e sociais, abordagens distintas sobre ser líder surgiram. Observaremos, a seguir, que as teorias partem de práticas, seus limites e possibilidades. Uma necessidade do cotidiano provoca o desenvolver do estudo, da formulação de explicações que, por sua vez, transformam o como fazer liderança de pessoas. Cada tempo e seus valores, cada negócio e suas especificidades, demandam formas de compreensão do que vem a ser um líder. 2.1 Teoria das características ou Abordagem dos Traços A História da Administração é marcada pela integração com outras ciências e profissões a fim de melhor compreender e intervir sobre seu foco de ação. Administradores desenvolveram estudos integrados também no tema liderança. A teoria das características ou Abordagem dos traços é das mais antigas, na História da Administração. Seu foco de estudo está nas características que os líderes têm e que aumentam a probabilidade de o mesmo alcançar o sucesso em suas ações. 37 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Teóricos como Kirkpatrick, Locke, MacClelland, Judge, Bono (Muchinsky 2004) não chegaram a um conjunto específico de traços da personalidade, mas apontam que as personalidades estudadas apresentam com maior frequência as seguintes características: Quadro 2.1 - Características dos líderes segundo a Abordagem dos Traços Traços da Personalidade dos Líderes Significado Alto nível de energia e tolerância ao estresse Essas características possibilitam ao líder um melhor enfrentamento do cotidiano acelerado e competitivo, dos conflitos inerentes à função e das tensões referentes às tomadas de decisões. Maturidade emocional O líder age menos na defensiva, tem manifestações emocionais mais estáveis e melhor autocontrole. Integridade O comportamento do líder é compatível com os valores. Autoconfiança Essa característica torna o líder mais persistente e focado nos objetivos, apesar dos desafios. Aprazibilidade e extroversão O líder é pessoa de agradável convivência e centrado nas pessoas. Fonte: elaborado pela autora a partir de Muchinsky, 2004 Essa teoria preocupou-se mais em descrever as características de personalidade dos líderes do que investigar as condições para o surgimento, aprendizagem e desenvolvimento das mesmas. Seu foco era o indivíduo, não o contexto de sua formação. O próprio método de estudo deu margem a equívocos nos resultados. Observados apenas os traços dos líderes da época (início do século XX), as características levantadas fecharam-se para a compreensão dos líderes de outras culturas, contextos e momentos históricos. Quem seria líder? Aquele que nascesse com determinados traços físicos, intelectuais, sociais e relacionados com a tarefa. Por exemplo: deveria ter estatura alta, bela aparência, força física etc. Contudo, se tentarmos enquadrar, nesta teoria, personagens como Napoleão, Rosa de Luxemburgo e Ghandi, o resultado será decepcionante, servindo para nos mostrar apenas uma coisa: que liderança não é inata. (VERGARA, 2007, p.62). 38 Capítulo 2 Stoner e Freeman (1994) destacam a importância de termos uma leitura crítica desta teoria. Se fôssemos adotar o objetivo e o método da Abordagem dos traços da personalidade na atualidade, quais características encontraríamos? Na procura das características mensuráveis da liderança, os pesquisadores utilizaram duas abordagens; (1) comparar as características das pessoas que se revelaramcomo líderes com as características daquelas com quem isso não aconteceu; e (2) comparar as características dos líderes eficazes com as dos líderes ineficazes. (STONER & FREEMAN, 1999, p. 345) Tais autores questionam e convidam-nos a pensarmos que: • Napoleão e Abraham Lincoln são notórios líderes da História mundial. Não se questiona suas capacidades em mobilizar pessoas para um determinado objetivo. No entanto, eles não tinham características como extroversão e aprazibilidade, por exemplo. • as diferenças culturais podem trazer fortes impactos a esta forma de compreender a liderança. O aumento da participação das mulheres e dos deficientes físicos no mercado de trabalho, estas e outras minorias estão galgando novos cargos e imprimindo novas formas de ser, fazer, de se comportar como líder. Certamente, ao analisarmos líderes eficazes e líderes ineficazes em diferentes segmentos de negócios, identificaríamos novas possibilidades. Cada pessoa traz consigo outras características pessoais que não tinham vez e voz no início do século XX, época das primeiras formulações dos traços de liderança. McClelland et al. (apud Muchinsky, 2004) perceberam ainda que o líder tem necessidade de liderar. Chamaram tal processo de motivação. “Motivação é a força que estimula as pessoas a agir. No passado, acreditava- se que essa força era determinada principalmente pela ação de outras pessoas, como pais, professores ou chefes. Hoje, sabe-se que a motivação tem sempre origem numa necessidade. (...) Na verdade, motivação é consequência de necessidades não satisfeitas.” (GIL, 2001, p. 202). 39 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Os líderes teriam necessidade de liderar. (MUCHINSKY, 2004; STONER & FREEMAN, 1994). Teriam alguma destas características: • necessidade de poder; • necessidade de realização; • necessidade e afiliação. Tais necessidades, quando insatisfeitas, agiriam como motivos provocadores do comportamento de liderar. O líder com necessidade de poder precisa e gosta de se perceber em ações de influência, controle, gestão de pessoas, tarefas, por exemplo. Já o líder com necessidade de realização precisa realizar algo. Tem um projeto, um sonho e um foco e mobiliza pessoas e recursos para o alcance do seu objetivo. E o líder com necessidade de afiliação valoriza o estar em ações coletivas e sociais, trabalha com outras pessoas e busca relacionamentos. Podemos identificar qual é a motivação do líder, observando suas necessidades comportamentais. Suas ações refletem a necessidade de trabalhar em equipe e mobilizar pessoas? Ou seu comportamento indica que ele tem um projeto e quer veementemente alcançá-lo? O estilo de trabalhar com a equipe indica que o líder está atento a formas e técnicas de controle? O líder poderá vir a ser caracterizado por uma necessidade que o motiva a exercer a liderança, ou varia entre uma e outra. Prosseguindo na ânsia de identificar as características específicas dos líderes, os autores identificaram algumas habilidades como pertencentes a estes: • Habilidades técnicas: significa saber fazer. O líder tem as habilidades necessárias para o cotidiano. Ele entende da natureza, da operação, do método do trabalho em que está envolvido. Atua no operacional. • Habilidades conceituais: saber entender. O líder sabe perceber, analisar, compreender as características do negócio, avaliar tendências. Atua mais em um âmbito cognitivo. • Habilidades interpessoais: saber trabalhar em equipe. O líder articula pessoas, distribui tarefas, envolve em torno dos objetivos. Sabe estar em conjunto e cria ambientes de cooperação no trabalho. 40 Capítulo 2 O líder pode ter só 1 dessas habilidades? Ou é necessário que tenha as 3? Percebe- se, na prática, que existem líderes que se destacam em 1 dessas habilidade; mas há, também, líderes que, conforme o contexto e o desafio, oferecem esta ou aquela habilidade. É como se cada desafio tivesse suas próprias demandas. 2.2 Teorias Comportamentais Saindo do foco nas características individuais, os pesquisadores de Administração e Psicologia passaram a investigar os comportamentos dos líderes eficazes. O que eles fazem? Como fazem? Passaram a adotar a abordagem comportamental: uma concepção de que a liderança é mais bem compreendida em termos das ações adotadas por um indivíduo ao liderar um grupo. (MUCHINSKY, 2004, p.411) Após as devidas observações, as pesquisas com este enfoque podem ser concentradas em dois aspectos: • as funções da liderança; • os estilos de liderança. Quanto às funções da liderança, um líder pode ter comportamentos mais voltados para a tarefa (modo de trabalhar, prazos, aspectos técnicos, por exemplo) ou voltados às pessoas (manter o grupo, mediar conflitos, incentivar, dentre outras ações). Qual é a melhor função? As duas são necessárias para o exercício de uma liderança eficaz. O que se percebe é um trânsito entre os dois estilos ou, ainda, o líder detendo mais uma função, enquanto um colega exerce a outra. Esse foco do líder (na tarefa ou nas pessoas) determinará o seu estilo. Vejamos: Quadro 2.2 - Estilos de liderança Estilos de liderança Comportamentos observáveis Orientado para a tarefa Supervisionam de perto os empregados para garantir que a tarefa seja executada satisfatoriamente. Para eles, fazer com que o trabalho seja realizado é mais importante do que o crescimento ou a satisfação pessoal dos empregados. Orientado para as pessoas Tentam motivar, em vez de controlar os subordinados. Buscam relações amigáveis, confiantes e respeitosas com os empregados, que frequentemente têm permissão para participar das decisões que os afetam. Fonte: (MUCHINSKY, 2004, p. 346). 41 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Este estilo de liderança não é inato, não pertencente apenas às características do indivíduo, mas é o resultado comportamental de uma série de influências, tais como: tipo de negócio, prazos, desafios organizacionais, demandas dos colaboradores, fatores ambientais, dentre outros. O estilo é, portanto, situacional, de forma que um líder poderá transitar entre estes focos conforme a necessidade. BERGAMINI (2004) e Hofstede (1991) destacam que essa habilidade, de compreender as variáveis situacionais para melhor exercer um estilo de liderança, é fundamental, pois possibilita ao líder trabalhar melhor com culturas diferentes (pessoas, organizações e até mesmo países). Pesquisadores da Universidade de Ohio propõem que não é possível focar na tarefa e nas pessoas ao mesmo tempo, visto que os comportamentos que cada foco empenha são totalmente diferentes e incompatíveis. Qual é o melhor estilo? Novamente destacamos a necessária consideração do contexto e da demanda. Observemos este exemplo: Comandantes das Forças Aéreas com alto nível de consideração (pelas pessoas) foram avaliados como menos eficazes do que comandantes orientados para as tarefas. É possível que o ambiente mais autoritário dos militares, junto com a crença das tripulações de aeronaves de que as decisões rápidas e duras são essenciais em situações de combate, tenha levado os líderes orientados para as pessoas a serem avaliados como menos eficazes. Por outro lado, supervisores e administradores fora das áreas de produção em grandes empresas eram avaliados como mais eficazes quando eram avaliados com alto nível de consideração (pelas pessoas). (STONNER E FREEMAN, 1994, P. 348) Para exercer a sua função como líder, segundo a Teoria Comportamental, os comportamentos mais observados no exercício da liderança são comunicação, apoio, gestão de conflito e desenvolvimento de equipe, motivação, reconhecimento e recompensa, planejamento e organização, solução de problemas, consultoria e delegação, monitoramento, informação e esclarecimento. (MUCHINSKY, 2004)2.3 Teorias Contingenciais As teorias contingenciais partem do pressuposto de que as técnicas administrativas têm desempenho dependente das circunstâncias a que se referem. Com essa perspectiva, pesquisadores passaram a buscar as variáveis que afetavam a eficácia dos líderes em cada situação enfrentada. 42 Capítulo 2 Observemos o quadro a seguir com alguns dos fatores que alteram o desempenho do exercício da liderança: Quadro 2.3- Fatores que influenciam o estilo de liderança. Fatores Significados Personalidade, experiências e expectativas do líder Quem somos, o que fazemos e o que já vivemos modelam a forma como vemos o outro, o desafio, a equipe e a empresa. Esse aspecto mais singular enfatiza as experiências que o líder já vivenciou no exercício da liderança. Expectativas e o comportamento do superior Tendemos a aprender a exercer o estilo de liderança do superior; por vezes até seguimos os mesmos padrões comportamentais. Exigências da tarefa O conteúdo da tarefa, o tempo que dispomos para desempenhá-la (dentre outras variáveis) contribuem para delimitar o estilo de liderança. Tarefas que exigem maior criatividade requerem um líder diferente daquelas que são mais prescritas. Expectativas e comportamento dos pares Esse fator diz respeito à forma como o líder é percebido pelos pares. A qualidade da relação, o teor emocional que circula entre as pessoas altera o desempenho do líder. Características, expectativas e comportamento dos subordinados Assim como ocorre com os pares, com os colaboradores também acontece de o nível cognitivo, experiencial, emocional alterar o comportamento do líder. Cultura e políticas organizacionais Valores e práticas das empresas alteram o estilo pessoal de cada colaborador e líder. Fonte: Adaptado de Stoner e Freeman (1994, p. 350). Essa teoria considera que o comportamento do líder é influenciado fortemente pelo relacionamento que estabelece com pessoas (superior, pares, colaboradores, parceiros) e com os desafios das tarefas. Uma ação que requeira maior urgência exigirá um desempenho e a entrega de emoções e habilidades diferentes daquela outra que exija maior tempo de estudo, reflexão e planejamento, por exemplo. 43 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Alguns modelos teóricos de Abordagens Contigenciais: • Liderança Situacional: Desenvolvida por Paul Hersey e Kenneth H. Blanchard parte do pressuposto de que a eficácia do líder é alterada pela maturidade dos subordinados. A maturidade aqui é entendida como sendo desejo de realização, disposição para aceitar responsabilidades e capacidade e experiência para execução da tarefa. No início do relacionamento, quando a tarefa ainda não é de todo conhecida, é necessário que o líder seja mais focado na tarefa em si, a fim de que os colaboradores possam ser instruídos quanto às regras e métodos. Na medida em que estes aprendem o foco, gradativamente, deixa de ser o aspecto operacional da tarefa o foco do líder, passa a ser mais o relacional, visto que os colaboradores já galgam novos patamares de conhecimento e habilidade. O líder, então, deixa de ser tão direcionador e passa a exercer mais função de apoio e motivação. Pode-se observar que essa teoria vê a liderança transitando em diferentes estilos, aspecto este não percebido em outras propostas. O líder poderá ser, num primeiro momento, mais preocupado com o operacional, com o método, com a execução em si e, noutro momento, deixar a equipe executar e servir como apoio focando os relacionamentos, por exemplo. • Liderança e situação de trabalho: Desenvolvida por Fred E. Fiedler, essa teoria, também contigencial, questiona a teoria anterior e traz a percepção de que para o administrador não é fácil (e rápido) perceber quando é necessário mudar o enfoque de sua ação e o seu estilo de liderança. No entendimento deste pesquisador é mais fácil mudar a situação ou a pessoa que ocupa a liderança do que o estilo do líder propriamente dito. No entendimento dele as pessoas não mudam assim tão facilmente. Percebeu, ainda, que a relação do líder com os colaboradores é a principal variável que afeta o estilo de liderança em algum grau. Com aqueles companheiros de trabalho preferidos (CTP) o líder poderá se mostrar mais amigável, caloroso; já com os menos preferidos tende a ser mais autoritário e controlador da tarefa. O foco aqui parece ser o elo afetivo-emocional que o líder estabelece com os colaboradores. 44 Capítulo 2 Fiedler ainda destaca que a estrutura da tarefa também influencia o estilo do líder, pois se as ações são muito estruturadas, com operações bem específicas e os colaboradores já sabem o que deve ser feito, cabe ao líder um estilo; àquelas ações não tão prescritas ou àquelas que ainda precisam ter maior / melhor estruturação, o papel do líder muda qualitativamente. Outro aspecto percebido por Fiedler é o poder do cargo. Conforme o grau hierárquico que o líder ocupa, maior será o poder que ele terá e diferente igualmente será sua influência sobre as pessoas. O presidente tem um poder inerente ao cargo que difere do poder de um supervisor de produção, por exemplo. • Abordagem caminho – objetivo: Formulada por Martin Evans e Robert House, aborda o papel do líder no caminho que conduz ao alcance dos objetivos. Baseados em uma teoria das motivações (em que as pessoas envolvem-se mais quando sabem das recompensas que receberão por suas ações e o grau de atratividade delas), os autores refletiram que para alcançarmos um objetivo podemos ter diversos caminhos e meios. Cabe ao líder conhecer tudo isso e orientar os colaboradores da melhor forma, fazendo saber a recompensa que obterão pós alcance das metas. O estilo do líder influencia, portanto, a escolha das recompensas, o grau de atração delas, o caminho a seguir e a forma como os colaboradores perceberão tudo isso. Poderá ser mais centrado nos fatores tempo de execução, qualidade, produtividade ou ainda nas pessoas e suas interações, aprendizagens e satisfação. No trilhar do caminho, Muchinsky (2004) ainda destaca que o líder poderá ser mais diretivo, prestativo, participativo ou orientado para realizações, quando fixa objetivos com altos níveis de expectativas. Para o autor, os líderes realmente eficazes articulam estes quatro meios de se alcançarem os objetivos. Como forma de ilustrar tal reflexão pensemos na seguinte situação: A equipe precisa entregar um Projeto dentro de 30 dias. Vejamos como cada um desses líderes comporta-se em relação a isso, de acordo com essa teoria: » O líder diretivo dirá claramente objetivos, metodologias, lembrará o tempo disponível, distribuirá tarefas entre os integrantes. Ele é direto e explícito. 