Cildo Meireles, considerado como “artista guerrilheiro” por Artur Freitas, relacionou suas proposições artísticas diretamente com a crítica do sist...

Cildo Meireles, considerado como “artista guerrilheiro” por Artur Freitas, relacionou suas proposições artísticas diretamente com a crítica do sistema vigente num momento delicado do cenário político no Brasil. O Projeto Coca-Cola de 1970 foi um exemplo de inserção de crítica pela utilização de objetos comuns no sistema de circulação de mercadorias, devolvendo-as dotadas de um questionamento sobre a própria produção e circulação destes objetos. Não restrito a somente esta crítica, mas também a todo o mercado de arte daquele momento, quando “se aproveita” de um símbolo, de uma marca de tamanha difusão na produção e distribuição em larga escala, que consegue atingir praticamente todo o mercado consumidor local, diferente da exposição de uma obra na parede de um museu. “No museu, a ‘obra’, seja como for que a entendermos, só se viabiliza como objeto de contemplação quando retirada de circulação. E no mercado, por outro lado, ela só se viabiliza como eixo de um circuito se arrancada justo de qualquer inércia contemplativa, sobretudo institucional.” (Freitas, 2013, p. 93) Ainda sobre o conceito de circuitos, Freitas reforça o interesse de Cildo Meireles pelas garrafas de Coca-Cola, por elas serem retornáveis. Quando chegam às mãos do consumidor que consome o seu conteúdo, são devolvidas à fábrica, que, através de processos mecânicos e automáticos, são abastecidas novamente e novamente vendidas ao consumidor. Este fluxo da mercadoria era chamado por Meireles de “circuitos”, por apresentarem essa dinâmica de “repetição cíclica da trajetória de uma informação através de um veículo” (Meireles apud Freitas, 2013, p. 93). Com base nas proposições artísticas de Cildo e nas reflexões de Freitas sobre as Inserções em Circuitos Ideológicos, pode-se afirmar que: I – O artista se aproveitava de lacunas oferecidas pelo sistema mercadológico, subvertendo-o, e apresentando certa fragilidade deste próprio sistema antes tido como inatingível e inabalável. II – É tido como guerrilheiro por aprofundar a experiência estética em um sentido de resistência e provocação dos meios comuns de circulação de arte. III – Utilizava-se dos produtos que tinham grande circulação no mercado consumidor para melhor divulgar sua obra e conseguir maior repercussão no mundo da arte. IV – É imprevisível por se utilizar de objetos comuns, até banais, impossibilitando a castração da crítica direta ao sistema vigente. São verdadeiras as afirmações: Questão 1Escolha uma opção: a. I e III. b. I, II e III. c. I, II e IV. d. II e III. e. I e II.