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Leia os fragmentos abaixo, da obra Cidade de muros, de Teresa Caldeira: Texto 1 “[...] Em geral, grupos que se sentem ameaçados com a ordem so...

Leia os fragmentos abaixo, da obra Cidade de muros, de Teresa Caldeira: Texto 1 “[...] Em geral, grupos que se sentem ameaçados com a ordem social que toma corpo nessas cidades constroem enclaves fortificados para sua residência, trabalho, lazer e consumo. Os discursos sobre o medo que simultaneamente legitimam essa retirada e ajudam a reproduzir o medo encontram diferentes referências. Com frequência, dizem respeito ao crime e especialmente ao crime violento. Mas eles também incorporam preocupações raciais e étnicas, preconceitos de classe e referências negativas aos pobres e marginalizados”. CALDEIRA, T. P. R. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34; Edusp, 2000. p. 9. Texto 2 “A violência e o desrespeito aos direitos civis constituem uma das principais dimensões da democracia disjuntiva do Brasil. [...] A cidadania brasileira é disjuntiva porque, embora o Brasil seja uma democracia política e embora os direitos sociais sejam razoavelmente legitimados, os aspectos civis da cidadania são continuamente violados.” CALDEIRA, T. P. R. Cidade de muros: crime, segregação e cidadania em São Paulo. São Paulo: Editora 34; Edusp, 2000. p. 343. A partir dos fragmentos do texto de Teresa Caldeira, analise as sentenças a seguir, escolhendo aquelas que problematizam parte da experiência urbana brasileira contemporânea: I. A noção de democracia disjuntiva, segundo Teresa Caldeira, remete às contradições da democracia brasileira que, ao mesmo tempo em que proporcionou a ampliação dos direitos civis, convive efetivamente com um processo cotidiano e reiterado de deslegitimação dos direitos individuais, da liberdade e da proteção do corpo, em particular dos direitos e dos corpos dos subalternos, dos grupos populares e vulneráveis da sociedade brasileira. II. No imaginário social brasileiro há uma ideia que associa a pobreza e a criminalidade como os únicos fatores de explicação da violência, solicitando ao poder público ações e contramedidas presentes nos grupos populares e em seus bairros, alvos de ação policial violenta e de apelo midiático. Estereótipos são correntemente depositados sobre os moradores de comunidades e periferias pobres, principalmente sobre a população negra, reforçando um roteiro policialesco sobre o pobre e negro, visto como perigoso e bandido em potencial. III. Os direitos humanos no Brasil foram historicamente criados e implementados para proteger aqueles que delinquem, em particular os crimes hediondos, impedindo a ação da população ou, mesmo, policial, no desejo de fazer justiça. IV. A fala do crime, discutida por Teresa Caldeira, traz à tona os crimes espetaculosos e seus efeitos midiáticos. Todavia, tal representação social não implica em práticas de desrespeito a direitos civis e humanos estabelecidos com a redemocratização, tampouco vitimiza inúmeros pobres, em particular a população negra, vista pelas elites como a síntese dos valores de quem trabalha com dignidade. V. Independentemente do fortalecimento dos direitos sociais e políticos na sociedade brasileira, há um conjunto de intervenções violentas e desejáveis na que produzem formas de submissão e desumanização, em particular contra os “bandidos” e grupos populares, taxados como potencialmente criminosos. Estão corretas: a. I, III e IV. b. I, II e V. c. II, III e IV. d. II, III e V. e. IV e V.

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A alternativa correta é a letra b. As sentenças que problematizam parte da experiência urbana brasileira contemporânea são: I. A noção de democracia disjuntiva, segundo Teresa Caldeira, remete às contradições da democracia brasileira que, ao mesmo tempo em que proporcionou a ampliação dos direitos civis, convive efetivamente com um processo cotidiano e reiterado de deslegitimação dos direitos individuais, da liberdade e da proteção do corpo, em particular dos direitos e dos corpos dos subalternos, dos grupos populares e vulneráveis da sociedade brasileira. II. No imaginário social brasileiro há uma ideia que associa a pobreza e a criminalidade como os únicos fatores de explicação da violência, solicitando ao poder público ações e contramedidas presentes nos grupos populares e em seus bairros, alvos de ação policial violenta e de apelo midiático. Estereótipos são correntemente depositados sobre os moradores de comunidades e periferias pobres, principalmente sobre a população negra, reforçando um roteiro policialesco sobre o pobre e negro, visto como perigoso e bandido em potencial. V. Independentemente do fortalecimento dos direitos sociais e políticos na sociedade brasileira, há um conjunto de intervenções violentas e desejáveis na que produzem formas de submissão e desumanização, em particular contra os “bandidos” e grupos populares, taxados como potencialmente criminosos.

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