45 Liderança e Desenvolvimento de Equipes » O líder prestativo criará todas as condições favoráveis para que a equipe faça e entregue o projeto no prazo estipulado. Ele presta o contexto, as informações, o material, tudo o que for necessário para que a equipe bem trabalhe. » O líder participativo não apenas diz o que e o como deve ser feito e cria as condições para, mas faz junto, participa ativamente da construção do projeto. » O líder orientado para realizações articula objetivos, meios, prazos, tarefas e condições, participa junto, mas faz questão de lembrar, por exemplo, que, se o prazo final é 30 dias, a equipe poderá fazer o projeto em 20 dias e ainda entregar algo a mais; este líder anseia por desafios superados e instiga a sua equipe para ir além do que é esperado. 2.4 Abordagem do Poder French e Raven observaram que no exercício da influência os líderes fazem uso de diferentes tipos de poder. Suas observações e pesquisas chegaram a 5 poderes, a saber: • Poder de coerção; • Poder de recompensa;• Poder legítimo; • Poder do especialista ou do conhecimento; • Poder pessoal ou referente. Podemos observar e identificar o tipo de poder exercido até mesmo pelo discurso do líder. O poder de coerção é percebido em palavras e atitudes mais autoritárias e diretivas. Apela para o temor e ameaça. Muitas vezes o colaborador segue a proposta do líder “por ter juízo”, ilustra o ditado popular. O poder da recompensa é aquele que mostra a possibilidade de um resultado satisfatório e desejado, desde que a equipe faça o esperado pelo líder. Líderes religiosos e políticos fazem uso deste tipo de poder, angariando seguidores pela recompensa tida como resultado certo. O poder legítimo é aquele que existe simplesmente pelo fato de o líder ter a delegação formal para, ter o “crachá”, ter o cargo. Ele exerce influência simplesmente por ser oficialmente o superior da equipe. 46 Capítulo 2 O poder do especialista existe naqueles casos em que a equipe percebe que o mais entendido, o especialista, o que tem maior conhecimento para a tarefa é a pessoa X. Ela acaba por conquistar e exercer a liderança pelo fato de ser percebida como sendo quem detém o poder. Já o poder pessoal mantém forte o aspecto relacional, em que a equipe atribui a liderança a uma pessoa devido a esta ser querida, por ser aprazível. Na prática, observamos que líderes podem ser conhecidos pelo uso mais frequente de um ou outro poder, mas ao longo de sua trajetória ele poderá trilhar pelos diferentes tipos e cada opção está fortemente vinculada à necessidade do desafio que se apresenta. Assim, por exemplo, o líder conhecido por práticas e discursos que fazem a equipe vislumbrar a recompensa poderá fazer uso da coerção em momentos de perigo iminente quando o foco na tarefa e nos prazos ameaça a conquista de algum resultado. Você consegue encontrar exemplos destes Tipos de Poder? Encontre na Política, Religião, Ciência ou até mesmo no contexto laboral, Líderes que façam uso da coerção, recompensa, referência, conhecimento ou poder legítimo. 2.5 Líder servidor Há algumas décadas esse título seria interpretado como um erro de coesão. Incompatível era o uso, lado a lado, das palavras líder e servidor. No entanto, percebemos, no estudo das teorias de liderança, um crescente desapego do poder centralizado e a deificação do líder para um movimento cada vez mais difundido de poder compartilhado, descentralização, participação, formação e desenvolvimento de equipes. Na transição destas ênfases, o papel do líder também muda. Hunter (2006) ilustra este processo quando propõe a necessidade (e já existência) de um perfil de líder que serve. 47 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Contribuindo com essa reflexão, destacamos o parecer de Rossa (2013): Qualquer um pode ser um Líder Servidor? Não. O desenvolvimento da liderança servidora exige muita motivação, feedback e prática intensiva na vida cotidiana. Não se trata de um exercício intelectual. Talvez seja necessária a identificação com este modelo de administrar. Alguns princípios do líder servidor são: Abrir mão da autoridade O primeiro requisito, que pode parecer um paradoxo, é abrir mão da autoridade formal. O líder servidor não é melhor nem pior do que ninguém. Ele dispensa tratamentos especiais e pede ao invés de mandar. Aceitar a diversidade Para liderar grupos heterogêneos, ele aceita a diversidade como riqueza e promove o que cada pessoa tem de melhor. Sua postura é inclusiva e apreciativa, movendo os outros para frente. Compartilhar experiências Líderes servidores não gostam de ser idolatrados. Preferem ter companheiros de jornada que compartilham experiências, inspiram-se e fazem sua parte também. Quanto mais auxilia seus aliados, mais fidelidade obtém. Acreditar em seus ideais O líder servidor alimenta a característica infantil da inocência. Ele acredita em seus ideais com convicção porque é otimista e motiva quem o acompanha. Ele se preocupa com os outros sinceramente. Quando um dos aliados fraqueja, ele estende a mão. O líder servidor não exige a perfeição de ninguém, mas o crescimento continuado. Saber ouvir e receber críticas (feedback) O líder servidor é um eterno aprendiz. Ele é sensato e acata as críticas construtivas, pois está permanentemente aberto ao diálogo. Escuta com atenção o que os seus aliados têm a dizer e não guarda rancor quando questionado. Sabe que os diferentes pontos de vista nos ajudam a enxergar com mais profundidade as situações e vê o isolamento como um grande erro. Por isso, a relação não é unilateral, de prepotência e autoridade. A sabedoria está justamente em deixar-se transformar e evoluir, pela influência externa de quem se aproxima no intuito de somar. 48 Capítulo 2 Ter autoconfiança O líder servidor sabe da sua competência e tem a consciência expandida. Com mais confiança, arrisca novas tentativas e não se importa com os erros do aprendizado. Ele é sensível ao tempo e espera o momento certo para agir. É prudente e objetivo. Usa o tempo a seu favor. O líder servidor cuida do solo e semeia todos os dias, pois sabe que uma boa colheita só acontece após muito investimento. Dar o exemplo Seu poder emerge da própria coerência, atitude e credibilidade. Tem o magnetismo natural que exerce pela palavra e pelo exemplo. É mestre. Além de conhecer o que ensina, o líder servidor sabe a importância de ser o que ensina. Quando surgem conflitos age como um pacificador, gerando um sentimento de comunidade fraterna. Ele é generoso e agregador, buscando sempre uma solução cooperativa para preservar a harmonia das relações. Ser humilde e naturalmente imperfeito O líder servidor assume inteiramente a responsabilidade sobre seus atos. Admite quando erra e pede desculpas, abrindo espaço para que os outros façam o mesmo quando sentem necessidade. Ele é solidário, descontraído e naturalmente imperfeito. Isso inibe o medo de errar e permite que seus aliados experimentem novos desafios. Sem a pressão da cobrança demasiada, podem aprender mais e melhor. Fonte; ROSSA, G. Um líder servidor, por favor. Disponível em http://www.rhportal.com.br/artigos/ rh.php?idc_cad=wak2r2hvu. Acesso em 6 de jan de 2014. Hunter tornou-se mundialmente conhecido por seus livros e palestras que vinculam o exercício da liderança à capacidade de “identificar e satisfazer as necessidades legítimas – e não os desejos e as vontades – das pessoas” (CARVALHO). O líder precisa desvencilhar-se da cultura de ser servido e entronizado, para assumir o papel de partícipe de todo o processo, do estar junto, do relacionar-se bem com todas as pessoas envolvidas na tarefa / organização de trabalho. Forte ênfase em relacionamentos intensos e duradouros. 49 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Nesta seção tivemos contato com diversas teorias acerca da Liderança. Umas mais focadas na pessoa do líder, outras no contexto, outras na relação interpessoal. O que parece unir todas aqui apresentadas é o aspecto que destaca e reforça a importância do líder: ser ele uma pessoa que afeta os demais. Neste sentido, a teoria de Bernard Bass, chamada Liderança Transformacional, acaba por se destacar, porque ela realmente reforça essa percepção. O líder é aquela pessoa que consegue, por questões cognitivas, emocionais, comportamentais, dentre outras, inspirar colaboradores a que sigam sua proposta. O líder transforma pessoas, equipes e organizações. Por assim agirem, há um antes e um depois da interferência do líder, pois as pessoas passam a fazer coisas que não fariam sem a sua liderança. Mobilizam pessoas à criação, produção, mudança, execução, enfim. Observando a história da humanidade e de algumas organizações, conseguimos vislumbrar exemplos de líderes que conseguiram mudar o curso da execução de algumas atividades e, assim,criaram novos produtos, serviços ou novas formas de se trabalhar. O líder seria aquele que instiga, inspira e transforma. 51 Habilidades Seções de estudo Capítulo 3 Trabalho em equipe autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Viviane Bastos. Seção 1: O ser humano, um ser relacional Seção 2: De agrupamento à equipe Este capítulo objetiva propiciar a compreensão do que é grupo e do que é equipe, de modo a facilitar a sua diferenciação. Além disso, visa a identificar como se forma uma equipe, e porque ela é tão fundamental ao sucesso organizacional. 52 Capítulo 3 Seção 1 O ser humano, um ser relacional Formar uma organização sinérgica, competente e que procura chegar o mais perto possível do que o cliente precisa, torna-se cada vez mais fundamental para a sobrevivência de uma organização. Os líderes têm o papel de articular as pessoas que formam a organização para a missão de buscar continuamente a satisfação do cliente. No entanto, ninguém nasce pronto para trabalhar em equipe. O ser humano, como se percebe, não vive isolado. De certa forma, somos seres gregários, precisamos das pessoas para sobreviver, crescer e evoluir. Desde o nascimento, o ser humano demonstra a enorme necessidade que tem do convívio e da ajuda de outros seres humanos. Tem-se a necessidade do outro para desenvolver suas habilidades e competências enquanto ser. Quando em ambiente de trabalho, tais características de sociabilidade são fundamentais para garantir o bom desempenho do ser humano na organização. Não somente como funcionário, mas também como ser. O processo de dependência das pessoas e do meio social nos acompanha até o final da vida, ou seja, independe de idade, classe social, crença ou raça. Segundo Gayotto (2000), os grupos servem como espaços de construção, criação e satisfação das pessoas. Curiosidade O conceito de grupo apareceu na matemática para designar um “conjunto de elementos com uma determinada composição que satisfaz certas condições. Em fins do século XVIII, vários matemáticos reconheceram a importância do conceito e, desde então, tornou-se cada vez mais importante. Noções exploradas na matemática, como grupo contínuo, topológico, grupos isomórfico e homomórfico, grupos de transformação foram transpostos a outras áreas do conhecimento.” (GAYOTTO, 2000, p. 22). 53 Liderança e Desenvolvimento de Equipes A nossa vida cotidiana é demarcada pela vida em grupo. Estamos o tempo todo nos relacionando com outras pessoas. Mesmo quando ficamos sozinhos, a referência de nossos devaneios são os outros: pensamos em nossos amigos, na próxima atividade (que pode ser assistir a aula de inglês ou realizar nova tarefa no trabalho e que, provavelmente, envolverá mais de uma pessoa); pensamos no nosso namoro, em nossa família. Raramente encontraremos uma pessoa que viva completamente isolada, mesmo o mais asceta dos eremitas levará, para o exílio voluntário, suas lembranças, seu conhecimento, sua cultura. A grande dificuldade é, até certo ponto, a incoerência entre a necessidade que temos do outro e a nossa capacidade de interação. Isso porque, na maioria das vezes, nossa educação familiar e escolar não nos prepara para o convívio profissional. Entende-se por a interação social o processo que se dá entre dois ou mais indivíduos, em que a ação de um deles é, ao mesmo tempo, resposta a outro indivíduo e estímulo para as ações deste, ou, em outras palavras, as ações de um são simultaneamente, um resultado e uma causa das ações do outro. (BRAGHIROLLI, 1990, p. 60). Existem as organizações ou os elementos que servem de intermediários entre o conjunto social mais amplo e o indivíduo. Essa intermediação é feita pelos grupos sociais. Assim, quando ocorre um encontro entre diferentes pessoas, é possível afirmar que estão se encontrando representantes de diferentes grupos sociais: cada lado representando sua família, seus grupos de amigos, seu grupo racial, seu grupo religioso etc., bem como representando nossos grupos de pertencimento ou de referência, que são aqueles a que pertencemos ou em que nos referenciamos para saber como nos comportar, o que dizer, como perceber o outro, do que gostar ou não gostar. Os grupos sociais são pequenas organizações de indivíduos que, possuindo objetivos comuns, desenvolvem ações na direção desses objetivos. Para garantir essa organização e evitar que alguém seja desrespeitado quanto aos seus direitos, é preciso que haja normas; formas de pressionar seus integrantes para que se adaptem a essas normas; um funcionamento determinado, com tarefas e funções distribuídas entre seus membros; formas de cooperação e de competição; e que sejam apresentados aspectos que atraiam os indivíduos, impedindo que abandonem o grupo. 54 Capítulo 3 O grupo se caracteriza pela reunião de um número de pessoas (que pode variar bastante) com um determinado objetivo, compartilhado por todos os seus membros, que podem desempenhar diferentes papéis para a execução desse objetivo. Quando um grupo se estabelece (uma “panelinha” na sala de aula, um grupo religioso ou uma gangue de adolescentes), os fenômenos grupais anteriormente mencionados passam a atuar sobre as pessoas individualmente e sobre o grupo, ao que chamamos de processo grupal. A coesão é a forma encontrada pelos grupos para que seus membros sigam as regras estabelecidas. O grupo não é a simples soma de indivíduos e comportamentos individuais. O grupo assume uma configuração própria que influi nos sentimentos e ações de cada um. A passagem do individual para o coletivo ainda encerra mistérios e pontos obscuros não desvendados pela ciência. (MOSCOVICI, 2001, p. 30). Isso resulta em comportamentos diferentes quando se está sozinho ou no coletivo, ou seja, em outras palavras, as pessoas em grupo agem de forma diferente da que adotam quando estão sós. Tal fenômeno ocorre, de acordo com Moscovici (2001), porque a interação humana acontece em dois níveis distintos, porém concomitantes e interdependentes: o da tarefa e o socioemocional. O nível da tarefa é o das atividades visíveis, observáveis, acordadas, tanto nos grupos formais de trabalho quanto nos grupos informais. Já o nível socioemocional é o das sensações e sentimentos variados, já existentes ou gerados pela própria convivência e atividades no grupo. (MOSCOVICI, 2001, p. 30). Quando alguém começa a participar de um novo grupo, terá seu comportamento avaliado para verificação do grau de adesão. Os membros mais antigos já não sofrem esse tipo de avaliação e se, eventualmente, quebram alguma regra (que não seja muito importante), não são cobrados por isso. Ocorre que, no caso dos membros mais antigos, é conhecido o grau de aderência ao grupo e sabe-se que eles não jogam contra a manutenção do grupo. Essa “certeza” da fidelidade dos membros é o que chamamos de coesão grupal. Os grupos, de acordo com suas características, apresentam maior ou menor coesão grupal. A coesão grupal, de acordo com Spector (2003, p. 313), é a soma de forças individuais que “atrai os membros do grupo e o mantém unido; é um fenômeno de grupo, e para que ele [grupo] seja coeso, a maioria, senão todos os membros, deve estar fortemente motivada para permanecer nele.” 55 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Para construir organizações de sucesso, é preciso compreender e desenvolver esta interação social, isto é, a vida em grupo. “Os eventos vividos no grupo atingem cada um de maneira diferente e provocam reações pessoais, manifestas ou interiorizadas, de duração variável.” (MOSCOVICI, 2001, p. 31). 