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A PERÍCIA PSICOLÓGICA NO DIREITO PENAL O trabalho do psicólogo como perito na área penal pode dar-se em dois momentos do andamento processual: pri...

A PERÍCIA PSICOLÓGICA NO DIREITO PENAL

O trabalho do psicólogo como perito na área penal pode dar-se em dois momentos do andamento processual: primeiro, num período anterior à definição da sentença, quando se verificará a responsabilidade penal (imputabilidade) do acusado, ou, depois de promulgada a sentença, durante a fase de execução da pena, através do exame criminológico.

O exame para verificação de responsabilidade penal é realizado, em nossa realidade, por peritos médicos (psiquiatras), estando o psicólogo em uma posição auxiliar, principalmente através de realização de testagens. Esse exame tem por objetivo verificar se o culpado de um delito o cometeu em estado mental idôneo; portanto, se possuía, no momento da ação, capacidade para reconhecer o caráter injusto e ilegal de seu ato e de dirigir sua ação de acordo com esse entendimento. Este tipo de perícia permitirá ao juiz determinar se o sujeito da ação é imputável ou não, isto é, se deverá responder penalmente pela ação cometida. Sendo considerado imputável, e culpado da ação, receberá uma pena definida quanto ao tempo e ao tipo de regime em que vai cumpri-la (aberto, semi-aberto, fechado); caso contrário, se considerado inimputável, receberá medida de segurança e deverá permanecer internado em um manicômio judiciário por tempo indeterminado, até que seja averiguada, por perícia médica, a cessação de sua periculosidade.

O Código Penal de 1984 refere, no artigo 26, quem seria o sujeito considerado inimputável. Diz o artigo: “É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso do fato ou de determinar-se de acordo com este entendimento”. Assim, conforme salientam Ávila e Rodriguez-Sutil (1995), esta avaliação deveria determinar: a) o diagnóstico clínico da alteração, transtorno ou déficit mental, se houver, do acusado na época do delito; b) os processos de pensamento e estados emocionais do acusado, bem como as variáveis psicológicas mais relevantes, como autoconceito, estratégias defensivas e de enfrentamento, vivência da culpa e do juízo moral, vivência do significado social e legal da ação, controle dos impulsos e, finalmente, existência, ou não, de transtornos de personalidade (eixo II do DSM).

O exame criminológico, dentre aqueles realizados durante a execução da pena, é o único considerado por Sá (1997) como de características verdadeiramente periciais. Essa avaliação visa à investigação da dinâmica do ato criminoso, de suas “causas” e dos fatores a ele associados. O foco seria o binômio delito-delinquente, com o objetivo de determinar uma maior ou menor probabilidade de reincidência. Nesse sentido, difere do exame de personalidade e do parecer da Comissão Técnica de Classificação, criados a partir da promulgação da Lei de Execução Penal (LEP) de 1984, já que o primeiro busca uma descrição da personalidade do preso, e o segundo aborda a resposta do preso à terapêutica penal.

O exame criminológico foi instituído para ser aplicado a cada apenado, no início da execução de sua pena, para fins de obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação. Diz o art. 8º, caput da LEP, descrita no Código de Processo Penal (1986):

“O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução”.

No entanto, a realidade nem sempre reflete a proposta esperada. Devido às restrições de recursos humanos e materiais, o exame criminológico tem se restringido àqueles realizados para a concessão de benefícios, como o livramento condicional.


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A perícia psicológica no Direito Penal pode ocorrer em dois momentos do processo: antes da definição da sentença, para verificar a responsabilidade penal (imputabilidade) do acusado, e durante a fase de execução da pena, através do exame criminológico. O exame para verificação de responsabilidade penal é realizado por peritos médicos (psiquiatras), com o psicólogo atuando como auxiliar, principalmente através de realização de testes. O objetivo é verificar se o acusado possuía capacidade para reconhecer o caráter injusto e ilegal de seu ato e de dirigir sua ação de acordo com esse entendimento. O exame criminológico, por sua vez, visa à investigação da dinâmica do ato criminoso, de suas “causas” e dos fatores a ele associados, com o objetivo de determinar uma maior ou menor probabilidade de reincidência.

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