TEMA 2 — HISTÓRICO DOS DIREITOS SOCIAIS NO MUNDO
Os conceitos embrionários de direitos sociais remontam ao capitalismo industrial, momento históric...
TEMA 2 — HISTÓRICO DOS DIREITOS SOCIAIS NO MUNDO Os conceitos embrionários de direitos sociais remontam ao capitalismo industrial, momento histórico em que se preconizavam as relações econômico-sociais em sua forma liberal mais pura, com o mercado produzindo, ao menos em tese, os insumos básicos para a autorregulação. Imperavam, assim, a propriedade privada e a autonomia da vontade como referências das relações estabelecidas, que eram, evidentemente, bastante diferentes em medida de poder. Nesse momento, cabe a explanação de Nunes Junior (2017): O chamado liberalismo original implicava, portanto, uma fuga do direito. O direito de propriedade era evocado para alicerçar o domínio do capitalista em relação aos chamados meios de produção. Tal instituto era, por sua vez, integrado pela autonomia da vontade, que conferia a todos a liberdade para contratar e, uma vez celebrado o pacto, o dever de submissão à avença realizada. Este, com efeito, o modelo balizador de relações comerciais, trabalhistas, de consumo etc. Concebia-se a economia capitalista como uma ordem natural, cujos impulsos espontâneos engendravam automaticamente as relações nela inseridas. Nesse sentido, bem ensina Vital Moreira (1994) que a “revolução burguesa, ao extinguir os direitos e privilégios feudais, ao estoirar a arquitetura corporativa medieval e a estrutura protecionista do mercantilismo, pretende substituir a ordem jurídica, artificial, da economia por uma ordem natural, automática, ajurídica”. Inevitável perceber, portanto, que naquela época as relações econômicas carregassem forte anacronismo, visto que a garantia de liberdade absoluta nas relações — especialmente as empregatícias — gerassem, como contrapartida, a submissão dos economicamente vulneráveis aos detentores do poder econômico — evidenciando a incapacidade estatal para garantir uma convivência livre e harmoniosa. Assim, “o liberalismo clássico acabou por revelar uma realidade tirânica e cruel em relação à classe operária que se formava nos centros industriais da Europa de então” (Nunes Junior, 2017). É nesse contexto que surgem os primeiros descontentamentos, como bem ensina Fábio Konder Comparato (1999): Na França, o descontentamento do operariado urbano com os excessos capitalistas do reinado de Luís Felipe de Orléans, instalado no trono
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