1.1 A formação grupal A formação grupal é antes de tudo uma necessidade de sobrevivência e de evolução, e acaba sendo consenso entre os pesquisadores que, além da necessidade da vida emgrupo, a produtividade também aumenta em grupo. Schermerhorn (1999, p. 143) afirmou que “os grupos podem ajudar seus membros a melhorar o desempenho de tarefas e a obter mais satisfação do seu trabalho”. Para desenvolver as potencialidades das pessoas em um grupo eficaz, é necessário que se conheça os estágios de desenvolvimento de um grupo, conforme mostra o quadro a seguir. Quadro 3.1 - Estágios de desenvolvimento em grupo estágio de / do o grupo apresenta problemas para administrar 1º formação O ingresso das pessoas. 2º tumulto As expectativas e o status. 3º normação ou de integração inicial As relações entre os membros e esforços quanto à tarefa 4º desempenho ou de integração total O progresso constante e auto-renovação. 5º dissolução A conclusão das tarefas e o processo de debandar. Fonte: Freccia (2011, p. 92). De acordo com Littlejohn (1982), a comunicação é um processo básico que possibilita o trabalho em grupo, apresentando-se como função importante nas organizações modernas. Algumas disciplinas estudam certas condutas específicas do processo de comunicação em grupo, como a aplicabilidade dos princípios da comunicação em situações práticas como: trabalho, política, administração etc. Um grupo de trabalho pode ser caracterizado como um grupo que interage, principalmente, para partilhar informações e para tomar decisões que ajudem cada membro a se desempenhar na realização de suas responsabilidades (ROBBINS, 2006). 56 Capítulo 3 Desta forma, o desempenho do grupo será simplesmente a soma das contribuições individuais de cada membro. Grupos de trabalho têm uma estrutura que molda o comportamento dos membros e torna possível explicar e prever parte do comportamento individual dentro do grupo, assim como o desempenho do próprio grupo. Neste caso, são variáveis estruturais: a liderança formal, os papéis, as normas, o status do grupo, seu tamanho, composição e grau de coesão. Entre os processos que ocorrem dentro de um grupo de trabalho, incluem-se os seguintes aspectos: padrões de comunicação para trocas de informação, processos de decisão de grupo, comportamento do líder, dinâmica de poder, interações conflitantes etc. O nível potencial de desempenho de um grupo é, em grande parte, dependente dos recursos que seus membros individuais trazem para o grupo, ou seja, habilidades e características de personalidade. (ROBBINS, 2006). Nem todos os grupos passam da mesma forma em cada um dos estágios apresentados no último quadro, até porque as pessoas sempre são e estão em momentos únicos e diferentes, que irão influir diretamente no resultado desses estágios. Além da subjetividade de seus integrantes, os grupos também têm fins e propósitos diferentes, o que, vai influenciar diretamente na interação das pessoas que os formam. 1.2 Tipos de grupos Os grupos podem aparecer de duas formas nas organizações: • grupos formais – são designados pela organização para realizar um propósito oficial. São aqueles estruturados pela gerência (seções, departamentos, comitês, forças-tarefas), cuja formação é relacionada às atribuições do trabalho, possuindo objetivos e funções estipuladas pela organização. • grupos informais – não são oficiais e surgem em função de interesses, necessidades e afinidades. Ou seja, são aqueles que surgem das necessidades de interação social dos funcionários e não da organização formal (o grupo do futebol, o grupo do ônibus, o grupo do almoço, os amigos). Não surgem como resultado de um desígnio deliberado, mas crescem naturalmente. 57 Liderança e Desenvolvimento de Equipes É importante destacar, no que se refere aos grupos informais, o conceito de Organização Informal. Esse tipo de organização remete a um conjunto de relacionamentos que são formados dentro de uma empresa e é concretizada e fortalecida com os costumes criados e consolidados, nas tradições e nas normas sociais. Identificar a organização informal (grupos informais) é interessante para poder atuar nos processos de desenvolvimento organizacional e motivação. Para Chiavenato (2009), a organização informal apresenta: a. relação de coesão ou de antagonismos – as pessoas criam relações com as outras, mesmo que de diferentes setores, de simpatia ou de antipatia. b. Status – com a formação dos grupos informais, os indivíduos ganham uma posição importante naquele grupo, independentemente da sua posição na organização formal. c. Colaboração espontânea – os integrantes de determinado grupo não tem nenhuma obrigação de fazer parte dele e muitos menos de colaborar. Portanto, a colaboração entre os integrantes é baseada no prazer e na espontaneidade. d. Oposição – o grupo informal pode entrar em conflito com a organização formal da empresa, podendo causar dificuldades para atingir objetivos desta. A organização informal pode surgir a partir de várias variáveis, tais como: • interesses comuns; • interação provocada pela própria organização formal; • movimentação do pessoal dentro da empresa; • períodos de lazer, ou seja, os tempos livres. Observe que a hierarquia e os papéis que existem na organização formal desaparecem nos grupos informais. Os papéis são as formas como as pessoas se mostram no grupo e como estão as expectativas de seus membros para aquele papel que cada indivíduo irá desempenhar. É a representação social de atributos sociais associados a determinadas funções e pessoas. Os grupos formais e informais apresentam grupos específicos, conforme mostra o quadro a seguir. 58 Capítulo 3 Quadro 3.2 – Grupos formais e informais específicos Grupos Formais Grupo de comando – é o grupo especificado pelo organograma da empresa. O grupo compõe-se de subordinados que dependem diretamente de um supervisor. A relação de autoridade entre o gerente do departamento e os chefes de departamento é um exemplo de grupo de comando. Grupo de tarefa – compõe-se de empregados que trabalham juntos para completar um projeto ou uma tarefa particular. Grupos Informais Grupos de interesse – indivíduos que podem ou não ser membros de um mesmo grupo de comando ou grupo de tarefa podem se juntar para um objetivo comum. Grupos de amizade – se formam porque seus membros têm alguma coisa em comum, como idade, crenças políticas, traços étnicos etc. Estes grupos frequentemente estendem suas atividades e sua comunicação para fora do trabalho. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2009). A principal diferença entre eles é que os grupos formais (de comando e de tarefa) são estabelecidos pela organização formal e são meios para determinados fins, ao passo que os grupos informais (de interesse e de amizade) são importantes em si mesmos. Na relação entre papéis e o ambiente formal e informal de trabalho, existem as normas socais. Essas normas são os padrões de comportamento aceitáveis no grupo. Esses padrões se formam através das necessidades deste grupo e a partir de como os indivíduos, pertencentes a ele, querem construir uma forma de exercer um mínimo de influência do grupo sobre os comportamentos de cada indivíduo inserido nele. As normas são padrões partilhados pelos membros do grupo e têm certas características peculiares. a. Elas são só formadas com relação a coisas que têm significação para o grupo. Se a produção é importante, aparecerá uma norma relativa a ela. Se a ajuda dos membros de outro grupo para completar a tarefa for importante, surgirá uma norma com relação a isso. b. Há gradação na aceitabilidade das normas pelos membros do grupo. Algumas normas são aceitas por todos os membros e de modo completo, outras tem apenas uma aceitação parcial. 59 Liderança e Desenvolvimento de Equipes c. As normas podem ser aplicáveis a todos os membros do grupo ou apenas a alguns deles. Espera-se que cada membrose ajuste às normas de produção e só se aceita discordância verbal das diretrizes administrativas por parte dos líderes do grupo. Há quatro classes gerais de variáveis que favorecem a conformidade às normas do grupo: 1. a personalidade dos membros do grupo; 2. os estímulos que evocam respostas; 3. os fatores situacionais; 4. as relações intragrupais. No quadro a seguir, você pode observar algumas diferenças entre grupos formais, informais e equipes: Quadro 3.3- Principais diferenças entre equipes e outros tipos de grupos Grupos Formais Grupos Informais Equipes • Organização • Interação • Percepção • Motivação • Organização • Interação • Percepção • Motivação • Outras prioridades Fonte: Maximiano (1986, p. 8). Em uma equipe, ao contrário de um grupo, os membros dependem da cooperação dos elementos para alcançar suas metas. De acordo com Robbins e Finley (1997), em nossa vida profissional e pessoal, as equipes ocupam um lugar importantíssimo. Porém, segundo os mesmos autores, um grupo de pessoas não é uma equipe. O que caracteriza uma equipe é o alto grau de interdependência dos componentes, direcionado para a realização de uma meta ou tarefa. Ou seja, as pessoas concordam sobre uma meta e concordam que a única maneira de atingi-la é trabalhar em conjunto. (ALBINO,1999). Neste contexto, a equipe de trabalho gera uma sinergia positiva, ou seja, o nível de desempenho é maior que a soma dos esforços individuais. 60 Capítulo 3 Segundo Peters (1987), as equipes inevitavelmente obtêm melhores resultados que uma coleção de indivíduos. Nas equipes de trabalho, os membros da equipe compartilham recursos e divulgam informação, com base na meta, sinergia, responsabilidades e habilidades. Independente da forma de interação, todo grupo acaba elaborando normas coletivas, que podem ser implícitas ou explícitas. Contudo, diante das normas pode haver transgressão que, dependendo do vínculo, o grupo irá tolerar mais, ou menos. Muitas vezes, a transgressão tem função positiva para o grupo, pois possibilita discutir as normas e torná-las mais explícitas. Outro ponto de destaque na formação grupal é a coesão, conforme já apresentado. Mas vale aqui acrescentar que a coesão maior se dará quando o nível das emoções for parecido, semelhante e, por consequência, os comportamentos serão semelhantes. Ainda se tem como ponto importante no processo de formação grupal, a questão dos papéis e das metas do grupo. O papel irá desencadear o comportamento dos membros. Existe o “papel esperado”, o “percebido” e o “realizado”. E um mesmo membro assume diferentes papéis na história do grupo. Este papel só será assumido se o indivíduo tiver o perfil para integrar, trabalhar em equipe. Nesse sentido, considera-se importante o nível de maturidade de cada membro. Entende-se por maturidade, a capacidade de reflexão, de consciência e de autocrítica. Para tanto, é fundamental que se propicie constantemente o autoconhecimento, a motivação, a inteligência emocional. Assim, indivíduos pró-ativos que conseguem construir sua história são essenciais, pois um membro de uma equipe precisa constantemente: • construir formas de autoaprendizado; • buscar conhecer seus próprios pontos fortes e fracos; • ouvir e ser ouvido; • aceitar críticas e sugestões; • acreditar que todo mundo tem alguma coisa com que pode contribuir; • operacionalizar a comunicação; • perceber vantagens no poder compartilhado; • respeitar o outro. 61 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Desse modo, indivíduos imaturos são extremamente dominadores e por isto tendem a criar obstáculos em tudo que vivenciam e por terem uma postura defensiva diante da vida tem muita dificuldade em aceitar feedback e recomeçar, isto é, em viver em uma cultura de aprendizagem. Grupos imaturos não conseguem ver oportunidades de melhoria, não conseguiram recriar-se internamente e por isto não conseguiram responder às constantes e crescentes demanda de mercado. As características do grupo imaturo são: 1. calor nas discussões, falta de foco; 2. as boas sugestões perdem-se no barulho; 3. a maioria está bloqueada numa única solução; 4. qualquer alternativa é rejeitada à partida; 5. a clareza da comunicação é pobre; 6. baixa compreensão dos objetivos e das metas a atingir; 7. formação de subgrupos sem comunicação entre si; 8. alguns membros mostram-se completamente desmotivados. Alguns papéis são construtivos, outros não são. Veja a seguir alguns exemplos: Quadro 3.4 - Exemplos de papéis construtivos e não-construtivos Construtivos Não construtivos • especialista; • avaliador; • conciliador; • mediador; • animador; • ouvinte interessado; • líder; • observador/ confrontador, • planejador. • dominador; • dependente; • criador de obstáculo; • agressivo; • vaidoso; • gozador; • confessante. Fonte: Freccia (2011, p. 99) 62 Capítulo 3 Maximiniano (1986) comentou a importância da cultura, convivência, tradições, valores e outras regras de conduta para a equipe madura. Segundo o autor, existem outras razões, além de valores, que contribuem para a existência da equipe: • atração entre os membros do grupo; • expectativas positivas associadas ao grupo; • existência de similaridades entre os participantes; • membros são interdependentes; • liderança que é sensível. O autor também ressalta o espírito de equipe, caracterizado por qualidades como lealdade ao cumprimento dos compromissos. Seção 2 De agrupamento à equipe Há todo um desenvolvimento e evolução das pessoas, até estarem prontas para atuarem em equipes. Conhecer a constituição de um grupo, sua estrutura e suas características mais importantes, os diversos fatores que influenciam no desempenho dos grupos, é importante para compreender e estabelecer a diferença entre grupo e equipe. Quando estamos em um espetáculo musical, um show, por exemplo, estamos em um processo grupal chamado agrupamento, porque não conhecemos as pessoas que estão no local, não temos um objetivo comum estando ali (uns podem estar ali porque são fãs, outras para namorar, ou ainda estarem trabalhando ali, por exemplo), não existe uma relação direta nem uma interação nos agrupamentos. Sendo assim, um agrupamento não causa reflexões, evoluções, mudanças ou grandes riquezas; acaba sendo um fim em si mesmo. (BOCK, 2008). Já quando, por exemplo, integramos uma família ou trabalhamos em uma loja, estamos em um grupo, já que temos um conhecimento e um sentimento de nós, temos objetivos comuns e dependência; a palavra-chave nos grupos é inter- relação dos objetivos. Segundo Sartre (1978, apud Gayotto, 1995, p. 22), antes do grupo, há um agrupamento, há “relações de serialidade, aglomerados de pessoas anônimas que não interatuam entre si e não têm objetivos comuns, mas objetivos em comum.” 63 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Quando um grupo sólido, maduro e articulado está apto, é capaz de realizar tarefas, trabalhos em conjunto; já que as pessoas que o integram possuem laços, sintonia e eficiência; tornam-se, então, uma equipe para realizar determinada tarefa. A palavra “equipe” vem do francês antigo equif que designa originariamente uma fila de barcos amarrados uns aos outros e puxados por homens e cavalos. Um dia falou-se em equipe de trabalhadores para realizar a obra de puxar os barcos, uma obra em comum dos homens ou cavalos que lá estavam. (ROBERT LAFON apud MUCCHIELLI, 1994, s.p.). Por isso, Lewin (1975) afirmou que os resultados de um grupo representam um todo totalmente diferente do que a soma das partes. Para o autor, o comportamento humano não depende somente do passado ou do futuro, mas do campo dinâmico atual e presente.Esse campo dinâmico é o “espaço de vida que contém a pessoa e seu ambiente psicológico.” (LEWIN, 1975, s.p.). Que foi Kurt Lewin? Foi entre 1935 e 1946 que Kurt Lewin desenvolveu uma teoria consistente que avaliava o clima grupal e a influência das lideranças na produção da atmosfera dos grupos. Lewin argumentava que o clima democrático, autoritário ou o laissez- faire dependiam da vocação do grupo e do estabelecimento de lideranças que os viabilizassem. Assim, um grupo com vocação autoritária (entenda-se: um grupo cujos membros acreditassem nesta forma de organização na sua relação grupal) necessitaria de um líder autoritário. Um grupo democrático exigiria uma liderança democrática e um grupo sem preocupações com sua organização, ou não teria liderança, ou teria um líder que não lhe daria direção (seria um estilo anárquico, no sentido mais geral do termo). O importante desta classificação feita por Lewin foi a descoberta de que os grupos democráticos são, a longo prazo, os mais eficientes. Já os autoritários têm uma eficiência imediata, na medida em que são muito centralizados e dependem praticamente de seu líder. Mas são pouco produtivos, pois funcionam a partir da demanda do líder, e seus membros são, geralmente, cumpridores de tarefas. Os grupos democráticos exigem maior participação de todos os membros, que dividem a responsabilidade da realização da tarefa com a sua liderança. Este tipo de grupo pode tornar-se mais competente ainda quando sua liderança for emergente, isto é, quando se desenvolver de acordo com o objetivo ou tarefa proposta pelo grupo. Fonte: Bock (2008, p. 221-222). 