Com base no parágrafo único do artigo 966 do Código Civil, o empresário que exerce atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística, mesmo que exercida de forma organizada, não é considerada uma sociedade empresária. Confira a explicação a seguir:
Em função dessa distinta valoração, vigem também princípios jurídicos diversos:
a) o acesso à profissão não é totalmente livre, como na atividade empresarial (art. 170, parágrafo único, da CF/1988); depende de formação intelectual muito mais severa e de regular inscrição na respectiva corporação, por vezes com submissão a rigorosos exames, como no caso dos advogados e contadores, por exemplo;
b) imperam premissas de decoro, que impedem a livre concorrência, tal como aquela existente entre os empresários;
c) finalmente, por mais que os serviços prestados possam ser, muitas vezes, repetitivos, inexiste a produção em massa, característica da atividade empresarial.
A atividade do profissional intelectual, pois, é uma atividade criativa, e não uma atividade de produção em massa, como normalmente ocorre com a atividade empresarial.”
França, 2020 nº 145
Recentemente, esse entendimento foi confirmado pela 1ª Câmara Reservada de Direito Empresarial do Tribunal de Justiça de São Paulo em discussão que envolvia um famoso escritório de advocacia e a apuração de haveres e seus critérios contábeis que devem ser utilizados na dissolução.
Os desembargadores entenderam que os escritórios de advocacia não têm natureza empresarial. Sendo assim, a apuração de haveres deve ser com base no balanço patrimonial (TJSP, 2021).
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