Wanderley Guilherme dos Santos, em sua obra "O Ex-Leviatã Brasileiro: do voto disperso ao clientelismo concentrado" (2006), propõe uma reflexão original sobre as verdadeiras origens e fundações das relações clientelistas no Brasil, responsáveis por deturpar o poder público e capturar as políticas públicas. O autor argumenta que a literatura sobre o clientelismo e o patrimonialismo no Brasil é eivada de preconceitos, geralmente responsabilizando o intervencionismo estatal e a burocracia como os principais propagadores da corrupção no país. Segundo Santos, essa visão é equivocada, pois o clientelismo é uma prática que antecede a formação do Estado brasileiro e está enraizada na cultura política do país. Para o autor, o clientelismo é uma forma de organização social que se baseia em relações pessoais de lealdade e dependência, em que o poder é exercido por meio da troca de favores e da distribuição de recursos. Essa prática é alimentada pela desigualdade social e pela falta de acesso aos bens públicos, o que faz com que as pessoas recorram a líderes locais em busca de soluções para seus problemas. Santos argumenta que o clientelismo é uma forma de dominação política que se perpetua no tempo, pois os líderes locais têm interesse em manter seus seguidores dependentes e submissos. Além disso, o clientelismo é uma prática que se adapta às mudanças políticas e econômicas, o que faz com que ela continue presente na sociedade brasileira, mesmo após a redemocratização do país. Dessa forma, o autor propõe uma reflexão crítica sobre as verdadeiras origens e fundações das relações clientelistas no Brasil, buscando compreender como essa prática se consolidou e se mantém presente na sociedade brasileira.
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Políticas Públicas da Família e Cultura , Família e Sociedade
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