64 Capítulo 3 Assim, é mister afirmar que toda equipe passa antes por uma estrutura, uma interação de grupo, porém nem todo grupo chega a ser uma equipe, porque talvez nunca passe, evolua para o patamar da equipe. Um grupo consiste em pessoas que trabalham juntas, mas podem realizar suas tarefas sozinhas; já uma equipe é um grupo de pessoas que não podem realizar seu trabalho, pelo menos não eficientemente, sem os outros membros de sua equipe. (SPECTOR, 2002, p. 311). Portanto, embora muitas vezes os termos sejam usados como sinônimos, grupo é diferente de equipe. Observe o que alguns outros autores sobre o tema apresentam como conceitos para esses termos. • Para Mucchielli (1980, s.p.), “equipe é uma intencionalidade comum dirigida para um objetivo coletivo, aceito e desejado. Não há equipe sem todos estarem orientados em direção a um objetivo.” • Já para Heller (1999, apud BIEHL, 2004), “a equipe de verdade é uma força dinâmica mutante, viva, formada por pessoas que se reúnem para trabalhar. Elas discutem objetivos, avaliam idéias, tomam decisões e buscam alcançar juntas as suas metas.” • “O grupo tem objetivos, por vezes divergentes, onde cada um se preocupa com o seu próprio alvo. A equipe, ao contrário, trabalha por uma causa maior: um projeto coletivo. A equipe reconhece as contribuições individuais e vibra com o resultado total.” (GRAMIGNA, 2002, p. 122). • “Equipe é um pequeno grupo cooperativo, motivado para uma tarefa comum, que reúne habilidades e talentos de seus membros. É um grupo solidário, caracterizado pela unidade e coesão. Numa verdadeira equipe há interação, interdependência, uma estrutura e uma confiança nos papéis das pessoas participantes.” (MELLO; ANDRADE, 1999, s.p.). A confusão entre as definições muitas vezes acontece até porque o grupo precisa ter (ou tem) espírito de equipe, que pode ser caracterizado pela necessidade de organização, por exemplo, na manutenção de registros, limpeza do ambiente de trabalho, ou até pela interação. 65 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Nove líderes de grupo se reportam a um chefe de seção. Cada líder de grupo tem um conjunto de objetivos pelo qual é responsável. Entretanto, não existe uma meta maior pela qual todos os nove tenham uma responsabilidade mútua; a interdependência só existe entre vários subconjuntos de líderes de grupo. Não existe um produto ou serviço conjunto pelo qual todo o grupo seja responsável. Consequentemente, existe um grupo, não uma equipe. Não obstante, essa pode ser uma estrutura muito eficaz. (PARKER, 1995, p. 35). Não há uma unanimidade em relação aos conceitos exatos de grupo e equipe. Entretanto, compreende-se que no se refere a grupo, este pode se dar de diferentes formas com diferentes objetivos, conforme aqui apresentado. Spector (2002) aponta que, um grupo de trabalho é a união de duas ou mais pessoas que interagem umas com as outras e dividem algumas tarefas, visando a objetivos inter-relacionados. Dadas as especificidades de cada um, compreende-se que os termos grupo e equipe não devem ser usados como sinônimos, embora comumente o sejam, pois cada qual apresenta características próprias. De modo geral, compreende-se que um grupo interage para compartilhar informações e tomar decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua área de responsabilidade, enquanto que uma equipe gera sinergia positiva por meio de esforço coordenado. Os esforços individuais resultam em um nível de desempenho maior que a soma das contribuições individuais. O quadro a seguir apresenta uma síntese dessas diferenças entre grupo e equipe. Quadro 3.4 - Comparando grupos com equipes de trabalho Grupos de trabalho Comparativo Equipes de trabalho Compartilhar informações OBJETIVO Desempenho coletivo Neutra (às vezes negativa) SINERGIA Positiva Individual RESPONSABILIDADE Individual e mútua Aleatórias e variadas HABILIDADES Complementares Fonte: Robbins (2006, p. 251). Quando um grupo pode ser considerado uma equipe? 66 Capítulo 3 De acordo com Moscovici (2001, p. 5), o grupo que compreende seus objetivos e está engajado em alcançá-los, de forma compartilhada, pode ser considerado equipe. Ou seja, “um grupo transforma-se em equipe quando passa a prestar atenção à sua própria forma de operar e procura resolver os problemas que afetam seu funcionamento.” Vergara (apud Fiorelli, 2004) acredita que para um conjunto de pessoas se tornar uma equipe é preciso que haja um elemento de identidade, elemento de natureza simbólica, que una as pessoas, estando elas fisicamente próximas ou não. Em síntese, um grupo evoluirá para equipe se tiver 4 fatores presentes: • organização; • interação; • motivação; • percepção (seus membros precisam se perceber como participantes do grupo). Para Fiorelli (2004), o conceito de equipe está atrelado ao funcionamento dela com o vínculo emocional existente entre as pessoas que a compõem. Ou seja: uma equipe é um conjunto de pessoas com senso de honestidade, manifesto em comportamentos desenvolvidos e mantidos para o bem comum e em busca de resultados de interesse comum a todos os seus integrantes, decorrentes da necessidade mútua de atingir objetivos e metas específicas. Quando o vínculo emocional ou a interdependência deixam de existir, a equipe se transforma em grupo, ou um grupo pode se tornar uma equipe com o surgimento desses dois aspectos. (FIORELLI, 2004). Ainda nesse sentido, acrescenta Parker (1995, p. 35) que: Uma equipe é formada por um grupo de pessoas com alto grau de interdependência, voltada para a consecução de uma meta ou conclusão de uma tarefa. Em outras palavras, os membros da equipe chegam a um consenso sobre uma meta e concordam que a única maneira de alcançá-la é trabalhando juntos. O autor enfatiza que existem grupos com metas comuns que não são equipes, pois não há interdependência entre os membros que o compõem. A partir dos diferentes conceitos existentes sobre esses termos, conforme alguns deles aqui apresentados, é possível estabelecer alguns pontos importantes. 67 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Observe o quadro a seguir. Quadro 3.4- Pontosde divergências entre grupos e equipes Características Características GRUPO Funcionam na sistemática de cada um por si. Logo, se alguém do grupo faltar, a parte dele ficará sem ser realizada por ninguém que o substitui. EQUIPE Grupo de pessoas que formam uma unidade. Se um dos elementos faltar, o outro substitui e o trabalho não fica em defasagem. Trabalhar em grupo determina individualismo e desorganização. As pessoas estão unidas por adesão a uma meta e a disponibilidade de reconhecer que o desempenho individual não pode assegurar os resultados desejados. Pode ser somente a concentração de indivíduos no mesmo espaço, trabalhando isoladamente. Formada por um conjunto de indivíduos reunidos com o objetivo de chegar a um resultado melhor do que aquele que seria obtido com a soma dos resultados individuais. Todos trabalham voltados para os mesmos objetivos e têm seus papéis e funções definidos. É organizada e motivada por objetivos. Contudo, é fundamental que haja um desafio comum aos componentes da equipe que seja capaz de despertar o potencial de cada um. Os resultados ficam aquém do esperado. Todos os componentes estão voltados para os mesmos objetivos com papéis e funções bem definidas de modo a garantir a obtenção de excelentes resultados com muita sinergia e criatividade. É cada um por si; ninguém toma a iniciativa de ajudar o outro. Interdependência é a palavra-chave. O nível de comprometimento com o trabalho é maior nas equipes, pois seus componentes têm mais oportunidades de tomar decisões sobre as tarefas e responsabilidades de cada um, o que aumenta a adesão do empregado. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2009); Fiorelli (2004). 68 Capítulo 3 Ainda sobre as Equipes: • elas superam o desempenho de pessoas que atuam sozinhas; • todas as equipes costumam reagir bem quando ganham autonomia e devem ser responsáveis por atingir suas metas; • o trabalho em equipe deve concentrar-se em satisfação do cliente; • é preciso manter um bom nível de qualidade o tempo todo; • devem ser capazes de pedir ajuda externa quando necessário. 2.1 Falhas no funcionamento de uma equipe Apesar de a equipe ser formada por pessoas comprometidas com a meta comum, Fiorelli (2004) afirma que existem várias causas que contribuem para falhas no funcionamento de uma equipe, que são: 1. liderança despreparada ou sem perfil para a tarefa; 2. escolha dos participantes sem preocupação com o perfil, com a tarefa e com a disponibilidade de tempo para exercê-la; 3. falta de preocupação em fixar missão a perseguir e objetivos a alcançar; 4. supervisão inadequada ou inexistente. Ainda de acordo com este autor, existem aspectos positivos e negativos do trabalho em equipe. Observe o quadro a seguir. Quadro 3.5– Aspectos positivos e negativos do trabalho em equipe Positivos Negativos Melhor tratamento das informações Criação da cultura do “consenso obrigatório” Redução da ansiedade nas situações de incerteza Redução excessiva da supervisão Maior geração de ideias Radicalização em torno das decisões tomadas Interpretação menos rígida dos fatos e situações Sentimento de identidade excessivo Maior probabilidade de evitar erros de julgamento Redução da ousadia em tomadas de decisão (tendência ao conservadorismo)Simplificação da supervisão Simplificação das comunicações interpessoais Fidelidade às decisões tomadas Maior aceitação das diferenças individuais Melhor aproveitamento das potencialidades individuais Maior chance de sucesso para ações complexas Fonte: Fiorelli (2000). 69 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Com vistas a contribuir com este assunto, Robbins (1997, p. 11-12), apresenta uma matriz que mostra como as equipes podem se tornar disfuncionais. Segundo o autor, não há apenas uma razão para as equipes não funcionarem, mas a junção de diferentes aspectos pode comprometer sua eficácia e desempenho. 3.6 - Como as equipes podem se tornar disfuncionais Problema Sintoma Necessidades mal combinadas Pessoas com agendas ocultas trabalhando com propósitos contraditórios Metas confusas, objetivos embolados As pessoas não sabem o que se espera que façam ou as metas não fazem sentido Papéis não resolvidos Os membros de uma equipe não sabem ao certo qual é o seu trabalho Tomada de decisões ruim Equipes podem estar tomando as decisões certas, mas da forma errada Políticas ruins, procedimentos obtusos A equipe está à mercê de um infernal manual do funcionário Conflitos de personalidades Os membros da equipe não se entendem Liderança ruim A liderança é tímica, incoerente ou obtusa Visão embaçada A liderança impingiu uma lista pronta de tarefas à equipe Cultura antiequipe A organização não está realmente comprometida com o ideal de equipes Feedback e informações insuficientes O desempenho não está sendo medido; os membros da equipe estão tateando no escuro Sistemas de recompensas mal concebidos As pessoas estão sendo remuneradas pelas coisas erradas Falta de confiança de equipe A equipe não é uma equipe porque os membros são incapazes de se comprometer com ela Falta de vontade de mudar A equipe sabe o que fazer, mas não o faz Ferramentas erradas A equipe foi enviada para a frente de batalha com uma atiradeira Fonte: Adaptado de Robbins (1997, p. 11-12). 70 Capítulo 3 Equipes têm grande potencial de desempenho, mas precisam que a organização que as emprega deem ferramentas, visão, recompensas, clareza e feedback para que elas possam ser bem-sucedidas. 2.2 Tipos de equipes Existem diferentes tipos de equipes. Cada uma apresenta maior adaptabilidade para cada tipo de situação organizacional. Parker (1995) é um dos autores que apresenta 3 tipos específicos de equipes e cada uma com suas características. São elas: • Equipe funcional – formada por um chefe e seus subordinados diretos e tem sido a marca da empresa moderna. Questões como autoridade, relações, tomada de decisão, liderança e gerenciamento demarcado são simples e claras. São mais adequadas às organizações hierárquicas tradicionais, que atuam em ramos de atividades estáveis, de crescimento lento e com mercados previsíveis. • Equipe autogerenciável – grupo íntegro de colaboradores responsáveis por todo um processo ou segmento de trabalho que oferece um produto ou serviço a um cliente interno ou externo. Em diferentes instâncias, os membros da equipe trabalham em conjunto para melhorar as suas operações, lidar com os problemas do dia a dia e planejar e controlar as suas atividades. Esse tipo de equipe se adapta melhor em alguns dos mesmos setores das equipes funcionais e em muitos outros ambientes, principalmente em empresas em início de atividades ou que tenham uma base de administração participativa e tradição de envolvimento do funcionário. • Equipe interfuncional ou equipe multidisciplinar – possui membros com várias competências (conhecimentos, habilidades e atitudes diferentes) geralmente de vários setores ou departamentos. Essa equipe é responsável por resolver problemas mútuos ou interdepartamentais. Um dos membros é o líder. As equipes bem- sucedidas combinam conjuntos de habilidade que nenhum indivíduo possui isoladamente. 71 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Dentre os demais autores que abordam o assunto, há outro que vale ser mencionado por também propor uma divisão dos tipos de equipes. Dubrin (2003) relaciona 5 tipos de equipes, que são: • Equipes autogeridas – grupos de trabalho cujos membros têm poder para desempenhar muitos deveres atribuídos anteriormente ao supervisor. As responsabilidades da “autogestão” incluem: planejamento e cronograma de trabalho; treinamento dos membros; compartilhamento detarefas; cumprimento de metas de desempenho; garantia de alta qualidade e resolução de problemas no dia a dia. Destaca-se nesse tipo de equipe a ênfase na participação; o líder e os membros trabalham juntos; tomada de decisão em grupo; tarefas compartilhadas e a responsabilidade coletiva. • Equipes multifuncionais – formada por trabalhadores de diferentes especialidades, mas com aproximadamente o mesmo nível organizacional, que se reúnem para realizar uma tarefa. Para o autor, o propósito deste tipo de equipe é juntar o talento de trabalhadores para desempenhar uma tarefa que necessite dessa combinação. • Equipes de alta gerência – formada pelo grupo de executivos das organizações. São consideradas equipes tendo em vista que as principais decisões são tomadas em colaboração, incluindo todos os membros da alta gerência. • Grupos de afinidade – grupo de envolvimento de empregados composto de trabalhadores que se reúnem regularmente fora de seus grupos funcionais, com o objetivo de aplicar seus conhecimentos e sua atenção a importantes questões do local de trabalho. • Equipes virtuais – pessoas que trabalham juntas e resolvem problemas por intermédio de computadores e não com a interação pessoal direta. Fazem reuniões eletrônicas guiadas por um software específico e, às vezes, usam facilitadores de grupos. 2.3 Ciclo de vida de uma equipe Conhecer os diferentes estágios pelos quais as equipes passam quando trabalham juntas nos permite reconhecer as equipes dentro do ambiente de trabalho e ver o que elas apresentam em comum, mesmo quando parecem ser diferentes. (HARDINGHAM, 2000). 72 Capítulo 3 Conforme afirma Hardingham (2000, p. 11), “assim que um grupo de pessoas tem um ou mais objetivos comuns, começa a organizar-se de modo a alcançar tais objetivos.” Os estágios do ciclo de vida da equipe Estágio 1 A equipe: • não está desenvolvida; • está em formação; • preocupa-se em dividir tarefas. Sinais que podemos perceber: • cortesia consciente; • constrangimento; • entusiasmo; • comunicação empolada, artificial; • uma sensação de “lua de mel”; • sem muitos progressos em relação ao trabalho. Estágio 2 A equipe: • está “experimentando”; • é “tumultuada”; • preocupa-se em “como poderemos trabalhar juntos”. Sinais que podemos perceber: • conflito; • debates e discussões animadas; • experimentando modos diferentes para trabalhar como equipe; • algumas tarefas começam a ser cumpridas. Estágio 3 A equipe: • está “madura”; • está executando tarefas; • preocupa-se em atingir seus objetivos. 73 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Sinais que podemos perceber: • atmosfera sem tensão e que apresenta finalidades; • sensação de confiança; • a maior parte das conversas é a respeito do trabalho; • os objetivos estão sendo alcançados. Estágio 4 A equipe: • está “chegando ao fim”; • “lamenta-se”; • preocupa-se em “agitar” e sair atrás de novas tarefas. Sinais que podemos perceber: • falta do que fazer; • comemoração de realizações; • sensação de tristeza; • planejamento para novas equipes; • as pessoas dizem “adeus”. Fonte: Hardingham (2000, p. 12-13). Esquematizando o ciclo de vida das equipes de outra forma, podemos ter então: • Formação – geralmente ocorrem incertezas sobre papéis, regras e expectativas. Sendo assim é importante realizar discussões em grupo para iniciar o trabalho. • Confusão – é comum ocorrer alguns conflitos acerca de objetivos e personalidade. Por isso é importante impor autoridade para de sarmar conflitos. • Normatização – estilos e sistemas de trabalho devem ser sempre negociados. • Desempenho – a equipe deve assumir uma forma coesa, criativa e produtiva. Para isso, é importante passarem a maior parte do tempo juntas nos horários de trabalho. As causas dos problemas devem se encaradas imediatamente. 74 Capítulo 3 2.4 Tolerância à mudança Equipes precisam estar preparadas para mudar, ou seja, precisam estar atentas às alterações no meio a que pertencem de modo a terem seu bom desempenho garantido. Contudo, sabe-se que as pessoas tendem a resistir às mudanças como forma de se protegeram do novo, inesperado, desconhecido. O quadro a seguir apresenta algumas das razões mais comuns para a resistência das pessoas às mudanças. Dezesseis porquês mais comuns para as pessoas terem tanta resistência à mudança 1. Porque se apegam aos seus estilos de vida e passam a acreditar que não existe nenhuma outra forma de viverem suas vidas. Ou pelo menos alguma outra forma que valha a pena, por mais degradante e desesperadora que seja a sua condição atual. 2. Porque sabem que pode dar muito trabalho, que é muito complicado e que é melhor deixar como está do que tentar modificar alguma coisa. 3. Porque têm preguiça. 4. Porque acham que podem desagradar umas tantas pessoas a quem não gostariam de magoar nunca, embora jamais tenham conversado abertamente com elas sobre as mudanças que desejariam realizar em suas vidas. 5. Porque já se acham perfeitas, prontas e acabadas, a maravilha das maravilhas, julgando sempre que os outros é que precisam mudar. 6. Porque não têm energia; falta-lhes saúde, gás, ânimo e entusiasmo. 7. Porque não sabem em que direção mudar; falta-lhes uma filosofia de vida que lhes forneça parâmetros do que fazer de suas vidas. 8. Porque não sabem como, embora já saibam o quê. 9. Porque já contabilizaram inúmeros fracassos em suas tentativas anteriores. 10. Porque acham que já estão velhas demais para pensar nisso. 11. Porque desistem facilmente ao menor sinal de ameaça ao status e/ou patrimônio que já adquiram. 12. Porque se conformaram com a sua situação. 75 Liderança e Desenvolvimento de Equipes 13. Porque renunciaram a ter suas próprias vidas. 14. Porque preferem se submeter à vontade dos outros a terem de enfrentar o risco de fazer suas próprias escolhas. 15. Porque gostam de sofrer 16. Porque estão felizes com a vida que levam. Fonte: Freccia, 2011. 77 Habilidades Seções de estudo Capítulo 4 Temas contemporâneos em liderança e o desafio na formação de equipes autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Alessandra de Oliveira e Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. Seção 1: O lugar da equipe Seção 2: Desenvolvendo equipes de trabalho Seção 3: O funcionamento das equipes de alto desempenho Seção 4: Gestão de conflito em equipes Seção 5: Liderança e gestão de equipes A liderança na atualidade assume um papel estratégico, porque cabe a ela garantir que a organização busque a flexibilidade que o mercado exige. E isso só acontecerá se os integrantes da empresa constituírem-se equipes e estas demonstrarem-se de alto desempenho. Este capítulo visa, portanto, oportunizar o conhecimento de conteúdos que possibilitem o exercício da liderança considerando os desafios do cenário contemporâneo das organizações, o que portanto inclui a apresentação de conteúdos sobre como podem ser formadas essas equipes 78 Capítulo 4 Seção 1 O lugar da equipe nas organizações Autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva Por que atualmente é tão importante compreender a formação de equipes e o papel da liderança? Como resposta, afirmamos que é porque são as pessoas que geram produtividade, qualidade e inovação, questões estas tão importantes para a sobrevivência das organizações. No entanto, é preciso um pouco mais que isso na atualidade; é preciso que as pessoas trabalhem em equipe para que as organizações consigam realizar seus objetivos, e os seus colaboradores consigam alcançar os seus próprios objetivos em suas vidas profissionais.“Mais do que uma ferramenta de trabalho para determinados tipos de tarefas, o trabalho em equipe é um recurso primordial para a produtividade, e uma técnica básica na moderna gestão das organizações.” (MAXIMIANO, 1986, p. 1). Desse modo, o papel da liderança é tão estratégico exatamente porque cabe a ela garantir que a organização busque esta produtividade que o mercado exige, e isto só acontecerá se os integrantes da empresa constituírem-se equipes eficazes. O que uma equipe pode desenvolver é infinitamente maior do que qualquer talento individual pode, por maior que esse talento seja. Além disso, quando focamos neste, existe a questão do risco, da ameaça, já que assim se estabelece uma relação de dependência a uma única fonte. Pense, como exemplo, em algumas empresas, em especial as familiares, que muitas vezes acabam depositando em apenas uma pessoa grandes responsabilidades. Isso se torna um grande risco. Até porque essas pessoas podem vir a faltar na organização: ganham na loteria, morrem... Enfim, são falíveis. Sendo assim, a empresa acaba correndo o risco de sofrer grandes perdas quando seu capital intelectual é restrito a uma pessoa, a um cargo e não a toda uma equipe. Então, é possível afirmar que é um consenso a necessidade de desenvolver as pessoas para o trabalho em equipe. O diferencial competitivo das organizações está, portanto, nas pessoas e na sua forma de interagir. Até mesmo as famílias, os grupos de amigos que conseguem interagir como equipes, ou times, são mais eficientes, eficazes e consequentemente mais felizes. 79 Liderança e Desenvolvimento de Equipes “Certos atributos como capacidade de planejamento e organização, competência profissional e espírito de colaboração permitem que um grupo comece a deixar de ser um simples agregado de pessoas para se tornar uma equipe.”(MAXIMIANO, 1986, p. 1). A história da gestão de pessoas e dos estilos de liderança pode ser compreendida também pela forma como as pessoas são contratadas, treinadas e mobilizadas para o trabalho em conjunto. Se as técnicas de administração do início do século XX priorizavam o controle dos tempos e dos movimentos num prisma individual que favorecia a produção em cadeia, o avanço da tecnologia tira do corpo humano o esforço repetitivo para entregar-lhe a responsabilidade por outras questões, como: o criar, o pensar, o resolver problemas e o trabalhar com pessoas diferentes (clientes, fornecedores, colegas, para citar alguns exemplos). Se há pouco mais de 100 anos o foco principal do gestor era o corpo, vemos hoje que o foco é a emoção e a razão – saber ser colaborador de uma organização, o que inclui trabalhar em equipe. Existe uma realidade que não pode ser ignorada pelas pessoas que lideram esta “mudança organizacional”, ou seja, a necessidade do envolvimento de todos os membros da organização no processo constante de inovação. As pessoas, muitas vezes, confundem também as discussões de ideias com discussões pessoais, e é neste momento que entram a maturidade dos membros da equipe e o exercício da liderança para dispersar essa confusão. As constantes mudanças que o mercado impõe podem (e na maioria das vezes o fazem) gerar medo, e é justamente aí que entra o papel do líder. Cabe a ele demonstrar, por meio de sua conduta, a possibilidade de crescimento que a mudança possibilita se experienciada como aprendizado (longe de julgamento de bem ou mal). Cabe ao líder ser um facilitador desse processo de aprendizagem, ou seja, a ele compete criar um ambiente no qual seus colaboradores possam compreender seu passado (a percepção consciente de suas limitações), entender seu propósito nas organizações (seu presente) e vislumbrar suas possibilidades (a percepção consciente de suas potencialidades). Não podemos falar sobre transformar a sociedade, a organização, sem primeiro falar seriamente sobre transformar a nós mesmos. Conhecer as próprias potencialidades, qualidades e defeitos, resgatar os sentidos desgastados por conceitos educacionais superados, desenvolver a imaginação e a intuição, e ainda agir com emoção, são informações importantes que cada um deve ter para que o seu relacionamento interpessoal seja positivo. (BALBINOTTI, 2003). 80 Capítulo 4 — Mas você sabe o que é uma equipe de trabalho autogerenciada? Como podemos depreender da palavra, uma equipe autogerenciada é aquela em que todos os integrantes são corresponsáveis pelos processos que estiverem sob sua responsabilidade: planejamento, produção, criação, por exemplo. Quanto maior o nível de autogerenciamento menor a interferência da prescrição da tarefa por um superior imediato. Tal ação não extingue a figura do líder, mas recria seus atributos. Percebe-se uma mudança de papel do líder, assim como da relação deste com os colaboradores e dos colaboradores entre si. “Uma equipe de trabalho autogerenciada é aquela que administra seus próprios negócios, desde contratar e demitir até fixar um programa de trabalho ou produção, ou estabelecer metas para a equipe.” (MacDEROMTT, 1996, p.28). Hilsdorf (2005) salienta ainda que, para que aconteça a formação de uma equipe criativa, faz-se necessário que esta desenvolva as seguintes características: • que todo conflito funcional seja encarado como ferramenta para resultado; • confiança e respeito mútuos como base de uma equipe; • processos, projetos e tarefas; • alinhamento de equipes através de tarefas; • criando musculatura para o gerenciamento de equipes; • compromisso, comunicação e estrutura de monitoramento; • ambiente de aprendizado e processos de melhoria contínua; • recompensas e sistemas de redirecionamento. O autor analisa, portanto, que o processo para desenvolvimento de uma equipe criativa e autogerenciada requer investimento no desenvolver da técnica? Sim, mas, principalmente, investimento na aprendizagem de habilidades emocionais e sociais que reconstroem o sentido do estar e fazer junto. A máxima do “um mais um é sempre mais do que dois” precisa ser internalizada e adotada nas empresas, para ampliar sua competitividade. E esta interação, ou articulação, entre as pessoas que formam a empresa deve ser desenvolvida de forma profissional e sistemática para fins de maior amadurecimento (que resultará em sobrevivência) destas empresas no mercado atual. Por que é tão difícil encontrar grupos, organizações sistemicamente organizadas e sintonizadas para trabalhar como equipe? 81 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Os atributos citados anteriormente nem sempre resultam automaticamente do processo de congregar pessoas com as aptidões técnicas apropriadas, pois o segredo, ou o diferencial, do trabalho em equipe, torna-se muito mais um compromisso psicológico do todo com cada uma de suas partes, e vice-versa, que o peso das habilidades técnicas das pessoas. Estudos e discussões levaram ao consenso de que a estrutura mais produtiva das organizações é a participação autêntica e a sinergia dos membros que a compõem. Sabemos, por outro lado, que, em diversas organizações, as pessoas não funcionam como um time, com sinergia e integração, e sim como feudos que pensam de forma diferente, não torcem uns pelos outros e sempre que possível chegam a boicotar companheiros. As equipes se fazem com o tempo. Quem está de fora pode instituí-las ou criá-las, estocá-las ou convocá-las. Uma equipe não é uma equipe até que se considerem como tal. Mesmo assim, nenhuma equipe pode vicejar em um ambiente hostil ao trabalho em equipe. Os principais poluentes da atmosfera de equipe são a competição, a tirania e as diversas formas de índice de equipe, incluindo o comportamento de multidão. (ROBBINS; FINLEY, 1997, p. 117). Criar a cultura do trabalho em equipe requer a construção de práticas e a compreensão de alguns valores. Não se parte dalógica individualista e chega- se à participação e cooperação em horas, mas sim em anos. Sendo assim, “Mesmo que você crie uma equipe com uma varinha de condão, ela deve ser sustentada da maneira antiga, com muito ensino, aprendizado e comunicação.” (ROBBINS; FINLEY, 1997, p. 127). Outra questão que cabe salientar em um contexto onde é necessário mudança em modos de relacionamentos é a conscientização da necessidade de mudança de paradigma nesse aspecto. Segundo alguns teóricos, como MacDermot (1996), as pessoas não estão engajadas como deveriam para conseguir realizar mudanças em suas vidas. A descrição das “doenças fatais”, feita por W. Edwards Deming, em seu vídeo intitulado Management`s Five Deadly Diseases, demonstra bem isso. Este vídeo demonstra que os Estados Unidos talvez sejam o país com os recursos naturais mais subdesenvolvidos – as pessoas - do mundo industrializado. Paradigmas são um conjunto de regras que nos orientam quanto ao que é certo ou errado, verdadeiro ou falso, ou, ainda, quanto ao que devemos ou não fazer em uma área. 82 Capítulo 4 Nosso pessoal, enquanto trabalhadores, é “insuficiente usado, abusado e mal – usado.” (MCDERMOTT, 1996). Eles lutam o mais que podem para fazer o melhor, mas quando tentam ajudar suas organizações a conseguir excelência, são atrapalhados por: “um nebuloso senso de direção; medo de represálias; ferramentas de má qualidade para resolução de problemas; um senso pouco claro dos limites de sua autoridade”. (MCDERMOTT, 1996). Apesar do desafio e das dificuldades, Robbins e Finley (1997, p. 8) destacam mais algumas vantagens do trabalho em equipe. Pois defendem que equipes: a. aumentam a produtividade; b. melhoram a comunidade; c. realizam tarefas que grupos comuns não podem fazer; d. fazem melhor uso de recursos; e. são mais criativas e eficientes na resolução de problemas; f. significam decisões de alta qualidade; g. dignificam melhores produtos e serviços; h. realizam processos melhorados; i. diferenciam enquanto integram. Trabalho eficaz em equipe significa saber manter um equilíbrio constante entre as necessidades da equipe e as necessidades individuais. Não falamos aqui apenas da necessidade humana básica de sobreviver através da afiliação, mas de todas as coisas que cada um de nós deseja, coisas que nada têm a ver com equipes ou cargos. (ROBBINS; FINLEY, 1997, p. 21) Chega-se, então, ao ponto de entendimento de que há o desafio das organizações de realizarem sua mobilização para a competitividade. Para vencer esse desafio, é necessário compreender o ser humano e seus relacionamentos. Em nível pessoal, subjetivo, temos que entender o ser humano como um ser focado, que busca realizar objetivo, e que é construído pelas relações. Pelas relações de pessoas consigo, com o próximo, com a natureza e com o mundo. Nós somos criaturas sociais. Nós não apenas gostamos da companhia uns dos outros, mas também buscamos uns aos outros, situação após situação. Bem no fundo, precisamos dessa interação, da mesma forma que necessitamos de ar, água e seguro de vida. 83 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Os especialistas não estão em perfeito acordo sobre isso. Parece que alguns de nós demonstram muito menos essa necessidade do que outros. E alguns psicólogos e antropólogos indicam que existe também uma dimensão da psique humana que anseia por solidão. Algumas pessoas experimentam isso mais que outras. Mas, basicamente, podemos dizer que precisamos obter uns dos outros: • afeição; • afiliação; • reconhecimento; • troca de ideias; e • valorização pessoal (ROBBINS; FINLEY, 1997, p. 15). É nas relações entre seres humanos que o mundo humano acontece, que a experiência cristaliza-se e que o aprendizado encontra a terra fértil do crescimento. Santos (1999) corrobora com esta necessidade e afirma que no ambiente da organização há exigências, que, em nossos tempos atuais, vão requerer cada vez mais inovação na administração. Nesse viés, ele destaca especialmente as empresas manufatureiras e que buscam atender a recentes demandas de ensino e de pesquisa. Para dar conta de obter a inovação em nossos tempos, inicialmente, esse autor propõe o desenvolvimento das seguintes dimensões competitivas ligadas à estratégia da organização: • a constituição de organização baseada em equipes; • a aprendizagem organizacional; e • a gestão da cultura organizacional, em complementação a abordagens funcionais da administração de RH. Segundo McDermott(1996, p. 1), o desafio está na integração efetiva dos componentes da organização. “Se pudermos sanar essas falhas sistêmicas básicas que impedem essa integração, poderemos liberar o espírito criativo e as habilidades de nossos empregados, que são o recurso mais valioso de nossas organizações”. Por abordagem funcional entende-se o foco que a Administração de RH adota quando seu foco é o cargo, a tarefa e suas demandas – e tudo isso descontextualizado das estratégias organizacionais. Trata-se de um RH à parte do que acontece na organização. 84 Capítulo 4 Enfim, é necessário preservar tudo que possa manter a empresa competitiva. Como afirma Xavier (1998), é necessário preservar todo o conjunto dos conhecimentos e informações possuídos por uma pessoa ou instituição e colocá- los ativamente a serviço da realização de objetivos econômicos. No entanto, muitas vezes, a organização, com seus cerceamentos, desenvolve um tipo de cegueira e surdez psicológicas para as quais não tem consciência. Daí o clima cinzento, árido e infeliz que caracteriza muitos ambientes empresariais. (MATOS, 2008). Apesar disso, a necessidade e a urgência de transformar esta realidade são inquestionáveis. Em nível político e social na América Latina, recentemente caíram as ditaduras e quebraram-se paradigmas autocráticos. Os reflexos disso sobre as empresas dessa região traduziram-se na descrença em estruturas gigantescas e sufocantes, em favor de reestruturações que abrem campo às unidades menores e flexíveis, em que prevalece o sentido de equipe e de valorização humana e profissional; e onde se exercitam em plenitude a delegação de autoridade e a cooperação. Este compromisso de concretizar essas mudanças nas organizações é, muitas vezes, a tarefa, a responsabilidade, do líder; pois, como já foi destacado anteriormente, o convívio e as relações humanas são o ponto de desafio da vida da maioria das pessoas e o líder mostra-se nessas relações como um agente agregador das potencialidades que possibilitam mudanças. O grande diferencial das organizações competitivas são as pessoas e a articulação entre elas, o convívio e a aprendizagem contínua que estas organizações conseguem estabelecer entre seus colaboradores, já que tecnologia torna-se cada vez mais um commoditie, e o diferencial competitivo das organizações tem necessariamente passado pelas pessoas que utilizam esta tecnologia. Estas pessoas que integram as organizações com a soma de suas experiências, de seus estudos, de seu caráter, de seu talento, de suas emoções, sendo capazes de usar suas inteligências para o melhor aproveitamento de toda essa fantástica tecnologia que está a nossa disposição, tornam-se o verdadeiro diferencial competitivo. Além de se tornarem o que muitos autores chamam de capital intelectual das organizações, o que acaba sendo o fator decisivo para o sucesso destas. Produtos ou serviços sem diferença para o consumidor final de uma empresa para outra. . Capital Intelectual é um conceito amplo do valor das pessoas que integram as organizações. São as habilidades e conhecimentos especializados dos talentos que compõem a organização. 85 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Tentemos lembrar de um bom exemplo de equipeem nosso meio social. A maioria de nós lembrará dos times de futebol! Esse exemplo é tão forte que muitos técnicos e jogadores são chamados para grandes empresas como palestrantes: é o caso do Luis Felipe Escolari, o “Felipão”, de Vanderlei Luxemburgo, de Zagalo, entre outros, que são chamados para relatarem os passos para criação de “times”, equipes vencedoras. A verdade é que atualmente as empresas que conseguem mobilizar seus integrantes a trabalharem em equipe estão atingindo resultados de ordem superior aos de qualquer outro tipo de unidade organizacional. É como já dizia o célebre poeta inglês John Donne: “nenhum homem é uma ilha”, unindo forças todo potencial individual se transforma numa competência coletiva. Enfim, não é a quantidade de pessoas, ou talentos individuais, que garantirão o sucesso, a vitória. O que garante o sucesso é a dinâmica das equipes de trabalho. Seção 2 Desenvolvendo equipes de trabalho Pelo que foi estudado até aqui, ao assumir o papel de liderança, isto é, de responsável pela formação e desenvolvimento de equipes de trabalho, você precisa inicialmente analisar o nível de comprometimento e de desenvolvimento dos integrantes da equipe. As pessoas não nascem com todas as habilidades e competências prontas. As pessoas e suas interações são processuais, isto é, evoluem, adaptam-se. Assim, é necessário verificar em que estágio as pessoas estão quando o assunto é conseguir trabalhar em equipe. A tendência inicial das pessoas é omitir-se e até resistir a um compromisso geral comum a todos. Mesmo depois de sensibilizadas sobre a importância de trabalhar em equipe, muitas pessoas ainda irão competir e pensar de forma individualizada e egoísta. Hoje, as parcerias joint ventures vêm demonstrando a importância e a necessidade de cooperar para sobreviver, conforme mostra o quadro evolutivo a seguir: Joint ventures são funções comerciais, incorporações como a AMBEV, por exemplo. 86 Capítulo 4 Quadro 4.1 - Cooperação para sobrevivência Omissão Competição Cooperação É impossível Parece possível para um Possível para todos Tanto faz Ganhei do outro Vamos ganhar juntos Fuga Medo Amor Fonte: De Carvalho, (2007). Transformar um grupo em equipe, como você já estudou anteriormente, não chega a ser tarefa das mais fáceis; porém, existem alguns fatores que influenciam, e muito, nesta evolução. São eles: • Os indivíduos que formam este grupo. Por isso a questão do processo seletivo dos integrantes que o devem compor é tão importante. • O ambiente com sua cultura, as formas de se relacionar, as formas de resolver problemas, enfim, de se relacionar, são fundamentais. • E o próprio grupo, com sua história, com a capacidade de canalizar energia e capacidade de dedicação. Todos esses aspectos devem ser levados em conta e trabalhados constantemente se queremos desenvolver equipes. Assim, os grupos sofrem influências principalmente de 3 fatores, que são: o ambiente, o próprio grupo, os indivíduos que o compõem. Observe, no quadro a seguir, como esses fatores se apresentam: Quadro 4.2 - Três tipos de fatores que afetam os grupos Ambiente Grupo Indivíduo • organização • administração • imagem externa • condições materiais • tamanho • idade • missão • percepções mútuas • efeito sinérgico • personalidade • formação • valores • interesses • aptidões • experiência Fonte: Maximiano (1986, p. 8). Por processo seletivo nos referimos tanto à analise do perfil psicológico (através de entrevistas, dinâmicas de grupo, referências...), quanto à análise da compatibilidade das aptidões e habilidades do candidato com o cargo e o papel necessário de ser desempenhado no processo grupal. 87 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Não existem fórmulas ou receitas prontas, exatas para a formação de equipes, pois cada equipe tem uma dinâmica diferente e única. E cada uma de suas características desencadeará uma história que pode ser transformada em ameaça ou em oportunidade para seu contínuo desenvolvimento. Por exemplo, a questão da idade dos integrantes: equipes novas “podem” correr o risco de serem imaturas, porém equipes com mais idade “podem” correr o risco de entrar na zona de conforto. A conduta que as equipes devem possuir para sua constante evolução consiste, portanto, em estarem abertas para a interação com as mudanças que acontecem no âmbito da organização e do mercado; e aprenderem a estar em aprendizagem contínua para lidar com essas mudanças. O grande foco aqui é, portanto, aprender a estar em constante processo de aprendizagem. Só assim as inovações serão possíveis e corre-se um risco menor de a equipe ficar presa a alguma de suas características de modo a não acompanhar o cenário de mudanças. A forma como as coisas estão articuladas no trabalho diário em um grupo vai influenciar diretamente na execução das tarefas e na manutenção de seus integrantes nesse grupo. Os grupos que conseguem uma boa execução de suas tarefas e mantêm-se unidos têm maior probabilidade de se transformar em equipe. Como você já estudou até aqui, a importância do líder formador desta equipe de alto desempenho é questão de sobrevivência da organização no mercado. Porém, formar equipes, “times”, não tem sido tarefa das mais fáceis, e dependerá essencialmente das ações, das intervenções do líder e do retorno que os membros de sua equipe vão dar a ele. Portanto, não é à toa que a seleção de futebol de um país é chamada de time. Por trás das desavenças que possa haver entre jogadores e desses com o seu treinador, juntos são os melhores de seu país na modalidade esportiva que praticam: os que mais correm, os que mais treinam, os mais esforçados, os mais talentosos, os mais criativos, os de maior resistência física e por aí vai. (FERREIRA; PIVETTI; ARAUJO, 2007). Assim, não é à toa que a figura do CEO tem sido tão valorizada. Observe que, por exemplo, nas capas de revistas como Exame, HSM Management, Pequenas Empresas e Grandes Negócios, entre outras, não são mais apenas os empresários e acionistas que ali figuram, ou que as estampam; e, sim, os administradores, ou seja, os executivos têm ocupado também esse espaço. Atente-se ao exemplo de Maciel Neto, que já liderou a Ford e hoje lidera a Suzano celulose e papel. CEO significa líder corporativo. O primeiro CEO foi Jack Whelch. Pesquise sobre esse líder. 88 Capítulo 4 Sendo assim, observe que algumas metodologias, intervenções e “cuidados” são necessários para transformar um agrupamento de pessoas, o que ocorre até por uma tendência natural das pessoas (o homem é um ser social), em uma equipe necessária à sobrevivência no mundo empresarial. A seguir, você estudará seis itens que podem auxiliar nesse processo de transformação. Mas, atenção: de forma nenhuma servem como receitas. Fórmulas mágicas na área da gestão são perigosas e a capacidade de colocação estratégica é a característica da liderança eficiente (qualidade) e eficaz (produtividade). Logo, é essencial que o líder demonstre, em sua equipe, que ele busca pela colocação estratégica no cenário da organização e do mercado, não que segue “fórmulas mágicas”. Assim, as sugestões (etapas) listadas a seguir, coletadas de diversos estudos e cases, embora acabem seguindo os princípios de planejamento estratégico e gestão de pessoas, não devem ser seguidas, nos momentos de decisão do líder, como algo estático e, portanto, sem serem contextualizadas com o cenário que se apresenta. Eis as sugestões: • Defina claramente a missão, os valores da empresa, e as metas e objetivos da equipe. Todos têm que saber qual o objetivo do trabalho, para que o esforço seja feito na mesma direção. Cada pessoa tem que estar ligada ao significado maior dotrabalho, que é o objetivo que foi definido pela organização, e ver o mesmo como um desafio. A comunicação clara é fundamental para alcançar esse objetivo. Melhor errar pelo excesso de comunicação, jamais pela falta. • Respeite a individualidade e estimule a diversidade da equipe. Equipes são formadas de pessoas, que têm histórias de vida, conhecimentos e experiências bem diferentes. É papel do líder não só aceitar como também estimular as diferenças, fazendo com que cada um dê o seu melhor. No time de futebol, por exemplo, cada jogador tem um talento que o difere dos demais; porém, sempre, todos os jogadores tendo como alvo o mesmo gol. • Seleção integrantes/Estabeleça os papéis. Se os integrantes da equipe não sabem qual a função ou papel a desempenhar, dificilmente vão poder atingir o objetivo comum. Pode ser necessário treinar ou realocar as pessoas, e, nesse caso, é papel do líder identificar se existe ou não a necessidade de treinamento. 89 Liderança e Desenvolvimento de Equipes • Motive e reconheça os talentos. Com o tempo, é natural que a equipe perca o entusiasmo do começo. É preciso evitar que uns poucos trabalhem e todos os outros fiquem olhando (como acontecia nos trabalhos do tempo do colégio). É fundamental saber o que cada membro está fazendo de valor e reconhecer a perfórmance de cada integrante. Não permita, no entanto, que alguém solte a máxima: “Eu já fiz a minha parte”. • Aprenda a lidar com o conflito. Em um grupo, é inevitável que haja choque de opiniões, personalidades e estilos. O desafio é saber valorizar a diferença e tornar os inevitáveis conflitos em um bom motivo para crescer e superar as adversidades. Lembre-se: Cooperar é diferente de competir. • Avalie e monitore. O monitoramento do trabalho e dos resultados é fundamental para que cada integrante saiba como está o seu desempenho, em que e como pode melhorar. Informações incompletas podem acabar com o trabalho de qualquer equipe. Portanto, um líder eficiente e eficaz, na atualidade, além de articular o planejamento estratégico e a gestão de pessoas, precisa ter compreensão sobre o que é grupo, como se classifica e estimular sua evolução. Como são classificados os grupos sob o seu funcionamento evolutivo? Para facilitar sua compreensão, veja como se classificam os grupos por seu modo de funcionamento de forma evolutiva: Quadro 4.3 - Classificação de grupos por seu modo de funcionamento e forma evolutiva Pseudo-equipe Existe apenas o vínculo do trabalho a fazer, não há preocupação como interação, desempenho coletivo. Grupos de trabalho Partilham informações, porém responsabilidades, objetivos e produtos são individuais. Não há interesse em transformarem-se em equipes. Equipe potencial Eles realmente querem produzir um trabalho em conjunto, porém os membros precisam de esclarecimento e orientação sobre sua finalidade, objetivos, produtos ou abordagens de tarefa. Equipes de elevado desempenho Existe comprometimento com o crescimento pessoal de cada um e o sucesso deles mesmos, e dos outros, e consegue resultados muito além dos esperados. Existe valorização tanto do técnico como do cognitivo. Fonte: Maximiano (1986). 90 Capítulo 4 Muitas vezes, somos grupos ou pseudo grupos, e depois simplesmente nos dissolvemos, como é o caso das salas de aula. Porém, em alguns casos, os processos evolutivos acontecem e grupos evoluem para equipes. Observe, a seguir, alguns processos ou fenômenos de formação grupal: 1. Pessoas no ponto de ônibus. 2. A torcida de um time de futebol 3. Os compradores de um supermercado 4. Os funcionários do supermercado 5. Médicos em um congresso de medicina. 6. Colecionadores de borboletas numa conferência em sua própria associação. 7. Membros do Parlamento 8. Membros de um partido político 9. 10. 11. Aproveite os itens 9, 10 e 11, deixados em branco, para você listar grupos dos quais faz parte! Observe que alguns são grupos de trabalho que podem obter vantagem, crescimento, transformando-se em equipes de trabalho. Isto é, são uma equipe em potencial. Perceba que é o vínculo entre os integrantes que determina o que é uma equipe e o que é um grupo. Há vínculo entre os integrantes de um grupo, porém, este se distingue do vínculo existente entre os integrantes de uma equipe. Fixemos- nos ainda no tipo de vínculo que existe no grupo: observe, no quadro a seguir, as influências que sofrem os integrantes de um grupo. 91 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Figura 4.1 - Influências, Dinâmicas e Resultados num Grupo Fonte: Hackman e Morris apud Maximiano (1986, p. 14). O ponto central deste capítulo é exatamente levar a entender como “dispor” as pessoas a interagirem de forma pró-ativa, isto é: como formar equipes. Para isso, antes de tudo, as pessoas precisam querer trabalhar em equipe. Pois, como nos afirmam três autores renomados da área de gestão de pessoas:“Equipe é um pequeno grupo de pessoas com habilidades complementares, que trabalham juntas com o fim de atingir um propósito comum pelo qual se consideram coletivamente responsáveis.” (SCHERMERHORN; HUNT; OSBORN, 1999, p. 148). As equipes de alto desempenho têm valores de núcleo, objetivos claros de desempenho, o conjunto certo de habilidades e criatividade. Pode-se dizer que, para formar uma equipe, é preciso engajar todos os integrantes. Nesse sentido, o comprometimento para o trabalho em equipe está no processo de comunicação, isto é, dá-se pela disposição de cada membro ouvir e reagir de forma construtiva às opiniões dos demais, dar aos demais o benefício da dúvida, prover apoio e reconhecer os interesses e as realizações dos outros membros. <Fim de destaque> 92 Capítulo 4 Figura 4.2 - Características da equipe eficaz Fonte: Robbins (1999). Como promover a comunicação entre os membros da equipe? Esta promoção da comunicação pode ser por meio da: • análise das tarefas; • própria forma de relacionar-se dos integrantes. 93 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Sobre essa questão, Buller (1986 apud SPECTOR, 2002 p. 324) diz que: A criação de equipe refere-se a qualquer atividade projetada para melhorar os diferentes aspectos do funcionamento dos grupos e equipes de trabalho. Alguns esforços para a criação de equipes são orientados a tarefas; eles tentam ajudar os membros da equipe a melhorar a forma como realizam suas tarefas de grupo. Outros esforços são orientados à interação pessoal; eles se preocupam com a qualidade da comunicação e a interação dos membros da equipe. Essa abordagem presume que as equipes terão melhor desempenho quando seus membros puderem comunicar-se e interagir uns com os outros de forma eficiente. Nesse sentido, alguns avanços e conhecimentos sobre as equipes de alto desempenho estão já bem solidificados. Acompanhe os quadros a seguir para ver esses itens. Quadro 4.4 - Fatores importantes para adotar a gestão por equipes O que é importante ao adotar a gestão por equipes ? saber analisar as necessidades; deixar claro os resultados desejados; atribuir as responsabilidades; medir e acompanhar os resultados; treinar; aceitar que o sucesso não é instantâneo planejar; desenvolver a flexibilidade. Fonte: Mussung e Hughey (1998). Quadro 4.5 - Esforços importantes para a criação de equipes Quais esforços são importantes para a criação de equipes? Para a criação de equipes, três esforços são importantes: • A criação de equipes é uma atividade planejada, enfim, há que ser projetado. • Normalmente é conduzida ou facilitada por um consultor ou orientador. Que vai incentivar o levantamento e discussão de problemas e sugestões entre os membros. • Ela normalmente envolve uma equipe de trabalho existente. Os participantes são treinados para melhorar suashabilidades individuais para atuarem dentro da equipe. Fonte: Mussung e Hughey (1998). 94 Capítulo 4 Robbins (1999) propõe a utilização dos conhecimentos sobre processos de grupo para criar equipes eficazes. E, com base nisso, o autor apresenta fatores, os quais vêm descritos a seguir, para a criação da equipe de alto desempenho. • Tamanho da equipe de trabalho: A equipe não deve ter mais de 12 pessoas, pois mais que isso dificulta a interação construtiva, a obtenção de consenso, o desenvolvimento da coesão, comprometimento e responsabilidade necessários para o desempenho. • Habilidades dos membros: a equipe precisa ser composta por pessoas que possuam determinadas habilidades, de forma que a combinação dessas possibilite um desempenho eficaz. As habilidades necessárias são: perícia técnica; habilidade para solucionar problemas e tomar decisões, incluindo a identificação de problemas, a geração e avaliação de alternativas e a execução de escolhas adequadas, habilidades interpessoais para ouvir, fornecer retorno, resolver conflitos etc. As habilidades menos presentes podem ser desenvolvidas após a criação do grupo. • Distribuição de papéis e promoção da diversidade: O autor apresenta nove possíveis papéis a serem desempenhados pelos membros de uma equipe e propõe que, para esta ser bem sucedida, é necessário ter pessoas para atuar em todos esses papéis. Os papéis-chave da equipe são: conector (coordena e integra), criador (dá início a ideias criativas); promotor (defende ideias depois de implementadas); assessor (oferece análise perceptiva das opções); organizador (dá estrutura); produtor (dá direção e acompanhamento); controlador (examina detalhes e reforça regras); mantenedor (luta em batalhas externas); conselheiro (estimula a busca por mais informação). • Compromisso em torno de um objetivo comum: o objetivo comum, a visão da equipe que oferece direção, energia e comprometimento para seus membros. • Estabelecimento de metas específicas: o propósito comum deve ser traduzido em metas de desempenho específicas, mensuráveis e realistas. Essas metas dão energia, facilitam a comunicação e auxiliam na manutenção do foco em resultados. 95 Liderança e Desenvolvimento de Equipes • Liderança e estruturação: Os integrantes da equipe devem concordar sobre a distribuição das tarefas, assegurar uma divisão equilibrada da carga de trabalho, buscar a integração das habilidades individuais e determinar a forma de trabalho, a forma de resolução de conflitos, as habilidades que precisam ser desenvolvidas e o processo de tomada de decisões. • Negação da vadiagem social e responsabilidade: tornando os membros da equipe responsáveis individualmente e coletivamente pelo propósito, metas e abordagem, é possível minimizar a tendência à acomodação e a possibilidade de esconder-se por trás do esforço do grupo. • Avaliação de desempenho apropriada e sistemas de recompensa: a avaliação de desempenho e sistema de recompensa adequados contribuem para a construção da responsabilidade nos níveis individual e coletivo. Além de avaliar e recompensar funcionários por suas contribuições individuais, é preciso reforçar o esforço e comprometimento da equipe, através de avaliação baseada no grupo, divisão de lucro e divisão de ganho. • Desenvolvimento de alto nível de confiança mútua: A confiança é característica de grupos de alto desempenho, ou seja, seus integrantes acreditam na integridade, caráter e capacidade de cada um. O conceito de confiança pode ser compreendido através de cinco dimensões (apresentadas aqui segundo sua ordem de importância): integridade (honestidade e confiança); competência (conhecimento e habilidades técnicos e interpessoais); coerência (confiabilidade, previsibilidade e bom julgamento); lealdade (desejo de proteger e preservar o outro); abertura (desejo de compartilhar ideias e informações). Lembre-se de que a confiança demora para ser construída e exige muito cuidado para ser mantida. 96 Capítulo 4 O quadro a seguir apresenta as características da equipe eficaz, propostas por Parker (1994): Quadro 4.6– Características da Equipe Eficaz Aspecto Características Propósito claro A visão, missão, meta ou tarefa da equipe foi definida e agora é a aceita por todos. Há um plano de ação. Informalidade O clima tende a ser informal, à vontade, confortável e descontraído. Não há tensões óbvias ou sinais de tédio. Participação. Há muita discussão e todos são incentivados a participar. Ouvir com atenção Os membros utilizam técnicas para ouvir com eficácia perguntas, paráfrase e resumos para coletar idéias. Divergência civilizada Há divergência, mas a equipe se sente á vontade com isso e não evita, não redige nem reprime o conflito. Decisões de consenso Para decisões importantes, a meta é essencial, mas não há, necessariamente, unidade através da discussão aberta de todas as idéias; e votam-se a votação formal e concessões fáceis. Comunicação aberta Os membros da equipe sentem-se livres para expressar seus sentimentos quanto às tarefas e ao funcionamento do grupo. Há puçás questões escondidas. Papeis e atribuições bem definidas. As expectativas sobre os papéis desempenhados pelos membros da equipe são bem claras. Ao iniciar um trabalho, as atribuições de cada um são claramente definidas, aceitas e cumpridas. Há uma justa distribuição de trabalho entre os membros da equipe. Liderança compartilhada Embora a equipe tenha um líder formal, as funções de liderança mudam conforme as circunstâncias , necessidades do grupo e habilidades dos integrantes. Relações externas A equipe dedica-se a desenvolver relacionamentos importantes fora do grupo, a mobilizar recursos e ganhar credibilidade junto a membros importantes em outras áreas da organização. Diversidade de estilo A equipe possui uma grande variedade de tipos de integrantes, inclusive membros que enfatizam a atenção á tarefa, a definição de metas, o processo e o funcionamento da equipe. Auto-monitoramento Periodicamente, a equipe analisa sua atuação e o que pode estar interferindo em seu desenvolvimento. Fonte: Elaboração do autor (2007). 97 Liderança e Desenvolvimento de Equipes O fato é que sem planejamento e sistematização de indicadores dificilmente se formarão equipes de alto desempenho. E, tendo em vista toda a importância de se compreender como funcionam as equipes de alto desempenho, eis que apresentamos a próxima seção. Seção 3 O funcionamento das equipes de alto desempenho Para formar equipes de alto desempenho, os líderes precisam conscientemente trabalhar para isso. Elas não se formam naturalmente. Se você tomar por base o exemplo de equipe de alto desempenho citado anteriormente, os times de futebol, dar-se-á conta de que os times têm diferentes desempenhos nas temporadas, e, principalmente no início destas, precisam fazer reajustes, precisam isolar-se (concentração), trocar ideias...Ou seja, muito trabalho é realizado para se tentar ser uma equipe de alto desempenho. Esse trabalho começa quando os integrantes da equipe estão dispostos a interagir para resolver seus problemas e vencer desafios. Assim, é preciso que se “semeie”, nos integrantes de um grupo, a disposição de uma convivência em conjunto, despertando nestes também os valores necessários à formação da equipe. Um objetivo maior que, de alguma forma, interesse a todos e possa ser alcançado através da contribuição de todos (os integrantes precisam ter consciência disto) é fundamental, se quisermos formar equipes de alto desempenho. Habilidade de interação interpessoal construtiva, aberta para comunicação e capacidade de escuta racional são características fundamentais para todos os integrantes de uma equipe de alto desempenho. A unidade,a coesão, a capacidade de consenso (que é muito diferente de votação) consiste no convencimento de todos os integrantes pela melhor saída, mas também são um desafio. Desafio porque o orgulho (indivíduos imaturos) costuma ser um traço característico de muitas pessoas em uma sociedade tão capitalista e tão pouco reflexiva. Em equipes de alto desempenho, o papel de liderança é assumido por todos, e existe uma dinâmica construtiva para a execução dos trabalhos. 98 Capítulo 4 Observe a figura, a seguir, e veja como o processo de formação de equipes dá-se segundo Shermerhorn: Figura 4.3 - O processo de formação de equipes Fonte: Shermerhorn (1999, p. 150). Segundo Schermerhorn Hunt e Osborn (1999), é possível descrever os valores essenciais e as características das equipes de alto desempenho da seguinte forma: 1. Equipes de alto desempenho têm fortes valores de núcleo que ajudam a guiar as atitudes e o comportamento para a direção adequada aos propósitos da equipe. São valores que funcionam como um sistema de controle interno e acabam servindo de guia para o próprio líder. 2. As equipes de alto desempenho transformam um senso geral de propósito em objetivos específicos de desempenho. São indicadores claros de resultados que fornecem feedback sistemático e evitam interpretações subjetivas que geralmente levam a conflitos. 3. Os membros das equipes de alto desempenho têm um conjunto certo e claro das habilidades necessárias aos seus objetivos. Sejam estas habilidades: técnicas, para tomada de decisões, ou de relacionamento interpessoal. 4. As equipes de alto desempenho têm criatividade, que auxiliam as organizações à melhoria contínua para inovação, enfim, para estar a serviço do cliente de modo dinâmico e atual. 99 Liderança e Desenvolvimento de Equipes E muito se tem pensado e pesquisado sobre a formação de equipes de alta perfórmance. E, com base nesses estudos, tem-se feito uma analogia dessa formação com as migrações dos gansos. Você sabe o porquê desta comparação? Quando o ganso líder se cansa, ele muda de posição dentro da formação e outro ganso líder assume a liderança. Vale muito a pena este revezamento em tarefas difíceis; e isto serve tanto para as pessoas quanto para os gansos que voam longas distâncias. Mas existe um perfil ideal para o líder e para os integrantes de uma equipe? Estude a seção seguinte e confira! Seção 4 Gestão de conflitos em equipes Em Administração, em especial em gestão de pessoas, como já afirmado aqui, não existem fórmulas, receitas prontas e fechadas. Porém, existem caminhos, posturas que geram resultados. E, no que diz respeito ao perfil dos integrantes de equipes, a postura que deve haver nestes é um certo grau de maturidade. Sobre esta questão, Gramigna (2002, p. 122) bem se refere: “Cada membro que já foi selecionado dentro do perfil de maturidade e capacidade técnica para o cargo, no momento de inserção, precisa compreender realisticamente o papel e a responsabilidade dele mesmo e de cada um que forma a equipe.” Por quê? Porque quando não se têm claras as considerações destacadas pode-se ter a semente para desencadear conflitos nas organizações. As situações de conflitos ocorrem quando dois ou mais membros da equipe têm comportamentos, atitudes ou pontos de vista contrários a um determinado assunto. Tais situações são diferenças de opiniões, interdependência de funções e de recursos, metas não alcançadas ou irreais, comportamentos não condizentes à ética e valores da organização, interesses pessoais, papéis mal definidos, falta e erros de comunicação, dentre outros. 100 Capítulo 4 Administrar conflitos nas organizações é realmente necessário? Sim! Segundo Robert Bacal (2004, p.68, apud BITENCOURT,2012, 24), “Conflitos que ocorrem em organizações não, necessariamente, têm que ser destrutivos, contudo, um gerenciamento eficaz deste processo, requer que todas as partes envolvidas conheçam a natureza do conflito dentro do ambiente organizacional”. Portanto, cabe ao gestor transformar o conflito em um aspecto positivo, para criar a oportunidade de: rever processos, aperfeiçoamento do trabalho em equipe; estabelecer mais confiança na sua gestão; fortalecimento das relações humanas; melhor desenvolvimento pessoal dos colaboradores; funcionários mais comprometidos; a energia e a motivação são voltadas ao trabalho e seu desempenho gerando mudanças. A revista Exame destaca 5 maneiras do gestor administrar os conflitos na sua organização. Vamos ver? 5 maneiras de lidar com conflitos na sua empresa Como lidar com conflitos na empresa? Respondido por Eduardo Ferraz, especialista em gestão de pessoas Conflitos acontecem quando há diferentes interpretações sobre um mesmo problema. Isso é muito comum, pois quase todas as pessoas têm percepções distorcidas de como as coisas realmente são. Em pequenas empresas, onde o convívio é mais intenso, estes conflitos são ainda mais comuns. Quem impõe pontos de vista de maneira intransigente costuma gerar discussões com outros colaboradores, clientes e fornecedores. Confira cinco dicas para o empreendedor minimizar conflitos entre os membros de sua equipe. 1. Seja empático Empatia é a habilidade de se colocar no lugar da outra pessoa. Ela nos ajuda a compreender as razões, por mais estranhas que pareçam, que levam alguém a tomar decisões que jamais tomaríamos. 2. Ouça os dois lados Para ser justo, é fundamental que o líder entenda os pontos de vista conflitantes entre as pessoas envolvidas antes de tomar qualquer decisão. 3. Tenha uma postura racional Não se contamine emocionalmente quando houver discussões mais ríspidas. Mantenha a negociação no plano racional. As pessoas tendem a respeitar quem mantém o autocontrole. 101 Liderança e Desenvolvimento de Equipes 4. Estimule o diálogo Procure fazer com que as partes apresentem seus argumentos de maneira serena e de preferência embasados em dados mensuráveis, de forma que as informações dos dois lados possam ser aproveitadas em uma proposta intermediária. 5. Não se omita Muitas vezes, o líder se retira antes de resolver o conflito. Se depois de tudo isso o impasse persistir, decida você. Às vezes, é preciso tomar partido de uma das posições e encerrar o problema, deixando claro quais os critérios levados em consideração para decidir. Seguindo estes cinco passos, com o passar do tempo, as pessoas perceberão que, com você no comando, a negociação equilibrada sempre será o melhor caminho e os conflitos em sua empresa diminuirão muito. Fonte: Lam. Camila. Revista EXAME, 2012. 5 maneiras de lidar com conflitos na sua empresa. Disponível em <http://exame.abril.com.br/pme/noticias/5-maneiras-de-lidar-com-conflitos-na-sua- empresa/> Acesso em 25 de jan de 2013. Bacal (2004, apud FERREIRA, 2007, p.2) considera que a chave para organizações bem sucedidas não passa por estruturas bem definidas ou por métodos, mas, sim, por criatividade, responsabilidade e adaptação. Nesse sentido, a organização bem sucedida precisa dos processos de conflitos para que visões divergentes sejam colocadas de forma aparente e novos modos de fazer as coisas sejam estimulados. É preciso que a racionalidade e o estímulo à reunião de informação com análise realística e objetiva dos fatos sejam uma constante. Nesses momentos de troca, a transparência e o compartilhar de informações abertamente precisam existir, para que todos possam contribuir. O sentido de cooperação e colaboração de todos os membros precisa ser incentivado, reconhecido e reforçado, pois a cooperação não é algo instintivo nos seres humanos; pelo contrário, ela é fruto de reflexão e evolução. Os objetivos pessoais nunca poderão ser esquecidos. Ninguém se dedica integralmente se não tiver suas necessidades contempladas; porém, é precisopriorizar o objetivo da equipe acima dos pessoais. 102 Capítulo 4 Além do exposto, destacamos estes doze mandamentos que dão ênfase às atitudes e posturas pessoais. Pois, a exigência do trabalho em equipe agrega a atitude como elemento-chave nas relações de trabalho e nos resultados das equipes. Doze mandamentos para participar em uma equipe 1. Todos são responsáveis pelo êxito do grupo. Não procure carregar o grupo nas costas. Estimule cada um a cooperar. Exija do grupo. 2. Se você for tímido não cuide de você. Cuide do outro tímido. Timidez é excesso de preocupação com você. 3. Assumir as próprias responsabilidades evitando os constantes pedidos de desculpas por suas características. O dominador desculpa-se da DOMINAÇÃO, alegando que ninguém quer assumir. O tímido desculpa-se da timidez, alegando que o DOMINADOR não o deixa participar. Como resolver o impasse? 4. Imaturidade leva-nos a buscar alguém que dirija as atividades. A maturidade leva- nos a propor REGRAS DE COOPERAÇÃO para agir e propor ANÁLISE CRÍTICA para superar conflitos. Seja maduro. 5. Reivindique seu lugar no grupo, ocupando espaços. Use de autonomia e não espere ser convidado a participar. 6. Você pode se comprometer FALANDO DEMAIS ou FALANDO DE MENOS. Comprometa-se, portanto, com o que deseja e deixe claro o que deseja para a equipe. 7. Participar é ser responsável. Ser responsável é desempenhar bem seu papel no grupo. Seja responsável. 8. Abra espaços para ideias novas. Modificar e deixar-se modificar enriquece pessoas e resultados. 9. O homem tem objetivos. O animal é programado. Não ser programado é ser capaz de mudar. 10. Ser maduro é ser crítico e criativo. Seja criativo e crítico! 11. Aquele que não usa de empatia tem dificuldades de se adaptar ao grupo. Tente colocar-se no ponto de vista do outro. 12. A consciência critica é conquistada a partir do momento em que estamos abertos a receber e dar feedback. Treine esse processo. 103 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Não podemos esquecer que, na atualidade, temos as equipes virtuais, desafio para os gestores e colaboradores. Portanto, é importante refletir sobre elas? Equipes virtuais: As vantagens na utilização deste modelo [...] Antigamente, havia uma preocupação em manter todos da equipe em um mesmo ambiente, pois a comunicação seria mais eficiente. Certamente, equipes próximas atingiam com mais facilidade os objetivos do que as equipes dispersas. Entretanto, com o avanço nas comunicações este cenário tem se alterado cada vez mais. Isso pode ser facilmente observado na MATERA, onde existem vários casos de sucesso em projetos com equipes virtuais. Podem-se enumerar diversas vantagens na utilização deste modelo de equipe, como por exemplo: • acesso às experiências diversas; • networking; • comodidade e bem-estar do profissional (home office ou proximidade da cidade natal); • flexibilidade para alocação da equipe; • custos reduzidos; • conhecimento sobre mercados diversos. Tais vantagens só são atingidas se a comunicação da equipe for bem gerida. A equipe deve manter o sentimento de união e a motivação para atingir as metas propostas. Para atingir isso, devem ser considerados dois fatores: • entendimento da informação; • compartilhamento de informações. Boa parte da comunicação é não-verbal e quando a pessoa se expressa somente através de textos, pode ser mal compreendida. Esta falta de entendimento pode criar situações constrangedoras e até mesmo conflitos entre as partes, além de poder causar retrabalhos para o projeto. 104 Capítulo 4 Para auxiliar nessa tarefa, existem diversas ferramentas, dentre elas: • videoconferência; • teleconferência; • voip; • mensagens instantâneas; • e-mails; • compartilhamento de área de trabalho. Para cada situação, uma ou mais destas ferramentas serão as mais adequadas. Essa definição fica a critério da equipe juntamente com seu Líder de Projetos. Mesmo tendo em mãos várias formas de se comunicar, tudo será em vão se os membros da equipe guardarem as informações para si. É importante promover a troca de informações, a qual pode ser feita de diferentes maneiras: • reuniões periódicas; • blog; • bug tracking; • documentos compartilhados; • chat do projeto. O objetivo disso é evitar que dados sejam julgados insignificantes demais para serem compartilhados. Dessa forma, o conhecimento mantém-se na equipe e não nos indivíduos. Assim, pode-se concluir que, se ultraprassadas as barreiras de comunicação, as equipes virtuais tornam-se muito vantajosas e tão eficientes quanto as tradicionais. Fonte: See more at: http://www.matera.com/br/2012/04/equipes-virtuais-as-vantagens-na-utilizacao- deste-modelo/#sthash.Uyd2na6Q.dpuf 105 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Seção 5 Liderança e gestão de equipes É consenso entre os pesquisadores das atuais teorias da administração de que os gerentes precisam cada vez mais se ocupar da atividade de liderar, de fazer os integrantes da organização darem o seu melhor e estes trazerem a inovação por meio de sua criatividade. Uma organização pública ou privada, de pequeno, médio e grande porte, nacional ou internacional, bem-sucedida tem uma característica principal que a distingue das organizações mal-sucedidas: um gestor ou gestora dinâmico e eficaz. Fred Fiedler (1981, apud DRUCKER, 1992) assinala que os gerentes eficazes e dinâmicos são o recurso básico e também o mais escasso de qualquer empresa. As estatísticas dos últimos anos tornam esse ponto ainda mais evidente. De cada cem novas empresas que começam, aproximadamente, cinquenta, ou seja, a metade, fecha no prazo de dois anos. Ao cabo de cinco anos, apenas uma terça parte ainda está em atividade. A maior parte dos malogros pode ser atribuída a um gerenciamento ineficaz. Bowditch e Buono (1992) sugerem que a gerência constitui-se de uma arte, mais que uma ciência, dado sua amplitude funcional. No que consiste uma gerência eficaz? Essa gerência, para Levitz, citado por Marques (1998), consiste da avaliação racional de uma situação; da seleção de objetivos e propósitos; do desenvolvimento de estratégias para atingir tais objetivos; da alocação e controle racional das atividades requeridas para atingir os objetivos selecionados; e da motivação e compensação das pessoas para realizar o trabalho. Reforçando essa definição e reiterando o já exposto, a liderança é vista apenas como uma parte do papel gerencial; todavia, é relevante observar que essa parte integra, em seu cerne, a função do gerente. Cabe então ao gerente, junto à sua equipe, acompanhar e buscar efetivar os critérios selecionados como pertinentes ao sucesso da empresa. 106 Capítulo 4 Diferente da liderança, o gerenciamento é compreendido pelo foco nos resultados. Segundo Siqueira Neto (2005), o gerenciamento é focado nos resultados, é visto a partir do planejamento, do orçamento, da organização, da direção, do controle, da produção, da venda e da estabilidade organizacional. Enfim, o aspecto prático da empresa. Alguns autores discutem sobre a necessidade de a liderança substituir o gerenciamento. Porém, o que precisamos é agregar liderança ao gerenciamento. O gerente sozinho não conseguirá efetuar a mudança, porém poderá acompanhar se as estratégias, as ações que o grupo está desencadeando, estão sendo adequadas aos objetivos, ou metas que se quer alcançar. Dentro então desta nova perspectiva de unir a liderança ao gerenciamento, ele vai assumir o papel de “capitão” do grupo. Esta analogia muitas vezes é utilizada ao se estudar liderança e gerenciamento, exatamente porque um capitão não assegura sozinho a viagem, mas com ele evitamos muitos percalços e saímos das tempestades. Os indicadores e controles da organizaçãoprecisam estar claros e difundidos, para que todos compreendam e se responsabilizem pela missão da empresa. E há uma relação dinâmica entre líderes e seguidores, permitindo frequentemente a troca de papéis entre estes. À luz da liderança como competência, líder e chefe são funções complementares, no sentido de que a chefia (gerência, etc.) é uma posição formal, nomeada, levando-se em conta ou não as preferências dos seus colaboradores. Já o líder não depende dessa formalização, é assim visto por sua equipe. Por força da posição, o gerente (ou chefe) recebe autorizações, delegações e participa de outros níveis hierarquicamente superiores. Tais condições são uma fonte de poder, uma vez que proporcionam informações diferenciadas. O gerenciamento requer uma racionalidade, um senso prático fundamental ao sucesso de qualquer organização. Assim, é exigido dos gerentes planejar e organizar, por exemplo, mas o papel principal de um líder é influenciar os outros para buscarem, de maneira entusiástica, objetivos definidos. 107 Liderança e Desenvolvimento de Equipes Uma fonte frequente de gerenciamento é a rotina. É fundamental que a empresa tenha um bom sistema de padronização e que sirva de referência para o seu gerenciamento, estabelecendo assim a manutenção dos processos que irão garantir o alcance da produtividade e da qualidade. Já a fonte para a liderança não depende em grande medida da organização, mas do próprio líder e de sua equipe. A rotina da empresa deve ter indicadores claros e alcançáveis e, principalmente, compreendidos pelos integrantes da organização como necessários e justos. Criando indicadores de desempenho claros (definidos para a formação dos perfis de competência e exigidos para as diversas unidades de negócio), é importante compreender que, para cada grupo de funções, o nível de exigências relacionado às competências é variado. Possibilitar a efetivação e o desenvolvimento dessas competências é critério indispensável para o sucesso das equipes e, para isso, é preciso haver o gerenciamento, por exemplo: • da comunicação; • da relação das metas de qualidade e produtividade; • do desenvolvimento do trabalho de forma participativa; • da análise do funcionamento dentro da estratégia da empresa; • do fortalecimento do compromisso dos integrantes com os objetivos organizacionais. Enfim, toda a administração moderna está baseada na formação e no desenvolvimento das equipes. E estas equipes são desenvolvidas por líderes que gerenciam e desenvolvem os integrantes que formam a organização! 109 Considerações Finais A figura do líder está diretamente relacionada a conceitos e práticas típicas do contexto sócio-histórico em que este está inserido. Em função disso, trabalhamos no desenvolvimento das habilidades necessárias para integrar e motivar pessoas para o trabalho em equipe, para se obter líderes de equipes, pois isso é capaz de ser o diferencial competitivo entre uma organização e outra em nossos tempos, já que a tecnologia e os processos de produção empregues não variam muito de organização para organização. Isto é, o diferencial nos produtos e/ou serviços de uma organização para outra, atualmente, está muito mais no modo como seus colaboradores se relacionam entre si para essa produção do que na tecnologia empregue para tal. Busquemos apresentar nesse livro alguns caminhos para desenvolver competências e habilidades para realizar a liderança? Vimos que o líder é uma pessoa que tem poder e exerce autoridade sob um agrupamento de pessoas e com elas constrói e/ou realiza um projeto. Quando esse agrupamento é uma equipe, os resultados obtidos são muito superiores, vão para além da soma dos resultados obtidos por cada um dos seus integrantes, há uma sinergia entre esses que lhes possibilitam obter resultados que só conseguem justamente por trabalharem juntos. Assim, detemo-nos em apresentar caminhos não só para a formação da liderança, mas para a formação de equipes e, consequentemente, de como a liderança deve proceder para viabilizar essa formação. É típico da liderança não apenas o conhecimento técnico sobre os processos e produtos da organização, mas, e, principalmente, a detenção de conteúdos emocionais e de atitudes que possibilitem a integração, comunicação e sinergia entre as pessoas, de modo a possibilitar que essas venham a formar uma equipe. Claro, a formação de uma equipe não depende apenas de um líder, mas de todos os seus integrantes, pois esses precisam possuir maturidade para trocarem ideias, decidirem coletivamente etc.; assim, estudamos aqui quais são as características de uma equipe e de como a liderança se posiciona nelas de modo a fomentá-las. Que você perceba a diferença existente entre os conceitos de chefe e de líder, que perceba os ganhos que se tem numa organização quando se é comandado por um líder e não por um chefe e, cima de tudo, permaneça em permanente processo de amadurecimento que lhe permita trabalhar em equipe. Pois isso lhe trará ganhos não só para sua vida profissional, mas também para a sua vida pessoal. Até breve, as professoras conteudistas. 111 Referências ANAZ, Silvio, 2014. Disponível em <http://pessoas.hsw.uol.com.br/10-lideres- importantes4.htm>. Acesso em 20 de fev de 2014. ANAZ, Silvio. 10 líderes mais importantes da História. 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Especialista na Abordagem Centrada na Pessoa pelo Centro Universitário La Salle (UNILASALLE). Ministra disciplinas de Psicologia da Educação, da Aprendizagem, das Organizações, Liderança e Desenvolvimento de Equipes, e nas áreas de orientação profissional, educação especial, ludoterapia, metodologia de pesquisa, gestão de pessoas, aprendizagem organizacional.É Orientadora de estágios, TCC e monografias em cursos de formação de educadores, psicólogos, administradores em nível de graduação e pós-graduação, nas modalidades presencial e a distância na Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL) e no Centro Universitário Barriga Verde (UNIBAVE). Autora de livros didáticos em EaD da UnisulVirtual. Dâmaris de Oliveira Batista da Silva Mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (2012); Mestre em Engenharia de Produção e Sistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina (2002); graduada em Psicologia pela UNISUL (1998). Professora, Orientadora de Estágios, TCC e Monografias na área Gestão de Pessoas, Psicologia das Organizações, Liderança e Desenvolvimento de Equipes. Desirée de Souza Freccia de Carvalho Possui graduação em psicologia pela Universidade do Sul de Santa Catarina (1995) e graduação em comunicação social pela Universidade do Sul de Santa Catarina (1999). ´Por mais de 10 anos foi professora da Universidade do Sul de Santa Catarina, ministrou disciplinas em pós graduações lato sensu na UNISUL, Universidade Energia de Criciúma, nas áreas de gestão, gestão de pessoas e marketing. Tem experiência na área de Psicologia e administração com ênfase em Gestão de Pessoas. Viviane Bastos É psicóloga e mestre em Educação pela Unisul. Com formação em terapia cognitivo-comportamental, possui cursos na área de educação, administração e psicologia. Professora nos cursos de graduação da Unisul, modalidades presencial e a distância. Participou do projeto de cooperação internacional com Portugal diretamente ligado ao Instituto Politécnico de Leiria, onde trabalhou na capacitação da equipe de design instrucional da instituição (2007). Autora (Conteudista) de livros didáticos em EaD da UnisulVirtual. www.un i su l . b r Liderança e Desenvolvimento de Equipes Esse livro trata do fenômeno da liderança nas organizações. Mais especificamente, de como a liderança pode ser fomentada e quais os principais desafios para ser exercida nas organizações. Analisa a liderança de acordo com algumas teorias psicológicas, apresenta diferentes tipos de liderança e busca demonstrar como ela é essencial para a criação de equipes. Estas últimas que são apresentadas como algo essencial para o sucesso das organizações. 9 788578 176327 Introdução Capítulo 1 A liderança no contexto organizacional autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. Capítulo 2 O exercício da liderança autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. Capítulo 3 Trabalho em equipe autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Viviane Bastos. Capítulo 4 Temas contemporâneos em liderança e o desafio na formação de equipes autor: Desirée de Souza Freccia de Carvalho Revisão e Ampliação de conteúdo: Alessandra de Oliveira e Dâmaris de Oliveira Batista da Silva. Considerações Finais Referências Sobre os Professores Conteudistas